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Evangelização na escola pública: Problematizando a intervenção do grupo “Um minuto com Deus”

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Academic year: 2021

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“Um minuto com Deus”

João Daniel de Lima Simeão

Pós Graduando em Tecnologias Aplicadas à Educação (danielsimeao@outlook.com)

Pâmela Kaissa Fernandes Lopes

José Jeff erson da Costa Ferreira

Graduanda em Ciências Sociais pela UFRN (pamelakaaissa@gmail.com)

Graduanda em Ciências Sociais pela UFRN (josephjhefferson@gmail.com)

Resumo

A proposta deste trabalho versa na problematização de um evento singular de ocorrência no Colégio estadual do Atheneu Norte Riograndense em Natal/RN, em que alguns alunos cristãos têm realizado momentos de evangelização no pátio central, nos conduzindo a problematizar o uso de espaços públicos para fi ns religiosos. Estes episódios religiosos foram observados quando se realizavam etnografi as no Colégio como atividade integrante do Programa de Iniciação à Docência, Subprojeto de Ciências Sociais da UFRN. Ao observarmos o ambiente escolar incluído diretamente no cenário plural, miscigenado e multiculturalista é permeado fortemente pela variedade ideológica, entre elas, pela diversidade religiosa, compondo um cenário complexo de crenças.

Palavras-chave

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Introdução

O Decreto 119-A, de 7 de janeiro de 1890, ainda na vigência do Governo do Marechal Deodoro da Fonseca, promulgou a laicidade do Estado brasileiro, isso ao separar o Estado da Igreja Católica, e dando subsídios para que mais adiante a liberdade de culto pudesse ser vivenciada na esfera individual e privada dos cidadãos. A escola, desta forma, por ser um espaço público e governamental requer o distanciamento do envolvimento religioso.

Ainda assim, reconhecemos que a Lei de Diretrizes de Bases da Educação – LDB 9.394/96, em seu artigo 20, autoriza o ensino confessional às escolas que possuem alguma fi liação ideológica, como apresenta o texto: “confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específi cas e ao disposto no inciso anterior”, podendo estas escolas assumirem um discurso único. Todavia, atentamos neste espaço às escolas públicas.

Mesmo sendo a escola um ambiente laico e a religiões entre os cidadãos uma opção, a diversidade religiosa no Brasil cresce com o passar do tempo, segundo o Censo Demográfi co de 2010 do IBGE, porém o Brasil é um país culturalmente com predominância cristã, senso o catolicismo e o protestantismo as principais vertentes cristãs praticadas no território nacional. Segundo o censo referenciado tem-se 64,6% da população declarada católica e como evangélicos o registro de 22,6%. Ademais, segundo a mesma fonte de pesquisa, a religião ainda é procurada e vivida nos jovens, sobretudo, entre os grupos evangélicos. Reconheçamos, assim, que estes são os que formam o corpo discente das escolas.

Todavia, considerando o contexto hodierno tem-se assistido que os segmentos religiosos têm assumido presença e visibilidade em vários espaços e instituições públicas. Um exemplo claro é a presença na política formando bancadas e legislando segundo a interpretação que assumiram para suas vidas, pautados nos princípios religiosos, que por vezes, difi cultam o debate e a prática da justiça social e do amplo diálogo entre culturas.

Estas posturas na sociedade pode ser pensada à luz da teoria de Peter BERGER (1995, p. 41), que qualifi cou a ação da Religião como Dossel Sagrado, onde a secularização provocaria a perda da essência religiosa na vida dos indivíduos, ausência essa que desembocaria no caos. A religião, assim se propõe a proteger o indivíduo do que considera como caótico, o ser religioso, portanto, confere à realidade signifi cações que exteriorizam. Tomando esta refl exão como fundamentação, o religiosos sentem-se responsáveis de livrar a sociedade do caos para isso realizam mecanismos denominados de evangelização. Combate-se, assim, o racionalismo, a secularização, mas é prudente a refl exão proposta em Max Weber, segundo (THIRY-CHERQUES, 2009, p. 908), quando esboça que é o desencantamento do religioso, que junto ao cientifi cismo historicamente foi responsável, pela racionalização do Ocidente. Ademais, contribuindo para “o desenvolvimento da autonomia do sujeito, para a diferenciação de esferas institucionais e para a constituição dos estados laicos” SILVA (2016, p. 303).

Temos visto, portanto, que apesar das refl exões dos pensadores críticos e sociais apontarem para a secularização do mundo e das relações sociais; é crescente também iniciativas religiosas de resistência, especialmente, na ocupação de espaços e esferas

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públicas como mecanismos de incutir e preservar seus valores e princípios.

Diante disto, o grupo “Um minuto com Deus”, idealizado por componentes do coro discente do Colégio Estadual do Atheneu Norte Riograndese realiza momentos de oração e pregação dentro do espaço escolar com permissão dos gestores da instituição. Este fato despertou inquietação nos bolsistas do PIBID, subprojeto de Ciências Sociais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, que atuam na Escola, ao perceber a visibilidade que o grupo tem assumido no ambiente, ao passo que, se tem buscado a laicidade constante nas instituições públicas, especialmente na Escola, que se trata por excelência de um espaço plural e destinado aos mais variados públicos e estilos culturais da sociedade. Sobretudo, no Atheneu que por sua dimensão e localização é composto por alunos de todas as regiões de Natala, assim como, de vários municípios que formam a Região Metropolitana.

Essa experiência de pesquisa teve como metodologia realização de etnografi a em conjunto com observação participante, entrevistas com os estudantes líderes do grupo religioso e com o atual diretor da escola. A etnografi a foi realizada como pré-requisito para intervenções em sala de aula do Programa de Iniciação à Docência – PIBID/UFRN no espaço da escola, que consiste em conhecer a realidade dos alunos para que assim, os professores possam fazer seu planejamento de aula.

Tomando como referencial a discursão sobre etnografi a feita em CARDOSO DE OLIVEIRA (1998) e Gilberto VELHO (1981). Para Cardoso de Oliveira o processo etnográfi co consiste em três etapas: olhar, ouvir e escrever. O que nos motivou a fazer a entrevista, foi que para Cardosos, o processo

de “ouvir” vai além do que a observação pode nos mostrar, nos dando assim informações mais específi cas. Dessa forma, ao irmos para a escola com um “olhar etnográfi co”, observar, entrevistar, participar e depois escrever o acontecido nos proporcionou uma forma de fazer ciência enxergando a escola de uma forma mais sensibilizada, notando o que até então já estava normalizado aos demais que conviviam ali.

“Um minuto com Deus” durante o

intervalo: origem e crescimento do grupo

na Escola

O grupo intitulado “Um minuto com Deus”, é composto por uma média de 20 a 50 jovens de todos os anos do Ensino Médio (1º, 2º e 3º), portanto, as idades são variadas. Os membros se intitulam como cristãos e se reúnem dentro da escola, próximo ao pátio central, no horário do intervalo das aulas do turno vespertino, a reunião dura média de 15 minutos. Os encontros acontecem 3 vezes por semana: Segunda, quarta e sexta-feira.

Por meio de um grupo no Aplicativo de mensagens WhatsApp, os alunos escolhem a passagem bíblica que será utilizada para a pregação de cada dia da semana. Neste mesmo grupo virtual também é mobilizado orações em intenção aos colegas que passam por difi culdades e que procuram o grupo pedindo auxílio espiritual, como orações e conselhos.

“Um Minuto com Deus” acontece há 3 anos, criado por um aluno que já concluiu o Ensino Médio e teve que passar a articulação do grupo para outro colega e assim sucessivamente. Hoje o grupo é coordenado por dois alunos, o primeiro pertencente

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a Igreja Evangélica da Nova Aliança, o segundo congrega na Igreja Evangélica Cristã das Nações, os outros integrantes são divididos nas seguintes igrejas: Assembleia de Deus, Universal do Reino de Deus, Igreja Batista, Adventista do Sétimo Dia, entre outros segmentos predominantemente de evangélicos. Os dois líderes principais participam de ministérios em suas respectivas igrejas, na qual contribui para sua eloquência e uma grande habilidade de liderança.

Ao perceberem a escola como ambiente plural, os líderes do projeto adotam uma postura política que permite qualquer pessoa, independente de crença, participar dos encontros e no momento das pregações abre espaço para questionamentos ou complementações das falas, porém adotam um discurso totalmente cristão com o intuito de converter e trazer mais pessoas para o cristianismo, segundo a espiritualidade unicamente evangélica.

O grupo tem sido notado pelos colegas e chamado atenção de alunos externos ao Atheneu, comprovação disto é o que um dos atuais líderes do grupo apresenta em sua fala: “Eu Estava indo estudar no Churchilll próximo ano, mas uma vez vim aqui e encontrei este grupo reunido e desejei estudar aqui, para participar”.

A justifi cativa para que o projeto aconteça no ambiente escolar, é que na escola é onde eles passam a maior parte do seu dia e criam intimidades uns com os outros, almejando assim levar algo de bom para eles, sendo este bem o estilo de vida que assumiram para si. Os participantes têm o objetivo de convidar outros colegas para conhecer o projeto, pois foi essa forma que eles encontraram para ajudar o outro. Muitos alunos têm problemas familiares, com drogas, vão para a escola por motivos que não se encaixam no principal que deveria ser estudar e

construir conhecimentos, motivos esses que levam o protestantismo crescer cada vez mais no Brasil, pois mexe com a economia e bem-estar principalmente das classes populares e “doentes”1, como discute

Francisco ROLIM (1980, p. 183). Posto isso, percebe-se que através do projeto confessional referenciado que os alunos conseguem atrair para seus grupos religiosos outros alunos, ao apresentarem os discursos de salvação e alivio da dor.

Conforme Marx diz em sua obra escrita no ano de 1844 Crítica da Filosofi a do Direito de Hegel ao denominar a religião como o “Ópio do Povo” afi rma ser ela a forma de manipular ou ainda de colocar o indivíduo alheio às transformações e urgências do mundo, mas em meio tantas outras formas de classifi car a religião, o pensador Marx atribui que os homens usam da religião para amenizar seus sofrimentos. O fato do amenizar o sofrimento confi gura-se como percepção que só a religião detém o poder e o domínio.

Na reunião os alunos se distribuem em círculo, todos de pé, com bíblias físicas ou contidas em aparelhos telefônicos em mãos, escutam atentamente o representante do grupo ler a passagem bíblica e refl etir sobre ela. Nos encontros, os estudantes carregavam bíblias na mão alegando que é de extrema importância como forma de legitimar seu discurso nas pregações em caso de alguém questionar algo. E também como forma de identifi cação, “todo cidadão precisa de um RG para se identifi car, portanto todo cristão precisa de uma bíblia”, disse um dos entrevistados.

1 Doente, expressão usada com frequência no discurso religioso. No sentido físico; como econômico-social Exemplo deste expo-ente é a crexpo-ente Teologia da Prosperidade.

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Uso da liberdade religiosa ou quebra da

laicidade do Estado?

O discurso de acolhimento para todos, como discutido anteriormente, confi gura-se na prática como estratégia de levar os “outros” para as reuniões e posteriormente realizarem trabalhos de conversão, por meio de orientações espirituais. Este processo religioso da conversão como mostra BARROZO (2014, p. 22-29) é uma marca central da modernidade religiosa, ou seja, presente no mundo contemporâneo. A conversão que condiz com a mudança de vida e hábitos, sobretudo, e este processo perpassa pela desconstrução ou ainda pela negação de valores sociais assumidos antes da doutrinação religiosa.

Uma das lideranças do grupo ressaltou, que o processo de conversão é o interesse central do grupo persistir na escola: “tiveram pessoas aqui que até aceitaram Jesus e isso é vantagem, pois a bíblia fala que quando uma pessoa se converte há festa no céu, não quando milagre acontece, mas quando uma pessoa recebe Jesus como seu salvador”. Chama-se atenção, desta forma, que este método não está sendo notado somente nos templos religiosos, mas em escola pública, laica, que instiga um olhar sensibilizado nos educadores e gestores.

A moral e costumes das igrejas evangélicas tende a infl uenciar também na moral cidadã dos estudantes, segundo o que um dos membros do grupo “Um minuto com Deus” apresentaram, a sexualidade é ponderada, negação do uso de psicoativo é algo incentivado pela religião, e o envolvimento com tráfi co, roubo e principalmente violência na escolal, são recriminados segundo as orientações espirituais. Estas medidas são incentivadas para serem respeitadas entre os participes do grupo e a “força”, segundo ele,

que o faz resistir as coisas mundanas o motiva para levar aos outros. Apresentou o líder: “Tem jovens se perdendo. Conhecei a verdade que liberta. Quando estou apaixonado por uma menina, sempre falo da pessoa quando eu chego, eu sou apaixonado por Jesus, então esse foi um meio de ajudar jovens que estão necessitando, venho ajudar eles.”

Um dos líderes do projeto, relatou que seu pai e tio são trafi cantes, ao visitá-los numa favela do Rio de Janeiro onde residem, ele percebeu de perto a realidade dos seus parentes paternos, porém foi criado por sua mãe no ambiente evangélico. O estudante apresenta em sua fala que apesar de 90% de sua família, cogitasse que ele seria trafi cante igual ao seu pai, foi na religiosidade que ele encontrou amparo.

Estas medidas acontecem sob autorização da gestão escolar, que apresenta também um discurso de inclusão, mas acaba por reproduzir a inibição de iniciativas de demais segmentos religiosos, como os de matriz africana. O diretor em exercício quando questionado sobre como observa a iniciativa dos alunos demonstrou relativo desconhecimento das motivações e de como alunos fazem as reuniões, além do mais, assume, por meio da contradição, posicionamento intolerante. Afi rmou o diretor:

Imagine uma situação que pode trazer uma polêmica aqui, se um grupo de 5 ou 10 alunos entendesse que já foi dada a liberdade aos evangélicos e também aos católicos, fi zessem uma... questão de candomblé? O que isso poderia causar? Um garoto fi lmando, levando pra casa, mostrando aos pais. Então nós dizemos que a escola é laica, mas as vezes nós temos um processo religioso muito forte na sociedade e é um conservadorismo bem forte em que as vezes há só uma competição entre as religiões.

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O não acompanhamento da gestão escolar, inclusive a fala do gestor permite lançar sobre os demais alunos inseridos no Atheneu uma denotação de incentivo a específi cos modelos de pensamento, pois, como discute Vani KENSKI “nas rememorações, os alunos esquecem os conteúdos de muitas matérias, mas as atitudes e valores adquiridos no convívio e no exemplo de seus professores permanecem incorporados aos seus comportamentos, às suas lembranças”, (2015, p. 100).

Esta atitude do diretor em não perceber o impacto em autorizar a atuação do grupo e impedimento de possíveis ritos de matriz africana fi gura o que historiador ELIADE demonstrava “A maioria dos “sem religião” ainda se comporta religiosamente, embora não esteja consciente de fato” (2010, p. 166). Vemos ressoar esta medida quando o diretor remonta a fala e demonstra, ao falar do dia da páscoa em que foi rezado o Pai-Nosso:

Então eu nunca rezo um Pai-Nosso na escola. Mas foi uma questão cultural que todo mundo deu as mãos ali e ninguém foi forçado a rezar, ninguém foi forçado a está ali. Mas a escola é plural, então a gente deixa essa liberdade, mas com essa visão de que não atrapalhe as aulas.

Acessamos também que, o grupo tem como pretensão o crescimento, e, de certa forma, há um acobertamento por parte da gestão mais uma vez, em que para tanto, há ânsia de criar um logotipo, camisetas e evento para atrair mais jovens e expor o projeto em maior amplitude. O evento pretende ser no auditório ou no ginásio Poliesportivo. E junto a estes eventos previstos outra medida a ser tomada é a pintura de uma parede com o nome do grupo, que um dos líderes relatou: “Nós estamos arrecadando esse dinheiro para pintar e colocar o nome do projeto. A

gente vai colocar o nome do projeto na parede para que as pessoas vejam e para fi car nossa marca aqui”. De maneira preocupante um dos estudantes demonstrou:

Desde que me converti isso sempre chamou minha atenção, desde que conheci algo maior que eu. Quando ele (o fundador do grupo) tinha esse grupo aqui vi que tinha que me aproximar de pessoas que querem mesma coisa que eu, então me aproximei. Ele saiu, terminou e eu fi quei. Estamos aqui porque algo maior nos alcançou e queremos que esse algo maior encontre toda a escola.

Seguidamente em entrevista com os líderes do grupo sobre como acolhem os colegas que não professam a religião cristã, os mesmos disseram que: “Por mais que sejamos jovens e não tenhamos muito conhecimento, mas o que a gente aprendeu em nossas congregações, em casa ou em nosso próprio devocional, a gente tenta passar para esses jovens”. Ao passo que, se sentem responsáveis pelos demais como atitude de liderança e protagonismo juvenil, acionam o que aprendem nas suas respectivas religiões.

Considerações Finais

Considerando estas refl exões discutidas neste trabalho, é-nos conclusivo perceber a necessidade da constante etnografi a e do olhar clínico pelos gestores e professores, assim como, de todos que formam o ambiente escolar do universo macro de símbolos e códigos vividos e compartilhados na Escola entre os alunos. Consideramos que apesar da atividade religiosa feita no Colégio Atheneu, pouco se discute a laicidade e tolerância religiosa na sala de aula e nos eventos integrativos. A religiosidade nesta escola enquadra-se diretamente no currículo Oculto que, enquadra-segundo Tomaz da SILVA “O currículo Oculto é constituído

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por todos aqueles que, sem fazer parte do currículo ofi cial, explícito, contribuem, de forma implícita, para aprendizagens sociais relevantes” (2004, p. 78).

A Lei 11.645/08, que direciona aos educadores o debate sobre a cultura Afro e Indígena na Escola Básica é um reconhecimento de que a escola continua reproduzindo as desigualdades sociais, ao passo que, permite que alguns grupos em específi co que sempre gozaram de prestígio e visibilidade continuem encontrando no sistema educacional “poder” e espaço de honra.

Este debate, portanto, que seja na discussão teórica em sala de aula, assim como, na prática escolar, considerando a escola como espaço da formação científi ca e cidadã, que deve ser inclusiva e acolhedora e, para isso, sendo necessário o trabalho constante do relativismo cultural e da tolerância religiosa.

As reuniões não afetam o desempenho escolar dos alunos diretamente, porém o discurso adotado por eles em seus encontros contrapõe aos conhecimentos ensinados nas aulas de sociologia, por exemplo, nas questões de gênero e sexualidade, no qual o discurso da moral cristã prevalece. Todavia, trabalhos semelhantes são realizados em demais escolas estaduais, mas, de forma mais presente tem-se os grupos de oração nos centros universitários públicos e privados. Os mesmos tendem a estudar e direcionar os graduandos a união entre razão e fé, igualmente, incentivando para que os participantes dos grupos de oração sejam responsáveis nas atividades acadêmicas. Um exemplo de grupos desta natureza é promovido pelo movimento carismático católico por meio do Ministério Universidades Renovadas, como discutem BUSS, SILVA e SALES (2009) na experiência de universitários do curso de Administração da Faculdade Dom Orione – Tocantins.

Todavia, quando acontecem nos espaços de educação básica, percebemos o quanto pode ser comprometedor a ação destes eventos religiosos, especialmente, quando não assistidos diretamente por gestores e/ou professores.

Por fi m, ressaltamos que a participação no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, por meio da orientação a produção da etnografi a do espaço escolar, é uma oportunidade meritória de ainda no processo formativo nos deparamos com a Escola viva e real, que os estágios supervisionados e as disciplinas obrigatórias do currículo de ensino superior, por vezes, não conseguem apresentar aos graduandos.

Referências bibliográfi cas

BARROZO, Victor Breno Farias, 2014. Modernidade Religiosa: Memória transmissão e emoção no pensamento de Danièle Hervieu-Léger. São Paulo: Fonte.

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BUSS, Ricardo N.; SILVA, Helena M.; SALES, Patricia C. A construção do Ministério Universidades Renovadas para a formação dos acadêmicos do curso de Administração da Faculdade Católica Dom Orione. In.: Anais do IX Colóquio Internacional sobre Gestão Universitária da América do Sul. Florianópolis, 2009.

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KENSKI, Vani Moreira. O papel do Professor na sociedade digital. In. CASTRO, Amelia D.; CARVALHO, Anna Maria P. Ensinar a Ensinar: Didática para a Escola Fundamental e Média. São Paulo: Cengage Learning, 2015.

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SIMEÃO, João Daniel de Lima. Drogas e o exercício da religiosidade e da cidadania: o entendimento dos grupos religiosos sobre o “problema das drogas”. 55 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Sociais), Departamento de Ciências Sociais, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2018. Disponível em: <http:// monografi as.ufrn.br/jspui/handle/123456789/5732>. Acesso em: 30, abr, 2018.

THIRY-CHERQUES, Hermano Roberto. Max Weber: o processo de racionalização e o desencantamento do trabalho nas organizações contemporâneas. Revista de Administração Pública: Rio de Janeiro 43(4). Págs. 897-918, JUL./AGO. 2009.

WEBER, Max. Economia e Sociedade: fundamentos da Sociologia compreensiva. 4ª edi, Brasília: Universidade de Brasília.2000.

Referências

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