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Análise sensorial da qualidade do ar na área de influência de unidades armazenadoras de grãos / Sensory analysis of air quality in the area of influence of grain processing units

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.28284-28291 may. 2020. ISSN 2525-8761

Análise sensorial da qualidade do ar na área de influência de unidades

armazenadoras de grãos

Sensory analysis of air quality in the area of influence of grain processing

units

DOI:10.34117/bjdv6n5-322

Recebimento dos originais:20/04/2020 Aceitação para publicação:17/05/2020

Thiago Aurélio Arruda Silva

Mestrando em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Rondonópolis Instituição: Universidade Federal de Rondonópolis

Endereço: Av. dos Estudantes, 5055 - Cidade Universitária, Rondonópolis - MT, 78736-900 E-mail: thiagoarruda@ufmt.br

Domingos Sávio Barbosa

Doutor em Ciências da Engenharia Ambiental pela Universidade de São Paulo Instituição: Universidade Federal de Rondonópolis

Endereço: Av. dos Estudantes, 5055 - Cidade Universitária, Rondonópolis - MT, 78736-900 E-mail: domingosbar@gmail.com

Aline de Souza Sabóia

Mestranda em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Rondonópolis Instituição: Universidade Federal de Rondonópolis

Endereço: Av. dos Estudantes, 5055 - Cidade Universitária, Rondonópolis - MT, 78736-900 E-mail: line.saboia@hotmail.com

Clara de Oliveira Alves

Engenharia Agrícola e Ambiental pela Universidade Federal de Mato Grosso Instituição: Universidade Federal de Rondonópolis

Endereço: Av. dos Estudantes, 5055 - Cidade Universitária, Rondonópolis - MT, 78736-900 E-mail: claraoliveira.a@outlook.com

RESUMO

A produção agrícola do Brasil destaca-se mundialmente. Para guarda deste volume, o governo federal tem financiado a construção de unidades armazenadoras. O objetivo desta pesquisa foi avaliar o potencial poluidor de unidades armazenadoras, em área urbana, do município de Rondonópolis-MT. Realizou-se a análise sensorial pelo Teste de Amostra Única, com posterior construção de mapas de incidência de odores e ocorrência de material particulado. Os odores pútrido e mofo se concentraram nas proximidades das unidades de armazenamento, bem como material particulado de soja, milho e palha de arroz. Foi notado a presença de

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.28284-28291 may. 2020. ISSN 2525-8761 fertilizantes. Há na área potencial poluidor, indicando a necessidade de um estudo da saúde populacional local.

Palavras-Chave: Odores, grãos, poluição.

ABSTRACT

Brazil's agricultural production stands out worldwide. To guard this volume the federal government has financed the construction of storage units. The objective of this research was to evaluate the polluting potential of storage units, in an urban area, in the municipality of Rondonópolis-MT. Sensory analysis was performed by the Single Sample Test, with subsequent construction of odors incidence maps and occurrence of particulate matter. The putrid odors and mold were concentrated in the vicinity of storage units as well as particulate matter from soybeans, corn and rice straw. It was noticed the presence of fertilizers. There is in the potential polluter area, indicating the need for a study of local population health. Keywords: Odors, grains, pollution

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é destaque no panorama da produção agrícola mundial dado ao grande volume de produção, caracterizando o país como um dos principais mantenedores de grãos e cereais do mundo. Para o manejo e sustentação dessa produção, o governo federal criou, em 2013, financiamentos para construção de estruturas para armazenamento de grãos (MAIA et al, 2013).

Apesar de uma essencial construção nas agroindústrias, fazendas e armazéns, as unidades armazenadoras de grãos podem ser potenciais poluidoras do ambiente, embora escassos sejam os estudos nesse âmbito. Devido a intensa movimentação de grãos, o material particulado (MP) é gerado em componentes estruturais (canecas, elevadores, tubulações), impulsionadas pela velocidade e a atividade contínua. Propriedades rurais e/ou indústrias que processam os grãos tem potencial risco de explosão, proporcionado pela dispersão do material particulado (TAVARES & JEAN, 2010).

Embora parte do MP precipite rapidamente, outra parte, menos densa, permanece em suspensão no ar por extensos períodos, possibilitando a inalação e aumento os riscos de explosões (COSTELLA et al., 2016). Em consequência dos tratamentos a que são submetidos os grãos, os MP oriundos do beneficiamento e armazenagem destes podem apresentar substâncias fumegantes e até mesmo microrganismos e aflatoxinas (AWAD, 2007). No

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.28284-28291 may. 2020. ISSN 2525-8761 ambiente, muitos animais, como aves e roedores, alimentam-se destes, onde as substâncias tóxicas podem se acumular no tecido adiposo e levar a uma contaminação.

A área do Distrito Industrial de Rondonópolis-MT possui um grande número de cerealistas, além de uma beneficiadora de grãos, com a presença de unidades armazenadoras de produtos agrícolas. Em virtude disso, há uma grande dispersão de materiais particulados nesta região, potencializada pelo fluxo de veículos transportadores de grãos, que espalham ainda mais estes produtos. Deste modo, objetivou-se avaliar o potencial poluidor, no quesito de dispersão de odores e partículas, em região urbana da cidade de Rondonópolis-MT.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O método utilizado para avaliação foi a análise sensorial, aplicando o Teste de Amostra Única, segundo TEIXEIRA et al. (1987). Para efeito, quatro julgadores percorreram 20 pontos (orientados pelo Google Maps) (Figura 1), georreferenciados de acordo com suas coordenadas geográficas, com o auxílio do Google Earth. Os pontos amostrais foram estabelecidos em um raio de cerca de 500 m a partir do ponto de referência, distribuídos sobre cinco linhas imaginárias (com o comprimento igual ao raio) diferenciadas por: Linha A, Linha B, Linha C, Linha D e Linha E. As linhas A, B e C contêm cinco pontos cada uma, distanciados a 100 m sequencialmente. As linhas D e E contêm dois pontos cada, em locais estratégicos.

FIGURA 1. Visão superior das linhas imaginárias e pontos amostrais.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.28284-28291 may. 2020. ISSN 2525-8761 Em cada ponto, os julgadores avaliaram o odor do ar, baseados nos odores característicos do processo de decomposição da matéria orgânica, provenientes de soja (mofo e pútrido), e classificaram sua respectiva intensidade, em uma escala de 1 a 3 (1-fraca, 2-média, 3-forte). Para análise visual, verificou-se a ocorrência ou não de material particulado de produtos agrícolas, e no caso de haver, foram qualificados quanto a seu tipo (soja, milho, ou outros materiais). Para estabelecer os critérios mencionados, os julgadores preencheram uma ficha para cada ponto. As análises foram feitas no dia 10 de setembro de 2.016, a partir das 08 h 00 min. Após as coletas, construiu-se uma tabela para cada atributo, onde todo ponto possuía uma média calculada. Exportou-se os dados ao programa de georreferenciamento QGIS 2.16.3 que, por meio do complemento interpolação, gerou um mapa de ocorrência para cada tabela-atributo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os odores destacados foram o pútrido e o de mofo, com representação gráfica obtida pela interpolação representadas pela Figura 2.

FIGURA 2. Mapas de distribuição para os odores pútrido (a) e mofo (b).

Fonte: os autores.

Estes possivelmente advêm da indústria de beneficiamento de grãos e de cerealistas. É provável que estejam vinculados ao armazenamento incorreto de grãos ou ainda maior incidência de material particulado úmido.

De acordo com o mapa, é perceptível que o odor pútrido possivelmente advém da indústria de beneficiamento de grãos, dada a sua maior concentração ao longo da Linha B e

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.28284-28291 may. 2020. ISSN 2525-8761 C. Embora este não alcance todo o raio estabelecido para o presente estudo, isto gera implicações para aqueles que trabalham neste ambiente. Temperaturas elevadas, além da disponibilidade de água e alimento proporcionam o crescimento microbiano, caracterizando o odor (LORINI, 2002; SILVA 2008).

O odor de mofo, apresentou-se em uma escala menor em comparação ao pútrido, entretanto proporcionou uma distribuição semelhante sobre a área. O mapa para o odor mofo sugere proximidade às cerealistas, que por sua vez possuem galpões de armazenagem. Tais constatações podem ser confirmadas pela identificação de grãos, úmidos em processo de fermentação, capturada no ponto PA2 (Figura 3).

FIGURA 3. Material particulado de grão em processo de fermentação

Fonte: os autores

Os materiais particulados mais significativos foram os de grãos inteiros e farelo de soja, milho e palha de arroz, com mapas de ocorrência representadas pela figura 4 (A, B e C, respectivamente).

FIGURA 4. Mapa de isoietas para distribuição de partículas de soja (A), milho (B) e palhas de arroz (C).

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.28284-28291 may. 2020. ISSN 2525-8761 Os pontos em que foi observada maior quantidade de deposição desses cereais, são aqueles que correspondem ao trajeto de veículos de transporte de grãos, potencializado pelo intenso tráfego no entorno das cerealistas. Grande parte desses materiais são oriundos da queda de pequenos fragmentos das cargas dos caminhões utilizados para o transporte de tais.

Portanto, as unidades armazenadoras não são fatores diretos na dispersão, mas são causadoras diretas de odores. Uma alternativa especifica à dispersão de resíduos seria um sistema de vedação mais eficiente aos veículos, exemplificado pela tecnologia citada por Borges et al. (2013). A matéria orgânica em condições propícias (temperatura e umidade), são fontes para o crescimento microbiano, que podem gerar toxinas, possibilitando atingir organismos vivos e ambientes aquáticos. Os fungos são os principais microrganismos que atacam grãos armazenados, estes por sua vez, produzir micotoxinas com atividades carcinogênica, hepatotóxica, nefrotóxica, imunossupressora e mutagênica (PRADO, 2014).

Outro material encontrado foram os fertilizantes (Figura 5), estes podem ter sido lançados ao ambiente analisado, pelo fato de haver uma empresa do ramo na área estudada.

FIGURA 5. Mapa de distribuição de fertilizantes.

Fonte: os autores

Em processo contínuo, estes fertilizantes podem provocar salinização e infiltração em solos expostos, contaminando águas subterrâneas (MARTINELLI, 2007). Em superfícies asfálticas (impermeáveis), podem ser carreados por escoamento superficial para cursos d’água, o que implica numa provável eutrofização cultural e queda na demanda bioquímica de oxigênio (DBO), pela presença do nitrogênio (MARTINELLI, 2007) e fósforo (KLEIN &

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.28284-28291 may. 2020. ISSN 2525-8761 AGNE, 2012) na composição química destes compostos, que são de fácil dissociação. Vale ressaltar que atravessa a cidade, o Rio Vermelho, localiza-se a cerca de 1 km da área estudada, sendo possível que os mesmos atinjam o curso em questão, em caso de chuvas com grande intensidade e/ou maior frequência.

4 CONCLUSÕES

O potencial poluidor na área é evidente, embora o mesmo não seja causado apenas pela dispersão de grãos e seus odores. Apesar da interpolação gerada não tenha indicado a presença de qualquer odor em área habitada, estes podem atingi-las, conforme variação na direção das correntes eólicas. Outra vertente a se considerar, são as condições de trabalho nas empresas da extensão. Esse panorama, requer que se faça uma análise no meio destes colaboradores para que se garanta sua segurança, e em caso de escassez, sua insalubridade.

Toda matéria dispersada, em grande parte, ocorre em virtude do não respeito as cargas máximas de cada automóvel, especificada pelo fabricante. Em algumas situações filas de espera para descarga levam longos períodos, o que pode aumentar as perdas. Estabelecimento de medidas que venham fazer com que motoristas adequem sua carga, são simples e que já funcionam em alguns estados, como é o caso do Paraná.

REFERÊNCIAS

MAIA, G. B. S. et al. Panorama da armazenagem de produtos agrícolas no Brasil, Revista do BNDES, Brasília-DF, v. 40, nº 07, p. 161-194, dezembro, 2013.

TAVARES, B.; JEAN, M. O perigo da poeira vegetal produzido na movimentação e armazenagem de grãos nos silos e métodos de prevenção, Imperatriz-MA, 2010.

COSTELLA, M. F.; PILZ, S. E.; BET, A. Método de coleta e análise de amostras de poeira para avaliação de riscos de explosões de pós em suspensão em unidades de recebimento e armazenagem de grãos. Gestão e Produção, v. 23, n. 3, p. 503-514, 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0104-530X1324-15

AWAD, A. H. A. Airborne dust, bacteria, actinomycetes and fungi at a flourmill. Aerobiologia, v. 23, p. 59-69, 2007. DOI: 10.1007/s10453-007-9049-z

TEIXEIRA, E.; MEINERT, E. M.; BARBETTA, P. A. Análise sensorial de alimentos. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1987. 180 p.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.28284-28291 may. 2020. ISSN 2525-8761 LORINI, I. Descrição, biologia e danos das principais pragas de grãos armazenados. In: LORINI, I.; MIIKE, L. H.; SCUSSEL, V. M. (Ed.). Armazenagem de grãos. Campinas: Instituto Biogeneziz, 2002. p. 379-397.

PRADO, G. Contaminação de alimentos por micotoxinas no brasil e no mundo. Revista de Saúde Pública do SUS/MG, v. 2, n.2, p. 13-26, 2014.

SILVA, J. de S. e. Secagem e armazenagem de produtos agrícolas. Viçosa: Aprenda Fácil, 2008. 560 p.

KLEIN, C.; AGNE, S. A. Fósforo: de nutriente à poluente, Ver. Elet. Em Gestão. Educação e Tecnologia Ambiental, v. 8, nº8, p. 1713-1721, set/dez, 2012.

MARTINELLI, L. A. Os Caminhos do Nitrogênio – do fertilizante ao poluente. Piracicaba-SP: ESALQ-USP, INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 118, 2007. 5 p.

BORGES, G. R.; ARAUJO, F.; SOLON, A. S. Desperdício de Soja nas Estradas: análise de perdas de soja nas regiões sudeste e centro-oeste. Salvador-BA: XXXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2013. 9 p.

Imagem

FIGURA 1. Visão superior das linhas imaginárias e pontos amostrais.
FIGURA 2. Mapas de distribuição para os odores pútrido (a) e mofo (b).
FIGURA 4. Mapa de isoietas para distribuição de partículas de soja (A), milho (B) e palhas de arroz (C)
FIGURA 5. Mapa de distribuição de fertilizantes.

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