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Comparação da sintomatologia da displasia coxofemoral entre cães obesos e não-obesos / Comparison of the symptomatology of coxofemoral dysplasia between obese and non-obese dogs

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46840-46850, jul. 2020. ISSN 2525-8761

Comparação da sintomatologia da displasia coxofemoral entre cães obesos e

não-obesos

Comparison of the symptomatology of coxofemoral dysplasia between obese and

non-obese dogs

DOI:10.34117/bjdv6n7-354

Recebimento dos originais: 03/06/2020 Aceitação para publicação: 15/07/2020

Fabíola Pereira Firmino

Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas (IFAM), Campus Manaus Zona Leste (CMZL)

Endereço: Avenida Cosme Ferreira, nº. 8.045, Bairro: São José Operário, Manaus/AM E-mail: fpfvet@gmail.com

Diego Ruan Souza Silva

Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas (IFAM), Campus Manaus Zona Leste (CMZL)

Endereço: Avenida Cosme Ferreira, nº. 8.045, Bairro: São José Operário, Manaus/AM E-mail: diego.ufam@hotmail.com

Gabriel Lima Cunha

Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas (IFAM), Campus Manaus Zona Leste (CMZL)

Endereço: Avenida Cosme Ferreira, nº. 8.045, Bairro: São José Operário, Manaus/AM E-mail: gabriellima310_@outlook.com

Jonas Eduardo Machado Maciel

Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas (IFAM), Campus Manaus Zona Leste (CMZL)

Endereço: Avenida Cosme Ferreira, nº. 8.045, Bairro: São José Operário, Manaus/AM E-mail: jonaseduardoma@gmail.com

Edson Francisco do Espírito Santo

Doutor em Ciência Animal pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas (IFAM),

Campus Manaus Zona Leste (CMZL)

Endereço: Avenida Cosme Ferreira, nº. 8.045, Bairro: São José Operário, Manaus/AM E-mail: edson.santo@ifam.edu.br

Alexandre navarro Alves de Souza

Doutor em Ciências em Medicina Veterinária pela Universidade de São Paulo

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas (IFAM), Campus Manaus Zona Leste (CMZL)

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46840-46850, jul. 2020. ISSN 2525-8761

Endereço: Avenida Cosme Ferreira, nº. 8.045, Bairro: São José Operário, Manaus/AM E-mail: alexandre.souza@ifam.edu.br

RESUMO

A displasia coxofemoral (DCF) é uma doença poligênica que acomete várias espécies de cães, sendo influenciada por diversos fatores durante o desenvolvimento, causando incongruência articular que leva à osteoartrose. Os sinais clínicos da DCF variam podendo ser claudicação uni ou bilateral, aumento da adução dos membros, encurtamento de passo e amplitude articular, arqueamento do dorso, deslocamento do peso corporal aos membros anteriores, e desvios laterais da pelve ao caminhar. Neste contexto, a intensidade dos sintomas pode ser aumentada pela obesidade, uma vez que o sobrepeso pode agravar problemas articulares pela pressão extra sobre as articulações alteradas. Este trabalho objetivou avaliar a sintomatologia de cães obesos com displasia coxofemoral comparados a cães displásicos com escore corporal normal ou magro. Um quantitativo composto por 30 cães displásicos, sendo 15 obesos e 15 não obesos, foram avaliados por seus tutores a partir de escala numérica de 0 a 10, quanto ao grau de sintomatologia apresentada durante exercícios. Os resultados apresentaram diferenças significativas, onde os cães obesos obtiveram piores médias da sintomatologia nas atividades físicas propostas com as médias de 6,5, 6,0 e 6,0, no grupo de obesos, e 3,5, 4,0 e 3,5 no grupo de não obesos, respectivamente, quanto às atividades de caminhar, subir e descer escada, e subir e descer rampa. Conclui-se que os resultados sugerem que o fator obesidade em cães displásicos pode agravar o quadro da displasia coxofemoral em cães.

Palavras-chave: Caninos, displasia, obesidade, sinais clínicos. ABSTRACT

Hip dysplasia is a polygenic disease that affects several species of dogs and it could be influenced by several factors during development, causing joint incongruity that leads to osteoarthritis. The clinical signs of Hip dysplasia can be variable, which could exhibit the following symptoms: unilateral or bilateral lameness, increased adduction of the limbs, shortening of step length and decrease the range of motion in joints, hip arching, compensatory redistribution of weight bearing to the forelimbs, and lateral deviations of the pelvis when walking. In this context, the intensity of symptoms could be increased by obesity, since overweight can aggravate joint problems by the addition of extra pressure over dysplastic joints. This study aimed to evaluate the symptoms of obese dogs with hip dysplasia compared to dysplastic dogs with normal or lean body scores. A number of 30 dysplastic dogs, 15 obese and 15 non-obese, were evaluated by their owners using a numerical scale from 0 to 10, regarding the degree of symptoms presented during exercises. The results showed significant differences, where the average of obese dogs had worse symptoms in the proposed physical activities with the average score of 6.5, 6.0 and 6.0, in the obese group, and 3.5, 4.0 and 3.5 in the non-obese group, respectively, regarding the activities of walking, climbing up and down stairs, and climbing up and down the ramp. It is concluded based in the present results which suggest that the obesity factor in dysplastic dogs can aggravate the symptomatology.

Keywords: Canines, dysplasia, obesity, clinical signs.

1 INTRODUÇÃO

As doenças osteoarticulares são frequentes em pequenos animais, principalmente na espécie canina. Sua incidência pode ser agravada por fatores como obesidade, predisposição genética, idade, traumatismos ou por desenvolvimento anormal podendo as articulações subluxar ou luxar completamente (OLMSTEAD, 1995; FOSSUM et al., 2007).

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A displasia coxofemoral (DCF) é definida como uma doença biomecânica de alta debilidade, representada pela disparidade entre o crescimento rápido ósseo e a massa muscular. Caracteriza-se pela instabilidade da articulação coxofemoral, causando incapacidade de sustentação, e por conseguinte, incongruência articular (SOUZA, 2009). Sua etiopatogenia é multifatorial, e extremamente complexa, que comumente resulta em alterações degenerativas irreversíveis (BETTINI et al., 2007). Quanto à sua origem, considera-se que pode ser de natureza ambiental, por disparidade do desenvolvimento ósseo e tecido mole, hereditária e por ganho de peso excessivo (SILVA, 2011).

Os cães nascem com as articulações coxofemorais normais, que posteriormente, sofrem alterações estruturais (ETTINGER; FELDMAN, 2014), sendo que sua progressão e sintomatologia, sofrem inúmeras influências. Entre os sinais clínicos mais comuns observados pelo proprietário, podem ser citados dor articular, claudicação, diminuição de amplitude de movimento, queda no desempenho normal, que se manifesta com relutância em atividades como saltar, subir escadas e dificuldade de levantar (HUNTER; LUST, 2007).

A DCF é a doença ortopédica mais comum entre os cães, especialmente, naqueles de porte grande, porém todas as raças podem ser acometidas. A prevalência em algumas delas é acima de 70% (TÔRRES et al., 2007). A doença é diagnosticada através da anamnese, exame físico e radiografia da articulação coxofemoral, caracterizando-se radiograficamente pelo arrasamento do acetábulo, achatamento da cabeça do fêmur, subluxação ou luxação coxofemoral e alterações secundárias à DCF (LUST et al., 1985; SOUZA, 2009).

A cinesiologia é a ciência que estuda o movimento e pode ser dividida em cinemática e cinética (ANDERSON; MANN, 1994; DECAMP, 1997). A cinemática é a geometria do movimento, a qual inclui o deslocamento, a velocidade e a aceleração sem levar em conta as forças atuantes sobre um corpo (GARHAMMER, 1991). Em contrapartida, a cinética é o estudo das relações do movimento e as forças que o geram (GARHAMMER, 1991; GILLETE, 2004).

Neste contexto, os métodos objetivos de análise são mais acurados e a análise cinética é o padrão ouro de avaliação, mas seu uso é ainda limitado em cães em virtude do alto custo do equipamento (HOTTINGER et al., 1996; BENNETT et al., 1996).

Dados da Orthopedic Foundation for Animals (OFA) indicam uma alta correlação da DCF com o peso, fator considerado significativo independente da raça (COMHAIRE; SNAPS, 2008; SOUZA et al., 2013). Dessa forma, efeitos físicos de carregar um excesso de peso colaboram para a ocorrência de problemas articulares e locomotores, podendo causar no animal a intolerância ao exercício (GUIMARÃES, 2009), e de um modo geral, todo este quadro influencia a saúde e o bem-estar animal, pois compromete as liberdades de conforto, de expressar seu comportamento normal,

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causa dor e estresse. Indivíduos que não conseguem adotar uma posição de conforto, que apresentam dificuldades de movimento e que possuem anormalidades de crescimento são consideradas situações que indicam baixos níveis de bem-estar (PEREIRA et al., 2020).

A obesidade em cães é uma condição patológica na qual há um acúmulo de gordura maior que o necessário para a otimização das funções vitais, causando prejuízos ao organismo (GUIMARÃES; TURDURY, 2006). Destaca-se que a obesidade é a denominação dada ao excesso de peso corporal de mais de 15%, em comparação ao peso considerado ideal (JERICÓ; SCHEFFER, 2002). Estima-se que cerca de 34,1% da população canina americana encontra-Estima-se em sobrepeso ou obesa (LUND et al., 2006). Na Austrália, encontrou-se prevalência que variou entre 23 a 41% dos cães (McGREEVY et al., 2005). No Brasil, há escassez de dados neste sentido. Cães de meia idade a idosos são os mais predispostos à obesidade, sendo que o intervalo de idade de maior prevalência situa-se entre 5 a 10 anos (LAFLAMME, 2006).

Em cães, os estados de desnutrição ou o sobrepeso, geralmente, não são difíceis de serem reconhecidos (MÜLLER; MAICON, 2008), sendo a avaliação do peso, a medida mais utilizada como estimativa da condição corporal e nutricional na clínica de pequenos animais (GUIMARÃES, 2009).

Na medicina, existem vários métodos de avaliação da composição e condição corporal, como absorciometria de raios X de dupla energia (DEXA), tomografia computadorizada, ressonância magnética, análise por ativação de nêutrons, bioimpedância, ultrassonografia, hidrodensitometria, índices de massa corporal e antropometria. Alguns destes que são de custo mais baixo, vêm sendo utilizados na rotina clínica da medicina veterinária enquanto que metodologias de preço elevado são, normalmente, aplicadas exclusivamente em trabalhos de pesquisa (HEYWARD, 2001).

Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo comparar o fator obesidade através de Escala Numérica Verbal (ENV) em atividades físicas e verificar a maneira como este se relaciona com o agravamento da sintomatologia de DCF, com o comprometimento da função fisiológica normal e os problemas articulares acarretados pelo excesso de peso.

2 METODOLOGIA

A amostragem foi composta por 30 animais, sendo um grupo de 15 cães acima do peso ou obesos, e outro de 15 cães abaixo ou com peso ideal. Os animais foram selecionados a partir de levantamento retrospectivo de fichas de atendimento em quatro clínicas veterinárias do município de Manaus/AM.

Os critérios inclusão foram: animais com displasia coxofemoral diagnosticada radiograficamente em cães acima de 2 anos de idade; indiferença quanto à raça; fêmeas não gestantes ou machos; cães sem histórico de afecção ortopédica concomitante; sem histórico de cirurgia

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ortopédica ou trauma; sem histórico de afecção sistêmica que prejudicasse a capacidade de locomoção; e animais não caquéticos. Quanto aos critérios de exclusão identificam-se: qualquer não entendimento ou capacidade de avaliação numérica pelo proprietário; cães em tratamento medicamentoso com anti-inflamatórios e analgésicos por no mínimo duas semanas; qualquer um dos critérios de inclusão não atendidos checados pela anamnese.

Para dividir estes animais entre obesos e não obesos, os pesos descritos nas fichas foram comparados aos considerados como peso padrão obtidos em tabelas de sites especializados, respeitando-se as diferenças raciais. As comparações dos pesos foram feitas através de um percentual de sobrepeso. A título de explanação, um cão que pesasse 10 kg, mas que conforme a tabela de peso ideal para raça deveria apresentar 8 kg, possuía 20% acima do ideal.

Na avaliação da sintomatologia de claudicação correlata à dor ou dificuldades/limitações aos exercícios físicos, o tutor foi orientado a avaliar o animal nas seguintes atividades: caminhando, subindo e descendo escada, subindo e descendo rampa e atribuir uma nota pontuada em escalas numéricas de 0 a 10, onde zero significava ausência de alteração (dor, claudicação ou limitação) durante a atividade, e 10 intensas alterações (dor excruciante, claudicação grave e evidente limitando a continuação do exercício).

Os dados resultantes da escala numérica e dados da amostra, como idade e peso, foram avaliados pela distribuição normal com o teste Kolmogorov-Smirnov e comparados pelo teste T não-pareado de acordo com a normalidade. Todos os testes consideraram p < 0,05 como diferença estatística.

3 RESULTADOS

Foram avaliadas raças de pequeno, médio e grande porte tais como Poodle, Pug, Shih Tzu, Chow Chow, Golden Retriever, Labrador Retriever, Pastor alemão e Husky siberiano. Entre eles, a maioria era adulta, sendo que a média da idade foi de 6 anos, com desvio padrão de 2,0 ± 1,8 (p < 0,3738), considerado insignificante e, portanto, sem diferença estatística entre os grupos.

Os cães obesos tiveram a média de peso de 15,1 kg, enquanto os magros de 9,25 kg com desvio padrão de 13,4 ± 9,3 (p < 0,0113), considerado significante. Os grupos apresentaram diferenças na sintomatologia quando avaliados por meio do teste T não pareado. As médias das notas atribuídas aos animais submetidos aos exercícios encontram-se na Tabela 1.

A diferença realizada pelo teste, na amostra de 30 cães, sugere que os cães obesos apresentaram percepção de dor maior do que os cães não obesos, (p < 0,001) sendo extremamente significante.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46840-46850, jul. 2020. ISSN 2525-8761 Tabela 1 – Média ± desvio padrão das notas de cães com displasia coxofemoral obesos e não obesos quanto à sintomatologia por escala numérica de 0-10 avaliada pelo tutor durante atividades físicas.

Cães Obesos Não obesos Valor p Caminhando 6,5 ± 0,68 3,5 ± 0,94 <0,0001 Subindo e descendo escada 6,0 ± 0,63 4,0 ± 0,89 <0,0001 Subindo e descendo rampa 6,0 ± 0,59 3,5 ± 0,90 <0,0001

4 DISCUSSÃO

Para se determinar a existência do aumento excessivo de peso, há duas possibilidades: se comparar o peso atual com os pesos anteriores anotados em registros; ou como neste estudo, pode-se comparar com o peso padrão para a raça (CASE et al., 1998). Porém, a determinação do peso ideal do animal e se ele estava acima ou abaixo do peso, foi considerada uma limitação deste estudo visto a ausência de métodos precisos e objetivos para tal.

A obesidade acomete entre 20 a 40% da população canina, acarretando aos seus portadores, várias disfunções na fisiologia dos sistemas orgânicos, entre eles cardiovascular, imunológico, osteoarticular, digestório e endócrino (FEITOSA et al., 2015). A associação entre obesidade e o alto risco de problemas locomotores, já demonstrada em cães, está relacionada não só ao aumento das forças mecânicas sobre as articulações, que, desta forma, causam destruição da cartilagem, como também é decorrente da condição inflamatória que acompanha o excesso de tecido adiposo (JERICÓ et al., 2014).

A quantidade de gordura estocada no organismo depende do balanço entre a ingestão e o gasto energético. Nesse sentido, ao compararmos cães jovens e cães adultos, os primeiros tendem a ter um gasto energético maior, o qual se reduz ao passar dos anos. A maior taxa de obesidade é nos grupos de animais entre seis e oito anos, afetando cerca de 55,2% deles (MAO et al., 2013). Sugere-se que este fato mereça melhores investigações em futuros estudos, uma vez que a morbidade da displasia também pode ser um fator que gere obesidade, devido à limitação de exercício físico e consequente menor gasto energético.

A avaliação da dor é considerada um assunto complexo, já que exige uma interpretação a respeito da alteração da postura, manifestação anormal de comportamento, reação ao toque e alteração de parâmetros fisiológicos, sendo uma análise que também requer métodos mais precisos (HELLYER et al., 2007). Sabe-se pela literatura, que estímulos álgicos irão produzir alteração na frequência cardíaca, na temperatura corporal e na frequência respiratória. Estes parâmetros fisiológicos podem ser mensurados objetivamente, e são importantes para o processo de avaliação da dor. Em contrapartida, os parâmetros comportamentais da influência da dor, como a alteração locomotora, são passíveis de serem avaliados somente por meios subjetivos, já que dependem de um observador humano. Entretanto, a fusão ou modificação dessas escalas de dor são possíveis

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adaptando-as à condição do animal ou à necessidade do observador, representando uma ferramenta para a detecção da dor nos animais (HEYLLER et al., 2007). Como exemplo, cita-se a análise objetiva da cinética, a qual mensura o apoio que pode ser alterado pela dor ou biomecânica (DECAMP,1997).

Destaca-se que, a utilização da escala numérica, apesar de ser considerada subjetiva já que depende de um observador humano, é útil na identificação dos animais que demonstram dor extrema ou comportamentos claros de dor e desconforto. Para que a avaliação da dor seja mais fidedigna possível, ela deve ser seriada e realizada de preferência, por um mesmo observador (FERREIRA et al., 2014).

Embora neste estudo, o observador fosse o próprio tutor dos animais, considera-se que tal metodologia apresenta relevância, pois geralmente os proprietários possuem uma consciência dos tipos de comportamento relevantes para a avaliação da dor de seus animais, o que inclui a capacidade do cão de manter um comportamento normal ou a sua perda, desenvolvendo novos comportamentos que emergem como uma adaptação à dor ou uma resposta ao alívio a ela (EPSTEIN et al., 2015).

Quanto à heterogeneidade da amostra, houve dificuldade em se agrupar animais da mesma raça e do mesmo porte, por se tratar de um estudo retrospectivo; porém os cães foram distribuídos de forma igualitária, em número de animais de pequeno, médio e grande porte dentro dos grupos propostos. Por estas limitações os resultados obtidos devem ser interpretados com cautela, uma vez que o diagnóstico de obesidade na clínica de pequenos animais, especificamente no cão, é subjetivo devido à variabilidade de conformação corporal entre as raças (MULLER et al., 2008).

Os dados sugerem, portanto, que a acentuação da dor relacionada à claudicação clínica está intimamente correlacionada à condição corporal em pacientes com sobrepeso e obesidade (FRYE et al., 2016). Adicionalmente, estudos realizados demonstraram não somente a importante associação entre obesidade e osteoartrite, como também redução dos sinais clínicos com a perda de peso (IMPELLIZERRI et al., 2000; KEALY et al., 2000).

Burkholder e Hulse (2000), realizando um estudo de saúde a longo prazo com cães da raça Labrador Retriever, demonstraram que animais que se mantiveram magros durante toda a vida, mediante restrição de 25% das calorias fornecidas em relação ao grupo controle, viveram aproximadamente 15% mais tempo, com uma expectativa média de vida de 12 anos em comparação a 9 anos do grupo controle, cujos animais eram obesos. Além disso, verificaram também, dramática redução da incidência de displasia coxofemoral e de artrites nos animais sob restrição alimentar. A confirmação e o melhor entendimento do efeito positivo do tratamento e prevenção da obesidade nos sintomas e na prevalência de doenças articulares como a DCF, provavelmente serão valiosos contra a obesidade canina.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 46840-46850, jul. 2020. ISSN 2525-8761 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos pela avaliação de tutores sugerem que o fator obesidade agrava a sintomatologia da DCF durante atividades como caminhar, subir e descer rampas e escadas em cães acometidos, independentemente da raça e do porte do animal.

A partir desses dados, é possível encorajar pesquisas futuras com métodos objetivos de análise que avaliem esse fator, uma vez que se observou a redução da qualidade de vida de pacientes obesos comparado a animais não obesos, que possuem uma sintomatologia mais branda. Ressalta-se, desta forma, a importância do controle do peso do animal para a melhoria clínica da sintomatologia.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Amazonas (FAPEAM) pelo apoio e financiamento.

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Referências

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