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FAMÍLIA E USO DE DROGAS NA CONTEMPORANEIDADE: O CUIDADO COMO PRODUTOR DE NOVOS ENCONTROS

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ISSN 2179-5037

Revista UNIABEU Belford Roxo V.7 Número 17 setembro- dezembro de 2014

Família e uso de drogas na contemporaneidade: o cuidado

como produtor de novos encontros

Edna Linhares Garcia1 Bruna Rocha De Araujo2 Emanueli Paludo3 Alíssia Gressler Dornelles4 RESUMO: Este artigo apresenta reflexões a cerca da temática da família e uso de drogas, a

partir da análise qualitativa da pesquisa “A realidade do crack em Santa Cruz do Sul”. Trata-se da análiTrata-se dos Trata-sentidos produzidos nos discursos dos 100 familiares de usuários de crack, buscando evidenciar que as experiências familiares apontam para a impossibilidade de individualizar e privatizar a questão do uso de drogas. Compreende-se que família se organiza pelos modos de viver, experienciar e se relacionar, produzidos socialmente, configurando-se inclusive como estrutura que cumpre papel essencial nesta produção. Problematiza-se a idealização de modelos familiares, que produz a compreensão de que o contexto familiar, comunitário, social não estaria “apto” para cuidar do usuário de crack, justificando a internação e isolamento do usuário. Aposta-se no cuidado como produtor e articulador de outros modos de pensar a relação uso de drogas-família na contemporaneidade, bem como, de outras práticas para a atenção integral a saúde.

Palavras-chave: uso de crack; família; pesquisa; cuidado integral.

FAMILY AND DRUG USE IN THE CONTEMPORARY WORLD: FULL CARE AS A PRODUCER OF NEW ENCOUNTERS

ABSTRACT: This article presents reflections on the theme of family and drug use from the

perspective of the qualitative analysis carried out in the research project entitled “The reality of crack in Santa Cruz do Sul”. It consists of an analysis of the meanings produced in the discourse of 100 relatives of crack users, aiming at highlighting that the relatives’ experiences point towards the impossibility of individualization and privatization of the issue of drug use. We understand that families are organized by ways of living, experiencing and relating that are socially produced, being configured as a structure that plays an essential role in this production. We problematize the idealization of family models, which produces the understanding that the family, community and social context would not be apt to take care of

1 Psicóloga, Doutora, Docente do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-graduação Mestrado em Promoção da Saúde, Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, RS, Brasil. edna@unisc.br

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Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS). brunara.tk@gmail.com

3 Psicóloga, Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (UNISC),

integrante do grupo de pesquisa "A Realidade do Crack em Santa Cruz do

Sul".manupaludo@live.com

4 Psicóloga, Especializanda em Clínica Psicanalítica (ULBRA-SM), integrante do grupo de pesquisa "A realidade do crack em Santa Cruz do Sul".alissiadornelles@hotmail.com

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crack users, what justifies detention and isolation of users. We put our trust in care taking as a producer and an articulator of other means to think about the relation between drug use and family in our times, as well as other practices to promote full attention to health.

Key-words: crack use; family; research; full care.

1 Introdução

O fenômeno do uso de crack entre a população brasileira tem sido alvo de intensos debates, estudos, publicações, entre as quais muitas perguntas são lançadas em torno do desejo de conhecer e compreender as motivações, bem como os fatores de risco para o uso do crack e possíveis formas de “resolver” a situação. Nesse cenário, reconhece-se a proeminência de discursos simplistas em torno da temática, que enfrentam a questão dando respostas que biologizam e/ou moralizam o uso de drogas, tomando os usuários como “culpados”, “disfuncionais/doentes” e/ou “violentos” e “criminosos”.

Somam-se a essas discussões outras temáticas, tais como família e políticas públicas, buscando a articulação de estratégias na direção do manejo dos impasses e efeitos decorrentes do uso extremo de drogas. Assim, as famílias vêm sendo interpeladas por meio de pesquisas sobre uso de drogas e políticas públicas na área, tornando-se alvo de ações. A família é tomada de modos distintos, ora apontada como o lugar de cuidado para os usuários, ora como causadora do adoecimento e da dependência ou do uso extremo de drogas.

Lins e Scarparo (2010), ao revisarem estudos sobre família e uso de drogas, demonstram que estes frequentemente recorrem a compreensões individualistas da relação família-drogas, assinalando que a falta de limites e de regras, as relações familiares “patológicas” ou “desestruturadas”, a existência de usuário de drogas na família, o declínio da figura de autoridade, entre outros, são tomados como fatores de risco para o uso. Entretanto, Cavalcanti e Vieira (2011) apontam de forma contundente que o aumento do consumo de crack não pode ser tomado em relação a fatores individuais e morais das famílias, que culpam seus membros pelo uso da droga e os responsabilizam unicamente pelos cuidados do usuário.

Na contramão de respostas objetivas para a questão do uso de crack, compreendemos que o uso e o abuso de drogas envolvem um complexo processo

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.7 Número 17 setembro- dezembro de 2014 marcado por atravessamentos singulares que abrangem um amplo espectro de fatores sociais, históricos, culturais, econômicos etc. (SCHENKER e MINAYO, 2005). Às políticas públicas são demandadas estratégias que sustentem a complexidade inerente à vida e que considerem as particularidades e a integralidade dos sujeitos, acolhendo também as famílias e as incluindo no cuidado.

O aumento do uso de crack no Brasil vem mobilizando setores como os da educação e da saúde, demandando respostas à sociedade, em especial, pela via das políticas públicas. Atentando para essas questões emergentes, teve início, em 2010, através de uma universidade do sul do país, a pesquisa “A realidade do crack em Santa Cruz do Sul”, que busca aproximar-se dessas demandas e produzir conhecimentos acerca da realidade vivenciada por usuários de crack e suas famílias. Essa investigação possibilitou encontros com 200 sujeitos envolvidos com o uso extremo da droga, entre usuários e familiares, ao longo dos quais as narrativas produzidas puderam sustentar as singularidades das experiências.

Este artigo constitui um recorte dessa pesquisa, apresentando reflexões a partir das análises realizadas acerca das relações entre família e uso de drogas – estas trazidas pelos próprios familiares de usuários de crack –, de modo a evidenciar discursos que transversalizam suas narrativas e problematizar as práticas de atenção à saúde que aí se articulam. Nesse âmbito, busca-se fortalecer a dimensão do cuidado como dispositivo produtor de “encontros desejantes”, norteados por projetos de felicidade das pessoas, famílias e comunidades (AYRES, 2009). Sendo assim, propõe-se o cuidado como articulador de outros modos de pensar a relação uso de drogas-família na contemporaneidade, bem como de outras práticas para a atenção integral à saúde.

2 Metodologia

A pesquisa “A realidade do crack em Santa Cruz do Sul” objetiva conhecer a realidade de usuários de crack e suas famílias no município, de modo a produzir conhecimentos com a finalidade de contribuir para a criação de estratégias de prevenção ao uso de drogas, intervenções no campo da saúde mental e promoção da saúde da população. A pesquisa obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), sob o n° 2527/10.

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.7 Número 17 setembro- dezembro de 2014 Essa pesquisa, de caráter quantitativo e qualitativo, alcançou 100 usuários de crack e 100 familiares de usuários. A coleta de dados foi realizada em 2010 e 2011, por meio de roteiro semiestruturado de entrevista, possibilitou encontros com os sujeitos pesquisados e constituiu-se como espaço de diálogo e reflexão. Os entrevistados foram contatados por intermédio de serviços de saúde (Estratégias de Saúde da Família, CAPS, Comunidades Terapêuticas, Hospitais) e associações comunitárias. Todos os pesquisados foram informados dos objetivos da pesquisa, do sigilo dos dados e esclarecidos da voluntariedade da participação, mediante leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os dados quantitativos foram agrupados estatisticamente, com o software SPSS Statistics 19. Esses dados foram analisados e socializados em publicações, destacando, um artigo (GARCIA et al., 2012).

Em seguida, iniciou-se o processo de análise qualitativa, com escuta e leitura (SPINK, 2000) das entrevistas no espaço de discussão constituído pelo grupo de pesquisadores, com o intuito de dar visibilidade a marcadores relevantes presentes nas narrativas e construir reflexões e hipóteses interpretativas. O encontro dos pesquisadores com a realidade dos usuários de crack e seus familiares permitiu escolher, para analisar as práticas discursivas, a perspectiva teórico-metodológica da produção de sentidos no cotidiano, a qual se alinha a uma proposta de conhecimento afiliada ao construcionismo social.

Essa perspectiva compreende os fenômenos como construções sociais e, portanto, a análise das práticas discursivas considera permanências e rupturas históricas, tensões entre universalidade e particularidade, entre diversidade e semelhança, observando como explicitam as dinâmicas das transformações históricas, constituindo ferramentas para mudanças. Os sentidos são construções sociais pelas quais as pessoas compreendem e lidam com as situações vividas; são empreendimentos coletivos que se estabelecem pela interação e dinâmica das relações sociais, que são histórica e culturalmente localizadas (SPINK, 2000).

Embasado nessa perspectiva, o grupo iniciou a análise por meio da exploração do material. As interpretações dos dados são reconhecidas como produção de sentidos, que se dão nos encontros, sendo assumidas, conforme

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sugere Spink (2000, p. 99), como empreendimento inacabado e circular que se reinventa a cada ”nova trama engendrada”. Conhecimentos produzidos com a metodologia já estão socializados em trabalhos anteriores (GARCIA et al., 2013a; GARCIA et al., 2013b).

3 A família em tempos de crack

A família, na contemporaneidade, assume diversos arranjos, tanto organizativos quanto relacionais. Porém, é possível verificar que tais modos de organização dos seres humanos em agrupamentos são invenções tecidas a partir das necessidades de sobrevivência e reprodução da espécie. Conforme apontam Narvaz e Koller (2006), a disposição das pessoas em uma configuração familiar não tem origens biológicas e nem é algo natural, mas é produto dos modos de organização dos seres humanos ao longo da história. Portanto, torna-se imprescindível localizá-la no contexto cultural, histórico, social e econômico em que está inserida e a partir do qual se constitui.

Por ocasião da pesquisa, os familiares entrevistados foram contatados a partir de serviços públicos de saúde e associações comunitárias e tinham as seguintes características: 82% dos entrevistados eram mulheres; entre o total dos familiares, 56% eram pais de usuários de crack, 20% eram avós, tios, primos etc. 12% irmãos, 8% esposas, entre outros; quanto ao estado civil, 43% eram casados, 18% mantinham uma união estável, 14% eram solteiros, 13% estavam separados ou divorciados e, também, 12% estavam viúvos. Os principais índices em relação ao grau de escolaridade apontam que 50% possuíam Ensino Fundamental Incompleto, seguido de 20% com Ensino Médio Completo e 16% com Ensino Fundamental Completo. No total dos entrevistados, 89% já haviam buscado ajuda anteriormente em algum serviço ou associação em função do uso de drogas do familiar.

A realidade encontrada a partir desses dados quantitativos e das narrativas elaboradas ao longo das entrevistas permitiu-nos compreender que o universo pesquisado era composto prioritariamente por mães/mulheres, com baixo nível de escolaridade, comumente inseridas em situações de emprego informal ou precário, no que concerne aos direitos trabalhistas, que tinham experiências de vida

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.7 Número 17 setembro- dezembro de 2014 marcadas por preconceito relativo a questões de gênero, inclusive nas relações amorosas e, mesmo com o ingresso no mercado de trabalho, continuavam assumindo as principais responsabilidades nos cuidados e educação dos filhos.

Os sentidos produzidos possibilitaram a compreensão da existência de experiências familiares semelhantes no que diz respeito às questões sociais, econômicas e culturais. Ao mesmo tempo, o encontro com cada uma das pessoas entrevistadas apontou para modos singulares de vivenciar as relações familiares, de dar sentido às suas experiências e, até mesmo, de apropriar-se de recursos dos quais lançam mão para lidar com o uso de crack do(s) familiar(es). Apontamos desde já que não há como individualizar e privatizar a questão do uso de drogas, especialmente quando se reconhece que a família se organiza pelos modos de viver, experienciar e se relacionar produzidos socialmente, configurando-se, inclusive, como estrutura que cumpre papel essencial nessa produção.

Na sociedade pós-moderna, os modos de ser e viver que caracterizam a sociabilidade estão articulados ao caráter mercadológico pregado pelo neoliberalismo que, entre outras questões, estimula a busca desenfreada do prazer imediato através do consumo de mercadorias, incluindo aí as drogas. Consumidores de drogas representam, por excelência, a cultura do consumo, sendo a toxicomania um sintoma social (MELMAN, 1992; CONTE, 2003;). Nessa realidade sócio-histórica,

[...] o crack é emblemático de uma conjuntura marcada pelo desemprego estrutural, pela “dilapidação” de direitos sociais, precarização das relações de trabalho, privatizações, e, em conseqüência, acirramento do quadro de desigualdades sociais; quando os indivíduos vêem-se cada vez mais pressionados pela luta diária da sobrevivência. (CAVALCANTI e VIEIRA, 2011, p.04)

As políticas públicas brasileiras passam a investir na família enquanto espaço privado de proteção social, em um momento em que se constata uma retração do papel do Estado em decorrência das investidas do capital e dos ideais neoliberais no Brasil (SCHEINVAR, 2006; RODRIGUES et al., 2012; CAVALCANTI e VIEIRA, 2011). Essa perspectiva sustenta discursos que recorrem a algumas estratégias, como a da criminalização e/ou da culpabilização dos usuários pelo consumo de drogas, ou apontando a família como “responsável” pelas ações

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.7 Número 17 setembro- dezembro de 2014 assumidas pelo indivíduo ou, ainda, indicando um membro, geralmente as mulheres e mães, como responsável.

Esses sentidos emergem nas narrativas dos familiares quando tentam buscar um motivo para o uso de drogas de um membro de sua família, configurando um quadro em que se colocam como responsáveis ou culpados por algo que envolve uma complexidade de elementos, entre os quais está a relação do Estado e das políticas públicas em uma sociedade capitalista. Nessa direção apontam as falas de Maria5 e Glória acerca do uso de drogas do filho, ou ainda, de Lúcia sobre o

marido:

“Eu acho que porque eu nunca tive muito tempo pra cuidar dele. Desde criança ele vivia muito na rua, eu nunca consegui uma creche pra botar ele, não tinha quem cuidasse. E eu tinha que trabalhar” (Maria, 45 a., mãe, safrista6

).

“Eu não sei... eu acho... ficava muito sozinho né, e o adolescente ele precisa da gente perto né, e daí eu não sei, ele ficava com a minha mãe, mas ela não caminhava... e ai eu não sei o motivo, o motivo dele, eu não deixava faltar as coisas pra ele nem nada né. Ele era uma criança inteligente, esperta; triste ele nunca foi, mas ã... sei lá, decerto se sentia sozinho em casa, saía...”(Glória, 58 a., mãe, dona de casa).

“Ele cresceu largado, mãe abandonou, pois trabalhava” (Lúcia, 20 a., esposa, desempregada).

Nesse contexto, procede perguntarmos: essas narrativas não estariam produzindo sentidos acerca do que são os cuidados e responsabilidades familiares a partir da privatização do social no núcleo familiar, que se articulam à lógica dos indivíduos empresas de si e das famílias empresas de si? Quando essas mulheres/mães falam sobre culpa, no que diz respeito ao uso de drogas de um familiar, devido a suas ausências, se referem a uma falha individual ou a uma existência marcada pela organização capitalista do trabalho, das relações sociais e do acesso aos bens sociais, como educação e saúde? Essas não seriam narrativas que apontam para um posicionamento das famílias como empresas de si frente ao

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Todos os nomes apresentados são fictícios, a fim de preservar a identidade dos entrevistados. 6

Trabalhador contratado para atuar na linha de produção em empresas de beneficiamento de fumo durante o período de safra. Estudo realizado por Shulte Freitas (2002), na cidade de Santa Cruz do Sul, demonstrou que o trabalho do safrista se articula à precarização do trabalho na sociedade capitalista. Trabalho sazonal e temporário; atividades repetitivas, empobrecidas, com condições de trabalho degradantes e fragilizadas, assumidas em maioria por mulheres com baixa escolaridade.

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.7 Número 17 setembro- dezembro de 2014 uso de crack? Não estariam indicando uma ausência das políticas públicas ou, ainda, sua presença de forma a privatizar os cuidados de seus membros?

Conforme Scheinvar (2006, p.51), a família é “uma relação política e, como tal, implicada em processos de lutas e forças que produzem o social”. Nesse contexto, destaca que a família é esquadrinhada socialmente em seu âmbito privado em nome da ordem pública e que, através da produção de subjetividades, há a naturalização e a institucionalização de um modelo familiar como hegemônico. Assim, vivencia-se a discriminação de outros modelos de relacionamento e de organização familiar que são constituídos historicamente (SCHEINVAR, 2006).

Na Política Nacional para Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas, do Ministério da saúde (2003), o tema da família é incluído entre os fatores de risco ou proteção, juntamente com outros domínios da vida, como os próprios indivíduos e seus pares, as escolas e as comunidades etc. O documento destaca que “tais fatores não se apresentam de forma estanque, havendo entre eles considerável transversalidade, e consequente variabilidade de influência” (BRASIL, 2003).

Assinalamos que essa Política abrange pontos que necessitam ser olhados com cautela, colocando tais proposições em análise para compreender o que significa apontar como fator de risco “a ocorrência de isolamento social entre os membros da família”, ou, ainda, quando lê-se que “também é negativamente influente um padrão familiar disfuncional, bem como a falta do elemento paterno” (BRASIL, 2003). Problematizamos formas de tomar a família a partir de um modelo “funcional” para nortear a atenção à saúde, pois a cristalização e a descontextualização dos modos de ser família, ao mesmo tempo em que perpetuam discursos acerca da relação uso de crack-família, são também reforçadas por eles, o que contribui para a articulação de práticas normalizadoras.

Esses sentidos aparecem justamente quando se discorre sobre a existência de possíveis papéis das famílias na produção do “adoecimento”, das “motivações” para o uso ou, ainda, na “cura” do sujeito. Tais sentidos são enunciados pelos sujeitos entrevistados justamente a partir da idealização do que é ser família, sua

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.7 Número 17 setembro- dezembro de 2014 estrutura e modos de se relacionar. Em contrapartida, quaisquer desvios e diversidades desse ideal são tomados como justificativas para o uso de drogas:

“Não sei explicar, acho que gostaram... ‘Criei’ eles sozinha, acho que pode ser minha culpa, porque os cuidei sozinha, não dei educação direito, não soube cuidar direito” (Paula, 58 a. mãe de usuários de crack, em benefício por doença). “Eu acho a estrutura da família fraca. Eu me separei do pai dele quando ele tinha 12 anos. Aí ele ficou muito à vontade, porque eu tinha que trabalhar e sustentar os dois porque eu fiquei sozinha. Aí ele ficou assim, na companhia do tio, na companhia do vô, e daí ele ia na escola e não conseguia estudar, eu não tinha muita paciência de conversar, de falar e ele sempre foi uma criança muito revoltada, e aí ele teve problemas de saúde quando era criança, tomou remédio controlado até os 12 anos[...]” (Gerusa, 44 a., mãe, costureira).

Levar em consideração esses sentidos não implica destituir a família da possibilidade de assumir a função do cuidado e de sustentar o processo de desinstitucionalização da atenção a usuários de álcool e outras drogas, especialmente o crack. Também, de modo algum pretendemos negar que a experiência do uso de crack de um familiar possa gerar sofrimento aos sujeitos envolvidos. Entretanto, questionamos como esses sentidos, que idealizam modos de ser-família, posicionam as famílias em relação ao uso de crack.

A família, identificada como causadora do uso de drogas ou responsável pela falha no cuidado a essas pessoas, torna-se vítima passiva da situação; logo, o contexto familiar, comunitário, social não parece “apto” para cuidar desse sujeito que faz uso de crack. Por outro lado, a família tem sido considerada vítima do usuário, o qual é tomado como sujeito destituído de qualquer controle sobre sua vida. Nesses casos, procede questionarmos: quando a família é apontada como adoecedora ou incapaz de cuidar, ou, ainda, como vítima do uso desenfreado de crack pelo familiar, não se estaria produzindo uma problemática para a qual não resta saída senão internação e isolamento do usuário? Nesse sentido, percebemos que a perpetuação dos velhos discursos acerca da relação “uso de crack-família” constitui importante articulador do círculo vicioso: uso de crack-internação/isolamento-falha individual ou “desestrutura” familiar-uso de crack-internação/isolamento.

Nessa perspectiva, questionamos: quais práticas de atenção à saúde ou, ainda, de cuidado com usuários e familiares têm sido produzidas pelos modos de compreender o uso de drogas, em especial o crack? Como tem se constituído

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.7 Número 17 setembro- dezembro de 2014 sentidos por familiares a cerca do uso de crack? Como esses sentidos têm sido escutados e articulados à atenção à saúde?

4 O cuidado como articulador: (re)pensando o uso de crack e as famílias

“Eu não sei, porque a gente tinha muitos sonhos, sonhos, porque pobre não pode ter nada, tem que ter sonhos entendeu... ela queria morar comigo, e queria trabalhar, fazer uma casa para nós duas [...]” (Lisete, mãe, 64 a., aposentada).

A fala de Lisete é representante da complexidade inerente à vida. As problemáticas e as dificuldades que essa mulher aponta e os sentidos que constrói nos permitem perguntar sobre como tem se constituído as redes de atenção à saúde mental, pois apontamos, mais uma vez, a impossibilidade de privatizar e individualizar as experiências de uso de drogas. As narrativas dos nossos sujeitos de pesquisa, tal como a de Lisete, nos permitem um encontro com a realidade e, por isso, representam possibilidade para uma abertura, para olharmos mais atentamente a questão no âmbito da atenção à saúde.

A Reforma Psiquiátrica, em curso no Brasil desde a década de 80, vem desenvolvendo dispositivos de cuidado aos usuários de drogas e suas famílias com base em um modo integrado e complexo de compreender o uso de drogas, comprometido ética e politicamente com a vida. Esse movimento se articula com o paradigma da Redução de Danos, que vem representando um investimento em práticas de cuidado indissociáveis da liberdade e da defesa dos direitos humanos. O campo da ação psicossocial, que se encontra em processo de construção e experimentação no país, pressupõe o desenvolvimento da cidadania e da autonomia através da articulação com outras políticas públicas de assistência social, moradia, educação, trabalho, lazer etc. (LANCETTI; AMARANTE, 2006).

Justamente pela complexidade e multideterminação do uso de drogas – como já apontavam as falas dos familiares que ilustram este artigo – é que se reconhece a necessidade de que as políticas sobre uso de álcool e outras drogas articulem diversos setores das políticas públicas, como de segurança pública, saúde, assistência social, educação, entre outros. Tal questão aponta para o desafio de construção de ações e estratégias integradas, que tenham como norte a garantia de direitos, a recusa ao reducionismo criminalizante e patologizante dos usuários,

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.7 Número 17 setembro- dezembro de 2014 gerador de “discriminação, preconceito, exclusão, recolhimento e internação compulsória” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2013, p.38).

Assim, trata-se de um campo que está em constante movimento de disputa, seja na sociedade civil, ou mesmo no interior do Estado. Nessa arena de lutas, embates e jogos de poder, identificamos a perspectiva do cuidado em saúde como potente para a construção de algumas proposições. A noção de cuidado se torna um interessante ponto de resistência quando pensada não como um nível de atenção ou procedimento técnico, mas como uma “ação integral, que tem significados e sentidos para a compreensão da saúde como direito de ser. É o tratar, o respeitar, o acolher, o atender o ser humano em seu sofrimento, em grande medida fruto de sua fragilidade social" (PINHEIRO; GUIZARDI, 2004, p.21).

O cuidado se difere da noção de intervenção, pois esta é balizada por certo saber-poder técnico, que produz o outro como objeto de intervenção e não sujeito de relação – “um outro (comunidade, “paciente”, família etc.) desprovido de singularidade, desejo, saber e história” (PINHEIRO; GUIZARDI, 2004, p.38). O cuidado, ao contrário, pressupõe a aceitação do outro-sujeito, o alargamento de si para o encontro com a alteridade e a complexidade, o estar em relação e, assim, a constituição de “encontros desejantes” como campo de ação das políticas públicas (idem, p.38). A partir dessas reflexões, pode-se pensar como tem se dado os encontros entre usuários de crack, suas famílias e aqueles que se propõe a “cuidar”, no âmbito das políticas públicas. Portanto, é pertinente indagar: será que os sentidos que essas pessoas produzem sobre suas vivências têm sido escutados na trama da singularidade de seus desejos, história e saber? Os espaços relacionais produzem “encontros desejantes”?

As práticas de atenção à saúde, quando alinhadas à individualização, tomam o “cuidado” como um processo individual de proteção à saúde, independentemente das condições sociais, culturais, históricas e econômicas, indo ao encontro dos sentidos produzidos por muitos familiares que se culpam ou responsabilizam indivíduos pelo uso de crack. Como iniciativa individual, o “cuidado à saúde” depende de capacidades, habilidades e esforços pessoais para controlar os fatores que interferem sobre a situação de saúde (HECKERT, 2009). Essa compreensão, em relação ao uso de drogas, é problemática porque moraliza a questão, colocando

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.7 Número 17 setembro- dezembro de 2014 o consumo como delito e o sujeito como destituído de valores morais, religiosos etc. que o possibilitem modificar seus comportamentos, viver com suas famílias e em sociedade. Articulam-se aí discursos sobre a necessidade de isolamento desses sujeitos amorais e potencialmente perigosos em instituições fechadas (ALVES, 2009).

Romper com esses modos de atenção à saúde pressupõe reconhecer a complexidade que envolve as vivências de usuários de crack e suas famílias, pelo alinhamento das práticas de atenção à lógica do cuidado, que pressupõe uma espécie de transversalização entre êxito técnico e sucesso prático, como nos aponta Ayres (2009) e também denuncia Lisete por meio de suas narrativas. Nessa direção, nem sempre os profissionais de saúde vão poder responder à demanda de “cura” aos adoecimentos e sofrimentos trazidos pela população. Entretanto, o cuidado “pode contribuir para aliviar o impacto do adoecimento e sofrimento, ajudando os sujeitos a construir novas perspectivas para enfrentar problemas cotidianos” (LACERDA E VALLA, 2004, p.92).

Estes autores convocam a repensar as práticas de atenção à saúde e, neste trabalho, tomá-los como referência evidencia a necessidade da (re)orientação do cuidado com usuários de crack e, em especial, suas famílias. Ayres (2009) contribui com essa discussão, indicando que as práticas de atenção à saúde, sob a lógica do cuidado, devem ter como horizonte norteador projetos de felicidade das pessoas, famílias, comunidades. A felicidade, assumida como horizonte, é uma experiência vivida positivamente; portanto, não se constitui de sentidos idealizados ou universais e que, para ser compreendida, tem como referência as práticas e valores socialmente construídos. A felicidade, incorporada ao cuidado em saúde, é potente por que “enraíza na vida efetivamente vivida pelas pessoas aquilo que elas querem ou acham que deve ser a saúde e as práticas a ela relacionadas [...]” (idem, p.130).

5 Considerações

Os sentidos produzidos no encontro com familiares e usuários de crack são elementos significantes que indicam como essas pessoas, famílias e comunidades valoram suas vidas e, desse modo, o que deve ser tomado como horizonte no

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Revista UNIABEU Belford Roxo V.7 Número 17 setembro- dezembro de 2014 trabalho de atenção à saúde. Em outras palavras, é no instante em que o sujeito pode vislumbrar-se para além de sua condição sintomática – de “doente”, de “problemático”, por exemplo – que se torna possível a construção de um outro lugar, tanto psíquico quanto social, para que ele possa existir também em uma condição desejante. Propiciar esse espaço de escuta singular, tanto para o sujeito como para sua família, constitui um dos desafios no campo das políticas públicas.

Portanto, torna-se possível apreender que são os elementos que sustentam os projetos de vida do sujeito, incluindo sua saúde, que devem ser incorporados na relação de atenção à saúde para a produção de “encontros desejantes”. Nesse contexto, a família deve ser entendida como parte importante a ser considerada, uma vez que ela ocupa um lugar na dinâmica de relações do sujeito e, como tal, precisa ser acolhida nos serviços de saúde.

Assim, já que a configuração familiar não se trata de uma organização natural e dada a priori, é possível apostar que (re)invenções podem ser aí também produzidas a partir de práticas que visem a investir na potencialidade das relações, dos encontros. Quando Lisete fala dos sonhos dela e da filha, de ter moradia para morarem juntas, é com referência a um projeto de felicidade que ela produz os sentidos de sua existência. Assim, Lisete, em sua (in)compreensão do motivo pelo qual a filha usa crack – afinal, se ela tem sonhos! –, nos aponta para a possibilidade de construção de novos horizontes.

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