o
F
z
rJ]
=
J
ú
tl;
frl
REPRESENITAÇAO
E
PARTICIPAÇAO
POLÍTICA
NTA
ELJROPA
EM
CRISE
André
Freire
Marco
Lisi
José
Manuel
Leite
Viegas
Organizadores
ã
r ¡ r r r r r r ¡ r llltl¡ r t r r r r r r t
ijj.j.lj=ij:lj''l-rrffi
ÍNorcn
Agradecimentos
11 15t7
T7 21. 23 29Lista
deabreviaturas
e siglasFICHA TECNICA
Introdução
MARCo I-lst, eNoRÉ FREIRE e JosÉ MANUEL LEITE vIEGAS
Introdução Objetivos e dados
A
estrutura dolivro
Título Representação e participação política na Europa em crise Organizadores André Freire, Marco Lisi,José Manuel Leite Viegas
Sessão de
abertura
daConferência
"Representação eparticipação
política
na
Europa
em crise", 7-8julho
2014, NovoAuditório
daAssembleia
da
República
DEPUTADO GUILHERME SILVA
Edição Assembleia da República - Divisão de Edições Revisão Conceição Garvão e Maria da Luz Dias
tadução Susana Santos e Pedro Estêvâ.o Colaboração Alda Luís
Capa c de sign Nuno Timóteo
PARTE
I
-
Representaçãopolítica
em tempos de austeridade:Portugal
eGrécia
em perspetiva comparadaPaginação e pré-impressão Undo Impressão Clássica, Artes Gráficas
Capítulo
1 |As atitudes
das elites e dos cidadãos face àspolíticas
deausteridade e as suas consequências na Grécia e em
Portugal
EFTICHIA TEPEROGLOU, ANDRÉ FREIRE, IOANNIS ANDREADIS
CJOSÉ MANUEL LEITE VIEGAS
L.
Qradro
teórico 2. Hipóteses e operacionalizaçã.o 3. Dados e metodologia 4. Resultados empíricos 5. Notas conclusivas 35 Tiragcm 600 exemplares ISBN 97 8-97 2-55 6 - 632-9 Depósito Lega| 474285 / 76 Lisboa, agosto 2016 @ Assembleia da RepúblicaDireitos reservados, nos termos do artigo 52." da lei n." 28/2003, de 30 de julho.
www.parlame nto.pt
Imagem da capa: Manifestação antiausteridade na Europa,2011. Fotografia de Nuno Timóteo.
38
40
43 45 53
Capítulo 2
|Individualizaçio
das campanhaseleitorais
antes e depoisdo resgate: uma comparação entre Grécia e
Portugal
JOSÉ SANTANA-PEREIRA C MARCO LISI1. Introdução
2.
Individualização
das campanhas e a crise financeira3. Dados e metodologia
55
55 57 62
6
|
REPRESENTAçÁO E p,A.RTlcrpAÇÁopolÍtrc¡
NA EURopA EM cRIStr 4. Individualização das campanhas em Portugal e na Grécia:resultados empíricos
5. Fatores de
individualização
das campanhas em Portugale na Grécia, antes e depois do resgate 6. Conclusões
Capítulo
3 | Oimpacto
da crise económica no espaçoideológico
em
Portugal
e naGrécia:
uma comparação entre elites e eleitoresEMMANOUIL TSATSANIS, ANDRÉ FREIRE C YANNIS TS]RBAS 1. Espaço ideológico: teoria e questões de partida
2.
O
impacto da crise económica na competição política: os contextos da Grécia e de Portugal 3.A
crise na Grécia a.A
economia b.A
situação política c.O
espaço ideológico 4.A
crise em Portugal a.A
economia (política) b.A
arena política c.O
espaço ideológico 5. Dados e metodologia 6. Análise e resultados a. Grécia b. Portugal 7. Apontamentos conclusivos ApêndiceCapítulo
4 | Representação epolíticas
de austeridade: uma comparaçãodas atitudes entre massas e elites na
Grécia
GEORGIOS KARYOTIS, WOLFGANG RÜDIG E DAVIDJUDGE
1. Introdução
2. Representação e políticas de austeridade 3. Hipóteses de pesquisa
4. Recolha de dados
5. Congruência ideológica e
política
na Grécia6. Conclusões Apêndice
l7
64 67 71 I5 76 78 79 79 80 81 82 82 83 84 84 87 87 91. 93 95 103 103 105 109 111 1.1.3 1.21. 1244.
Apoio
à integração europeia na Grécia e em Portugal antese depois do acordo de resgate
5.
Explicar
o apoio dos eleitores e das elites à integração europeia, 201'2-201,36. Conclusões
Apêndice
Capítulo
6 |Apoio
dos portugueses à democracia em tempos de crise:apoio
difuso
e específico emPortugal
e naGrécia
CONCEIÇAO PtrqUITO, EMMANOUIL TSATSANIS C ANA BELCHIOR 1. Introdução
2. As dimensões do apoio democrático
2.1.
A
questão do apoio à democracia na crise que afetouPortugal e a Grécia
3. Dados e metodologia
4.
Apoio
difuso e específico à democracia em Portugal5.
Apoio
difuso e específico à democracia na Grécla6. Conclusões
Apêndice
PARTE
II
-
Campanhaeleitoral,
comunicaçãopolítica,
Padamento
e representaçãopolítica
naEuropa
Capítulo
7 |Envolvimento
dos cidadãos com oPadamento
na
Europa
através das petições: um quadro de análiseTIAGO TIBÚRCIO 1. Introdução
2.Breve
enquadramento teórico e caracterização dodireito
de petiçãoperante o Parlamento
3. Características distintivas dos sistemas de petições parlamentares 3.1.
Qradro
legal einstitucional
Petições eletrónicas (petições-e)
3.2. Os intervenientes do
direito
de petição 4.Um
quadro de avaliação da eficácia das petições4.1,.
A
efr,câcla àLuz docritério
do projeto4.2.
Aeß,câciaàLuz docritério
democrático5. Conclusões
Capítulo
8 | Campanhaseleitorais
online: uma análise comparadaFILIPA SEICEIRA C CARLOS CUNHA
1. Introdução
2.
Autllização
dainternet
na política3.
A
internet no contexto das campanhas eleitoraisa. Modalidades de utilização da internet em contexto eleitoral
4.
Metodologia
5. Resultados 1.32 1,37 1"43 146 153 153 1"55 158 160 1.61 1.65 768 777 184 186 186 188 189 190 192 197 199 183 183Capítulo
5 |O
despertar dogigante adormecido: atitudes
em relação àintegração europeia na Grécia e em
Portugal
em tempos de criseeconómica
125 ANDRÉ FREIRE, EFTICHIA TEPEROGLOU C CATHERINE MOURY1.
Introdução
1252.
Qradro
teórico, hipóteses eoperacionalização
I2B
3. Dados e
metodologi^
1.31. 201 201. 201. 203 205 206 2088
|
REPRESENTAçÁO E pARTrcrpAÇÃoporÍrrca
NA EURopA EM cRisE6. Conclusões
Capítulo
9 | Campanhas departidos
ou de candidatos?Individualização
das campanhas
eleitorais
emdiferentes
cenáriospolíticos
einstitucionais
JOSÉ SANTANA_PEREIRA C MARCO LISIL. Introdução
2.
Campanhas individualizadas: o contexto importa?3. Dados e metodologia
4.
Individualízação
das campanhas em perspetiva comparativa5. Notas finais
Capítulo
10 | Campanhaspolíticas
nas redes sociais: uma análisecomparativa
das eleições presidenciais em França(2012)
e em
Portugal(20l1)
CARLOS CUNHA C MAFALDA LOBO 1. Introdução
2.
As
campanhas políticas online: evolução e tendências3.
Internet,
SocialNetworking
Services (SNS) e participação política4.
Metodologia
5. Apresentação e discussão dos resultados
6. Conclusões
Capítulo
11 |A
crise europeia no ecrã: a(s) cobertura(s)televisiva(s)
das eleições
legislativas
gregas e presidenciais francesaserr.2012
SUSANA SANTOS C ELOÍSA SILVA
1. Introdução
2. Democracia, Estados-nação, hiperglobalização e as crises financeiras
3. Comunicação política: questões em
torno
do agendamento, das campanhas eleitorais e da política-espetáculo4. Contextos eleitorais 4.1. Eleições na Grécia 4.2. Eleições em França 5. Desenho da pesquisa
6.
Análise
dos resultados6.1. Grécia
6.2.França
7. Notas conclusivas:
Grécia
versusFrança-
Dois
discursos antagónicos no espaço comum europeuCapítulo
12 | Padrões de organização dos Parlamentos naEuropa
DEPUTADO ANTÓNIO FILIPE, PCP
Capítulo
13 |A
representaçãodescritiva
de género noParlamento
føz
diferençanas preferênciaspolíticas? O
papel dospartidos
políticos
ANDRÉ FREIRE, ANA ESPÍRITO-SANTO C SOFIA SERRA DA SILVA
le
221 219 221. 223 228 230 234 1. Introdução2.
Aimportãncia
relativa da representação descritiva paraas preferências políticas
3. Teoria e hipóteses: trazendo os partidos para a discussão 4. Dados e metodologia
5. Resultados e discussão
5.1. Testando as diferenças entre homens e mulheres nas preferências
políticas, em geral, e controlando
avariâvelpartidos
políticos 5.2.Explicando
avariação das diferenças entre homens e mulheres naspreferências políticas ao nível do
partido
6. Conclusões
Apêndice
Capítulo
18 |O
cns-lP
diante
dareformapolítica
DEPUTADOJOSÉ RIBEIRO E CASTRO, CDS-PP
Referências
bibliográfi
casNotas
biográficas
dos autoresÍndice
de tabelasÍndice
de frgurasÍndice
de apêndicesÍndice remissivo
285 286 287 290 296 296 298 303 306 312 318 323 235 235 237 243 244 246 249 251 257 253PARTE
III
-
Participação
e representaçãopolítica
na
Europa
em crise: as visões dos deputados e dospartidos
políticos
Capítulo
14 |Participação
eresponsabilidade
DEPUTADO ANTÓNIO RODRIGUES, PSD
Capítulo
15 |A
crise da representaçãopolítica
DEPUTADO JOSÉ MACALHAES, PS
Capítulo
16 |Capitalismo:
camisa-de-força da democracia?DEPUTADO PEDRO FILIPE SOARES, BE
Capítulo
17 |A
democracia, a crise e a representaçãopolítica
emPortugal
329DEPUTADA RITA RATO, PCP
255 258 258 260 267 264 264 269 338 345 373 379 383 385 387 274 277 285
Agradecimentos
Todos os
capítulos
do
presentelivro
foram
apresentados originalmentena segunda conferência do projeto "Eleições, liderança e responsabilîzação'. a repre-sentação
política
em
Portugal
-
uma
perspetiva
longitudinal
e
comparativa"(rcn lrnc
/ cPJ- cP o / 119307 /2010), 2012-2075,
coordenadopor
André
Freire,Marco Lisi
eJoséManuel
Leite Viegas, Representøçã.o e participação política na Europøem crise, que teve lugar em 7 e 8 de
julho
de 20L4, na Assembleia da República(en).
Trata-se, pois, de textos revistos, tendo em contâ as críticas formuladas pelos comen-tadores (iiscussant) na conferência da AR, mas também as orientações de revisão dos organizadores do presente
livro.
São de referir, ainda, duas notas adicionais sobre omesmo.
Primeiro,
ele é o segundo de uma série de dois (e de duas conferências subja-centes, antecedentes), quete-os
vindo
a editar com o apoio da Assembleia daRepú-blica, na Coleção Parlamento, sendo que o
primeiro
foi já dado à estampa noprimeiro
semestre de 2075:
Freire,
Lisi
e Viegas, 20L5. Segundo,o conjunto
de artigos queintegra a
primeira
parte dolivro foi
originalmente publicado no número especial de dezembro de 201.4 da revista South European SocietyU
Politics, volume 19, n.o 4, como título "Political
representationin
times
of bailout:
evidencefrom
Portugai
andGreece" (ver Freire,
Lisi,
Andreadis
e Viegas, 2074), e quefoi
editado emlivro
da Routledge, em setembro de 201,5 (ver Freire,Lisi,
Andreadis e Viegas, 2016).Aproveitamos este ensejo para,
primeiro,
agradecer a todos os comentadores (académicos, deputados e responsáveis políticos) quetiveram
a amabilidade decola-borar connosco nessas tarefas.
E,
segundo, para agrzdecer à revista South European SocietyU
Politics, nomeadamente às suas editorasAnna
Bosco e SusannahVerne¡
bem como à
editora
Ta/or U
Frøncis, responsáveleditorial
dojornal,
a permissãopara
republicar aqui
o dito
material
(créditos específicos para cada publicação sãoapresentados no
início
de cada capítulo daprimeira
parte).Agradecemos, ainda, a todos os que
tornaram
esta pesquisa, nas suas várias vertentes, possível. Este projeto é financiado e/ou institucionalmente patrocinado porvárias entidades (Fundação para a Ciência e Têcnologia: FCT-MCTES; Direção-Geral
da Administração Interna
-
MAI:DGAI-MAI;
Comissão Nacional de Eleições: CNE),entre as quais a
própria
Assembleia da República Portuguesa. Obteve, para tanto, também apoioinstitucional
daAR.
Gostaríamos, assim, de agradecer a todas estasentidades o apoio financeiro e/ou logístico que nos deramparaarealização desta pes-quisa. Agradecemos o apoio transversal da
DGAI-MAI,
nomeadamente através dapes-soa do Dr. Jorge
Miguéis,
seu diretor-geral.O
contributo da CNE, nomeadamente dos12
|
RTPRESENTAÇÃO E pARTrcrpAÇÁopolÍrIcR
NA EURopA EM cRisEnomeadamente para a" concÍetização dos inquéritos aos candidatos.
No
caso da AR, o apoio tem-se consubstanciado em vários domínios, que gostaríamos também desubli-nhar e
de agradecer vivamente, nomeadamente noscinco
seguintes.Primeiro, tal
apoio
tem
resultado numa estreita colaboração da equipado projeto com
todos osgrupos parlamentares
(cl)
e com os respetivos deputados, para a realização dos inqué-ritos aos deputados (eleitos em2071., trabalho de campoem20122,013)
e aoscandi-datos a deputados nas legislativas de 2011 (trabalho
d.
campoem
2012-2013).Tam-bém neste caso, queremos agradecer vivamente o patrocíniã da
AR,
e em especial o apoio excecional da senhora presidente daAR
(lAn),
Dr.^
Assunção Esteves, e de todos os GP, deputados estaf
daAR
(nomeadamente a equipa liderada peloDr.
Rui
costa), em geral, àrealizaçã.o da
dita
conferência. Segunáo,-além de todos os apoios da.PAR, dos líderes parlamentares e dos respetivos chefes de gabinete, e todos o,J.p.,-tados que aceitaram
participar
nos inquéritos, há ainda algumas pessoas queindivi-dual e/ou institucionalmente nos ajudaram
muito
a
concretizareita
difícii
tarefa deinquirir
as elites parlamentares, ainda por cima tendo em conta a extensão dosques-tionários.
A
deputadaNilza
Sena eo
assessor parlamentarHugo
Costeira, no psD,providenciaram ambos
um
apoio adicional
preciosíssimo parainquirir o
Gp-psD.António Filipe,
deputado dopcp
e vice-presiàente da AR (que é afiás tambémmem-bro do nosso projeto de pesquisa),
foi
tambémum
apoio fundamental nesta bancada.Embora tenha sido só candidato a deputado
,.-
,r.r.r." exercer (ainda) neste mandato, mas sendoum
destacadodirigente do
cDS-pp, Pedro Pestana Bastosfoi um
apoiocrucial
para a reaTização do trabalho de campo nesta bancad a. João Semedo,doBE,
deu uma ajuda precios à
îa
fetafinal
do trabalho de campo para as excelentes taxas deresposta que obtivemos nos pequenos
partidos,
onde osmuito
reduzidos números absolutos de eleitos obrigam a uma cobértura quasetotal
das bancadas. Finalmente, uma palavra de apreço é devida aos deputados que aceitaramparticipar
na segunda conferência do projeto e/ou escreverum
texto para olivro q.r.
o.utend.,
e-
Lãor:
Guilherme
silva,
deputadodo psD
e vice-presidenteda ÁR;
António
Rodrigues,deputado do PSD; Ribeiro e
castro,
deputado do cDs-pp; José Magalhães, depuladodo.PS;
António
Filipe,
vice-presidente da AR,Miguel Tiago
e Rita Ruto, todo,d.prr-tados do PCP; Pedro
Filipe
Soares, deputado e líder parlamentar do BE.Terceiro, agradecemos
ainda
à mestreInês
Lima,
inexcedível assìstente deinvestigação
do projeto, todo
o
apoio que nostem
prestadoem
todas as fases dot¡abalho. Ela
foi
sempreum
pilar
fundamental
do nosso sucessona
realização d,osdiferentes objetivos, do trabalho de campo à logística dos eventos e à edição
formal
dos
livros.
Nesteponto,
cumpre ainda
agradecervivamente
àsvárias
estagiáriasdo
projeto
até à datal , quemuito
ajudaramim
várias tarefas, e aos váriosentrevista-dores e entrevistadoras2, geralmente estudantes do mestrado de Ciência Poiítica do
1 Eduarda Damasceno, Carmen Gaudêncio, Filipa Magalhães, Sofia Santos, Daniela Viera, Tânia Dias, Inês Lourenço, Márcia Alcântara e Inês Pereira.
2 Eduarda Damasceno, carmen Gaudêncio, Filipa Magalhães, sofia serra, Bruno Mesquita, Inês
Amador, Hernâni Pereira, Joana Morgado, Bárbara Boìr.go, Fábio Ramarho, carrota veiga, Luís
Sargento e Ana Luísa Gouveia.
AGRADECTMENTOS
I
13ISCTE-IUL, que foram cruciais para levarmos a bom
porto
o trabalho de campo dosinquéritos aos deputados e aos candidatos a membros do Parlamento.
Qrarto,
ao støf,do CIES-IUL (Carla Salema,Ana
Ferreira, José Ferreira, Sara Silva,Marta Diogo,
Neide Jorge, etc.) agradecemos também todo o apoio logístico.Qrinto,
agradecemosainda
à
GFK-Metris, liderada
neste
processo pelaDr.^ Carmen Castro,
o
excelentetrabalho
queimplementou,
naturalmente sob anossa supervisão
científica, mais
precisamenteo
trabalho de campo
referente aoinquérito
aos eleitores, realizado em finais de20L2.André
FreireMarco
Lisi
-f
Capítulo
9
Campanhas
de
partidos
ou
de
candidatos?
Individualizaçio
das
campanhas
eleitorais
em
diferentes
cenários
políticos
e
institucionais
1yosÉ saNreNA-PtrRErRA e MARCo
LisI
1.
Introdução
Nas
úitimas
décadas, a tendência para a personalização dapolítica tem
sidovista
comoum
aspeto específico daindividualização
mais ampla davida política
esocial. Deste
ponto
devista,
diferentes fenómenos macro,tais
como a erosão dasclivagens sociais, o declínio da identificação
partidária
e o crescente papel dos meios de comunicação social reforçaram o papel dos atores políticosindividuais
emdetri-mento
da
centralidade
dospartidos
e
outras
entidades coletivas(Blondel,
2010;Helms,
201,2;Garzia,
201.4).A
personalização da política é um fenómeno multifacetado, que engloba várias dimensões relacionadas com arenas distintas: alguns académicos focam-se no cenárioinstitucional
(Poguntke e Webb, 2005), outros concentram-se no papel dos meios decomunicação social e na crescente
importância
da imagem dos lideres nos conteúdos dos meios de comunicação(Kriesi,
2072), ao passo que outra vertente de investigaçãolida
com as mudanças na distribuição interna de poderdentro
das organizaçõespar-tidárias
(Pilet
e Cross, 2014; Scarrow, 2014).Há
ainda uma dimensão importante afetada por esta alteração delongo prazo,no sentido de uma crescente personalização da
política
-
as eleições e o comporta-mento eleitoral dos cidadãos. Neste âmbito, algumas análises empíricasmitigaram,
de certa maneira, o consenso a respeito da crescente
importância
das avaliações dos líderes no comportamento dos eleitores. Diversos estudos realçam a condicionalidade dos efeitos dos líderes, destacando, dessaforma,
aimportância
das características1 Texto original em inglês, traduzido com o apoio financeiro do projeto estratégico da FCT: UID/
-'1
222
|
REPRESENTAÇÃO E PARTICIPAçÁopolÍtlca
NA EUROPA EM CRISEinstitucionais
epoiíticas
como moderacloresdo impacto
das avaiiações dos líderes(Thomassen, 2005;
Bittner,2011;
Aarts et øt.,2072;Lobo
eCurtice,
2015).Apesar destas diferentes perspetivas, há
um
consenso generalîzado de que osrótulos
partidários
são cada vez menos úteis como trunfos para o sucesso dascampa-nhas e a obtenção de bons resultados eleitorais.
De um
modo
geral, os crescentessentimentos
antipartidários
sãoum
dos incentivos paradiminuir
aimportância
da organizaçãopartidária
e dar mais ênfase às personalidades individuais. Ademais, háuma
crítica
generalizadaem relação aos padrões estabelecidos de representaçãopolí-tica. Por um lado, há
um
aumento da distância entre os representantes e os cidadãospor outro,
ospartidos
parecem incapazes de conseguircumprir
as Suas promessas.Isto enfraquece tanto a confiança nas instituições políticas como a imagem dos
depu-tados, fomentando por parte dos eleitores fenómenos de alienação, descontentamento
ou
protesto.Como enfrentar
estes desafios?O
debate nas democracias ocidentais tem-se focado principalmente nas potenciais reformas dos sistemas eleitorais, que sãoconsiderados
um
dos principais responsáveispof
este problema.Contudo,
asrefof-mas
institucionais
são raras e, muitas vezes, não conseguematingir
os resultadosesperados.
Assim,
os candidatos individuais podemdecidir
aPostar numa maiofpro-ximidade com os eleitores e numa ênfase mais forte nas suas qualidades pessoais, no
sentido de aumentar a sua popularidade
e min\mizat
(parcialmente)o impacto
dodivórcio
generalizø.do entre os cidadãos e ospolíticos,
melhorando, dessa{orma,
aqualidade gerai da representação política.
No
contexto de mudanças significativas que as democracias contemporâneas estão a experimentar, este capítulo visa explorar em que medida e em quetipos
de situações é que os candidatos desempenhamum
papel mais autónomo e indepen-dente nas campanhas eleitorais.Como
previamente mencionado,o
debate sobre apersonalizø,çáo
da política
tem-se focado
essencialmentenos
líderes partidários, negligenciando esta dimensão relacionada com o papel que os candidatos a deputados desempenham nas campanhas eleitorais.Além
disso, através do enfoqueî
v^riaçã'o das campanhas de candidatos em diferentes cenáriospolíticos
einstitucionais,
será possível 1ançarmais
luz
sobre a condicionalidadeda
personalização, enfatizanào,dessa forma, o modo como as características de nível macro afetam as ferramentas e
as estratégias adotadas pelos candidatos.
Como é que os candidatos percecionam o seu papel face às organizaçóes
par-tidárias?
Qre
ferramentas são usadas pelos candidatos durante as campanhaseleito-raisì
Mais
importante,
como é que estas dimensõesvariam
em cenáriospolíticos
einstitucionais
distintos? Estas são asprincipais
questões de investigação que guiameste capítulo. Estes tópicos são extremamente relevantes, não apenas Porque podem
favorecer o entendimento da relação entre
partidos
e eleitofes, mas também porque contribuem para o conhecimento científico sobre a personalizaçáo da política.Ade-mais, a análise das campanhas dos candidatos a deputados é uma Peça
importante
para um exame mais sistemático e abrangente das características das campanhas elei-torais e do modo como ferramentas e estratégias distintas são adotadas.
Este capítulo visa analisar o grau de individualização clas campanhas eleitorais em diferentes contextos institucionais e políticos.
Do
ponto de vista teórico, o nossoponto de partida é o conceito de "campanhas individualizadas", proPosto por
ZitteI
eCAMPANHASDEPARTTDOSOUDECANDTDATOST
|
223Gschwend (2008).
De
acordo com esta conceptualização, uma campanhaindividua-lizada é aquela em que os candidatos procuram fomentar um voto pessoal, através de
um enfoque comunicativo, agendas de campanha, organizações e recursos de
campa-nha centrados nos candidatos. Neste capítulo, centramo-nos em
particular
em dois aspetos: as normas sobre o enfoque comunicativo e os recursos utilizados peloscan-didatos
-
as facetas daindividualízação
qre nos parecem depender, emmaior
grau,de escolhas concretas dos candidatos,
no
sentido deum
afastamento em relação auma campanha partidocêntrica.
Com
base nesta contribuição teórica, opuzzle
que estetexto
aborda éo
davariaçáo dos estilos de campanha adotados pelos candidatos nas democracias contemporâneas.A
premissa básicano
âmbito deste estudo é a de que variações nos comportamentos e atitudes dos candidatos podem sercompreendi-das
por
referência às variações nasinstituições
eleitorais (Careye
Shugart,
1995;Farrell e
Scull¡
2007). Contudo,
há
outros
fatorespolíticos e institucionais
quepodem
afetal o grau de individualização das campanhas e devem ser explorados deuma forma comparativa e sistemática.
Relativamente aos estudos anteriores acerca da personalizaçáo da
política,
ocontributo deste capítulo é de natureza dupla. Em
primeiro
lugar, visa examinardife-renças transnacionais
em
termosde individualização de
campanhas, explorando, simultaneamente, as suas determinantes macro emicro. Em
segundo lugar, analisaum
aspeto pouco estudado do processo de personalização dapolítica, contribuindo
para enriquecer uma
literatura
essencialmente centrada na crescente importância doslíderes de partidos.
Ao
fazê-7o, o nossocontributo
dialoga não apenas com alitera-tura
sobre campanhas eleitorais, mas também com o debate acerca doimpacto
dosfatores
institucionais
e da natureza mutável dos partidos.Em última
análise,acredi-tamos que este estudo é um contributo valioso para compreender alguns dos desafios que a representação democrática está a experimentar nas sociedades contemporâneas.
O
capítulo prossegue da seguinte maneira.A
próxima
secçã.o faz uma breve revisão daliteratura
e elabora argumentos teóricos relativos ao grau deindividualiza-ção das campanhas levadas a cabo em diferentes países.
A
secção seguinte apresenta os dados e a metodologia usada neste capítulo.A
quarta secção analisa as variações transnacionais em termos de enfoque comunicativo e recursos empregados peloscan-didatos, e apresenta os modelos de regressão
multinível
implementados com opropó-sito
deidentificar
asprincipais
determinantes deste fenómeno aos níveis macro eindividual.
A
secçãofinal
sumariza os resultados empíricos e discute as suasimplica-ções para as campanhas eleitorais e ligações entre partidos e eleitores.
2.
Campanhas
individualizadas:
o
contexto
importa?
A
personalizaçãoda política
é um
fenómenomultidimensional, que
afetatanto as dèmocracias consolidadas como as novas democracias.
É
amplamente aceiteque, nas democracias contemporâneas,
o
processoeleitoral evoluiu na
direção de campanhas partidárias personalizadas e no enfoque nas características da liderança-l
224
|
REPRESENTAÇAO E pARTrCrpAçÃO POLÍTrCA N,4. DUROPA EM CRrSE(Kaid
e Holtz-Bacha,
2006; Swanson eMancini,
1996). Nessas campanhas, oobje-tivo
imperioso é o de construir um vínculo direto entre olíder
dopartido
e oseleito-res, salientando traços pessoais do líder que se acredita serem percebidos como posi-tivos pelos eleitores.
Contudo, é mais
difícil
de compreender, ou pelo menos, mais questionável, se osesforços dos candidatos no sentido de uma forte presença pessoal nas campanhas são
praticáveis ou desejáveis, e se levam, em
última
instância, aum
desempenho eleitoralbem sucedido. Pensa-se que as campanhas individualizadas beneficiam os candidatos sobretudo em contextos altamente competitivos, particularmente em círculos
unino-minais ou de pequena magnitude. Contudo, Karlsen e Skogerbø (2015) demonstraram que as campanhas individualizadas podem também tomar lugar num sistema propor-cional, com uma estrutura de competição
multipartidária.
Como consequência, duas questões devem ser levantadas.Qrais
são os fatores que contribuem para fomentar aindividualização de campanhasl
E
em que contextos é mais provável que surjam cam-panhas individualizadas?Algumas
tendências gerais de mudança social são consideradas comopropí-cias para a individualização das campanhas. Em
primeiro
lugar, alguns autores argu-mentam que ospartidos políticos se
caracterizam cadavez
maispor
uma
relação estratárquica entre os níveis nacional e local dopartido (Katz
eMatr,
1995; Bolleyer, 2009). De acordo com este ponto de vista, as divisões funcionais atribuem maisauro-nomia aos ativistas locais e aos candidatos em algumas dimensões específicas
associa-das à sua
âreaterfitofial
de influência. Uma das funções cruciais é a mobilização doseleitores a nível local; esta tendência pode,
portanto,
fomentar campanhas mais des-centralizadas. Uma das consequências importantes deste processo é a de líderespar-tidários
e candidatos locais poderem reforçar mutuamente a sua autonomia. Desteponto de vista, a
visibilidade
crescente dos líderes departido
ao nível nacional podeandar de mãos dadas com
um maior
número de processos eleitorais centrados nos candidatos a deputado.O
estudo de Balmas et a/. (2014) parececonfirmar
que aper-sonalização descentralizada e centralizada podem
existir em
simultâneo,rm
vez que estes dois aspetos distintos não são mutuâmente exclusivos.Al¿m
da transformação das organizaçõespartidárias, o
desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação pode também dar origem a campanhas maisindi-vidualizadas.
Afirma-se,
geralmente, que ainternet
e aueb
2.0
(sociøl nt.edia), emparticular, fomentam o contacto direto entre os representantes políticos e os cidadãos
(Negroponte,1995;
Coleman eBlumler,
2009).Contudo,
nas campanhas eleitoraismais recentes, realizadas nos EUA e
no
ReinoUnido,
assistiu-se à ascensão deum
novo
tipo
de campanha, que Gibson (2015) denominou de campanha "arivada pelocidadão".
A
novidade destetipo
de campanha é, essencialmente, a decombinar
acentralizaçã,o com uma abordagem "bottom-up", dando maior ênfase à interação entre cidadãos e candidatos.
o
facto de os candidatos poderem planear e implementar a suaprópria estratégia de campanha através do uso de meios digitais tem um efeito pode-roso em termos de
diminuição
da supervisão das estruturas dospartidos
nacionais nas atividades e recursos de campanha. Não obstante, nã.o hâ uma expectativa clara arespeito do impacto das novas
TIC
na individualização das campanhas, uma vez qucestas ferramentas podem favorecer quer a
importância
dos traços pessoais doscandi-CAMPANHASDEPARTIDOSOUDECANDIDATOSì
|
225datos, quer um papel mais intenso das organizações partidárias através de
comunica-çào /op-dozun
Qral
é o papel das características institucionais notipo
de campanhasrealizz-dasl Visto que o papel e a estratégia dos candidatos não terem sido até agora examina-dos de uma forma comparativa e sistemática, dependemos sobretudo dos resultados da
literatura
acerca do comportamento dos eleitores e da representação política. Porum
lado, o
tipo
de regime e de governo, bem como o tipo de sistema eleitoral são relevantes para o efeito da avaliação do líder na escolha do eleitor. Especificamente' regimes Pre-sidenciais, governos maioritários departido único e
sistemas eleitorais maioritáriosaumentam a importância da imagem do líder (Curtice e
Hunjan,
2072;Cwttce
eLisi,
2015;
Formichelli,
2015).Por outro lado,
as características específicas dos sistemas eleitorais também podem ter um impacto no papel e nas orientações dos candidatos. Por exemplo, Wessels (1999) concluiu que quanto mais baixa é a magnitude do círculo,mais os deputados se focam no seu círculo eleitoral. Ademais, um estudo sobre eurode-putados assinalou que os sistemas eleitorais mais abertos
-
em que se confere uma maiorliberdade de escolha aos eleitores
-
estavam associados a um enfoque mais intenso dos representantes no seu círculo eleitoral (Farrell eScull¡
2010). Em suma, existe algumapoio empírico à hipótese de que as características institucionais são importantes para
a forma como os candidatos e eleitores se relacionam durante a camPanha.
Defendemos que
o
grau
de individuaTizaçãode
campanhas podevariar
de acordo com osdistintos
contextosinstitucionais
e políticos.Na
prática,tal
significa que este fenómeno varia transnacionalmente e deuma
eleição paraolrtfâ.
E
nossoobjetivo analisar em que medida existem diferenças sistemáticas entre países e
inves-tigar
os fatores que explicam esta variação. De seguida, aPresentamos e discutimos osprincipais fatores que estão associados com a variação na individualizaçáo das
cam-panhas.
A
principal
dimensão que afeta os incentivos dos candidatos p^ra organizar eexecutar a sua própria estratégia de campanha e mot:lIizar recursos mais persottalizados
está relacionada com as características do sistema eleitoral (Farrell e
Scull¡
2007).Uma
vertente de investigação consolidada sustenta que os sistemas proporcionais tendem a
fomentar campanhas mais centralizadas, aumentando a coordenação nacional e a estru-tura vertical da organizaçáo da campanha (Bowler e Farrell, 1992; Swanson e
Mancini,
7996;Farrell,2002).Tradicionalmente, os candidatos parecem desempenhar um papel
importante em círculos uninominais, como as experiências britânicas e alemãs parecem
confirmar (Denver et
ø/.,2003;ZitteIe
Gschwend,2008). Contudo, esta conclusãodiz
essencialmente respeito ao grau de centralização (i.e. mobilização dos recursos) das cam-panhas, mais do que ao grau de individualtzaçáo enquanto estratégia de comunicação. Estes são dois fenómenos distintos que devem ser considerados separâdamente. Como
Karlsen e Skogerbø recentemente observaram (2075), é possível haver campanhas cen-tralizadas com elevados níveis de individualização.
Tanto
quanto sabemos, não existe2 Um estudo ¡ecente sobre campanhas presidcnciais nos Estados Unidos indicia, no entanto, umâ
associação negativa entre a utilização das novas tecnologias e o impacto dos líderes no compoltamento
226
I
REPRESENTAÇÃO E pARTrcrpAçÃo por-Í.ric¡. NA EURopA EM cRrsEqualquer evidência empírica comparativa do impacto do sistema eleitoral sobre a
indivi-dualizaçáo das campanhas. Consequentemente, ao incluir na análise um elevado número
de países, este estudo procura examinar arelaçáo entre os sistemas eleitorais e as campa-nhas individualizadas de uma forma sistemática e robusta. Neste domínio, uma falha crucial na literatura sobre campanhas é a de considerar, principalmente, o impacto das
formulas eleitorais, negligenciando outros elementos importantes do sistema eleitoral, tais como a magnitude do círculo eleitoral e a estrutura do voto. Tiata-se de algo
extre-mamente importante no contexto europeu, dado o facto de a maior parte dos sistemas eleitorais se basearem em formulas proporcionais, apesar de os seus efeitos nos sistemas
e
estratégias partidárias poderemvariar
consideravelmente. Careye
Shugart (1995)foram pioneiros desta vertente de investigação, ao examinar a forma como diferentes características do sistema eleitoral afetam os incentivos para cultivar um voto pessoal.
Um
estudo sobre eurodeputados concluiu que os sistemas eleitorais baseados em listas fechadas tendem a enfatizar o papel dos partidos em detrimento dos candidatosindivi-duais (Bowler e Farrell, 2011). Contudo, o efeito da magnitude do círculo pode interagir
com a estrutura do voto.
À
medida que a magnitude aumenta, os candidatos são mãis propensos a realizar campanhas personalizadas se os eleitores podem manifestar âs suaspreferências. Em contrapartida, nos sistemas de listas fechadas, arelaçáo é exatamente a
oposta: apenas os candidatos no
topo
dalista
deverão enfatizar a sua personalidade, porque neste contexto o uso de recursos pessoais éum
instrumento para assegurar aseleção por parte dos líderes partidários; os restantes candidatos não deverão apresentar este comportamento. Estudos empíricos parecem confirmar esta interação, mostrando que a capacidade de os candidatos mobilizarem recursos (ilegais) depende não apenas da
magnitude do círculo mas também da estrutura do voto (Chang e Golden, 2007).
O
grau de individualîzaçáo de campanhas pode estar também, de certa forma,associado ao enquadramento legal que regula as campanhas políticas. Esta dimensão
inclui
dois elementos distintos: a mobllização de recursos financeiros, por um lado, e oacesso aos meios de comunicação social,
por
outro. Foijá
observado que ofinancia-mento público pafa. a. real\zaçáo de campanhas é um fenóm eno generalizado nos países
da Europa Ocidental (van Biezen, 2008).
Ainda
assim, há uma variação significativaem termos das restrições a financiamentos privados e da capacidade de os candidatos aumentarem o seu próprio financiamento e usarem os seus recursos durante a
campa-nha.
E
plausível esperar-se que, em países onde as doações privadas são permitidas enão existem restrições ou
limites
às despesas dos candidatos, os potenciais deputados tendam a focar-se mais na sua personalidade do que no respetivo partido.Aqui,
importatambém destacar o papel do acesso aos meios de comunicação social, tendo em conta a
variação dos países europeus ao longo de um contínuo, que vai de um ambiente
com-pletamente dominado pelo Estado até um contexto em que os partidos e os candidatos
têm
mais liberdade para comprar tempo de antena.Por
razões metodológicas, estasduas dimensões foram agregadas num índice de abertura da reguiação das campanhas.
O
grau de individualizaçáo das campanhas pode depender também da (des)centralizaçáo do país.
E
plausível esperar-se que quanto maior for o nível de descen-tralizaçã,o,maior
será probabilidade de os candidatos realizarem campanhasindivi-dualizadas.
A
estrÌrtura administrativa não só afef.a otipo
de organizaçãopartidâria
(Bolleyer, 2072),
como tambéma
rcLação entre os (potenciais) representantes e osCAMPANHASDEPARTTDOS OUDECANDTDA'|OS?
|
227cidadãos
(Lundell,
2004). Portanto, esperamos encontrar mais frequentementecam-panhas individualizadas nos Estados mais descentralizados. '
Por
fim,
oúltimo
elemento que pode afetar avariação transnacional notipo
decampanha eleitoral está relacionado com a difusão das tecnologias de informação. Como
diversos autores (ø.g.
Norris,
2000) realçaram, a evolução das campanhas políticas estáestritamente relacionada com o desenvolvimento das novas ferramentas de comunicação que os partidos e candidatos usam paramobilizar e persuadir os eleitores. Com o surgi-mento da øleb 2.0, os candidatos individuais podem beneficiar de
um
controlo diretosobre estes novos meios de comunicação
digital. Qranto
maior a proporção dapopula-ção com acesso regular a estes instrumentos, mais provável será os candidatos realizarem
campanhas pós-modernas através do uso de recursos individualizados online.
Além
destas característicasinstitucionais,
o tipo
eo
estilo
das campanhaspolíticas podem depender de características
individuais,
ou seja, associadas aoperfil
do candidato e ao seu estatuto enquanto
tal.
Uma dimensãoimportante
tradicional-mente associada às campanhas eleitorais é
o tipo
de recrutamento dos candidatos.De
acordo com aliteratura,
métodos mais descentralizados de seleção de candidatostendem
a originar
potenciais deputadosmais
independentese
queutilizam
umamaior
diversidadede
recursos(Giebler
eWùst,
2011; Giebler
e \Messels, 201,3).Devido
à inexistência de dados sobre esta questão em vários países, a mesma éanali-sada através deu.m proxy, nomeadamente o facto de o candidato ter exercido funções na sede local do partido.
O
historial de filiação dos candidatos aos partidos é também considerado, na medida em que candidatos não afiliados oumuito
recentes podemapresentar padrões distintos
vis-à-vis
a candidatos cuja filiação é mais antiga.Con-trola-se também o impacto da orientação ideológica dos candidatos, dada a
possibili-dade que os candidatos de direita tenham mais tendênciaparaen(atízar a sua própria personalidade do que os candidatos de esquerda (Giebler e \Müst, 2011). Por
fim,
o género é um fatorimportante,
ûma.vez que os homens são mais propensos a realizarcampanhas personalizadas do que as mulheres (Karlsen e Skogerbø, 2015).
Como foi
explicado acima, devido à atenção anteriormente dada naliteratura
aos fatores que explicam o papel dos representantes e o impacto dos líderes nas esco-thas dos eleitores, a formulação das nossas hipóteses é baseada em expectativas sobre
aformacomo
diferentes cenários políticos einstitucionais
afetamaîndividualizaçáo
de campanhas. Resumimos aqui as principais hipóteses:
Hl:
quanto menor é a magnitude do círculo eleitoral, maior é o grau deindi-vidttaTizaçáo das campanhas;
H2:
quanto maiores os incentivos para ovoto
pessoal,maior
é a propensãoparaenfatizar
a personalidade do candidato;H3:
em países em que é possível receber doações sem restrições, usar recursosfinanceiros
na
campanhasem
limites
estabelecidose
comprar
tempo
deantena, os candidatos tendem a ter uma maior visibilidade;
H4:
quanto mais elevado é o grau de descentralizaçáo do Estado,maior
é onível de individualização de campanhas;
H5:
quanto maior é a disseminação da internet, maior poderá ser o enfoque da campanha nos candidatos.I
228
I
REPRESENTAÇÃO E PARTICIPAÇÃopoIÍTIca
NA EUROPA EM CRISE3. Dados
e
metodologia
Neste capítulo, o objetivo é avaliar o grau de individualização das campanhas em diferentes países, examinando o impacto de fatores macro e micro.
De
maneira a7ançar Luz sobre esta questão, usa-se
um
conjunto de dados originais recolhidos peloprojeto
Comparative Cøndidøte Survey (CCS). Este projetoproduziu
dados acerca decandidatos às eleições parlamentares nacionais, através
do
uso deum
questionário comum em vários países.O
trabalho de campofoi
realízado entre 2005 e 2072. Os países incluídos na base de dados apresentam uma grande variaçáo em termos de características institucionais, permitindo-nos testar a importância das variáveis macrono
grau de individualízação das campanhas.A
base de dadosdo
CCS(Módulo I,
2014)
inclui
dados de 24 campanhas em 19 países: Alemanha (2005 e 2009),Austrália
(2007 e 2010),
Áustria
(2008), Bélgica (IOOZ), Canadâ (2008), Dinamarca (2011),Estónia (2011),
Finlândia
(2007 e 2011), Grécia (2007),Holanda
(2006),Hungria
(2010),
Islândia (2009), Irlanda (2007), Noruega (2009), Portugal (2009
e
201I), República Checa (2006), Roménia (201.2), Suécia (2010) e Suíça (2007 e 2011). Nasecção descritiva deste capítulo, apresentam-se os dados para todos os países, no
sen-tido
de mapear as variações das variáveis dependentes com o maior número de casospossível. Já na secção inferencial, a falta de dados para operacionalizar algumas
variá-veis dependentes e diversas variáveis de controlo de nível
individual
leva à exclusão de algumas campanhas.Em
concreto, excluem-se as campanhas australianas de 2007 e2010, austríaca de
2008,
estónia de 2011, finlandesa de 2007, holandesa de2006
eislandesa
de
2007.No
caso da análisedo
enfoque comunicativo, exclui-se ainda acampanha canadiana de 2008, enquanto no caso da análise do índice de recursos são
excluídas as campanhas alemã de 2005 e checa de
2006. Os
modelos de regressão apresentados neste capítulo baseiam-se, assim, em dados sobre 15 (vaùâveI depen-dente: recursos de campanha) ou 16 campanhas (enfoque comunicativo).Na
Tabela 9.1,., são apresentadas as variáveis dependentes e independentes usadas neste capítulo, assim como as escalas usadas e as fontes consultadas para a sua criação. As variáveis dependentes dizem respeito a duas dimensões deindividualiza-ção de campanhas: o enfoque comunicativo da campanha (ou seja, a entiàaàe para a
qual a campanha deve chamar a atençáo: partidos os. candidatos), e a
individualiza-ção de recursos da campanha, nomeadameîte
c
Ítazes, raebsites, anúncios na imprensa7oca7
efyers
personalizados.3As
variáveis independentes são as que se seguem.Em
primeiro
lugar, dois fatores relacionados com o sistema eleitoral: a magnitude médiados círculos eleitorais e
o
conjunto
de incentivos para votos pessoais criados pelasmodalidades eleitorais (ver Carey e
Shugart,
1995). Esteúltimo
índice
expressa amedida em que os líderes de
partido
controlam o acesso dos candidatos às listas e aordem dos candidatos do
partido
nas listas, bem como fatores ligados à estrutura do3 O questionário-base do CCS inclui também itens sobre três outros meios de campanha: expediente,
eventos sociais e s?ztspersonalizados naTV, rádio ou salas de cinema. No entanto, estes itens não foram incluídos em todos os inquéritos levados a cabo nos vários países em análise, pelo que se optou pela sua não inclusão no índice de individualização de materiais de campanha usado neste capítulo.
CAMPANHASDEPARTIDOSOUDECANDIDATOST
|
229voto, como por exemplo, o facto de os eleitores expressarem um só voto num
partido,
votos
múltiplos
ou um voto abaixo do nível dopartido
(i.e., votando diretamente nos candidatos). Testa-se, ainda, o impacto da regulamentação sobre recursos decampa-nha (doações,
limites
aos gastos, publicidadepolítica
pàg
na' televisão), dadissemi-nação dos novos rnedia, e do grau de descentralização do país. Diversas variáveis de
nível
individual,
retiradas daliteratura
especializada sobre campanhas e comporta-mento de partidos e candidatos, são também inseridas na análise.Tabela 9.1.
-
Variáveis dependentes, independentes e de controloEnfoque comunicativo ccs (2014) Recursos pessoais ccs (2014) de nível macro Magnitude média do círculo de incentivos do sistema eleitoral para
o voto personalizâdo de Carey e Shugart e9s) Acessoarecursoseâ publicidade paga Indice de Disseminação de internet
Controlo (nível individual)
Género
Fìliação
Candidato exerceu funções na sede local do a www.idea.int. 5 www.itu.int. Johnson e Wallack (2012) Johnson e Wallack (2012) IDEAa; Holz--Bacha e Kaid, 2006; Rafter, 2009 Lïlphart (2012) ITU: International Telecommunica-tions lJnions ccs (2014) ccs (2014) ccs (2014) ccs (2014) Fonte Va¡ióveis Descrição/Escala
0'A
campanha tem como objetivo atrair a maioratenção possível para o partido" a 10
'A
campanhaé destinada ¡afrair a maior atenção possível para o
candidato"
0 (não foram usados recursos ou estratégias pessoais) a 4 (foram usados vários recursos ou estratégias
pessoais)
Variável contínua, a partir de 1 (círculos
uninominais)
1 a 13; números mais elevados representam
incentivos mais fortes
0 (restrito: doações privadas e publicidade paga não
possíveis, limites aos gastos estabelecidos) a 3 (não
restrito: doações privadas possíveis, limites aos gastos
não estabelecidos, publicidade política paga possíve1)
Escala de 5 valores: números mais elevados representam um maior nível de descentralização Percentagem da população que usa internet no ano
anterior ao da eleição; variável contínua, que varia
entre 0 e 100 1= feminino
Escala esquerda-direita com 11 pontos Número de anos afiliado no partido (de 0
-
nãoafi liado/recém-afi liado
-
a X anos) 1=sim230
|
REPRESENTAÇÁO E pARTiclpAÇÃopol,Írrca
NA EURopA EM cRrsE4.
Individualizaçã,o
das
campanhas
em
perspetiva
comparativa
Qrais
devem ser os objetivos principais das campanhas? Devem as campanhaschamar a atençã,o dos eleitores para o
partido,
o seu líder, as suas posições programá-ticas, ou para o candidato, as suas qualidades, competência e carisma?No
conjuntode países em análise, não existe um consenso no que diz respeito às metas normativas
das campanhas eleitorais: em países como Portugal, Noruega ou Holanda, os
candi-datos tendem a defender que as campanhas se destinam a chamar a atenção para os
partidos, ao passo que os candidatos irlandeses e húngaros são os que mais tendem a
favorecer o foco em si mesmos
(Figura
9.1.).Nos
casos em que existem dados para duas campanhas(Portugal,
Suíça, Alemanha,Finlândia),
existe uma clara tendência para a manutenção dos mesmos padrões em momentos temporais distintos.Figura 9.1.
-
Enfoque comunicativo da campanha (escala: 0= Enfoque no partido; 10= Enfoque no candidato)CAMPANHAS DE PARTIDOS OU DE CANDIDATOS?
|
231rlrî
vez, existem diferenças consideráveis entre os países estudados, com os candida-tos austríacos, islandeses, noruegueses e portugueses a usar'menos recllrsosindivi
dualizados e os candidatos canadianos a desenvolveruma
estratégia de campanhaverdadeiramente personali zada
(Figura
9.2.).Figura 9.2.
-
Índice de personalização de materiais de campanha(escala de 0 = nenhum material personalizado
-
a 4 = vários materiais personalizados) 4 3,5 3,5 3 2,5 2 3,0 3,0 2,4 2,4 1,6 1,5Fonte: Elaboração própria com basc nos dados CCS (2014). Não existcm dados para a Austrália, em 2007 e 2010, para
a Alemanha, em 2005, e para a Rcpírblica Checa, cm 200ó.
Qrais
são os fatores que explìcam estagrande variação entre países? Naspró-ximas páginas, exploramos as contribuições específicas de fatores contextuais para
explicaf
avafiação no grau de individualizaçã.o das campanhas por parte doscandi-datos. As variáveis contextuais são as seguintes: sistema eleitoral (magnitude dos cír-culos e incentivos ao
voto
pessoalna estrutura
devoto,
eum
termo
de interação destas duas variáveis), descentralização do país, disseminação do uso dainternet
eregulamentação do acesso a recufsos financeiros e a publicidade paga. Como variá-veis de
controlo,
são inseridos nos modelos de regressão fatores de nívelindividual
como género (existe evidência de que as mulheres são menos propensas aperconalizar
as suas campanhas
do
que os homens; Kadsene
Skogerbø,2015),
autoposiciona-mento
ideológiconuma
escala esquerda-direita(políticos
de esquerda estãogeral-mente menos interessados em estratégias personalizadas; Giebler e \Mùst,
2017),Liga-ção ao
partido
(anos enquanto membro), e ligação ao círculo eleitoral (se o candidato exerceu funções na sede local do partido).Antes de mais, é necessário validar a hipótese de que existe variação
significa-tiva
nas atitudes e comportamentos dos candidatos de acordo com a sua pertença aum
determinado grupo
(neste caso,o
país/ano da eleição).Isto
éfeito
através da0,5 0,5 0 4,4 2, 10 9 o 7 6 5 4 a 2 1 0
\
N Ø N Ø .q Ø d .E ! 6 o Ë o À q N 6 õ õ I N o ! o d N .g .o U N 6 o z N o N .q ! O F N .g o g ü N N .g E o Ê N E 6 N o -N .q ! s i.r N .9 -9 m N 6 E i5 o E 6 4 4'1Fonte: Elaboração própria com base nos dados CCS (2014). Não existcm dados para o Canadá cm 2008 e para a
Austrá1ia em 2010.
\
.q ! g ü N a .g o N N Ø N o .q\
N .9 -s) É a E N d .9 Ø N .q E o E a .g q .g ! g L N ! ! o I N d 9) t d o t d N 6 o o z N E d .g õ g i.i N E 6 i5 N .g .o U Þ I N N ! t N o .9¡
o EA
segunda dimensão examinada diz respeito aos recursos e estratégias usados pelos candidatos durante a campanha, nomeadamente o desenvolvimento de uebsitespessoais,
fyers e
cartaz,es,ou
anúncios personalizados na imprensalocal.
O
nossoíndice de recursos individualizados varia, portanto, entre 0 (em que nenhuma destas estratégias
foi
usada) e4
(em que todas as estratégiasforam
implementadas).Mais
-l
232
I
REPRESENT,A.çÁO E pARTrCrpAçAO POLÍTICA NA EUROPA EM CRISE CAMPANHAS DE PARTIDOS OU DE CANDIDATOS?|
233estimativa de modeios de regressão
multiníveis
vazios, sem variáveis independentes, que são comparados com modelos de regressãolinear
simples, que não têm emcon-sideração
aîatvteza
hierárquica dos dados e a existência de c/usters nacionais decan-didatos.
O
propósito é
o
de testar a hipótesenula de
que não existe variação nav^riâveI dependente devida a características dos clusters.
No
caso do enfoque comuni-cativo das campanhas, os resultados apontam para que^
variação nas posições doscandidatos se deva,
em
certamedida,
à sua pertença aum
determinado contextoinstitucional
(likelyhoodratio test= 1475,2; p = 0,000).A
correlação interclasses (ICC),ou proporção de variação atribuível a diferenças entre grupos, é de 0,19, o que
signi-fica que cerca de 810/o àavariação das opiniões dos candidatos sobre o enfoque comu-nicativo da campanha são devidos às variáveis
individuais.
Resultados idênticos sãoobservados para
a
variâveIrelativa
à
individualização
de
recursosde
campanha(liþe\hold
ratio test = 2348,5, p = 0,000;ICC
= 0,288).Comecemos
com
a análisedo
enfoque comunicativo da campanha (partidoaersus canàidato).
Em primeiro
lugar, as quatro variáveis de controlo de nívelindivi-dual
assumemsignificância
estatística, sendoo
seuimpacto
nesta variáveldepen-dente congruente com as expectativas: primeiramente, os candidatos do sexo
mascu-lino
são mais propensos a defender a ideia de que a campanha deva focar as suascapacidades
individuais
enquanto personalidadespolíticas;
depois,quanto mais
ocandidato se posiciona à
direita,
menos defende que a campanha deva ser focada nopartido
que representa;por
fim,
candidatos comum historial
de filiaçãopartidária
mais antigo e candidatos que desempenharam funções políticas localmente
apresen-tam
opiniões mais tendentes ao favorecimento daindividualização
das campanhas. São apenas duas as variáveis relacionadas com o contexto com impacto na opinião docandidato acerca do enfoque comunicativo da campanha.
A
primeira variâvelcontex-tual
que apresentaum
impacto significativo, ainda
quemuito
ténue, éo
acesso arecursos financeiros e publicidade paga, sendo que nos países em que as restrições relativas a estes recursos são mais baixas há uma maior propensão por parte dos can-didatos para considerar que as campanhas devem focar-se nas suas próprias
caracte-rísticas.
O
segundo fator relevante é relativo ao sistema eleitoral, verificando-se que os sistemas mais abertos e propensos ao voto pessoal são também aqueles em que oscandidatos mais defendem a ideia de que as campanhas servem para chamar aatençáo para si em detrimento dos partidos (Tabela 9.2.).
No
quediz
respeito aos recursos, são três as variáveis de natureza macro quecontribuem para uma maior individualizaçáo dos recursos usados nas campanhas: os
incentivos para o voto pessoal criados pela estrutura de voto, a inexistência de fortes
restrições ao acesso a financiamento e a
publicidade
pag
îa
televisão, eum
nível mais baixo de disseminação dainternet
(Tabela 9.2.). Esteúltimo
resultado, que éincongruente com o hipotetizado, poderá ser explicado pelo facto de, em países cuja disseminação da
internet
émuito
elevada, a individualização passar quase exclusiva-mente pelo uso de ferramentas onlineindividualizadas, e menos pelaindividualização
de outros materiais de campanha;
já
nos países em que ainternet
chega a menos demetade da população,
a
necessidade deindividtalízar
vários
tipos
de materiais erecursos de campanha pode ser sentida de maneira mais
forte
pelos candidatos.Ou
seja, não há
um
efeito negativo da disseminaçáo dainternet
naindividualização
dasTabela9.2.
-
Fatores individuais e contextuais da individualizaçãodas campanhas (regressão
multinível)
'Sexo (feminino) -0,06*
Ideologia 0,07*** (0,01) trìliação no partido (anos) o,o1***
Candidato exerce cargo local o,3o***
Incentivos para o voto pessoal 0,31* 76
Magnitude do Círculo Eleitoral 0,16
1.t
Interâção Incentivos* Magnitude -0,03 Descentralização do Estado 0,06 Acesso a recursos e publicidade paga 1.72**
(0,51)
Disseminação da internet -0,04* Constante 0,83
N
841.8N I .')
Notas: (1) Erros padrão entre parônresis. (2) Sig.: p < .001=***; p . .01=**; p < .05=* (3) Os FIV médios são inferiores a
2 em todos os modelos dc rcgressào.
campanhas, mas, eventualmente,
um
efeito de redução da diversidade das técnicas eout?uts
utilizados
no sentido deindividualizar a
campanha. Porfim,
as variáveis decontrolo são estatisticamente significativas, e o seu impacto aPfesenta a direção
espe-rada: os candidatos
do
sexo masculino, aqueles ideologicamente mais próximos dadireita,
os que sãofiliados
nopartido
há maistempo
e os que exefceram posiçõespolíticas locais tendem a usar recursos de campanha personalizados mais
frequente-mente.
O
modelo em análisecontribui
deforma significativa
para a explicação das diferenças entre países no que diz respeito ao enfoque comunicativo das campanhas,ou à
individualizaçáo
dos recursos.De
facto, nesteúltimo
caso o modelo propostoexplica pouco mais de 10% da variação desta variável dependente
,
mas 9o/o éatribuí-vel
às variáveis contextuaisnum
cenário em que menos deum
terço da va.riaçã.o é-0r22*** (0,06) 0r11*** (0,01) o,o1*** (0,001) 0,24** (0,07) 1,1 1*** (0,s2) 0,34 (0,22) -0,72 (0,09) -0,09 (0,23) 7,44** (0,62) -0,03 (0,01) -0,3ó (2,33) B,8o/o 8691
l6
recursos Recursos da campanha (0= nenhum;4= diversos Enfoque da campanha (0=partido; 10=candidato)T
I
i
234
|
REPRESENTAÇÃO E p,q.RTrcrpAçÁopolÍ.rrce
NA EURopA EM CRISEdevida à diferença entre grupos; no caso da variável dependente enfoque comunica-tivo, a proporção de variância explicada pelos fatores macro é um pouco mais modesta (cerca de 70/o)6
,
mas,visto
que a variaçáo devido à pertença aum
determ inado cluster é de apenas 79o/o,o
nosso modelo explica uma proporçã.o nã,o negligenciável destavariação.
5.
Notas
finais
A
análise apresentada neste capítulo representaum primeiro
esforço nosen-tido
deum
estudo verdadeiramente comparativodo
fenómeno da individualizaçãodas campanhas descentralizadas, que se observa quando outros candidatos, que não o
líder do partido, decidem adotar um foco e estratégia personalizados na sua campanha
(Balmas et
al.,
2014).A
análise empírica permite-nosconcluir
que as modalidadesregulativas e institucionais, em termos de finanças de campanha e regras do sistema
eleitoral, parecem ser importantes quer em termos dos comportamentos dos
candida-tos (individualizaçáo de recursos) quer no que diz respeito às suas atitudes em relação aos objetivos da campanha.
No
entanto, aindividualização
que os candidatos fazem dos materiais de campanha parece ser bem mais dependentedo
contexto,visto
quealém das regras
do
sistemaeleitoral
(em termos dos incentivos para ovoto
pessoal criados pelo mesmo) e da regulação das finanças de campanha e de acesso apublici
dade paga, varia também em função do grau de disseminação da internet no país. Os resultados deste estudo
confirmam,
em geral, o impacto modesto do con-textoinstitucional
sobre as características das campanhas (Bowler eFarrell,
2077), eum impacto modesto do contexto como um todo. Contudo, alguns estudos empíricos sugerem também que existem várias propriedades das campanhas eleitorais
-
emter-mos de intensidade, objetivos, recursos utilizados, etc.
-
e que os efeitos do contextoinstitucional
variam segundo a componente considerada. Este facto reforça aneces-sidade de adotar
uma
abordagemmultidimensional
para a análise das campanhaseleitorais. Neste sentido, é
oportuno
também sublinharo
carâter exploratório deste estudo.O
facto de avariação nos níveis de individualização de campanha (em termos de enfoque comunicativo e recursos) devida a características macro é menos pronun-ciada (cerca de 20o/o)do
que aquela associada às características idiossincráticas doscandidatos parece sugerir não apenas uma crescente profissionaTização dos campa-nhas, mas também uma grande variedade e heterogeneidade do
tipo
de campanhas adotadas pelos partidos.No
entanto, isto não significa que os fatores contextuais nãopossam
influenciar outras
características das campanhasou ter
efeitos indiretos.Estes são alguns tópicos a que a investigação
futura
deverá tentar dar resposta.6 Chega-se a esta conclusão através da comparação entre os modelos apresentados na Tabela 2. e um
modelo que inclui apenas as variáveis de controlo, e que contribuía para a explicação de menos de 2o/o de