• Nenhum resultado encontrado

Campanhas de partidos ou de candidatos? Individualização das campanhas eleitorais em diferentes cenários políticos e institucionais

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Campanhas de partidos ou de candidatos? Individualização das campanhas eleitorais em diferentes cenários políticos e institucionais"

Copied!
18
0
0

Texto

(1)

o

F

z

rJ]

=

J

ú

tl;

frl

REPRESENITAÇAO

E

PARTICIPAÇAO

POLÍTICA

NTA

ELJROPA

EM

CRISE

André

Freire

Marco

Lisi

José

Manuel

Leite

Viegas

Organizadores

ã

r ¡ r r r r r r ¡ r llltl¡ r t r r r r r r t

ijj.j.lj=ij:lj''l-rrffi

(2)

ÍNorcn

Agradecimentos

11 15

t7

T7 21. 23 29

Lista

de

abreviaturas

e siglas

FICHA TECNICA

Introdução

MARCo I-lst, eNoRÉ FREIRE e JosÉ MANUEL LEITE vIEGAS

Introdução Objetivos e dados

A

estrutura do

livro

Título Representação e participação política na Europa em crise Organizadores André Freire, Marco Lisi,José Manuel Leite Viegas

Sessão de

abertura

da

Conferência

"Representação e

participação

política

na

Europa

em crise", 7-8

julho

2014, Novo

Auditório

daAssembleia

da

República

DEPUTADO GUILHERME SILVA

Edição Assembleia da República - Divisão de Edições Revisão Conceição Garvão e Maria da Luz Dias

tadução Susana Santos e Pedro Estêvâ.o Colaboração Alda Luís

Capa c de sign Nuno Timóteo

PARTE

I

-

Representação

política

em tempos de austeridade:

Portugal

e

Grécia

em perspetiva comparada

Paginação e pré-impressão Undo Impressão Clássica, Artes Gráficas

Capítulo

1 |

As atitudes

das elites e dos cidadãos face às

políticas

de

austeridade e as suas consequências na Grécia e em

Portugal

EFTICHIA TEPEROGLOU, ANDRÉ FREIRE, IOANNIS ANDREADIS

CJOSÉ MANUEL LEITE VIEGAS

L.

Qradro

teórico 2. Hipóteses e operacionalizaçã.o 3. Dados e metodologia 4. Resultados empíricos 5. Notas conclusivas 35 Tiragcm 600 exemplares ISBN 97 8-97 2-55 6 - 632-9 Depósito Lega| 474285 / 76 Lisboa, agosto 2016 @ Assembleia da República

Direitos reservados, nos termos do artigo 52." da lei n." 28/2003, de 30 de julho.

www.parlame nto.pt

Imagem da capa: Manifestação antiausteridade na Europa,2011. Fotografia de Nuno Timóteo.

38

40

43 45 53

Capítulo 2

|

Individualizaçio

das campanhas

eleitorais

antes e depois

do resgate: uma comparação entre Grécia e

Portugal

JOSÉ SANTANA-PEREIRA C MARCO LISI

1. Introdução

2.

Individualização

das campanhas e a crise financeira

3. Dados e metodologia

55

55 57 62

(3)

6

|

REPRESENTAçÁO E p,A.RTlcrpAÇÁo

polÍtrc¡

NA EURopA EM cRIStr 4. Individualização das campanhas em Portugal e na Grécia:

resultados empíricos

5. Fatores de

individualização

das campanhas em Portugal

e na Grécia, antes e depois do resgate 6. Conclusões

Capítulo

3 | O

impacto

da crise económica no espaço

ideológico

em

Portugal

e na

Grécia:

uma comparação entre elites e eleitores

EMMANOUIL TSATSANIS, ANDRÉ FREIRE C YANNIS TS]RBAS 1. Espaço ideológico: teoria e questões de partida

2.

O

impacto da crise económica na competição política: os contextos da Grécia e de Portugal 3.

A

crise na Grécia a.

A

economia b.

A

situação política c.

O

espaço ideológico 4.

A

crise em Portugal a.

A

economia (política) b.

A

arena política c.

O

espaço ideológico 5. Dados e metodologia 6. Análise e resultados a. Grécia b. Portugal 7. Apontamentos conclusivos Apêndice

Capítulo

4 | Representação e

políticas

de austeridade: uma comparação

das atitudes entre massas e elites na

Grécia

GEORGIOS KARYOTIS, WOLFGANG RÜDIG E DAVIDJUDGE

1. Introdução

2. Representação e políticas de austeridade 3. Hipóteses de pesquisa

4. Recolha de dados

5. Congruência ideológica e

política

na Grécia

6. Conclusões Apêndice

l7

64 67 71 I5 76 78 79 79 80 81 82 82 83 84 84 87 87 91. 93 95 103 103 105 109 111 1.1.3 1.21. 124

4.

Apoio

à integração europeia na Grécia e em Portugal antes

e depois do acordo de resgate

5.

Explicar

o apoio dos eleitores e das elites à integração europeia, 201'2-201,3

6. Conclusões

Apêndice

Capítulo

6 |

Apoio

dos portugueses à democracia em tempos de crise:

apoio

difuso

e específico em

Portugal

e na

Grécia

CONCEIÇAO PtrqUITO, EMMANOUIL TSATSANIS C ANA BELCHIOR 1. Introdução

2. As dimensões do apoio democrático

2.1.

A

questão do apoio à democracia na crise que afetou

Portugal e a Grécia

3. Dados e metodologia

4.

Apoio

difuso e específico à democracia em Portugal

5.

Apoio

difuso e específico à democracia na Grécla

6. Conclusões

Apêndice

PARTE

II

-

Campanha

eleitoral,

comunicação

política,

Padamento

e representação

política

na

Europa

Capítulo

7 |

Envolvimento

dos cidadãos com o

Padamento

na

Europa

através das petições: um quadro de análise

TIAGO TIBÚRCIO 1. Introdução

2.Breve

enquadramento teórico e caracterização do

direito

de petição

perante o Parlamento

3. Características distintivas dos sistemas de petições parlamentares 3.1.

Qradro

legal e

institucional

Petições eletrónicas (petições-e)

3.2. Os intervenientes do

direito

de petição 4.

Um

quadro de avaliação da eficácia das petições

4.1,.

A

efr,câcla àLuz do

critério

do projeto

4.2.

Aeß,câciaàLuz do

critério

democrático

5. Conclusões

Capítulo

8 | Campanhas

eleitorais

online: uma análise comparada

FILIPA SEICEIRA C CARLOS CUNHA

1. Introdução

2.

Autllização

da

internet

na política

3.

A

internet no contexto das campanhas eleitorais

a. Modalidades de utilização da internet em contexto eleitoral

4.

Metodologia

5. Resultados 1.32 1,37 1"43 146 153 153 1"55 158 160 1.61 1.65 768 777 184 186 186 188 189 190 192 197 199 183 183

Capítulo

5 |

O

despertar do

gigante adormecido: atitudes

em relação à

integração europeia na Grécia e em

Portugal

em tempos de crise

económica

125 ANDRÉ FREIRE, EFTICHIA TEPEROGLOU C CATHERINE MOURY

1.

Introdução

125

2.

Qradro

teórico, hipóteses e

operacionalização

I2B

3. Dados e

metodologi^

1.31. 201 201. 201. 203 205 206 208

(4)

8

|

REPRESENTAçÁO E pARTrcrpAÇÃo

porÍrrca

NA EURopA EM cRisE

6. Conclusões

Capítulo

9 | Campanhas de

partidos

ou de candidatos?

Individualização

das campanhas

eleitorais

em

diferentes

cenários

políticos

e

institucionais

JOSÉ SANTANA_PEREIRA C MARCO LISI

L. Introdução

2.

Campanhas individualizadas: o contexto importa?

3. Dados e metodologia

4.

Individualízação

das campanhas em perspetiva comparativa

5. Notas finais

Capítulo

10 | Campanhas

políticas

nas redes sociais: uma análise

comparativa

das eleições presidenciais em França

(2012)

e em

Portugal(20l1)

CARLOS CUNHA C MAFALDA LOBO 1. Introdução

2.

As

campanhas políticas online: evolução e tendências

3.

Internet,

Social

Networking

Services (SNS) e participação política

4.

Metodologia

5. Apresentação e discussão dos resultados

6. Conclusões

Capítulo

11 |

A

crise europeia no ecrã: a(s) cobertura(s)

televisiva(s)

das eleições

legislativas

gregas e presidenciais francesas

err.2012

SUSANA SANTOS C ELOÍSA SILVA

1. Introdução

2. Democracia, Estados-nação, hiperglobalização e as crises financeiras

3. Comunicação política: questões em

torno

do agendamento, das campanhas eleitorais e da política-espetáculo

4. Contextos eleitorais 4.1. Eleições na Grécia 4.2. Eleições em França 5. Desenho da pesquisa

6.

Análise

dos resultados

6.1. Grécia

6.2.França

7. Notas conclusivas:

Grécia

versusFrança

-

Dois

discursos antagónicos no espaço comum europeu

Capítulo

12 | Padrões de organização dos Parlamentos na

Europa

DEPUTADO ANTÓNIO FILIPE, PCP

Capítulo

13 |

A

representação

descritiva

de género no

Parlamento

føz

diferençanas preferências

políticas? O

papel dos

partidos

políticos

ANDRÉ FREIRE, ANA ESPÍRITO-SANTO C SOFIA SERRA DA SILVA

le

221 219 221. 223 228 230 234 1. Introdução

2.

Aimportãncia

relativa da representação descritiva para

as preferências políticas

3. Teoria e hipóteses: trazendo os partidos para a discussão 4. Dados e metodologia

5. Resultados e discussão

5.1. Testando as diferenças entre homens e mulheres nas preferências

políticas, em geral, e controlando

avariâvelpartidos

políticos 5.2.

Explicando

avariação das diferenças entre homens e mulheres nas

preferências políticas ao nível do

partido

6. Conclusões

Apêndice

Capítulo

18 |

O

cns-lP

diante

dareformapolítica

DEPUTADOJOSÉ RIBEIRO E CASTRO, CDS-PP

Referências

bibliográfi

cas

Notas

biográficas

dos autores

Índice

de tabelas

Índice

de frguras

Índice

de apêndices

Índice remissivo

285 286 287 290 296 296 298 303 306 312 318 323 235 235 237 243 244 246 249 251 257 253

PARTE

III

-

Participação

e representação

política

na

Europa

em crise: as visões dos deputados e dos

partidos

políticos

Capítulo

14 |

Participação

e

responsabilidade

DEPUTADO ANTÓNIO RODRIGUES, PSD

Capítulo

15 |

A

crise da representação

política

DEPUTADO JOSÉ MACALHAES, PS

Capítulo

16 |

Capitalismo:

camisa-de-força da democracia?

DEPUTADO PEDRO FILIPE SOARES, BE

Capítulo

17 |

A

democracia, a crise e a representação

política

em

Portugal

329

DEPUTADA RITA RATO, PCP

255 258 258 260 267 264 264 269 338 345 373 379 383 385 387 274 277 285

(5)

Agradecimentos

Todos os

capítulos

do

presente

livro

foram

apresentados originalmente

na segunda conferência do projeto "Eleições, liderança e responsabilîzação'. a repre-sentação

política

em

Portugal

-

uma

perspetiva

longitudinal

e

comparativa"

(rcn lrnc

/ cPJ- cP o / 119307 /

2010), 2012-2075,

coordenado

por

André

Freire,

Marco Lisi

eJosé

Manuel

Leite Viegas, Representøçã.o e participação política na Europø

em crise, que teve lugar em 7 e 8 de

julho

de 20L4, na Assembleia da República

(en).

Trata-se, pois, de textos revistos, tendo em contâ as críticas formuladas pelos comen-tadores (iiscussant) na conferência da AR, mas também as orientações de revisão dos organizadores do presente

livro.

São de referir, ainda, duas notas adicionais sobre o

mesmo.

Primeiro,

ele é o segundo de uma série de dois (e de duas conferências subja-centes, antecedentes), que

te-os

vindo

a editar com o apoio da Assembleia da

Repú-blica, na Coleção Parlamento, sendo que o

primeiro

foi já dado à estampa no

primeiro

semestre de 2075:

Freire,

Lisi

e Viegas, 20L5. Segundo,

o conjunto

de artigos que

integra a

primeira

parte do

livro foi

originalmente publicado no número especial de dezembro de 201.4 da revista South European Society

U

Politics, volume 19, n.o 4, com

o título "Political

representation

in

times

of bailout:

evidence

from

Portugai

and

Greece" (ver Freire,

Lisi,

Andreadis

e Viegas, 2074), e que

foi

editado em

livro

da Routledge, em setembro de 201,5 (ver Freire,

Lisi,

Andreadis e Viegas, 2016).

Aproveitamos este ensejo para,

primeiro,

agradecer a todos os comentadores (académicos, deputados e responsáveis políticos) que

tiveram

a amabilidade de

cola-borar connosco nessas tarefas.

E,

segundo, para agrzdecer à revista South European Society

U

Politics, nomeadamente às suas editoras

Anna

Bosco e Susannah

Verne¡

bem como à

editora

Ta/or U

Frøncis, responsável

editorial

do

jornal,

a permissão

para

republicar aqui

o dito

material

(créditos específicos para cada publicação são

apresentados no

início

de cada capítulo da

primeira

parte).

Agradecemos, ainda, a todos os que

tornaram

esta pesquisa, nas suas várias vertentes, possível. Este projeto é financiado e/ou institucionalmente patrocinado por

várias entidades (Fundação para a Ciência e Têcnologia: FCT-MCTES; Direção-Geral

da Administração Interna

-

MAI:

DGAI-MAI;

Comissão Nacional de Eleições: CNE),

entre as quais a

própria

Assembleia da República Portuguesa. Obteve, para tanto, também apoio

institucional

da

AR.

Gostaríamos, assim, de agradecer a todas estas

entidades o apoio financeiro e/ou logístico que nos deramparaarealização desta pes-quisa. Agradecemos o apoio transversal da

DGAI-MAI,

nomeadamente através da

pes-soa do Dr. Jorge

Miguéis,

seu diretor-geral.

O

contributo da CNE, nomeadamente dos

(6)

12

|

RTPRESENTAÇÃO E pARTrcrpAÇÁo

polÍrIcR

NA EURopA EM cRisE

nomeadamente para a" concÍetização dos inquéritos aos candidatos.

No

caso da AR, o apoio tem-se consubstanciado em vários domínios, que gostaríamos também de

subli-nhar e

de agradecer vivamente, nomeadamente nos

cinco

seguintes.

Primeiro, tal

apoio

tem

resultado numa estreita colaboração da equipa

do projeto com

todos os

grupos parlamentares

(cl)

e com os respetivos deputados, para a realização dos inqué-ritos aos deputados (eleitos em2071., trabalho de campo

em20122,013)

e aos

candi-datos a deputados nas legislativas de 2011 (trabalho

d.

campo

em

2012-2013).

Tam-bém neste caso, queremos agradecer vivamente o patrocíniã da

AR,

e em especial o apoio excecional da senhora presidente da

AR

(lAn),

Dr.^

Assunção Esteves, e de todos os GP, deputados e

staf

daAR

(nomeadamente a equipa liderada pelo

Dr.

Rui

costa), em geral, àrealizaçã.o da

dita

conferência. Segunáo,-além de todos os apoios da.PAR, dos líderes parlamentares e dos respetivos chefes de gabinete, e todos o,

J.p.,-tados que aceitaram

participar

nos inquéritos, há ainda algumas pessoas que

indivi-dual e/ou institucionalmente nos ajudaram

muito

a

concretizar

eita

difícii

tarefa de

inquirir

as elites parlamentares, ainda por cima tendo em conta a extensão dos

ques-tionários.

A

deputada

Nilza

Sena e

o

assessor parlamentar

Hugo

Costeira, no psD,

providenciaram ambos

um

apoio adicional

preciosíssimo para

inquirir o

Gp-psD.

António Filipe,

deputado do

pcp

e vice-presiàente da AR (que é afiás também

mem-bro do nosso projeto de pesquisa),

foi

também

um

apoio fundamental nesta bancada.

Embora tenha sido só candidato a deputado

,.-

,r.r.r." exercer (ainda) neste mandato, mas sendo

um

destacado

dirigente do

cDS-pp, Pedro Pestana Bastos

foi um

apoio

crucial

para a reaTização do trabalho de campo nesta bancad a. João Semedo,

doBE,

deu uma ajuda precios à

îa

feta

final

do trabalho de campo para as excelentes taxas de

resposta que obtivemos nos pequenos

partidos,

onde os

muito

reduzidos números absolutos de eleitos obrigam a uma cobértura quase

total

das bancadas. Finalmente, uma palavra de apreço é devida aos deputados que aceitaram

participar

na segunda conferência do projeto e/ou escrever

um

texto para o

livro q.r.

o.u

tend.,

e-

Lãor:

Guilherme

silva,

deputado

do psD

e vice-presidente

da ÁR;

António

Rodrigues,

deputado do PSD; Ribeiro e

castro,

deputado do cDs-pp; José Magalhães, depulado

do.PS;

António

Filipe,

vice-presidente da AR,

Miguel Tiago

e Rita Ruto, todo,

d.prr-tados do PCP; Pedro

Filipe

Soares, deputado e líder parlamentar do BE.

Terceiro, agradecemos

ainda

à mestre

Inês

Lima,

inexcedível assìstente de

investigação

do projeto, todo

o

apoio que nos

tem

prestado

em

todas as fases do

t¡abalho. Ela

foi

sempre

um

pilar

fundamental

do nosso sucesso

na

realização d,os

diferentes objetivos, do trabalho de campo à logística dos eventos e à edição

formal

dos

livros.

Neste

ponto,

cumpre ainda

agradecer

vivamente

às

várias

estagiárias

do

projeto

até à datal , que

muito

ajudaram

im

várias tarefas, e aos vários

entrevista-dores e entrevistadoras2, geralmente estudantes do mestrado de Ciência Poiítica do

1 Eduarda Damasceno, Carmen Gaudêncio, Filipa Magalhães, Sofia Santos, Daniela Viera, Tânia Dias, Inês Lourenço, Márcia Alcântara e Inês Pereira.

2 Eduarda Damasceno, carmen Gaudêncio, Filipa Magalhães, sofia serra, Bruno Mesquita, Inês

Amador, Hernâni Pereira, Joana Morgado, Bárbara Boìr.go, Fábio Ramarho, carrota veiga, Luís

Sargento e Ana Luísa Gouveia.

AGRADECTMENTOS

I

13

ISCTE-IUL, que foram cruciais para levarmos a bom

porto

o trabalho de campo dos

inquéritos aos deputados e aos candidatos a membros do Parlamento.

Qrarto,

ao støf,do CIES-IUL (Carla Salema,

Ana

Ferreira, José Ferreira, Sara Silva,

Marta Diogo,

Neide Jorge, etc.) agradecemos também todo o apoio logístico.

Qrinto,

agradecemos

ainda

à

GFK-Metris, liderada

neste

processo pela

Dr.^ Carmen Castro,

o

excelente

trabalho

que

implementou,

naturalmente sob a

nossa supervisão

científica, mais

precisamente

o

trabalho de campo

referente ao

inquérito

aos eleitores, realizado em finais de20L2.

André

Freire

Marco

Lisi

(7)

-f

Capítulo

9

Campanhas

de

partidos

ou

de

candidatos?

Individualizaçio

das

campanhas

eleitorais

em

diferentes

cenários

políticos

e

institucionais

1

yosÉ saNreNA-PtrRErRA e MARCo

LisI

1.

Introdução

Nas

úitimas

décadas, a tendência para a personalização da

política tem

sido

vista

como

um

aspeto específico da

individualização

mais ampla da

vida política

e

social. Deste

ponto

de

vista,

diferentes fenómenos macro,

tais

como a erosão das

clivagens sociais, o declínio da identificação

partidária

e o crescente papel dos meios de comunicação social reforçaram o papel dos atores políticos

individuais

em

detri-mento

da

centralidade

dos

partidos

e

outras

entidades coletivas

(Blondel,

2010;

Helms,

201,2;

Garzia,

201.4).

A

personalização da política é um fenómeno multifacetado, que engloba várias dimensões relacionadas com arenas distintas: alguns académicos focam-se no cenário

institucional

(Poguntke e Webb, 2005), outros concentram-se no papel dos meios de

comunicação social e na crescente

importância

da imagem dos lideres nos conteúdos dos meios de comunicação

(Kriesi,

2072), ao passo que outra vertente de investigação

lida

com as mudanças na distribuição interna de poder

dentro

das organizações

par-tidárias

(Pilet

e Cross, 2014; Scarrow, 2014).

ainda uma dimensão importante afetada por esta alteração delongo prazo,

no sentido de uma crescente personalização da

política

-

as eleições e o comporta-mento eleitoral dos cidadãos. Neste âmbito, algumas análises empíricas

mitigaram,

de certa maneira, o consenso a respeito da crescente

importância

das avaliações dos líderes no comportamento dos eleitores. Diversos estudos realçam a condicionalidade dos efeitos dos líderes, destacando, dessa

forma,

a

importância

das características

1 Texto original em inglês, traduzido com o apoio financeiro do projeto estratégico da FCT: UID/

(8)

-'1

222

|

REPRESENTAÇÃO E PARTICIPAçÁo

polÍtlca

NA EUROPA EM CRISE

institucionais

e

poiíticas

como moderaclores

do impacto

das avaiiações dos líderes

(Thomassen, 2005;

Bittner,2011;

Aarts et øt.,2072;

Lobo

e

Curtice,

2015).

Apesar destas diferentes perspetivas, há

um

consenso generalîzado de que os

rótulos

partidários

são cada vez menos úteis como trunfos para o sucesso das

campa-nhas e a obtenção de bons resultados eleitorais.

De um

modo

geral, os crescentes

sentimentos

antipartidários

são

um

dos incentivos para

diminuir

a

importância

da organização

partidária

e dar mais ênfase às personalidades individuais. Ademais, há

uma

crítica

generalizadaem relação aos padrões estabelecidos de representação

polí-tica. Por um lado, há

um

aumento da distância entre os representantes e os cidadãos

por outro,

os

partidos

parecem incapazes de conseguir

cumprir

as Suas promessas.

Isto enfraquece tanto a confiança nas instituições políticas como a imagem dos

depu-tados, fomentando por parte dos eleitores fenómenos de alienação, descontentamento

ou

protesto.

Como enfrentar

estes desafios?

O

debate nas democracias ocidentais tem-se focado principalmente nas potenciais reformas dos sistemas eleitorais, que são

considerados

um

dos principais responsáveis

pof

este problema.

Contudo,

as

refof-mas

institucionais

são raras e, muitas vezes, não conseguem

atingir

os resultados

esperados.

Assim,

os candidatos individuais podem

decidir

aPostar numa maiof

pro-ximidade com os eleitores e numa ênfase mais forte nas suas qualidades pessoais, no

sentido de aumentar a sua popularidade

e min\mizat

(parcialmente)

o impacto

do

divórcio

generalizø.do entre os cidadãos e os

políticos,

melhorando, dessa

{orma,

a

qualidade gerai da representação política.

No

contexto de mudanças significativas que as democracias contemporâneas estão a experimentar, este capítulo visa explorar em que medida e em que

tipos

de situações é que os candidatos desempenham

um

papel mais autónomo e indepen-dente nas campanhas eleitorais.

Como

previamente mencionado,

o

debate sobre a

personalizø,çáo

da política

tem-se focado

essencialmente

nos

líderes partidários, negligenciando esta dimensão relacionada com o papel que os candidatos a deputados desempenham nas campanhas eleitorais.

Além

disso, através do enfoque

î

v^riaçã'o das campanhas de candidatos em diferentes cenários

políticos

e

institucionais,

será possível 1ançar

mais

luz

sobre a condicionalidade

da

personalização, enfatizanào,

dessa forma, o modo como as características de nível macro afetam as ferramentas e

as estratégias adotadas pelos candidatos.

Como é que os candidatos percecionam o seu papel face às organizaçóes

par-tidárias?

Qre

ferramentas são usadas pelos candidatos durante as campanhas

eleito-raisì

Mais

importante,

como é que estas dimensões

variam

em cenários

políticos

e

institucionais

distintos? Estas são as

principais

questões de investigação que guiam

este capítulo. Estes tópicos são extremamente relevantes, não apenas Porque podem

favorecer o entendimento da relação entre

partidos

e eleitofes, mas também porque contribuem para o conhecimento científico sobre a personalizaçáo da política.

Ade-mais, a análise das campanhas dos candidatos a deputados é uma Peça

importante

para um exame mais sistemático e abrangente das características das campanhas elei-torais e do modo como ferramentas e estratégias distintas são adotadas.

Este capítulo visa analisar o grau de individualização clas campanhas eleitorais em diferentes contextos institucionais e políticos.

Do

ponto de vista teórico, o nosso

ponto de partida é o conceito de "campanhas individualizadas", proPosto por

ZitteI

e

CAMPANHASDEPARTTDOSOUDECANDTDATOST

|

223

Gschwend (2008).

De

acordo com esta conceptualização, uma campanha

individua-lizada é aquela em que os candidatos procuram fomentar um voto pessoal, através de

um enfoque comunicativo, agendas de campanha, organizações e recursos de

campa-nha centrados nos candidatos. Neste capítulo, centramo-nos em

particular

em dois aspetos: as normas sobre o enfoque comunicativo e os recursos utilizados pelos

can-didatos

-

as facetas da

individualízação

qre nos parecem depender, em

maior

grau,

de escolhas concretas dos candidatos,

no

sentido de

um

afastamento em relação a

uma campanha partidocêntrica.

Com

base nesta contribuição teórica, o

puzzle

que este

texto

aborda é

o

davariaçáo dos estilos de campanha adotados pelos candidatos nas democracias contemporâneas.

A

premissa básica

no

âmbito deste estudo é a de que variações nos comportamentos e atitudes dos candidatos podem ser

compreendi-das

por

referência às variações nas

instituições

eleitorais (Carey

e

Shugart,

1995;

Farrell e

Scull¡

2007). Contudo,

outros

fatores

políticos e institucionais

que

podem

afetal o grau de individualização das campanhas e devem ser explorados de

uma forma comparativa e sistemática.

Relativamente aos estudos anteriores acerca da personalizaçáo da

política,

o

contributo deste capítulo é de natureza dupla. Em

primeiro

lugar, visa examinar

dife-renças transnacionais

em

termos

de individualização de

campanhas, explorando, simultaneamente, as suas determinantes macro e

micro. Em

segundo lugar, analisa

um

aspeto pouco estudado do processo de personalização da

política, contribuindo

para enriquecer uma

literatura

essencialmente centrada na crescente importância dos

líderes de partidos.

Ao

fazê-7o, o nosso

contributo

dialoga não apenas com a

litera-tura

sobre campanhas eleitorais, mas também com o debate acerca do

impacto

dos

fatores

institucionais

e da natureza mutável dos partidos.

Em última

análise,

acredi-tamos que este estudo é um contributo valioso para compreender alguns dos desafios que a representação democrática está a experimentar nas sociedades contemporâneas.

O

capítulo prossegue da seguinte maneira.

A

próxima

secçã.o faz uma breve revisão da

literatura

e elabora argumentos teóricos relativos ao grau de

individualiza-ção das campanhas levadas a cabo em diferentes países.

A

secção seguinte apresenta os dados e a metodologia usada neste capítulo.

A

quarta secção analisa as variações transnacionais em termos de enfoque comunicativo e recursos empregados pelos

can-didatos, e apresenta os modelos de regressão

multinível

implementados com o

propó-sito

de

identificar

as

principais

determinantes deste fenómeno aos níveis macro e

individual.

A

secção

final

sumariza os resultados empíricos e discute as suas

implica-ções para as campanhas eleitorais e ligações entre partidos e eleitores.

2.

Campanhas

individualizadas:

o

contexto

importa?

A

personalização

da política

é um

fenómeno

multidimensional, que

afeta

tanto as dèmocracias consolidadas como as novas democracias.

É

amplamente aceite

que, nas democracias contemporâneas,

o

processo

eleitoral evoluiu na

direção de campanhas partidárias personalizadas e no enfoque nas características da liderança

(9)

-l

224

|

REPRESENTAÇAO E pARTrCrpAçÃO POLÍTrCA N,4. DUROPA EM CRrSE

(Kaid

e Holtz-Bacha

,

2006; Swanson e

Mancini,

1996). Nessas campanhas, o

obje-tivo

imperioso é o de construir um vínculo direto entre o

líder

do

partido

e os

eleito-res, salientando traços pessoais do líder que se acredita serem percebidos como posi-tivos pelos eleitores.

Contudo, é mais

difícil

de compreender, ou pelo menos, mais questionável, se os

esforços dos candidatos no sentido de uma forte presença pessoal nas campanhas são

praticáveis ou desejáveis, e se levam, em

última

instância, a

um

desempenho eleitoral

bem sucedido. Pensa-se que as campanhas individualizadas beneficiam os candidatos sobretudo em contextos altamente competitivos, particularmente em círculos

unino-minais ou de pequena magnitude. Contudo, Karlsen e Skogerbø (2015) demonstraram que as campanhas individualizadas podem também tomar lugar num sistema propor-cional, com uma estrutura de competição

multipartidária.

Como consequência, duas questões devem ser levantadas.

Qrais

são os fatores que contribuem para fomentar a

individualização de campanhasl

E

em que contextos é mais provável que surjam cam-panhas individualizadas?

Algumas

tendências gerais de mudança social são consideradas como

propí-cias para a individualização das campanhas. Em

primeiro

lugar, alguns autores argu-mentam que os

partidos políticos se

caracterizam cada

vez

mais

por

uma

relação estratárquica entre os níveis nacional e local do

partido (Katz

eMatr,

1995; Bolleyer, 2009). De acordo com este ponto de vista, as divisões funcionais atribuem mais

auro-nomia aos ativistas locais e aos candidatos em algumas dimensões específicas

associa-das à sua

âreaterfitofial

de influência. Uma das funções cruciais é a mobilização dos

eleitores a nível local; esta tendência pode,

portanto,

fomentar campanhas mais des-centralizadas. Uma das consequências importantes deste processo é a de líderes

par-tidários

e candidatos locais poderem reforçar mutuamente a sua autonomia. Deste

ponto de vista, a

visibilidade

crescente dos líderes de

partido

ao nível nacional pode

andar de mãos dadas com

um maior

número de processos eleitorais centrados nos candidatos a deputado.

O

estudo de Balmas et a/. (2014) parece

confirmar

que a

per-sonalização descentralizada e centralizada podem

existir em

simultâneo,

rm

vez que estes dois aspetos distintos não são mutuâmente exclusivos.

Al¿m

da transformação das organizações

partidárias, o

desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação pode também dar origem a campanhas mais

indi-vidualizadas.

Afirma-se,

geralmente, que a

internet

e a

ueb

2.0

(sociøl nt.edia), em

particular, fomentam o contacto direto entre os representantes políticos e os cidadãos

(Negroponte,1995;

Coleman e

Blumler,

2009).

Contudo,

nas campanhas eleitorais

mais recentes, realizadas nos EUA e

no

Reino

Unido,

assistiu-se à ascensão de

um

novo

tipo

de campanha, que Gibson (2015) denominou de campanha "arivada pelo

cidadão".

A

novidade deste

tipo

de campanha é, essencialmente, a de

combinar

a

centralizaçã,o com uma abordagem "bottom-up", dando maior ênfase à interação entre cidadãos e candidatos.

o

facto de os candidatos poderem planear e implementar a sua

própria estratégia de campanha através do uso de meios digitais tem um efeito pode-roso em termos de

diminuição

da supervisão das estruturas dos

partidos

nacionais nas atividades e recursos de campanha. Não obstante, nã.o hâ uma expectativa clara a

respeito do impacto das novas

TIC

na individualização das campanhas, uma vez quc

estas ferramentas podem favorecer quer a

importância

dos traços pessoais dos

candi-CAMPANHASDEPARTIDOSOUDECANDIDATOSì

|

225

datos, quer um papel mais intenso das organizações partidárias através de

comunica-çào /op-dozun

Qral

é o papel das características institucionais no

tipo

de campanhas

realizz-dasl Visto que o papel e a estratégia dos candidatos não terem sido até agora examina-dos de uma forma comparativa e sistemática, dependemos sobretudo dos resultados da

literatura

acerca do comportamento dos eleitores e da representação política. Por

um

lado, o

tipo

de regime e de governo, bem como o tipo de sistema eleitoral são relevantes para o efeito da avaliação do líder na escolha do eleitor. Especificamente' regimes Pre-sidenciais, governos maioritários de

partido único e

sistemas eleitorais maioritários

aumentam a importância da imagem do líder (Curtice e

Hunjan,

2072;

Cwttce

e

Lisi,

2015;

Formichelli,

2015).

Por outro lado,

as características específicas dos sistemas eleitorais também podem ter um impacto no papel e nas orientações dos candidatos. Por exemplo, Wessels (1999) concluiu que quanto mais baixa é a magnitude do círculo,

mais os deputados se focam no seu círculo eleitoral. Ademais, um estudo sobre eurode-putados assinalou que os sistemas eleitorais mais abertos

-

em que se confere uma maior

liberdade de escolha aos eleitores

-

estavam associados a um enfoque mais intenso dos representantes no seu círculo eleitoral (Farrell e

Scull¡

2010). Em suma, existe algum

apoio empírico à hipótese de que as características institucionais são importantes para

a forma como os candidatos e eleitores se relacionam durante a camPanha.

Defendemos que

o

grau

de individuaTização

de

campanhas pode

variar

de acordo com os

distintos

contextos

institucionais

e políticos.

Na

prática,

tal

significa que este fenómeno varia transnacionalmente e de

uma

eleição para

olrtfâ.

E

nosso

objetivo analisar em que medida existem diferenças sistemáticas entre países e

inves-tigar

os fatores que explicam esta variação. De seguida, aPresentamos e discutimos os

principais fatores que estão associados com a variação na individualizaçáo das

cam-panhas.

A

principal

dimensão que afeta os incentivos dos candidatos p^ra organizar e

executar a sua própria estratégia de campanha e mot:lIizar recursos mais persottalizados

está relacionada com as características do sistema eleitoral (Farrell e

Scull¡

2007).Uma

vertente de investigação consolidada sustenta que os sistemas proporcionais tendem a

fomentar campanhas mais centralizadas, aumentando a coordenação nacional e a estru-tura vertical da organizaçáo da campanha (Bowler e Farrell, 1992; Swanson e

Mancini,

7996;Farrell,2002).Tradicionalmente, os candidatos parecem desempenhar um papel

importante em círculos uninominais, como as experiências britânicas e alemãs parecem

confirmar (Denver et

ø/.,2003;ZitteIe

Gschwend,2008). Contudo, esta conclusão

diz

essencialmente respeito ao grau de centralização (i.e. mobilização dos recursos) das cam-panhas, mais do que ao grau de individualtzaçáo enquanto estratégia de comunicação. Estes são dois fenómenos distintos que devem ser considerados separâdamente. Como

Karlsen e Skogerbø recentemente observaram (2075), é possível haver campanhas cen-tralizadas com elevados níveis de individualização.

Tanto

quanto sabemos, não existe

2 Um estudo ¡ecente sobre campanhas presidcnciais nos Estados Unidos indicia, no entanto, umâ

associação negativa entre a utilização das novas tecnologias e o impacto dos líderes no compoltamento

(10)

226

I

REPRESENTAÇÃO E pARTrcrpAçÃo por-Í.ric¡. NA EURopA EM cRrsE

qualquer evidência empírica comparativa do impacto do sistema eleitoral sobre a

indivi-dualizaçáo das campanhas. Consequentemente, ao incluir na análise um elevado número

de países, este estudo procura examinar arelaçáo entre os sistemas eleitorais e as campa-nhas individualizadas de uma forma sistemática e robusta. Neste domínio, uma falha crucial na literatura sobre campanhas é a de considerar, principalmente, o impacto das

formulas eleitorais, negligenciando outros elementos importantes do sistema eleitoral, tais como a magnitude do círculo eleitoral e a estrutura do voto. Tiata-se de algo

extre-mamente importante no contexto europeu, dado o facto de a maior parte dos sistemas eleitorais se basearem em formulas proporcionais, apesar de os seus efeitos nos sistemas

e

estratégias partidárias poderem

variar

consideravelmente. Carey

e

Shugart (1995)

foram pioneiros desta vertente de investigação, ao examinar a forma como diferentes características do sistema eleitoral afetam os incentivos para cultivar um voto pessoal.

Um

estudo sobre eurodeputados concluiu que os sistemas eleitorais baseados em listas fechadas tendem a enfatizar o papel dos partidos em detrimento dos candidatos

indivi-duais (Bowler e Farrell, 2011). Contudo, o efeito da magnitude do círculo pode interagir

com a estrutura do voto.

À

medida que a magnitude aumenta, os candidatos são mãis propensos a realizar campanhas personalizadas se os eleitores podem manifestar âs suas

preferências. Em contrapartida, nos sistemas de listas fechadas, arelaçáo é exatamente a

oposta: apenas os candidatos no

topo

da

lista

deverão enfatizar a sua personalidade, porque neste contexto o uso de recursos pessoais é

um

instrumento para assegurar a

seleção por parte dos líderes partidários; os restantes candidatos não deverão apresentar este comportamento. Estudos empíricos parecem confirmar esta interação, mostrando que a capacidade de os candidatos mobilizarem recursos (ilegais) depende não apenas da

magnitude do círculo mas também da estrutura do voto (Chang e Golden, 2007).

O

grau de individualîzaçáo de campanhas pode estar também, de certa forma,

associado ao enquadramento legal que regula as campanhas políticas. Esta dimensão

inclui

dois elementos distintos: a mobllização de recursos financeiros, por um lado, e o

acesso aos meios de comunicação social,

por

outro. Foi

observado que o

financia-mento público pafa. a. real\zaçáo de campanhas é um fenóm eno generalizado nos países

da Europa Ocidental (van Biezen, 2008).

Ainda

assim, há uma variação significativa

em termos das restrições a financiamentos privados e da capacidade de os candidatos aumentarem o seu próprio financiamento e usarem os seus recursos durante a

campa-nha.

E

plausível esperar-se que, em países onde as doações privadas são permitidas e

não existem restrições ou

limites

às despesas dos candidatos, os potenciais deputados tendam a focar-se mais na sua personalidade do que no respetivo partido.

Aqui,

importa

também destacar o papel do acesso aos meios de comunicação social, tendo em conta a

variação dos países europeus ao longo de um contínuo, que vai de um ambiente

com-pletamente dominado pelo Estado até um contexto em que os partidos e os candidatos

têm

mais liberdade para comprar tempo de antena.

Por

razões metodológicas, estas

duas dimensões foram agregadas num índice de abertura da reguiação das campanhas.

O

grau de individualizaçáo das campanhas pode depender também da (des)

centralizaçáo do país.

E

plausível esperar-se que quanto maior for o nível de descen-tralizaçã,o,

maior

será probabilidade de os candidatos realizarem campanhas

indivi-dualizadas.

A

estrÌrtura administrativa não só afef.a o

tipo

de organização

partidâria

(Bolleyer, 2072),

como também

a

rcLação entre os (potenciais) representantes e os

CAMPANHASDEPARTTDOS OUDECANDTDA'|OS?

|

227

cidadãos

(Lundell,

2004). Portanto, esperamos encontrar mais frequentemente

cam-panhas individualizadas nos Estados mais descentralizados. '

Por

fim,

o

último

elemento que pode afetar avariação transnacional no

tipo

de

campanha eleitoral está relacionado com a difusão das tecnologias de informação. Como

diversos autores (ø.g.

Norris,

2000) realçaram, a evolução das campanhas políticas está

estritamente relacionada com o desenvolvimento das novas ferramentas de comunicação que os partidos e candidatos usam paramobilizar e persuadir os eleitores. Com o surgi-mento da øleb 2.0, os candidatos individuais podem beneficiar de

um

controlo direto

sobre estes novos meios de comunicação

digital. Qranto

maior a proporção da

popula-ção com acesso regular a estes instrumentos, mais provável será os candidatos realizarem

campanhas pós-modernas através do uso de recursos individualizados online.

Além

destas características

institucionais,

o tipo

e

o

estilo

das campanhas

políticas podem depender de características

individuais,

ou seja, associadas ao

perfil

do candidato e ao seu estatuto enquanto

tal.

Uma dimensão

importante

tradicional-mente associada às campanhas eleitorais é

o tipo

de recrutamento dos candidatos.

De

acordo com a

literatura,

métodos mais descentralizados de seleção de candidatos

tendem

a originar

potenciais deputados

mais

independentes

e

que

utilizam

uma

maior

diversidade

de

recursos

(Giebler

e

Wùst,

2011; Giebler

e \Messels, 201,3).

Devido

à inexistência de dados sobre esta questão em vários países, a mesma é

anali-sada através deu.m proxy, nomeadamente o facto de o candidato ter exercido funções na sede local do partido.

O

historial de filiação dos candidatos aos partidos é também considerado, na medida em que candidatos não afiliados ou

muito

recentes podem

apresentar padrões distintos

vis-à-vis

a candidatos cuja filiação é mais antiga.

Con-trola-se também o impacto da orientação ideológica dos candidatos, dada a

possibili-dade que os candidatos de direita tenham mais tendênciaparaen(atízar a sua própria personalidade do que os candidatos de esquerda (Giebler e \Müst, 2011). Por

fim,

o género é um fator

importante,

ûma.vez que os homens são mais propensos a realizar

campanhas personalizadas do que as mulheres (Karlsen e Skogerbø, 2015).

Como foi

explicado acima, devido à atenção anteriormente dada na

literatura

aos fatores que explicam o papel dos representantes e o impacto dos líderes nas esco-thas dos eleitores, a formulação das nossas hipóteses é baseada em expectativas sobre

aformacomo

diferentes cenários políticos e

institucionais

afetam

aîndividualizaçáo

de campanhas. Resumimos aqui as principais hipóteses:

Hl:

quanto menor é a magnitude do círculo eleitoral, maior é o grau de

indi-vidttaTizaçáo das campanhas;

H2:

quanto maiores os incentivos para o

voto

pessoal,

maior

é a propensão

paraenfatizar

a personalidade do candidato;

H3:

em países em que é possível receber doações sem restrições, usar recursos

financeiros

na

campanha

sem

limites

estabelecidos

e

comprar

tempo

de

antena, os candidatos tendem a ter uma maior visibilidade;

H4:

quanto mais elevado é o grau de descentralizaçáo do Estado,

maior

é o

nível de individualização de campanhas;

H5:

quanto maior é a disseminação da internet, maior poderá ser o enfoque da campanha nos candidatos.

(11)

I

228

I

REPRESENTAÇÃO E PARTICIPAÇÃo

poIÍTIca

NA EUROPA EM CRISE

3. Dados

e

metodologia

Neste capítulo, o objetivo é avaliar o grau de individualização das campanhas em diferentes países, examinando o impacto de fatores macro e micro.

De

maneira a

7ançar Luz sobre esta questão, usa-se

um

conjunto de dados originais recolhidos pelo

projeto

Comparative Cøndidøte Survey (CCS). Este projeto

produziu

dados acerca de

candidatos às eleições parlamentares nacionais, através

do

uso de

um

questionário comum em vários países.

O

trabalho de campo

foi

realízado entre 2005 e 2072. Os países incluídos na base de dados apresentam uma grande variaçáo em termos de características institucionais, permitindo-nos testar a importância das variáveis macro

no

grau de individualízação das campanhas.

A

base de dados

do

CCS

(Módulo I,

2014)

inclui

dados de 24 campanhas em 19 países: Alemanha (2005 e 2009),

Austrália

(2007 e 2010),

Áustria

(2008), Bélgica (IOOZ), Canadâ (2008), Dinamarca (2011),

Estónia (2011),

Finlândia

(2007 e 2011), Grécia (2007),

Holanda

(2006),

Hungria

(2010),

Islândia (2009), Irlanda (2007), Noruega (2009), Portugal (2009

e

201I), República Checa (2006), Roménia (201.2), Suécia (2010) e Suíça (2007 e 2011). Na

secção descritiva deste capítulo, apresentam-se os dados para todos os países, no

sen-tido

de mapear as variações das variáveis dependentes com o maior número de casos

possível. na secção inferencial, a falta de dados para operacionalizar algumas

variá-veis dependentes e diversas variáveis de controlo de nível

individual

leva à exclusão de algumas campanhas.

Em

concreto, excluem-se as campanhas australianas de 2007 e

2010, austríaca de

2008,

estónia de 2011, finlandesa de 2007, holandesa de

2006

e

islandesa

de

2007.

No

caso da análise

do

enfoque comunicativo, exclui-se ainda a

campanha canadiana de 2008, enquanto no caso da análise do índice de recursos são

excluídas as campanhas alemã de 2005 e checa de

2006. Os

modelos de regressão apresentados neste capítulo baseiam-se, assim, em dados sobre 15 (vaùâveI depen-dente: recursos de campanha) ou 16 campanhas (enfoque comunicativo).

Na

Tabela 9.1,., são apresentadas as variáveis dependentes e independentes usadas neste capítulo, assim como as escalas usadas e as fontes consultadas para a sua criação. As variáveis dependentes dizem respeito a duas dimensões de

individualiza-ção de campanhas: o enfoque comunicativo da campanha (ou seja, a entiàaàe para a

qual a campanha deve chamar a atençáo: partidos os. candidatos), e a

individualiza-ção de recursos da campanha, nomeadameîte

c

Ítazes, raebsites, anúncios na imprensa

7oca7

efyers

personalizados.3

As

variáveis independentes são as que se seguem.

Em

primeiro

lugar, dois fatores relacionados com o sistema eleitoral: a magnitude média

dos círculos eleitorais e

o

conjunto

de incentivos para votos pessoais criados pelas

modalidades eleitorais (ver Carey e

Shugart,

1995). Este

último

índice

expressa a

medida em que os líderes de

partido

controlam o acesso dos candidatos às listas e a

ordem dos candidatos do

partido

nas listas, bem como fatores ligados à estrutura do

3 O questionário-base do CCS inclui também itens sobre três outros meios de campanha: expediente,

eventos sociais e s?ztspersonalizados naTV, rádio ou salas de cinema. No entanto, estes itens não foram incluídos em todos os inquéritos levados a cabo nos vários países em análise, pelo que se optou pela sua não inclusão no índice de individualização de materiais de campanha usado neste capítulo.

CAMPANHASDEPARTIDOSOUDECANDIDATOST

|

229

voto, como por exemplo, o facto de os eleitores expressarem um só voto num

partido,

votos

múltiplos

ou um voto abaixo do nível do

partido

(i.e., votando diretamente nos candidatos). Testa-se, ainda, o impacto da regulamentação sobre recursos de

campa-nha (doações,

limites

aos gastos, publicidade

política

pàg

na' televisão), da

dissemi-nação dos novos rnedia, e do grau de descentralização do país. Diversas variáveis de

nível

individual,

retiradas da

literatura

especializada sobre campanhas e comporta-mento de partidos e candidatos, são também inseridas na análise.

Tabela 9.1.

-

Variáveis dependentes, independentes e de controlo

Enfoque comunicativo ccs (2014) Recursos pessoais ccs (2014) de nível macro Magnitude média do círculo de incentivos do sistema eleitoral para

o voto personalizâdo de Carey e Shugart e9s) Acessoarecursoseâ publicidade paga Indice de Disseminação de internet

Controlo (nível individual)

Género

Fìliação

Candidato exerceu funções na sede local do a www.idea.int. 5 www.itu.int. Johnson e Wallack (2012) Johnson e Wallack (2012) IDEAa; Holz--Bacha e Kaid, 2006; Rafter, 2009 Lïlphart (2012) ITU: International Telecommunica-tions lJnions ccs (2014) ccs (2014) ccs (2014) ccs (2014) Fonte Va¡ióveis Descrição/Escala

0'A

campanha tem como objetivo atrair a maior

atenção possível para o partido" a 10

'A

campanha

é destinada ¡afrair a maior atenção possível para o

candidato"

0 (não foram usados recursos ou estratégias pessoais) a 4 (foram usados vários recursos ou estratégias

pessoais)

Variável contínua, a partir de 1 (círculos

uninominais)

1 a 13; números mais elevados representam

incentivos mais fortes

0 (restrito: doações privadas e publicidade paga não

possíveis, limites aos gastos estabelecidos) a 3 (não

restrito: doações privadas possíveis, limites aos gastos

não estabelecidos, publicidade política paga possíve1)

Escala de 5 valores: números mais elevados representam um maior nível de descentralização Percentagem da população que usa internet no ano

anterior ao da eleição; variável contínua, que varia

entre 0 e 100 1= feminino

Escala esquerda-direita com 11 pontos Número de anos afiliado no partido (de 0

-

não

afi liado/recém-afi liado

-

a X anos) 1=sim

(12)

230

|

REPRESENTAÇÁO E pARTiclpAÇÃo

pol,Írrca

NA EURopA EM cRrsE

4.

Individualizaçã,o

das

campanhas

em

perspetiva

comparativa

Qrais

devem ser os objetivos principais das campanhas? Devem as campanhas

chamar a atençã,o dos eleitores para o

partido,

o seu líder, as suas posições programá-ticas, ou para o candidato, as suas qualidades, competência e carisma?

No

conjunto

de países em análise, não existe um consenso no que diz respeito às metas normativas

das campanhas eleitorais: em países como Portugal, Noruega ou Holanda, os

candi-datos tendem a defender que as campanhas se destinam a chamar a atenção para os

partidos, ao passo que os candidatos irlandeses e húngaros são os que mais tendem a

favorecer o foco em si mesmos

(Figura

9.1.).

Nos

casos em que existem dados para duas campanhas

(Portugal,

Suíça, Alemanha,

Finlândia),

existe uma clara tendência para a manutenção dos mesmos padrões em momentos temporais distintos.

Figura 9.1.

-

Enfoque comunicativo da campanha (escala: 0= Enfoque no partido; 10= Enfoque no candidato)

CAMPANHAS DE PARTIDOS OU DE CANDIDATOS?

|

231

rlrî

vez, existem diferenças consideráveis entre os países estudados, com os candida-tos austríacos, islandeses, noruegueses e portugueses a usar'menos recllrsos

indivi

dualizados e os candidatos canadianos a desenvolver

uma

estratégia de campanha

verdadeiramente personali zada

(Figura

9.2.).

Figura 9.2.

-

Índice de personalização de materiais de campanha

(escala de 0 = nenhum material personalizado

-

a 4 = vários materiais personalizados) 4 3,5 3,5 3 2,5 2 3,0 3,0 2,4 2,4 1,6 1,5

Fonte: Elaboração própria com basc nos dados CCS (2014). Não existcm dados para a Austrália, em 2007 e 2010, para

a Alemanha, em 2005, e para a Rcpírblica Checa, cm 200ó.

Qrais

são os fatores que explìcam estagrande variação entre países? Nas

pró-ximas páginas, exploramos as contribuições específicas de fatores contextuais para

explicaf

avafiação no grau de individualizaçã.o das campanhas por parte dos

candi-datos. As variáveis contextuais são as seguintes: sistema eleitoral (magnitude dos cír-culos e incentivos ao

voto

pessoal

na estrutura

de

voto,

e

um

termo

de interação destas duas variáveis), descentralização do país, disseminação do uso da

internet

e

regulamentação do acesso a recufsos financeiros e a publicidade paga. Como variá-veis de

controlo,

são inseridos nos modelos de regressão fatores de nível

individual

como género (existe evidência de que as mulheres são menos propensas aperconalizar

as suas campanhas

do

que os homens; Kadsen

e

Skogerbø,

2015),

autoposiciona-mento

ideológico

numa

escala esquerda-direita

(políticos

de esquerda estão

geral-mente menos interessados em estratégias personalizadas; Giebler e \Mùst,

2017),Liga-ção ao

partido

(anos enquanto membro), e ligação ao círculo eleitoral (se o candidato exerceu funções na sede local do partido).

Antes de mais, é necessário validar a hipótese de que existe variação

significa-tiva

nas atitudes e comportamentos dos candidatos de acordo com a sua pertença a

um

determinado grupo

(neste caso,

o

país/ano da eleição).

Isto

é

feito

através da

0,5 0,5 0 4,4 2, 10 9 o 7 6 5 4 a 2 1 0

\

N Ø N Ø .q Ø d .E ! 6 o Ë o À q N 6 õ õ I N o ! o d N .g .o U N 6 o z N o N .q ! O F N .g o g ü N N .g E o Ê N E 6 N o

-N .q ! s i.r N .9 -9 m N 6 E i5 o E 6 4 4'1

Fonte: Elaboração própria com base nos dados CCS (2014). Não existcm dados para o Canadá cm 2008 e para a

Austrá1ia em 2010.

\

.q ! g ü N a .g o N N Ø N o .q

\

N .9 -s) É a E N d .9 Ø N .q E o E a .g q .g ! g L N ! ! o I N d 9) t d o t d N 6 o o z N E d .g õ g i.i N E 6 i5 N .g .o U Þ I N N ! t N o .9

¡

o E

A

segunda dimensão examinada diz respeito aos recursos e estratégias usados pelos candidatos durante a campanha, nomeadamente o desenvolvimento de uebsites

pessoais,

fyers e

cartaz,es,

ou

anúncios personalizados na imprensa

local.

O

nosso

índice de recursos individualizados varia, portanto, entre 0 (em que nenhuma destas estratégias

foi

usada) e

4

(em que todas as estratégias

foram

implementadas).

Mais

(13)

-l

232

I

REPRESENT,A.çÁO E pARTrCrpAçAO POLÍTICA NA EUROPA EM CRISE CAMPANHAS DE PARTIDOS OU DE CANDIDATOS?

|

233

estimativa de modeios de regressão

multiníveis

vazios, sem variáveis independentes, que são comparados com modelos de regressão

linear

simples, que não têm em

con-sideração

aîatvteza

hierárquica dos dados e a existência de c/usters nacionais de

can-didatos.

O

propósito é

o

de testar a hipótese

nula de

que não existe variação na

v^riâveI dependente devida a características dos clusters.

No

caso do enfoque comuni-cativo das campanhas, os resultados apontam para que

^

variação nas posições dos

candidatos se deva,

em

certa

medida,

à sua pertença a

um

determinado contexto

institucional

(likelyhoodratio test= 1475,2; p = 0,000).

A

correlação interclasses (ICC),

ou proporção de variação atribuível a diferenças entre grupos, é de 0,19, o que

signi-fica que cerca de 810/o àavariação das opiniões dos candidatos sobre o enfoque comu-nicativo da campanha são devidos às variáveis

individuais.

Resultados idênticos são

observados para

a

variâveI

relativa

à

individualização

de

recursos

de

campanha

(liþe\hold

ratio test = 2348,5, p = 0,000;

ICC

= 0,288).

Comecemos

com

a análise

do

enfoque comunicativo da campanha (partido

aersus canàidato).

Em primeiro

lugar, as quatro variáveis de controlo de nível

indivi-dual

assumem

significância

estatística, sendo

o

seu

impacto

nesta variável

depen-dente congruente com as expectativas: primeiramente, os candidatos do sexo

mascu-lino

são mais propensos a defender a ideia de que a campanha deva focar as suas

capacidades

individuais

enquanto personalidades

políticas;

depois,

quanto mais

o

candidato se posiciona à

direita,

menos defende que a campanha deva ser focada no

partido

que representa;

por

fim,

candidatos com

um historial

de filiação

partidária

mais antigo e candidatos que desempenharam funções políticas localmente

apresen-tam

opiniões mais tendentes ao favorecimento da

individualização

das campanhas. São apenas duas as variáveis relacionadas com o contexto com impacto na opinião do

candidato acerca do enfoque comunicativo da campanha.

A

primeira variâvel

contex-tual

que apresenta

um

impacto significativo, ainda

que

muito

ténue, é

o

acesso a

recursos financeiros e publicidade paga, sendo que nos países em que as restrições relativas a estes recursos são mais baixas há uma maior propensão por parte dos can-didatos para considerar que as campanhas devem focar-se nas suas próprias

caracte-rísticas.

O

segundo fator relevante é relativo ao sistema eleitoral, verificando-se que os sistemas mais abertos e propensos ao voto pessoal são também aqueles em que os

candidatos mais defendem a ideia de que as campanhas servem para chamar aatençáo para si em detrimento dos partidos (Tabela 9.2.).

No

que

diz

respeito aos recursos, são três as variáveis de natureza macro que

contribuem para uma maior individualizaçáo dos recursos usados nas campanhas: os

incentivos para o voto pessoal criados pela estrutura de voto, a inexistência de fortes

restrições ao acesso a financiamento e a

publicidade

pag

îa

televisão, e

um

nível mais baixo de disseminação da

internet

(Tabela 9.2.). Este

último

resultado, que é

incongruente com o hipotetizado, poderá ser explicado pelo facto de, em países cuja disseminação da

internet

é

muito

elevada, a individualização passar quase exclusiva-mente pelo uso de ferramentas onlineindividualizadas, e menos pela

individualização

de outros materiais de campanha;

nos países em que a

internet

chega a menos de

metade da população,

a

necessidade de

individtalízar

vários

tipos

de materiais e

recursos de campanha pode ser sentida de maneira mais

forte

pelos candidatos.

Ou

seja, não há

um

efeito negativo da disseminaçáo da

internet

na

individualização

das

Tabela9.2.

-

Fatores individuais e contextuais da individualização

das campanhas (regressão

multinível)

'

Sexo (feminino) -0,06*

Ideologia 0,07*** (0,01) trìliação no partido (anos) o,o1***

Candidato exerce cargo local o,3o***

Incentivos para o voto pessoal 0,31* 76

Magnitude do Círculo Eleitoral 0,16

1.t

Interâção Incentivos* Magnitude -0,03 Descentralização do Estado 0,06 Acesso a recursos e publicidade paga 1.72**

(0,51)

Disseminação da internet -0,04* Constante 0,83

N

841.8

N I .')

Notas: (1) Erros padrão entre parônresis. (2) Sig.: p < .001=***; p . .01=**; p < .05=* (3) Os FIV médios são inferiores a

2 em todos os modelos dc rcgressào.

campanhas, mas, eventualmente,

um

efeito de redução da diversidade das técnicas e

out?uts

utilizados

no sentido de

individualizar a

campanha. Por

fim,

as variáveis de

controlo são estatisticamente significativas, e o seu impacto aPfesenta a direção

espe-rada: os candidatos

do

sexo masculino, aqueles ideologicamente mais próximos da

direita,

os que são

filiados

no

partido

há mais

tempo

e os que exefceram posições

políticas locais tendem a usar recursos de campanha personalizados mais

frequente-mente.

O

modelo em análise

contribui

de

forma significativa

para a explicação das diferenças entre países no que diz respeito ao enfoque comunicativo das campanhas,

ou à

individualizaçáo

dos recursos.

De

facto, neste

último

caso o modelo proposto

explica pouco mais de 10% da variação desta variável dependente

,

mas 9o/o é

atribuí-vel

às variáveis contextuais

num

cenário em que menos de

um

terço da va.riaçã.o é

-0r22*** (0,06) 0r11*** (0,01) o,o1*** (0,001) 0,24** (0,07) 1,1 1*** (0,s2) 0,34 (0,22) -0,72 (0,09) -0,09 (0,23) 7,44** (0,62) -0,03 (0,01) -0,3ó (2,33) B,8o/o 8691

l6

recursos Recursos da campanha (0= nenhum;4= diversos Enfoque da campanha (0=partido; 10=candidato)

(14)

T

I

i

234

|

REPRESENTAÇÃO E p,q.RTrcrpAçÁo

polÍ.rrce

NA EURopA EM CRISE

devida à diferença entre grupos; no caso da variável dependente enfoque comunica-tivo, a proporção de variância explicada pelos fatores macro é um pouco mais modesta (cerca de 70/o)6

,

mas,

visto

que a variaçáo devido à pertença a

um

determ inado cluster é de apenas 79o/o,

o

nosso modelo explica uma proporçã.o nã,o negligenciável desta

variação.

5.

Notas

finais

A

análise apresentada neste capítulo representa

um primeiro

esforço no

sen-tido

de

um

estudo verdadeiramente comparativo

do

fenómeno da individualização

das campanhas descentralizadas, que se observa quando outros candidatos, que não o

líder do partido, decidem adotar um foco e estratégia personalizados na sua campanha

(Balmas et

al.,

2014).

A

análise empírica permite-nos

concluir

que as modalidades

regulativas e institucionais, em termos de finanças de campanha e regras do sistema

eleitoral, parecem ser importantes quer em termos dos comportamentos dos

candida-tos (individualizaçáo de recursos) quer no que diz respeito às suas atitudes em relação aos objetivos da campanha.

No

entanto, a

individualização

que os candidatos fazem dos materiais de campanha parece ser bem mais dependente

do

contexto,

visto

que

além das regras

do

sistema

eleitoral

(em termos dos incentivos para o

voto

pessoal criados pelo mesmo) e da regulação das finanças de campanha e de acesso a

publici

dade paga, varia também em função do grau de disseminação da internet no país. Os resultados deste estudo

confirmam,

em geral, o impacto modesto do con-texto

institucional

sobre as características das campanhas (Bowler e

Farrell,

2077), e

um impacto modesto do contexto como um todo. Contudo, alguns estudos empíricos sugerem também que existem várias propriedades das campanhas eleitorais

-

em

ter-mos de intensidade, objetivos, recursos utilizados, etc.

-

e que os efeitos do contexto

institucional

variam segundo a componente considerada. Este facto reforça a

neces-sidade de adotar

uma

abordagem

multidimensional

para a análise das campanhas

eleitorais. Neste sentido, é

oportuno

também sublinhar

o

carâter exploratório deste estudo.

O

facto de avariação nos níveis de individualização de campanha (em termos de enfoque comunicativo e recursos) devida a características macro é menos pronun-ciada (cerca de 20o/o)

do

que aquela associada às características idiossincráticas dos

candidatos parece sugerir não apenas uma crescente profissionaTização dos campa-nhas, mas também uma grande variedade e heterogeneidade do

tipo

de campanhas adotadas pelos partidos.

No

entanto, isto não significa que os fatores contextuais não

possam

influenciar outras

características das campanhas

ou ter

efeitos indiretos.

Estes são alguns tópicos a que a investigação

futura

deverá tentar dar resposta.

6 Chega-se a esta conclusão através da comparação entre os modelos apresentados na Tabela 2. e um

modelo que inclui apenas as variáveis de controlo, e que contribuía para a explicação de menos de 2o/o de

Imagem

Tabela  9.1.  -  Variáveis  dependentes,  independentes  e  de  controlo
Figura  9.1.  -  Enfoque  comunicativo  da  campanha (escala:  0=  Enfoque  no  partido;  10=  Enfoque  no candidato)

Referências

Documentos relacionados

Os descontos dos percentuais permitidos pela presente Convenção Coletiva de Trabalho a título de fornecimento de vale transporte, incidirão apenas sobre os salários dos dias em

A produção média por planta e produtividade estimada por hectare foram superiores nas videiras submetidas à poda Royat, devido principalmente ao maior número de cachos, uma vez

O objetivo geral deste tutorial é estudar e projetar uma antena Yagi-Uda para ser aplicada em telefonia móvel celular. Os objetivos específicos são: i) estudar o princípio

“intenção” constitucional naquele sentido. Também alegam o necessário policiamento dos processos democráticos, justamente para impedir que a democracia se evanesça.

Especificamente sobre a questão do financiamento, em sua redação final, o Substitutivo ao PL nº 1.210/2007 não apenas propõe a adoção de um sistema exclusivamente público para

Para poder efectuar novamente o arranque do motor, recomendamos- lhe que contacte a rede PEUGEOT ou uma oficina qualificada para proceder à reposição do nível necessária.

A partir dos resultados obtidos pela análise das categorias e, como dito anteriormente, considerando o contexto político, considera-se que, em grande medida, os

35kg e 95kg e compararam a estimativa da gordura corporal e a massa livre de gordura por meio da análise química de seus componentes, relataram que os valores não