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INTERVENÇÕES EDUCATIVAS SOBRE PARASITOSES INTESTINAIS: APLICAÇÃO DE UM JOGO PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL.

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INTERVENÇÕES EDUCATIVAS SOBRE PARASITOSES INTESTINAIS:

APLICAÇÃO DE UM JOGO PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL.

TAISA VIEIRA DA SILVA1; LUCIANA RIBEIRO LEDA2*

1Aluna do Curso de Graduação em Ciências Biológicas, Escola de Ciências da Sáude, UNIGRANRIO. 2Professor do Curso de Ciências Biológicas, Escola de Ciências da Sáude, UNIGRANRIO.*

lurleda@yahoo.com.br

RESUMO

Esta pesquisa descreve uma intervenção educativa sobre parasitoses intestinais através da utilização de um método lúdico, que pode ser utilizado como alternativa para se criar um ambiente saudável e interativo para se trabalhar em diferentes temas, na perspectiva requerida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). O presente trabalho teve como objetivo orientar os alunos do ensino fundamental sobre a importância de práticas de higiene pessoal e na preparação de alimentos, a fim de prevenir este tipo de infecção. Foram utilizados recursos pedagógicos como: palestra com cartazes informativos, distribuição de folder, exposição de um parasita, aplicação de dois questionários avaliativos, um prévio e um pós, elaborados com perguntas fechadas, além da execução de um jogo educativo. O jogo foi executado com 38 alunos entre nove e 15 anos, os resultados do questionário pós foram significantemente superiores ao do prévio. Os dados indicam que os alunos que participaram do jogo apresentaram um acréscimo significativo no conhecimento que possuíam sobre hábitos de saúde que previnem parasitoses intestinais.

Palavras-chave: Parasitose intestinal; Método lúdico; Ensino fundamental.

ABSTARCT

This search describes an intervention on intestines parasites by using a method play. That can be used as an alter native to creating a healthy environment an interactive to be working on different themes required in view PCN’s. The present work has as to guide the elementary students about the importance of personal hygiene practices, to prevent this infection. Teaching resources were used as lectures with posters, news tellers, folders, exhibition of a parasite, application of two assessment questionnaires, one before and after, with questions and educational games. The game was with 38 students between nine and 15 years, the results of the questionnaires were significantly higher. The results indelicate that students who participate in the game show a significant increase in know ledge about health habits that prevent intestines parasitic.

Keywords: Parasitic intestines; Method of play, Basic education.

INTRODUÇÃO

As parasitoses intestinais são infecções causadas por protozoários, sendo divididos em dois filos Platyhelminthes (Taenia solium, Taenia saginata) e Nematoda (Trichuris trichiura, Enterobius vermicularis, Ascaris lumbricoides, Ancylostoma duodenale e Necator americanus) (TOSCANI, 2007). Segundo este mesmo autor, esses agentes etiológicos apresentam ciclos evolutivos que contam com períodos de vida livre no ambiente, de parasitose em outros animais e de parasitose humana.

Os parasitas intestinais se associam a outros seres vivos em uma relação em que são os únicos beneficiários, já que obtêm abrigo e nutrição, aos hospedeiros, restam os graves problemas de saúde, resultado da agressão sofrida (MOTA, PENNA & MELO, 2005).

Neves (2005) reforça a afirmação de Castro (2004) onde diz que a prevalência das

parasitoses se dá cuja transmissão via fecal-oral ou penetração pela pele e sua maior incidência é em pessoas que apresentam nível socioeconômico mais baixo e condições precárias de saneamento básico, assim se tornando mais susceptíveis à aquisição destas parasitoses. Toscani (2007) complementa afirmado que a infecção humana é mais comum em crianças, sendo águas e alimentos os principais veículos de transmissão.

Mota, Penha & Melo (2005) relatam que as parasitoses intestinais são extremamente comuns e freqüentes entre as crianças em idade pré-escolar e escolar. Por este motivo, instituições de ensino são ambientes que têm sido cada vez mais estudados, por aumentar a susceptibilidade de alunos a infecções parasitárias (BARÇANTE, 2007).

Para Tavares (2001) as infecções intestinais por parasitas têm relação com os padrões inadequados de higiene pessoal e de alimentos. De acordo com este autor, por oferece

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maior risco de contaminação os cuidados de higiene devem se concentrar nas áreas como praças e escolas e desta forma, promover a integração dos hábitos de saúde individuais e ambientais. O autor enfatiza que medidas simples, porém não menos importantes, é a lavagem das mãos e de alimentos com água e sabão comum, onde a eficaz no combate das infecções intestinais é de grande valia.

Segundo Andrade (2005) a educação em saúde além de uma estratégia de baixo custo, tem se mostrado capaz de atingir resultados significativos e duradouros no controle das parasitoses intestinais. O autor afirma que as práticas educativas se mostram tão eficazes quanto o saneamento básico, sendo superiores ao tratamento em massa em longo prazo e este tipo de intervenção é recomendado tanto em populações com endemicidade alta ou baixa (PHIRI, 2000).

A prática de orientação e intervenção na escola é defendida pelo Ministério da Educação (MEC) nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), como eixo transversal ao currículo (MEC, 1998). O documento considera a escola como parceira da família e da sociedade na promoção da saúde das crianças e dos adolescentes, e atribui, às escolas, a co-responsabilidade de orientação da criança desde o pré-escolar ao Ensino Fundamental (MEC, 1998).

A influência da educação em saúde no ambiente escolar sobre a contaminação por parasitas intestinais proporciona aos alunos conhecimento sobre essas doenças, desta forma, é possível obter a redução do número de infecções nessa população (BOEIRA, 2010). Porém, para haver a redução dessas infecções e um controle significativo das parasitoses intestinais, as atitudes educativas precisam ser integradas a um processo contínuo de educação (FERREIRA, 2005).

Estudos relatam que o método lúdico integrado ao processo de educação tem se mostrado uma ferramenta útil em boa parte das escolas (ARAÚJO, 2001; SCHALL, 2000). Torres (2003) afirma, que uso de um jogo educativo sugere ao aluno a reflexão sobre a adoção de um estilo de vida saudável, bem como à construção do conhecimento.

Para Freire (1976) e Pichon-Rivière (2000) ao aproximar jogo e educação, há um compartilhamento de visões mais contemporâneas sobre educação, que ressaltam a importância da iniciativa e participação dos alunos no processo

de aprendizagem. Embora apresentem visões distintas, esses autores se aproximam à medida que compartilham de um modelo educativo e similar na interpretação do processo de ensino aprendizagem (NOGUEIRA, 2003).

De acordo com Fontoura (2004) o ambiente lúdico do jogo é um espaço privilegiado para a promoção da aprendizagem e nele o participante enfrenta desafios, testa limites, soluciona problemas e formulam hipóteses, pois jogar é uma atividade paradoxal: ao mesmo tempo, livre, espontânea e disciplinada, é uma maneira de apropriação de conhecimentos de forma direta e ativa.

Na área de educação em saúde, os jogos são considerados como um recurso interativo e motivante, capaz de gerar aprendizagem, promover diálogo, facilitar a abordagem de temas e o debate de situações cotidianas (REBELLO, MONTEIRO & VARGAS 2001). Quando visto pela opinião dos participantes, o jogo educativo é considerado divertido, estimulante, esclarecedor de dúvidas, facilitador da aprendizagem, interativo, inovador e ilustrativo (SANTOS, MAGALHÃES & BITTENCOURT, 1993).

Tendo essas considerações em vista, o presente trabalho se propôs a avaliar o uso do jogo de tabuleiro como estratégia educativa, almejando orientar os alunos do ensino fundamental sobre a importância de práticas de higiene pessoal e na preparação de alimentos, a fim de prevenir as parasitoses intestinais.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado no Colégio Nova América, da rede estadual de ensino, situado na cidade de Duque de Caxias (RJ), com 38 alunos do 6º ano do ensino fundamental.

Confeccionou-se um jogo de tabuleiro (Figura 1) intitulado “Jogo da Saúde” direcionado aos alunos do ano letivo supracitado, cuja idade variou de nove a quinze anos. Foram criadas as regras para o “Jogo da Saúde” com base em perguntas e respostas, hábitos incorretos e corretos direcionados a prevenção de parasitoses intestinais.

Foi utilizado na pesquisa um folder, elaborado pela SETI (Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior) na forma de história em quadrinhos. O objetivo do folder foi abordar os hábitos corretos e incorretos do cotidiano do aluno.

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FIGURA 1: Tabuleiro do “Jogo da Saúde” Os dois questionários fizeram parte do jogo em momentos distintos de avaliação: um prévio e um pós, onde a aplicação teve o intuito de mensurar o impacto da estratégia proposta.

Desta forma, a pesquisa apresentou três etapas:

Primeira Etapa:

Elaboração dos questionários.

Foram elaborados dois questionários com perguntas fechadas, relacionadas aos hábitos de higiene, (roer as unhas, lavar as frutas antes de comer, cortar as unhas, brincar na vala, lava as mãos após sair do banheiro, andar descalço)

sendo o primeiro questionário “prévio” (Quadro 1) e o segundo considerado “pós” (Quadro 2). O objetivo dos questionários foi diagnosticar os hábitos corretos e incorretos praticados pelos alunos e possuir um grau de conhecimento em relação às formas de contágio, sintomas e profilaxia das infecções parasitárias intestinais.

Cada questionário possuiu as categorias de gênero e faixa etária. Com relação à faixa etária (FE), foram estabelecidas três faixas etárias de acordo com a tabela 1. Pelo fato da turma pesquisada não possuir alunos com idade de dez anos, a FE I foi categorizada com três idades subseqüentes (9 a 11 anos).

TABELA 1: Faixa etária dos alunos do 6º ano

Faixa Etária Idade

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Para a análise dos resultados, como algumas perguntas possuíam mais de uma opção de escolha, foi considerado o número de respostas e não de respondentes.

Segunda Etapa / teórico-prática:

Aplicação do questionário prévio, do jogo e cartilha.

O jogo foi construído para ser aplicado após o questionário prévio (Quadro 1), seguido de uma palestra, onde foram utilizados os folders. QUADRO 1: Modelo de questões do questionário prévio.

Foi utilizado como exemplar um parasita (Ascaris lumbricoides) e cartazes, abordando as principais parasitoses intestinais na infância e explicando como ocorre a transmissão, os sintomas, profilaxias.

Para o jogo de tabuleiro confeccionado (Figura 1), foram criados dois tipos de cartas:

Carta Surpresa (Figura 2), onde foram escolhidos hábitos de saúde relacionados com a profilaxia das parasitoses intestinais na infância: lavagem das mãos, lavagem de alimentos, o uso de calçados e preparação adequada de alimentos. Carta Pergunta (Figura 3), onde foram feitas perguntas relacionadas aos conhecimentos previamente adquiridos durante a palestra.

II 12 a 13 anos

III 14 a 15 anos

1- MARQUE OS SEUS HÁBITOS ( ) Roer as unhas

( ) Lavar as frutas antes de comer ( ) Cortar as unhas

( ) Brincar na vala

( ) Sempre lava as mãos após sair do banheiro ( ) Andar descalço

( ) Beber água filtrada ( ) Comer frutas sem lavar

( ) Beber água direto da mangueira ( ) Brincar descalço no parque de areia

( ) Esquece de lavar as mãos após sair do banheiro

2 - Você já teve verme? ( ) Sim ( ) Não 3 - Quais vermes vocês conhecem ou já ouviu falar?

( ) lombriga ( ) Solitária (Tênia) ( ) Oxiúros

4 - Como se adquire verminoses? ( ) Pela boca e pelos olhos ( ) Pela boca e orelhas ( ) Pela boca e pela pele

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FIGURA 2: Exemplos de Cartas Surpresa.

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Antes do inicio do “Jogo da Saúde” foram apresentadas e pactuadas as regras (Quadro 2), a fim de que os participantes planejem

estratégias e decidam sobre alguns pontos, entre eles quem será o representante do grupo.

QUADRO 2: Regras do “Jogo da Saúde”

O objetivo do jogo foi ilustrar o cotidiano do aluno, com representação de sua casa, sua escola e os locais onde brinca. Neste contexto, as diversas situações do cotidiano, onde se fazem necessárias as medidas básicas de higiene, são exploradas como elementos de pontuação para o seguimento do aluno na partida. Terceira Etapa:

Aplicação do questionário pós.

O questionário “pós” (Quadro 3), foi aplicado três dias depois do questionário “prévio” com os mesmos alunos. O objetivo da aplicação após três dias foi para haver maior assimilação da parte dos alunos a respeito do conteúdo abordado na palestra. Tal questionário foi desenvolvido com sete (7) perguntas fechadas, já com as categorias previamente elaboradas.

QUADRO 3: Modelo de questões do questionário pós. 1- Como se adquire verminoses?

(A) Pela boca e pelos olhos (B) Pela boca e orelhas (C) Pela boca e pela pele

2- O que sentem as pessoas com lombriga (Ascaris lumbricoides)?

(A) Dor de ouvido e dor nas costas. (B) Falta de apetite e dor de barriga. (C) Falta de ar e dor de cabeça. 3- O que significa a palavra parasita?

(A) Seres que vivem suprindo outros seres vivos. (B) Seres que vivem beneficiando outros seres

vivos.

(C) Seres que se alimentam à custa de outros seres vivos.

4- Os vermes se desenvolvem especialmente no: (A) Coração (B) Intestino (C) Sola do pé

5- Água e alimentos contaminados transportam os vermes para o interior do organismo. Qual é a forma que estes vermes chegam lá?

(A) Na forma de vermes adultos. (B) Na forma de ovos dos vermes.

(C) Na forma de ovos e também de adultos dos vermes.

6- Quais destas atitudes não te protegem de pegar uma verminose?

(A) Usar as unhas sempre muito bem cortadas e limpinhas.

(B) Lavar as mãos depois do banheiro e antes de comer.

(C) Não usar o banheiro pra eliminar fezes. 7- Uma das maneiras de diagnosticar parasitoses em uma pessoa é através do exame de:

(A) Fezes (B) Urina (C) Sangue

 A turma deverá ser dividida em duas equipes distribuindo-se meninos e meninas de forma equilibrada entre eles;

 Cada equipe deverá escolher um representante que ficará responsável por jogar o dado;  Será feito um sorteio para determinar a ordem dos participantes;

 Cada pergunta respondida de forma correta guarda as devidas informações para dar seqüência na partida;

 Caso a equipe da vez não souber responder à pergunta feita, ele passa a vez, sem marcar pontos;

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RESUTADOS

Participou do estudo um total de 38 alunos, sendo 17 meninos e 21 meninas com idades variando entre nove e 15 anos como explicado na Tabela 2.

O percentual abordado no Gráfico 1 é referente aos hábitos de saúde relacionados pelos alunos. Opções como, lavar as frutas antes de comer, beber água filtrada e sempre lavar as mãos após sair do banheiro, foram às alternativas mais marcadas.

Quando questionados sobre os hábitos, foi observado que dentre as sete (07) opções de hábitos que os alunos poderiam marcar 19% marcaram como seus hábitos lavar as frutas antes de comê-las, seguindo de 16% que disseram beber água filtrada e 12% disseram andar descalços. Porém, se pode observar que cerca de 10% dos alunos participantes do estudo, disse ter o hábito de roer as unhas, resposta esta, que vai contra aos 15% que marcaram ter como hábitos a lavagem das mãos.

TABELA 2: Faixa etária e quantidades dos alunos do 6º ano.

Gráfico 1. Relacionado aos hábitos dos alunos. Primeira pergunta do questionário “prévio”.

Faixa Etária Idade Quantidade

I 9 a 11 anos 22

II 12 a 13 anos 13

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Quando perguntado aos alunos se eles já tiveram algum tipo de verminose, constatou-se que do total 50% já contraíram a infecção.

Gráfico 2. Relacionado à segunda pergunta do questionário “prévio”.

Porém quando perguntado aos alunos quais vermes eles já ouviram falar, foi observado que a verme mais conhecida entre os estudantes é a Lombriga, onde obtiveram 59% das marcações, seguindo de 30% da Solitária, 8% Oxiúros e 3%

que não responderam. Por tanto, ainda que 50% dos alunos tenham dito que nunca tiveram verme (Gráfico 2) 97% dos alunos que participaram da pesquisa, disseram conhecer algum tipo de verminoses.

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Quando perguntado aos alunos a respeito da contaminação das verminoses, pode-se observar o conhecimento errado a respeito da transmissão de parasitoses intestinais. Só 75% dos alunos responderam a forma correta de contágio, os outros 25% responderam a forma errada.

Alguns alunos afirmaram durante o decorrer da palestra que levar a mão suja aos olhos para coçar, pega verme. Esta afirmação é constatada no gráfico 4, onde 20% dizem que a transmissão de parasitoses intestinais pode ser pelos olhos.

Gráfico 4. Relacionado à quarta pergunta do questionário “prévio”.

Gráficos relacionados ao questionário “pós”: Como foi dito anteriormente, o objetivo da aplicação do questionário “pós” ter sido três dias depois, foi a fim de avaliar a assimilação dos alunos ao conteúdo abordado.

De acordo com o gráfico 5 pode-se notar a eficácia da palestra abordada e do jogo aplicado, pois pôde-se observar um aproveitamento de 100% na questão de contágio a parasitoses intestinais, percentual não atingido em primeiro instante (Gráfico 4).

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Em relação aos sintomas de uma pessoa contaminada com Ascaris lumbricoides, 100%

dos alunos marcaram a opção correta.

Gráfico 6. Relacionado à segunda pergunta do questionário “pós”.

Foi observado que em relação ao desenvolvimento dos vermes, os alunos participantes do estudo não tiveram dúvidas.

Como mostrado abaixo (gráfico 7), 100% dos alunos marcaram a resposta correta.

Gráfico 7. Relacionado à terceira pergunta do questionário “pós”

Mesmo após a palestra e a utilização do jogo didático, foi observada certa dúvida dos alunos a respeito da definição da palavra parasita. Apenas 89% marcaram a opção correta, onde se tem por definição de parasitas, seres que se alimentam a custa de outros seres vivos.

A definição errada da palavra foi marcada por 11% dos alunos, onde os mesmos disseram que parasitas são seres que vivem beneficiando outros seres vivos.

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Gráfico 8. Relacionado à quarta pergunta do questionário “pós”

Outra dúvida permanente entre os alunos é em relação à forma que os parasitas chegam até o interior do hospedeiro definitivo.

No gráfico abaixo, pode-se observar que 63% dos alunos marcaram a opção correta, onde os mesmos afirmam que a água e alimentos podem contaminar os hospedeiros definitivos com

os ovos dos vermes. Porém, 37% dos alunos disseram que não, que a água e os alimentos podem contaminar tanto com os ovos dos vermes, quanto com vermes em sua fase adulta.

Gráfico 9. Relacionado à quinta pergunta do questionário “pós”

Em relação as profilaxias, não houve dúvidas após a palestra, 100% dos alunos sabem que lavar as mãos depois da utilização do

banheiro e antes de comer, é importante. Assim como usar as unhas sempre bem cortadas e limpas.

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Gráfico 10. Relacionado à sexta pergunta do questionário “pós”

A dúvida que também permaneceu após a palestra e a utilização do jogo, foi em relação ao exame feito para se diagnosticar parasitóses, cerca de 87% dos alunos acertaram ao dizer que o

diagnostico é feito através do exames de fezes. Porém, um total de 13% se equivocou ao informar que o exame é feito através da coleta de urina e de sangue.

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DISCUSSÃO

O jogo de tabuleiro obteve grande aceitação por parte dos estudantes ao qual foi destinado. Observou-se, um grande entusiasmo por parte dos alunos, muitos dos quais ficavam esperando sua vez de jogar. Analisando as respostas dos alunos no questionário prévio, verificou-se que os conhecimentos mais consolidados entre eles são os hábitos de lavar bem as frutas antes de comê-las, beber água filtrada e lavar as mãos após utilizar o banheiro. Estes dados não são incomuns, pois os hábitos em questão são bastante transmitidos e constituem noções básicas de higiene. Este fato pode estar associado à abordagem dos hábitos de saúde e higiene nos ciclos anteriores do ensino fundamental (Secretaria de Educação Fundamental, 1998).

Cabe ressaltar que foi realizado um estudo prévio da realidade dos alunos para os quais o jogo se destina, pois desta forma, as escolhas dos hábitos de saúde promovidas pelo jogo tenham sido feitas com base na realidade dos mesmos. Pois a construção do conhecimento a partir da realidade, proporciona aos alunos dinamismo do contexto de aprendizagem (SHALL 1999).

Foi verificado que tanto os mais jovens, quanto os mais velhos da turma, tinham menos conhecimentos, mas logo após participarem das atividades foram capazes de assimilar totalmente o conteúdo apresentado.

A elevação no conhecimento dos alunos, revelada no teste “prévio” e “pós”, aponta que o processo de construção do conhecimento através da aplicação do jogo educativo junto aos alunos, demonstrou ser eficaz e satisfatório. Para Macedo (1995), os jogos educativos têm grande importância para a produção do conhecimento, no sentido de serem reveladores do como e o porquê das coisas.

Os maiores percentuais de acerto no questionário “prévio” foram encontrados nos alunos de 11 a 13 anos. Outro resultado obtido é referente ao declínio do rendimento que aparece a partir dos 14 anos.

Não foram encontradas diferenças significativas entre o aproveitamento dos meninos e das meninas, o que evidenciou o fato de que o jogo mostra-se indicado para ambos os gêneros.

A análise dos resultados demonstra que o “Jogo da Saúde” é adequado para a aquisição do conteúdo relativo aos hábitos de saúde propostos, ele segue alguns preceitos descritos por Abrams

(1979), onde o mesmo diz que o jogo tem que representar atividades familiares ao dos estudantes.

Freire (1976, p. 119) diz que quando o aluno compreende a realidade, ele pode desafiá-la e procurar possibilidades de soluções, por tanto o jogo abordou questões como lavar as mãos após o uso do banheiro e lavar uma fruta antes de ingeri-la, onde retrata situações que, provavelmente, o aluno conhece. Isto facilita a aquisição do conhecimento, pois estabelece uma conexão entre a atitude de lavar, ou não, as mãos após o uso do banheiro, que tem lugar na vida real.

É importante valorizar o fato de que essas ações promovem a interação social e o entretenimento, esses fatores tornam a atividade mais dinâmica, agradável, e o desafio em si constitui um ponto de interesse particular. Nesse contexto, divulgar o conhecimento reforça o aprendizado por prender mais a atenção dos estudantes (FONTOURA, 2004).

Estudos anteriores como os de Ayres (2002) e Phiri (2000) demonstram que o aprendizado de hábitos profiláticos de saúde, como os abordados pelo jogo, diminui a prevalência de infecções e, conseqüentemente, os gastos com atendimento médico. Assim, pode-se supor que o “Jogo da Saúde” também seja capaz de contribuir para esse fim, embora isto não tenha sido mensurado neste estudo.

Kruschewsky e Chaves (2008) afirmam que a educação em saúde tem como objetivo a prevenção das doenças, buscando a mudança de comportamento através do despertar de uma consciência crítica, além de construir nos alunos um conceito acerca de hábitos saudáveis.

Para Boeira (2010), a influência da educação em saúde no ambiente escolar sobre a contaminação por parasitas intestinais, proporciona aos alunos conhecimento sobre essas doenças, e dessa forma é possível a redução do número de infecções nessa população.

Todavia, para que sejam alcançados resultados efetivos, devem-se promover ações paralelas, que abranjam não somente os alunos, mas também os pais e o restante da comunidade (MOTA, PENNA & MELO, 2005). Para que o jogo não se torne um evento isolado e sem continuidade, é preciso inseri-lo em processos educativos mais abrangentes, com ações continuadas. É também imprescindível que se forneçam estruturas ambientais compatíveis com hábitos de saúde, pois não faz sentido ensinar um aluno a lavar um alimento antes de comê-lo se não houver água potável para fazê-lo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O jogo da saúde foi aceito entre os alunos do ensino fundamental, pois o mesmo permitiu aos estudantes uma participação de forma intensa, descontraída e interativa, o que facilitou o aprofundamento dos assuntos abordados durante a palestra. É possível afirmar que essa estratégia é profícua para intervenções educativas, pois, proporciona momentos de interação, socialização e concentração para realizar as atividades propostas no jogo.

É esperado que os alunos tenham alcançado não só o objetivo de chegar até o final do caminho do jogo e assim, vencer a partida, mas que, sobretudo, eles possam aplicar no cotidiano de seus lares as medidas profiláticas discutidas. Dessa maneira, levando o conhecimento aos adultos da comunidade, onde possivelmente se tornarão mais saudáveis e terão melhor qualidade de vida.

A utilização do Jogo da Saúde foi positivamente avaliada como estratégia de Educação em Saúde, pois foi perceptível a mudança do conhecimento dos alunos acerca do tema abordado, e durante a utilização do método lúdico foi exposta por parte dos alunos, a vontade de tirar suas dúvidas.

Através dessa estratégia, os participantes relataram sentir-se motivados, o que é indispensável já que no processo de Educação em Saúde é necessário primeiro que haja a motivação para que seja possível a construção do co-nhecimento, tendo como objetivo promover a adoção de hábitos saudáveis.

Partindo do pressuposto de que a escola é um ambiente multicultural, principalmente, a da rede pública, na qual é grande a possibilidade de interações entre sujeitos de diferentes classes e grupos sociais não só em seu interior, mas ainda fora dele, acredita-se que a ação pedagógica de preparar cidadãos para o cuidado e a prevenção de parasitoses intestinais pudesse contribuir para a redução dessa problemática pública de saúde, pelo menos na localidade em que este projeto foi aplicado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Imagem

FIGURA 1: Tabuleiro do “Jogo da Saúde”
FIGURA 3: Exemplo de Cartas Pergunta
Gráfico 1.  Relacionado aos hábitos dos alunos. Primeira pergunta do questionário “prévio”
Gráfico 3. Relacionado à terceira pergunta do questionário “prévio”.
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