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As concepções dos estudantes do ensino médio de uma escola particular sobre serrapilheira: um estudo de caso.

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Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.6, n.2, p.21-39, jul-dez 2011. Página 21

AS CONCEPÇÕES DOS ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA

PARTICULAR SOBRE SERRAPILHEIRA: UM ESTUDO DE CASO

THIAGO XISTO1, PALOMA GUEDES VASCONCELOS1, SULA SALANI2*

1 Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas da Unigranrio; 2 Docente do Curso de Ciências Biológicas, Escola de Ciências da Saúde, Unigranrio. *sulasm@gmail.com. Rua Professor José de Souza Herdy, 1160. 25 de Agosto, Duque de Caxias, RJ.

RESUMO

A conscientização sobre a importância da conservação e preservação do meio ambiente deve ser integrada ao ensino de Biologia, no ensino médio, pois os alunos nessa idade estão mais maduros. Para abordar o ensino de biologia e a conservação e preservação do ambiente, foi escolhido o tema serrapilheira, pois abrange áreas de estudo como botânica, zoologia e ecologia. O estudo da serrapilheira é importante para a compreensão do funcionamento dos ecossistemas florestais, pois a mesma é composta por fragmentos orgânicos de origem vegetal (folhas, caules, frutos, sementes) e animal tendo um papel fundamental na ciclagem dos nutrientes. O trabalho foi realizado com os alunos de ensino médio de um colégio particular do município de Duque de Caxias. Foram administradas aulas teóricas e aulas práticas e para medir o nível de aprendizagem foram aplicados questionários sobre o tema. O estudo mostrou que os alunos têm um bom aprendizado quando lhes é fornecido aulas mais atrativas, fazendo com que eles, além de assimilar melhor o assunto, desenvolvam um senso crítico.

Palavras-chave: Educação, Metodologias alternativas de ensino, percepção do ambiente.

HIGH SCHOOL STUDENTS’ CONCEPTIONS ON LITTERFALL: A CASE

STUDY

ABSTRACT

Awareness of the importance of conservation and preservation of the environment must be integrated into the teaching of biology in high school, since students at this age are more mature. To approach the teaching of biology and conservation and preservation of the environment, the chosen theme was the litterfall, for it covers areas of study such as botany, zoology and ecology. The litterfall study is important for understanding the functioning of forest ecosystems, as it is composed of organic fragments of plant origin (leaves, stems, fruits, seeds) and animal, playing an essential role to the nutrient cycle. This work was carried on with high school students of a private school in the city of Duque de Caxias. Lectures and practical classes were ministered in addition to questionnaires on the subject to measure the learning efficiency. The study showed that students assimilate information more efficiently when they are exposed to more attractive lessons, allowing them not only to discuss over, but to develop a critical sense toward the subject as well.

Keywords: Education, Alternative teaching methodology, Environmental perception.

1. INTRODUÇÃO

A intensa exploração do meio ambiente marca o processo de desenvolvimento brasileiro. A manutenção do progresso requer uma crescente demanda de recursos naturais, fazendo que o homem ocupe o ambiente natural e explore diversos locais, na maioria das vezes sem um planejamento, levando a uma rápida degradação do meio natural (CAMPOS, 2008). Diante isso, é nítida a crescente preocupação com a conservação de recursos naturais e a biodiversidade (METZGER & CASATTI, 2006).

Falar em preservação da biodiversidade equivale a falar em preservação da variedade em todos os seus níveis de universalidade, incluindo

suas causas e todas suas manifestações e componentes, da variação genética entre indivíduos à variação entre ecossistemas. A conservação visa preservar amostras representativas da biodiversidade, seus processos e padrões (TRAJANO, 2010).

A conscientização sobre a importância da conservação e preservação do meio ambiente deve ser integrada ao ensino de Biologia, no ensino médio, pois os alunos possuem uma maior maturidade e conseguem desenvolver valores inerentes às relações humanas e interações com o meio ambiente (BRASIL, 2005). A escola tem grande importância na contribuição para a melhoria da qualidade de vida e na sua interação

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Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.6, n.2, p.21-39, jul-dez 2011. Página 22 positiva com a sociedade na citação de BORGES

& LIMA (2007).

“As demandas da sociedade contemporânea requerem que a escola revise as práticas

pedagógicas e tal revisão passa,

necessariamente, pela reorganização dos conteúdos trabalhados, abandonando aqueles sem significação e elegendo um conjunto de temas que sejam relevantes para o aluno, no sentido de contribuir para o aumento da sua qualidade de vida e para ampliar as possibilidades dele interferir positivamente na comunidade da qual faz parte. Exigem,

também, repensar as estratégias

metodológicas visando à superação da aula verbalística, substituindo-a por práticas pedagógicas capazes de auxiliar a formação de um sujeito competente apto a reconstruir conhecimentos e utilizá-los para qualificar a sua vida.” (BORGES & LIMA, 2007)

Pelos motivos supracitados, resolveu-se trabalhar com o tema serrapilheira, que não é abordado em livros didáticos de ensino médio, apesar de ser importante (Observação pessoal), pois a serrapilheira é um tema integrador, abrangendo conhecimentos sobre diversos grupos de seres vivos e ecologia.

O estudo da serrapilheira é importante para a compreensão do funcionamento dos ecossistemas florestais (ALVES et al., 2006), ela é composta por fragmentos orgânicos de origem vegetal (folhas, caules, frutos, sementes) e animal (DIAS & OLIVEIRA FILHO, 1997; SILVEIRA et al, 2007) e controla diversas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, caracterizando-se como um fator-chave à manutenção de sistemas florestais e controle de processos erosivos, pois ao ser decomposta, fornece, entre outros compostos, o húmus ao solo (CAMPOS, 2008).

É particularmente importante por atuar na superfície do solo como um sistema de entrada e saída, recebendo entradas via vegetação e, por sua vez, decompondo-se e abastecendo o solo e as raízes com nutrientes e matéria orgânica, sendo essencial na restauração da fertilidade do solo em áreas em início de sucessão ecológica (EWEL, 1976).

Sua acumulação intercepta luz, sombreando sementes e plântulas e reduzindo a amplitude térmica do solo (CARREIRA et al, 2006). Ao reduzir a temperatura do solo e ao criar um obstáculo à difusão do vapor d’água, a serrapilheira reduz a evaporação do solo, porém ela também reduz a disponibilidade de água,

retendo uma considerável proporção de água da chuva que chegaria ao solo. Pode ainda impedir a chegada de algumas sementes e dificultar o crescimento de plântulas (FACELLI & PICKETT, 1991; BARBOSA & FARIA, 2006).

Preocupado com a degradação da natureza e a qualidade no ensino de Biologia, este artigo tem por objetivo verificar o nível de conhecimento dos alunos sobre a serrapilheira e sua importância no ambiente e promover a Educação Ambiental através de metodologias de ensino mais atrativas.

2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. LOCAL DO ESTUDO

O presente estudo foi desenvolvido com os alunos do ensino médio de um colégio particular do município de Duque de Caxias – Rio de Janeiro (RJ). É uma escola particular de médio porte e possui uma biblioteca bem estruturada.

No turno da manhã estudam alunos de 8º e 9º ano do ensino fundamental, e 1º ao 3º ano do ensino médio. No turno da tarde, estudam apenas alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. Além do ensino médio, há um curso preparatório para o vestibular.

2.2 Aulas

2.2.1 Aula Teórica

Foi feito um levantamento bibliográfico nos livros de ensino médio: Biologia dos organismos e Biologia das populações (AMABIS & MARTHO, 2010), Bio: volume 1 e 3 (LOPES & ROSSO, 2010), Ser Protagonista – Biologia 2 e 3 (SANTIAGO, VINCENTIN & ARGEL, 2010), Biologia: volume 1 e 2 (SILVA, SASSON & CALDINI, 2010) e bibliografia científica especializada (BARBOSA & FARIA, 2006; METZGER & CASATTI, 2006; RODRIGUES et al., 2008).

Os livros didáticos supracitados foram revisados para selecionar conteúdo que seria abordado com os alunos nas salas de aula, juntamente com a bibliografia especializada em serrapilheira (ALVES et al., 2006; GONTIJO et al., 2007; MELO & RESCK, 2003; CRUZ et al., 2004; LEIVAS & FISCHER, 2008).

Depois foi preparada uma aula expositiva em ‘Data show’ com informações e imagens sobre serrapilheira demonstrando sua composição, interação com o meio ambiente e os animais.

A aula teórica foi realizada dia 03 de Maio nas três turmas.

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2.2.2 Aula Prática

2.2.2.1 Preparação da aula prática

No dia 16 de Abril, foram coletadas amostras de serrapilheira para a aula prática no jardim do Sítio Sol da Justiça localizado em Vila de Cava, Nova Iguaçu, onde se percebia intensa precipitação de folhas e espessa camada de material orgânico sobre o solo, evitando-se a extração de ambientes preservados.

Após três dias da coleta, o material foi posto no funil de Berlese-Tüllgren, adaptado de RODRIGUES (2008) – composto por uma câmara de incubação de polipropileno (garrafão de 20L de água mineral) com uma lâmpada de 120 watts, permitindo um gradiente decrescente de temperatura de cima para baixo e, na extremidade inferior, afunilada, uma tela de arame com o retículo de dois centímetros foi posta para segurar o folhiço e permitir que os animais a atravessem e caíssem em um recipiente contendo álcool 70%.

A serrapilheira ficou durante duas semanas no funil de Berlese-Tüllgren, depois o recipiente com álcool a 70% foi triado.

O importante na triagem dos animais que estavam na serrapilheira não era a quantidade de animais, mas sim os diferentes grupos (Filo e Ordem).

Os animais encontrados foram identificados em nível de Classe e sua respectiva Ordem para o caso de algum aluno apresentar dúvidas ou curiosidades. A divisão de ordens foi de acordo com RUPPERT et al., 2005.

2.2.2.2 Aula prática com os alunos

A aula prática foi realizada dia 10 de Maio, nas salas de aulas do colégio.

Nela foi abordado o método de extração pelo funil de Berlese-Tüllgren, e mostrados os animais, enfatizando a importância e a anatomia destes.

Os alunos puderam manipular os animais e fazer perguntas sobre sua morfologia, fisiologia e ecologia.

2.3 Questionários

Para analisar o conhecimento dos alunos do ensino médio de cada ano (1º, 2º, e 3º) sobre serrapilheira, foi aplicado um questionário - com duas perguntas dissertativas e três objetivas, totalizando cinco perguntas gerais sobre o tema serrapilheira, para verificar o que os alunos

sabiam sobre o assunto (Quadro 1), em três salas de aulas (uma de cada série) escolhidas aleatoriamente.

Para saber o que os alunos absorveram sobre a aula dada, os autores decidiram reaplicar o questionário 1 após as duas aulas (teórica e prática) (Quadro 1).

Nome:_______________________________________ Turma:________

1. Você já ouviu falar em Serrapilheira? 2. Há vida na Serrapilheira?

( ) Sim - ( ) Não

3. Assinale onde encontramos Serrapilheira: ( ) Mata Atlântica ( ) Floresta Amazônica

( ) Oceanos ( ) Manguezais

( ) Deserto ( ) Jardim

4. Por que é importante preservar a Serrapilheira? 5. De acordo com o esquema abaixo, marque a opção que

expressa a importância da Serrapilheira para a vegetação. Ela propicia:

Quadro 1 – Questionário 1 utilizado para análise de aprendizagem sobre a serrapilheira.

Um segundo questionário foi aplicado, o questionário 2 (Quadro 2), que além de avaliar o conhecimento adquirido pelos alunos sobre o tema, tinha o intuito de compreender o que os alunos acharam sobre as diferentes metodologias de ensino, aula teórica falada, com o data show e a aula prática com os animais da serrapilheira. Esse questionário tinha dez perguntas discursivas, assim os alunos poderiam escrever mais livremente sobre suas considerações e avaliar o real conhecimento dos alunos, sem que eles ficassem presos em respostas pré-escritas, as quais podiam direcioná-los a um falso positivo.

Foi chamada de falso positivo a resposta dada pela a escolha aleatória da opção dada. Os questionários aplicados nesta pesquisa foram elaborados pelos autores.

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Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.6, n.2, p.21-39, jul-dez 2011. Página 24 Nome:__________________________________

_____ Turma:________

1. Quais animais foram observados?

2. A qual grupo taxonômico esses animais pertencem?

3. Qual animal apareceu em maior quantidade?

4. Como o funil de Berlese funciona?

5. Por que esses animais fogem do calor e da luz?

6. Qual a importância deles para o solo?

7. Por que podemos encontrar Serrapilheira no jardim, em casa?

8. O que você mais gostou no projeto?

9. O que poderia ser melhorado?

10. Dê sua opinião sobre a importância desse projeto.

Quadro 2 – Questionário 2 utilizado para análise de aprendizagem sobre a serrapilheira e a opinião

dos alunos sobre os diferentes tipos de aula e sobre o projeto.

Para a avaliação das respostas dos questionários 1 e 2, elas foram previamente divididas em trê categorias (adaptado de SPINILLO & MAHON, 2007):

I) Coerente ou Provável: Respostas inferenciais geradas a partir da aula e/ou de conhecimentos prévios do aluno, caracterizando-se pela reunião de informações da própria aula e pela introdução de informações e conhecimentos não contidos nela, porém associados a ela.

II) Incoerente ou Improvável: Respostas incoerentes sem relação com as informações veiculadas nas aulas. Respostas incoerentes ou improváveis são de caráter pessoal, sendo estas consideradas respostas desautorizadas que extrapolam o sentido da aula. Exemplo: Na pergunta se há vida na serrapilheira? Uma das respostas foi: Deus sabe tudo.

III) Em branco: o aluno não responde, mesmo após as aulas.

Posteriormente, as respostas foram avaliadas, levando em consideração e transcritas

em planilha Excel 2007 para a análise quantitativa e confecção dos gráficos e tabelas dos resultados e discussão.

3. Resultados e Discussão

Durante a revisão bibliográfica dos livros didáticos foi percebido que nenhum deles citava a serrapilheira, seja como fator formador do solo, húmus, sua importância na ecologia ou habitat e nicho ecológico quando era comentado sobre os seres vivos. O que foi relevante neste estudo, já que o livro didático é um importante instrumento de ensino e aprendizagem formal (CHOPPIN, 2004). Embora não seja o único recurso de que professores e alunos devam utilizar durante o processo de ensino e aprendizagem, ele pode ser decisivo no fator qualidade do aprendizado resultante das atividades escolares (LAJOLO, 1996).

“Sua importância aumenta ainda mais em países como

o Brasil, onde uma

precaríssima situação

educacional faz com que ele

acabe determinando

conteúdos e condicionando

estratégias de ensino,

marcando, pois, de forma decisiva, o que se ensina e como se ensina o que se ensina.” (LAJOLO, 1996) Foram estudados 97 alunos, divididos em três turmas: 1º ano (29 alunos / 29,9%), 2º ano (28 alunos / 28,9%) e 3º ano (40 alunos / 41,2%), sendo 38,1% do sexo masculino e 61,9% do sexo feminino (Tabela 1).

Tabela 1: Divisão por série e sexo dos alunos do ensino médio.

Sexo 1º ano 2º ano 3º ano Total

n % n % n % n % M 8 27,6 8 28,6 21 52,5 37 38,1 F 2 1 72,4 20 71,4 19 47,5 60 61,9 Tota l 2 9 29,9 * 28 28,9* 40 41,2* 97 100 Legenda: M- masculino; F- Feminino;

*O total da porcentagem é relativo ao número total de alunos do ensino médio.

De acordo com a primeira pergunta do Questionário 1 (Quadro 1) “Você já ouviu falar

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Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.6, n.2, p.21-39, jul-dez 2011. Página 25 em Serrapilheira?” nove alunos do 1º ano (9,3%)

responderam ter ouvido falar em serrapilheira, nenhum aluno do 2º ano tinha escutado falar e três alunos (7,5%) do 3º ano já ouviram o termo. Durante o apontamento, houve necessidade de algumas respostas serem referidas como incoerentes, que poderiam ser deboches feitos pelos alunos (OLIMPIO, 2010) ou simplesmente é algo idiossincrático, nas quais não se encaixavam no texto. Este aluno, ao invés de marcar a opção ‘sim’ ou ‘não’, escreveu abaixo da pergunta: “Deus sabe tudo” (Figura 1).

Esse desleixo que os estudantes possuem com os estudos e as atividades escolares é consequencia do sistema educacional que não os estimulou desde cedo a valorizarem os estudos ou do aluno que não leva a escola tão a sério? Pensamos que é resultado de ambos. As aulas são monótonas, não atrativas, e o professor

geralmente não cobra do aluno durante os primeiros ciclos de ensino a responsabilidade que ele quer cobrar quando eles chegam ao ensino médio, um exemplo disso são os trabalhos escritos que até certa série, os professores não se importam com o plágio. Por outro lado, se o aluno realmente desejar aprender, ele será bem sucedido em seu objetivo, esse fato já foi discutido por OLÍMPIO (2010) em seu blog “Polêmicas e Curiosidades”.

Após a aula teórica houve um aluno que respondeu que não havia ouvido o termo “serrapilheira”. Possivelmente, este aluno do 3º ano não teria participado das atividades ou não teria respondido o questionário com seriedade (Figura 1).

Figura 1 - Gráfico sobre a relação dos alunos (eixo y) que já ouviram falar em serrapilheira. Legenda: (a) – Questionário aplicado antes das aulas; (d) – Questionário aplicado após as aulas.

Durante a segunda pergunta “Há vida na Serrapilheira?” (Figura 2), pecebeu-se que mesmo sem saberem o que é serrapilheira, 68% dos alunos (número total, para ver a porcentagem por ano do ensino médio, observar a figura abaixo) antes das aulas responderam que há vida nela e, 20,6% dos alunos responderam não ter vida. Depois das aulas 100% responderam ter vida na serrapilheira.

Apesar da maioria dos alunos terem dito que nunca ouviram falar de serrapilheira, responderam na questão seguinte que há vida nela. Isso pode fazer parte da inteligência natural dos alunos, uma percepção que eles possuem da “coisa real” (MARQUES, 2011); apesar de não conhecerem a serrapilheira, eles também conseguiram deduzir de certa forma a resposta correta e respondem que ela pode ser encontrada em matas e florestas.

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Figura 2 - Gráfico sobre a relação dos alunos (eixo y) sobre ter vida na serrapilheira. Legenda: (a) – Questionário aplicado antes das aulas; (d) – Questionário aplicado após as aulas.

Na terceira pergunta “Assinale onde encontramos Serrapilheira:” (Figura 3) as respostas certas seriam Mata Atlântica, Floresta Amazônica, Manguezais e Jardim. Apesar de a serrapilheira ser uma deposição de sedimento, ela é exclusiva de ambientes terrestes.

Em ambientes aquáticos o sedimento fica quase que totalmente na coluna d’água onde sofre decomposição e dificilmente chega ao fundo. Em desertos, por falta de vegetação rica em folhas, e outros tipos de matéria orgânica, não podemos encontrar serrapilheira (DOMINGOS, comunicação pessoal, 2011).

Durante as aulas, não foram fornecidas as respostas e nem citados os ecossistemas e biomas onde encontramos serrapilheira, afim de que eles mesmos organizassem as idéias e entendessem onde e como poderia surgir serrapilheira.

Nas respostas dadas antes das aulas, foram marcados 144 respostas (pois cada aluno podia marcar mais de um ítem) percebe-se a maior associação “serrapilheira - Floresta Amazônica” (44,44%), seguida da associação com a Mata Atlântica (27,8%), jardins (12,5), manguezais (11,1%), desertos (2,8%) e oceanos

(1,4%). Para a proporção relativa de cada série observar a Figura 3.

Após as aulas, nenhum aluno respondeu como lugar onde encontramos serrapilheira oceanos e desertos, observa-se o grande aumento de resposta para as Florestas (Amazônica e Atlântica), mas tanto em manguezais e no jardins, os alunos diminuíram a suas respostas, apesar desses ambientes possuírem serrapilheira.

Uma possível causa é que uma parcela dos alunos mora em prédios, além da redução do tamanho dos jardins nas casas atuais e/ou com ausência de áreas com vegetação amplas (observação pessoal), ou simplesmente não há associação da natureza com um ambiente urbano. As pessoas não conseguem perceber que o ambiente é a integração da natureza(seja ela artificial ou não) com o “homem”, animais e plantas (MELAZO, 2005).

Essa desassociação “entre a natureza e o ambiente urbano” é observado em trabalhos como o de FERRARA et al. (1999) e MELAZO (2005) que enfatiza que a percepção do meio é um conjunto de fatores: educação, sensiblidade e o que realmente a pessoa tem como importante, além de trabalho e religiosidade.

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Figura 3 - Relação dos alunos (eixo y) sobre onde a serrapilheira é encontrada. Legenda: (a) – Questionário aplicado antes das aulas; (d) – Questionário aplicado após as aulas.

Na quarta pergunta “Por que é importante preservar a Serrapilheira?” (resposta dissertativa), (Figura 4 - respostas anteriores à aula e Figura 5 - respostas depois das aulas), antes das aulas os alunos deram nove respostas diferentes para a importância da preservação da serrapilheira: “Há vida, Deus criou, Bom para o planeta, Não entrar em extinção, Adubação, Tipo de vegetação, Importante para a vegetação, Resposta incoerente e Não sei”.

A grande maioria das pessoas não sabiam para que servia a serrapilheira (em um

total de 46 respostas, 47, 4% do total de respostas) além de responderem que “Deus criou” (somente um aluno do 1º ano do ensino médio)

Houve novamente necessidade de incluir quatro respostas como incoerentes: um aluno do 1º ano escreveu “Porque se não, não tem como serrar a pilheira”, um aluno do 2º ano escreveu “Porque é uma pilha de serras”, e dois alunos do 3º ano que responderam exatamente o mesmo texto nesta pergunta (e em todas as outras), ou seja, não se sabe quem estava respondendo e quem estava copiando.

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Após a aula, as respostas foram mais coesas, demonstrando portanto o aprendizado dos alunos. Houve o repetimento de três respostas: “Há vida, Adubação e Não Sei” e as demais foram: “Preservar a natureza, Preservar o solo, Proteção contra a erosão do solo”.

A colocação do frase “Não Sei”, recai para a seguinte questão: os alunos não prestaram a atenção necessária para resposta? Não conseguriram absorver o conteúdo, porque a aula

teria sido falha? Ou simplesmente não responderam com seriedade o questionário?

Um dado interessante foi o aumento de 0 para 10 (55,5%) dos alunos do 2º ano para a resposta “Há vida”e o acréscimo de “Preservação do Solo e Proteção Contra a Erosão” (em todas as séries), para essas respostas eles tiveram que associar vários temas como: a folha caída, chuva, sol, evaporação, etc.

Figura 5 - Relação dos alunos (eixo y) sobre a importância de se preservar a serrapilheira após as aulas. Na pergunta cinco “Marque a opção que

expressa a importância da Serrapilheira para a vegetação. Ela propicia:”, (Figura 6), a resposta correta é “Espessa camada de húmus sobre o

solo”. Antes das aulas 29,9% dos alunos marcaram essa opção e após as aulas 78,3% dos alunos responderam o mesmo.

Figura 6 - Relação dos alunos (eixo y) sobre a importância da serrapilheira para a vegetação. Legenda: (a) – Questionário aplicado antes das aulas; (d) – Questionário aplicado após as aulas.

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Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.6, n.2, p.21-39, jul-dez 2011. Página 29 A aula prática despertou um interesse

particular nos alunos em querer saber como foram capturados os animais, de onde eles vieram, como mantê-los conservados e que animais estavam sendo observados.

Os animais precisavam ser identificados pelos alunos, de acordo com o conhecimento deles. Não foi dito o nome dos animais, apenas dúvidas sanadas. Após a aula foi coversado e dadas as respostas certas.

A primeira pergunta do questionário discursivo “Quais animais foram observados?” (Figura 7), Os alunos deveriam responder: insetos (baratas, formigas, larvas), aracnídeos (aranhas e pseudoescorpiões), lacraias e gongolos.

As respostas foram coerentes, apesar de alguns erros (para ver a proporcionalidade das respostas nas séries do ensino médio, observar a Figura 7).

O grupo dos aracnídeos (Filo Arthropoda) foi o mais citado - aranhas (Aranae) - 26,8,4% do total de respostas; pseudoescorpião (Pseudoscorpiones) - 20,1%, os escorpiões foram citados, provalvelmente o confundiram com o pseudoescorpião); depois as minhocas com 18,9%, porém elas não estavam amostradas na aula prática, provalvelmente confundiram gongolo (Diplopoda, Filo Arthropoda) com minhoca (Filo Annelida); insetos (Insecta, Filo Arthropoda) - 14,2%, mas também citaram separadamente as formigas (9,1%), baratas (2,8%), larvas (0,4% - 1) e lagartas (0,4% - 1) - no que totaliza 26,8% de insetos (do total de respostas); o gongolo e a lacraia não foram citados e houve 1,2% de respostas citando vermes.

Figura 7 - Relação dos alunos (eixo y) sobre os animais observados na aula prática.

Na segunda pergunta “A qual grupo taxonômico esses animais pertencem?” (Figura 8) observou que 80,4% dos alunos acertaram respondendo o grupo Arthropoda e 1,1% dos

alunos errou respondendo Annelida (mas não havia minhocas nos animais demostrados, sendo estas na realidade gongolos e lacraias).

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Figura 8 - Relação dos alunos (eixo y) sobre o grupo taxonômico dos animais observados na aula prática.

Na terceira pergunta “Qual animal apareceu em maior quantidade?” (Figura 9) 73,2% dos alunos responderam corretamente o animal aranha. 21,6% dos alunos responderam Insetos, Pseudoescorpião, Formiga, Lacraia e Minhoca. Nesta pergunta, 2,1% dos alunos demonstram ter identificado as lacraias, e 9,3% dos alunos terem confundido novamente as lacraias e os gongolos com as minhocas.

Isso seria uma confusão por causa da forma cilíndrica ou de fita características aos grupos de miriápodes e vermes/anelídeos?

Teríam, os alunos, buscado um correspondente ao grupo dos miriápodes na sua inteligência natural (MARQUES, 2011) e assim confundido os grupos vermes/minhocas x Myriapoda? Ou foi por falta de atenção na manipulação dos animais ou pelo fato de não conhecerem/lembrarem das aulas do ensino fundamental?

Os alunos do 3º ano do ensino médio foram que deram as respostas mais variadas, provavelmente por ter passado por todo o ciclo de aprendizado do ensino médio, mas também foram o que mais erraram (ver figura 7).

Figura 9 - Relação dos alunos sobre o animais (eixo y) que apareceu em maior quantidade na aula prática. Na quarta pergunta “Como o funil de

Berlese funciona?”(Figura 10), os alunos deveriam descrever como o funil é montado e que a lâmpada acesa em cima do funil forma um gradiente de temperatura de cima para baixo,

fazendo com que os animais fujam da luz e do calor para a parte inferior do funil, atravessando a tela, e caindo em um recipiente contendo álcool 70%. Pôde-se perceber que 36,1% dos alunos entenderam o funcionamento do funil e 63,9% não entenderam.

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Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.6, n.2, p.21-39, jul-dez 2011. Página 31 A montagem e o funcionamento do funil

foi explicado na teoria, pois não havia tempo hábil para sua realização no colégio. A falta da parte prática do funil pode ter sido um dos fatores da uma taxa de aprendizagem menor.

A perda de informações essenciais na apredizagem é um fato já observado por GRANDI (1983).

“(...) o processo “ensino-aprendizagem” relacionado com um determinado aspecto da realidade, deve começar levando os alunos a observar a realidade em si, com seus próprios olhos. Quando isto não é possível, os meios audiovisuais, modelos, etc, permitem trazer a realidade até aos alunos, mas, naturalmente, com

perdas de informação inerentes a uma

representação do real. Ao observar a realidade,

os alunos expressam suas percepções pessoais,

efetuando assim uma primeira “leitura

sincrética” ou ingênua da realidade.” (GRANDI, 1983)

Na quinta pergunta “Por que esses animais fogem do calor e da luz?” (Figura 11), os alunos responderam: 18,5% para se proteger, 49,5% preferem lugares úmidos, 3,1% abrigo e alimento, 6,2% morrem no calor e 4,1% calor seca as folhas. Apesar da resposta “calor seca as folhas” não ser correta no strictu sensu, o fato das folhas secarem e os animais da serrapilheira gostarem de lugares úmidos, os fazem fugir desse ambiente (para saber mais como funciona o funil de Berlese funciona, ver RODRIGUES et al. (2008) e SILVA (sem data).

Figura 10 - Relação dos alunos (eixo y) que entenderam ou não como o funil de Berlese funciona.

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Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.6, n.2, p.21-39, jul-dez 2011. Página 32 Na sexta pergunta “Qual a importância

deles para o solo?”, ver Figura 12, os alunos responderam: 58,8% reciclagem dos nutrientes, 7,2% alimentar as plantas, 1,1% aumentar a área do solo, 5,1% decompor a matéria orgânica e 3,1% proteger o solo. A resposta correta seria que

eles atuam na decomposição contribuindo para a reciclagem de nutrientes, totalizando 63,9% das respostas (para saber mais sobre serrapilheira e seus componentes ver ALVES et al., 2006; GONTIJO et al., 2007; MELO & RESCK, 2003; CRUZ et al., 2004; LEIVAS & FISCHER, 2008).

Figura 12 - Realação dos alunos (eixo y) sobre a importância dos animais observados para o solo.

Na sétima pergunta “Por que podemos encontrar Serrapilheira no jardim, em casa?”, ver Figura 13, os alunos responderam: 17,5% porque as folhas atraem os bichos; 43,3% precipitação de folhas; 2,1% ambiente úmido; 2,1% por ter nutriente no solo; 17,5% presença de plantas e 4,1% jardim é uma minifloresta (ver Figura 13).

Apesar das aulas teórico e prática, alguns alunos não conseguiram formular a resposta com clareza (apesar de citar algo relativo com a serrapilheira).

Sobre a capacidade de inferir com clareza respostas sobre um texto lido e explicado em sala de aula SPINILLO & MAHON (2007) demostraram que para um aluno poder inferir uma resposta com clareza, ele precisa conectar informações textuais (no nosso caso, informações das aulas) com informações do seu dia-a-dia (escola, casa, amigos, creche).

Neste caso, os alunos não tiveram contato mais direto com o assunto serrapilheira, além dessas aulas dadas. Mas de algumas forma fizeram a conexão do acúmulo de sedimento devido a precipitação de folhas (ver as respostas: precipitação de folhas, jardim é uma minifloresta,

presença de plantas) e entre outros materiais orgânicos.

Percebemos que após a aula prática os alunos começaram a analisar o meio em que vivem e associá-lo com a natureza e suas dinâmicas, pois o aluno interagiu com os elementos em foco, no caso do projeto - os animais encontrados na serrapilheira, para que pudessem contextualizar a aula teórica dada anteriormente e aplicar esse conhecimento na sua realidade. Essa proposta foi bem recebida pelos alunos, tanto que foi uma das coisas que mais gostaram (ver figura14). Abaixo tem uma citação de LUNETTA (1991) falando das vantagens das aulas práticas.

“As aulas práticas podem ajudar no desenvolvimento de conceitos científicos, além de permitir que os estudantes aprendam como abordar objetivamente o seu mundo e como

desenvolver soluções para problemas

complexos.” (LUNETTA, 1991)

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Figura 13 - Relação dos alunos (eixo y) sobre o porquê de podermos encontrar serrapilheira no jardim, em casa.

Na oitava pergunta “O que você mais gostou no projeto?”(Figura 14), os alunos responderam: 26,8% tudo, 23,7% aula prática, 2,1% aula teórica, 1,1% como se coleta os animais, 4,1% pseudoescorpião, 5,1% importância da serrapilheira, 1,1% acesso a novos conhecimentos e 13,4% ver os animais.

Aqui podemos perceber a boa receptividade dos alunos com aulas menos verbalísticas, conteúdo ministrado oralmente, pois segundo MIZUKAMI (1986) este método caracteriza o relacionamento professor-aluno em dois lados, onde o professor é o agente e o aluno o ouvinte. Com esta divisão, a aula seria continuada mesmo sem a compreensão dos alunos comprometendo o ensino-aprendizagem. Pode-se observar que em todas as séries a resposta “Tudo” ou “Aula prática” foram a mais votadas. A resposta “Ver os animais”, a mais votada no 3º ano, faz parte da aula prática.

Os alunos tem a necessidade da utilização de recursos mais modernos nas aulas teóricas. Em uma das aulas teóricas, um aluno comentou que gostou de ver as fotos dos animais que eram encontrados na serrapilheira com isso percebemos que os alunos sentem necessidade da utilização de novos recursos em sala de aula, a aula teórica com recursos audiovisuais mais

atrativos teve uma troca de conhecimentos tão interessante que ela foi citada na Figura 14, como algo que alguns alunos mais gostaram.

A utilização do data show na aula teórica quebra a barreira de que aula é dada apenas em quadro negro e com o aluno copiando a matéria. Fica muito mais dinâmica, desperta muito mais o interesse e gera mais dúvidas, não só referente a aula específica, mas às curiosidades que os alunos desenvolvem assistindo as imagens, vídeos. O uso de novos recursos pelo professor do ensino médio como unidade facilitadora do aprendizado, proporcionando mais fluidez do conteúdo abordado e o aumento de sua aprendizagem já foi observado em um estudo feito por MAIA et al. (sem data).

Observando o que é a serrapilheira e a quantidade de vida que há nela, os alunos desenvolvem uma preocupação com seus atos e os atos das pessoas em geral com natureza. Eles comentaram sobre o simples fato de se estar caminhando numa trilha, por exemplo, podia ser algo que degrada o local e surgiram questões mais profundas de como podemos alterar ambientes preservados, seja mover um tronco que está no chão, coletar flores e frutos, ou até mesmo retirar as folhas em decomposição de cima do solo.

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Figura 14 - Relação dos alunos (eixo y) sobre o que eles mais gostaram no projeto. Na nona pergunta “O que poderia ser

melhorado?” (Figura 15), os alunos responderam: 3,1% mais aulas práticas, 1,1% não sei, 3,1% mais animais, 4,1% ter aula de campo, 1,1% ter um projeto, 1,1% não ter matado os bichos, 4,1% mais tempo de aula e 53,6% nada.

Nessa pergunta, as respostas recaem na mesma questão da pergunta passada, aulas mais práticas, mais dinâmicas e envolventes. Para os alunos, o simples repassar dos conhecimentos deixou de ser interessante. STACCIARINI & ESPIRIDIÃO (1999), discorrem sobre o professor como facilitador, estimulador e encorajador do aluno e este aluno passa a ser um elemento ativo, deixando de ser passivo no processo de ensino, aumentando assim sua autoestima e fazendo com que ele use inteiramente suas potencialidades e capacidades. Abaixo está acitação que fala desse triplo papael do professor e da relação aluno-ensino e professor –aluno.

“O professor cria condições facilitadoras para que o aluno aprenda, estimula sua curiosidade encorajando-o a escolher seus próprios interesses, desde que seja auto-disciplinado, responsável por suas opções e crítico diante das problemáticas do futuro; oportuniza também sua participação ativa na formação e construção do programa de ensino do qual faz parte. O aluno, por sua vez, é respeitado “como pessoa” no processo contínuo de

auto-realização com o uso pleno de suas

potencialidades e capacidades. Assim, a relação decorrente entre eles tende a ser de autenticidade e congruência, o que provavelmente facilita o processo ensino-aprendizagem.” (STACCIARINI & ESPIRIDIÃO, 1999)

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Figura 15 - Relação dos alunos (eixo y) sobre o que eles acham que poderia ser melhorado no projeto.

Na última pergunta “Dê sua opinião sobre a importância desse projeto.”, ver Figura 16, os alunos responderam: 9,3% esclarece sobre a natureza; 2,1% bom; 6,2% gostei; 7,2% bom para o meio ambiente; 22,7% conhecer serrapilheira; 8,2% preservar a natureza; 8,2% conhecer um novo assunto; 2,1% nada a declarar; 1,1% interessante; 1,1% muito bom; 1,1% ter aula prática é melhor que só teoria; 1,1% mais informações sobre os animais coletados; 1,1% interação com profissionais da área; 4,1% importante para conhecer outros animais e 1,1% conhecer melhor o meio ambiente.

As respostas foram dentro do contexto que esperávamos, pois esplanaram opniões sobre a natureza, a importância de saber sobre a ela, o interesse de saber sobre assuntos novos, além de alguns alunos falarem sobre as aulas práticas.

Podemos perceber que atingimos o nosso objetivo, que foi promover a educação ambiental, apresentar novas formas de ensino, porém teve uma resposta que nos chamou a atenção: “interação com profissionais da área”.

Embora seja somente um aluno (1,1%), mas surgiu uma pergunta: “os professores não são vistos como profissionais que trabalham na sua área de formação? O aluno observa o professor, como um profissional da educação e o separa da área que foi formado”?

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Figura 16 - Relação dos alunos (eixo y) e a opinião deles sobre o projeto.

Considerações finais

Os conteúdos aplicados no dia-a-dia em sala de aula precisam ser revisados, pois assuntos importantes, como a serrapilheira, que promovem a interdisciplinaridade e uma visão holística da biologia não são mencionados.

Os livros didáticos devem deixar de ser a única referência, mas um complemento para o ensino, assim o professor pode apresentar novos conteúdos para a turma, além de ficar ciente das novidades na área que atua.

A aula prática desperta um interesse maior que a aula teórica, pois coloca o aluno em contato com os diferentes seres vivos que ele só vê em um livro, fazendo a associação do conteúdo programático com o ambiente que o cerca.

A visão do aluno sobre o professor é um quesito importante a ser estudado, essa questão surgiu quando foi a pergunta do que foi importante nesse projeto foi analisada. há vários trabalhos sobre a visão do aluno sobre o

professor, mas elas analisam como as aulas estão sendo dadas e as relações pessoais entre os alunos e os professores (CABRAL, et al., 2004; VASCONCELOS et al. 2005, SILVA, 2005), mas a visão de como o aluno enxerga o professor quanto profissional, seria um assunto interessante a ser investigado.

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Saúde & Amb. Rev., Duque de Caxias, v.6, n.2, p.21-39, jul-dez 2011. Página 39

Agradecimentos

Agradecemos à nossa Orientadora e Amiga, Mestre Sula Salani Mota, pela dedicação, pelos valiosos momentos de discussão, conhecimentos compartilhados e por puxar nossa orelha quando necessário.

Este artigo contou com o apoio e a colaboração de muitas pessoas, às quais dedicamos nossos agradecimentos especiais:

Ao Professor e Amigo Mestre Ricardo O’Reilly pela co-orientação e paciência que teve ao longo da disciplina de TCC.

Ao Professor e Amigo Tarso de Souza, pela co-orientação e revisão do artigo.

A Professora Doutora Patrícia Domingos pela indicação de bibliografia, revisão dos questionários e introdução.

A Professora Doutora Monica Prantera pela revisão da introdução e dicas que culminaram na alteração do título do artigo.

A Professora Mestra Luciana Leda pela correção de uma bibliografia.

Ao amigo Luiz Cortes que cedeu o sítio para a coleta de material.

Ao Colégio, em especial ao Coordenador Jeronymo Firmino, e aos Professores: Thiago Soares, Juliana Martins e Aline Carvalho.

Agradecemos também a todos que indiretamente contribuíram para o artigo dando incentivo e apoio.

Recebido em / Received: 2011-06-29 Aceito em / Accepted: 2012-05-14

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Figura 1 - Gráfico sobre a relação dos alunos (eixo y) que já ouviram falar em serrapilheira
Figura 5 - Relação dos alunos (eixo y) sobre a importância de se preservar a serrapilheira após as aulas
Figura 7 - Relação dos alunos (eixo y) sobre os animais observados na aula prática.
Figura 9 - Relação dos alunos sobre o animais (eixo y) que apareceu em maior quantidade na aula prática
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Referências

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