• Nenhum resultado encontrado

A INFLUÊNCIA DA MENARCA NA ANTROPOMETRIA, COMPOSIÇÃO CORPORAL E SOMATOTIPO DE ESCOLARES

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "A INFLUÊNCIA DA MENARCA NA ANTROPOMETRIA, COMPOSIÇÃO CORPORAL E SOMATOTIPO DE ESCOLARES"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)

A INFLUÊNCIA DA MENARCA NA ANTROPOMETRIA, COMPOSIÇÃO CORPORAL E SOMATOTIPO DE ESCOLARES

Sidnei Jorge Fonseca Junior¹ Mestre em Ciência da Motricidade Humana (Universidade Castelo Branco) Membro do Laboratório de Biociência da Motricidade Humana (UCB) sjfjunior@oi.com.br

José Fernandes Filho² Doutor em Educação Física (Instituto de Investigação Científica de Cultura Física e esportes da Rússia) Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) jff@cobrase.org.br

RESUMO

O objetivo foi avaliar o comportamento das variáveis antropométricas, da composição corporal e dos componentes do somatotipo em escolares de diferentes períodos da puberdade, utilizando a menarca como referência da maturação sexual. A amostra constou de 232 meninas com idade entre 10 e 16 anos. Utilizou-se a ANOVA one way e a correlação de Pearson na análise estatística. Foram encontrados resultados significativos (p<0,05) em todas as variáveis do estudo. Conclui-se que as principais alterações ocorrem no período pré-menarca. No período pós-menarca, as maiores alterações ocorrem após um ano da menarca, seguidas de estabilidade após dois anos da menarca; exceto a estatura, a mesomorfia que tende a aumentar após dois anos da menarca e a ectomorfia que apresentou declínio constante.

Palavras chaves: maturação biológica, maturação sexual, puberdade e idade ginecológica

________________________________________

¹ LABIMH – Universidade Castelo Branco , Professor da Rede Municipal do Rio de Janeiro e Professor da Rede Estadual do Rio de Janeiro

(2)

THE INFLUENCE OF MENARCHE IN SCHOOLS’S ANTHROPOMETRY, BODY COMPOSITION AND SOMATOTYPE

ABSTRACT

The aim was to evaluate the behavior of the variables anthropometric, of the body composition and of the somatotype in scholars of different periods of the puberty, using the menarche as reference of the sexual maturation. The sample consisted of 232 girls with age between 10 and 16 years. Was used ANOVA one way and the Pearson’s correlation in the statistical. Significant results (p <0,05) were found in all the variables. Ended that larger alterations happen in the period premenarche. In the period postmenarca, the largest alterations happen after one year of the menarche with stability after two years of the menarca; except the stature, the mesomorphy that tends to increase after two years and the ectomorphy that presents decline.

Key words: biological maturation, sexual maturation, puberty e gynecological age

INTRODUÇÃO

Após o nascimento, o ser humano passa por diversas fases de mudanças, sendo a puberdade uma das mais complexas, pois envolve tanto o desenvolvimento físico relacionado à maturação sexual, quanto uma série de alterações psico-sociais. Diante desta perspectiva, a avaliação da maturação biológica (MB) é considerada importante durante a puberdade, pois púberes de mesma idade cronológica podem estar em estágios distintos de desenvolvimento biológico (TANNER,1990; MALINA e BOUCHARD, 1991).

Entre os sistemas biológicos utilizados para avaliar a MB, a maturação sexual (MS), devido a fácil aplicabilidade em grandes amostras, é constantemente utilizada em estudos (HILMES, OBARZANEK, BARANOWSKI, et al. 2004; VITALLE, JULIANO, AMÂNCIO, 2003). Porém, o método proposto por Tanner (1962), que avalia a MS através de um padrão fotográfico de cinco estágios distintos de

(3)

desenvolvimento mamário e de pilosidade pubiana, embora seja constantemente requisitado, pode ser considerado constrangedor e de difícil aceitação no ambiente escolar.

No entanto, a menarca é considerada um método mais simples que os demais para a aplicação em escolares na puberdade, pois depende apenas da reportagem do período de ocorrência, além de ser considerada um importante indicador da MS e representar um marco da puberdade, refletindo ainda numerosos aspectos de saúde da população, incluindo o crescimento, estado socioeconômico e nutricional e as condições ambientais (DUARTE, 1993). Pode ainda ser utilizada para o cálculo da idade ginecológica, através da subtração da idade cronológica pela idade da menarca, possibilitando o acompanhamento do período pós-menarca.

Ademais, estudos utilizando variáveis antropométricas, a composição corporal e o somatotipo antropométrico de Heath e Carter (1990) são realizados no intuito de descrever as características do desenvolvimento corporal de acordo com a faixa etária e estágio de maturação (VITALLE, JULIANO e AMÂNCIO, 2003; CASTILHO, SAITO e BARROS FILHO, 2005; GUEDES e GUEDES, 1999; BARBOSA, FRANCESCHINE, PRIORE, 2006). Na escola, a avaliação antropométrica pode ser utilizada para que o aluno conheça melhor o próprio corpo e passe a cuidar mais dele, pois levando em consideração os Parâmetros Curriculares Nacionais, este é um dos objetivos da educação física escolar (BRASIL, 1997). Nesta perspectiva, Beck et al. (2007) propôs uma ficha de avaliação antropométrica na escola, visando a promoção de um estilo de vida saudável, enfatizando os aspectos de crescimento e fatores de riscos às doenças relacionadas ao excesso de peso e transtornos alimentares. No âmbito esportivo é importante na avaliação de alunos que se destaquem em alguma modalidade esportiva, atentando para as possíveis descobertas de talentos (KISS et al., 2004).

Desta forma, através da antropometria, da composição corporal e do somatotipo, este estudo vislumbra a possibilidade de ampliar os conhecimentos relativos ao crescimento e desenvolvimento físico de púberes não atletas, propondo a menarca como referência da MS, visto que pode ser útil quando ocorrem dificuldades para aplicar qualquer outro método de avaliação da MB. Há, ainda, a viabilidade de um

(4)

acompanhamento mais detalhado do período pós-menarca através da idade ginecológica.

Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento das variáveis antropométricas massa corporal, estatura e índice de massa corporal (IMC), a composição corporal (percentual de gordura, massa gorda e massa magra) e os componentes do somatotipo em escolares de diferentes períodos da puberdade, utilizando a menarca como referência da MS.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

População e Amostra

A população deste estudo foi intencional, pois abrangeu as 648 alunas matriculadas no Colégio Estadual Leopoldo Américo Miguez de Mello, localizado na cidade de Angra dos Reis/RJ, freqüentando regularmente os ensinos fundamental e médio no ano letivo de 2007. No entanto, a amostra constou de 232 meninas que atendiam os seguintes critérios de inclusão: ter o Termo de Livre Consentimento assinado pelo responsável; ter entre 10 e 16 anos de idade; lembrar o mês e ano da menarca; não aparentar deficiência locomotora significativa ou estar grávida; não participar de treinamentos para disputar competições esportivas.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Castelo Branco (UCB), sob protocolo 0035/2007.

Procedimentos e protocolos

Inicialmente, o estudo foi pauta de duas reuniões para pais de alunos, sendo explicado detalhadamente todo o procedimento. Posteriormente, todas as alunas foram convidadas a participar, recebendo o termo de consentimento e uma anamnese com questionamentos que abordavam a data de nascimento, a ocorrência ou não da menarca, em caso de respostas afirmativas o mês e o ano da menarca e sobre a prática constante

(5)

de treinamentos para competições esportivas. Além disso, com o intuito de terem auxílio para recordarem a época da menarca, as meninas que aceitaram participar do estudo preencheram o questionário junto aos respectivos responsáveis. Por fim, os responsáveis entregaram as anamneses e os termos de consentimento assinados ao pesquisador, e em seguida foram marcados data e horário da avaliação antropométrica, na qual cada menina foi avaliada por um único e experiente avaliador.

A idade cronológica foi calculada com precisão de meses, baseada na data de nascimento e na data da avaliação. O mesmo ocorreu com a idade da menarca, ou seja, utilizando-se do mês e ano de nascimento e do mês e ano da menarca. Desta forma, a idade ginecológica foi calculada, além da divisão da amostra em quatro grupos: a) as que ainda não tinham atingido a menarca (SM), b) as que estavam no ano corrente da menarca (AM), c) do primeiro ao segundo ano após a menarca (1PM) e d) as que estavam há dois anos ou mais decorrentes da menarca (2PM).

As variáveis antropométricas foram coletadas seguindo os padrões da

International Society for the Advancement of Kinanthropometry (2001) e os padrões

descritos por Lohman (1991), haja visto que o somatotipo e a equação do percentual de gordura exigem padronizações diferentes. Utilizou-se uma balança digital da marca Plena Brasil, com precisão de 0,1 kg, para medir a massa corporal (MC). A estatura foi verificada com um estadiômetro de aço da marca WCS com precisão de 1mm. Os diâmetros bi-epicondilares de úmero e fêmur, assim como os perímetros de braço contraído e perna foram registrados com uma precisão de 1mm, utilizando-se um paquímetro da marca WCS e uma trena antropométrica metálica da marca Sanny, respectivamente; as dobras cutâneas de tríceps, subescapular e panturrilha medial foram avaliadas com um adipômetro da marca Sanny com precisão de 1 mm.

De posse destes dados, foram calculados o IMC, o percentual de gordura (%de gordura) através da equação de Slaughter et. al.(1988) em conjunto com a massa gorda (MG) e a massa corporal magra (MCM) e os componentes do somatotipo antropométrico de Heath e Carter (1990).

(6)

Para a análise descritiva dos dados referentes à menarca utilizou-se a estatística descritiva. Na descrição dos grupos SM, AM, 1PM e 2PM a média aritmética e o desvio padrão foram requisitados. O teste Kolmogorov-Smirnov constatou a normalidade dos dados. Desta forma, a ANOVA one way (p<0,05) foi utilizada para identificar diferenças entre os grupos, que quando constatadas foram localizadas pelo post hoc de Schefée. A correlação de Pearson (p< 0,05) foi realizada para identificar o período pós-menarca que apresenta maior relação com as variáveis em estudo.

RESULTADOS

A média da IM na amostra foi de 12,23±1,20 anos, sendo a idade mínima de 9,25 e a máxima de 15,08 anos de idade. Os resultados das comparações das variáveis massa corporal, estatura, IMC, percentual de gordura, MCM, MG e dos componentes do somatotipo antropométrico de escolares, divididas de acordo com o período da menarca, são apresentados na tabela 1, através dos valores do teste F e p da ANOVA.

Tabela 1- Valores do teste F e p da ANOVA

F p Massa corporal (kg) 35,384 0,000* Estatura (m) 36,793 0,000* IMC (kg/m²) 13,392 0,000* Percentual de gordura 12,418 0,000* MCM (kg) 27,664 0,000* MG (kg) 23,947 0,000* Endomorfia 6,167 0,000* Mesomorfia 2,047 0,108 Ectomorfia 5,472 0,000* IMC= índice de massa corporal; MCM= massa corporal magra; MG= massa gorda * = Diferença significativa (p<0,05)

(7)

Na tabela 2 são apresentados os valores de média aritmética e o desvio padrão das variáveis envolvidas no estudo, sendo mostrados, ainda, entre quais grupos ocorreram diferenças significativas nas comparações.

Tabela 2- Valores de média aritmética, desvio padrão e comparação das variáveis massa corporal, estatura, IMC, % de gordura,MCM, MG, endomorfia, mesomorfia e ectomorfia das escolares divididas de acordo com o período da menarca

n Idade Cronológica SM 68 11,79±0,95 AM 50 13,02±1,27 1PM 49 14,04±1,28 2PM 65 15,14±1,06

MC(kg) 40,36±7,77bcd 47,35±6,91ad 50,80±8,96a 53,90±7,90ab Estatura (m) 1,50±0,80bcd 1,58±0,59a 1,60±0,56a 1,60±0,61a IMC (kg/m²) 17,90±2,81cd 18,95±2,43d 19,84±3,27a 20,92±2,80ab % de gordura 20,14±5,43cd 22,15±4,59d 23,14±5,11a 25,15±3,97ab MCM (kg) 32,05±4,95bcd 36,71±3,91ad 38,84±5,13a 40,33±4,81ab MG (kg) 8,29±3,44bcd 10,65±3,47ad 11,95±4,28a 13,57±3,57ab Endomorfia 3,76±1,37d 4,00±1,15 4,22±1,30 4,65±1,10 a

Mesomorfia 3,83±1,13 3,60±1,16 3,63±1,28 4,02±1,30

Ectomorfia 3,62±1,46d 3,52±1,42d 3,24±1,57 2,68±1,29ab SM= meninas sem menarca; AM= ano de ocorrência da menarca; período de 1 ano pós-menarca; 2PM= período de 2 anos ou mais pós-pós-menarca; MC= massa corporal; IMC=índice de massa corporal; MCM= massa corporal magra; MG= massa gorda; a= diferença significativa do grupo SM; b= diferença significativa do grupo AM; c= diferença significativa do grupo 1PM; d= diferença significativa do grupo 2PM

Na tabela 3 são apresentados os dados referentes aos coeficientes de correlação (r) e o valor de p, indicando se foi significativo ou não para um p<0,05, obtidos pela correlação de Pearson entre a idade ginecológica de cada grupo com as variáveis envolvidas no estudo.

(8)

Tabela 3- Coeficiente de correlação e o valor de p entre a idade ginecológica de cada grupo e as variáveis do estudo

AM (n=50) IG = 0,61±0,28 1PM (n=49) IG = 1,51±0,35 2PM (n=65) IG = 3,24±1,02 r p r p r p MC (kg) 0,198 0,168 0,288 0,044* -0,002 0,986 Estatura (m) 0,026 0,859 0,202 0,164 -0,270 0,030* IMC (kg/m²) 0,206 0,159 0,236 0,103 0,145 0,251 % de gordura 0,197 0,170 0,284 0,048* 0,089 0,479 MG (kg) 0,204 0,155 0,283 0,049* 0,051 0,688 MCM (kg) 0,163 0,259 0,260 0,071 0,048 0,706 Endomorfia 0,211 0,141 0,282 0,050 0,059 0,639 Mesomorfia 0,055 0,704 0,088 0,546 0,296 0,017* Ectomorfia -0,184 0,200 -0,197 0,174 -0,244 0,050 *= p<0,05

AM=ano da menarca; 1PM=1 ano pós-menarca; 2PM=2anos pós-menarca; IG=idade ginecológica; MC=massa corporal; IMC=índice de massa corporal; MG=massa gorda; MCM=massa corporal magra

DISCUSSÃO

Os resultados referentes à MC mostram uma evolução durante toda a puberdade (tabelas 1 e 2), sendo mais evidente entre os grupos SM e 1PM, sugerindo que as maiores transformações somáticas ocorram no período pré-menarca. Ao observar o comportamento da MC no período pós-menarca, através das correlações com a IG em cada grupo (tabela 3), os coeficientes de correlação positivos nos grupos AM e 1PM demonstram a tendência da massa corporal evoluir gradativamente, no entanto parece se estabilizar após dois anos da menarca.

As diferenças significativas encontradas e as médias em geral dos grupos (tabela 2) são parecidas ao do estudo longitudinal de Biassio, Matsudo e Matsudo (2004), que também utilizou a menarca como referência da MS. Ao levar em consideração a média da idade cronológica dos grupos, os resultados foram parecidos aos estudos de Loko et al. (2000) e Farias e Salvador (2005), que mostraram uma evolução da massa corporal dos 10 aos 17 anos e dos 11 aos 15 anos de idade, respectivamente.

Com respeito à estatura, verificou-se superioridade nas meninas que já haviam obtido a menarca em comparação com o grupo SM (tabela 2). Malina e Bouchard

(9)

(1991) (p241) e Tanner (1990) (p60) descrevem a ocorrência do pico de velocidade da estatura (PVE) antes da menarca. Kirchengast e Bauer (2005) compararam meninas de mesma faixa etária e constataram que as meninas que já haviam obtido a menarca apresentavam maior estatura. Em adição, Duarte (1993) descreve que o PVE ocorre por volta de 6 meses antes da menarca. Nesta perspectiva, a possível não ocorrência do PVE parece ser a explicação mais plausível para a menor estatura do grupo SM.

O estudo longitudinal de Castilho, Saito e Barros Filho (2005) relata um aumento significativo na estatura de meninas desde o ano da menarca até cinco anos após. Farias e Salvador (2005) mostram que a estatura tende a se estabilizar somente após os 14 anos de idade, após um crescimento de 9,72 cm dos 11 aos 14 anos de idade. O estudo de Loko et. al.(2000), que acompanhou o crescimento de atleta e não atletas durante a idade puberal, também mostra a estabilidade da estatura aos 14 anos de idade. Desta forma, ao observar que a idade cronológica do grupo 1PM é de 14,06 anos, parece ser comum a estabilidade observada na estatura no período pós-menarca.

Os diferentes resultados das correlações (tabela 3) referentes à IG e a estatura encontrados nos três grupos pós-menarca, parecem estar relacionado ao ritmo de crescimento diferenciado entre as meninas que menstruam mais cedo e as meninas que menstruam mais tarde. Neste sentido, as meninas que forem mais novas e/ou mais baixas na menarca tendem a crescer mais do que a média no período pós-menarca, enquanto que meninas com mais idade e/ou mais altas na menarca tendem a crescer menos (CASTILHO, SAITO e BARROS FILHO, 2005). Assim, o coeficiente de correlação (r) negativo e significativo do grupo 2PM pode ser devido à estabilidade da estatura das meninas com IG mais alta e de ainda haver crescimento nas meninas de IG mais baixa.

Os resultados das comparações e correlações (tabelas 2 e 3) referentes ao IMC demonstram um aumento progressivo em todos os grupos estudados, sendo parecidos com os dos estudos de Bini et al. (2000), Jones, Hitchen e Stratton (2000) e Vitalle, Juliano e Amâncio (2003) que utilizaram os estágios maturacionais de Tanner (1962) e Biassio, Matsudo e Matsudo(2004) que utilizaram a menarca como referência da maturação sexual. Entretanto, ao utilizar as médias do IMC e da idade cronológica dos grupos (tabela 2) e confrontá-las com os pontos de corte sugeridos por Cole et al. (2000)

(10)

para sobrepeso e obesidade, foi verificado que o IMC encontra-se dentro da faixa recomendável, e que a evolução ocorrida neste período não resultou em sobrepeso ou obesidade.

O aumento da gordura corporal no período pubertário, citados por Tanner (1990) (p73) e Malina e Bouchard (1991) (p283), foi constatado através dos resultados referentes ao % de gordura (tabela 2). No entanto, o coeficiente de correlação (r) positivo e significativo encontrado no grupo 1PM e o baixo r encontrado no grupo 2PM (tabela 3) demonstram o aumento desta variável seguido de uma tendência de estabilidade neste período. Em adição, Farias e Salvador (2005) retratam um aumento do percentual de gordura após os 14 anos de idade, mesma faixa etária média do grupo 1PM.

Ao observar outros estudos que também avaliaram a gordura corporal de púberes, vale citar o estudo longitudinal de Biassio, Matsudo e Matsudo (2004) que utilizou o somatório de 7 sete dobras cutâneas e a menarca para acompanhar o comportamento da gordura corporal, apresentando aumentos de 17%, 7,9% e 42,5% ao comparar os grupos pré-menarca x menarca, menarca x pós-menarca e pré-menarca x pós-menarca, respectivamente. O estudo de Kirchengast e Bauer (2005) utilizou a bioimpedância elétrica para comparar meninas de mesma faixa etária nos períodos pré e pós-menarca, encontrando maior percentual de gordura nas meninas que já haviam apresentado a menarca.

Em contrapartida, os estudos de Claessens et al.(2003) e de Schneider e Meyer (2005) que utilizaram remadoras e atletas de natação, respectivamente, não observaram aumento da gordura corporal durante a puberdade. Contudo, o estudo de Santos, Leandro e Guimarães (2007) verificou uma evolução do % de gordura apenas entre os grupos pré-púberes e púberes (estágio 3 de MS), tanto em amostra de não atletas quanto de atletas de natação, entretanto, o % de gordura foi menor nas atletas em todas as fases maturacionais, quando comparadas às não atletas. Nesta perspectiva, observa-se um comportamento diferenciado da composição corporal em púberes atletas, mostrando a importância da atividade física na prevenção do aumento da gordura corporal e da obesidade.

(11)

Com respeito as MCM e MG, as diferenças significativas encontradas foram semelhantes com as apresentadas na massa corporal (tabela 2), ou seja, a massa gorda acompanha o aumento da massa magra, resultando no aumento da massa corporal. Ademais, novamente encontraram-se maiores diferenças entre os grupos SM e AM, evidenciando a importância do período pré-menarca no desenvolvimento somático. Ao analisar o período pós-menarca, os resultados das correlações evidenciam que as maiores transformações ocorrem no grupo 1PM, com tendência de estabilidade após 2PM.

Ao analisar os componentes do somatotipo (tabela 2), foi verificado que a endomorfia começa a superar os demais componentes no ano da menarca, evoluindo ao decorrer do tempo. No entanto, as diferenças encontradas são significantes somente no grupo 2PM quando comparadas ao grupo SM. Visto que este componente está relacionado à gordura corporal, seus resultados no que tange as correlações com a IG são parecidos aos do % de gordura e massa gorda (tabela 3), pois o baixo r encontrado no grupo 2PM demonstra a tendência de estabilidade neste período.

A mesomorfia está relacionada à magnitude músculo esquelético, e demonstrou uma estabilidade durante a puberdade, visto que não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos (tabela 2). Entretanto, as correlações com a IG demonstram que no período 2PM este componente apresenta evolução (tabela 3).

A ectomorfia está relacionada à linearidade ou delgadez de um físico, e demonstrou um declínio durante a puberdade, apresentando diferenças significativas dos grupos SM e do AM quando comparados ao grupo 2PM (tabela 2). Ademais, os resultados das correlações com a IG (tabela 3) apresentaram-se negativos em todos os grupos pós-menarca, reforçando a tendência de declínio.

Malina e Bouchard (1991) (p70) ao abordarem sobre o somatotipo, anteciparam esses resultados, ou seja, um aumento da endomorfia ao longo da puberdade acompanhado de estabilidade na mesomorfia e declínio da ectomorfia. Guedes e Guedes (1999) analisaram moças dos 7 aos 17 anos de idade, mostrando um aumento drástico da endomorfia após os 11 anos, enquanto os de mesomorfia apresentaram progressivo decréscimo e a ectomorfia que inicialmente apresentou valores mais elevados, encerrou com tendência de declínio.

(12)

Em adendo, o estudo descritivo de Macedo e Fernandes Filho (2003) avaliou o somatotipo de meninas nos estágios 1, 2 e 3 de maturação sexual, observando que a endomorfia é superior aos demais componentes em todos os estágios. No entanto, analisando os resultados do estudo de Claessens et al. (2003), realizado com remadoras de alto nível competitivo, verificou-se que a mesomorfia é maior que a endomorfia e a ectomorfia, evidenciando a influência do treinamento no comportamento dos componentes do somatotipo durante o período pubertário.

Em geral, como este estudo é transversal, dificultou uma melhor avaliação do período pré-menarca, que demonstrou através das comparações entre os grupos ser a fase de maiores transformações somáticas.

CONCLUSÕES

Sumarizando, na puberdade as principais alterações ocorrem no período pré-menarca, embora o período 1PM também seja representativo. As variáveis antropométricas massa corporal, estatura e índice de massa corporal (IMC) aumentam gradativamente, assim como o percentual de gordura, resultando em um aumento constante das massas corporal magra e gorda. No entanto, com exceção da estatura, as correlações com a idade ginecológica demonstraram a tendência de estabilidade destas variáveis dois anos após a menarca. No somatotipo foi observado aumento da endomorfia com tendência de estabilidade após dois anos da menarca, estabilidade da mesomorfia com tendência de aumento após dois anos da menarca e declínio constante da ectomorfia.

As comparações realizadas corroboram em grande parte as pesquisas referentes ao desenvolvimento no período pubertário de escolares do sexo feminino, mostrando que a menarca pode ser um importante recurso para avaliar a maturação biológica em locais que haja a dificuldade de utilizar outros métodos de avaliação, citando como exemplo, o ambiente escolar.

(13)

Sugere-se que estudos longitudinais sejam realizados para uma avaliação mais detalhada do período pré-menarca, visto sua importância no que tange o desenvolvimento físico de púberes. O mesmo pode ocorrer com a idade ginecológica, pois se mostrou importante na avaliação do período pós-menarca.

BIBLIOGRAFIA

BARBOSA K; FRANCESCHINI S; PRIORE S; Influência dos estágios de maturação sexual no estado nutricional, antropometria e composição corporal de adolescentes. Rev Bras Saúde Matern Infant, v6, n4, p375-382, 2006.

BECK CC; DINIZ, IMS; GOMES, MA; PETROSKI, EL. Ficha antropométrica na escola: o que medir e para que medir? Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum, v9, n1, p107-114, 2007.

BINI V; CELI F; BERIOLI MG; BACOSI ML; STELLA P; GIGLIO P; TOSTI L; FALORNIA . Body mass index in children and adolescents according to age and pubertal stage. Eur J Clin Nutr, v54, p214-218, 2000.

BRASIL. Secretária de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física/Secretária de Educação Fundamental: Brasília: MEC/SEF, 1997.

CARTER JEL.; HEATH BH. Somatotyping development and applications. New York – USA: Cambridge University Press. 1990.

CASTILHO SD; SAITO MI; BARROS FILHO AA. Crescimento pós-menarca em uma coorte de meninas brasileiras, Arq. Bras Endocrinol Metab. v.49, n.6, Dez. 2005.

CLAESSENS AL; BOURGOIS J; BEUNEN G; PHILIPPAERTS R; THOMIS M; LEFREVRE J; LOOS RJ; VRIENS J. Age at menarche in relation to anthropometric

(14)

characteristics, competition level and boat category in elite junior rowers. Ann Hum Biol, v30, n2, p148-59, 2003.

COLE TJ; BELLIZZI MC; FLEGAL KM; DIETZ WH. Establishing a standard definition for child overweight and obesity worlwide: international survey. BMJ, 320, p1240-1243, 2000.

DUARTE MFS. Maturação física: uma revisão da literatura, com especial atenção à criança brasileira. Cad Saúde Públ, v9 (supl. 1), p71-84, 1993.

FARIAS ES; SALVADOR MRD. Antropometria, composição corporal e atividade física de escolares. Rev Bras Cin Des Hum, n7, v1, p21-29, 2005.

GUEDES DP; GUEDES JERP. Somatótipo de crianças e adolescentes do município de Londrina – Paraná – Brasil. Rev Bras Cin Des Hum. , v1, n1, p7-17, 1999.

HILMES JH; OBARZANEK E; BARANOWSKI T; WILSON DM; ROCHON J; McCLANAHAN BS. Early sexual maturation, body composition, and obesity in african-american girls. Obesity research, v12, p64S-72S, Supplement, 2004.

ISAK - THE INTERNATIONAL SOCIETY FOR ADVANCEMENT OF KINANTHROPOMETRY. First printed. Australia: National Library of Austrália. 2001.

JONES M; HITCHEN P; STRATTON G. The importance of considering biological maturity when assessing physical fitness measures in girl and boys aged 10 to 16 years. Ann Hum Biol, v27, 57-65, 2000.

KIRCHENGAST S; BAUER M. Menarcheal onset is associated with body composition parameters but not with socioeconomic status. Coll Antropol, v31, n2, p419-425, 2007.

(15)

KISS MAP; BÔHME MTS; MANSOLDO AC; DEGAKI E; REGAZZINI M. Desempenho e talentos esportivos. Rev Paul Educ Fis, v18, nesp, p89-100, 2004.

LEANDRO C; GUERRA S; DUARTE JA; MOTA J. Maturação, composição corporal e aptidão cardio-respiratória em crianças e adolescentes na área do grande Porto, Portugal. Rev Bras Saúde Matern Infant, v1, n3, 249-256, set-dez, 2001.

LOKO J; SIKKUT T; ERELINE J; VIRU A. Motor performance status in 10 to 17-year-old Estonian girls. Scand J Med Sci Sports, v10, p109-13, 2000.

LOHMAN TG. Anthropometric Standartization Reference Manual. Ilinois, Human Kinetics, 1991.

MACÊDO MM; FERNANDES FILHO J. Estudos das características dermatoglíficas, somatotípicas e das qualidades físicas básicas nos diversos estágios de maturação sexual. Fitness & Performance Journal, v.2, n.6, p.315-320, 2003.

MALINA RM; BOUCHARD C. Growth, maturation, and physical activity. Human Kinetics Books; Champaign, Illinois, 1991.

SANTOS M; LEANDRO C; GUIMARÃES F. Composição corporal e maturação somática de meninas atletas e não-atletas de natação da cidade do Recife, Brasil. Rev Bras Saúde Matern Infant, v7, n2, p175-181, 2007.

SCHNEIDER P; MEYER F. Avaliação antropométrica e da força muscular em nadadores pré-púberes e púberes. Rev Bras Med Esporte. v11, n4, Jun/Ago, 2005.

SLAUGHTER MH; LOHMAN TG; BOILEAU CA; HORSWILL CA; STILLMAN; VAN LOAN MD; BEMBEN DA. Skinfold equations for estimation of body fatness in children and youth. Ann Hum Biol, v14, n5, p709-723, 1988.

(16)

TANNER J. Foetus into Man: physical growth conception to maturity. Massachusetts, Harvard University Press, 280p, 1990.

TANNER JM. Growth at adolescent. Oxford, Blackwell Scientific, 1962.

VITALLE MSS; JULIANO Y; AMANCIO OMS. Índice de massa corporal, desenvolvimento puberal e sua relação com a menarca. Rev Assoc Med Bras, v49, p429-33, 2003.

Imagem

Tabela 1- Valores do teste F e p da ANOVA
Tabela 2- Valores de média aritmética, desvio padrão e comparação das variáveis massa  corporal,  estatura,  IMC,  %  de  gordura,MCM,  MG,  endomorfia,  mesomorfia  e  ectomorfia das escolares divididas de acordo com o período da menarca
Tabela  3-  Coeficiente  de  correlação  e  o  valor  de  p  entre  a  idade  ginecológica  de  cada  grupo e as variáveis do estudo

Referências

Documentos relacionados

PAC 27 - Antes de me interna, quando eu me internei, vou falar assim do [nome do hospital], quando eu me internei no [nome do hospital]assim eu, eu tinha uma impressão assim

Tabela 1A – Resumo da análise de variância para perda de massa (PM), firmeza (FIRM), sólidos solúveis (SS), acidez titulável (AT), pH e a razão entre sólidos solúveis e

Dispõe sobre a nomeação do Cargo de Secretária Municipal Educação e Cultura do Município de Tanque Novo - Bahia e dá outras providências.. Andréia Santos de Matos

** APÓS JULGADO O RECURSO, PARTE DO VALOR SERÁ COMPLEMENTADO COM

ANEXO II TABELA DE VENCIMENTOS QUADRO DE PESSOAL DA PMBP DENTISTA MÉDICO PSICPOLOGO SUPERIOR NÍVEL ESPECIAL FONOAUDIOLOGO R$ 767,57 VETERINÁRIO BIOQUIMICO

O pré-tratamento, bem como o tratamento com antagonista, nas duas doses utilizadas, foram capazes de prevenir e bloquear, respectivamente, os efeitos ansiogênicos

Esta empresa vem desenvol­ vendo há cerca de um ano serviços de difusão de informações de vários tipos nos telefones móveis celulares, sendo que todos

Cabe salientar que algumas áreas com a classe 1.2 são de ocupação recente, ou seja, outrora essas áreas possuíam uma maior cobertura vegetal e por