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Estudo sobre a viabilidade do uso de resíduos sólidos para geração de energia de biogás no campus dom delgado da UFMA

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Estudo sobre a viabilidade do uso de resíduos sólidos para

geração de energia de biogás no campus dom delgado da

UFMA

Feasibility study on solid waste for using biogas energy

generation in campus dom delgado UFMA

João Vitor Rego Muniz1, jvrmuniz@hotmail.com Wener Miranda Teixeira dos Santos

Universidade Federal do Maranhão – UFMA, São Luís, Maranhão

Submetido em 16/10/2017 Revisado em 17/10/2017 Aprovado em 30/11/2017

Resumo: Este trabalho buscou fazer um estudo sobre a utilização da energia renovável, com foco no biogás. Na parte experimental, aplicada ao Restaurante Universitário da Universidade Federal do Maranhão, foi mensurado o quantitativo de resíduos sólidos descartados e estimado o gasto energético com base no consumo energético médio do maquinário presente no local. Houve viabilidade do modelo escolhido e do potencial energético, permitindo elaborar uma proposta de implementação do mesmo para o Campus.

Palavras chave: Biogás. Resíduos Sólidos. Energia Renovável.

Abstract:This work aims to make a study on the use of renewable energy, with a focus on biogas. In the experimental part, applied to the University Restaurant of the Federal University of Maranhão, the quantitative of discarded solid waste was measured and the energy expenditure was estimated based on the average energy consumption by the machinery present at the local. There was feasibility of the chosen model and energetic potential, wich allows to elaborate a proposal of implemantation for the Campus.

Keywords: Biogas. Solid Waste. Renewable energy.

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Introdução

Nos últimos anos o governo tem voltado sua atenção a questão da distribuição elétrica para todos cidadãos, um grande desafio para um país de dimensões continentais. A missão se torna maior quando pensamos em energia sustentável, dados da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL (2008), apontam que até 2007 75% da energia consumida era proveniente de hidroelétricas e o restante vinha de fontes térmicas. Apenas em 2008 realizou-se o primeiro leilão para geração de energia de biomassa. Nos anos 90 toda a demanda energética era proveniente da queima de combustíveis fósseis, contudo com o advento de estudos sobre o meio ambiente ficou claro os grandes prejuízos causados ao planeta, além da possibilidade de esgotamento dessas fontes. Desta forma, no início dos anos 2000 nota-se a necessidade de “limpar” a matriz energética mundial, assim tornando mais atrativo as fontes de energia renováveis como sol, vento e biomassa. Contudo, os custos de implantação são, dentre outros fatores, um empecilho para a utilização de energias alternativas em maior escala. O fato do Brasil possuir uma vasta área agrícola deve ser fato de fomento para criação de novas tecnologias para geração de energia no campo, tendo como foco principalmente as pequenas unidades produtoras, que possuem acesso remoto a energia, fato este para alguns autores fator preponderante para o desenvolvimento social da região. Além disso a grande disponibilidade de recursos naturais, inclusive desperdiçados em larga escala, como no Restaurante Universitário da UFMA, que diariamente descarta centenas de quilos de resíduos orgânicos que poderiam ser convertidos em energia para próprio consumo do RU.

Este trabalho tem os seguintes objetivos:

a) fornecer fundamentações teóricas para evidenciar a viabilidade e importância do investimento em fontes alternativas de energia aliando economia nos gastos energéticos e boa destinação aos resíduos sólidos gerados na universidade, podendo assim a UFMA ser referência em energia sustentável;

b) propor a implantação de uma usina de biogás no Restaurante Universitário da UFMA, podendo mostrar os gastos da instalação, o

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quantitativo de energia gerado e quantos pontos de luz ela será capaz de abastecer;

c) em parceria com o RU obter dados quantitativos de resíduos gerados e buscar o melhor modelo de biodigestor a ser instalado;

d) sugerir a forma mais segura e eficiente de portar o biogás. E assim, posteriormente, a forma mais eficaz de transportar à unidade consumidora.

Referencial teórico

Segundo dados do Projeto Brasil-Alemanha de Fomento ao Aproveitamento Energético de Biogás do ano de 2010, no âmbito mundial, as fontes renováveis de energia representam apenas 13% nos países desenvolvidos, chegando a 6% nos países em processo de desenvolvimento. Destacando-se como principal fonte energética o petróleo. Podemos citar como destaque mundial para desenvolvimento das energias limpas a Alemanha, com uma das matrizes energéticas mais diversificadas, podendo ser apontada como um dos países com maior perspectiva de crescimento das energias renováveis. A Alemanha tem como perspectiva até o ano de 2020 conseguir reduzir em 40% a emissão de Gases do Efeito Estufa, reduzir em 20% a demanda de energia térmica, aumentar em 18% a geração de energias renováveis e abandonar a energia nuclear. A demanda por energia deverá aumentar em 36% entre 2015 e 2050, desta forma com as novas políticas de diminuição do uso de combustíveis fósseis a demanda pelo biogás deverá aumentar em mais de 44% no mesmo período de tempo.

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Figura 1: Matriz energética mundial

Fonte: ANEEL (2008)

Já no Brasil, a Agencia Nacional de Energia Elétrica, em seu Atlas de energia elétrica do ano de 2008, diante das dificuldades do setor energético, em 2001, o governo brasileiro adotou um novo modelo para o setor energético onde haveriam dois tipos de mercado que seriam explorados, o Ambiente de Contratação Regulada ou ACR, no qual seria feito um contrato entre o gerador e distribuidor da energia com um preço fixo, estimulados por leilões, ou um Ambiente de Contratação Livre ou ACL, em que os contratos entre as empresas que fazem a geração, comercialização, importação e exportação da energia, além dos consumidores livres. Em 2008 foi criado o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, dividido em duas fases, onde a primeira visava a Contratação de 3.300 MW de energia renovável durante um período de 20 anos. A fase seguinte assegura que 10% da demanda de energia venha de fontes renováveis contatados por leilões de energia, prevendo assim entre outros tópicos a redução de 100% da tarifa de uso dos sistemas de transmissão e distribuição, quando no mínimo metade da energia consumida pela empresa for proveniente de resíduos sólidos urbanos ou de biogás de aterro sanitário. Nos últimos anos a ANEEL fez 14 chamadas públicas para o programa de Desenvolvimento Tecnológico do Setor energético Brasileiro (P&D), além disso iniciativas de governos estaduais e da ANP preveem a inserção do biogás na rede de gás comercializado no país. Também é importante citar a criação de

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projetos como a Associação de Biogás - ABIOGÁS, em 2013, e o PROJETO BRASIL-ALEMANHA DE FOMENTO AO APROVEITAMENTO ENERGÉTICO

DE BIOGÁS - PROBIOGAS em 2010 que é uma iniciativa do governo brasileiro

por meio do Ministério das Cidades em parceria com a Deutsche Gesellchaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) que busca ampliar o aproveitamento energético do biogás no Brasil entre 2013 e 2017. Na imagem abaixo está descrito a matriz energética brasileira, que possui 45% de fontes renováveis, número bem superior ao mundial (13%)

Figura 2: Matriz energética brasileira

Fonte: ANEEL (2008)

Biogás

No Brasil, após a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico feita pelo IBGE no ano 2000 foi possível visualizar os municípios que já possuíam aterros sanitários, a partir disso é viável projetar o potencial de produção de biogás a partir de resíduos sólidos. O biogás é uma “mistura” de gases obtidos pela digestão anaeróbica de matérias orgânicas, obedecendo critérios de temperatura, umidade e acidez. A chamada matéria orgânica pode ser empregada a diferentes tipos de restos orgânicos como dejetos alimentares, esgoto, sobras de animais abatidos, fezes de animais, entre outros. Segundo Capatan, A.; Capatan, D.; Capatan, E. (2011) é essa matéria prima que irá determinar a composição do biogás, que na maioria das vezes está composta

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em 50-80% de metano, 20-40% de dióxido de carbono e o restante é dividido entre hidrogênio, nitrogênio, gás sulfídrico e amônia. Porém é necessário ter atenção quanto a pureza deste gás, como demonstra Nascimento e Acácio.

Algumas substâncias presentes no biogás têm caráter indesejado, podem interferir na combustão tornando-a menos eficiente, pois, durante a queima absorvem energia. A água e o dióxido de carbono são as principais, tendo também o gás sulfídrico que causa corrosão nos equipamentos utilizados. (Nascimento e Acácio, 2015, p. 43).

Na figura 3 é possível observar os substratos mais utilizados para obtenção do biogás no Brasil, onde destaca se os restos do cultivo do milho, os dejetos alimentares ocupam apenas a terceira posição representando apenas 11,8% do potencial extraído.

Figura 3: Produção de biogás de acordo com o substrato

Fonte: PROBIOGÁS (2010)

Ambientalmente, o biogás destaca-se por poluir muito menos que outros tipos de combustíveis, como no caso da substituição do carvão que reduz a contaminação do ar devido a queima e reduz o desmatamento. Também podemos citar que em pequenas produções o produtor por meio dessa forma de energia consegue gerar sua própria energia, mais barata e próxima de sua residência, além de que o resto desse processo, os biofertilizantes, podem ser utilizados como fertilizantes. A atual realidade do biogás no Brasil mostra que a

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maior parte do gás retirado dos aterros não é capturado, indo direto para a atmosfera, outra parte é queimada, sem nenhum aproveitamento adicional. Segundo dados do Centro Nacional de Referência de Biomassa - CENBIO (2015), o Brasil possui 148 unidades produtoras de biogás, destas 59 estão ativas e as outras 89 em processo de instalação ou reforma. Caso todas estas unidades estivessem em funcionamento a perspectiva de geração de biogás seria de 650 mil m³/dia, gás este que se beneficiado abasteceria aproximadamente 8 mil carros. A Figura 4 mostra a distribuição percentual de geração de biogás em alguns estados brasileiros, onde o estado do Maranhão não possui destaque a nível nacional.

Figura 4: Distribuição percentual de geração de biogás nos estados brasileiros

Fonte: CENBIO (2015)

Como todo método de energia sustentável a energia de biogás possui pontos positivos e negativos, como os que podemos citar:

a) Prós

I. É de captação simples, pode ser produzido na maior parte das propriedades, independentemente de seu tamanho ou localização geográfica. Como exemplo as pequenas propriedades rurais que fazem a produção a partir de restos da criação de animais;

II. o biogás também pode ser obtido no processo de tratamento de efluentes domésticos e lixo;

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III. a composição do biogás é de sua maioria do gás metano (50%), assim sua queima ajuda a reduzir a emissão de poluentes na terra; IV. funciona como uma fonte adicional de renda para pequenos produtores que repassam o biogás para a concessionária produzir a energia;

V. no caso de empresas ganham o selo de sustentável, o chamado marketing verde;

VI. segundo dados da United States Environmental Protection Agency - USEPA (2010), é possível prever que a produção de 615m³/h de biogás é capaz de em um ano evitar o uso de 100 mil barris de petróleo ou evitar a derrubada de 5 mil hectares de árvores que seriam usadas na produção de carvão.

b) Contras

I. O metano é um gás altamente inflamável, seu manejo incorreto pode ocasionar acidentes;

II. a produção do biogás gera grande quantidade de biofertilizantes, produto que se não destinado a uma outra atividade é de difícil eliminação;

III. o biogás possui enxofre, deixando o local de produção com cheiro muito forte.

Tipos de utilização do biogás

Após a captação a destinação do biogás varia de acordo com a forma que ele for ser utilizado, podendo ser de uso direto no caso do BTU médio e alto ou de uso não direto no caso da energia elétrica.

a) Combustível de BTU médio: É o biogás bruto que tem uso comercial, institucional e industrial para o abastecimento de aquecedores de água, fornos, secadores de agregados e geradores convencionais de eletricidade. Esse biogás contém 50% de metano. Normalmente é utilizado em locais que estão nas proximidades do local de obtenção do gás, como no caso do aterro metropolitano de Jardim de Gramado, que transporta por dutos subterrâneos de aproximadamente 6km, 200 mil m³/dia de biogás para a refinaria de Duque de Caxias;

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b) combustível de BTU alto: É o biogás purificado com teor de 90 a 99% de metano. No processo de purificação ocorre a remoção do dióxido de carbono, um procedimento caro. É utilizado como como gás natural no abastecimento dos caminhões usados nos aterros sanitários;

c) energia Elétrica: o biogás é utilizado como combustível de motores de combustão interna e de turbinas, muito utilizado nos Estados Unidos. Essa é uma utilização mais eficiente e segura.

Tipos de biodigestores

Os biodigestores são tanques utilizados na produção de biogás e biofertilizantes, tendo como matéria prima dejetos orgânicos, que será biometanizado (etapa onde as bactérias digerem os carboidratos, as proteínas e os lipídios) por bactérias que se desenvolvem anaerobicamente (sem oxigênio). Existem inúmeros modelos de biodigestores, mas podemos citar como os mais relevantes de acordo com Deganutti et al (2012), os modelos chinês e indiano.

a) Biodigestor modelo indiano

Este modelo possui uma campânula (um objeto em forma de sino) como gasômetro, que fica mergulhada no material biodegradado que passa por fermentação. Além disso possui uma parede central que divide o tanque para que o material em degradação circule por todo o interior da câmara de fermentação. Também podemos caracterizá-lo por possuir uma pressão constante, assim caso o gás produzido não seja consumido imediatamente, o gasômetro se desloca para aumentar o volume no interior do biodigestor. Este modelo possui abastecimento na maioria das vezes de restos bovinos e suínos

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Figura 5: Biodigestor modelo indiano

Fonte: DEGANUTTI (2012)

b) Biodigestor modelo chinês

Este modelo possui formato cilíndrico, normalmente feito em alvenaria com teto impermeável para o correto armazenamento do biogás, fato este que reduz o custo, porém apresenta maior possibilidade de vazamento. Este modelo funciona como uma prensa hidráulica aumentando a pressão no interior, assim o gás empurra os efluentes para a caixa de saída, em seguida uma parte do gás é liberado para a atmosfera. Devido a problemas de vedação e perca de gás o modelo indiano mostra resultados mais eficientes que o chinês, por este fato este modelo não é longamente utilizado em grandes produções.

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Figura 6: Biodigestor modelo chinês

Fonte: DEGANUTTI (2012)

Após experimentos com os dois modelos, Deganutti et al (2012) estabelece um comparativo da eficiência entre os modelos.

Tabela 1: Comparativo entre modelos de biodigestores Comparativo entre modelos

Chinês Indiano Redução de sólidos 37% 38% Produção média de biogás 2,7 m3/dia 3,0 m3/dia

Produção média de

substrato 489 L/m3 538 L/m3 Fonte: DEGANUTTI (2012)

Caso bem-sucedido

No ano de 2003 foi inaugurada a primeira usina a partir de biogás do Brasil, na cidade de Bandeirantes, São Paulo. Esta usina possui destaque mundial e tem capacidade de produzir 12 mil m³/h de biogás, número capaz de produzir 22MW, suficiente para abastecer uma cidade com 400 mil habitantes. Posteriormente no ano de 2008, também no estado de São Paulo foi inaugurada a usina que se abastece de gás do aterro de São João, com capacidade de produzir entre 12 mil e 18 mil m³/hr de biogás. A nível mundial podemos citar

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inúmeras empresas que fazem o uso da energia de biogás, como da montadora BMW, onde a energia gerada a partir do biogás é responsável por alimentar os fornos de pintura de carros. Também é notório citar o aterro sanitário de Glendale na Califórnia em operação a partir de janeiro de 2010, que possui 2 motores instalados com capacidade de geração 2.8 GW. Este projeto tem custo aproximado de 12 milhões de reais, onde a empresa administradora possui um contrato de venda da energia para a concessionária local por 20 anos.

Metodologia

O restaurante universitário, diariamente serve 3500 refeições no almoço e 1000 refeições no jantar, para este trabalho foram utilizados apenas dados da primeira refeição, pois foi observado descontinuidade nas quantidades de resíduos do turno da noite, devido ao restaurante reaproveitar alimentos do almoço no jantar, assim alguns dias não há eliminação de restos alimentares. Os dados colhidos são dos dias 27/03/2017 a 21/04/2017.

Tabela 2: Dados quantitativos de resíduos Semana Data Resíduos

(kg) Semana 1 27/03/2017 815,6 28/03/2017 489,8 29/03/2017 738,5 30/03/2017 779,5 31/03/2017 306,8 Semana 2 03/04/2017 1024 04/04/2017 261,5 05/04/2017 994,9 06/04/2017 1044,8 07/04/2017 719,5 Semana 3 10/04/2017 684,5 11/04/2017 605,9 12/04/2017 634,7 13/04/2017 FERIADO 14/04/2017 FERIADO Semana 4 17/04/2017 1538,2 18/04/2017 770,8 19/04/2017 298,6 20/04/2017 562,6 21/04/2017 FERIADO Média 721,78 Fonte: Autor

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Observando a Tabela 2, temos os dias que os dados foram colhidos e o quantitativo mensurado em quilogramas. Também é relevante citar a variação durante o levantamento de dados, isso é justificado pela variação de cardápio onde em alguns dias apresentam restos de maior peso, como casca de melancia e ossos. Esse material é recolhido pela empresa TransAmbiental Soluções em Resíduos, localizada no bairro do Jardim São Cristovão, que é responsável também pela destinação do material. Fazendo um comparativo com outro restaurante universitário, podemos mencionar Melo, Santos e Uchôa (2015) que em seu trabalho obteve uma média diária de 446,38 kg de resíduos orgânicos no RU Central da Universidade Federal do Piauí, que serve aproximadamente 5500 refeições por dia. Desta forma observar que o restaurante universitário do Piauí consegue gerar 275,4 kg a menos porem servindo 2 mil refeições a mais, evidenciando que o RU da UFMA desperdiça muito comparado a outro restaurante de mesmo porte.

Durante a visita, também foram colhidos dados referentes ao maquinário presente no local e seus respectivos tempos de funcionamento, isto para que fosse possível fazer uma estimativa do consumo de energia mensal.

Tabela 3: Maquinário presente no restaurante

Maquinário Máquina Nº Pot. (kW) Horas/dia Nº de dias Consumo (kWh/período) Refrigerador industrial 4 0,6 24 17 979,2 Exaustor industrial 13 0,17 5 17 187,85 Fritadeira 8 2 5 17 1360 Forno combinado 8 18 5 17 12240 Fogão 2 9,2 5 17 1564 Caldeirão industrial 6 14 5 17 7140 Descascador 1 0,45 2 17 15,3 Processador 1 1 2 17 34 Câmara frigorífica 4 4,5 24 26 11232 Lava louças 2 1,8 5 17 306 Ventilador 21 0,15 3 17 160,65 Lâmpada 275 0,02 8 17 748,06 Computador 6 0,5 8 17 408 Ar condicionado 5 0,9 8 17 612 TOTAL CONSUMIDO (kWh) 37136,6 Fonte: Autor

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Foi observado grande quantidade de maquinário industrial que apresentam elevado consumo energético, além disto é relevante citar que o local onde se localiza o restaurante é um quente e escuro, desta forma sendo necessário utilização frequente das lâmpadas e dos ventiladores. Dentre os dados colhidos, o número de lâmpadas foi estimado de acordo com a área observada e a planta do RU. O tempo de funcionamento das máquinas usadas na produção da refeição é das 8 às 13 horas, e no turno vespertino os funcionários realizam trabalhos de limpeza e preparação de alimentos para o dia seguinte. A Tabela 3 teve como referência o modelo da concessionária de energia do estado do Rio Grande do Sul.

Modelo escolhido

Diante da pesquisa realizada previamente e dos dados observados no restaurante, o modelo sugerido para o biodigestor foi o indiano, que apresenta melhores resultados de vedação, controle da matéria prima usada e eficiência, de acordo com a Tabela 1. Durante o processo a matéria orgânica será misturada com água, e posta em descanso para ocorrer o processo de fermentação, que dará origem ao biogás. O gás obtido, com o auxílio de um cilindro de compressão, será enviado para uma máquina térmica, e posteriormente para um gerador onde a energia térmica dará origem a energia elétrica.

Analisando as instalações do RU, podemos elencar a região do fundo do restaurante ao lado esquerdo como pode ser visto na Figura 8, como a mais apropriada para a instalação, pois é uma região sem tráfego de alunos e próxima do depósito de resíduos, assim evitando a circulação dos resíduos pela região de produção alimentar.

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Figura 8: Vista superior do Restaurante Universitário

Fonte: Site Google Maps Potencial energético

Com a quantidade média de resíduos que obtivemos na Tabela 1, é possível calcular a quantidade de biogás que o resíduo gerará, porém como a digestão anaeróbica da matéria necessita de oxigênio é imprescindível calcular a demanda de oxigênio do material orgânico, fazendo uso da equação 1 utilizado por Brondani (2010) em seu trabalho:

DQO = Vdd*0,33 (Eq. 1) Onde,

DQO – Demanda química de oxigênio (kg L-1) Vdd – Média de carga diária do biodigestor (kg) 0,33 – Demanda química de oxigênio por quilo

Desta forma, teremos a demanda química de oxigênio igual a 238,19 Kg L-1, que será utilizado no cálculo da quantidade de metano gerada, pois de

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acordo com Brondani (2010), para cada 1 quilograma de DQO será produzido 0,35 m3 de metano, assim:

CH4 = DQO*0,35 (Eq. 2) CH4 = 83,36 m3

Agora é necessário levar em conta que o gerador da energia não opera a 100%, desta forma de acordo com o descrito por Melo et al (2015) adotamos a eficiência do processo de 60%:

Biogás (m3) = CH4/0,60 (Eq. 3) Biogás (m3) = 138,93 m3

Agora tendo o volume de biogás gerado usamos de dados de Nogueira e Zürn (2005), onde 1 m3 de biogás equivale a 5,81 kWh de energia elétrica. Assim, como os resíduos geraram 130, 95 m3 de biogás isso propiciará um ganho de 760,80 kWh no período estudado. De acordo com a Tabela 2, a energia gerada do biogás será capaz de abastecer todas as lâmpadas do restaurante universitário.

Resíduos da produção

Após a geração do gás os resíduos sólidos presentes no biodigestor são chamados de biofertilizantes e podem ser usados nas lavouras como adubos orgânicos, como explica Roya, Freitas e Barros.

Este material orgânico, é obtido através da metabolização da matéria orgânica dentro dos biodigestores. Pode ser usado como fertilizante agrícola de excelente qualidade. Essa garantia de qualidade é dada em especial pela redução do teor de gás carbônico (CO2), que gera um aumento da presença de Nitrogênio e demais nutrientes. (Roya, Freitas e Barros, 2011, p. 6)

PROCEDIMENTOS PARA INSTALAÇÃO Normas para instalação

A Agência Nacional de Energia Elétrica criou a norma nº 482/2012 para mini geração de energia (entre 75 kW e 3 MW de potência), que regulamenta que o faturamento da unidade deve ser o consumido com o abatimento da

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energia produzida pela mini geração, em alguns casos a unidade pode ficar com o crédito, caso a energia gerada seja maior que a consumida. A partir da regulamentação nacional, da ANEEL, as concessionárias deveriam adequar as suas próprias regras, no caso do estado do Maranhão, a Companhia Energética do Maranhão, disponibilizou a Norma Técnica 31.009.02, que trata da conexão de geradores particulares ao sistema elétrico. Esta NT, diz que a UC deve comunicar a instalação do gerador, onde o projeto está sujeito a análise da CEMAR.

Risco de manejo do biogás

Pelo fato do biogás não possuir chama de forte luminescência, é elevado o risco de acidente em caso de vazamento do gás. Além disto, mesmo o gás não possuindo toxidade, no organismo humano ele tem a característica de diluir o oxigênio podendo ocasionar morte por asfixia. Também é relevante citar a necessidade de um correto isolamento do solo durante a construção do biodigestor, para eliminar o risco de vazamento de resíduos no solo.

Conclusão

A discussão da correta destinação dos resíduos é de grande valia para a Universidade, e o seu emprego para captação de energia traz inúmeros benefícios como redução das tarifas energéticas, a não dependência de combustíveis fósseis além do projeto ter evidenciado um grande desperdício de alimentos, podendo ser comparado com o RU da Universidade Federal do Piauí. Esse projeto visa difundir a viabilidade de obtenção de energia elétrica de resíduos sólidos, afim de se tornar referência para outros projetos na mesma área. Conforme o exposto é possível concluir que mesmo com os custos é viável sua instalação, pois com a implementação haverá redução de gastos com recolhimento dos resíduos e na conta de luz, assim a longo prazo o os custos do investimento serão sanados.

Referências

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Imagem

Figura 1: Matriz energética mundial
Figura 2: Matriz energética brasileira
Figura 3: Produção de biogás de acordo com o substrato
Figura 4: Distribuição percentual de geração de biogás nos estados brasileiros
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