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A TRADICIONAL ABORDAGEM DE SISTEMAS DE INOVAÇÃO É ADEQUADA PARA COMPREENDER PROCESSOS NACIONAIS DE INOVAÇÃO?

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A tRADICIONAL ABORDAGEM DE SIStEMAS DE INOVAÇÃO É ADEQUADA PARA COMPREENDER PROCESSOS NACIONAIS DE INOVAÇÃO?

Lúcia H. T. Viegas*

RESUMO

A abordagem de Sistemas de Inovação é, ainda hoje, bastante empregada para examinar processos de produção de Ciência, Tecnologia e Inovação. Este artigo tem por objetivo apresentar diferentes visadas sobre o enfoque sistêmico, des-tacando a abordagem dos Sistemas Nacionais de Inovação. Primeiramente, é in-dicada a origem dos estudos sobre sistemas de inovação. Posteriormente, são conceituados os sistemas de inovação globais, nacionais, setoriais e tecnológicos, conforme a literatura sobre inovação. A seguir, expõem-se algumas considerações sobre as limitações do emprego da abordagem tradicional de sistemas nacionais de inovação para a compreensão daqueles processos nacionais de inovações que são de fato dados. Espera-se, desse modo, colaborar para o entendimento do significado do processo de fomento a inovações para o desenvolvimento da so-ciedade brasileira.

Palavras Chave: Inovação. Sistemas de Inovação. Sistemas Nacionais de Inovação.

Abordagem estruturalista.

IS THE TRADITIONAL APPROACH OF INNOVATION SYSTEMS SUITABLE TO UNDER-STAND NATIONAL PROCESSES OF INNOVATIONS?

ABStRACt

The innovation systems approach is, even today, quite still frequently used to examine processes of Science, Technology and Innovation. This paper aims at presenting different views about the systemic perspective, focusing on the National Systems of Innovation approach. Firstly, it shows the origins of the studies on innovation systems. Following, the conceptualization of global, national, technological and sectorial innovation systems, according to the innovation literature. Then, it presents some considerations about the limitations of the traditional employment of this approach for the comprehension of actual national innovation processes. Its purpose is, thereby, to contribute to the understanding about the meaning of promoting innovations for the development of the Brazilian society.

Keywords: Innovation. Innovation Systems. National Innovation Systems. Structural

approach.

____________________

* Doutora (D. Sc.) em Gestão e Inovação Tecnológica (EQ/UFRJ), Mestre (M. Sc.) em

Administração de Empresas (COPPEAD/UFRJ), Engenheira Química (EQ/UFRJ) e Bacharel em Filosofia (IFCS/UFRJ). Atualmente é Analista da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Contato: <luciaviegas1@yahoo.com>.

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¿EL ENFOQUE TRADICIONAL DE LOS SISTEMAS DE INNOVACIÓN ES ADECUADA-PARA ENTENDER LOS PROCESOS NACIONALES DE INNOVACIÓN?

RESUMEN

El enfoque de los sistemas de innovación es, aún hoy, bastante utilizado para examinar los procesos de Ciencia, Tecnología e Innovación. Este trabajo tiene como objetivo presentar diferentes perspectivas sobre el enfoque sistémico, con énfasis en el enfoque de los Sistemas Nacionales de Innovación. En primer lugar, se indica el origen de los estudios sobre sistemas de innovación. Posteriormente, se conceptúa los sistemas de innovaciones –globales, nacionales, tecnológicos y sectoriales, conforme la literatura sobre innovación. A seguir, se establecen algunas consideraciones acerca de las limitaciones del empleo tradicional de este enfoque para entender los procesos nacionales de innovaciones que ocurren efectivamente. Por lo tanto, se espera contribuir a la comprensión del significado de la promoción de innovaciones para el desarrollo de la sociedad brasileña.

Palabras Clave: Innovación. Sistemas de innovación. Sistemas Nacionales de

Innovación. Enfoque estructuralista.

1 INtRODUÇÃO

Afirmar “Ciência, Tecnologia e Inovação – C,T&I”como a principal força motora das transformações que ocorrem atualmente no mundo tornou-se lugar comum no discurso de representantes de qualquer sociedade contemporânea.

Diferentes estudos apresentados na literatura especializada consideram C,T&I como meio, como fonte de vantagem competitiva, como condição para o crescimento econômico e social e como motivo para a intervenção governamental ou estatal. No âmbito dessa literatura, processos de C,T&I são examinados por diversas abordagens, tendo a abordagem dos sistemas de inovação adquirido proeminência nas últimas décadas.

No campo acadêmico, nos dias atuais, ainda é bastante frequente a existência de linhas e redes nacionais e internacionais de pesquisa que fazem uso da abordagem para o estudo de processos de C,T&I. Da mesma forma, o enfoque de sistemas de inovação é muito empregado na concepção de políticas públicas de fomento a C,T&I em países do mundo ocidental.

Sistemas de inovação setoriais, tecnológicos, sociotécnicos, regionais, nacionais, globais, envolvem as interações entre a organização inovadora e os vários agentes do ambiente em que a organização atua, com relação à transferência e difusão de ideias, habilidades, informações, conhecimentos, regulamentações e incentivos.

Tradicionalmente, as análises baseadas em sistemas de inovação adotam perspectivas descritivas e idealistas, que produzem enunciados considerados como válidos em todos os casos, e em qualquer condição social. Em outros termos, uma

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experiência é examinada somente por suas causas imediatas, e não com base no contexto sistêmico no qual se encontra inserida. Todavia, processos de inovação não se desenvolvem em uma realidade isolada, mas são resultantes de determinações conjuntas que aparecem de modo tácito ou inconsciente e funcionam como expressões eficientes de coesão e significação social.

Os estudos desenvolvidos nas perspectivas descritivas e idealistas são relevantes para explicar características, determinantes e relações de causa-efeito de processos de inovações, em sua dinâmica interna e no nível das organizações envolvidas. Entretanto, tais estudos não analisam a contento, os fatores sociais históricos, internos e externos, e suas inter-relações que determinam um processo de inovações. Na condição de um evento social, processos de inovações são mais bem explicados e compreendidos no contexto dos enfoques utilizados pelas disciplinas das Ciências Humanas ou Sociais que reconhecem o escopo de estruturas sociais.

O presente artigo examina a adequabilidade do uso da abordagem de sistemas de inovação para compreender processos nacionais de C,T&I, considerando estes processos como um fenômeno humano/social. O texto está organizado como a seguir. No item 2, são indicadas as origens dos estudos sobre sistemas de inovação. No item 3, apresenta-se as diferentes noções e conceitos de sistemas de inovação, bem como considerações da literatura especializada acerca do emprego da abordagem para examinar processos de inovações. No item 4, discute-se a concepção de um sistema do ponto de vista das Ciências Humanas/Sociais e exemplifica-se, indicando estudos que tratam de fatores determinantes da coesão de um sistema, de modo a aprimorar a compreensão do contexto em que ciência, tecnologia e inovação são produzidas. No item 5, apresenta-se as considerações finais e no item 6 encontra-apresenta-se listada a bibliografia utilizada.

2 AS ORIGENS DOS EStUDOS SOBRE SIStEMAS DE INOVAÇÃO

Tradicionalmente, a abordagem sistêmica examina processos de inovação como processos sociais. Desse modo, considera as interações entre a organização inovadora e os diferentes atores do ambiente externo à organização, que afetam e são afetadas por processos de inovação.

Na literatura sobre inovação, no âmbito desta abordagem, estão incluídos os estudos sobre sistemas de inovação globais, nacionais, regionais, setoriais e tecnológicos21.

O interesse por analisar a influência de agentes externos nos processos de inovação surgiu da constatação por muitos estudiosos do tema, que o conhecimento 21 Este artigo não considera estudos no âmbito da abordagem social ou sociotécnica (CALLON,

LASCOUMES, BARTHES (2001); LATOUR, 2000; ORLIKOWSKIV, 2010; PINCH E BIJCKER, 1984), que alguns autores (e.g. GEELS, 2004) consideram como “sistemas sociais de inovação”. Tais estudos tratam inovações como um conjunto de técnicas, procedimentos e conhecimento tácito/explícito, incorporados ou não em artefatos, criados interativamente por formas coletivas de organização.

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novo necessário para o processo não se originava diretamente nas universidades e nos departamentos de P&D de empresas, mas também em outras fontes, tais como clientes, profissionais das áreas de engenharia, de produção e de marketing, que mantinham contato frequente com atores externos ao ambiente da empresa. Além disso, tornava-se necessário integrar essas contribuições mais abrangentes a um conceito de processo de inovação (LUNDVALL et al., 2002).

Os pressupostos subjacentes à abordagem de sistemas de inovação têm sua origem na teoria evolucionária consolidada em 1982 por Richard Nelson e Sidney Winter (2005)(nos Estados Unidos, mas discutida desde os anos 1960), bem como nos estudos empíricos liderados por Christopher Freeman (1987) (pesquisador do Science Policy Research Unit - SPRU, Universidade de Sussex, Reino Unido, desde os anos 1970), que se apoiavam na ideia de que uma inovação bem-sucedida estava atrelada a relações de longo prazo e a interações estreitas com agentes externos à empresa. Adicionalmente, a apresentação do Modelo Interativo/Iterativo (Chain-Linked Model) de Kline e Rosenberg (1986)22 foi relevante para a abordagem, por fornecer uma alternativa ao modelo linear da inovação (FREEMAN, 1995, LUNDVALL et al., 2002).

Godin23 (2009) sustenta que a proposta sistêmica para examinar processos de inovações nasceu nos estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a partir dos anos 1960, apesar de a maioria das pesquisas presentes na literatura sobre inovação considerar que a noção de sistemas de inovação tem origem nos estudos de Christopher Freeman (1987), Bengt-Åke Lundvall (1992), Richard Nelson (1993) e Charles Edquist (1997). Cabe observar que estes últimos autores, entre outros filiados à abordagem de Sistemas Nacionais de Inovação, exerceram forte influência no posicionamento da OCDE (GODIN, 2009, 2009A; SHARIF, 2006).

Ainda segundo Godin (2009), o conceito de Sistemas Nacionais de Inovação surgiu como resposta ao debate sobre gaps tecnológicos e de competitividade entre países, característico dos anos 1960, em que os países europeus representados na OCDE se comparavam aos Estados Unidos, Japão e Rússia, em termos de disparidades tecnológicas e de resultados econômicos, desde a Segunda Guerra Mundial. A abordagem de sistemas nacionais de inovação, “com sua ênfase nos 22 Para Kline e Rosenberg (1986), uma inovação é resultado de processos complexos, entrelaçados

e simultâneos e, por natureza, incertos. Os autores examinam um processo de inovação, tendo como premissa que tal processo é “holístico ou sistêmico”, não linear, sujeito a restrições tecnológicas e mercadológicas que ocorrem simultaneamente, e cujos resultados são de difícil mensuração, portanto, um processo complexo e inerentemente incerto.

23 Benoît Godin é professor e pesquisador do Institut National de la Recherche Scientifique (INRS), Montreal, Canadá; PhD em Science Studies, pelo SPRU, Sussex, Reino Unido e mestre em Ciência Política, pela Université Laval, Canadá. Tem como linha principal de pesquisa a história dos conceitos (por exemplo, o de inovação) e das estatísticas e indicadores sobre ciência, tecnologia e inovação.

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modos como as instituições se comportam e se relacionam entre si, oferecia uma nova rationale para explicar esses gaps.”(GODIN, 2009, p. 239).

Nesse contexto, a recém-criada OCDE24 começou a fomentar políticas científicas nacionais e, desde então, até a emergência da literatura específica sobre sistemas de inovação, a OCDE produziu diversos estudos sobre tais políticas, sendo que a maioria deles no âmbito de uma abordagem sistêmica enfatizando os aspectos institucionais e contextuais da pesquisa científica e tecnológica. Para a OCDE, essa pesquisa era um sistema composto de quatro setores e suas inter-relações: governo, universidade, indústria e organizações sem fins lucrativos, incorporados em um ambiente econômico e em um ambiente internacional (GODIN, 2009)25.

Godin (2009) mostra que vários “estudos sistêmicos”foram desenvolvidos na OCDE no período 1960-1992, entre eles o Sistema de Pesquisa (The Research System), coordenado por Jean-Jacques Salomon, e publicado em três volumes, entre 1972 e 1974. Este estudo examina o sistema de pesquisa em dez países (França, Alemanha, Reino Unido, Bélgica, Holanda, Noruega, Suécia, Suíça, Canadá e Estados Unidos), quanto a: organização, financiamento, aplicação da ciência (ou inovação), pesquisa governamental, fundações, relações universidade-empresa e dimensões internacionais. O documento “enfatiza o contexto institucional no qual pesquisas são conduzidas” e afirma que “pesquisas científicas e tecnológicas, vistas por uma perspectiva institucional, não podem ser separadas de seus contextos político, econômico, social e cultural” (ORGANIZAçÃO PARA A COOPERAçÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 1974 apud GODIN, 2009, p.197).

O uso da abordagem de sistemas de inovação difundiu-se e legitimou-se ampla e rapidamente na academia e nas organizações responsáveis por políticas públicas, a ponto de o governo sueco nominar a instituição do governo central dedicada a promover o desenvolvimento tecnológico do país de “VINNOVA – Verket För Innovationssystem”, que significa “Autoridade de Sistemas de Inovação” (LUNDVALL et al., 2002).

Mais recentemente, uma das sessões da Conferência DRUID26 em 2013 teve, como moção debatida, a validade de continuar a ser adotada como linha de pesquisa 24 A OCDE foi criada em 1961, em substituição à OEEC - Organisation for European Economic

Co-operation. Esta última estabelecida em 1948 (operacionalizando o Plano Marshall, financiado pelos Estados Unidos), para reconstrução do continente europeu devastado pela guerra, em um contexto de fomentar os países a reconhecerem a interdependência de suas economias e de abrir caminho para uma nova era de cooperação entre eles. Em 1960, os Estados Unidos e o Canadá tornaram-se também membros da OEEC.

25 A visão sistêmica de ciência, envolvendo esses quatro setores remonta aos estudos de J. D. Bernal, de 1939 (The Social Function of Science), no Reino Unido e de Vannevar Bush (Science: The Endless Frontier) e outros, nos Estados Unidos, nos anos 1940.

26 As conferências DRUID são consideradas um hub para as pesquisas mais relevantes e inovadoras no tema inovação e dinâmica da mudança estrutural, institucional e geográfica. Segundo os fundadores da rede, criada em 1995, na Dinamarca, o logotipo do DRUID (com origem em leituras de Shakespeare) simboliza um caldeirão acadêmico: uma rede vibrante de pesquisa, na qual estudiosos de todos os continentes trocam e avançam ideias para aumentar a profundidade, a coerência e a relevância da pesquisa no tema mencionado.

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promissora a abordagem de sistemas de inovação (moção: The systems of innovation approach is no longer a promising line of research27). Os resultados do debate questionam a legitimidade dessa abordagem, tal como consagrada pela literatura sobre inovação, para examinar o tema Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I).

No Brasil, a abordagem dos sistemas de inovação é ainda bastante utilizada não apenas em estudos acadêmicos, mas também na proposição de políticas e ações para fomento a C,T&I no país.

3 CONCEItUAÇÃO DE SIStEMAS DE INOVAÇÃO

Os estudos sobre sistemas de inovação analisam as influências externas nas atividades de inovação de uma organização, no que concerne à transferência e difusão de ideias, habilidades, informações, conhecimentos, regulamentações e incentivos, pelos diversos canais e redes integrados em um contexto social, político e cultural, que orientam e inibem as capacidades e atividades de inovação da organização, como já indicado.

Para a OCDE, inovação é vista como um processo dinâmico, na medida em que a acumulação de conhecimento se dá por interação e aprendizagem. Conforme expressa o Manual de Oslo28, a abordagem dos sistemas de inovação desloca e amplia o foco de uma política nacional de C,T&I, enfatizando o processo interativo entre as instituições, na criação, difusão e aplicação do conhecimento, mediante análise da importância das condições, regulamentações e políticas públicas nas quais o mercado opera e, portanto, realça o papel do governo no monitoramento e no ajuste fino da estrutura do sistema como um todo.

Dahlman e Frischtak (1993) conceituam um sistema de inovação como uma rede de agentes e conjunto de políticas e instituições que afetam a introdução de nova tecnologia na economia. O sistema inclui políticas de transferência de tecnologia, propriedade intelectual, importação de bens de capital, investimento estrangeiro, redes de instituições públicas e privadas, agências de apoio e fomento a atividades científica e tecnológica, além de pesquisa e desenvolvimento, difusão e criação de capital técnico e humano.

De acordo com Bergek, Hekkert e Jacobsson (2008), as funções de um sistema de inovação são: desenvolver e difundir conhecimento; influenciar a direção da pesquisa; a experimentação empreendedora; a formação de mercado; a mobilização de recursos; e a legitimação e o desenvolvimento de externalidades positivas.

Conforme a análise apresentada por Andersen et al. (2002), os sistemas de 27 DRUID CONFERENCE, 35th Celebration Conference, 2013, Barcelona, Anais ... Barcelona: DRUID

SOCIETY, 2013. Disponível em: < https://vimeo.com/155650827>. Acesso em: dez. 2016. 28 Manual de Oslo. Guidelines for collecting and interpreting innovation data:Oslo manual. Paris:

OECD, Statistical Office of the European Communities, 2005. Cabe observar que o Manual de Oslo é referência internacional nos conceitos, indicadores, estatísticas, metodologias, relacionados a C,T&I.

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inovação são examinados no âmbito de três diferentes perspectivas: como sistemas espaciais e econômico-políticos, como sistemas tecnológicos e como sistemas setoriais. Os primeiros estudos têm por objetivo compreender os processos históricos de evolução econômica; os seguintes, fundamentar um processo de tomada de decisão e de escolha de políticas; e os terceiros, contribuir para a teoria.

Os sistemas de inovação como sistemas espaciais e econômico-políticos foram estudados por Lundvall (1992), Porter (1993)29, Freeman (1995), Edquist (1997), Coriat (2002), Carlsson (2006), Binz e Truffer (2017), por exemplo; os sistemas tecnológicos por Carlsson e Stankiewicz (1991), Carlsson (1997), Carlsson e outros (2002), entre outros; e os sistemas setoriais principalmente por Malerba e Orsenigo (1996, 1997, 2000) e Malerba (2002, 2002a).

3.1 Sistemas Espaciais e Econômico-Políticos

O conceito de Sistema Nacional (regional) de Inovação tem como premissa que muitos fatores que influenciam as atividades de inovação são nacionais (regionais) – instituições, cultura e valores. Nestas condições, muitos estudiosos do tema destacam o papel dos governos nacionais na posição de vantagem competitiva alcançada por seus países respectivos, tendo a política tecnológica como um dos principais pilares, por meio da qual a vantagem competitiva do país é expressa em termos de desempenho econômico. Ao mesmo tempo, é fato que os processos de inovação são internacionais em muitos aspectos e, nesse sentido, as atividades de inovação de uma nação afetam e são afetadas por fatores que se originam fora de suas fronteiras, tais como, interação entre empresas e instituições de pesquisa, concorrência com empresas estrangeiras, barreiras alfandegárias e não alfandegárias, como indicado no Manual de Oslo da OCDE.

Em alguns estudos do início dos anos 1980 (e.g. grupo de pesquisadores da Universidade de Aalborg, Dinamarca), era recorrente a expressão Sistemas Nacionais de Produção, e assim, a noção de sistema de inovação foi introduzida por Bengt-ÅkeLundvall, em 1985, mas ainda sem o adjetivo nacional. A expressão Sistema Nacional de Inovação passou a ser reconhecida no início dos anos 1990, a partir de estudo do próprio Lundvall (1992), mas, segundo Freeman (1995) e Lundvall 29 O “modelo diamante” de Michael Porter (PORTER, M. E. Vantagem Competitiva das Nações. Rio

de Janeiro: Campus, 1993, 897p) é um modelo para analisar indústrias e competidores em um país, visando examinar a dinâmica e as condições de obtenção de posição de vantagem nacional por meio da análise das influências sobre a criação dos fatores de produção (insumos necessários para produção). O modelo compreende quatro dimensões analíticas: condições de demanda; condições dos fatores (e.g., recursos físicos e humanos, conhecimento); estratégia, estrutura e rivalidade das empresas; e indústrias correlatas e de apoio, bem como avaliação sobre a ocorrência de externalidades: ações governamentais e acaso (e.g., decisões políticas de governos estrangeiros, invenções e descontinuidades tecnológicas, modificações significativas no mercado financeiro e de câmbio, descontinuidades nos custos de insumos – por exemplo, choques do petróleo, guerras).

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e outros (2002), o significado trazido pela expressão já se fazia presente no início dos anos 184030. Para Mowery, 1994 (apud FREEMAN,1995), o conceito de sistema nacional de inovação, como uma combinação do público, privado e institucional, se originou nas pesquisas de Freeman, em 1987, que analisou a economia japonesa no pós-guerra. Tal conceito foi expandido nos estudos de Nelson de 1992 e 1993.

Segundo Godin (2009a), o conceito de sistemas nacionais de inovação foi inventado por economistas que, durante várias décadas, foram criticados pela falta de capacidade de integrar as instituições em suas teorias e modelos econométricos. Conforme o autor, há duas famílias de autores na literatura que trata de sistemas nacionais de inovação: aquela que se concentra na análise das instituições (incluindo regulamentações institucionais) e que descreve os modos pelos quais os países organizam seus sistemas nacionais de inovação, tendo R. Nelson como principal representante; e outra que oferece uma abordagem mais teórica, realçando o fluxo do conhecimento e o processo de aprendizagem (fazendo, aprender-usando, etc.), tendo B.-Å. Lundvall, como principal representante.

Nelson (1993) conceitua Sistema Nacional de Inovação como “um conjunto de instituições cujas interações determinam o desempenho inovativo de empresas nacionais” (NELSON, 1993, p. 4), e Lundvall (1992) define sistema nacional de inovação como um sistema “constituído de elementos e relacionamentos que interagem na produção, difusão e uso de conhecimento novo e economicamente aplicável” (LUNDVALL, 1992, p.2). Esses elementos ou instituições são empresas, organizações públicas de ciência e tecnologia, universidades, organizações financeiras, sistema educacional, agências reguladoras e outras organizações que interagem em conjunto.

Carlsson (2006) examina estudos sobre a internacionalização de sistemas de inovação tratados na literatura de inovação, tendo como eixo de análise atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) realizadas por empresas, e indica que tais atividades estão cada vez mais internacionalizadas, apesar de serem as menos internacionalizadas de todas as atividades corporativas, inclusive nas grandes empresas – confirmando a visão de Patel e Pavitt (1991) e Pavitt e Patel (1999). Adicionalmente, o autor indica que a quase totalidade dos estudos sobre sistemas 30 Lundvall (1992) e Carlsson (2006) afirmam que Friedrich List (1841-1959) foi o primeiro autor, no

âmbito da teoria econômica, a tratar de sistemas nacionais de inovação. O pensamento de List diferencia-se daquele de Adam Smith (1723-1790), o qual tem como elementos focais nas análises do desenvolvimento de forças produtivas - a troca e a alocação. List altera o foco para inovação e aprendizagem, ao considerar, por exemplo, como eixos do desenvolvimento industrial, proteção de indústrias nascentes, responsabilidades governamentais pela educação e treinamento, e desenvolvimento de infraestrutura de suporte. Já Reinert e Reinert (2003) indicam que a noção de Sistema Nacional de Inovação se faz presente na obra Breve Trattato de 1613, do mercantilista napolitano Antonio Serra. Nessa obra, Serra defende, para a reestruturação econômica de Nápoles, intervenção governamental com foco nas variáveis produção e conhecimento, e não em variáveis monetárias como preconizava Marc’Antonio de Santis, rival acadêmico contemporâneo de Serra.

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nacionais de inovação examina a inovação do ponto de vista da oferta, e destaca a ausência de estudos sobre internacionalização de sistemas nacionais de inovação31.

Nessa perspectiva, insere-se a expressão “Sistemas Globais de Inovação” (SGI) para designar um conjunto de recursos e instituições construído a partir de interações entre organizações de diferentes países.

Brown e Levey (2015) descrevem sistemas globais de inovação como uma nova fase de capitalismo, resultado da globalização da produção e das finanças, bem como da falência do construto dos sistemas nacionais de inovação, na medida em que a mobilidade do conhecimento explícito e tácito não está limitada às fronteiras nacionais. Segundo os autores, os elos internacionais entre fornecedores, clientes, academia, concorrentes e financiadores constituem fontes de vantagem competitiva para uma empresa inovadora de um determinado país.

Tendo como premissa que um processo de inovação é cada vez mais interdependente internacionalmente, Binz e Truffer (2017)propõem duas novas dimensões para o conceito de Sistemas Globais de Inovação: a disponibilidade de acoplamentos estruturais entre as redes de atores e instituições que criam recursos específicos para o sistema (conhecimento, acesso a mercados e investimentos, legitimidade tecnológica) e os modos de inovação dominantes de cada indústria – “STI – ciência, tecnologia e inovação (science-technology and innovation) vs. DUI – fazendo, usando e interagindo (doing, using and interacting)” (BINZ; TRUFFER, 2017, p. 1285).

3.2 Sistemas tecnológicos

Um sistema tecnológico consiste de uma rede de agentes que interagem em uma área tecnológica específica no âmbito de um determinado arranjo institucional, para gerar, difundir e utilizar uma tecnologia. Tais sistemas diferem no modo como evoluem e no grau de sucesso em termos de impacto na economia. Dessa maneira, a noção de sistema tecnológico pode ser adotada como ferramenta analítica para concepção e gestão de políticas tecnológicas (CARLSSON, 1997; CARLSSON, STANKIEWICZ, 1991; CARLSSON et al., 2002).

3.3 Sistemas Setoriais

Um sistema setorial de inovação é conceituado tendo por fundamento a ideia de que diferentes indústrias operam sob determinados regimes tecnológicos,

31 Essa ausência é obviamente explicada - a conceituação tradicional de sistemas nacionais de inovação propõe como elementos do sistema, organizações governamentais, que definem políticas de C,T&I e outras, normas regulatórias, financiamentos, entre outras ações, que são nacionais e obviamente diferentes em cada país, na medida em que atendem necessidades e interesses próprios, e buscam posição de vantagem competitiva para o próprio país.

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os quais compreendem uma combinação particular de oportunidades tecnológicas, condições de apropriação do conhecimento, grau de acumulação de conhecimento tecnológico e características da base relevante de conhecimento (DOSI et al., 1997, 1988). Segundo Malerba (2002, 2002a), sistemas setoriais se constituem por uma base de conhecimento, tecnologias, insumos (inputs) e por uma demanda (potencial ou em declínio). Os agentes são indivíduos e organizações em vários níveis de agregação, com processos de aprendizagem, competências, estruturas organizacionais, crenças, objetivos e comportamentos específicos. Esses agentes interagem por processos de comunicação, troca, cooperação, competição e comando, e essas interações são delineadas pelas instituições. Assim, sofrem processos de mudança e transformação pela coevolução de seus diversos elementos.

Como exemplo de uso da abordagem de sistema setorial de inovação, cabe mencionar o estudo de Longo e Moreira (2013) que avaliou as condições necessárias para o desenvolvimento de um sistema setorial de inovação para atender às demandas da indústria de defesa no Brasil.

3.4 Estudos sobre Sistemas de Inovação em escopo amplo

Outros estudos examinam sistemas de inovação por uma perspectiva mais ampla, reconhecendo que as organizações estão inseridas em um sistema socioeconômico, sendo influenciadas tanto por fatores econômicos quanto por fatores políticos e culturais, os quais determinam a direção, a escala e o sucesso relativo de todas as atividades inovadoras, incluindo qualquer evento que tenha impacto no processo de aprendizagem.

As análises de Arocena e Sutz (2012); Cassiolato, Lastres e Maciel (2003); Dutrénit e Sutz (2014); Lundvall (2002, 2005); Perez, Marín e Navas-Alemán (2014), dentre outros, consideram inovação e aprendizagem como fatores-chave para o desenvolvimento econômico e social, realçando as particularidades dos diferentes contextos nacionais/regionais nos quais os processos de inovação ocorrem. Fundamentadas na abordagem proposta por Amartya Sen (1999), tais análises apontam a necessidade de intervenção governamental para minimizar desigualdades sociais.

No que concerne a países em desenvolvimento, Lundvall et al. (2002) e Cassiolato; Matos; Lastres (2014), dentre outros, sugerem que desenvolvimento econômico e social não depende de um movimento linear de emparelhamento (catching-up) tecnológico, mas da “estrutura de poder da economia mundial” e de outros fatores, sem, contudo, se aprofundarem na compreensão desses aspectos.

Outros estudos sistêmicos (PEREZ, 2005, 2008; WOLFE, 2010) descrevem fatores sociais históricos internos e externos e as relações entre eles, que determinam processos de inovação em uma sociedade capitalista tradicional.

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Perez (2005) mostra que o mundo passou por cinco estágios distintos de crescimento econômico associados a cinco sucessivas “revoluções tecnológicas”, desde o fim do século XVIII, criando novos paradigmas: a revolução industrial; a Era do vapor e das estradas de ferro; a Era do aço, eletricidade e engenharia pesada; a Era do petróleo, do automóvel e da produção em massa; e a Era da informação e telecomunicações, iniciada em 1970 e ainda prevalecente nos dias atuais. Pressupondo o binômio “TICs-Verde” (tecnologias de informação e comunicação mais tecnologias com apelo à sustentabilidade) como a nova revolução tecnológica, Perez (2008) assinala que um novo paradigma será instalado, se as circunstâncias econômicas se alterarem, se for uma aspiração das maiorias, se for um jogo de soma positiva entre o mundo dos negócios e a sociedade, e se os governos se tornarem proativos e definirem um novo campo de ação claramente inclinado para o “verde”.

Mazzucato e Penna (2016) desenvolveram estudo sugerindo iniciativas para o Sistema Nacional de Inovação brasileiro tornar-se mais orientado por missões (mission-oriented)32, por meio de políticas promovidas pelo Estado (o “Estado empreendedor”, ou tomador de riscos) em parceria direta com o setor privado. Os autores tratam inovações na dimensão econômica e pelo lado da oferta, citando como casos brasileiros de sucesso, as parcerias realizadas entre governo, empresas e academia para fomento a inovações, analisadas, porém, como eventos em si mesmos.

3.5 Considerações na literatura de inovação sobre o emprego da abordagem de Sistemas Nacionais de Inovação.

Diversos autores questionam o exame de processos de inovações fundado na noção clássica de Sistema Nacional de Inovação.

Para Foxon, Köhler e Neuhoff (2008), os estudos que tratam de sistemas de inovação são criticados por não fornecerem elementos explícitos para orientar estratégias e políticas empresarias e governamentais.

Nos anos 1990, a OCDE instituiu um programa fundado na abordagem de sistemas nacionais de inovação, por considerar tal abordagem adequada para o direcionamento de políticas nacionais de C,T&I. Para a OCDE, o estudo dos sistemas nacionais de inovação proporcionava um melhor entendimento das diferenças 32 Os autores definem missões do seguinte modo: “Missões não são o mesmo que desafios sociais.

Desafios sociais representam os problemas grandes ou persistentes enfrentados por sociedades. Missões são menos abstratas do que os próprios desafios. Missões definem objetivos e vias concretas para resolver um desafio social, mobilizando um conjunto diversificado de setores para esse fim. Por conseguinte, a política de inovação orientada por missão requer um novo tipo de política industrial que catalisa novos métodos de produção(e distribuição) através de uma variedade de diferentes setores”. (MAZZUCATO; PENNA, 2016, p. 4-5).

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significativas entre países em termos de capacidade para inovar, bem como dos efeitos da globalização e das novas tendências em C&T nos sistemas nacionais. Contudo, em um estudo posterior, a OCDE admitiu que o programa não apresentou os resultados esperados nas políticas nacionais de C,T&I – “ainda há inquietações na comunidade que concebe políticas em que a abordagem de Sistemas Nacionais de Inovação tem muito pouco valor operacional e é de difícil implementação” (ORGANIZAçÃO PARA COOPERAçÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2002, p.11).

Diferentes estudos filiados à abordagem de sistemas nacionais de inovação (LUNDVALL, 2002; ORGANIZAçÃO PARA COOPERAçÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 2002) assinalam também a dificuldade em estabelecer metodologias e métricas para avaliação da distribuição de conhecimento no âmbito dos sistemas, mesmo utilizando indicadores para avaliar fluxos e interações entre instituições, tais como formação de redes e clusters e mobilidade de pessoal.

Outra questão apontada por alguns estudiosos do tema (DAVID; FORAY, 1994; LUNDVALL; JOHNSON, 1994) é a ênfase conferida ao papel das instituições nacionais e ao crescimento econômico, em detrimento da distribuição e do acesso ao conhecimento para a ampliação das oportunidades para desenvolvimento de inovações.

Lundvall et al. (2002) advertem o risco da má interpretação do conceito de sistemas nacionais de inovação, quando é utilizado para promover exclusivamente instituições baseadas em ciência, bem como atividades com impacto socioeconômico muito limitado em termos de capacidade de aprendizagem nos segmentos menos favorecidos da população e do país. Nesse sentido, ressaltam a necessidade de melhor compreensão do processo de construção dessa capacidade em um ambiente de concorrência global, especialmente com relação aos jogos de poder para exclusão-inclusão em redes globais intensivas em conhecimento.

Miettinen (2002) estuda o vigor das palavras Sistema Nacional de Inovação por meio do exame da história de vida, das consequências, e da significação da expressão no âmbito da concepção de políticas tecnológicas e econômicas, especialmente na política finlandesa nos anos 1990. O autor mostra que essas palavras aparentemente vagas – sistema nacional de inovação– têm efeitos definidores e transformadores nos sistemas sociais e na criação de consensos e realidades. Por outro lado, Miettinen (2002) mostra que, como retórica, o uso da abordagem de sistemas nacionais de inovação permite a “participantes de coletivos diferentes manterem suas culturas originais”. O autor demonstra ainda, que pesquisadores e formuladores de políticas se transformam em prisioneiros uns dos outros, ao adotarem a abordagem como referência.

Sharif (2006) entrevistou os principais adeptos do conceito Sistemas Nacionais de Inovação como Freeman, Lundvall, Edquist e outros para entender como e por que tal conceito se tornou tão difundido nos círculos acadêmicos e de formulação de políticas. Os resultados das entrevistas evidenciaram que esse

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conceito não emergiu naturalmente, mas foi construído a partir de um corpo de conhecimento formalmente codificado, produzido via manobras estratégicas de um grupo de filiados à abordagem, com agendas específicas, que almejava resultados definidos pela construção e difusão da abordagem.

Para Godin (2009), as organizações governamentais não foram bem-sucedidas tanto no papel de facilitadores quanto naquele de responsáveis pelo funcionamento de um sistema nacional de inovação, com políticas coordenadas e adaptadas aos contextos nacionais. Nesse sentido, Godin (2009) considera que a abordagem de Sistemas Nacionais de Inovação é apenas um título ou rótulo, semelhante ao modelo da Hélice Tripla (Triple Helix) ou ao Modelo Linear de Inovação ou à Sociedade do Conhecimento ou à Sociedade da Informação, entre outros, que servem muito mais para tornar notórios alguns acadêmicos nas agendas políticas governamentais, do que contribuem, de fato, para compreensão e fomento a processos nacionais de inovação.

Cabe ainda observar a evidente repetição analítica dos estudos que tratam de sistemas de inovação, na literatura sobre inovação.

4 PROCESSOS DE INOVAÇÕES COMO FENÔMENO SOCIAL

Como reiterado, a abordagem de Sistemas de Inovação, conforme a tradição, examina inovações considerando as relações entre a organização inovadora e os diferentes atores do ambiente externo à organização, que afetam e são afetados pelos processos de inovações, tratando esses processos como sociais.

Contudo, tais processos são analisados por uma perspectiva descritiva e/ou idealista, características das observações de fenômenos no âmbito das Ciências Exatas e da Natureza. São raros os estudos que compreendem processos de inovações como experiências sociais33. Como afirma o filósofo Wilhelm Dilthey (1833-1911), as Ciências Exatas e da Natureza explicam, pelas causas, as Ciências Humanas (ou Ciências do Espírito, no dizer do filósofo) compreendem o sentido, tanto o sentido manifesto quanto os diversos sentidos latentes que configuram uma experiência social (DILTHEY, 2002, 1992, 1992a)

A perspectiva descritiva apenas expõe realidades, limitando a análise ao encadeamento linear das relações de causa-efeito. A abordagem idealista encontra conceitos abstratos que são válidos somente no plano da representação, produzindo enunciados considerados como verdadeiros em todos os casos e em qualquer condição social.

33 Como será explicitado adiante, no texto deste artigo, Viegas (2011) concebeu e testou modelo para avaliar o potencial para inovações radicais de um determinado processo, tendo como premissa, o exame de processos de inovações como eventos sociais. O modelo proposto permite analisar fatores ideológicos que mantêm um sistema coeso como estrutura social. (E ainda em Viegas; Bomtempo, 2012).

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Em outros termos, a literatura sobre inovação examina uma experiência somente por suas causas imediatas. No âmbito de uma abordagem interpretativa mais abrangente, uma experiência é examinada com base no contexto sistêmico no qual se encontra inserida. Desse modo, as relações lineares de causa-efeito são substituídas pela compreensão de determinações conjuntas, indicando os fatores sociais vividos e as inter-relações entre eles.

Tendo em vista que um processo de inovação na qualidade de processo sistêmico é um evento social, tal processo deve ser estudado segundo abordagens que reconhecem o escopo das estruturas sociais.

Na epistemologia das Ciências Humanas/Sociais e na tradição filosófica, duas perspectivas foram consagradas para o exame de um sistema. A perspectiva funcionalista, tendo como representantes Bronislav Malinovski (MALINOVSKI, 2014) e Alfred Radcliffe-Brown (RADCLIFFE-BROWN, 1968), e a perspectiva estruturalista - os estudos de Wilhelm. Dilthey (DILTHEY, 2002, 1992, 1992a), Claude Lévi-Strauss (LÉVI-STRAUSS, 1976, 1974, 1962), Ferdinand de Saussure (SAUSSURE, 1968) e Karl Marx (MARX, 2014, 1974; MARX; ENGELS, 1977).

Pela perspectiva funcionalista um sistema é o somatório dos elementos e de suas relações, é ex post. O estudo do sistema resulta o mesmo que o estudo dos elementos e das relações entre eles.

Pela perspectiva estruturalista, o sistema é simultaneamente uma entidade autônoma – estrutura que rege os elementos e as relações entre eles. É uma aglutinação ou gestalt, que precede e determina as partes e suas relações. A estrutura é ex ante; é o sistema que confere ordem e sentido aos elementos.

Na vida social, as estruturas são representadas na forma de algum símbolo ou valor, como crença compartilhada, que se tornam ideológicos, e que se projetam nos sistemas sociais ou institucionais, estabelecendo fundamentos e organizando a realidade da experiência social. Sendo inicialmente dados esses princípios, conceitos, enunciados valorativos – é a partir deles que a funcionalidade dos elementos e relações é examinada.

Um sistema compreende não somente o aspecto físico – a interação das organizações, mas também forças que mantêm o sistema coeso enquanto tal.

Nesse sentido, para compreender um contexto nacional torna-se relevante o exame dos modos institucionais vigentes, dos poderes de classe que organizam a produção e o sistema social, e da capacidade de atuação de cada Estado nacional.

Para Johann Peter Murmann, modo institucional é conceituado como “ações, normas, estruturas sociais e práticas que persistem ao longo do tempo e que são características de agregados sociais que são maiores do que uma única organização” (MURMANN, 2003, p.19).

O poder de classe na concepção de Hannah Arendt – não é visto como uma relação de comando e obediência, mas como habilidade humana de agir em uníssono, que se manifesta pela capacidade de planejar e conduzir a ação política, sem a existência de uma equipe de comando formalizada.

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De acordo com o pensamento filosófico de H. Arendt (1906-1975),

O poder corresponde à habilidade humana não apenas para agir, mas para agir em concerto. O poder nunca é propriedade de um indivíduo; pertence a um grupo e permanece em existência enquanto o grupo se conserva unido. Quando dizemos que alguém está ‘no poder’, na realidade nos referimos ao fato de que ele foi empossado por um certo número de pessoas para agir em seu nome. A partir do momento em que o grupo do qual se originara o poder desde o começo (postestas in populo: sem um povo ou grupo não há poder) desaparece, “seu poder” também se esvanece. (ARENDT, 2009, p. 60-61).

Em estudo que examina a coevolução34 de empresas, tecnologias e instituições nacionais na indústria de corantes sintéticos na Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos, visando compreender as condições determinantes de posição de vantagem competitiva, Murmann (2003) assinala que a capacidade de moldar o ambiente institucional favoravelmente é determinante para posição de liderança. Como exemplo, mostra que a empresa alemã Bayer se destacou na arena competitiva mundial de corantes sintéticos, superando empresas inglesas e norte-americanas, não por criar sofisticada hierarquia administrativa capaz de organizar a produção e distribuição de seus produtos, como apontava Alfred D. Chandler35, mas pela capacidade de “se tornar um ator chave nos esforços de lobbying para criar um ambiente institucional favorável” (MURMANN, 2003, p.8).

No Brasil dos anos 1960, arrancaram-se os trilhos dos trens, sob o argumento da ineficiência técnico-econômica, repetido pelos meios de comunicação, quando o interesse político de fato era a consolidação das indústrias automobilística e petrolífera36. Com isso, não foram fomentadas, desenvolvidas e adotadas inovações nos trens, nem radicais, nem incrementais, tais como trem de levitação magnética 34 Murmann (2003) ressalta que modelos coevolucionários possibilitam melhor compreensão

da dinâmica de uma mudança na indústria. O autor usa o prefixo “co” em coevolução “não no sentido restrito de duas coisas evoluindo juntas, mas em sentido amplo de múltiplas coisas evoluindo conjuntamente” (MURMANN, 2003, p.21).

35 Alfred DuPont Chandler, Jr (1918-2007), conhecido historiador empresarial norte-americano, muito referenciado nos estudos da Administração, autor de Strategy and Structure: Chapters in the History of the Industrial Enterprise (1962), The Visible Hand (1977), Scale and Scope (1990), entre outros.

36 Para aprofundamento no tema, ver, por exemplo, os estudos de Dourado, A. B. F. Aspectos sócio-econômicos da expansão e decadência das ferrovias no Brasil. Ciência e Cultura, v. 36, n. 5, p. 733-736, 1984; FERRARI, M. M. A expansão do sistema rodoviário e o declínio das ferrovias no Estado de São Paulo. 1981. Tese (Doutorado em História, Departamento de História da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1981; e PAULA, D. A. Fim de linha. A extinção de ramais da Estrada de Ferro Leopoldina, 1955-1974. Niterói, 2000. 344 p. Tese (Doutorado em História) - Departamento de História, Universidade Federal Fluminense, 2000.

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(maglev®), trem de propulsão pneumática (aeromóvel), monotrilho, e nem lançados modais de transporte alternativos ao rodoviário (aquavias).

Thierry Montbrial, 2002 (apud CABRAL FILHO, 201737) indica que “no nosso mundo contemporâneo, as principais unidades políticas são os Estados, mas existem outras tais como: as organizações internacionais ou mesmo as subunidades ativas de um Estado que pretendam fazer secessão ou se ‘apoderar do poder’ (movimentos revolucionários)”.

Barroso (2012) demonstra a atuação do Estado Político criado por banqueiros imperialistas londrinos desde o final do século XIX. Esse Estado Político foi fundado não apenas por interesses econômicos, mas segundo uma capacidade estratégica global, que fez com que algumas dinastias financeiras se tornassem uma classe social distinta e mais poderosa que as classes empresariais em todos os países. Políticas audaciosas, secretas e fomentadoras de guerras são criadas e operacionalizadas por este Estado Político Internacional (dos financistas e suas corporações, serviços de inteligência, etc.).

Viegas e Bomtempo (2012) apresentaram um modelo analítico estruturalista, fundado em valores de coesão, para analisar o potencial para inovações radicais, isto é, aquelas que reconfiguram e alteram um paradigma estabelecido, no sentido empregado por Thomas Kuhn (2003), e compreendidas como fenômeno social. O modelo foi validado para avaliar o potencial para inovações radicais da mudança da base de matérias-primas para indústria química – de fósseis para renováveis. Constituído por três dimensões analíticas interdependentes e complementares – ciranda das relações, força de coesão e degraus de transmissão, o modelo busca captar aqueles fatores simbólicos mencionados.

A análise da ciranda de relações examina como se estabelecem as relações intrasistemas e intersistemas, representadas pelas estratégias, decisões e ações da alta gerência das organizações que compõem os sistemas de ciência e tecnologia, empresarial, financeiro, governamental que, através dos sistemas de mídia, estabelecem o senso comum. A análise da força de coesão permite identificar e compreender como são produzidos os conceitos, palavras de ordem e enunciados valorativos, que estabelecem e mantêm o sistema coeso como estrutura social. A dimensão degraus de transmissão examina de que forma se dá a transmissão dos conceitos, normas, palavras de ordem e enunciados valorativos utilizados na produção social de inovações radicais. Assim, o modelo permite conhecer e compreender as Virtualidades: que podem ser definidas como todo o potencial representado pelas relações entre as organizações integrantes dos sistemas empresarial, governamental, financeiro, de ciência e tecnologia e de mídia, ou seja, do ambiente institucional no qual se desenvolveu processo de inovações radicais. 37 Apresentação de Cabral Filho, intitulada “Teoria das Relações Internacionais - teorias, sistemas

teóricos, realidades”, realizada em 5/5/2017, no Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia, da Escola Superior de Guerra, no âmbito da Disciplina “Geopolítica e Relações Internacionais”.

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É nesse contexto que uma produção nacional de ciência, tecnologia e inovação é sistêmica e determinada por estruturas econômicas, políticas e geopolíticas38. Com o tempo, ciência, tecnologia e inovação desencadeiam transformações nas realidades sociais nacionais.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância de uma abordagem sistêmica para examinar processos nacionais de inovação é evidente:

processos nacionais de inovações não se desenvolvem em uma realidade 1.

social isolada, como mero resultado de uma lógica interna dos processos; empresas e/ou organizações de pesquisa não têm de fato capacidade para 2.

organizar, isoladamente, processos nacionais de inovação;

políticas e ações governamentais são fundamentais para conduzir 3.

processos nacionais de inovação, mas não apenas no sentido estrito; processos nacionais de inovação são experiências civilizatórias, históricas, 4.

sociais e, como tal, devem ser estudados por abordagens que identificam e compreendem as estruturas sociais que se mantêm como um determinado arranjo ou configuração no tempo;

assim, o exame de um sistema de inovação requer a identificação 5.

e a compreensão dos regramentos das vontades coletivas, das intencionalidades e valores assumidos – tudo o que diz respeito ao potencial cultural, ou espiritual, de uma nação, ou sociedade organizada, e mais ainda: leis econômicas, quadros políticos, os interesses individuais e de elites - que indicam, na análise, como se dão as conformações sistêmicas como campo unificado.

Observa-se que, na quase totalidade dos estudos no tema Sistemas Nacionais de Inovação, presentes na literatura sobre inovação e examinados por este artigo, inovações são tratadas como atividades/recursos – P&D, engenharia, marketing, qualificação de equipes, regulamentações, políticas e estratégias no sentido estrito, financiamentos disponíveis, relacionamentos inter-organizacionais etc. Obviamente, para que processos nacionais de inovações sejam bem-sucedidos, por qualquer das perspectivas analíticas pela qual estejam sendo examinados, são necessários o desenvolvimento de diferentes atividades, incentivos e recursos diversos. Contudo, um processo nacional de C,T&I bem-sucedido, muito mais do que resultado de um processo de intercâmbio de conhecimentos e de um somatório de recursos, incentivos e atividades, é condicionado por uma configuração particular das Virtualidades 38 Geopolítica compreendida como uma teoria dos sistemas de poder mundial.

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que se projetam na realidade social, como resultante de um jogo de interesses de elites39 nacionais e internacionais.

O exame de um sistema nacional de inovação como evento cultural / social possibilita a identificação e a compreensão das estruturas sociais prevalecentes no sistema em apreciação, sem prejuízo das avaliações qualitativas e quantitativas dos recursos, incentivos e atividades envolvidos no processo. Assim, permite examinar e compreender processos de inovação na dimensão da soberania nacional, tanto quanto as dimensões econômico-sociais ou cognitivas (fundadas na aprendizagem) enfatizadas pela maior parte dos estudos tradicionais sobre sistemas nacionais de inovações.

O estudo de um sistema nacional de inovação requer a compreensão de C,T&I não apenas como meios para alcançar resultados econômicos e sociais, mas sobretudo, como condições de independência e autonomia tecnológica de uma nação. Analisar processos de inovação na dimensão da soberania nacional torna-se necessário para a definição de políticas e ações de fomento a C,T&I e, consequentemente, para que um Sistema Nacional de Inovação opere a contento em um Estado Nacional. O exame de processos de C,T&I como fenômeno social, sem dúvida, possibilita esse entendimento.

Respondendo à pergunta deste artigo, a abordagem de Sistemas de Inovação é adequada para compreender processos nacionais de inovação, quando tais processos são examinados como experiências sociais, empregando, portanto, perspectivas das Ciências Humanas/Sociais para estudar uma sociedade na sua singularidade, isto é, como resultante de um determinado arranjo de valores, crenças, vontades e interesses compartilhados.

Como indica a OCDE em seus estudos sobre sistemas nacionais de inovação, “não há um único modelo, e cada país deve procurar suas próprias soluções.” (ORGANIZAçÃO PARA COOPERAçÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, 1974 apud GODIN, 2009, p.199).

Espera-se, desse modo, contribuir para a construção de um Brasil soberano por meio de Ciência, Tecnologia e Inovação.

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Recebido em: 6 fev. 2018 Aceito em: 29 ago. 2018

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