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Imparidade versus amortização do goodwill

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Academic year: 2021

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Resumo

A partir de 2005, as sociedades com valores cotados nos mercados regulamentados da UE passaram a apresentar as suas demonstrações financeiras consolidadas segundo as IAS/IFRS adotadas pela UE, designadamente a IFRS 3 – Concentrações de Atividades Empresariais, de acordo com o qual o goodwill deixa de ser amortizado sistematicamente para estar sujeito apenas a testes anuais de perdas por imparidade.

Este estudo tem por objetivo analisar o tratamento contabilístico do goodwill, na esfera das empresas cotadas na Euronext de Lisboa. Neste sentido, é feita uma comparação entre os testes de imparidade e de amortização do goodwill, por forma a testar qual destes apresenta um maior valor relevante. Os resultados mostram que o gasto da amortização do goodwill é mais relevante do que o gasto de imparidade do mesmo, indicando assim que os investidores consideram a amortização mais útil nas suas valorizações dos preços das ações, e portanto também para a tomada de decisão.

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Abstract

Since 2005, the listed companies on markets regulated by EU started presenting their Financial Statements consolidated according to IAS/IFRS adopted by the EU, particularly the IFRS 3 - Business Combinations, accordingly to which, goodwill is no longer amortized systematically to be only subjected to annual testing of impairment losses.

This study has the purpose of analysing the accounting treatment of goodwill, in the sphere of the companies listed on the Euronext of Lisbon. In this sense, a comparison between the impairment and amortization tests is made, in order to test which of these has a greater relevant value. The results show that the goodwill amortization expense is more relevant than it’s impairment expense, showing that investors consider the most useful amortization in their appreciation of stock prices, and thus to the decision-making.

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, quero agradecer à minha orientadora, Professora Doutora Ana Morais, por toda a disponibilidade e esclarecimento de dúvidas ao longo do desenvolvimento deste trabalho.

Um agradecimento especial à Tatiana Santos, à Susana Alves e aos restantes amigos da faculdade, por todo o apoio, ajuda e bons momentos passados.

Quero agradecer à minha família e amigos por toda a compreensão e incentivo. Por último, quero agradecer à professora Fernanda Melo e a todos os que de alguma forma contribuíram para a realização de presente estudo. A todos os que me ajudaram, motivaram e inspiraram.

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iv Índice Resumo ... i Abstract ... ii Agradecimentos ... iii Índice de tabelas ... vi

Lista de abreviaturas ... vii

1. Introdução ... 1 2. Revisão da Literatura ... 2 2.1 Enquadramento do Goodwill ... 2 2.2. Amortização do Goodwill ... 7 2.3. Imparidade de Ativos ... 8 2.3.1. Imparidade do Goodwill ... 9 3. Metodologia e Dados ... 14 3.1 Hipótese ... 15 3.2 Metodologia ... 16 3.2.1 Modelo Ohlson ... 16 3.2.2 Modelo de Retorno ... 19 3.3 Amostra ... 20 4. Resultados ... 21

4.1 Resultados do Modelo de Ohlson ... 22

4.1.1 Estatística descritiva do Modelo de Ohlson ... 22

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4.1.3. Análise dos Resultados do Modelo de Ohlson ... 24

4.2 Resultados do Modelo de Retorno ... 28

4.2.1 Estatística Descritiva do Modelo de Retorno ... 28

4.2.2 Matriz de Correlação do Modelo de Retorno ... 29

4.2.3. Análise dos Resultados do Modelo Retorno ... 30

5. Conclusão ... 33

5.1 Principais Conclusões ... 33

5.2 Limitações e pistas de investigações futuras ... 34

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vi

Índice de tabelas

Tabela I - Estatística Descritiva da Amort. e Impar. no Modelo de Ohlson...22

Tabela II- Matriz de Correlação da Amortização no Modelo de Ohlson...24

Tabela III - Matriz de Correlação da Imparidade no Modelo de Ohlson...24

Tabela IV - Estatística de Regressão da Amortização no Modelo de Ohlson...25

Tabela V - Estatística de Regressão da Imparidade no Modelo de Ohlson ...26

Tabela VI- Estatística Descritiva da Amort. e Impar. no Modelo de Retorno...28

Tabela VII- Matriz de Correlação da Amortização no Modelo de Retorno...29

Tabela VIII- Matriz de Correlação da Imparidade no Modelo de Retorno...29

Tabela IX- Estatística de Regressão da Amortização no Modelo de Retorno...30

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Lista de abreviaturas

IAS – International Accounting Standards


IASB - International Accounting Standards Board FASB - Financial Accounting Standards Board IFRS – International Financial Reporting Standards SFAS - Statements of Financial Accounting Standards CAE – Concentração de Atividades Empresariais

NCRF – Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro

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1. Introdução

O International Accounting Standards Board (IASB) emite normas contabilísticas com o objetivo de melhorar a qualidade da informação financeira, sendo que uma das principais mudanças destas normas é a contabilização do goodwill. Após a IFRS 3 ter entrado em vigor no ano de 2005, a amortização do goodwill deixou de ser permitida, assim sendo, as empresas têm de testar anualmente o valor do

goodwill através de testes de imparidade. “Após o reconhecimento inicial, a adquirente

deve mensurar o goodwill adquirido numa combinação de negócios a um custo deduzindo quaisquer perdas por imparidade acumuladas” (IFRS 3, §54).

A motivação do IASB para proibir a amortização do goodwill foi o facto de esta levar a uma contabilidade arbitrária (IASB, 2005). No entanto, o método de imparidade de goodwill também dá lugar a uma grande gestão de estimativas e suposições. Assim sendo, é interessante investigar se esta mudança de método de contabilização levou, ou não, a uma melhor qualidade das politicas contabilísticas.

O objetivo deste trabalho passa por analisar empiricamente se a mudança da contabilização do goodwill tem levado a uma maior qualidade da contabilidade. Este objetivo é realizado de acordo com uma característica de qualidade de informação contabilística, sendo esta a relevância, formulada pelo IASB na sua Estrutura Conceptual. Os dados utilizados neste trabalho foram extraídos da base de dados Bloomberg, bem como de relatórios e contas das empresas portuguesas cotadas na Euronext Lisboa.

A comparação da amortização com a imparidade do goodwill é testada utilizando o modelo de Ohlson bem como o modelo de retorno entre o período de 2006 e 2013, anos em que apenas era permitido pelas IFRS aplicar testes de

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imparidade ao goodwill. Assim sendo, foi feita uma previsão relativamente à amortização que cada empresa teria de calcular caso o goodwill fosse amortizado.

Os resultados mostram que o gasto da amortização do goodwill é mais relevante do que o gasto de imparidade do mesmo, indicando assim que os investidores consideram a amortização mais útil nas suas valorizações dos preços das ações, e portanto também para a tomada de decisão.

Este estudo contribui de diversas formas para a literatura que aborda esta temática, nomeadamente ao comparar a relevância da amortização com a imparidade do goodwill para as empresas cotadas em Portugal. Poderá, assim, ser de elevada utilidade para os diferentes stakeholders das empresas, incluindo entidades reguladoras, analistas e gestores das próprias empresas.

O estudo está dividido em 6 secções. É efectuada na secção seguinte a revisão da literatura que suporta este Trabalho Final de Mestrado, fazendo-se um enquadramento teórico no âmbito desta temática. Na secção 3 é abordado o processo de seleção da amostra, a metodologia utilizada e o desenvolvimento da hipótese em estudo. Posteriormente, na secção 4, são apresentados os resultados obtidos. Finalmente, na secção 5, são apresentadas as principais conclusões, limitações subjacentes ao estudo e sugestões para investigações futuras.

2. Revisão da Literatura

2.1 Enquadramento do Goodwill

Atualmente existe uma grande quantidade de estudos empíricos sobre a divulgação de informação relacionada com os Ativos Intangíveis. Porém, o mesmo

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não se verifica para as Concentrações de Atividades Empresariais (CAE) e para o

goodwill (Fernandes et al. 2010).

O primeiro artigo sobre o goodwill foi publicado na revista “The Accountant” em 1884 pelo autor William Harris, o artigo intitula-se de “Goodwill” referindo o crescimento significativo do mesmo com o surgimento das sociedades anónimas. Porém, o primeiro trabalho sistemático tendo como tema principal o Goodwill, surgiu em 1891, pelo autor Francis More, o qual foi publicado na revista anteriormente mencionada, onde relacionou a avaliação do goodwill suportada em diferentes critérios e opiniões (Catlett & Olson 1968).

Segundo o normativo contabilístico nacional, o goodwill sofreu alterações significativas nos últimos tempos resultante da reforma contabilística do SNC, a qual se baseou no normativo internacional, originando assim uma grande semelhança entre os dois normativos.

De acordo com a nova estratégia de harmonização contabilística comunitária, estabelecida no Regulamento nº 1606/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002, as sociedades com valores cotados num qualquer mercado regulamentado da UE, são atualmente obrigadas a apresentar as suas demonstrações financeiras consolidadas de acordo com as International Accounting Standards (IAS) / International Financial Reporting Standards (IFRS) adotadas pela UE. Assim sendo, a partir de 2005 todas as sociedades com valores cotados na Euronext Lisboa aplicam a IFRS 3 – combinações de negócios, sujeitando o goodwill exclusivamente a testes de

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imparidade, ao invés de ser amortizado sistematicamente durante um período de cinco1 anos, tal como disposto no anterior normativo nacional (POC).

Atualmente, segundo os termos definidos no Apêndice A da IFRS 3 – Concentrações de atividades empresariais2, o goodwill é definido como: “um ativo que representa benefícios económicos futuros resultantes de outros ativos adquiridos numa concentração de atividades empresariais que não sejam individualmente identificados nem separadamente reconhecido” (IFRS 3, §52). Este é medido como o excesso do custo da concentração de negócios sobre o justo valor dos ativos adquiridos.

Segundo Hendriksen & Van Breda (1999), o goodwill é o intangível de maior relevância para as empresas, sendo estas valorizadas pela sua existência. Não obstante, o goodwill é de difícil mensuração devido à sua subjetividade e ao facto de não possuir uma forma específica na sua avaliação. O principal exemplo de um ativo intangível que não possui usos alternativos, não é separável, e cujos benefícios são muito incertos, é o goodwill.

Existem algumas discussões acerca do reconhecimento que se dá ao goodwill, e se este pode até ser visto como um ativo (Johnson & Petrone 1998; Bugeja & Gallery 2006). Alguns autores defendem que o goodwill deveria ser registado diretamente na aquisição, como por exemplo Brunovs & Kirsch (1991) e Nobes (1992), pois argumentam que a medição do goodwill nem sempre é fácil dada a omissão de possíveis ativos identificáveis. Estes defensores argumentam que os benefícios económicos futuros, caso os haja, podem não ser mensurados de forma confiável, o

1 O período máximo de amortização do goodwill definido no revogado Plano Oficial de Contabilidade (POC) era de cinco anos, podendo ser alargado até 20 anos desde que, tal facto, fosse devidamente justificado e divulgado. 2 Entrada em vigor a 1 de janeiro de 2014.  

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que não atenderia à definição de um ativo, devendo estes serem lançados como despesa.

Segundo Johnson & Petrone (1998), o goodwill é um ativo, pois possui a capacidade de gerar benefícios económicos futuros. Porém, este não atende à definição de um ativo desgastável, ou seja, o seu valor não diminui ao longo do tempo como é o caso dos bens imóveis e dos equipamentos. No entanto, não existe um consenso relativamente à mensuração do goodwill, pois segundo Bugeja & Gallery (2006), o

goodwill deve ser amortizado ao longo do tempo, pois perde valor. Sendo que estes

autores fizeram um estudo sobre a relevância do goodwill ao longo do tempo, em que os resultados mostram que os investidores só entendem que o goodwill seja relevante se este for adquirido nos últimos 2 anos, ou seja, se mantivermos o goodwill no balanço por períodos mais longos, não estamos a dar aos investidores uma informação relevante.

O goodwill existe quando o custo de aquisição numa CAE é superior ao justo valor dos ativos e dos passivos identificáveis que foram adquiridos à data da transação, sendo que o adquirente oferece um valor superior ao do simples valor contabilístico dos elementos identificados nas demonstrações financeiras da empresa adquirida, pois este prevê que da aquisição bem como de possíveis sinergias, resultarão potenciais lucros futuros acima do esperado para a empresa. No fundo, o goodwill adquirido numa Concentração de Atividades Empresariais (CAE) corresponde a um pagamento efectuado pela adquirente em antecipação de benefícios económicos futuros de ativos que não sejam capazes de ser individualmente identificados e separadamente reconhecidos (NCRF 14, § 33). Este não surge apenas quando se dá a transação, pois já existia anteriormente, daí o custo de aquisição ser superior ao justo valor da

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adquirida. No entanto, só se pode mensurar nas demonstrações financeiras com elevado grau de objetividade após a efetiva transação.

Segundo Hendriksen & Van Breda (1999), o goodwill poderia ser reconhecido em qualquer momento, se o valor de mercado de uma entidade fosse comparável ao valor dos seus ativos a preços de mercado, o que não acontece devido à difícil mensuração desse ativo quando não envolvido numa transação efetiva3. Para além que aumentaria o seu grau de subjetividade. É desta forma que o goodwill gerado internamente não deve ser considerado como ativo (NCRF 6, § 48), pois embora se incorra em gastos para gerar benefícios económicos futuros, esses não resultam na criação de um ativo intangível que satisfaça os critérios de reconhecimento.

As normas de contabilidade orientam para a identificação em separado dos intangíveis adquiridos no âmbito de uma CAE. Todavia, a realidade é que o goodwill continua a apresentar valores elevados nos balanços consolidados de muitos grupos económicos. PriceWaterhouseCoopers (2011) realizou um estudo, em 2009, sobre a contabilização das CAE em 12 países da União Europeia (UE), concluindo que o valor afeto ao goodwill atinge 50% ou mais do custo de aquisição. Também Carvalho et al. (2012) concluíram que, o goodwill representa 46% do custo de aquisição das CAE realizadas pelas empresas portuguesas do PSI 20 entre os anos 2005 a 2009, sendo que em 2009 o goodwill chega a representar 66% dos capitais próprios daquelas empresas, expondo os acionistas a um elevado risco de perda de capital.

Segundo Rodrigues (2004), o goodwill representa mais de 50% do preço de aquisição em 48,5% dos grupos portugueses, entre os anos 1994 e 1998. E em 25% das empresas, o goodwill chega mesmo a acolher 75% do preço de aquisição.

3 Estes autores, assim como outros tantos, consideram que o goodwill já incorpora subjetividade suficiente que faz com que seja um ativo problemático.

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se que as empresas subvalorizaram os ativos intangíveis reconhecidos e, em contrapartida, o valor do goodwill foi sobreavaliado.

Já Boukari & Richard (2006) demonstraram, através de um amostra de 146 empresas cotadas na bolsa de valores de França, que a transição em 2005 para as IAS/IFRS da UE resultou num aumento de 42% nos resultados líquidos de 2004 (segundo as IFRS) comparativamente com o resultado apurado segundo as normas nacionais (French GAAP). Mais interessante, ainda, é que 60% desse aumento pode ser atribuído ao novo tratamento contabilístico do goodwill.

2.2. Amortização do Goodwill

Por um longo período de tempo, a amortização do goodwill foi muito utilizada e permitida pela maioria dos sistemas de normatização contabilística.

Compreende-se por amortização uma taxa fixa de desgaste aplicada a cada período de relato sobre o tempo de vida útil estimado do goodwill. Este método tem algumas desvantagens, pois não leva em conta a diminuição “real” no valor económico subjacente ao goodwill. Além disso, como Bugeja & Gallery (2006) mostram, o

goodwill pode não atender à definição de um ativo depois de dois anos, o que implica

que o prazo de amortização de 40 anos4 seja muito tempo. Por esta razão, o sistema de normalização contabilístico e as IFRS apresentaram o novo método de imparidade. Também Davis (1989) argumenta que o goodwill é um ativo importante e que geralmente aumenta ao longo do tempo, pelo que não deveria ser amortizado, mas sim reduzido somente quando considerado deteriorado. O que se encontra atualmente patente no nosso normativo nacional.

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Jennings et al. (1996) investigaram a relação entre os valores contabilísticos do

goodwill e o valor do Capital Próprio. Relativamente à amortização do goodwill, os

autores denotaram a existência de uma relação negativa com o valor Capital Próprio, levando a que os investidores vejam a amortização do goodwill como um número relevante para a contabilidade, que leva a uma diminuição no valor do goodwill, no valor da empresa e, portanto, também no preço das ações, concluído assim que que a amortização do goodwill é uma informação relevante para os investidores.

Já em 2001, Jennings et al. (2001) examinaram se a amortização do goodwill tem efeitos sobre a utilidade dos resultados, através da criação de dois modelos, um incluindo a amortização do goodwill e o outro excluindo-a. Os resultados mostram que o modelo excluindo a amortização é mais explicativo do que o modelo incluindo a amortização. O que contraria o estudo feito por Jennings et al. (1996), pois os autores concluem que a amortização não é relevante para os investidores, aumentando apenas a confusão na valorização dos preços das ações.

Churyk & Chewning Jr (2003) realizaram um estudo sobre a relevância da amortização do goodwill em empresas cotadas nos EUA em que os resultados obtidos, à semelhança de Jennings et al. (1996), mostram que a amortização do goodwill está negativamente associada aos valores do capital próprio. Estes autores entendem que o mercado vê o goodwill como um ativo cujo valor diminui ao longo do tempo, argumentando assim que a norma que proíbe a amortização não é baseada em pressupostos válidos.

2.3. Imparidade de Ativos

A NCRF 12 define quais os procedimentos que as entidades devem tomar para assegurar que os seus ativos sejam escriturados por não mais do que a quantia

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recuperável5. Esta norma refere que existe imparidade num ativo de uma entidade quando este tem uma quantia escriturada superior à sua quantia recuperável, ou seja, quando o valor do ativo reconhecido no balanço é superior àquilo que realmente vale. Assim, perante este caso de imparidade, a entidade tem de reconhecer uma perda por imparidade que corresponde ao tal excedente da quantia escriturada de um ativo em relação à sua quantia recuperável. Ao tomar conhecimento de uma perda por imparidade, este deve ser imediatamente reconhecido nos resultados.

Segundo Watts (2003) e Ramanna & Watts (2012), a imparidade baseia-se em expectativas que, pela sua natureza, são subjetivas portanto, difíceis de se verificar e mesmo de auditar. Li & Sloan (2014) receiam que os testes de imparidade podem não ser de elevada confiança e que a gestão pode mesmo atrasar imparidades necessárias.

As perdas por imparidade podem ter um grande impacto, quer nos resultados do período, quer no valor contabilístico dos ativos. Alciatore et al. (1998) documentaram num estudo sobre a imparidade de ativos, que as perdas por imparidade podem ir, em média, dos 4% aos 19,4% do total dos ativos. Os autores consideram que, para esses resultados, concorre o facto das normas de contabilidade permitirem um elevado grau de discricionariedade na determinação do montante e do momento do reconhecimento das perdas por imparidade de alguns ativos e, em particular, do goodwill.

2.3.1. Imparidade do Goodwill

Após a implementação do Sistema de Normalização Contabilística, o goodwill deixa de ser amortizado e passa a estar sujeito a testes de imparidade, estando estes previstos na NCRF 12 (Imparidade de Ativos).

5 Conforme indica o ponto 4 da NCRF 12: “é a quantia mais alta de entre o justo valor de um ativo ou unidade

geradora de caixa menos os custos de vender e o seu valor de uso.”

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Podem existir inúmeros determinantes no que toca ao reconhecimento de perdas por imparidade do goodwill, desde fatores relacionados com as características da empresa, até mesmo motivações da gestão. Beatty & Weber (2006) e Ramanna & Watts (2012) concluíram que são os incentivos contratuais os que mais influenciam a decisão das empresas de adiantar, ou atrasar, o reconhecimento das perdas por imparidade do goodwill. A estes fatores, outros autores acrescentam a mudança recente nos órgãos de gestão (AbuGhazaleh et al. 2011).

Um estudo realizado por Van de Poel et al. (2008) demonstra que as perdas por imparidade do goodwill estão altamente associadas a incentivos de gestão, sendo reconhecidas quer os resultados sejam inesperadamente elevados, quer inesperadamente baixos.

Mesmo após a transição, os testes de imparidade do goodwill continuam a ser utilizados para satisfazer os interesses de gestão. Hayn & Hughes (2006) denotaram que o reconhecimento das perdas por imparidade do goodwill ocorre, em média, entre três ou quatro anos após a imparidade económica, medida através de indicadores de desempenho. Este atraso pode dever-se à gestão discricionária do momento de reconhecimento daquelas perdas, de forma a atingir objetivos de gestão.

Segundo Perramon & Amat (2006), a contabilização ao justo valor dos instrumentos financeiros bem como o novo tratamento contabilístico do goodwill, são os que mais influenciam os resultados. Também Stenka & Ormrod (2007) concluíram que a alteração no tratamento contabilístico do goodwill contribuiu em 24% para o aumento dos lucros no ano de transação. Ainda Stenka et al. (2008) denotou em média um aumento nos resultados de 39,05% devido aos ajustamentos nos resultados

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decorrentes da transição, os quais foram fortemente influenciados pela alteração do tratamento subsequente do goodwill.

A NCRF 14 (Concentração das Atividades Empresariais) tem como objectivo principal o aumento da transparência, comparabilidade e conteúdo da informação a relatar, por forma a aumentar a confiança dos utilizadores da informação financeira. O objetivo é atingido através do aumento da complexidade da contabilização e divulgação do goodwill. Alguns estudos mostram que esta transparência nem sempre se verifica, como por exemplo Carvalho et al. (2010) e Shalev (2009).

Carvalho et al. (2010) analisaram o tratamento contabilístico do goodwill numa amostra de sociedades com valores cotados na Euronext Lisboa no período da transição do normativo nacional para as IAS/IFRS (2004/2005). Constatou-se, em matéria de cumprimento com os requisitos de divulgação acerca do goodwill e respetivas perdas por imparidade, uma grande heterogeneidade na forma como as empresas divulgam os ajustamentos de transição, os quais nem sempre são compreensíveis, afetando a comparabilidade da informação.

Já outros autores (Chen & Gu 2010) concluíram que as empresas divulgam mais sobre os testes de imparidade sempre que as perdas por imparidade são maiores, quando o valor do goodwill é elevado, quando o grupo opera em diversos segmentos de negócio e quando a empresa enfrenta maiores riscos de litígio entre os acionistas e os gestores da empresa. Quanto à importância da divulgação de informação sobre a imparidade do goodwill, este estudo concluiu que essa divulgação representa um fator relevante para aumentar a transparência sobre a decisão de registar imparidade no

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Ao avaliar o impacto da SFAS 142 (Goodwill and other intangible assets) na qualidade dos resultados, Massoud & Raiborn (2003) sugerem que os gestores tenderão a reconhecer as perdas por imparidade em períodos nos quais os resultados gerados estão substancialmente acima das expectativas dos investidores, afetando assim a qualidade da informação financeira.

Segundo Bens et al. (2007), o impacto da adoção do novo tratamento contabilístico do goodwill na qualidade dos resultados, origina uma negativa e significativa reação no mercado à não amortização do goodwill, contudo em empresas com reduzida assimetria informativa e nas que têm dificuldades em realizar adequadamente testes de imparidade (pequenas empresa), esta reação é atenuada. Estes autores, assim como Watts (2003), consideram que o conteúdo informativo do

goodwill poderá ter diminuído nas empresas com elevada informação assimétrica,

dada a dificuldade de aplicar com rigor o justo valor na avaliação do seu valor recuperável.

Foi publicado um estudo semelhante na Austrália, no qual Carlin et al. (2007) mostram que a transparência que se espera obter com o novo tratamento subsequente ao goodwill não se verifica, até pelo contrário, acaba por afetar negativamente a qualidade dos resultados.

Não obstante, Hayn & Hughes (2006) concluíram que a informação financeira divulgada pelas empresas não é suficiente para um utilizador externo prever futuras perdas por imparidade do goodwill. Devendo-se sobretudo à baixa qualidade da informação financeira difundida. Assim, para uma aquisição mais segura por parte dos investidores, estes necessitam de uma informação mais detalhada e de melhor qualidade no que toca ao desempenho da empresa. O que, por um lado, vai contra o

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que alguns gestores pretendem, pois se estes fornecerem uma melhor informação financeira não terão tanta manobra para manipulação de resultados. Outros autores (Massoud & Raiborn 2003; Watts 2003; Beatty & Weber 2006; Bens & Hetzler 2006) defendem que os testes de imparidade fazem apelo a um grande grau de interpretações, julgamentos e estimativas. Afirmam que as novas regras de contabilização do goodwill dão flexibilidade aos gestores para determinar o seu valor recuperável, de forma a atingir um nível adequado de perdas por imparidade.

Chambers (2006) ao estudar a relevância das perdas por imparidade, concluiu que a qualidade da informação financeira melhorou usando os testes de imparidade. O mesmo foi concluído por Churyk (2005), a qual examina se a eliminação da amortização do goodwill é apropriada. A autora considera que o goodwill adquirido quase nunca é supervalorizado, argumentando assim que a amortização sistemática não é necessária. No entanto, Churyk (2005) não encontra indícios de um declínio no valor do goodwill em períodos subsequentes, concluindo assim que a adoção do método de imparidade bem como a eliminação do método da amortização é apropriada.

Li & Meeks (2006) investigaram o valor relevante do goodwill no Reino Unido. Eles argumentaram que este mercado é importante no que respeita ao goodwill, uma vez que é o segundo maior mercado de aquisição. Estes autores analisaram o período de 1996 a 2002, anos em que a contabilidade no Reino Unido permitiu às empresas utilizar o método da imparidade para além do da amortização. Não surpreendentemente, as imparidades foram mais comuns no ano de 2002, último ano da amostra. Além da crise económica daquele ano, as organizações estavam mais

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familiarizadas com os testes do que anos anteriores. Em contraste com amortização, as imparidades são percebidas como relevantes por parte dos investidores.

Barksjo & Paananen (2006) avaliaram a relevância e a tempestividade das informações contidas nas demonstrações financeiras antes e após a implantação das IFRS. Estes autores não só comparam o gasto da imparidade com o gasto da amortização, como também fazem uma distinção entre as empresas com altas e baixas quantidades de ativos intangíveis. Eles argumentam que as pesquisas anteriores sobre o goodwill, como por exemplo as de Jennings et al. (2001), mostram que o método de amortização não resulta nas demonstrações financeiras que reflitam o valor económico subjacente de goodwill e que, portanto, as empresas com grandes quantidades de ativos intangíveis irão beneficiar da alteração do método de imparidade da contabilidade, por uma acentuada relevância valor. Os resultados do seu trabalho mostram que essa hipótese é suportada. No entanto, todas as outras hipóteses sobre a importância cada vez maior do valor e da tempestividade das informações contabilísticas não o são. Isto significa que a introdução do IFRS não levou a uma maior qualidade a nível contabilístico.

3. Metodologia e Dados

Nesta secção, será descrito o método de pesquisa utilizado na tese. Na primeira subsecção será explicada a hipótese em estudo, sendo esta baseada em pesquisas académicas já realizadas e nos pressupostos do IASB para a mudança de normativo que existiu na contabilidade. Na segunda subsecção serão descritos os modelos utilizados e na última subsecção definida a amostra.

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3.1 Hipótese

O objetivo do IASB, com a implementação das novas normas da contabilidade, é o de melhorar a qualidade das informações contabilísticas na tomada de decisão (IASB 2008). Isto é realizado através da introdução da IFRS 3, bem como das alterações associadas à IAS 36 e IAS 386.

Uma das características mais importantes formuladas pelo IASB e pelo FASB (IASB/FASB, 2008) é a relevância, sendo esta descrita também na revisão da literatura.

A introdução do método de imparidade do goodwill emitido pelo IASB foi motivado pela crença de que o método da amortização do goodwill levou a uma contabilidade arbitrária (IASB, 2005). Sendo que as informações que são apresentadas na base de tal método não são, portanto, relevantes para os decisores.

Com a introdução das IFRS 3, IAS 36 e IAS 38, as expectativas são de tornar as informações contabilísticas mais relevantes para os decisores, ou seja, aumentar a relevância dos números contabilísticos do goodwill. Significando assim, que a despesa de imparidade do goodwill deve ser mais relevante do que a despesa de amortização. Nos estudos de Lapointe et al. (2009), Chambers (2006) e Chen et al. (2004) existem efetivamente elementos que sustentam esta afirmação. Porém, num estudo efetuado por Barksjo & Paananen (2006) sobre os efeitos das IFRS no mercado de ações Sueco, já não acontece o mesmo. Assim sendo, a hipótese em estudo é:

H1: O valor das perdas por imparidade do goodwill é mais relevante do que o valor da amortização do goodwill.

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3.2 Metodologia

A fim de testar a hipótese em estudo, serão criados dois modelos comummente usados na literatura académica anterior, sendo o primeiro designado por modelo de Ohlson. Este modelo baseia-se na pesquisa de Ohlson (1995) e testa a relevância da informação contabilística, o qual será descrito na subsecção seguinte. Na segunda subsecção, também para testar a relevância, será descrito o modelo de retorno.

3.2.1 Modelo Ohlson

O valor relevante é descrito como a relação entre as informações de mercado e informações contabilísticas. Se as informações contabilísticas forem relevantes, então os investidores usam esta informação na sua avaliação da empresa e, portanto, para a tomada de decisão.

Ohlson (1995) desenvolveu um modelo de avaliação de mercado que relaciona informação contabilística com o valor de mercado da empresa. Este modelo formula o valor de mercado da empresa em função do valor contabilístico do Capital Próprio e do Resultado Líquido.

O modelo de Ohlson baseia-se em fundamentos fornecidos quer pelo modelo de avaliação do resultado residual, por adicionar dinâmica de informação, bem como pelo modelo Modigliani e Miller (1958), assumindo mercados de capitais perfeitos. Sendo assim, este modelo não pretende ser descritivo do mundo real. Dechow et al. (1999) encontraram suporte para estas dinâmicas de informação, no entanto, também descobriram que o Modelo de Ohlson é apenas ligeiramente melhor que os modelos tradicionais de avaliação, dos quais é exemplo o Modelo de Gordon.

O modelo base é formulado da seguinte forma: VMEit = β0 + β1.VCPit + β2. VRLit + εit

(26)

17

Onde, VMEit é o valor de mercado da empresa, VCPit é o valor do capital próprio e o VRL é o valor do resultado líquido. Neste caso, o valor relevante é usado como poder explicativo deste modelo. Se a informação contabilística for útil para os decisores, então esta vai ter uma forte relação com o valor de mercado da empresa, o que originará um maior poder explicativo no modelo. Se, por outro lado, a informação contabilística não for útil, então esse poder explicativo do modelo será menor.

A principal vantagem do modelo Ohlson é a facilidade de poder adicionar variáveis explicativas na equação. Por exemplo, dois modelos com variáveis explicativas diferentes podem ser comparados entre si e com os resultados, é possível chegar a uma conclusão sobre esta comparação. Permitindo assim comparar o gasto da amortização com o gasto de imparidade do goodwill.

A fim de testar esta hipótese, será necessário a criação de dois modelos, cada um contendo diferentes variáveis. Sendo a primeira equação a seguinte:

VMEit = β0 + β1.VCPit + β2. VRLit + β3 AMORTit + β4 IMPARit + εit (1) Onde, AMORTit é o montante anual da amortização do goodwill, IMPARit é o valor da imparidade do goodwill caso a empresa realizasse o método da amortização, todas as restantes variáveis mantêm-se como anteriormente definidas no modelo base. Relativamente ao valor de mercado da empresa, este será medido três meses após o final do ano fiscal, para se certificar que as demonstrações financeiras foram tornadas públicas e que toda a informação está disponível para os investidores. Todas as variáveis serão deflacionadas pelo número de ações em circulação para controlar as diferenças de tamanho existentes nas empresas em estudo. Caso o valor da amortização seja útil, importante e relevante para os investidores, pode-se entender que o modelo tem um alto valor explicativo. Uma pesquisa feita por Moehrle et al.

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(2001) demonstra a inexistência de diferenças significativas, enquanto Jennings et al. (2001) até acham que o poder explicativo diminuiu, o que indica que a variável adiciona confusão para a avaliação. Porém, esta comparação não é o foco do estudo, mas sim a comparação entre a amortização o e imparidade do goodwill, pelo que não será aprofundado.

De forma a estudar o valor relevante da imparidade do goodwill, será usada a seguinte equação:

VMEit = β0 + β1.VCPit + β2. VRLit + β3 IMPit + εit (2)

Onde, IMPit é o valor anual das perdas por imparidade do goodwill, mantendo-se todas as outras variáveis como anteriormente definidas. Mais uma vez, todas as variáveis serão deflacionadas pelo número de ações em circulação, sendo o valor de mercado medido três meses após o final do ano fiscal. A equação (2) também deve ter um poder explicativo superior ao modelo base de Ohlson (1995), caso os investidores considerem útil, importante e relevante a imparidade do goodwill. Por exemplo, Lapointe et al. (2009) constataram que este é o caso, por sua vez, Barksjo & Paananen (2006) não encontraram qualquer tipo de evidência que justifique esta afirmação, embora tenham usado um modelo ligeiramente diferente.

Segundo a hipótese em estudo, o valor relevante da imparidade do goodwill é maior do que o valor relevante da amortização do goodwill. Esta hipótese é medida usando o poder explicativo das equações (1) e (2). As informações sobre as variáveis AMORTit e IMPit poderiam dar mais evidências sobre a comparação do valor relevante, dependendo da significância dessas variáveis no modelo.

(28)

19

3.2.2 Modelo de Retorno

O modelo de retorno pretende medir a extensão em que os retornos são refletidos nos resultados. Se os resultados são completamente relevantes, então todas as alterações no valor económico (identificadas pela medida de retorno) devem também estar presentes no valor dos resultados.

O modelo base é formulado da seguinte forma: RETit = β0 + β1.VCPit + β2. VRLit + εit

A fim de testar a hipótese 1, e tal como no modelo de Ohlson, será necessário a criação de duas equações de forma a testar o reconhecimento da relevância, sendo estas:

RETit = β0 + β1.VCPit + β2. VRLit + β3 AMORTit + β4 IMPARit + εit (3) RETit = β0 + β1.VCPit + β2. VRLit + β3 IMPit + εit (4) A equação (3) mede a relevância da imparidade do goodwill e a equação (4) a relevância da amortização do mesmo. A variável RETit representa o retorno do preço das ações, no qual é deflacionado a variação do preço das ações pelo preço das ações no momento inicial. Todas as restantes variáveis são como anteriormente definidas pelo modelo de Ohlson.

Tal como acontece com a medida do preço das ações no modelo de Ohlson, o período de retorno antes do final do ano fiscal, é utilizado para permitir que as informações das demonstrações financeiras sejam incorporadas na avaliação feita pelos investidores.

No entanto, os resultados nem sempre são relevantes, pelo facto da valorização do preço das ações por parte dos investidores depender das expectativas dos benefícios económicos futuros. Se, por exemplo, uma empresa fizer um investimento que irá

(29)

20

gerar elevados lucros futuros, esse é tido em conta pelos investidores na sua avaliação. O preço das ações provavelmente irá subir e, por conseguinte, aumenta o retorno sobre a empresa. Contudo, o negócio em si não é reconhecido nas demonstrações financeiras, no entanto, resulta em retornos que geram resultados. É possível fazer a mesma comparação relativamente ao goodwill. Ao utilizar o método da amortização do goodwill, é possível para os investidores determinar o montante de amortização em períodos futuros, dependendo apenas do facto da existência ou não de novo goodwill.

3.3 Amostra

O universo considerado é composto pelas sociedades portuguesas com valores cotados na Euronext Lisboa. O período amostral está compreendido entre 2006 e 2013 para ambos os modelos. Deste universo foram excluídos todos os grupos que pertencem ao sector financeiro (7 grupos), dada a especificidade das suas atividades e particulares regulamentações económicas e contabilísticas, que conduzem à apresentação de demonstrações financeiras pouco homogéneas em relação às empresas subordinadas ao SNC. Foram igualmente excluídas 4 sociedades desportivas, uma vez que estas elaboram as suas demonstrações financeiras de acordo com o ano da época desportiva e não o civil, bem como 16 sociedades por não apresentarem valor de

goodwill nos seus balanços consolidados e que, em simultâneo, não efetuaram

qualquer movimento na rúbrica goodwill. Deste modo, a amostra final é constituída por 32 grupos económicos.

Parte dos dados foram obtidos através da recolha de conteúdo dos relatórios e contas, (CMVM, 2015) o que implicou a análise de informação quantitativa de 288 relatórios. Esta recolha incidiu, essencialmente, sobre algumas rúbricas do balanço

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21

consolidado e informações disponíveis nos Anexos relativos às alterações do goodwill, com particular ênfase nas perdas por imparidade reconhecidas no período.

Para fazer uma comparação entre os dois métodos, foi estimado o valor da amortização do goodwill, bem como o valor do goodwill liquidado da amortização para todas as empresas existentes na amostra. Pois no período amostral em estudo, as empresas são obrigadas a fazer testes de imparidade anuais ao invés de reconhecer a amortização do goodwill. Para esta estimação, foi necessário pressupor uma vida útil de 107 anos bem como assumir o ano de 2006 como sendo o primeiro ano de amortização.

Os restantes dados foram extraídos da base de dados Bloomberg, sendo estes, o valor de mercado três meses após o final do ano fiscal, o valor do capital próprio sem considerar o efeito da amortização ou da imparidade do goodwill, o resultado líquido do período e o número de ações.

4. Resultados

Neste ponto, serão apresentados os dados processados bem como as análises estatísticas dos mesmos. Estas foram feitas utilizando o Microsoft Excel bem como o programa estatístico STATA. Na primeira subsecção serão mostrados os resultados do modelo de Ohlson (hipótese 1), e na segunda subsecção os resultados do modelo de retorno, que sustentam esta mesma hipótese.

7  Vida útil definida pela Comissão de Normalização Contabilística para ativos intangíveis caso a vida útil não possa ser estimada com fiabilidade.  

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22

4.1 Resultados do Modelo de Ohlson 4.1.1 Estatística descritiva do Modelo de Ohlson

 

A hipótese em estudo é examinada por comparação da equação (1) com a equação (2). A tabela I, apresenta a estatística descritiva para as variáveis utilizadas na regressão OLS no modelo de amortização e modelo de imparidade.

Tabela III - Estatística Descritiva da Amortização e Imparidade no Modelo de Ohlson

Variáveis Obs. Média Mediana Desvio Padrão Mínimo Máximo

VM 256 3,096 2,0358 3,2748 0 15,2959 CP 256 2,1451 1,7814 2,102 -0,2837 12,2421 RL 256 0,1889 0,1368 0,5129 -1,2104 6,4761 AMORT 256 0,089 0,0635 0,0971 0 0,6122 IMPAR 256 0,0049 0 0,0314 0 0,3598 IMP 256 0,0118 0 0,0571 0 0,7202

Variáveis: VM= Valor de Mercado medido três meses após o final do ano fiscal / número de

ações em circulação; CP=Capital Próprio/ número de ações em circulação; RL=Resultado Liquido/ número de ações em circulação; AMORT= Montante anual da amortização do goodwill/ número de ações em circulação; IMPAR = Valor da imparidade do goodwill caso a empresa realizasse o método da amortização/ número de ações em circulação; IMP = Valor anual das perdas por imparidade do goodwill / número de ações em circulação.

Podemos verificar que em média a amostra apresenta, em valor unitário, um preço de mercado de 3,10€, um valor capital próprio de 2,15€ e um resultado líquido de 0,19€.

No que concerne ao modelo de amortização obteve-se, em média, uma amortização unitária de 0,09€, bem como uma perda por imparidade unitária de 0,005€. Esta perda aumenta para 0,01€ no modelo de Imparidade, visto que neste modelo não se procede à amortização dos Ativos Intangíveis.

(32)

23

4.1.2 Matriz de Correlação do Modelo de Ohlson

Em termos de correlação, foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson, considerado por Martinez e Ferreira (2008) dos coeficientes mais poderosos para analisar as correlações.

Dado o facto de não existir um valor limite a partir do qual seja possível prever problemas de estimação do modelo devida a colinearidade, que deriva da correlação entre as variáveis, correlações geralmente superiores a 0,75 conduzem no geral a problemas de multicolinearidade (Maroco, 2007). Assim sendo, verifica-se que a maioria das variáveis independentes têm fraca associação linear entre elas, o que nos permite garantir que o risco de tendenciosidade decorrente de fortes correlações é mínimo.

As tabelas II e III apresentam a matriz de correlação entre as variáveis dos modelos empíricos em estudo. Em geral, as variáveis apresentam entre si uma correlação fraca e moderada, sendo que a correlação mais elevada verifica-se entre as variáveis VM e CP (aproximadamente 53,1%). Tal sugere que empresas com maiores valores de mercado estão associadas a um maior nível de capitais próprios.

Como previsto, CP, RL e AMORT têm correlações significativas positivas com a variável dependente (VM). Portanto, os resultados sugerem que o mercado percebe estas variáveis como fator de incremento na valorização de uma empresa.

Relativamente à variável de imparidade, esta apresenta uma correlação positiva e não significativa, quer no modelo de Amortização, quer no modelo de Imparidade, em relação ao VM.

Note-se que existe uma correlação positiva e significativa entre a variável CP e com todas as restantes variáveis existentes no modelo.

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24

Uma vez que a correlação entre as variáveis utilizadas no modelo é baixa/moderada, pode-se concluir que estas podem ser incluídas conjuntamente no modelo.

Tabela II- Matriz de Correlação da Amortização no Modelo de Ohlson

VM CP RL AMORT IMP VM 1 CP 0,5305*** 1 RL 0,4380*** 0,4265*** 1 AMORT 0,2959*** 0,3521*** 0,0273 1 IMPAR 0,0031 0,1669*** 0,0738 0,0504 1

Variáveis: VM= Valor de Mercado medido três meses após o final do ano fiscal / número de

ações em circulação; CP=Capital Próprio/ número de ações em circulação; RL=Resultado Líquido/ número de ações em circulação; AMORT= Montante anual da amortização do goodwill/ número de ações em circulação; IMPAR = Valor da imparidade do goodwill caso a empresa realizasse o método da amortização/ número de ações em circulação.

*** Nível de significância de 1%

Tabela III - Matriz de Correlação da Imparidade no Modelo de Ohlson

VM CP RL IMP

VM 1

CP 0,5305*** 1

RL 0,4380*** 0,4265*** 1

IMP 0,00920 0,1582** -0,00520 1

Variáveis: VM= Valor de Mercado medido três meses após o final do ano fiscal /

número de ações em circulação; CP=Capital Próprio/ número de ações em circulação; RL=Resultado Liquido/ número de ações em circulação; IMP = Valor anual das perdas por imparidade do goodwill / número de ações em circulação.

*** Nível significância de 1%; **Nível significância 5%.

4.1.3. Análise dos Resultados do Modelo de Ohlson

A hipótese em estudo é examinada por comparação das equações (1) e (2). Os resultados relativos ao modelo de amortização mostram-se muito consistentes e conclusivos, pois todos eles são significativos ao nível de 1% à exceção da variável RL que é significativa a 5% (Tabela IV). Significando assim, que os investidores utilizam estas variáveis nas suas avaliações às empresas.

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Tabela IV - Estatística de Regressão da Amortização no Modelo de Ohlson

Variáveis Modelo OLS

Constante 1,9501***   -4,0535 CP 0,5906***   -4,7252 RL 1,7137**   -2,2 AMORT 5,6555***   -3,3294 IMPAR -7,3945***   (-2,6040) Controlo por Ano?a Sim

    Observações 256 R2 0,3942 Teste F 8,462 Prob > F 0 Numero de ID 32

Variáveis: CP=Capital Próprio/ número de ações em

circulação; RL=Resultado Liquido/ número de ações em circulação; AMORT= Montante anual da amortização do goodwill/ número de ações em circulação; IMPAR = Valor da imparidade do goodwill caso a empresa realizasse o método da amortização/ número de ações em circulação.

*** Nível significância de 1%; ** Nível significância 5%; * Nível significância 10% aA variável controlo por ano está incluída na análise para testar a questão temporal, porém os resultados encontram-se omissos.

Este resultado pode não parecer muito surpreendente, pois quer o capital próprio, quer o resultado líquido representam o valor da empresa que pertence aos acionistas. Mais interessante são os resultados relativos às variáveis AMORT e IMPAR, pelo facto de estas apresentarem valores significativos a 1%, mostrando assim que estas variáveis são explicativas do valor de mercado. No que toca ao coeficiente da variável AMORT, este apresenta um valor positivo, significando assim que um aumento na amortização do goodwill leva a um aumento no preço da ação e

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por conseguinte no valor da empresa. O que contraria o conceito de que despesas da amortização superiores levam a uma diminuição do valor de mercado de uma empresa. O poder explicativo é medido através do R2 ajustado, o qual assume um valor de 39,4% no modelo de amortização. Isto significa que apenas pouco mais do que 39% do preço das ações pode ser explicada pela combinação das quatro variáveis do modelo. A mesma regressão foi também executada sem a variável AMORT e IMPAR (resultado não mostrado aqui), que mostra um R2 ajustado menor do que 37%.

Relativamente aos resultados da equação (2), estes são apresentados na Tabela V.

Tabela V - Estatística de Regressão da Imparidade no Modelo de Ohlson

*** Nível significância de 1%; ** Nível significância 5%; * Nível significância 10%

Variáveis   Modelo OLS  

Constante 2,2857*** -4,539 CP 0.,989*** -6,4078 RL 1,5104** -2,0418 IMP -2.7895* (-1,6561) Controlo por Ano?a Sim

Observações 256

R2 0,3679

Teste F 13,18

Prob > F 0

Numero de ID 32

Variáveis: CP=Capital Próprio/ número de ações em

circulação; RL=Resultado Liquido/ número de ações em circulação; IMP = Valor anual das perdas por imparidade do

(36)

27

aA variável controlo por ano está incluída na análise para testar a questão temporal, porém os resultados encontram-se omissos.

Consistente com a equação (1), quer a variável CP quer RL são significativas ao nível de 1% e 5%, respetivamente. Como foi explicado anteriormente, este resultado não é uma surpresa. Porém, tal como no modelo da amortização a variável da perda por imparidade (IMP) apresenta um coeficiente negativo, indicando que um aumento no valor da imparidade resulta num menor valor de mercado. Isto é consistente com o conceito de que um valor superior de perdas por imparidades, leva a valores mais baixos de capital próprio e do preço por ação.

Sendo o p-value da F-statistic igual a 0,0000, rejeita-se a hipótese da nulidade conjunta dos coeficientes das variáveis independentes, pelo que os modelos em estudos apresentam-se válidos para explicar o valor de mercado. Contudo, o poder explicativo da equação (2) apresenta um R2 ajustado de 36,8%, em comparação com o poder explicativo de 39,4% da equação (1), pode-se concluir que ao se transitar do modelo de amortização para o modelo de imparidade do goodwill leva à existência de um menor valor de relevante.

Ao comparar o R2 do modelo base com o do modelo de imparidade, conclui-se que este apenas aumenta de 36,45% para 36,79%, ou seja, ao inserirmos a variável IMP apenas houve um incremento de 0,34% no valor de relevância. Enquanto no modelo de amortização o valor explicativo aumentou 2,97% em comparação com o modelo base, originando assim um aumento no valor da relevância. O que refutará a hipótese em estudo, que afirma que a relevância das perdas por imparidade do

goodwill é maior do que o valor relevante da amortização do goodwill. Este resultado

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28

(2004) que evidenciam uma relevância das perdas por imparidade superiores à amortização do goodwill.

4.2 Resultados do Modelo de Retorno 4.2.1 Estatística Descritiva do Modelo de Retorno

Outro modelo utilizado para testar a hipótese em estudo é o modelo de retorno. Este é examinado pela execução de regressões às equações (3) e (4) entre os períodos de 2006 a 2013, sendo os resultados apresentados nas tabelas VI, para o modelo de amortização e de imparidade.

Tabela VI- Estatística Descritiva da Amortização e Imparidade no Modelo de Retorno

Variáveis Obs. Média Mediana Desvio Padrão Mínimo Máximo

RET 224 0,032 -0,0708 0,5629 -0,8193 3,3805 CP 224 2,1925 1,894 2,1157 -0,2837 12,2421 RL 224 0,1881 0,1267 0,5299 -0,9523 6,4761 AMORT 224 0,0902 0,0649 0,0983 0 0,6122 IMPAR 224 0,0055 0 0,0335 0 0,3598 IMP 224 0,0117 0 0,0579 0 0,7202

Variáveis: RET= (preço das ações n - preço das ações n-1) / preço das ações; CP=Capital Próprio/

número de ações em circulação; RL=Resultado Líquido/ número de ações em circulação; AMORT= Montante anual da amortização do goodwill/ número de ações em circulação; IMPAR = Valor da imparidade do goodwill caso a empresa realizasse o método da amortização/ número de ações em circulação; IMP = Valor anual das perdas por imparidade do goodwill / número de ações em circulação.

Podemos verificar que a variável de RET apresenta uma rendibilidade média das ações de 0.032€, um valor capital próprio de 2,19€ e um resultado líquido de 0,19€.

No que concerne ao modelo de amortização obteve-se, em média, uma amortização unitária de 0,09€, bem como uma perda por imparidade unitária de 0,006€. Esta perda aumenta para 0,01€ no modelo de Imparidade, visto que neste modelo não se procede à amortização dos Ativos Intangíveis.

(38)

29

4.2.2 Matriz de Correlação do Modelo de Retorno

No que diz respeito à correlação foi utilizado, tal como no modelo de Ohlson, o coeficiente de correlação de Pearson.

Tabela VII- Matriz de Correlação da Amortização no Modelo de Retorno

*** Nível significância de 1%; *Nível significância 10%

Tabela IV- Matriz de Correlação da Imparidade no Modelo de Retorno

*** Nível significância de 1%

De acordo com as matrizes de correlação apresentadas nas tabelas VII e VIII, pode-se verificar que as variáveis apresentam entre si uma fraca correlação, sendo o

RET CP RL AMORT IMPAR

RET 1

CP 0,0013 1

RL 0,0893 0,4214*** 1

AMORT -0,1161* 0,3407*** 0,0485 1

IMPAR -0,0119 0,1742*** 0,0769 0,0525 1

Variáveis: RET= (preço das ações n - preço das ações n-1) / preço das ações; CP=Capital

Próprio/ número de ações em circulação; RL=Resultado Líquido/ número de ações em circulação; AMORT= Montante anual da amortização do goodwill/ número de ações em circulação; IMPAR = Valor da imparidade do goodwill caso a empresa realizasse o método da amortização/ número de ações em circulação.

RET CP RL IMP

RET 1

CP 0,00130 1

RL 0,0893 0,4214*** 1

IMP -0,0339 0,1912*** 0,0543 1

Variáveis: RET= (preço das ações n - preço das ações n-1) / preço das ações; CP=Capital

Próprio/ número de ações em circulação; RL=Resultado Líquido/ número de ações em circulação; IMP = Valor anual das perdas por imparidade do goodwill / número de ações em circulação.

(39)

30

CP e RL as variáveis mais correlacionadas a um nível de 42%, o que significa que estas variáveis se influenciam mutuamente.

Uma vez que a correlação entre as variáveis utilizadas no modelo é baixa, ou seja, as variáveis têm fraca associação linear entre si, leva a que o risco de tendenciosidade decorrente de fortes correlações é mínimo, permitindo concluir que as variáveis possam ser incluídas conjuntamente no modelo.

4.2.3. Análise dos Resultados do Modelo Retorno

As tabelas IX e X apresentam os valores obtidos para a amostra total de ambos os modelos. Nas referidas tabelas estão expostos os coeficientes estimados dos modelos bem como o respetivo R2.

Tabela IX- Estatística de Regressão da Amortização no Modelo de Retorno

Variáveis Modelo OLS

Constante 0,0464 -0,443 CP -0,0048 (-0,2864) RL 0,1072 -1,4729 AMORT -0,4684 (-1,4838) IMPAR -0,2108 (-0.3286)

Controlo por Ano?a Sim

Observações 224

R2 0,3305

Teste F 12,6

Prob > F 0,0000

Numero de ID 32

Variáveis: CP=Capital Próprio/ número de ações em circulação;

RL=Resultado Líquido/ número de ações em circulação; AMORT= Montante anual da amortização do goodwill/ número de ações em circulação; IMPAR = Valor da imparidade do

(40)

31 número de ações em circulação.

aA variável controlo por ano está incluída na análise para testar a questão temporal, porém os resultados encontram-se omissos.

Tabela X- Estatística Regressão da Imparidade no Modelo de Retorno

Variáveis Modelo OLS

Constante 0,0232 -0,2323 CP -0,0127 (-0,8614) RL 0,1174 -1,6204 IMP -0,2382 (-0,6020)

Controlo por Ano?a Sim

Observações 224

R2 0,3253

Teste F 12,91

Prob > F 0

Numero de ID 32

Variáveis: CP=Capital Próprio/ número de ações em

circulação; RL=Resultado Líquido/ número de ações em circulação; IMP = Valor anual das perdas por imparidade do

goodwill / número de ações em circulação.

aA variável controlo por ano está incluída na análise para testar a questão temporal, porém os resultados encontram-se omissos.

As tabelas IX e X apresentam os resultados da regressão OLS e examinam o valor relevante quer da amortização, quer da imparidade do goodwill. Relativamente ao coeficiente da variável CP, este apresenta um valor negativo, significando assim que um aumento no valor do capital próprio leva a uma diminuição na rendibilidade do preço das ações. O oposto acontece com o coeficiente da variável RL, o qual faz

(41)

32

aumentar o retorno do preço das ações em ambos os modelos. Contudo, estas associações não apresentam valores significativos.

O sinal negativo dos coeficientes das variáveis AMORT e IMPAR no modelo de amortização, mostram que a existência de amortização bem como da imparidade do

goodwill levam uma diminuição na rendibilidade das ações. O mesmo acontece no

modelo de Imparidade com a variável IMP, porém nenhuma das variáveis acima mencionadas apresentam valores estatisticamente significativos.

Sendo o p-value da F-statistic igual a 0,0000, rejeita-se a hipótese da nulidade conjunta dos coeficientes das variáveis independentes, pelo que os modelos em estudos apresenta-se válidos para explicar a rendibilidade média dos preços das ações. Os resultados obtidos das tabelas IX e X mostram que modelo de amortização apresenta um maior poder explicativo (R2: 33,1%) relativamente ao modelo de imparidade do goodwill (R2: 32,5%), mostrando assim uma maior relação entre o retorno e a combinação das quatro variáveis do modelo de amortização. O que vem confirmar os resultados alcançados através do modelo de Ohlson.

Mais uma vez rejeita-se a hipótese em estudo, que afirma que a relevância das perdas por imparidade do goodwill é maior do que o valor relevante da amortização do

goodwill, o que vai de acordo com o estudo feito por Barth et al. (2008). Contudo, este

resultado não vai de encontro com os estudos de Lapointe et al. (2009), Chambers (2006) e Chen et al. (2004) que evidenciam uma relevância das perdas por imparidade superiores à amortização do goodwill.

(42)

33

5. Conclusão

5.1 Principais Conclusões

As novas regras de contabilização do goodwill e a aplicação das regras de reconhecimento das perdas por imparidade do FASB e IASB, incrementaram o interesse por esta área de investigação. Atualmente as empresas têm de realizar testes anuais de imparidade de goodwill, de forma a testar se o valor recuperável do goodwill é superior ao valor contabilístico. Esta mudança na contabilidade, tem por objetivo aumentar a qualidade da informação contabilista. O IASB afirma que quando existe uma boa qualidade de informação, os investidores reconhecem pois facilita nas decisões de investimento. Na estrutura conceptual desenvolvida pelo IASB e FASB, todas as características de informações contabilísticas são delineadas, sendo a relevância apontada como uma das características fundamentais.

Pesquisas académicas têm investigado ambos os métodos de contabilização. No entanto, não houve qualquer consenso sobre os seus efeitos na qualidade da contabilidade (Georgakopoulos et al. 2012). Assim sendo, foi examinado se a introdução da IFRS 3, bem como se a mudança no método de contabilização do

goodwill levou a uma maior qualidade das informações contabilísticas.

Os resultados do modelo de Ohlson mostram que o gasto da amortização do

goodwill é mais relevante do que o gasto da imparidade do mesmo, indicando assim

que os investidores consideram a amortização mais útil nas suas valorizações dos preços das ações, e portanto também para a tomada de decisão. Este resultado pode dever-se à natureza do valor da despesa de imparidade. Sendo este valor representado por eventos económicos e comerciais subjacentes, porém faz com que seja mais difícil para os investidores interpretar o número contabilístico.

(43)

34

Através dos resultados obtidos, conclui-se que o objetivo do IASB não está completamente preenchido, devendo o IASB repensar o conteúdo contabilístico do método de imparidade do goodwill. O teste de imparidade poderia, por exemplo, ser simplificado, tornando mais fácil para os investidores entender o conteúdo da informação, ou poderia o IASB publicar orientações extra de forma a ajudar as empresas a registar os testes de imparidade. Estas são opções que podem aumentar a relevância da informação contabilística.

Este estudo revela-se de extrema importância, quer para académicos e empresas, quer para os normalizadores, não só pela relevância que o goodwill assume no balanço de muitos grupos, mas também pelo facto da mensuração subsequente do goodwill se encontrar novamente na ordem do dia dos principais organismos normalizadores.

5.2 Limitações e pistas de investigações futuras

Nesta secção, é importante considerar algumas limitações bem como sugerir pistas de investigação futuras. A primeira limitação recai sobre o facto da imparidade ser analisada a partir de 2006, ou seja, muitas empresas podem não registar as imparidades do goodwill de forma correta, pelo facto de não estarem familiarizadas acerca do cálculo das mesmas.

A investigação incidiu nas empresas portuguesas cotadas na Euronext Lisboa, criando assim uma limitação, dada a escassa dimensão da amostra. Além disso, aponta-se como limitação o facto de ter sido necessário estimar o valor da amortização do goodwill, sendo que para esta estimação, foi necessário pressupor uma vida útil de 10 anos, bem como assumir o ano de 2006 como sendo o primeiro ano de amortização. Podendo estes valores, não serem os mesmos que as empresas teriam usado caso fossem elas a estimar a sua amortização do goodwill.

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Pistas futuras, poderiam passar por estudar o mesmo tema de pesquisa, mas incluindo mais empresas-ano, aumentando assim a dimensão da amostra ou mesmo uma mudança no mercado. Usando dados diferentes iria fornecer maiores informações sobre a melhoria da qualidade contabilística do goodwill.

Outra opção seria examinar a questão de pesquisa em relação a outras características qualitativas de informação contabilística que não o valor relevante, tais como, tempestividade, comparabilidade e compreensibilidade, de forma a testar o aumento da qualidade da informação contabilística.

Pesquisas futuras poderiam ainda passar por fazer uso de diferentes tipos de modelos que não o Modelo de Ohlson e o Modelo de Retorno.

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Tabela III - Estatística Descritiva da Amortização e Imparidade no Modelo de Ohlson  Variáveis   Obs
Tabela II- Matriz de Correlação da Amortização no Modelo de Ohlson
Tabela IV - Estatística de Regressão da Amortização no Modelo de Ohlson
Tabela V - Estatística de Regressão da Imparidade no Modelo de Ohlson
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Referências

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