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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA DCCSEGRAC

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ESCOLA POLITÉCNICA

DCC/SEGRAC

ÉTICA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Luis Alberto de Negreiros

Guilherme Guimarães Bergamini de Sá

(2)
(3)

Luis Alberto de Negreiros

Guilherme Guimarães Bergamini de Sá

M o n o g r a f i a a p r e s e n t a d a n o C u r s o d e P ó s - G r a d u a ç ã o e m G e r e n c i a m e n t o d e P r o j e t o s , d a E s c o l a P o l i t é c n i c a , d a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o R i o d e J a n e i r o .

Orientador

Peter Schweizer

(4)

ii

ÉTICA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Luis Alberto de Negreiros

Guilherme Guimarães Bergamini de Sá

Orientador

Peter José Schweizer

Monografia submetida ao Curso de Pós-graduação Gerenciamento de Projetos,

da Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ,

como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista em

Gerenciamento de Projetos.

Aprovado por:

_____________________________________ Prof. Eduardo Linhares Qualharini

_____________________________________ Prof. Reynaldo Galvão Antunes

_____________________________________ Prof. Peter José Schweizer

(5)

iii

NEGREIROS, Luis Alberto de; SÁ, Guilherme Guimarães Bergamini de.

Ética Em Gerenciamento De Projetos /

NEGREIROS, L. A.; SÁ, G. G. B. Rio de Janeiro: UFRJ / EP, 2006.

viii, 54f. il.; 29,7cm.

Orientador: Peter Schweizer

Monografia (especialização) – UFRJ / Escola Politécnica/ Curso de Especialização em Gerenciamento de Projetos, SEGRAC, 2006.

Referências Bibliográficas: f. 53-54

(6)

iv AGRADECIMENTOS

À minha vó, Lya (in memorian), maior paixão da minha vida, que floriu seu redor me ensinando que "só o amor constrói". Ao meu vô, Sebastião (in memórian), que me ensinou o sentido da palavra humildade e a transformar a natureza sem ferí-la. À minha mãe, Emília, pela minha educação e por ser essa grande "mestra" e incentivadora da minha vida. Ao meu pai, Luiz Fernando, por manter minha esperança, me apoiar em tudo, ser um excelente professor e grande amigo. À minha irmã e melhor amiga, Daniella, melhor e maior presente que Deus me deu. A minha namorada e grande amor, Eveline, pelos momentos de compreensão e carinho. Aos meus amigos, Luiz Negreiros, Carlos Alberto, Ceci e Mario, por ter compartilhado alegrias, dificuldades e aprendizados, com os quais consagro essa vitória. Deixo meus agradecimentos mais profundos a todos meus familiares, amigos e colaboradores que com seus ensinamentos e exemplos, me trouxeram paz e inspiração. A Deus pela felicidade da existência, pelas oportunidades, vitórias e conquistas que venho obtendo em minha caminhada.

GUILHERME GUIMARÃES BERGAMINI DE SÁ

À minha família pela compreensão, aos meus amigos pelo apoio, aos professores pelo conhecimento e a Deus pela oportunidade que recebo a cada dia de tornar-me uma pessoa melhor.

(7)

v

RESUMO

ÉTICA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Luis Alberto de Negreiros

Guilherme Guimarães Bergamini de Sá

Resumo da Monografia submetida ao corpo docente do curso de

Pós-Graduação em Gerenciamento de Projetos – Universidade Federal do Rio de

Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de

Especialista em Gerenciamento de Projetos.

Este trabalho tem o objetivo de mostrar a importância da ética no

gerenciamento de projetos e chamar a atenção de todos os que atuam nessa

área para a necessidade de discutir o tema cada vez mais, apurando o

comportamento ético do profissional, pois a necessidade de uma conduta ética

por parte do gerente de projetos, que precisa de apoio e preparo para

posicionar-se e tomar decisões diante dos desafios a uma postura ética que se

apresentam no ambiente de condução de um projeto. Além disso, este trabalho

se propõe a chamar toda a comunidade de gerenciamento de projetos a

participar; escrevendo, opinando e discutindo a ética na profissão, aumentando

ainda mais a contribuição do gerenciamento de projetos para uma condução

ética.

Palavras-Chave: Ética e Responsabilidade Profissional.

(8)

vi

SUMÁRIO

1. Introdução...01

1.1. Valores éticos...01

1.2. A tolerância à falta de ética...02

1.3. A contribuição do gerenciamento de projetos...03

2. Conceitos de ética ...05

2.1. Ética e filosofia...05

2.2. Ética e moral... 05

2.3. A phronesis e a ética de Aristóteles... 06

2.4. Teorias sobre ética... .07

2.5. Outras abordagens sobre ética... 08

2.6. A ética e o trabalho... 09

2.7. O futuro da ética...11

3. A ética nas empresas...13

3.1. A empresa como elemento de transformação social...13

3.2. A ética empresarial...14

3.3. Visão histórica da ética empresarial...14

3.4. A legislação da ética empresarial...16

3.5. A empresa solidária...17

3.6. Responsabilidade social da empresa...18

3.7. Gestão ambiental...19

3.8. Por que uma empresa deve ser ética?...20

3.9. Empresas testam a ética dos executivos...21

3.10. Códigos de Ética...22

4. Ética em gerenciamento de projetos... ..26

4.1. O PMI... ..26

4.2. Responsabilidade profissional...27

4.3. A ética do gerente de projetos...28

4.4. Relacionamentos com Stakeholders... .30

4.5. Os códigos de ética do gerente de projetos...32

4.6. Os Códigos do PMI...33

4.7. Nova proposta do PMI...39

4.8. O esboço do novo código...40

4.9. Outros códigos... 42

4.10. Dilemas éticos... 43

4.11. Idéias e possibilidades...46

(9)

vii

Referências Biblográficas...53

(10)

viii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ESDC - Ethics Standards Development Committee ESRC - Ethics Standards Review Committee

FIDES - Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social IAPPM - International Association of Project and Program Management IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística

ICE - Instituto de Cidadania Empresarial ISO - International Standards Organization ONG - Organização Não Governamental PDU - Professional Development Unit

PMBoK - Project Management Body of Knowledge PMI - Project Management Institute

(11)

1.1. Valores éticos

A sociedade brasileira passa hoje por uma grave crise de valores e de ética. As

crises políticas pelas quais passaram nossos últimos governos e as notícias diárias nos

jornais e telejornais não permitem que se fuja desse cenário lamentável em que estamos

inseridos. Porém, mesmo em maior escala que em muitos países e menor em relação a

outros, a corrupção, as fraudes e a falta de ética em geral não são privilégio da vida

brasileira e da nossa cultura. Como exemplo, pode-se citar os Estados Unidos, que nos

últimos anos têm vivido grandes escândalos como os casos da Enron e da WorldCom,

onde até empresas de auditoria ficaram sob suspeita, e que expõem a ferida da falta de

ética também no primeiro mundo.

Porém, é importante entender que essa crise ética e moral contextualizada

mundialmente não pode ser creditada à civilização moderna apenas. Ela é fruto do que

nossa sociedade moderna recebeu como legado das estruturas pré-capitalistas e que a

tornaram viável como civilização.

Todavia, é importante observar que se, por um lado, ocorreram tantos problemas

relacionados à falta de ética, por outro, há um aumento de visibilidade como em

nenhum outro momento tenha ocorrido, com pessoas indignadas e intolerantes com as

condutas reprováveis. Em resumo: o Brasil e o mundo precisam da prática da ética e as

pessoas estão se tornando conscientes disso.

O desenvolvimento da ciência trouxe com o progresso da humanidade vários

questionamentos éticos à postura de nossos dirigentes, questionamentos que também se

tornaram evidentes. Discutem-se hoje questões ambientais, como a emissão de gases

poluentes e a responsabilidade por resíduos tóxicos, questões sobre engenharia genética

e alimentos transgênicos, questões que envolvem fome e melhor distribuição de renda.

Enfim, a ética está no momento presente e definitivamente entrelaçada ao nosso futuro.

Portanto, deve-se encarar esse momento como fundamental para que as sociedades

questionem seus modelos, quebrem paradigmas e exijam redefinições, planejamento e

ações fundamentadas na ética, repelindo quaisquer comportamentos em direção oposta a

(12)

Os efeitos dessa mudança de comportamento têm dado sinais por todos os

setores nos últimos anos. Na educação, os cursos de graduação e MBA têm dedicado

maior atenção à Ética pela inclusão de cadeiras específicas sobre o tema; também as

empresas manifestam preocupação com a conduta ética de executivos que são

contratados e buscam tornar seus códigos de ética factíveis através de revisões e até

mesmo os profissionais que, individualmente, mostram-se mais atentos e conscientes da

importância de uma conduta ética.

Em termos de negócios, outro ponto que se mostra claro, hoje em dia, é relação

entre comportamentos antiéticos e perdas em dinheiro, seja no setor público ou privado.

Assim a relação entre ética nos negócios e lucro tende a ratificar a idéia de que “a ética

aplicada dá dinheiro e promove desenvolvimento”.

1.2. A tolerância à falta de ética

Outras análises, porém, também precisam ser feitas. Se por um lado, grande

parcela da sociedade brasileira manifesta-se indignada com relação à falta de ética na

administração, na polícia, nas empresas e em outros segmentos, também se torna

bastante tolerante a violações éticas “menores”, como a compra de um CD pirata ou o

uso indevido de uma credencial. As idéias de que é preciso “levar vantagem em tudo” e

“ser esperto para se dar bem” ainda estão enraizadas na nossa cultura e esse momento

de discussão é o momento para banirmos essas idéias nocivas de vez de nossa

sociedade. Surgem, a partir daí, movimentações no sentido de dizer que se o governo e

as autoridades são corruptas, a sociedade também é, o que de certa forma contribui para

um completo desordenamento moral.

A questão é avaliar se os desmandos morais e éticos que ocorrem no país estão

sendo permeados para a sociedade ou se, de outra maneira, os deslizes éticos do dia a

dia é que bloqueiam a análise das pessoas e acabam por tornar a corrupção generalizada

uma extensão do cotidiano. Ainda não existem respostas seguras. A revista Veja, em sua

edição de 29/03/2006, com base nas notícias de absolvição dos deputados supostamente

envolvidos no escândalo do “mensalão”1, trouxe interessante matéria a respeito do

assunto. O fundamental de tudo isso e que podemos tirar como lição, a mais valiosa, é

1

(13)

que independentemente da direção que uma sociedade caminhe, se por um caminho de

melhoria em seu comportamento ético ou não, o exemplo de sua liderança é

fundamental. Os maus exemplos ou a omissão vindos “de cima” acabam contaminando

e se tornando justificativas para menores delitos, valendo o mesmo raciocínio para as

empresas em relação aos seus funcionários.

Em março de 2006, o IBOPE pesquisou a tolerância da sociedade em relação à

corrupção e o resultado foi preocupante. Só para ilustrar, 90% dos entrevistados

acharam que os políticos brasileiros tomam decisões pensando em si próprios, outros

75% admitiram que, se estivessem no lugar deles, poderiam acabar fazendo a mesma

coisa. O contraponto dessa visão pessimista está em algumas das conquistas sociais

recentes. Pode-se citar como exemplo, a ocorrência de nepotismo no Poder Judiciário,

certamente o poder foi mais fragilizado nos períodos autoritários do passado recente da

vida brasileira.

É certo que as práticas antiéticas ocorrem o tempo todo, mas, os exemplos de

boa conduta também começam a ser mais enaltecidos, enquanto a corrupção e outras

práticas espúrias têm sido, pelo menos, denunciadas e expostas ao público.

Para tanto o jornal americano The New York Times serve como exemplo, pois

criou recentemente uma coluna assinada pelo jornalista Randy Cohen só para abordar

temas referentes à Ética em situações cotidianas.

1.3. A contribuição do gerenciamento de projetos

Este trabalho visa mostrar como os questionamentos em Ética têm contribuído

para aumentar as discussões sobre a ética no gerenciamento de projetos e como, em

retribuição, o comportamento ético do gerente de projetos pode e está contribuindo para

a sociedade como um todo. Agindo eticamente, o gerente de projeto torna-se um

exemplo em sua comunidade de trabalho e passa a cobrar um comportamento ético

também de sua equipe, da empresa onde trabalha, dos clientes e fornecedores com os

quais se relaciona no projeto, afastando a possibilidade de qualquer tipo de abordagem

antiética, e como o gerenciamento de projetos aplica-se em várias áreas de trabalho,

esse efeito pode tornar-se ainda mais forte, abrangente e com uma capacidade imensa de

(14)

1.3.1 Estrutura da pesquisa neste trabalho

Inicialmente, apresentam-se alguns conceitos e fundamentos sobre ética, com o

intuito de embasar, posteriormente, os temas mais específicos. Na seqüência, será

apresentada a ética empresarial e destacada a importância da empresa como agente

transformador da sociedade e de seu balizamento ético através de um código de ética

realmente aplicável. Por seguinte, na área específica da ética no gerenciamento de

projetos, é citada a responsabilidade profissional do gerente de projetos e,

principalmente, os dilemas éticos ligados aos projetos com os quais se depara em seu

dia a dia de trabalho.

Também será discutido o código de ética e conduta e a visão que o PMI (Project

Management Institute) tem a respeito do assunto. Finalmente, serão discutidas idéias e

possibilidades que visam aprimorar a presença da ética no ambiente, nas atividades do

gerente de projetos durante a condução dos mesmos e em suas relações com os

stakeholders. Para ilustrar a realidade do trabalho do gerente de projetos, hoje, suas

necessidades e dificuldades nas questões que envolvem ética, estaremos apresentando

duas entrevistas com profissionais de destaque, mostrando suas opiniões e a realidade

(15)

2.

CONCEITOS DE ÉTICA

2.1. Ética e Filosofia

A filosofia pode ser considerada como sendo um processo de reflexão crítica de

conceitos e procedimentos, onde se questiona aquilo que nos cerca, nossas origens,

comportamentos, métodos, conteúdos, os acontecimentos que ocorrem em determinado

tempo e até mesmo o próprio tempo sendo o aprendizado do pensamento.

Através da filosofia o homem aguçou sua inteligência e passou a questionar a

abordagem e as soluções dadas aos seus antigos problemas, propondo novas visões e

novas alternativas. Sendo assim, estudar filosofia, conduziu e conduz o homem em sua

reflexão através da ciência, sobre o mundo e sobre ele próprio com base no

conhecimento (chegando até seus limites); através da lógica (mostrando como deve ser

feita a análise racional daquilo que se observa); através da estética (a interpretação da

beleza do que nos cerca) e, finalmente, através da ética (o comportamento humano

aceitável em uma determinada sociedade).

Dessa maneira, pode-se examinar filosoficamente a Ética como sendo a reflexão

acerca do comportamento social humano, onde podem ser traçados princípios que

conduzam o homem através de um caminho moralmente correto e que permita o

questionamento desses próprios padrões estabelecidos, onde o Homem avalia a si

próprio e sua relação com seus semelhantes.

Não é preciso ser um filósofo para tomar decisões éticas, nem o estudo

aprofundado em ética garante que o indivíduo seja um ser humano com comportamento

ético, porém, a discussão e o conhecimento sobre o assunto permitem aumentar a

capacidade de análise e tornar as pessoas mais preparadas para a adoção de condutas

éticas nas situações que são desenhadas todos os dias na vida de cada um.

2.2. Ética e moral

A definição dada por Álvaro L. M. Valls (1993), em seu livro O que é ética

afirma que: “A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas, que não são

fáceis de explicar quando alguém pergunta”. Tal definição indica que não é tão simples

definir a Ética e isso se agrava quando se tenta associar a definição com o conceito de

(16)

Ética e moral têm a origem na palavra “costume” (do grego: ethos, do latim:

mores) e frequentemente são tidas como sinônimos. O livro Aspectos Comportamentais da Gestão de Pessoas, de I. Macedo (2006), aborda bem essa diferenciação. Os

problemas éticos envolvem as reflexões teóricas a respeito dos problemas morais, são

abrangentes e sempre atingem a comunidade como um todo. A definição daquilo que é

bom, então, é um problema ético. As questões morais estariam relacionadas à prática de

cada situação específica, podendo afetar uma ou mais pessoas. Então, estabelecer aquilo

que o indivíduo deve fazer em uma determinada situação para ser considerado bom é

um problema moral.

Em uma outra forma de expressão, a ética corresponderia à ação e à prática dos

valores morais. Seria um sistema para ser usado na tomada de decisões, traduzindo a

moral em atos. Já a moral estaria ligada aos posicionamentos assumidos nas decisões do

dia a dia de nossa vida.

Ethos, então, é a palavra de origem grega que fica em evidência. Traz a idéia de

costume, mas, também de habitat, morada, hábito. O sentido de ethos pode ser buscado

na visão de Aristóteles (384-322 a.C), na escrita de que o bem é a finalidade de um ato

ético, como em Ética a Nicômano, onde diz que toda investigação, ação e escolha visam

o bem e daí deduz-se que o bem é aquilo a que todas as coisas tendem.

2.3. A phronesis e a ética de Aristóteles

Com toda certeza Aristóteles não foi o primeiro a pensar a respeito da ética,

porém, partindo dele há a concepção do tema. Basicamente, a ética estaria

fundamentada no desejo do indivíduo de agir corretamente, pois assim alcançaria a

felicidade. A Phronesis é o centro da ética de Aristóteles, que deixa claro que as ações

éticas estão ligadas a uma orientação voluntária, sendo o núcleo de seus conceitos. É a

sabedoria prática, a prudência ou discernimento. Corresponde ao intelecto prático e não

deve ser considerada apenas para questões gerais, universais, mas, deve ser relacionada

com aquilo que é particular.

Como a phronesis está ligada à ação, tendo nesta o objetivo, requer um maior

conhecimento dos fatos específicos que dos gerais e está diretamente ligada à

experiência. Aristóteles diz, ainda, que a função de uma pessoa se realiza somente de

(17)

homem perseguir o objetivo correto e o discernimento nos leva a recorrer aos meios

certos. Ou seja, a phronesis define os meios de agir para alcançar determinado objetivo

e conduz à ação, permitindo a distinção dos elementos, cabendo à excelência moral,

pela formação dos bons hábitos, a perseguição das finalidades. Tal relação de conceitos

pode ser definida pela passagem: “É óbvio que também a escolha não será acertada sem

o discernimento, da mesma forma que não o será sem a excelência moral, pois o

discernimento determina o objetivo e a moral nos faz praticar as ações que levam ao

objetivo determinado”.

2.4. Teorias sobre ética

Existem diversas teorias a respeito de ética e a verdade permeia as citadas neste

trabalho e tantas outras, que visam explicar o porquê de se buscar ser ético e onde

pretende-se chegar. Essas correntes filosóficas muitas vezes se confrontam e, de acordo

com o momento estão (ou não) mais em evidência que outras. Portanto, nenhuma delas

pode ser tomada como verdade absoluta ou ideal, devendo sempre ser entendida em seu

contexto histórico e constantemente discutida.

A Teoria Fundamentalista traz a proposta da determinação de uma fonte externa

ao Homem para obtenção de conceitos éticos. Essa fonte poderia ser uma pessoa, um

livro (como a Bíblia), ou um conjunto de preceitos. Dessa maneira, o ser humano

necessitaria de uma condução para encontrar aquilo que é certo ou errado, sendo

incapaz de realizar tal distinção por si próprio.

A Teoria Utilitarista defende o conceito de ética visando o bem maior para a

sociedade onde, diante de uma dúvida, o Homem deveria seguir aquela conduta que

resulte no maior benefício para o grupo onde está inserido. Toma por base as em idéias

desenvolvidas nos séculos XVIII e XIX e defendidas por Jeremy Bentham e John Stuart

Mill, respectivamente. Nessa abordagem, a ética influenciaria um código de conduta

entre as pessoas, onde sempre estaria se buscando um número maior de pessoas

beneficiadas por determinada conduta. Diversas são as críticas ao Utilitarismo,

principalmente pela dificuldade de se quantificar o bem maior de uma circunstância e de

outra, negligenciada pela primeira.

Emanuel Kant, no século XVIII, propôs que cada ser humano pautasse seu

(18)

exigiria do outro o comportamento ético tido por si próprio. Ë a chamada Teoria

Racional ou Teoria do Dever Ético, onde haveria uma igualdade na aplicação do padrão

ético para todos, considerando-se os fatores culturais, a partir de conceitos universais

consensados, como justiça, honestidade, etc. Ainda segundo Kant, o comportamento

ético do indivíduo viria de sua experiência, onde verificaria que realmente é melhor ser

ético, e não porque está buscando o objetivo de ser ético.

A Teoria Contratual defende que o Homem assuma compromissos e obrigações

fundamentadas em um contrato social e na moral. Defendida nos séculos XVII e XVIII

nas idéias de Locke e Rousseau, onde o Homem estaria comprometido com a sociedade

em que vivem seus semelhantes e a se comportar de acordo com regras morais, de onde

viriam os conceitos de ética. A principal questão de críticas à Teoria Contratual é que

um grupo que tivesse uma postura moral contestável (por exemplo, criminosos) teria a

capacidade de ser ético em cada um de seus indivíduos internamente, legitimando suas

ações por uma moral própria.

Quando uma pessoa, individualmente, define os conceitos éticos e a noção de

certo e errado com base em suas próprias concepções, temos a defesa da Teoria

Relativista. Caracteriza tal teoria uma visão tipicamente anarquista, onde a noção

daquilo que é certo para um pode não ser para o outro. Também pode gerar uma

distorção da idéia de moral em um determinado grupo, e formula as mesmas críticas

realizadas à Teoria Contratual.

2.5. Outras abordagens sobre ética

Marvin Brown em seu livro, lançado no ano de 2003, The Ethical Process: an

approach to disagreements and controversial issues, simplificou as abordagens sobre

teorias éticas em três grupos. Essas abordagens foram criticadas por considerarem

apenas a pessoa, em uma visão antropocêntrica, sem levar em conta o ambiente ético em

que o homem está inserido.

A primeira abordagem consiste na “Ética das Conseqüências”, que implica em

avaliarmos os danos e benefícios de uma ação para definir a conduta ética a ser seguida.

Baseia-se na visão utilitarista de Bentham e Mill e no conceito de que a ética está no

(19)

A segunda abordagem é a “Ética do Princípio” onde cada um deve considerar

seus atos e as conseqüências, de maneira que princípios éticos universais não sejam

violados, considerando o respeito mútuo. Conceitos de integridade e justiça são muito

considerados nessa abordagem. Aproxima-se esta abordagem da ética racional de

Emmanuel Kant.

A “Ética da Proposta” é a terceira abordagem, que tem seu foco na própria

pessoa que pratica a ação. Se seu ato está de acordo com a função que executa,

considerando que nós temos muitas funções na vida, sejam na família, no trabalho ou na

sociedade. Essa abordagem é a base para os códigos profissionais de conduta e ética de

empresas e categorias profissionais.

2.6. A ética e o trabalho

A compra e venda da força de trabalho existe desde a antiguidade, porém, a

classe trabalhadora assalariada na Europa apenas começou a se constituir com o advento

do capitalismo industrial no século XVIII. O crescimento com que essa relação social

obteve supremacia em vários países mostrou o tremendo poder das economias

capitalistas em transformar as formas de trabalho em trabalho assalariado.

O trabalhador, por sua vez, teve no contrato de trabalho a única alternativa para

ganhar a vida, ao passo que o empregador tinha a unidade de capital, a qual busca

ampliar, e para isso, converteu uma parte em salários. Harry Braverman (1974), em seu

livro Trabalho e Capital Monopolista menciona:

“Torna-se portanto fundamental para o capitalista que o

controle sobre o processo de trabalho passe das mãos do

trabalhador para as suas próprias. Esta alienação apresenta-se

na história como a alienação progressiva dos processos de

produção do trabalhador; para o capitalista, apresenta-se como

o problema de gerência”.

Em resumo, o processo de trabalho passa a ser responsabilidade do capitalista.

Assim dá-se o processo de trabalho que, embora seja um processo que teoricamente

seria para a geração de valores úteis, passa a visar exclusivamente a expansão do capital

(20)

O lucro foi realmente legitimado através da ética protestante com o surgimento

do capitalismo, que era a justificativa para a acumulação de dinheiro. O lucro foi tido

como agradável a Deus e se justificava como uma recompensa por aquilo que era

oferecido ou pelo serviço que era prestado. Max Weber (2001), em seu livro A Ética

Protestante e o Espírito do Capitalismo, faz uma análise no sentido de que a ética não

poderia nos dizer quando e de que forma, para atingir a determinados fins bons não se

justificaria o uso de meios e conseqüências moralmente perigosas.

Frederick Winslow Taylor, no início do século XX, através da observação dos

operários em uma linha de produção, propôs uma teoria em que os operários seriam

completamente incapazes para uma análise científica de seu trabalho e definir quais

seriam os processos mais eficientes para executá-lo. A teoria de Taylor obteve apoio

nesse período pelo justificado aumento da produção em virtude da baixa qualificação

dos trabalhadores e pela ideologia protestante dos donos das fábricas, que era a mesma

de Taylor. Para Taylor, então, o trabalhador necessitava de uma gerência a controlá-lo

todo o tempo, por conta de sua negligência, e só assim se tornaria mais produtivo. Foi a

chamada “Gerência Científica” que, na verdade não tinha nada de ciência, pois em nada

investigava o trabalho em geral, mas, visava apenas sua adaptação às necessidades do

capital, o que nada mais é que verbalizar o modo capitalista de produção.

O resultado da aplicação da “Gerência Científica” foi a separação da concepção

e da execução do trabalho. O processo de trabalho é, então, dividido em lugares

distintos e grupos de trabalho distintos. Em um local são executados os processos

físicos do trabalho e no outro está o controle de todo o projeto.

Após a crise mundial de 1929, causada pela quebra da Bolsa nos Estados

Unidos, os sindicatos de trabalhadores americanos e da Europa se fortalecem e surge a

Teoria das Relações Humanas que busca alinhar os objetivos da empresa com os do

empregado, desde que haja motivação deste, de forma a que suas potencialidades

possam aparecer e torná-lo mais produtivo.

A teoria do Comportamento, o “Behaviorismo” de John B. Watson, surgiu na

metade do século XX, sendo que o Behaviorismo de Watson, ainda sob uma análise

psicológica, tinha dois objetivos específicos: conhecido o estímulo, prever a resposta e,

conhecida a resposta, determinar o estímulo. Suas características básicas são os

(21)

Behaviorismo, o trabalhador é produtivo desde que “adestrado” sendo a finalidade do

seu trabalho a de adequar seu comportamento.

A partir daí, outras teorias vão surgir impulsionadas pelo desenvolvimento

tecnológico. Assim se enquadra a Teoria da Informação, que aborda o domínio do

mundo através da informação que o homem dispõe. Da mesma forma, mais atualmente,

a Teoria Holística, que diz que o homem é parte do mundo, da natureza, e diz que o ser

humano tem que estar integrado e preocupado com seu ambiente.

Assim, vários modelos administrativos, que surgiram através do tempo,

propõem procedimentos éticos e morais para a relação do ser humano com o trabalho e

com a liberdade, à medida que ele (o homem) deva ser eticamente livre, capaz de fazer

escolhas em relação a si e aos outros. Várias concepções, entretanto, buscam explicar

melhor essa relação de liberdade e suas condições determinantes ou, ainda, as que

defendem a liberdade como incondicional como seria aquela desenvolvida por Sartre.

2.7. O futuro da ética

A Ética trata do uso que o indivíduo faz da liberdade em sociedade. Não existe

uma ética plena sem liberdade, ou seja, uma ética sem que o indivíduo tenha a condição

de seguir suas orientações. E no início deste século XXI, é fundamental buscarmos

compreender para onde esse barco à deriva vai e tentar tomar o leme o mais breve

possível.

Eric Hobsbawm (2005), em seu livro Era dos Extremos – O Breve Século XX

salienta sua preocupação com o que se viu na segunda metade do século XX e o que se

apresenta no início do século atual no qual o capitalismo consome as próprias bases

pré-capitalistas que o sustentaram, para seu próprio desenvolvimento.

As rupturas com o passado e os conceitos que nos guiavam tornaram-se fundas

demais e, nesse contexto, achar a linha da ética e aplicá-la em todas as nossas novas

relações passa a ser uma tarefa árdua e um desafio para os profissionais e empresas nos

próximos tempos. Mais que um desafio, trata-se de um exercício diário. O entendimento

da liberdade e da importância do trabalho dentro desse cenário nos conduzirá ao

entendimento do comportamento das empresas e de seus executivos e da ética que

utilizam na relação com seus empregados, com outras empresas e em todos os seus

(22)

Em entrevista singular, André Barcaui, renomado mestre e membro-fundador do

PMI (a íntegra se encontra mais adiante no Apêndice A), exemplifica de forma notável

como um profissional Gerente de Projetos deve proceder de forma responsável para

disseminar a necessidade de um comportamento ético por toda sua equipe, “desde o

momento antes do kick off é importante estar alinhado com a ética. É importante passar

ao time como é possível diferenciar o comportamento ético do antiético. Mas, a atitude

não pode ser demagógica; então, o principal papel passa a ser o da liderança. Os

americanos falam em management by exemple. É a liderança pelo exemplo. É você

passando para o time e o time vendo o exemplo dado, o exemplo ético, de justiça e de

honestidade. É a forma de tratamento ético de funcionários, clientes, fornecedores e

chefes, todos tratados com ética e de forma justa, de forma honesta. O próprio time se

sente influenciado pelo comportamento. “Se ele é tão justo, eu vou ser também. É uma

coisa que temos que disseminar. É assim que se trabalha com a ética; sendo ético em

(23)

3.

A ÉTICA NAS EMPRESAS

3.1. A empresa como elemento de transformação social

O objetivo deste tópico é mostrar como a empresa, que é o grande agente

transformador da sociedade e o elemento chave para seu desenvolvimento, está

enfrentando seus desafios éticos.

A empresa, a cada dia que passa, assume mais papéis na Sociedade, cumprindo

funções e tarefas que antes cabiam ao poder público, cumprindo papéis sociais e

assumindo novas e importantes responsabilidades, e não são apenas de grandes

conglomerados empresarias, pois, hoje em dia, ONG e micro-empresas desempenham

um papel social fundamental. As organizações, então, precisam manter-se, progredir,

gerar lucros e dividendos para seus acionistas. Porém, não seria concebível hoje em dia

a idéia que a empresa possa obter esse lucro sem que haja um respaldo moral e sem

valorizar a dignidade da pessoa humana, pois o Homem é o responsável pelo trabalho.

Nos tempos atuais, as empresas sofrem com um mercado extremamente

competitivo. Beneficiam-se do desenvolvimento tecnológico, mas, ao mesmo tempo,

pagam por isso, pois precisam estar cada vez mais atualizadas para serem competitivas.

Então, somando-se uma concorrência selvagem à evolução da tecnologia que reduz

postos de trabalho passou-se a exigir mais especialização dos que sobram. A incerteza,

muitas das vezes, toma conta das relações entre a empresa e seus empregados e cria uma

cultura de medo entre eles. Isto faz com que haja o risco de se perder o foco no trabalho

e se direcionar a preocupação apenas para a manutenção do emprego.

Essas variantes, as quantidades de mudanças e a velocidade com que elas

ocorrem, não podem servir de pretexto para encobrir alguns comportamentos antiéticos

e justificar medidas injustas ou mesmo práticas espúrias de qualquer espécie dentro da

atividade empresarial, seja para seu quadro funcional, seja para terceiros, clientes,

fornecedores, poder público ou outras empresas. A importância dada aos resultados e ao

lucro não pode de forma alguma fazer com que o homem, que é quem movimenta a

empresa, seja coagido ou explorado.

É preciso considerar a dignidade da pessoa humana, facilitando e promovendo

seu crescimento. As pessoas não podem ser igualadas às máquinas, como simples

(24)

qualquer coisa, é um dever básico de responsabilidade social e, nos tempos de

concorrência selvagem por que passamos, talvez seja o grande segredo para seu

crescimento, aliado à humanização, o que justificará seu papel histórico transformador.

3.2. A ética empresarial

A ética empresarial pode ser definida pelos princípios morais e regras sociais

através das quais a empresa conduz seus atos. É o comportamento da empresa em suas

ações, de acordo com normas éticas. Para balizar tal comportamento, existem partes que

são definidas por lei e outras, que são fundamentadas na moral. Aqui, o Estado tem um

papel regulador extremamente importante, que mesmo em tempos de privatizações, não

pode ser subjugado. É óbvio que não se justifica nenhuma conduta fora da ética, mas,

hoje, a alta carga de impostos no Brasil prejudica sobremaneira as empresas e cria um

sistema injusto, onde na verdade acaba havendo um estímulo à sonegação, como

tentativa de sobrevivência por parte dos agentes produtivos. Busca-se burlar a lei para

manter a competitividade. Para mudar essa situação, o Estado precisa rever sua política

de arrecadação, que torne o pagamento dos impostos algo factível para todos.

3.3. Visão histórica da ética empresarial

Historicamente foi possível analisar a evolução da ética empresarial no Brasil e

no mundo, de forma a facilitar a compreensão de sua importância no contexto atual do

país.

Joaquim Manhães Moreira (2001), em seu livro A Ética Empresarial no Brasil,

traz uma visão bastante interessante da evolução da ética nas empresas, mostrando na

antiguidade a ética nas relações de troca de mercadorias, que era marcada pelos limites

impostos pelo poder ou manifestava-se por necessidades pontuais e urgentes de

determinados artigos ou regiões. Assim, é interessante vermos como evoluiu o conceito

da ética nas empresas ao longo do tempo.

Com o desenvolvimento do comércio, logo veio à tona a figura do lucro, com

todas as suas contestações e questionamentos morais que perduram até hoje. Somente

com seu livro “A Riqueza das Nações” é que Adam Smith, no século XVII, pôde fazer a

(25)

para a distribuição de renda e fundamental para promoção do bem-estar na sociedade; e

não um acréscimo indevido e imoral de riqueza.

A encíclica Rerum Novarum, do Papa Leão XIII, defendeu a aplicação de

princípios éticos nas relações da empresa com os seus empregados, mostrando a

importância da valorização dos direitos e da dignidade destes.

Já nos Estados Unidos, no ano de 1890, foi promulgada uma lei, conhecida

como Sherman Act, que passou a proteger a sociedade contra a formação de grupos de

empresas para manipulação de preços ou mercados, os conhecidos cartéis de hoje. Mais

tarde, essa lei veio a passar por complementos, sendo incluída a proibição da prática de

preços distintos por uma empresa aos seus clientes.

No século XX, a partir de sua segunda metade, as transformações envolvendo a

ética empresarial começaram a ocorrer de maneira mais intensa. Na década de 60,

houve os primeiros debates envolvendo a preocupação com a ética, principalmente na

Alemanha. O objetivo maior era a elevação do trabalhador a participante dos conselhos

administrativos das empresas.

Também nessa época começou a ganhar força o ensino da ética nas faculdades

de administração, principalmente nos Estados Unidos. Começou, assim, através da

aplicação dos conceitos de ética disseminados no meio acadêmico ao dia a dia das

empresas, a idéia da Ética Empresarial. No Brasil, nesse período, destaca-se a criação da

lei 4137, em 1962, que coibia o abuso econômico e procedimentos contra a livre

concorrência.

Na década de 70, através da pesquisa realizada pelo professor Raymond

Baumhant junto a empresários nos Estados Unidos, os primeiros estudos relacionados

com a aplicação da ética nos negócios. As abordagens feitas pelos trabalhos escritos na

época, giravam em torno das condutas pessoal e profissional do trabalhador.

Também data desse período o início dos códigos corporativos de ética e conduta

profissional. O surgimento desse importante instrumento deveu-se ao processo de

expansão das empresas multinacionais a todas as partes do mundo, fazendo com que

houvesse choques culturais e conflitos de padrões éticos, o que gerou a necessidade de

se tentar uniformizar a conduta.

Dois outros fatos também merecem a atenção no período. O primeiro foi que no

(26)

Ambiente, o que chamou a atenção para o assunto em nível mundial e fechou a relação

entre meio ambiente e economia, cobrando providências dos países participantes no

sentido de adequarem suas legislações. O segundo fato foi a criação, nos Estados

Unidos, de uma importante lei relativa à ética empresarial: a Foreign Corrupt Practices

Act (FCPA). Tal lei visava evitar que subornos ou propinas pudessem ser pagos a

autoridades estrangeiras visando o fechamento de negócios ou contratos.

Durante a década de 80, o ensino de ética nas faculdades de administração,

negócios e cursos de pós-graduação foi bastante ampliado. Outro fato marcante foi o

lançamento da primeira revista específica da área de ética nos negócios, com o nome de

Journal of Business Ethics.

Na década de 90, no Brasil, aumentou bastante a quantidade de leis versando

sobre a proteção ao trabalho, consumidor, meio ambiente, etc. A lei 4137/62,

anteriormente citada, foi modificada e aperfeiçoada pela lei 8884/94. Além disso, no

ano de 1998, O Brasil foi palco do primeiro Congresso Latino Americano de Ética,

Negócios e Economia, que visou a troca de experiências de práticas na área de ética

dentro da América Latina. Universalizando o conceito de ética empresarial, foram

criadas nos Estados Unidos e na Europa as primeiras redes acadêmicas de estudo; a

Society for Business Ethics e a European Business Ethics Network, respectivamente.

Atualmente, a ética empresarial tem sido bastante observada com relação às

ONG (Organizações Não Governamentais). Essas entidades desempenham um papel

extremamente importante no desenvolvimento social, cultural e econômico de vários

países, mas, é necessário que os governos estejam bastante atentos à suas reais

utilizações e condutas, para evitar que caiam em mãos de pessoas mal intencionadas e

sirvam às atividades antiéticas, como a “lavagem de dinheiro”.

3.4. A legislação da ética empresarial

A legislação brasileira, no tocante à ética empresarial, avançou

significativamente nas últimas duas décadas, tanto quantitativa como qualitativamente,

diversificando-se e tornando-se bem mais eficiente. Vários dispositivos foram criados

para proteção da sociedade e até mesmo das próprias empresas, em suas relações com

(27)

A repressão ao abuso do poder econômico pela lei 8884, do ano de 1994 é um

exemplo, pois essa lei, como já foi dito, foi criada para atualizar a lei anterior (4137/62)

que versava sobre procedimentos para evitar o abuso econômico e práticas contra a livre

concorrência. Há diversos outros casos de igual importância. No relacionamento da

empresa com os clientes, podemos citar o Código de Defesa do Consumidor (lei

8078/90); a lei das licitações públicas (lei 8666/93); o novo Código Civil. No

relacionamento com fornecedores temos a lei de proteção aos programas de computador

(lei 9609/98) e a nova lei das patentes (lei 9729/96); quanto ao meio ambiente, temos a

lei 9605/98; para os crimes de “lavagem de dinheiro” a lei 9613/98; sem esquecer a

própria Constituição Federal de 1988, em seu artigo quinto, dos direitos e garantias do

cidadão.

Enfim, sobram instrumentos na legislação brasileira, capazes de controlar e

coibir atitudes antiéticas nas empresas. Resta apenas, fazer com que sejam cumpridas e

fiscalizadas. Somando-se à legislação, de uma forma geral, o que tem sido observado

tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo é que o Poder Judiciário tem uma

tendência a pautar suas decisões em defesa do comportamento ético das empresas em

seus diversos relacionamentos, chegando a exigir, às vezes, indenizações milionárias

dependendo da questão. Isso mostra um amadurecimento da sociedade na cobrança de

seus direitos e faz com que as empresas reflitam melhor sobre suas atitudes.

3.5. A empresa solidária

A denominação de “empresa solidária” é normalmente dada àquelas

organizações que podem ser consideradas eticamente responsáveis. A empresa solidária

enseja a idéia de uma parceria, de uma troca, de sinergia, de uma busca por objetivos

comuns, partilhando sucessos e fracassos da empresa.

Uma empresa solidária deve, antes de tudo, estar engajada com a comunidade

onde se situa, conhecer suas necessidades e compartilhar seus anseios. Suas ações,

mesmo aquelas pequenas, devem conter a sua marca; devem ter como primeiro objetivo

mostrar sua proposta ao mercado e à sociedade. O Homem deve ser a figura central de

todas as negociações. A dignidade do ser humano será sempre respeitada por uma

(28)

Outra característica marcante de uma empresa solidária é sempre primar pela

participação de todos e por uma total transparência, através de seus indicadores.

Também é marcada por um reconhecimento externo e, internamente, por buscar o

talento das pessoas.

3.6. Responsabilidade social da empresa

Tanto quanto a discussão em torno de problemas éticos relacionados à corrupção

em geral, a responsabilidade social empresarial tem sido tema de bastante importância e

ficado em evidência nos últimos 20 anos, principalmente. Debates, trabalhos

acadêmicos e a criação de organizações dedicadas ao assunto têm corroborado a força

desse conceito e sua importância para o desenvolvimento da sociedade. O Instituto

Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, criado em 1998, junto a outras

instituições como a Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social

(FIDES) e o Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) vêm, através da promoção de

diversos eventos e premiações, alavancando a importância da responsabilidade social

dentro do meio empresarial.

A responsabilidade social de uma empresa consiste em um compromisso que

esta tem com a sociedade, quando parte de seus lucros reverte para benefícios,

proporcionando melhorias na qualidade de vida em geral. Assim, através de suas

decisões e atitudes, a empresa faz o que se denomina seu “balanço social”. Uma

empresa socialmente responsável é ética e transparente. Chama a atenção por seguir as

leis, pelo apoio a programas ambientais e pela valorização da qualidade de vida dos seus

empregados.

No seu âmbito interno, a empresa socialmente responsável tem por base relações

liberais de poder. Gestores e trabalhadores atuam juntos e partilham à responsabilidade

técnica da administração e existe uma clara política de participação em lucros e

resultados obtidos.

Externamente, como citado, existe uma grande preocupação com o meio

ambiente e uma política séria voltada para o desenvolvimento de parceiras com seus

stakeholders. Em termos de recursos humanos, a empresa prima pela valorização da

qualidade de vida de seus funcionários, visando o equilíbrio entre trabalho e família,

(29)

Então, lucro, responsabilidade social e ética passam a ter uma ligação bem

visível. As empresas necessitam crescer e aumentar suas margens de lucro; porém, isso

deve acontecer através de governança corporativa e uma gestão responsável com

métodos éticos e atualizados.

Adotar uma estratégia empresarial marcada pela responsabilidade social pode

representar um grande marketing para as organizações, pois os projetos sociais que

contarem com sua participação podem agregar valor aos seus produtos e serviços

prestados. Muitas pessoas com dúvidas entre que marca comprar, consomem um

determinado produto por saberem que estão ajudando alguém de alguma forma. Tudo

isso, sem falar que a empresa fica com a marca da inovação em sua imagem exposta ao

mercado.

3.7. Gestão ambiental

A questão ambiental está intimamente ligada à responsabilidade social da

empresa e, por conseqüência à sua postura ética. Uma gestão ambiental por parte das

empresas e governos tem sido alvo de cobranças por vários setores sociais em todas as

partes do mundo. A iniciativa, na verdade, deveria partir do próprio empresariado, pois

se trata de cuidar do futuro de toda a humanidade onde as próprias empresas estão

inseridas.

A conscientização das pessoas em torno da preservação dos recursos naturais é

uma luta diária e que está sendo vencida passo a passo. Está ficando cada vez maior e a

necessidade de ação cada vez mais evidente, em virtude da quantidade de agressões ao

meio ambiente que povoa as manchetes dos meios de comunicação e, às vezes, são

verdadeiras catástrofes regionais. Muitas das vezes, tais acidentes estão ligados às

atitudes omissas, negligentes e até antiéticas por parte das empresas. Porém, se constata

de uma forma geral, que atitudes de empresas brasileiras em relação às práticas

ambientais têm evoluído e se mostrado mais eficiente. Destacam-se a seguir alguns

exemplos:

- O desenvolvimento tecnológico, que facilita o controle e permite a existência

de novas alternativas.

(30)

- A maior pressão social, em virtude da conscientização da população para as

questões ambientais.

- Atuação de instituições de defesa ambiental que denunciam e chamam a

atenção da sociedade para os crimes ambientais.

A International Standard Organization (ISO), atenta ao desenvolvimento dos

SGAs, lançou a norma ambiental ISO14000, que se caracterizou por conter a base para

a implantação eficiente de um sistema de gestão ambiental, através do estabelecimento

de uma política ambiental na empresa e a implantação de um programa para alcançar os

objetivos ambientais propostos, com as devidas instruções pra revisão e controle.

A evolução da gestão ambiental praticada pelas empresas, principalmente nos

últimos 15 anos, pode ser resumida conforme na figura 1. A partir do ano de 1990,

surgiram os chamados Sistemas de Gestão Ambiental (SGA), que apóiam a condução

de políticas ambientais.

Figura 1. Estratégia e implantação do sistema de gestão ambiental.

Fonte: MOREIRA, 2001.

3.8. Por que uma empresa deve ser ética?

Várias são as razões para que uma empresa seja ética em seu dia a dia, mas,

talvez a que logo salte aos olhos seja aquela em que o lucro aceitável para uma empresa

seja apenas aquele obtido com base em um respaldo moral e em uma conduta ética de

seus dirigentes. Procedendo dessa maneira, permite-se a igual cobrança de seus

funcionários, exigindo que ajam com comprometimento e dedicação. Fases Características Posturas básicas

Antes de 1970 Alienação

Aceitação da idéia de que os prejuízos ambientais devem ser assumidos pela sociedade, em favor do desenvolvimento econômico.

Décadas de 70 e 80

Gestão ambiental

passiva

Preocupação das empresas em atender as exigências dos órgãos ambientais e criação de departamentos ambientais vinculados à área de produção das empresas.

A partir dos anos 90

Gestão ambiental

proativa

(31)

Outra justificativa é que uma empresa ética tem a correta avaliação de seu

desempenho. Sabe o quanto gasta, dispensa provisões para pagamentos irregulares e não

demanda gastos nesse sentido. Sem mencionar que as empresas éticas, em muitos casos,

se permitem iniciativas voltadas a baratear o preço de seus produtos sem permitir que a

qualidade dos mesmos caia ou sem depender de fazer cortes em folha de pagamento. E

isto tudo somente pelo não pagamento de subornos, de propinas ou de compensações

indevidas.

A imagem para o mercado e para a Sociedade é outro fator de grande

importância, pois, os procedimentos éticos solidificam as bases de relacionamento com

os clientes e fornecedores. Antes de qualquer vantagem que possa ser obtida, entretanto,

uma empresa deve ser ética porque é esse o seu dever social primordial.

Existe uma política, iniciada nos Estados Unidos na segunda metade do século

XX, que denomina uma empresa como “economicamente correta”. A idéia fundamental

é a conjunção dos conceitos de lucro e ética na atividade empresarial. Dessa maneira,

somente seriam merecedoras de investimentos externo aquelas empresas que atuassem

com uma postura ambiental correta; com ações que indicassem preocupações com as

condições de trabalho e necessidades de seus empregados; seu engajamento com a

comunidade na qual está inserida. Além disso, também seriam examinadas as

estatísticas de acidentes de trabalho, as questões judiciais, a existência de uma

transparência em relatórios e nas informações prestadas.

3.9. Empresas testam a ética dos executivos

O ambiente empresarial, como toda a sociedade, manifesta sinais de

preocupação com a conduta ética dos seus quadros. As empresas não se limitam apenas

à aplicação de seus códigos de ética e partem para outras medidas visando a verificação

do comportamento ético de seus executivos. Várias chegam a fazer pesquisas em blogs

e no Orkut para ver como se manifesta os executivos fora o ambiente de trabalho.

Porém, em uma atitude mais radical e polêmica, as empresas estão mandando

verificando a propensão de seus funcionários à corrupção. O jornal O Globo, do Rio de

Janeiro, em sua edição de 18/12/2005 mostrou reportagens a respeito destes chamados

(32)

Os segmentos empresariais que estão adotando esse tipo de teste são os mais

variados, do varejo às telecomunicações, e têm sido adotados para contratações e

promoções; porém, mantém sua utilização em segredo.

Um dos testes mais utilizados é o do polígrafo (detector de mentiras), onde se

verifica a pressão sanguínea, batimentos cardíacos e respiração, enquanto perguntas são

feitas aos funcionários, visando enquadrá-los em determinadas situações que permitam

avaliar se teriam comportamentos antiéticos. Outro tipo de teste é feito através de um

software onde as respostas dadas são todas cruzadas umas com as outras em busca de

incoerências.

O uso desse tipo de artifício é bastante questionável, pois pode causar danos

irreparáveis à carreira e até à própria vida de uma pessoa. A própria aplicação em si do

teste tem sido alvo de contestações por ser considerada antiética. Já houve casos de

empresas que tiveram que pagar indenizações por danos morais e decisões judiciais que

permitiram às empresas a realização dos testes em seus funcionários. A questão

realmente é bastante polêmica.

Independentemente da avaliação de ser ou não ética a aplicação do teste aos

funcionários, a preocupação das empresas tem fundamento. A KPMG do Brasil

desenvolveu pesquisa nas mil maiores empresas do país e mostrou que 69% delas já

sofreram fraudes, sendo que 58% dos empresários vêem em seus próprios funcionários

uma fonte de ameaça em termos éticos.

A eficácia desse tipo de teste também tem sido bastante polêmica, visto que os

valores de uma pessoa podem sofrer mudanças com o tempo. Por exemplo, uma pessoa

com uma história de vida eticamente irretocável pode, em virtude de uma determinada

circunstância, vir a cometer um ato ilícito.

3.10. Códigos de Ética

O código de ética é um instrumento portador dos princípios, da visão e da

missão da empresa ou de uma categoria profissional. É a ferramenta interna com a qual

a empresa resolve adotar uma postura ética em todos os seus relacionamentos. Através

do código de ética, a empresa busca direcionar as ações de seus colaboradores e

exterioriza sua imagem de empresa ética, servindo até mesmo como uma prova legal de

(33)

Um código de ética deve, antes de tudo, levar as pessoas a pensar. Deve mostrar

os princípios e valores nos quais aquele grupo (empresa e empregados) acredita e

explicitar como as ações cotidianas, fundamentadas nesses princípios, deverão ser

realizadas com base nas normas e regras nele contidas, para todos os níveis da

organização. Hoje, percebe-se cada vez mais a preocupação de empresas do setor

privado e entes governamentais, no Brasil e no mundo, voltados a criar, manter,

atualizar e trazer para a realidade seus respectivos códigos de ética.

Um código de ética tem como conteúdo a política e as práticas específicas

daquela empresa e deve ser de fácil compreensão para que possa da mesma forma, ser

facilmente assimilado por todos. Vários são os tópicos possíveis de serem abordados em

um código de ética: o respeito à legislação; a proteção à imagem, ao nome e ao

patrimônio da empresa; a confiabilidade das informações passadas; as relações com os

funcionários; as condições de segurança no trabalho; o comportamento da empresa em

caso de demissões e a confidencialidade das informações. Além disso, também deve

mencionar a visão da empresa quanto ao meio ambiente, à comunidade em que está

inserida e as relações na cadeia produtiva, por exemplo, considerando o tratamento dado

nos caso da terceirização.

Implantar um código de ética traz para a empresa uma série de vantagens.

Fortalece a imagem da organização para os públicos com os quais interage; o

comprometimento e a integração dos funcionários ficam maiores e, principalmente, o

entendimento dos valores e objetivos da empresa fica uniformizado.

Interessante observar que, a partir do momento em que ocorre uma uniformidade

de critérios, um código de ética bem elaborado também passa a ser um instrumento para

dirimir dúvidas e solucionar conflitos e evitar a subjetividade dos julgamentos. Serve

como proteção para o trabalhador que está agindo corretamente e ao mesmo tempo

fundamenta quaisquer ações da empresa contra eventuais desvios de conduta previstos

no texto.

Não é tão simples implantar um código de ética em uma empresa. Caso não se

observem determinados aspectos corre-se o risco de que o mesmo se transforme em um

instrumento inócuo, uma simples folha de papel impresso. Um código de ética não pode

(34)

empresa e empregados e deve expressar o entendimento de todos naquilo que está

escrito. Só assim será assimilado e praticado.

Quanto maior for a base ética do código, mais fácil será sua assimilação e

aceitação pelas pessoas, e quanto maior for o espaço para opiniões a respeito do seu

conteúdo e da sua real aplicabilidade, mais aderente às pessoas ele será. Mais ainda,

deve ser a consolidação de um processo que tenha como resultados a existência de

valores claros, compromissos e direitos, tanto da empresa quanto de seus funcionários.

Os empregados, as pessoas, enfim todos, querem participar de empresas que percebam

trilhar um caminho ético. É uma compensação que o indivíduo tem que mesmo sem

poder ser medida é muito valiosa.

A adesão dos colaboradores de uma empresa ao seu código de ética também se

relaciona à maneira como este é implantado ou revisado, pois deve ocorrer através da

instituição de um Programa de Ética. Este programa se constitui de uma série de ações

que visam assegurar o entendimento do código (através de treinamentos, tanto na

implantação quanto na revisão); sua atualização periódica (que deve ser amplamente

participativa, consolidando a cultura ética); a verificação de seu cumprimento (por

mecanismos de aferição); finalmente, instituindo punições para eventuais desvios e

diretrizes de combate à concorrência antiética.

Uma vez implantado, é fundamental que o código seja realmente cumprido. E

para que as pessoas sintam-se estimuladas a cumpri-lo e acreditem no que estão

fazendo, os primeiros exemplos têm que vir das lideranças. É o comportamento da

gerência, suas atitudes e sua não omissão diante de situações complexas que trazem

credibilidade e representam o primeiro passo para a generalização de um procedimento

ético por toda a população.

O código de ética é, ou deve ser, tudo o que foi descrito até o momento, mas,

cabe também a análise daquilo que não deva representar esse instrumento, em nenhuma

hipótese. Jamais pode um código de ética trazer dúvidas quanto à motivação

fundamental de sua implantação e à forma como é disseminado para aqueles que estarão

sob sua regulamentação. Essa é uma arma poderosa e não pode esconder ou permitir

condutas antiéticas através da busca de uma padronização de comportamentos. Portanto,

é absolutamente imprescindível que haja coerência entre o que está escrito no código de

(35)

Em seu artigo, Félix Luiz Alonso (2002) menciona a importância de seguir aquilo que

prega o código de ética. Cita os escândalos ocorridos nos últimos anos com algumas

grandes empresas norte-americanas (Enron e Worldcom, por exemplo), reforçando o

que foi dito anteriormente que é inadmissível que se use um código para encobrir

fraudes. Além disso, considera que não há normas escritas que façam um homem ser

ético. A ética está no caráter, na qualidade do indivíduo e na excelência pessoal.

O gerente de projetos tem seu próprio código de ética, considerando o PMI

(Project Management Institute) e, nesse aspecto, esta organização merece destaque

quanto à forma que tem conduzido a preocupação com a ética na profissão. No próximo

tópico estaremos abrindo espaço para um maior detalhamento desse código e das ações

que o PMI tem tomado para a ética na comunidade de gerenciamento de projetos.

Finalizando ressalta-se que a ética empresarial dispõe de todos os instrumentos

para se desenvolver e funcionar bem, porém, é fundamental que se compreenda que a

ética das empresas está, na verdade, nas pessoas. A advogada Maria do Carmo Whitaker

(2002), em seu artigo sobre códigos de ética, menciona que:

“A conduta ética, portanto, que se espera das empresas

vai muito além do simples cumprimento da lei, mesmo porque,

pode haver leis que sejam antiéticas ou imorais. Importa que os

homens de negócios sejam bem formados, que os profissionais

sejam treinados, pois o cerne da questão está na formação

pessoal. Caso contrário, a implantação do código de ética será

(36)

4.

ÉTICA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS

4.1. O PMI

Com sede na Filadélfia, no Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, o PMI

(Project Management Institute) é a maior instituição mundial voltada para o

gerenciamento de projetos já projetando 200.000 associados em vários países do

mundo.

Em 1969 foi fundado por cinco voluntários e já, na década de 70, quando saíram

as primeiras publicações, contava com cerca de 2.000 associados no mundo todo.

Durante os anos 80 o número de associados continuou aumentando, assim como a

diversidade de publicações e serviços oferecidos. É desse período o surgimento do PMQ

(Project Management Quaterly – Special Report on Ethics Standards and

Accreditation), que foi a primeira publicação em termos de padrão para gerenciamento

de projetos.

No decorrer dos anos 90, o PMI chegou à marca de 8.000 associados. Foi um

período importante, pela criação dos grupos de interesses específicos (SIG – Specific

Interest Groups), mas, principalmente, pela primeira versão do PMBoK Guide (A Guide to a Project Management Body of Knowledge) no ano de 1996; um guia englobando

áreas de conhecimento necessárias para boas práticas e regras para o gerenciamento de

projetos.

O PMI atingiu 50.000 associados no início do novo milênio, com cerca de

10.000 profissionais com certificação PMP (Project Management Professional) e mais

de 250.000 cópias do PMBoK em circulação. No ano de 2000, saiu a segunda edição do

PMBoK.

A partir daí, o crescimento foi vertiginoso. Hoje o PMI dá apoio ao

gerenciamento de projetos, nas mais variadas áreas, em aproximadamente 150 países e

conta com cerca de 180.000 associados. A quantidade de chapters também aumentou

bastante. O PMBoK passou por mais uma revisão e agora está em sua terceira edição. O

PMI firmou-se como a principal organização voltada para o gerenciamento de projetos

em todo o mundo e a certificação PMP é a credencial mais reconhecida para o

Imagem

Figura 1. Estratégia e implantação do sistema de gestão ambiental.

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