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Estudo de implantação, dimensionamento e analise de custo de trincheira de infiltração usada como dispositivo de drenagem em calçadas no municipio de Sinop- MT

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Academic year: 2019

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Estudo de implantação, dimensionamento e analise de custo de trincheira de

infiltração usada como dispositivo de drenagem em calçadas no municipio de

Sinop-MT

Rafael Junior Bedendo1, Tiago Júnior Manhaguanha2

Resumo:Dentro do contexto histórico brasileiro, na formação de novas cidades, não se tem a preocupação de políticas públicas relacionadas à adoção de medidas de saneamento básico, seja no, abastecimento de água potável, no tratamento de resíduos sólidos, na coleta de esgoto sanitário, na drenagem das águas pluviais, entre outras. Com o aumento das áreas urbanas, ocorrendo basicamente no sentido de jusante para montante, os problemas com drenagem das águas pluviais são transferidos das áreas recém urbanizadas para as mais urbanizadas. Considerando estes fatores, esta pesquisa enfatiza a necessidade de implantação de medidas estruturais e não estruturais de contenção do aumento de vazão de pico, em especialda implantação de sistemas de drenagem urbana sustentável (SDUS) na fonte, ou seja, o mais próximo possível da incidência da precipitação, neste sentido, apresenta-se um estudo de implantação de trincheiras de infiltração aplicada em calçadas para diminuir problemas com alagamento e inundações de áreas urbanas. Após analisar todas as variáveis envolvidas no dimensionamento do dispositivo de drenagem e levantar os custos de sua execução, verificou-se que o metro linear da trincheira custaria em torno de R$ 110,85.

Palavras-chave:drenagem urbana sustentável; trincheira de infiltração;precipitação;

Abstract:Inside the Brazilian historical context, the formation of new cities do not have the concern of public policy related to the adoption of measures of sanitation, is the supply of drinking water, solid waste treatment , sewage collection or rainwater drainage , among others. With the increase in urban areas, occurring primarily towards downstream to upstream , problems with drainage of rainwater is transferred to the newly urbanized the more urbanized areas . Since there is currently concern that the development is sustainable manner. Considering these factors , this research emphasizes the need to implement structural and non-structural measures to contain the increase in peak flow , in particular the implementation of sustainable urban drainage ( SDUS ) systems at the source , in other words , as closely as possible the incidence of precipitation,in this sense we present a study of infiltration trenches implantation applied on driveways to reduce problems with flooding and flooding of urban areas.After analyzing all the variables involved in the design of the drainage device and raise the costs of its implementation, it was found that the linear meter of trench would cost around US$ 49,93.

Keywords: sustainable urban drainage, infiltration trench;precipitation; 1Introdução

Atualmente, os países em desenvolvimento apresentam grandes problemas com saneamento básico, principalmente quando o assunto é drenagem urbana. Neste sentido, estão sendo desenvolvidas normativas e conceitos inovadores de sistemas de drenagem urbana sustentável, que aumentem a eficiência hidráulica dos sistemas de drenagem, fazendo com que haja um retardamento do escoamento, e portanto, um aumento no tempo de concentração na bacia, diminuindo a vazão de pico (CANHOLI, 2009, p.16).

De acordo com Tucci (2005a), os princípios da drenagem sustentável são:

 Novos desenvolvimentos não podem aumentar as vazões de pico das condições naturais (ou prévias) – controle de vazão de saída;

 Planejar o conjunto da bacia para controle de volume;

 Evitar a transferência de impactos para jusante;

Na implantação de uma cidade, o desmatamento,a urbanização e a posterior pavimentação asfáltica das ruas e das calçadas aumentam o escoamento superficial e alteram o percurso caótico das enxurradas, gerando erosão e assoreamento dos rios

ou canais, diminuindo a capacidade de escoamento do sistema de micro e macro-drenagem.

Segundo Righetto (2009) e Tucci (2005a)a expansão das áreas urbanas, sem que haja uma urbanização organizada,caracteriza principalmenteuma grande área impermeabilizada de solo, provocando a diminuição da capacidade de infiltração e, consequentemente, o aumento e aceleração do escoamento superficial, fatores de grande influência no incremento de inundações e alagamento no meio urbano.

Além disso, o aumento das vazões de cheia, causa influência direta na canalização de córregos e rios, transferindo os impactos da montante para jusante. As precipitações quando ocorrem sobre vias públicas, formam as torrentes que desembocam no sistema de micro-drenagem. De acordo com Neto (s.n.t., p. 1) a somatória das águas de torrentes com as das calhas e pátios, alimentam os condutos secundários que, por sua vez, atingem o fundo do vale.

Ainda segundo Neto (s.n.t., p. 1, grifo do autor) “O escoamento no fundo do vale é o que determina o chamado Sistema de Macro-Drenagem. O sistema

responsável pela captação da água pluvial e sua condução até o sistema de macro-drenagem é denominado Sistema de Micro-drenagem”.

De acordo com conceitos inovadores que englobam a sustentabilidade, um sistema de micro-drenagem sustentável possui uma ou mais das seguintes estruturas: pisos permeáveis, valas de infiltração/filtração, trincheiras de infiltração e de

1Graduando em Engenharia Civil, Unemat, Sinop, Brasil,

rafael_magali@hotmail.com

2Engenheiro Agrônomo, Professor orientador, Unemat,

(2)

exfiltração, bacias de detenção e lagoas de percolação.

Além desses, as cisternas e microrreservatórios de infiltração também são exemplos de componentes eficazes para reduzir os efluentes pluviais das áreas urbanas.

Esta pesquisaapresenta,um estudo da utilização de trincheiras de infiltração como medida de amortecimento de vazão de pico, evidenciando a influência desse sistema de drenagem urbana sustentável, na contribuição da redução de impactos ao meio urbano. Quando utilizado nas calçadas, proporcionamque as águas que entram em contato com a mesma possam ser redirecionadas para as trincheiras de infiltração, com o auxílio de ralos ou outro dispositivo que permita a passagem rápida das águas para osistema. Os resultados obtidos nesta pesquisa apontam a necessidade de implantação do sistema.

2 Revisão bibliográfica

Toda água do planeta está em constante movimento, podendo ser encontrada em forma líquida, sólida ou gasosa, a partir do estado em que se encontra no ciclo hidrológico.

De acordo com Martins (2011, p. 36),quando ocorrem precipitações, parte da água da chuva fica retida nas vegetações e em outros obstáculos, de onde se evapora. Do volume restante, parte fica retida em depressões no terreno, parte se infiltra no solo e o restante escoa superficialmente, logo que a intensidade da precipitação supere a capacidade do solo de infiltração.

2.1 Classificações das bacias.

As bacias hidrográficas podem ser classificadas como pequenas, quando possuem áreas menores que 2,5 Km² e tempo de concentração de até 1 hora. Bacias com tempo de concentração superior a 12 horas e/ou áreas maiores que 1000 Km² são classificadas como grande, e de médio porte ficam restritas a esses dois tipos (NETO, s.n.t., p. 6).

2.2 Solo

Ensaios de caracterização do solo Sinopense realizados por Simioni (2011) revelam se tratar de um solo siltoso, com base na caracterização geotécnica do sistema TBR (Transportation Research Board) de classificação de solos para fins de rodoviários.

2.3Condutividade hidráulica em solo saturada

A condutividade hidráulica sofre influência direta de atributos do solo como, textura, estrutura, densidade e porosidade. Sua determinação pode ser realizada em laboratório ouensaios de campo, sendo este último, mais laborioso de ser realizado, mas com resultados mais contundentes. Isto porque,os ensaios de laboratório utilizam amostras de pequena representatibilidade do solo, correndo-se o risco de danificar a estrutura do solo em sua coleta.

Alguns valores de condutividade hidráulica do solo saturado são descritos na Tabela 1, que é uma adaptação de Urbonas e Stahre, (1993)citado por Tucci (2005b).

Tabela 1; Condutividade hidráulicasaturada em diversos tipos de solo.

Tipo de solo Condutividade hidráulica (m/s)

Cascalho 10-3 - 10-1

Areia 10-5-10-2

Silte 10-9-10-5

Argila (Saturada) <10-9

Fonte;Tucci, 2005.

2.4 Intensidades de precipitação

A intensidade de precipitação é determinada realisando-se a coleta de diversos dados da região, onde são relacionados com período de retorno pré-estabelecidos para o projeto e a duração crítica de precipitação(Tucci, 2005b).

2.5 Períodos de retorno

O período de retorno é descrito pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte(DNIT) (2011),como sendo“o intervalo de tempo para que uma dada chuva de intensidade e duração definidas seja igualada ou superada”. Neto (s.n.t. p. 7) enfatiza que o grau de segurança para obras públicas ficam a cargo de representantes da sociedade, que devem decidir quais são os riscos aceitáveis pela comunidade.

O tempo de retorno para obras hidráulicas fica retido entre 2 e 100 anos, de acordo com a importância e magnitude apresentada pela mesma, conforme se verifica na Tabela 2.

Tabela 2. Período de retorno para obras hidráulicas.

Obras de microdrenagem

Tipos de usoe ocupação do solo

T (anos)

Galerias

Residencial 2

Comercial, edifícios públicos 5 Comercial, alta

valorização 5 a 10

Obras de

macrodrenagem Tipo de revestimento T (anos)

Canal a céu aberto Terra, gabião, Concreto 50

Pontes, bueiros e

estruturas afins Concreto 100

Canal em galeria Concreto 100

Diques marginais (em

áreas urbanas) Concreto 100

Fonte: DAEE, 1994.apudSCARPAZZA, 2011.

De acordo com a Tabela 2, observa-se que o período de retorno das precipitações para obras hidraulicas de micro-drenagem fica entre 2 e 10 anos, de acordo com o tipo de obra.

(3)

2.6 Coeficientes de escoamento supeficial

Segundo Righetto (2009),o coeficiente de escoamento superficial, ou também conhecido como número de

Runoff, está relacionado diretamente com a

impermeabilização da bacia, e esta, conforme o grau de urbanização. Bacias com pouca vegetação e solos cobertos com calçadas, pavimentação, telhados de casas, entre outros, possuem coeficientes maiores, sendo que este, variando entre 0,01 e 1,00 como se verifica na Tabela 3.

Tabela 3. Coeficiente de escoamento superficial.

USO DO SOLO OU GRAU DE URBANIZAÇÃO

VALORES DE C

Telhados perfeitos, sem fuga. 0,70 a 0,95 Superfícies asfaltadas e em bom

estado. 0,85 a 0,90

Pavimentações de paralelepípedos, ladrilhos ou blocos de madeira com

juntas bem tomadas. 0,75 a 0,85

Para superfícies anteriores sem as

juntas bem tomadas. 0,50 a 0,70

Pavimentações de blocos inferiores

sem as juntas tomadas. 0,40 a 0,50

Estradas macadamizadas. 0,25 a 0,60

Estradas e passeios de pedregulho. 0,15 a 0,30

Superfícies não revestidas, pátios de estradas de ferro e terrenos

descampados. 0,10 a 0,30

Parques, jardins, gramados e

campinas, dependendo da

declividade do solo e da natureza do subsolo.

0,01 a 0,20

Fonte: adaptado de GRIBBIN, 2012.

2.7 Trincheiras de infiltração

As trincheiras de infiltração, são dispositivos prismáticos escavados em estacionamentos, lotes ou passeio,que são preenchidos com material granular (brita, pedra de mão ou outros), com porosidade (φ) variada. Este material granular é revestido por filtro de Geotêstil.

As vantagens da utilização deste tipo de estrutura são apresentadas a seguir (Tucci, 2005a).

- Diminuição ou mesmo eliminação da rede de micro-drenagem;

- Evita a reconstrução da rede a jusante em caso de saturação;

- Redução do risco de inundações;

- Redução da poluição das águas superficiais; - Recarga das águas subterrâneas;

- Boa integração com o espaço urbano.

Entre as desvantagens da utilização,apresentam-se a dificuldade de se conseguir informações sobre seu funcionamento a longos prazos, obtenção de critérios de projeto e dimensionamento, uma vez que faltam elementos que possibilitem avaliações de custo de instalação, operação e manutenção, dificultando uma melhor avaliação de interesses econômicos (Baptista et al., 1998)

2.8 Material de enchimento

O material de enchimento é utilizado para manter o formato escavado da trincheira, podendo ser de diversos materiais e com granulometria variada, o que interfere diretamente na porosidade efetiva, ou seja, na capacidade de armazenamento da trincheira de infiltração.

Alguns valores de porosidade efetiva para materiais de enchimento são apresentados por Araújo (2000) e também por Tucci (2005b) e são descritos na Tabela 4.

Tabela 4: Porosidade efetiva de materiais de enchimento.

Material Porosidade efetiva (%) Rocha dinamitada - Brita grossa 30

Rocha dinamitada - Brita 3 40 a 50

Cascalho de granulometria uniforme 40

Brita graduado (1/4polegadas) 30

Areia 25

Cascalho de jazida - Seixo rolado 15-25

Fonte: adaptado de Tucci, 2005b e Araújo 2000.

2.9 Manta de Geotêxtil

A manta de Geotêxtil,além da função estrutural,diminui a entrada de material fino no dispositivo,principal causa de perdas de eficiência do sistema.Pode-seobservar, um exemplo de trincheira de infiltração na Figura 1, em que a utilização da manta de geotêstil diminui a possibilidade de entrada de solo no sistema.

Figura 1: Trincheira de infiltração com utilização de manta de geotêxtil. Fonte: Tucci, 2005.

Segundo, Tucci (2005b), as trincheiras de infiltração aumentam a infiltração, tão logo diminuem o escoamento superficial, dependendo apenas da porosidade do material de preenchimento e da percolação da água no solo.

2.10Utilização das calçadas

(4)

Figura 2: Divisões da calçada. Fonte: Adaptado da Cartilha de acessiibilidade do municipio de Sinop-MT.

A faixa de serviço, é o espaço localizado entre a pista de rolamento e o passeio, destinado ao mobiliário urbano como poste de iluminação, lixeiras, bancas de jornal, árvores e plantas ornamentais, sinalização de ônibus entre outros.

A faixa livre, destina-se exclusivamente à circulação de pedestres, livre de mobiliário, sendo que ABNT (2004) recomenda que esta faixa possua no mínimo 1,20 metros.

A faixa de acesso, é a faixa entre o limite das edificações e a faixa livre. Serve de apoio para projeção de marquises, toldos, acomodação de jardineiras, floreiras, mesas e cadeiras desde que não dificultem o acesso às edificações.

3 Materiais e métodos

Esta pesquisa foi desenvolvida em várias etapas. Na etapa inicial realizou-se uma revisão bibliográfica, a fim de compreender os conceitos referentes ao comportamento dos sistemas de drenagem urbana, bem como a utilização de técnicas mais sustentáveis de drenagem.

Primeiramente, utilizou-se como material de apoio,livros e documentos de autores renomados, com ampla gama de estudos publicados, afim de estabelecer parâmetros de cálculo, coeficientes e características dos materiais que possam ser empregados no dispositivo de drenagem.

Em seguida, realizou-se o memorial de cálculo, onde possibilitou chegar ao dimensionamento da trincheira de infiltração.

Na terceira etapa, realizou-se análise de todos os dados obtidos e uma posterior comparação das informações, no intuito de evidenciar a importância de realizar o estudo preliminar da bacia hidrográfica, bem como, períodos de retorno adequados para cada situação de projeto.

E por fim, realizou-se a otimização do sistema, bem como uma análise de custo dos materiais e serviços para execução da obra.

3.1 Delimitação da área de estudo.

A bacia de contribuiçãoescolhida para este estudo,fica delimitada pela Avenida das Figueiras, Avenida das Embaúbas, Avenida das Itaúbas, e BR 163, de acordo com a secretaria de Obras do Município de Sinop, MT, como se pode observar na Figura 3.Sendo que as dimensões da bacia são de 1,778 Km de comprimento e 0,560 Km de largura,compreendendo uma área de

aproximadamente 99,57 hectares,com

umadeclividade na maior distância em torno de 3,37 m/Km.

Figura 3:Limites da bacia de contribuição. Fonte: SCARPAZZA, 2011.

3.2Implantação da trincheira de infiltração nas calçadas.

Com o objetivo de proporcionar umamelhor distribuiçãodo dispositivo, verificou-se que o melhor local de implantação seria a faixa livre, situada entre a faixa de seviço e a faixa de acesso. Esta faixa se torna a melhor opçãopor não possuirelementos de serviço, arborização, entre outros, como descrito anteriormente.

Para que as águas das chuvas cheguem ao dispositivo de drenagem com facilidade, alguns artifícios podem ser utilizados, tais como: utilizar pavimentos intertravados ou bloquetes, pavimento permeável ou ainda, piso grama. Todos estes pavimentos, proporcionam a passagem das águas das chuvas para camadas inferiores, aumentando a infiltração no solo.

Estes pavimentos são, em geral, assentados sobre uma camada de areia ou pó de brita com espessura de 3 a 5 cm.Esta camada possui função estrutural de absorver as tensões oriundas de carregamento sofrido pelo pavimento e distribui-lás no solo.

(5)

Figura 4; Corte demostrativo da tricheira de infiltracao e da utilização de bloquetes como pavimento. Fonte:ACERVO

PRÓPRIO, 2014.

3.3Delimitação da área de infiltração

Como a implantação das trincheiras ocorre nas calçadas das ruas e avenidas, delimitada pela bacia em estudo, entende-se que a trincheira de infiltração se localizaria entorno de cada uma das 54 quadras que compõem a bacia.

Como a grande maioria das quadras possuem dimensões parecidas, com 130 metros de comprimento por70 metros de largura,tem-se em cada quadra a disponibilidade de se executar em torno de 400 metros lineares de dispositivos de drenagem. Para a bacia toda poderia ser executado 21.600 metros.

A área de contribuição, no caso, a calçada, se localiza entre o limite do lote até o meio fio, epossui 5 metros de largura. Multiplicando-se o comprimento total do dispositivo pela largura da calçada, tem-se uma área total de contribuição aproximada de 108.000m² ou 10,80hectares.

3.4Determinação da intensidade de precipitação

No estudo em questão, será utilizada a fórmula geral de cálculo de intensidade de precipitação, apresentado na Equação 1.

n

)

t

(t

KT

=

I

0 r

m

(Equação 1)

Onde:

I= intensidade de precipitação (mm/h)

T= período de retorno (anos); tr= tempo de duração da chuva (min);

K, m, n, t0: parâmetros relativos ao ajuste da equação. Os parâmetros de ajuste são obtidos pela característica pluviométrica de cada região do país. No estudo serão utilizados dados retirados do

software plúvio 2.1 referente a cidade de Cuiabá- MT,

pois não há registros a respeito de tais parâmetros para a cidade de Sinop-MT.

Os parâmetros utilizados são apresentados na Tabela 5.

Tabela 5: Parâmetros para ajuste do cálculo da intensidade de precipitação.

K m n t0

1790,34 0,2 0,9 19

Fonte:Software plúvio 2.1

Para determinar a intensidade de precipitação foram analisados quatro períodos de retorno: 2, 5, 10 e 25 anos, e tempos de duração de precipitação entre 0,167 horas e24 horas, como se pode verificar na Tabela 6.

Tabela 6: Intensidade de precipitação para diversos períodos de retorno (mm/h).

Duração Tempo de retorno (anos)

2 5 10 25

0,167 h 99,31 119,28 137,02 164,58

0,50 h 61,94 74,40 85,46 102,65

1 h 40,30 48,40 55,60 66,78

2 h 24,23 29,11 33,44 40,16

4 h 13,84 16,62 19,10 22,94

8 h 7,67 9,21 10,58 12,71

16 h 4,18 5,02 5,77 6,93

24 h 2,92 3,51 4,03 4,84

Fonte: ACERVO PRÓPRIO, 2014.

3.5 Dimensionamento da trincheira de infiltração

A seguir, é apresentado um procedimento que utiliza os volumes máximos acumulados. Segundo Urbonas e Stahre (1993) citado porTucci (2005b, p.61) esse método utiliza o “rain-envelope-method” (método da curva envelope), apresentado na Figura 5.É um método simples, que utiliza dados de caracterização do local de implantação e dos valores determinados de intensidade de precipitação, duração e frequência. Uma descrição mais detalhada do método, bem como, exemplos de dimensionamentos podem ser encontrados em Tucci (2005b).

Figura 5: curva envelope. Fonte: Tucci (2005b).

(6)

Para o dimensionamento das trincheiras, Tucci (2005b) descreve os seguintes passos, que são apresentados a seguir:

Passo 01: Para determinar o volume de projeto afluente à estrutura de infiltração ou percolação, utiliza-se a Equação 2. Desta forma, obtém-se o volume afluente acumulado através da multiplicação da vazão pelo tempo, para diversas durações de chuvas.





)

t

A

1000

I

c(

3600

1,25

=

V

e (Equação 2)

Onde:

Ve: volume total escoado no tempo t para uma precipitação de T anos de retorno (m3);

c:coeficiente de escoamento;

I:intensidade da precipitação de T anos de retorno (l/s/ha);

t: duração da precipitação (h); A: área da bacia de contribuição (ha).

Passo 02: Estimar as dimensões iniciais da trincheira e determinar o volume da estrutura (Vt) para estas dimensões, considerando a porosidade do material que será usado para o preenchimento da trincheira, conforme a Equação 3.

*

(Lhb)

V

t

(Equação 3)

Onde:

Vt : volume de armazenamento da trincheira (m3); L: comprimento da trincheira (m);

h: altura da trincheira (m); b: largura da trincheira (m).

φ: porosidade do material de enchimento.

Passo 03: Construir a curva de volumes acumulados de saída (VS), com base na condutividade hidráulica saturada e nas dimensões atuais de acordo com a equação 4.

t

3600

2

A

K

Vs

perc (Equação 4)

Onde:

VS: volume acumulado de saída, para diversas durações t;

k: condutividade hidráulica saturada; Aperc: área de infiltração ou percolação; t: duração da precipitação (h);

A área de percolação (Aperc) corresponde à área das paredes laterais da estrutura de infiltração, podendo ser determinada pela Equação 5.

L)

(b

h

2

A

perc

(Equação 5)

Onde h, b e L são correspondentes as dimensões da trincheira.

Passo 04: Identificar o ponto de máxima diferença entre as curvas de volume afluente (Ve) e o volume de saída da trincheira (Vs). A máxima diferença corresponde ao volume máximo (Vdim) da trincheira, como podemos ver na Equação 6.

Vs)

(Ve

máx

V

dim

(Equação 6)

Passo 05: Comparar o volume da trincheira (Vt) com o volume de dimensionamento (Vdim):

Se Vt>> Vdim⇒ reduzem-se as dimensões da trincheira e recomeçar no passo 3;

SeVt<Vdim⇒ aumentam-se as dimensões da trincheira e recomeça-se no passo 3;

SeVt≥ Vdim⇒ fim do processo de dimensionamento.

4Discussão e análise dos resultados

O material de enchimento utilizado será brita número 3, facilmente encontrada na região, com porosidade efetiva (φ) de 40%.

A condutividade hidráulica para solos siltosos, como observado na Tabela 1, é de 1x10-5 m/s.Uma vez que, solos tendem a se tornar colmatados com o tempo, atribui-se a este valor um fator de segurançaFS igual a 2, para prevenção de posterior perda de eficiência do dispositivo, devido a colmatação de sedimentos, tanto das laterais da trincheira quanto do material que é carregado com a água para dentro da mesma. Dessa forma,a condutividade hidráulica a ser utilizada será de 5x10-6 m/s.

O coeficiente de escoamento superficial adotado para áreas densamente urbanizadas será de 0,85.

A área de contribuição é de 10,80 hectares, e dimensões iniciais da trincheira de 0,80 metros de largura, 1,05 metros de altura e 21.600,00 metros de comprimento.

Como a intensidade de precipitação foi apresentada na Tabela 6em (mm/h), na Tabela 7, a mesma é apresentada em (L/s/ha), de acordo com a metodologia de cálculo utilizada.

(7)

Tabela 7: Volumes de entrada e saída do dispositivo, para intensidade de precipitação para retorno de 10 anos.

t (h) (L/s/ha) I 10 anos

Ve

(m³) (m³) Vs

Vdim =

Ve - Vs (m³)

0,167 380,68 2673,41 69,40 2604,01

0,5 237,43 4904,20 204,13 4700,08

1 154,47 6381,32 408,26 5973,07

2 92,90 7675,24 816,51 6858,73

4 53,06 8767,29 1633,02 7134,27

8 29,41 9717,95 3266,04 6451,91

16 16,03 10597,19 6532,08 4065,11

24 11,20 11100,35 9798,12 1302,22

Fonte: ACERVO PRÓPRIO, 2014.

Considerando-se o material de enchimento, temos o volume necessário para armazenamento(Vdim) do disposto na Tabela 8.

Tabela8: Volume necessário de armazenagem (m3).

t (h)

V

t

V

dim

0,167 7.257,60

2604,01

0,5 7.257,60

4700,08

1 7.257,60

5973,07

2 7.257,60

6858,73

4 7.257,60

7134,27

8 7.257,60

6451,91

16 7.257,60

4065,11

24 7.257,60

1302,22

Fonte: ACERVO PRÓPRIO, 2014.

Pode-se observar que para um duração de precipitação de 4 horas, o dispositivo comporta um volume Vt de 7.257,60 m3 e que o maior volume acumulado Vdim é de 7134,27 m3.

Com o volume disponível na trincheira,Vt, sendo maior que o volume precipitado, Vdim, temos uma segurança de que para uma precipitação com período de retorno de 10 anos não ocorrerá transbordamento das águas sobre o dispositivo de drenagem. NaFigura 6, pode-se observar uma caracterização da Curva Envelope para o dimensionamento do dispositivo em questão.

Figura 6: Caracterização da Curva Envelope. Fonte: ACERVO PRÓPRIO, 2014.

4.1 Planilha orçamentária

Foi realizada uma análise de custos de implantação do dispositivo de drenagem urbana, considerando os insumos e mão-de-obra necessários para execução da obra, com base em dados do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI), mantido pela Caixa Econômica Federal (CAIXA), divulgado no mês de Março deste ano para o estado de MT.

Na Tabela 8 é apresentada a descrição dos itens utilizados para o cálculo dos custos de implantação.

Tabela 8: Descrição dos itens para cálculo de custo.

Item Descrição

1 Geotêxtil nao tecido 100% poliester p/ drenagem tipo bidim ou equiv.

2 Pedra britada n. 3 - posto pedreira / fornecedor (sem frete)

3 Escavação manual em solo profundidade até 1,50 metros

4 Assentamento geotêxtil

5 Assentamento (base brita)

Fonte: ACERVO PRÓPRIO, 2014.

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Tabela 9:Custo total de insumos e mão-de-obra para implantação do sistema de drenagem urbana.

Item Unid. Quant. PreçoR$ Total R$

1 m2 79921,68 4,13 330.076,54

2 m3 18144 76,53 1.388.560,32

3 m3 18144 16,23 294.477,12

4 m2 79921,68 0,1624 12.979,28

5 m3 18144 20,3 368.323,20

CUSTO TOTAL R$ 2.394.416,46

Fonte: ACERVO PRÓPRIO, 2014.

O custo total de implantação do sistema proposto neste trabalho, seria de pouco mais de 2,3 milhões de reais. Este valor corresponde à execução de 21.600 metros lineares de dispositivo de drenagem, logo o preço do metrolinear seria R$ 110,85.

5Conclusão

Observando que as áreas de calçadas ocupam cerca de 10,85% da área total da bacia hidrográfica em estudo, pode-se destacar que, torna-se eficaz a implantação de qualquer tipo de sistema de drenagem sustentável que impeça as águas pluviais de alcançarem o sistema atual de drenagem.

Fica evidente que as dimensões utilizadas na trincheira são suficientemente capazes de suportar toda a precipitação para chuvas com tempo de retorno de 10 anos, independente da duração da mesma. A melhor forma de implantação desse sistema, seriadurante a construção ou reforma das calçadas, sendo assim, possível a sua execução, sem causar demais transtornos.

Outros incentivos,a utilização de sistemas de drenagem urbana sustentável, podem vir por parte do poder público, com abatimentos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), correspondente a diminuição da contribuição de deflúvio e atenuação das cheias no sistema de macro-drenagem.

Esta pesquisa foi realizada através de medidas de contenção nos passeios, outros estudos podem evidenciar a sua aplicação em estacionamentos, praças ou mesmo dentro dos lotes.

Agradecimentos

Agradeço, primeiramente, à minha familia, em especial aos meus pais, Jose N. Bedendo e Lucia Bedendo, pela contribuição na formação pessoal e profissional. Possibilitando através de seus esforços a finalização de minha graduação.

Dedico aos meus irmãos, Fernanda e Gabriel, pelo amor, carinho e afeto recebido durante minha jornada rumo a conclusão do curso.

Agradeço a minha amada esposa Raquel A. da Silva, e minha filha, Bianca A. Bedendo, pela alegria de todos os dias, paciência, amor, carinho, compreensão e companherismo.

Aos meus amigos, pelo apoio, ajuda, compreensão e lealdade nos momentos mais difíceis de minha graduação.

Ao meu orientador, Tiago Júnior Manhaguanha pela paciência, orientação e dedicação, para a realização deste trabalho.

A Universidade do Estado de Mato Grosso, pela oportunidade de realizar um curso de graduação. Agradecer a todos, que de alguma maneira contribuiram para realização deste trabalho e para conclusão da minha graduação em Engenheira Civil. E finalmente, agradeço a Deus pelo dom da vida, saúde e proteção.

Referências

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159p. Download de

Imagem

Tabela 2. Período de retorno para obras hidráulicas.
Figura 1: Trincheira de infiltração com utilização de manta de  geotêxtil. Fonte: Tucci, 2005
Figura 2: Divisões da calçada. Fonte: Adaptado da Cartilha  de acessiibilidade do municipio de Sinop-MT
Tabela 5: Parâmetros para ajuste do cálculo da intensidade  de precipitação.
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