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Leitura 07 PIB investimento e inovacao 02

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Academic year: 2019

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PIB, investimento e inovação em energia

O bem estar da população depende da infraestrutura disponível no pais e da renda disponível. O Brasil, um país de renda média, cerca de US 9000 anual e consome cerca de 2 TEP de energia por habitante por ano, valor abaixo da média mundial. Um valor adequado para prover bem estar geral para a população seria em torno de 4 TEP/ano. Cerca de 10 % do PIB de um país está relacionado ao provimento de energia para manter a economia do funcionando. Uma parte significativa dos investimentos feitos está relacionada com energia que é um insumo presente em todas as atividades do homem. Estudar como o investimento afeta a economia e o PIB de um país permite entender a função e importância da energia dentro de uma economia [1,2].

A seguir apresentamos o setor produtivo de energia do Brasil, os investimentos feitos pelo setor e depois as relações entre os investimentos em infraestrutura e o PIB de um país.

1. Setor empresarial na área de energia

O setor energético ocupa uma parte importante da economia do Brasil e o faturamento representa mais que 15 % do PIB brasileiro. O setor não é responsável por 15 % do PIB, mas as vendas de serviços e produtos são cerca de 15 % do PIB. A Tabela 1 apresenta os principais grupos empresariais que atuam no setor de energia no Brasil e informações sobre a receita bruta, patrimônio líquido, lucro líquido, rentabilidade do patrimônio líquido (PL) e número de empregados. A Petrobras e a Shell Brasil atuam na área de petróleo e gás, as Eletrobrás, Cemig, CPFL, AES Eletropaulo, Copel, Light, Neoenergia, Endesa, EDP atuam fortemente na área de geração, transmissão e distribuição de eletricidade, e a Cosan atua na área de etanol.

(2)

(prover os serviços de eletricidade a um preço módico). O número de empregados, normalmente bem qualificados, diretamente envolvidos nas empresas é de aproximadamente 200.000. A Cosan é o maior grupo nacional na área de biocombustíveis (etanol) e adquiriu recentemente a rede de distribuição de combustíveis Esso. O setor de biocombustíveis é mais intensivo em mão de obra e a Cosan tem um número elevado de empregados.

Tabela 1 - Principais grupos empresariais na área de energia no Brasil – situação em dezembro de 2008 [3]

*

Grupo Receita bruta R$ milhões Patrimônio líquido R$ milhões Lucro líquido R$ milhões Rent. do PL % Número de empregados

1 Petrobras 284579,0 141011,0 33915,0 24,1 74240

16 Eletrobrás 32242,6 85851,0 6136,5 7,1 23522

20 Shell Brasil 25164,3 2157,7 -477,5 -22,1 1966

30 Cemig 16487,8 9694,5 1877,0 19,5 10422

33 CPFL Energia 14371,9 5107,0 1275,7 25,0 7119

40 AES Eletropaulo 11400,0 - - -

45 Neoenergia 9498,7 8668,0 1474,3 17,9 5193

50 Copel 8305,4 8292,7 1078,7 13,0 8405

51 Light 8238,6 2803,7 974,5 34,8 3732

53 Cosan 7952,0 3917,3 -473,8 -12,1 45000

57 Endesa Brasil 7332,1 5493,1 445,9 8,1 2806

58 EDP Energias do Brasil

6953,0 5156,2 388,8 7,5 2343

97 GDF-SUEZ Energy

3834,1 3170,8 1115,2 35,2 941

106 SHV Gás Brasil 3270,9 564,3 - - 3545

130 Energisa 2463,5 667,6 105,0 15,7 4245

163 CEB 1461,8 545,1 58,9 10,8 668

189 Alusa 968,7 1140,1 235,2 20,6 2127

* classificação entre empresas no Brasil de acordo com a receita bruta

(3)

A taxa de crescimento do PIB de um país representa um valor médio entre os vários setores que compõem a economia do país. Alguns setores crescem mais rapidamente e outros crescem mais lentamente. O setor de energia, crescendo a taxas de 9 %, representa um dos mais dinâmicos na economia do Brasil, eleva o PIB brasileiro. Por outro lado, encontramos vários setores cujo crescimento é muito baixo O setor de energia apresenta taxas de crescimento elevadas porque utiliza tecnologia de ponta, tem gestão profissionalizada e recebe muitos investimentos. De onde vem os recursos para este crescimento? Como é o financiamento do crescimento deste setor?

Tabela 2 - Detalhes dos principais grupos empresariais

Grupo País de

origem

Principais empresas

Petrobras Brasil Petrobras, BR distribuidora, Petroquisa, Gaspetro, Transpetro, Petrobras Biocombustíveis

Eletrobrás Brasil Eletrobrás, Furnas, Chesf, Eletrosul, Eletronorte, Eletronuclear, Itaipu Binacional, CGTEE, Amazonas Energia

Shell Brasil Holanda e Inglaterra

Shell Brasil, Petróleo Sabbá, Icolub, Fusus, Janari, Shell Centro

O financiamento destas empresas provém preferencialmente de lucros operacionais retidos que são bastante volumosos. As sociedades anônimas são obrigadas a distribuir na forma de dividendos e juros sobre capital pelo menos 25 % do lucro líquido. Esta prática é normalmente utilizada pela maioria das empresas com ações no Bovespa. Isto significa que cerca de 75 % do lucro é retido e utilizado para novos investimentos. Outras fontes de financiamento são capitais de pessoas físicas quando da emissão de ações ao público, investimentos diretos de grupos nacionais e estrangeiros e financiamentos em linhas de crédito do BNDES. A taxa de juros de recursos providos pelo BNDES é fixada pela TJLP (taxa de juros de longo prazo) que está em janeiro de 2010 em 0,5 % ao mês ou 6,18 % ao ano.

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R$ 6,1 bilhões são da Eletrobrás. Se considerarmos que 75 % do lucro líquido fiquem retidos nas empresas para investimento nas empresas e apenas 25 % são distribuídos pelos acionistas, temos um montante de R$ 36,1 bilhões destinados para investimentos em 2009 proveniente desta rubrica. É importante notar que deste total 83 % provêm das empresas estatais Petrobras e Eletrobrás. A Petrobras representa, isoladamente, 70 % destes investimentos. Vê-se, assim, a importância desta empresa e do setor de petróleo na economia do Brasil.

Como se distribui os investimentos da Petrobras em 2008? Os investimentos da Petrobras totalizaram R$ 53,3 bilhões, 18% superior ao de 2007 e, portanto, a Petrobras tomou recursos emprestados para realizar tais investimentos. Para as áreas de exploração e produção foram investidos R$ 26,2 bilhões (49,1% do total), o que contribuiu para a reposição de reservas e para o conhecimento de reservatórios da camada pré-sal (em águas ultraprofundas da costa brasileira). Em abastecimento foram investidos R$ 12 bilhões (22,5%). Outros investimentos importantes foram a expansão da capacidade do refino, atendimento dos padrões de qualidade e construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), nas áreas de gás e energia (13,5%), na área internacional (11,5%), na área corporativa (2,3%) e na distribuição (1%) [3].

Na próxima seção veremos como estes investimentos afetam o crescimento econômico do país.

2. Produto interno bruto e a função de produção

(5)

O investimento é feito a partir de recursos obtidos da poupança das empresas e pessoas físicas, do superavit fiscal (diferença entre o que o governo arrecada e gasta em produtos e serviços) e da poupança externa (diferença entre pagamentos líquidos ao exterior, importações e exportações). O investimento é voltado para repor o capital físico depreciado, aumentar o capital físico da economia e para aumento de estoques de bens e serviços. Como vimos anteriormente, grande parte do investimento no Brasil é feito por meio de poupança do setor privado e público via lucros retidos pelas empresas privadas e estatais. No setor energético brasileiro o investimento estatal é muito importante. No caso da poupança externa, deve-se notar que ao se fazer importações ou pagamentos no exterior é necessário comprar moeda estrangeira e pagá-la com reais. Estes recursos ficam na mão de estrangeiros que podem fazer investimentos no país.

Tudo o que o país produz de bens e serviços é consumidos pelo setor público, pelo setor privado ou exportado. Mas como é produzido estes serviços e bens? Para a produção dos bens e serviços são necessários trabalho dos indivíduos e capital fixo na forma de prédios, instalações, máquinas, etc. Percebemos que quanto mais capital fixo existe em uma economia mais ela produz, que quando este capital envolve tecnologia mais avançadas a produção também é maior e que quanto mais instruída e preparada é a força de trabalho, também a economia tende ser mais produtiva.

Define-se a função produção de uma economia, F, como uma função que depende do capital fixo existente na economia, da magnitude da força de trabalho disponível e dos níveis de tecnologia e gestão deste capital e de capacitação desta força de trabalho, definidos aqui como produtividade. O produto interno bruto é, assim, obtido por meio da função de produção da economia como

) ,

, (

)

(t F capital fixo força de trabalho produtividade

Y  . (1)

(6)

3. Função de produção

A produtividade de um trabalhador varia de acordo com o capital físico disponibilizado a ele e também com o seu nível de capacitação. Um trabalhador capacitado sem as ferramentas adequadas de trabalho não produzirá muito, contudo, se tiver em mãos os instrumentos de trabalho adequados poderá realizar uma maior produção. Vários autores utilizam uma função produção para toda a economia e outros a definem por unidade de trabalho ou per capita (dividida por toda a população) [1,2]. Aqui estamos considerando uma função de produção por unidade de trabalhador, f, que dependa do capital fixo disponibilizado para o trabalhador, k, e pela inovação que este trabalhador detenha, p. O comportamento de f em relação ao capital fixo per capita é apresentado na Figura 1.

Ocorre uma saturação da produção a medida que se aumenta o capital físico per capita. Isto pode ser entendido da seguinte maneira. Se uma pessoa capacitada recebe um computador para realizar sua tarefa ela aumenta significativamente sua produção, contudo se ela receber dois computadores o aumento não será tão significativo ou pode nem ocorrer pois ela não pode operar os dois simultaneamente e tem que utilizar uma nova estratégia para aumentar a produção. Dentro de uma dada base tecnológica existe um porte ótimo para a produção. Acima do porte ótimo a produtividade tende a cair. Estas observações são descritas com a curva assíntota mostrada na Figura 1. Um incremento de capital físico em países desenvolvidos, com muito capital per capita, tende a causar um incremento menor na produção que um incremento similar em um país pobre com baixo capital físico per capita.

(7)

Figura 1 – Função de produção em função do capital fixo per capita.

(8)

A Figura 3 mostra o como seria o comportamento da função de produção em relação ao capital físico e à inovação per capita. À medida que a inovação aumenta o investimento em capital físico se torna mais produtivo e também valores mais elevados de investimentos são possíveis devido ao desenvolvimento de novas tecnologias. Para obter maior produção uma sociedade deve procurar maiores níveis de investimento e maiores níveis de inovação. Este segundo componente está relacionado intimamente com o maior nível de instrução dos indivíduos da sociedade.

Um país avançado precisa desenvolver tecnologia nova para conseguir inovação. O investimento em capital físico tende a ser pouco produtivo devido os trabalhadores já possuírem boa formação profissional e grande de quantidade de capital físico per capita, encontrando-se próximo da assíntota de f(k). Um país emergente ou em desenvolvimento deve capacitar sua força de trabalho para assimilar as tecnologias existentes e se capacitar a utilizar as inovações já existentes. Em todos os casos, o investimento em inovação e capacitação dos trabalhadores é muito importante.

(9)

A dependência da função de produção total em relação ao capital fixo total da economia é aproximada como

) ( )

, ,

(k N p k N f p

F    (2)

onde γ e β são número entre 0,3 e 0,7 dependendo da economia de um país e f(p) representa a inovação na função de produção. No Brasil, considera-se em muitos trabalhos que γ possa

ser aproximado como 0,5. No modelo de Solow o capital fixo K é dado por

) ( ) ( ) ( t K t I dt t dK

 (3)

onde λ é a coeficiente de depreciação do capital fixo expresso em ano-1 e I(t) é a taxa de investimento anual ou simplesmente investimento. Note que esta equação pode também ser escrita considerando a produção e capital per capita.

A taxa de investimento é dada pela Eq. 4 e normalmente é medido como uma fração do produto Y(t),

) ( )

(t sY t

II (4)

onde sI é adimensional e tem valor entre 0,15 e 0,25 para os países de baixa e alta taxa de investimento, respectivamente. Para o Brasil dos dias de 2010, considera-se que s deva estar em torno de 0,21 para que se consigam taxas de crescimento do produto interno bruto maior que 5 %; na China s chega a valores de 0,4!

(10)

4. Capitalização contínua, capital financeiro e capital físico

Diz-se normalmente que dinheiro traz mais dinheiro e isto se deve ao fato que com dinheiro pode-se comprar coisas e realizar empreendimentos ou investimos. Estes empreendimentos permitem ganhar mais dinheiro do que foi utilizado para viabilizá-los e, consequentemente, mais riqueza. O dinheiro ou capital financeiro pode ser emprestado para empreendedores para construir fábricas, usinas de energia, lojas comerciais, escolas, etc. Dada esta importante característica o dinheiro o financiador, aquele que empresta, o faz cobrando um juro temporal mensal, trimestral ou anual, s. Por exemplo, se N(t’) é a quantidade emprestada no ano t’, então o valor no ano t será

)' ( ) ' ( )

( st t

e t N t

N   . (5)

A Eq. 5 mostra a valorização ou capitalização do dinheiro de forma contínua. Ela permite de determinar o valor do capital em qualquer momento, inclusive entre os intervalos anuais. É muito comum utilizar as regras de capitalização discreta que seria

)' ( ) 1 )( ' ( )

( t t

r t N t

N    (6)

onde r = 1 + s. Neste caso, os momentos de cálculos devem ser valores inteiros de anos. Note que as Eqs. 5 e 6 são equivalentes e produzem valores muito parecidos numericamente quando s é muito menor que 0,01!!

A Eq. 5 pode ser usada para se determinar valores presentes e futuros de capital segundo uma taxa de juros s e fazer avaliações de pagamentos ao longo do tempo utilizando integração. Suponha que temos um capital inicial de valor N(0). Quanto ele valerá daqui a t anos, isto é, quanto será N(t). A resposta é

(11)

𝑁(0) = 𝑁(𝑡)𝑒−𝑠 𝑡. (8)

A Eq. 8 pode ser usada para se obter o valor presente de uma série de pagamentos ou recebimentos no futuro com bastante facilidade. Por exemplo, suponha que você irá receber durante T anos R0 reais/ano e que sua taxa de juros relevante seja s. Qual é o valor

presente desta série de recebimentos iguais? A resposta é

𝑉𝑃 = ∫ 𝑅0 𝑒−𝑠𝑡𝑑𝑡 =𝑅𝑠0(1 − 𝑒−𝑠𝑇) (𝑟𝑒𝑎𝑖𝑠 𝑜𝑢 $). (9) 𝑇

0

A Eq. 9 é muito útil. Permite encontrar cada uma das variáveis R0, VP, s ou T se as outras 3

são conhecidas. Note que para encontrar s a equação que se obtém é transcendental e deve ser resolvida por meio de gráfico ou numericamente. Atenção deve ser dada para as unidades destas variáveis: VP ($), R0 ($/ano), s (ano-1) e T (ano). Note também que a variável temporal pode ser qualquer (mês, ano, etc).

Capital físico e capital financeiro

O salário que se recebe mensalmente é utilizado para viabilizar uma série de despesas que denominamos consumo. Se guardamos alguma coisa, dizemos que poupamos. Como o dinheiro tem a capacidade de gerar riqueza, normalmente fazemos uma aplicação financeira ou investimento financeiro com o que é poupado mensalmente. A poupança é capitalizada de acordo com a Eq. 5 e o montante que se acumula constitui o nosso capital financeiro.

(12)

consegue. Esta taxa também é conhecida como custo de oportunidade para o empreendedor. Esta taxa é utilizada nas Eqs. 7 a 9 para se realizar avaliações financeiras.

Referências

1. Carlos José Caetano Bacha, Macroeconomia aplicada à análise da economia brasileira, pag. 35, Ed. Edusp, São Paulo, 2004.

2. Oliver Blanchard, Macroeconomia, Caps. 10, 11 e 12. Ed. Pearson / Prentice Hall, São Paulo, 2004.

Imagem

Tabela 1 - Principais grupos empresariais na área de energia no Brasil  –  situação em  dezembro de 2008 [3]  *  Grupo  Receita bruta  R$ milhões  Patrimônio líquido R$ milhões  Lucro  líquido  R$ milhões  Rent
Tabela 2 - Detalhes dos principais grupos empresariais
Figura 1  –  Função de produção em função do capital fixo per capita.
Figura 3 - Função de produção em função do capital fixo (k), e inovação (p).

Referências

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