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PADRÃO 79 – UM LAR PRÓPRIO

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Academic year: 2019

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PADRÃO 79 – UM LAR

PRÓPRIO

Referência: Christopher Alexander (1977) – A Pattern Language. Towns. Buildings. Construction.

Nova Iorque: Oxford University Press.

Tradução: Prof. Frederico Flósculo Pinheiro Barreto.

APRESENTAÇÃO: ESTAS NOTAS DE AULA COMPÕEM UM BLOCO DE TEXTOS DA AUTORIA DE CHRISTOPHER ALEXANDER E SUA EQUIPE, NA UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA, BERKELEY. TODOS ESSES TEXTOS FORAM RETIRADOS DO IMPORTANTE LIVRO “LINGUAGEM DE PADRÕES”, E SE ARTICULAM COMO “ESPECIFICAÇÕES PARA UM PROJETO DE COMUNIDADE”. VAMOS AO TEXTO:

De acordo com o padrão A FAMÍLIA (75), cada lar deveria fazer parte de uma habitação coletiva mais ampla. Mesmo que isso não ocorra, todo lar individual deve possuir um território próprio, que controle completamente – como visto nos padrões CASA PARA UMA FAMÍLIA PEQUENA (76), CASA PARA UM CASAL (77), CASA PARA UMA PESSOA (78) -; neste padrão, que simplesmente estabelece a necessidade de um tal território, há a possibilidade de formação de grupos da casas com densidades mais altas, como nos padrões das CASAS ALINHADAS (38), AGRUPAMENTO DE CASAS (39), que, deve-se considerar, podem não apresentar territórios individuais bem definidos para os diferentes lares.

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processos naturais que permitem às pessoas constituir comunidades estáveis e capazes de auto-regular seu bem-estar.

“... na imperecível, ancestral linguagem do coração humano, a casa significa minha casa, vossa casa, a casa própria de uma pessoa. A casa é o afortunado lance do homem no jogo de dados com o universo, em que ele subitamente sai de seu mistério; é a defesa que o ser humano tem contra o caos que perenemente o quer de volta, retomar sua obra. Daí que seu desejo mais profundo é o de estar em sua própria casa, uma casa que não compartilhe com mais ninguém que não a sua própria família”. (M. Buber, A Believing Humanismo:

Gleanings. Simon and Schuster, Nova Iorque, 1969, página 93).

Este padrão não é concebido como uma advocacia da propriedade privada, nem dos processos de compra e venda do solo urbano. Na realidade, está amplamente comprovado que todos os processos sociais que estimulam a especulação do solo de forma gananciosa são nocivos e destrutivos, pois levam as pessoas a tratar as casas como mercadorias, a construir casas para revendê-las, e não a construir para atender às próprias necessidades.

Da mesma maneira que a especulação e a ganância impossibilitam que as pessoas adaptem as casas às suas necessidades, o inquilinato, o aluguel, os senhorios e suas práticas, têm efeitos idênticos. O mecanismo é claro, e muito conhecido. Podemos estudá-lo através de livros como o de George Sternlieb (The

Tenement Landlord1, editado pela Rutgers University Press, 1966). O senhorio

busca reduzir ao mínimo os custos de manutenção e reparos; os inquilinos não são incentivados a manter e reparar, eles mesmos, as casas – na realidade, percebem que é o contrário que lhes interessa – pois as melhorias acabam por beneficiar o senhorio, e ainda por cima justificarão a alta dos aluguéis. Por isso, a típica propriedade de aluguel deteriora com os anos. O movimento seguinte dos

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senhorios é de construir novas propriedade para alugar que sejam imunes à deterioração: os jardins são prontamente substituídos por cimentados e lajes de piso; os carpetes por tábuas corridas, as madeiras por fórmica – todo um esforço para fazer com que suas propriedades tenham custos muito baixos ou nulos de manutenção. Esse esforço acaba por imobilizar os bairros populares, como numa disputa de cabo-de-guerra entre locatários e locadores. São, no longo prazo, inúteis, tudo o que pensam preservar degrada-se, pois não há um desejado envolvimento das pessoas com esses lugares. Ninguém os ama.

As pessoas somente se sentirão à vontade em seu lar se puderem mudar o que quiserem nele, à sua vontade, pondo nele tudo o que considerarem necessário, modificando seus jardins, suas salas, seus quartos, seus vestíbulos, seus retratos e símbolos e recordações. Isso somente pode ser feito pelos proprietários legais da casa e do terreno. E no caso de habitações coletivas, em blocos de alta densidade, somente é possível se cada apartamento efetivamente tem um volume bem definido, e qualidades estruturais tais que, à semelhança de uma casa, o proprietário possa mudar o que quiser.

Esse bem-estar requer que o morador seja proprietário; requer que toda habitação – esteja ela ao rés do chão ou em pavimento superior, tenha um volume bem definido, onde a família opere as mudanças que bem deseje; requer, em especial, uma forma de propriedade que desestimule a especulação.

Nos últimos anos testemunhamos uma torrente de iniciativas e fórmulas decididas a resolver o problema do lar para cada família, de um teto para cada pessoa. Num extremo dessas fórmulas estão sistemas de “suporte” e alta densidade como o de Habraken, no qual as famílias compram apartamentos em superestruturas de propriedade pública, e daí vão desenvolvendo seus próprios

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remediar a situação de carência de moradias, pois permitiriam que as pessoas mudassem de residência sempre que precisassem, em função de suas necessidades, oferecendo, em troca, ajuda financeira para a manutenção dos lares rotativos. O aluguel deve transformar-se em um passo para a aquisição do imóvel, e não numa barreira. A menos que os inquilinos possam recuperar de algum modo os gastos que fazem em dinheiro e trabalho para manter sua habitação, continuará desimpedido o ciclo de desesperança da falta de teto, do aluguel eterno a pesar em sua vida – a degeneração da capacidade financeira do inquilino -, bem como a degeneração das propriedades imobiliárias gananciosamente mantidas para o aluguel pelos carentes. (Procure ler o texto de Rolf Goetze, Urban Housing Rehabilitation, capítulo do livro The Freedom to Build,

coordenado por Turner e Fichter, editado pela Macmillan, Nova Iorque, 1972).

Um elemento comum a todos esses casos é o fato de que o desenvolvimento feliz de um lar para a família depende destes fatores: cada famíla

tem que possuir um lugar claramente definido, tanto uma casa quanto o seu espaço exterior, seus jardins, e deve POSSUIR esse lugar no sentido de que deve controlar plenamente o seu uso, a sua disposição.

Portanto:

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densidade: construa os apartamentos de maneira que cada um deles tenha um jardim ou um terraço onde possam cultivar plantas, e que as famílias possam continuar a construir, a modificar, a ampliar sua casa à vontade.

CASA

JARDIM

CONTROLE

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Referências

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