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PARECER DO RELATO DOS FATOS

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PIAUÍ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA

PROGRAMA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR – PROCON/MP-PI

PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 542/2011

RECLAMADO: MABE BRASIL ELETRODOMÉSTICOS LTDA

PARECER

Cuida-se de processo administrativo conjunto instaurado nos termos da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor), bem como do art. 33 e seguintes do Decreto Federal nº 2.181/97, pelo Programa de Proteção e Defesa do Consumidor, órgão integrante do Ministério Público do Estado do Piauí, visando apurar indício de perpetração infrativa às relações de consumo por parte dos fornecedores MABE BRASIL ELETRODOMÉSTICOS LTDA em desfavor dos consumidores citados a seguir.

DO RELATO DOS FATOS

Na F.A nº 0111.005.565-6, o reclamante DAVID ELTON DO ARAUJO DAGGY, já qualificado nos autos, afirma ter adquirido no dia 04/08/2011 um refrigerador da marca GE modelo FF 450 Titanium pelo valor de R$2.198,00 (dois mil, cento e noventa e oitos reais), conforme nota fiscal nº 936231. (fls.06)

O citado produto reincidiu na ocorrência de vícios, sendo levado à assistência técnica autorizada BENVINDO REFRIGERAÇÃO, de acordo com as Ordens de Serviços nº 138702 e 015330138702, respectivamente anexadas às fls. 07 e 11.

Realizada a audiência de conciliação no dia 15/08/2011, o fornecedor reclamado comprometeu-se a substituir o refrigerador viciado por outro em perfeitas condições de uso, requerendo um prazo de 30 (trinta) dias úteis para cumprimento do acordo celebrado. (fls.13)

A presente reclamação fora considerada como sendo FUNDAMENTA ATENDIDA, sendo instaurado processo administrativo em razão da extensão do prazo pedido. (fls.14)

Na F.A nº 0111.004.306-4, o reclamante FRANCISCO WAGNER DE SÁ LOPES, já qualificado nos autos, afirma ter adquirido no dia 04/08/2011 uma lavadora GE

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10.2 KG modelo LVGE1020IA2BR pelo valor de R$998,00 (novecentos e noventa e oito reais), conforme nota fiscal nº 000.001.212. (fls.20)

O citado produto reincidiu na ocorrência de vícios, sendo levado à assistência técnica autorizada BENVINDO REFRIGERAÇÃO, de acordo com as Ordens de Serviços nº 015330136810 e 136810, respectivamente anexadas às fls. 21 e 22.

Realizada a audiência de conciliação no dia 04/08/2011, o fornecedor reclamado comprometeu-se a restituir a quantia paga pelo produto, devidamente corrigida pelo INPC, requerendo para tanto um prazo de 30 (trinta) dias úteis. (fls.28)

A presente reclamação fora considerada como sendo FUNDAMENTA ATENDIDA, sendo instaurado processo administrativo em razão da extensão do prazo pedido. (fls.29)

Na F.A nº 0111.004.623-1, a reclamante ISABEL CRISTINA OLIVEIRA FERREIRA, já qualificada nos autos, afirma ter adquirido no dia 21/02/2011 um refrigerador marca DAKO, modelo REDK380 pelo valor de R$1.017,00 ( Hum mil e dezessete reais), conforme nota fiscal nº 202.875. (fls.36)

O citado produto reincidiu na ocorrência de vícios, sendo levado à assistência técnica autorizada BENVINDO REFRIGERAÇÃO, de acordo com a Ordem de Serviço nº 136640, às fls.37, relatando ainda que a segunda não lhe foi entregue.

Realizada a audiência de conciliação no dia 18/08/2011, o fornecedor reclamado comprometeu-se a substituir o produto viciado por outro em perfeitas condições de uso, requerendo para tanto um prazo de 30 (trinta) dias úteis. (fls.48)

Ainda por cima o fornecedor requerido teve a audácia de descumprir o acordo celebrado, conforme termo de descumprimento de acordo anexo aos autos do processo, às fls.49.

A presente reclamação fora considerada como sendo FUNDAMENTA ATENDIDA, sendo instaurado processo administrativo em razão da extensão do prazo pedido. (fls.52)

Na F.A nº 0111.004.975-5, o reclamante ANTÔNIO JOSÉ MACHADO FERNANDES, já qualificado nos autos, afirma ter adquirido no dia 18/07/2010 um refrigerador marca GE pelo valor de R$1.998,00 ( Hum mil, novecentos e noventa e oito reais), conforme nota fiscal nº 935.163. (fls.20)

O citado produto apresentou vício, sendo levado à assistência técnica autorizada BENVINDO REFRIGERAÇÃO, de acordo com a Ordem de Serviço nº 135.187, datada do dia 30/03/2011, às fls.62. Entretanto, passaram-se mais de 30 (trinta) dias e o problema não foi resolvido.

Realizada a audiência de conciliação no dia 25/08/2011, o fornecedor reclamado comprometeu-se a restituir a quantia paga pelo produto, devidamente corrigida pelo INPC, requerendo para tanto um prazo de 30 (trinta) dias. (fls.68)

A presente reclamação fora considerada como sendo FUNDAMENTA ATENDIDA, sendo instaurado processo administrativo em razão da extensão do prazo pedido. (fls.69)

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Na F.A nº 0111.004.959-4, a reclamante MARIA ANATALIA DE SOUSA SILVA , já qualificada nos autos, afirma ter adquirido em dezembro de 2010 um refrigerador GE 410FFMBR 220V pelo valor de R$1.738,60 (Hum mil, setecentos e trinta e oito reais e sessenta centavos), conforme nota fiscal nº 045595. (fls.75)

O citado produto apresentou vício, sendo levado à assistência técnica autorizada BENVINDO REFRIGERAÇÃO, de acordo com a Ordem de Serviço nº 133.169, datada do dia 01/02/2011, às fls.77. Entretanto, passaram-se mais de 30 (trinta) dias e o problema não foi resolvido.

Realizada a audiência de conciliação no dia 04/08/2011, o fornecedor reclamado comprometeu-se a substituir o produto viciado por outro em perfeitas condições de uso, requerendo para tanto um prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar daquela data. (fls.28)

A presente reclamação fora considerada como sendo FUNDAMENTA ATENDIDA, sendo instaurado processo administrativo em razão da extensão do prazo pedido. (fls.82)

Na F.A nº 0111.004.781-9, o reclamante GEIDSON COSTA SOUSA, já qualificado nos autos, afirma ter adquirido no dia 13/02/2011 um refrigerador pelo valor de R$1.598,00 (Hum mil, quinhentos e noventa e oito reais), conforme nota fiscal nº 000.006.067. (fls.90)

O citado produto apresentou vício, sendo levado à assistência técnica autorizada BENVINDO REFRIGERAÇÃO, de acordo com a Ordem de Serviço nº 137495, datada do dia 02/06/2011, às fls.91. Entretanto, passaram-se mais de 30 (trinta) dias e o problema não foi resolvido.

Realizada a audiência de conciliação no dia 06/09/2011, o fornecedor reclamado comprometeu-se a restituir a quantia paga pelo produto, devidamente corrigida pelo INPC, requerendo para tanto um prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar daquela data. (fls.95)

A presente reclamação fora considerada como sendo FUNDAMENTA ATENDIDA, sendo instaurado processo administrativo em razão da extensão do prazo pedido. (fls.96)

Na F.A nº 0111.004.336-0, a reclamante MARIA DA ANUNCIAÇÃO VIEIRA, já qualificada nos autos, afirma ter adquirido no dia 11/11/2010 um refrigerador MABE pelo valor de R$2.223,98 (dois mil, duzentos e vinte e três reais, e noventa e oito centavos), conforme nota fiscal nº 024878. (fls.101)

O citado produto reincidiu na ocorrência de vícios, sendo levado à assistência técnica autorizada BENVINDO REFRIGERAÇÃO, de acordo com as Ordens de Serviços nº 133984 e 136711, respectivamente às fls. 102 e 103 deste processo.

Realizada a audiência de conciliação no dia 05/08/2011, o fornecedor reclamado comprometeu-se a restituir a quantia paga pelo produto, devidamente corrigida pelo INPC, requerendo para tanto um prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar daquela data. (fls.109)

A presente reclamação fora considerada como sendo FUNDAMENTA ATENDIDA, sendo instaurado processo administrativo em razão da extensão do prazo pedido. (fls.111)

Na F.A nº 0111.003.786-6, o reclamante JOSÉ DA CRUZ RODRIGUES VELOSO, devidamente qualificado nos autos, afirma ter adquirido no dia 26/10/2010 um

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refrigerador GE-DAKO, modelo REGE410FFM2A2BR, pelo valor de R$1.490,90 (hum mil, quatrocentos e noventa reais e noventa centavos), conforme nota fiscal nº 098154. (fls.117)

O citado produto apresentou vício, sendo levado à assistência técnica autorizada BENVINDO REFRIGERAÇÃO, de acordo com a Ordem de Serviço nº 136080, datada de 27/04/2011. Passaram-se mais de 30 (trinta) dias e o problema não foi resolvido.

Realizada a audiência de conciliação no dia 16/06/2011, o fornecedor reclamado comprometeu-se a restituir a quantia paga pelo produto, devidamente corrigida pelo INPC, requerendo para tanto um prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar daquela data. (fls.124)

A presente reclamação fora considerada como sendo FUNDAMENTA ATENDIDA, sendo instaurado processo administrativo em razão da extensão do prazo pedido. (fls.126)

Na F.A nº 0111.003.644-3, a reclamante MARIA JOSÉ DO ESPÍRITO SANTO LINO, já qualificada nos autos, afirma ter adquirido no dia 18/10/2010 uma máquina de lavar GE/DAKO pelo valor de R$1.189,00 (Hum mil, cento e oitenta e nove reais), conforme nota fiscal nº 00028851. (fls.131)

O citado produto apresentou vício, sendo levado à assistência técnica autorizada BENVINDO REFRIGERAÇÃO, de acordo com a Ordem de Serviço nº 135633, datada de 14/04/2011, às fls.132. Passaram-se mais de 30 (trinta) dias e o problema não foi resolvido.

Realizada a audiência de conciliação no dia 19/08/2011, o fornecedor reclamado comprometeu-se a restituir a quantia paga pelo produto, devidamente corrigida pelo INPC, requerendo para tanto um prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar daquela data. (fls.137)

A presente reclamação fora considerada como sendo FUNDAMENTA ATENDIDA, sendo instaurado processo administrativo em razão da extensão do prazo pedido. (fls.138)

Era o que tinha a relatar. Passo agora a manifestação.

Antes de adentramos nos fatos propriamente ditos, alguns pontos merecem destaque, quando se coloca em jogo o respeito aos Direitos dos Consumidores.

O art. 1º do Código de Defesa do Consumidor reza que:

O Código de Defesa do Consumidor, por ser acima de tudo uma lei principiológica, reconhece a vulnerabilidade do consumidor, partindo da premissa de que ele, por ser a parte econômica, jurídica e tecnicamente mais fraca nas relações de consumo, encontra-se normalmente em posição de inferioridade perante o fornecedor, conforme se depreende da leitura de seu art. 4º, inciso I, in verbis:

Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.

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Neste diapasão, sedimenta o Professor RIZZATTO NUNES:

Diverso não é o entendimento da Jurisprudência pátria:

Além dos Direitos Básicos dos Consumidores, o legislador consumerista também teve a cautela de cuidar dos chamados vícios de produtos ou serviços. O tema diz respeito justamente aos produtos e serviços que frustam as expectativas dos consumidores.

Nesta toada, necessário colocar em campo o honroso art. 18 do CDC, in litteris: Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores,o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; (grifo nosso)

“O inciso I do art.4º reconhece: o consumidor é vulnerável. Tal reconhecimento é uma primeira medida de realização da isonomia garantida na Constituição Federal. Significa ele que o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo. Essa fraqueza, essa fragilidade, é real, concreta, e decorre de dois aspectos: um de ordem técnica e outro de cunho econômico.”

“Vale ressaltar que a hipossuficiência não se confunde com o conceito de vulnerabilidade do consumidor, princípio esse previsto no art. 4º, I do Código Consumerista, que reconhece ser o consumidor a parte mais fraca da relação de consumo. Tal princípio tem como consequência jurídica a intervenção do Estado na relação de consumo para que seja mantido o equilíbrio entre as partes, de modo que o poder de uma não sufoque os direitos da outra. A vulnerabilidade é uma condição inerente ao consumidor, ou seja, todo consumidor é considerado vulnerável, a parte frágil da relação de consumo.” (TJDFT – AGI nº 20080020135496 - 4º Turma Cível – Rel. Des. Arlindo Mares – DJ. 13/05/09).

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LEONARDO ROSCOE BESSA1 elucida que, existindo vício, possui o consumidor

direito à escolha de uma das alternativas constantes no §1º do art. 18, do CDC.

Preleciona o autor que, antes da escolha de uma das três alternativas que se abrem em favor do consumidor na hipótese de vício de produto, o fornecedor possui prazo de 30 (trinta) dias para saneá-lo.

Consignadas as explanações aqui exposta, que tratam sobre os direitos previstos na Lei nº 8.078/90, e examinados os autos do processo, tem-se que o cerne da questão consiste em averiguar a legalidade e/ou abusividade do prazo proposto pelo reclamado para substituir/restituir ao demandante o valor pago pelo produto viciado.

É fácil compreender a vontade do art. 18 do CDC. De acordo com a norma, possui o fornecedor o prazo de 30 (trinta) dias para sanear o vício. Não o fazendo, deve dispor ao consumidor a imediata solução do pleito. Da mesma forma, o mesmo procedimento deve ser adotado no caso de reincidência de vício.

Conforme dito no relato dos casos, os autores juntaram aos autos do processos Ordens de Serviços comprovando a reincidência dos vícios ou as situações em o fornecedor estourou o prazo de trinta dias concedido por lei para o reparo do produto viciado.

Isto posto, os consumidores, na medida em que comprovam que o vício do produto se repetiu ou que o fornecedor não solucionou o problema dentro do prazo de 30 (trinta) dias concedido pelo próprio CDC, fazem jus à restituição da quantia desembolsada na aquisição do produto ou até mesmo a sua substituição, se assim desejar.

Especificamente no que toca à restituição do valor pago após expirado o prazo de 30 (trinta) dias, vejamos o que preceitua o inciso II, §1º, do art. 18:

1 BENJAMIN, Antônio Herman V.; MARQUES, Cláudia Lima; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de Direito do Consumidor. 3. ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, 2010, p.175.

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I-a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;

II-a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;

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Da exegese do dispositivo legal supratranscrito, percebe-se que o direito do consumidor à escolha da restituição do valor pago, monetariamente corrigido, surge a partir do momento em que decai o prazo de 30 (trinta) dias, sem que haja a solução do problema por parte dos fornecedores. Ressalta-se também que eventual restituição de valores, se for do desejo do consumidor, deverá ser feita de forma IMEDIATA.

A Jurisprudência Pátria sinaliza no mesmo sentido:

Dessa forma, a reincidência de vício deve ser equiparada ao caso em que o produto passa mais de 30(trinta) dias na assistência técnica sem que o “defeito” seja saneado.

Tanto é verdade que o fabricante reclamado comprometeu-se a restituir a importância paga pelo produto viciado ou, em alguns casos narrados, a proceder com sua substituição por outro em perfeitas condições de uso, solicitando um prazo de 30 (trinta) dias úteis para tanto.

Desta feita, é desastroso a solicitação de um prazo de 30 (trinta) dias úteis para realizar a restituição/substituição, tendo em vista que dicção legal determina que a mesma seja feita de forma IMEDIATA.

Pontofinalizando, resta claro que a conduta do fornecedor sabotou o art.18, inciso II do CDC, estando, portanto, convicto do atropelo aos ditames do Código do Defesa do Consumidor, merecendo o fornecedor requerido a aplicação da penalidade de multa, em Art. 18 - (…) § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.

CIVIL E PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. COMPRA DE VEÍCULO NOVO COM DEFEITO. LEGITIMIDADE PASSIVA DA CONCESSIONÁRIA. REVELIA. AFASTAMENTO. RESCISÃO CONTRATUAL. DEVOLUÇÃO DO VALOR PAGO. RETORNO AO STATUS QUO ANTE. PERDAS E DANOS. RESTITUIÇÃO PROPORCIONAL. DANOS MORAIS. IMPROCEDÊNCIA. Nos termos do artigo 18, §1º, do CDC, ultrapassado o prazo de 30 (trinta) dias para solução do vício do produto, é facultado ao

consumidor a restituição imediata da quantia paga pelo bem, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. Vale dizer, apresentando o

veículo novo defeito não sanado em 30 (trinta) dias, faz jus o adquirente à rescisão contratual com o respectivo recebimento integral do valor pago por aquele bem. ( TJ/DF. Apelação Cível nº 67661-12.2009.807.0001 – Rel. Des. Cruz Macedo. 4º Turma Cível – Publ. 05/04/11, Pág. 130) (grifos adicionados).

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resposta a lesão experimentada pelos consumidores.

É o nos parece. Passo à apreciação superior. Teresina, 22 de Novembro de 2012.

FLORENTINO MANUEL LIMA CAMPELO JÚNIOR Técnico Ministerial

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PIAUÍ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA

PROGRAMA DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR – PROCON/MP-PI

PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 542/2011

RECLAMADO: MABE BRASIL ELETRODOMÉSTICOS LTDA

DECISÃO

Analisando-se com percuciência e acuidade os autos em apreço, verifica-se indubitável infração ao art. 18, §1º, inciso II, do Código de Defesa do Consumidor, perpetrada pelos fornecedor MABE BRASIL ELETRODOMÉSTICOS LTDA, razão pela qual acolho o parecer emitido pelo M.D. Técnico Ministerial, impondo-se, pois, a correspondente aplicação de multa, a qual passo a dosar.

Passo, pois, a aplicar a sanção administrativa, sendo observados os critérios estatuídos pelos artigos 24 a 28 do Decreto 2.181/97, que dispõe sobre os critérios de fixação dos valores das penas de multa por infração ao Código de Defesa do Consumidor.

A fixação dos valores das multas nas infrações ao Código de Defesa do Consumidor dentro dos limites legais (art. 57, parágrafo único da Lei nº 8.078, de 11/09/90), será feito de acordo com a gravidade da infração, vantagem auferida e condição econômica do fornecedor.

Diante disso, fixo a multa base no montante de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais), em razão do dano ter sido em caráter coletivo.

Considerando a existência de circunstância atenuante contida no art. 25, III, do Decreto 2181/97, por ter o infrator ter o adotado as providências pertinentes para minimizar ou de imediato reparar os efeitos do ato lesivo, diminuo o quantum em ½ (um meio) em relação a cada um deles, fixada a citada redução em R$9.000,00 (nove mil reais).

Não obstante, verificou-se também a presença da circunstância agravante contida no art. 26, I do Decreto 2181/97, consistente em ser o infrator reincidente, aumento, pois, o quantum em 1/2 em relação a citada agravante, fixando o citado aumento em R$9.000 (nove mil reais).

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Para aplicação da pena de multa, observou-se o disposto no art. 24, I e II do Decreto 2.181/97.

Pelo exposto, torno a pena multa fixa e definitiva no valor de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais).

Posto isso, determino:

- A notificação do fornecedor infrator, na forma legal, para recolher, à conta nº 1.588-9, agência nº 0029, operação 06, Caixa Econômica Federal, em nome do Ministério Público do Estado do Piauí, o valor da multa arbitrada, correspondente a R$ 18.000,00 (dezoito mil reais), a ser aplicada com redutor de 50% para pagamento sem recurso e no prazo deste, ou apresentar recurso, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar de sua notificação, na forma dos arts. 22, §3º e 24, da Lei Complementar Estadual nº 036/2004;

- Na ausência de recurso ou após o seu improvimento, caso o valor da multa não tenha sido pago no prazo de 30 (trinta) dias, a inscrição do débito em dívida ativa pelo PROCON Estadual, para posterior cobrança, com juros, correção monetária e os demais acréscimos legais, na forma do caput do artigo 55 do Decreto 2181/97;

- Após o trânsito em julgado desta decisão, a inscrição do nome do infrator no cadastro de Fornecedores do PROCON Estadual, nos termos do caput do art. 44 da Lei 8.078/90 e inciso II do art. 58 do Decreto 2.181/97.

Teresina-PI, 22 de Novembro de 2011.

CLEANDRO ALVES DE MOURA Promotor de Justiça

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