• Nenhum resultado encontrado

ANÁLISE ECONÔMICA DE PRODUÇÃO DO MILHO EM UMA PROPRIEDADE NO MUNICÍPIO DE PALMEIRA DAS MISSÕES RS 1.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ANÁLISE ECONÔMICA DE PRODUÇÃO DO MILHO EM UMA PROPRIEDADE NO MUNICÍPIO DE PALMEIRA DAS MISSÕES RS 1."

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

ANÁLISE ECONÔMICA DE PRODUÇÃO DO MILHO EM UMA PROPRIEDADE NO MUNICÍPIO DE PALMEIRA DAS MISSÕES – RS1.

Júlio Cezar Tomasini. Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo/RS; e-mail: jctomasini@ibest.com.br. CPF: 623177090-72

Eduardo Belisário Finamore. Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Econômicas, administrativas e Contábeis da Universidade (FEAC) de Passo Fundo (UPF), RS. Pesquisador do Centro de Pesquisa e Extensão da FEAC e Doutor em Economia Rural pela Universidade Federal de Viçosa. E-mail: finamore@upf.tche.br. CPF: 805420426-49.

Endereço para correspondência:

Departamento de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis - CEPEAC Universidade de Passo Fundo

Campus I – Bairro São José – BR 285 – Km 171 99001-970 Passo Fundo - RS

Grupo de pesquisa:

1 - Comercialização, Mercados e Preços Agrícolas

Forma de apresentação: ORAL

Apresentação com presidente da sessão e sem a presença de debatedor

1

Artigo elaborado com base no trabalho de conclusão apresentado ao curso de economia da Universidade de Passo Fundo, como parte dos requisitos para obtenção do título em Bacharel em Ciências Econômicas.

(2)

RESUMO: Este trabalho busca analisar os custos de produção e a rentabilidade econômica do plantio de milho (Zea mays L.) e identificar os aspectos técnicos do processo produtivo dessa cultura. Os dados referem-se à safra 2003/2004, e a localidade de estudo foi uma propriedade no município de Palmeira das Missões, região Norte do Rio Grande do Sul. O objetivo foi o de fornecer material prático para que o produtor possa melhor gerenciar a sua propriedade. Entre as tecnologias adotadas pelo produtor, evidencia-se a aplicação de uréia, adubação orgânica e química para o plantio e a cobertura. A participação das despesas variáveis nos custos de produção do milho é diretamente proporcional ao aumento do tamanho da propriedade. Constataram-se ganhos de escala no processo produtivo e capacidade de expansão da atividade. O resultado aponta para a viabilidade da exploração agrícola, sendo o plantio direto, juntamente com rotação de culturas, uma alternativa para o produtor maximizar seus rendimentos.

Palavras Chave: milho; custo de produção; índices técnicos.

1

Artigo elaborado com base no trabalho de conclusão apresentado ao curso de economia da Universidade de Passo Fundo, como parte dos requisitos para obtenção do título em Bacharel em Ciências Econômicas.

(3)

ANÁLISE ECONÔMICA DE PRODUÇÃO DO MILHO EM UMA PROPRIEDADE NO MUNICÍPIO DE PALMEIRA DAS MISSÕES – RS1.

1. INTRODUÇÃO

O milho é um cereal que tem um grande potencial de desenvolvimento, sendo hoje uma cultura que vem ganhando espaço nas propriedades rurais, como uma opção econômica para o verão, pois além de um componente básico da alimentação animal, ela é essencial como elemento da rotação de cultura com a soja.

A cultura do milho no Rio Grande do Sul tem uma grande importância econômica em termos de emprego e renda, ocupando cerca de 23% das áreas com cultivos de grãos primavera/verão. A cultura está presente em 310 mil propriedades rurais gaúchas, que detém áreas pequenas e médias e que produzem 70% do total de milho no Estado. (FEPAM, 2003).

Para a propriedade rural, o milho representa um insumo gerado a baixo custo. Assim, o conhecimento dos custos de produção e da metodologia como esses são obtidos pode ajudar os produtores a adequarem melhor seus investimentos e a identificarem, tanto os elementos responsáveis pelo bom desempenho da lavoura como os pontos de estrangulamento do processo de produção, auxiliando, dessa forma, nas tomadas de decisão e melhoramento no custo/produção, (SILVA, 1995). Portanto, podemos dizer que o custo da produção é que vai ditar se o produtor de milho vai ter lucro ou não com a safra. (REIS, 2002).

Nesse contexto, a manutenção e a possível expansão da cultura do milho como atividade comercial passam necessariamente pela eficiência com que os produtores conduzem as suas lavouras. A aplicação de determinada tecnologia influi diretamente nos custos de produção e determina também a produtividade da lavoura. Dessa forma, é necessário o acompanhamento dos custos que envolvem o sistema de produção, pois, num levantamento das despesas, é possível identificar tanto elementos responsáveis pelo bom desempenho da lavoura como os possíveis pontos que possam vir a causar prejuízos ao empreendimento agrícola.

O produtor deve combinar os fatores de produção visando minimizar os custos e, de forma eficiente, tornar sua lavoura rentável. Para que o produtor tenha esse entendimento, é preciso que ele conheça e saiba distinguir como se compõem os custos de produção. O custo de produção tem como principal finalidade servir para análise da rentabilidade dos recursos empregados numa atividade produtiva, útil no processo de tomada de decisão do produtor.

Teoricamente, custos de produção são definidos como a soma dos valores de todos os recursos (mão-de-obra, insumos, gastos com combustíveis nas operações mecanizadas, serviços terceirizados, transporte interno, depreciação do maquinário, depreciação das benfeitorias, encargos sociais, seguro agrícola e assistência técnica) utilizados na produção do milho ou outra atividade, em certo período de tempo, (REIS, 2002).

Neste estudo abordaremos os custos de produção os quais possibilitarão uma análise da situação econômica de uma propriedade rural localizada no município de Palmeira das Missões, no Rio Grande do Sul. Através desse estudo de caso, pretende-se comparar os custos médios com a receita média obtida pelo produtor em sua lavoura de milho, verificando assim, o custo da lavoura e orientando o produtor para uma futura expansão, estagnação, redução ou paralisação da atividade.

1

Artigo elaborado com base no trabalho de conclusão apresentado ao curso de economia da Universidade de Passo Fundo, como parte dos requisitos para obtenção do título em Bacharel em Ciências Econômicas.

(4)

2. METODOLOGIA

A lógica construtiva desse trabalho compreende uma pesquisa de caso sobre custo/produção da cultura do milho em uma propriedade situada em Palmeira das Missões. A Granja Tomasini está situada em Palmeira das Missões, no Rio Grande do Sul. Abrange uma área total de 450 hectares sendo que, desses, 360 são produtivos, o que perfaz um total de 80% da área. Desse total 22% é destinado ao plantio da cultura de milho, um total de 80 hectares. O critério de depreciação do custo fixo da propriedade, utilizado na análise, foi pela área cultivada. Ou seja, a cultura do milho absorveu 22% dos custos fixos da propriedade enquanto o restante, 88%, foi absorvido pelas demais culturas.

a) Etapas do estudo

Apresentar-se a um estudo teórico sobre custo/produção, sendo que, na seqüência, analisou-se através do estudo de caso o potencial econômico da produção de milho na granja Tomasini, nosso objeto de estudo. A partir do levantamento de dados e concluída a investigação, desenvolveu-se um diagnóstico de conclusão sobre o custo/produção da lavoura de milho, apontando os custos econômicos da produção, mostrando a rentabilidade ou o estrangulamento da lavoura e apontando caminhos a partir das conclusões apuradas.

Para estimar esses valores de cada bem, foi utilizado o valor de mercado do bem novo, ou de seu similar. Destaca-se o tempo de vida e a vida útil de cada bem, sendo estes estimados em 30 (trinta) anos para as benfeitorias e 15 (quinze) anos para os maquinários. Também foi utilizado um valor residual de 20%,como sugerido por Reis (2002).

Dentre as benfeitorias pode-se citar:

•Uma casa da administração em alvenaria com 120m2. •Uma casa de funcionário em alvenaria com 65m2. •Uma casa de funcionário (2) em alvenaria com 60m2. •Um pavilhão para depósito e garagem com 600m2. O maquinário utilizado na lavoura compreende: •Duas Automotriz (colheitadeiras).

•Um trator de 100 hp. •Um tratores de 50 hp. •Duas semeadeiras.

•Um aparelho de herbicida. •Um aparelho de uréia. •Um carroção para 5.000kg.

A pesquisa se dará de maneira quantitativa, a partir de uma análise de custos inserida na teoria microeconômica com o objetivo de analisar a produção do milho.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

a) Custos da produção

Os custos dos bens e serviços derivam da tecnologia e dos fatores necessários para produzi-los. Conseqüentemente, a análise do comportamento de custos é baseada nos princípios da produção.

(5)

No contexto das operações de negócios, os custos são comumente considerados como os gastos históricos ou reais em fatores. Contudo, os custos que realmente importam nas decisões de negócios são os custos futuros. Os custos históricos são úteis principalmente como padrão de medida do comportamento anterior e devem ser tratados com cuidado, já que mudanças nos preços dos fatores, na eficiência, nas condições de oferta dos fatores, novas tecnologias, podem fazer dos custos passados um indicador obsoleto para o futuro (THOMPSON & FORMBY, 1993).

Assim para avaliarmos a rentabilidade da atividade agrícola é necessário ter o custo total de produção como um dos parâmetros que se utiliza na tomada de decisão para definir se o negócio é rentável ou não. Existem três conceitos de custo total importantes para a análise da estrutura de custo de curto prazo da firma: o custo fixo total, o custo variável total e o custo total.

Os insumos fixos dão origem aos custos fixos, que depende da quantidade de cada um dos vários insumos fixos, e dos respectivos preços pagos por eles. Os salários dos funcionários, as tarifas sobre propriedade, os juros sobre dinheiro tomado emprestado, a depreciação, os custos de capital são exemplos de custos fixos. Como as quantias de insumos fixos não variam com o produto no curto prazo, os custos fixos também não variam com o produto (REIS, 2002)

Da mesma maneira, os insumos variáveis no curto prazo correspondem aos custos variáveis de curto prazo. Como no curto prazo uma empresa ou lavoura pode modificar a quantidade produzida, os custos variáveis dependem e variam com a quantidade de produto e os preços pagos por cada fator variável. O custo variável total (CVT) é a soma das quantias que uma firma depende nos insumos empregados no processo de produção. Os exemplos de custos variáveis incluem despesas com a folha de pagamento, gastos com matérias-primas, gastos com energia e combustível, custos de transporte. (REIS, 2002)

O custo total (CT) de uma dada quantidade produzida no curto prazo é a soma do custo fixo total com o custo variável total.

Já o custo fixo médio é definido como o custo fixo total dividido pelas unidades. O custo variável médio é o custo variável total dividido pelo número correspondente de unidades do produto. Por fim, custo total médio é definido como o custo total dividido pelas unidades de produto correspondentes. (THOMPSON JR. & FORMBY, 1993).

O custo marginal é a variação no custo total associada à variação na quantidade de produto por unidade de tempo. De acordo com os conceitos marginais, fazemos a distinção entre o custo marginal discreto e o custo marginal contínuo. O custo marginal discreto é a variação no custo total atribuída à variação de 1 unidade na quantidade de produto. Assim, o aumento no custo total de produção de uma unidade adicional do produto é igual ao custo marginal de cada unidade (THOMPSON JR. & FORMBY, 1993).

Além do custo, temos também que fazer uma alusão ao prazo, que é o período gasto para a produção de certa atividade agrícola. Para REIS (2002), o curto prazo é o tempo mínimo necessário para completar o ciclo de produção, caracterizado como período entre aplicação dos recursos e a resposta dos mesmos em forma de produto; é o período de uma safra ou ciclo. Quando considera-se o longo prazo, identifica-se um período em que as aplicações dos recursos utilizados demoram mais do que uma safra para fazer a sua reposição.

Os recursos de uma propriedade também podem ser classificados em custos fixos e variáveis avaliando-se os prazos. REIS (2002) explica que os custos fixos são aqueles correspondentes aos recursos que:

a) não são assimilados totalmente pelo produto no curto prazo, ou seja, considera-se apenas a parcela de sua vida útil, por meio de depreciação;

(6)

b) do ponto de vista do fluxo de caixa, estes custos serão reembolsados a longo prazo, devendo, no curto prazo, somente considerar a depreciação do período de uso;

c) não são facilmente alternáveis no curto prazo e seu conjunto determina a capacidade de produção, ou seja, a escala de produção.

Em geral, enquadram-se nessa categoria terras, benfeitorias, máquinas, equipamentos, impostos e taxas fixas, árvores frutíferas, calagem, lavouras, obras de irrigação e drenagem, etc.

Já os custos variáveis são definidos como:

a) aqueles referentes aos insumos que se incorporam totalmente ao produto no curto prazo, não podendo ser aproveitados ou claramente aproveitados para outra safra (ciclo);

b)aqueles que são alteráveis no curto prazo, ou seja, durante a safra podem ser modificados;

c) aqueles recursos que exigem dispêndios monetários de custeio durante a safra. d) os custos variáveis são os custos com fertilizantes, defensivos, combustíveis, alimentação, medicamentos, manutenção, mão-de-obra, serviços de máquinas e equipamentos, em outros (REIS, 2002).

PINDICK & RUBINFELD (2002), diz que além dos custos temos também que abordar o capital onde o retorno do capital utilizado na atividade agrícola proporciona sua aplicação de maneira alternativa, permitindo verificar se é viável economicamente o empreendimento em questão, desde que seu retorno financeiro seja igual ou superior as outras alternativas de uso do capital, como taxa de juros real de caderneta de poupança, aluguel de terra, rentabilidade de outras atividades.

Tanto contadores como economistas incluem os desembolsos realizados, denominados custos explícitos, em seus cálculos. Os custos explícitos abrangem os salários e os custos de materiais e locação de propriedades. Segundo PINDICK & RUBINFELD (2002), para os contadores, os custos explícitos são importantes porque envolvem pagamentos feitos diretamente pela empresa a outras empresas e pessoas com as quais ela faz negócios. Tais custos são relevantes para o economista pelo fato de que a maioria dos custos incluindo salários e custos de materiais representam uma quantia que poderia ter sido despendida de outra forma.

Os contadores e economistas também consideram a depreciação de modo diferente. Ao estimar a lucratividade futura de uma empresa, um economista preocupa-se com os custos do capital da fábrica e dos equipamentos. Isso envolve não apenas os custos explícitos da aquisição e da operação dos equipamentos, mas também o custo associado do desgaste de sua utilização (PINDICK & RUBINFELD, 2002).

Durante a avaliação do desempenho no período anterior, os contadores usam em seus cálculos de custos e lucros a regulamentação fiscal para determinar a depreciação permitida. Contudo, tais valores permitidos para a depreciação não refletem o real desgaste a que foram submetidos os equipamentos, o qual varia entre diferentes tipos de ativos. (PINDICK & RUBINFELD, 2002).

REIS (2002) faz uma alusão ao custo operacional, que se apresenta como o custo de todos os recursos que exigem desembolso monetário por parte da atividade produtiva para a sua recomposição, como gastos com insumos, mão-de-obra, manutenção, despesas gerais, incluindo as depreciações dos recursos fixos. Somando-se o custo operacional ao custo alternativo, obtém-se o custo econômico.

O custo operacional é dividido em custo operacional fixo, composto pelas depreciações, e custo operacional variável, constituído pelos desembolsos. A finalidade dos custos operacionais na análise é a opção de decisão em casos em que os retornos financeiros sejam inferiores aos de outras alternativas, representadas pelos custos de oportunidade. Nesse

(7)

sentido, ainda podem fazer importantes interpretações com base neste tipo de custo (REIS, 2002).

A longo prazo, a empresa tem possibilidade de variar todos os seus insumos. A empresa pode escolher a combinação de insumos que seja capaz de minimizar os custos da produção de um determinado produto. São os custos a longo prazo (THOMPSON JR. & FORMBY, 1993).

Dessa maneira pode-se afirmar que a longo prazo, a empresa pode modificar a quantidade de capital que emprega. Mesmo que o capital inclua maquinaria específica que não tenha uso alternativo, tais gastos ainda não se tornaram irreversíveis e precisam ser considerados. Diferentemente do que ocorre com os gastos de mão-de-obra, são necessários grandes gastos iniciais dos bens de capital.

Para PINDICK & RUBINFELD (2002),

“... a fim de comparar os gastos da empresa com bens de capital aos seus custos correntes de mão-de-obra, precisamos expressar esses gastos como um fluxo, isto é, em dólares por ano. Para fazê-lo, se precisa amortizar esses gastos, distribuindo-os pela vida útil dos bens de capital, considerando também os juros perdidos que a empresa teria obtido se tivesse investido os recursos de outra forma. Isso é exatamente o que se faz quando se calcula o custo de uso de capital. Tal como antes, o preço do bem de capital é seu custo de uso, dado por r = Taxa de depreciação + Taxa de juros”.

Assim, os resultados das condições de mercado e rendimento da empresa agrícola são medidos pelo preço do produto ou pela receita média, a qual pode ser considerada o preço do produto mais o valor médio das vendas de explorações secundárias (subprodutos). Comparando-se a receita média ou o preço com os custos totais médios obtém-se a análise econômica da atividade em questão por unidade produtiva (REIS, 2002).

Comparando-se a receita média ou o preço com os custos operacionais médios tem-se o conceito de resíduo (ou margem) de cada unidade produzida (REIS, 2002).

Dessa forma, percebemos que os custos servem para verificar se e como os recursos empregados em um processo de produção estão sendo remunerados, possibilitando também verificar como está a rentabilidade da atividade em questão, comparada a outras alternativas de emprego do tempo e capital. Para isso, pode ser usado um modelo de análise que constata se o empreendimento está operando com lucro.

Segundo REIS (2002), o lucro supernormal é uma situação em que a atividade está obtendo retornos maiores que as melhores alternativas possíveis de emprego do capital, indicando que a empresa pode expandir-se no médio ou longo prazo. Ocorre quando a receita média ou o preço é maior que o custo total médio. O lucro supernormal também é denominado lucro econômico.

Em se tratando de lucro normal (LN), sugere-se que a atividade esta obtendo retornos iguais aos que seriam obtidos nas melhores alternativas possíveis de emprego dos recursos. Significa estabilidade, mantendo assim o nível de produção a curto e longo prazos e ocorre quando a receita média ou preço for igual ao custo médio total (REIS,2002). O lucro normal é o próprio custo de oportunidade ou alternativo.

No caso em que o preço do produto ou a receita média não cobrir os custos totais médios pode-se utilizar o custo operacional para análise da rentabilidade do empreendimento, utilizando-se assim o conceito de resíduo (RS) (REIS,2002).

Para REIS (2002), se a receita média ou o preço for maior que o custo operacional total médio, a atividade apresenta resíduo positivo. Ainda se trata de um retorno, mesmo que inferior aos possíveis de se obter em outras alternativas melhores, indicando que a empresa esta cobrindo todos os custos operacionais, fixos e variáveis, porém, rendendo menos que o valor alternativo (ou de oportunidade).

Caso a receita média (ou preço) seja igual ao custo operacional total médio, o resíduo é nulo. Nesse caso, a atividade cobre todos os custos operacionais, mas não proporcionará a

(8)

remuneração do capital investido na atividade (REIS, 2002). Uma atividade nessa situação não pode sustentar-se por muito tempo.

Ainda para REIS (2002), se o preço é menor que o custo operacional médio, mas ainda superior ao custo operacional variável médio, a atividade está cobrindo todos os custos operacionais variáveis médios (as despesas de giro) e somente parte do operacional fixo (depreciações). Nesse caso, o empreendimento pode sustentar-se só no curto prazo, não levando em conta a remuneração do capital e a reposição de parte dos recursos fixos, ocorrendo um processo de descapitalização. Se o preço for igual ao custo operacional variável médio, a atividade cobre as despesas de custeio com recursos variáveis, sustentando-se por pouco tempo. O autor salienta que se o preço é menor do que o custo operacional variável médio, então a atividade, para cobrir as despesas de custeio com recursos variáveis, as quais são obrigatórias no curto prazo, terá de injetar recursos de outras fontes, o que se trata de subsídio à atividade.

O ponto de nivelamento (e resíduo) indica o nível de produção no qual uma atividade tem seu custo total (ou operacional) igual à sua receita total. Ele mostra o nível mínimo de produção além do qual a atividade daria lucro econômico (ou resíduo positivo). Para se obter os valores estimados de nivelamento (qn) e de resíduo (qr) podem-se utilizar as seguintes

expressões:

(

)

(

RMe CopVMe

)

CopFT CVMe RMe CFT qn − = − = eqr

As estimativas qn e qr permitem uma avaliação da situação presente estudada com

possíveis situações de otimização ou as possibilidades de se chegar a elas. É possível também identificar a produção de cobertura, que indica a quantidade produzida para cobrir todos os custos. Assim, tem-se produção de cobertura total (pct) e produção de cobertura operacional (pcop), aplicando-se as expressões:

preço CopT P e preço CT Pct = cop = 4. ANÁLISE DOS DADOS

O presente trabalho analisou os dados primários dos custos e das receitas da propriedade Tomasini, localizada no município de Palmeira das Missões, de forma a elaborar uma análise econômica do plantio da cultura de milho dentro do sistema de plantio direto.

É importante salientar que o produtor realizou, por todo o período da cultura de milho, investimentos com recursos próprios, não recorrendo a nenhum tipo de financiamento para o plantio ou seguro contra possíveis prejuízos que possam ocorrer.

O investimento dessa propriedade é representado pela terra, benfeitorias e maquinário. A terra está distribuída em um total de 450 hectares, sendo 90 hectares, cerca de 20% da área total, de reservas permanentes, riacho e a área onde esta instalada a sede, a qual conta com a casa da administração, duas casas para funcionários e um galpão. A área útil destinada ao plantio de culturas é, portanto, de 360 hectares. Porém, a área destinada ao plantio de milho, objeto desse estudo, é de aproximadamente 22% da área útil, ou seja, 80 hectares.

Como podemos ver no Quadro 1, o valor total das benfeitorias é estimado em R$ 179.300,00 e os maquinários em torno de R$ 776.000,00. Foi considerado um valor residual de 20% do bem novo, como sugerido por Reis (2002). Cabe salientar que no Quadro 1, a vida útil e a idade dos bens estão registradas em semestres, pois considera-se que o ciclo produtivo do milho é de um semestre apenas. Com isso, o custo de uso do capital foi calculado com base nesse período.

(9)

Quadro 1: Especificação dos Investimentos

SEMESTRES

ITEM ESPECIFICAÇÃO QTDE IDADE VIDA ÚTIL VALOR DO BEM NOVO VALOR RESIDUAL Terra (ha) 80 Benfeitorias Casa da Administração 120 m 1 4 60 52.800,00 10.560,00 Casa funcionário 1 65 m 1 40 60 19.000,00 3.800,00 Casa funcionário 2 60 m 1 40 60 17.500,00 3.500,00 Galpão/ Depósito 600 m 1 4 60 90.000,00 18.000,00 Maquinário

Automotriz John Deere 1 4 30 300.000,00 60.000,00

Automotriz NH TC 57 1 30 30 260.000,00 52.000,00

Trator MF 292 100 hp 1 10 30 70.000,00 14.000,00

Trator John Deere 50 hp 1 20 30 50.000,00 10.000,00

Semeadeira Semeato SSM 1 6 30 38.000,00 7.600,00

Semeadeira Imasa MP 1 10 30 30.000,00 6.000,00

Espalhador Herbicida 1 20 30 15.000,00 3.000,00

Espalhador Adubo/

Uréia 1 10 30 9.000,00 1.800,00

Carroção Graneleiro Masal 1 12 30 4.000,00 800,00

ITR 1 2 4.200,00

Fonte: Dados da Pesquisa

No Quadro 2, faz-se uma descrição do Custo de Oportunidade (CO) do capital investido, utilizando uma taxa de juros real de 6% ao ano como referência de taxa para uma aplicação no mercado financeiro.

O custo de oportunidade da terra foi determinado através do valor de arrendamento, que é de 18 sacos de milho por hectare, na região em análise, dando um total de R$ 21.600,00 pelos 80 hectares da área destinada ao milho.

É apresentado também o cálculo de depreciação de cada bem, levando sempre em consideração que o cálculo é referente a área destinada ao milho, que é de 22%, fazendo parte do rateio com as demais culturas realizadas no resto da propriedade. E por fim, é apresentado o Custo Fixo Total (CFT), sendo este a soma dos Custos de Oportunidade (CO) e a Depreciação dos bens. O Custo Operacional Fixo Total (CopFT) (Depreciação + Desembolso) é de R$ 5.596,44; o Custo Alternativo, ou de Oportunidade (CO), é de R$ 25.178,53, e R$ 30.774,98 o Custo Fixo Total (CFT).

O item de maior relevância nos custos fixos da propriedade é o custo de oportunidade da terra, com 70,2%. Já o percentual referente aos investimentos em maquinários foi de 23,3%, ficando 4,9% para os investimentos em benfeitorias e 1,6% para o Imposto Territorial Rural (ITR).

Por meio do Quadro 2, percebe-se ainda que, do custo fixo total, 18,2% é referente aos custos fixos operacionais, e 81,8% refere-se aos custos de oportunidade da propriedade.

(10)

Quadro 2: Custo de uso do capital e custo de oportunidade ITEM CopFT (Depreciação + Desembolsos) CUSTO ALTERNATIVO CUSTO FIXO TOTAL % Terra (ha) 21.600,00 21.600,00 70,2% Benfeitorias Casa da Administração 156,44 328,53 484,98 1,6% Casa funcionário 1 56,30 42,22 98,52 0,3% Casa funcionário 2 51,85 38,89 90,74 0,3% Galpão/ Depósito 226,67 560,00 826,67 2,7% Maquinário Automotriz 1.777,78 1.733,33 3.511,11 11,4% Automotriz 1.540,74 - 1.540,74 5,0% Trator 414,81 311,11 725,93 2,4% Trator 296,30 111,11 407,41 1,3% Semeadeira 225,19 202,67 427,85 1,4% Semeadeira 177,78 133,33 311,11 1,0% Espalhador Herbicida 88,89 33,33 122,22 0,4%

Espalhador Adubo/ Uréia 53,33 40,00 93,33 0,3%

Carroção Graneleiro 23,70 16,00 39,70 0,1%

ITR 466,67 28,00 494,67 1,6%

Total 5.596,44 25.178,53 30.774,96 100,0%

% 18,2% 81,8% 100,0%

Fonte: Dados da Pesquisa

Os Quadros abaixo nos mostram a quantidade, os custos e a alocação da mão-de-obra utilizada.

O Quadro 3 apresenta uma descrição dos insumos utilizados e suas áreas de atuação na produção de milho, bem como o preço, a unidade de comercialização, a quantidade utilizada por hectares e a quantidade total, assim como os custos por hectare e os custos totais.

O insumo de maior importância individual é com certeza a semente, a um custo de R$ 165,00 (preço da saca de 20Kg) por hectare e participação de 29,46% no total dos insumos utilizados. Porém, se somados os fertilizantes (adubo orgânico, químico e uréia), dará um total de 52,16%, mas individualmente tiveram participação de 10,77%, 21,7% e 19,68%, respectivamente.

Como herbicida, foi utilizado o produto Eztrazin, a um custo de R$ 69,00 por hectare, e de R$ 5.520,00 no total (12,32%). O gasto com dessecação, utilizando Glifosato, foi de R$ 31,00 por hectare, totalizando R$ 2.480,00 (5,53%). Para o tratamento da semente, o produto Semevin teve um custo de R$ 20,60 por hectare e um total de R$ 1.648,00 (3,68%). Os gastos com formicida e inseticida são menos relevantes, porém necessários no processo de produção. Juntos totalizam 2,38% do total de insumos utilizados.

(11)

Sendo assim, a produção de milho teve um custo de R$ 560,15 para cada um dos 80 hectares cultivados, gerando um Custo Total em insumos de R$ 44.812,25.

O cronograma de utilização dos insumos é mostrado no Quadro 7, onde está especificado o nome de cada insumo e sua área de atuação ou aplicação. Para o controle de ervas, são aplicados junto ao solo os produtos Glifosato e Extrazin. No tratamento da semente, é utilizado o Semevin. No momento do plantio, são utilizados os adubos químico e orgânico e a uréia. E para o controle de insetos, são aplicados o Lorsban e o Isca.

Quadro 3: Insumos utilizados na produção de milho

INSUMOS PREÇOS UNIDADES QUANT./ HA QUANT. TOTAL CUSTO / HA CUSTO TOTAL % Dessecação Glifosato R$ 15,50 Litro 2 160 R$ 31,00 R$ 2.480,00 5,53% Tratamento de semente Semevin R$ 51,50 Litro 0,4 32 R$ 20,60 R$ 1.648,00 3,68% Sementes R$ 165,00 saco 20kg 1 80 R$ 165,00 R$ 13.200,00 29,46% Fertilizante Orgânico R$ 214,50 Ton 0,28125 22,5 R$ 60,33 R$ 4.826,25 10,77% Químico 8- 16- 24 R$ 695,00 Ton 0,175 14 R$ 121,63 R$ 9.730,00 21,71% Uréia R$ 735,00 Ton 0,15 12 R$ 110,25 R$ 8.820,00 19,68% Herbicida Extrazin R$ 11,50 Litro 6 480 R$ 69,00 R$ 5.520,00 12,32% Formicida Isca R$ 10,00 kg 0,4 32 R$ 4,00 R$ 320,00 0,71% Inseticida Lorsban R$ 18,70 Litro 0,5 40 R$ 9,35 R$ 748,00 1,67% Total R$ 560,15 R$ 44.812,25 100,00%

Fonte: Dados da Pesquisa.

As despesas complementares são compostas pelos seguintes itens constantes no Quadro 4: energia elétrica, a qual sofre variação como quase todos os outros itens nos períodos de plantio e colheita (setembro/ outubro e janeiro/fevereiro), quando é acentuada sua necessidade de utilização, chegando a um total de R$ 800,00 durante os meses de setembro a fevereiro; os reparos de maquinário seguem a mesma lógica descrita acima. A utilização mais freqüente nesses períodos ocasiona um maior desgaste, conseqüentemente um gasto maior com manutenção, chegando a R$ 600,00 no mesmo período; no entanto, o item de maior significância dentro das despesas complementares é o gasto com combustíveis, sofrendo grande variação nos períodos de plantio e colheita da safra, com um gasto total de R$ 2.480,00, sendo responsável por 49,8% dessa categoria de despesas; já os reparos em

(12)

benfeitorias são praticamente constantes, com gastos em torno de R$ 120,00 mensais para a manutenção de suas qualidades.

O total das despesas complementares pode chegar a R$ 4.980,00 no final do mês de fevereiro em decorrência da produção ou outros fatores.

Quadro 4: Despesas complementares

Set/03 Out/03 Nov/03 Dez/03 Jan/04 Fev/04 Total %

Energia Elétrica 200 150 150 150 150 200 1000 11,83% Reparos de benfeitorias 120 120 120 120 120 120 720 8,52% Reparos de máquinas 150 150 100 100 150 200 850 10,06% Combustíveis 1.680 200 200 200 200 2800 5280 62,49% Outros 100 100 100 100 100 100 600 7,10% Total Mês 2250 720 670 670 720 3420 8450 100,00%

Fonte: Dados da Pesquisa.

O Quadro 5 apresenta um resumo dos custos variáveis total. Este é dividido em dois componentes: custo variável operacional e custo de oportunidade. Considerou-se como custo de oportunidade do custo variável operacional (capital de giro) uma taxa de juros real de 6% ao ano. Do custo variável total, 2,9% refere-se ao custo de oportunidade e 97,1% ao custo variável operacional. O item de maior peso dentro do custo variável operacional, é o gasto com insumos (72,6%), seguido por 13,7% com as despesas complementares, 6,8% com a mão-de-obra e 4,0% em impostos variáveis. Assim, o custo variável total será de R$ 61.723,35.

Quadro 5: Resumo dos custos variáveis operacionais e de oportunidade

CUSTO % %

Mão Obra R$ 4.179,33 7,0% 6,8%

Insumos R$ 44.812,25 74,8% 72,6%

Desp. Complementares R$ 8.450,00 14,1% 13,7%

Impostos variáveis R$ 2.484,00 4,1% 4,0%

Custo Operacional Variável R$ 59.925,58 100% 97,1%

Custo Oportunidade R$ 1.797,77 2,9%

Custo Variável Total R$ 61.723,35 100,0%

Fonte: Dados da Pesquisa.

A seguir, nos Quadros 6, 7, 8, 9, 10, 11, são mensurados os custos e receitas totais e custos e receitas unitários. Estimou-se que a produção de milho será de 7.200 sacas na safra 2003/2004. Também considerou-se um valor de R$ 15,00 como preço da saca quando da venda do produto a partir do mês de fevereiro.

O Quadro 6 mostra os Custos Operacionais (Cop), onde o CopFT é a soma de todas as depreciações mais os desembolsos. O CopVT é a soma de todas as despesas como mão-de-obra, insumos, despesas complementares e impostos variáveis. E o CopT é a soma de CopFT e CopVT. O custo médio ou unitário é calculado através da divisão destes custos pela quantidade produzida.

(13)

Quadro 6: Custo operacional total e unitário

CopFT R$ 5.596,44 CopFMe R$ 0,78

CopVT R$ 59.925,58 CopVMe R$ 8,32

CopT R$ 65.522,03 CopMe R$ 9,10

Fonte: Dados da Pesquisa.

Os Custos Totais apresentados no Quadro 7 são a representação de todos os custos com fluxos de serviços de capital (depreciações) e insumos (despesas) para a produção, sendo o CFT a soma das depreciações juntamente com o Custo de Oportunidade do capital e da terra, dado pelo valor de arrendamento e o CVT, a soma de todos os custos variáveis da produção. A média também é atingida através da divisão dos custos pela quantidade de sacas produzida.

Quadro 7: Custo total e unitário

CFT R$ 30.774,98 CFMe R$ 4,27

CVT R$ 61.723,35 CVMe R$ 8,57

CT R$ 92.498,33 CTMe R$ 12,85

Fonte: Dados da Pesquisa.

A Receita Total (RT) do Quadro 8 é a multiplicação do preço da saca de milho (Rme) pela quantidade produzida (em sacas).

Quadro 8: Receita total e unitária.

RT R$ 108.000,00 Rme R$ 15,00

Fonte: Dados da Pesquisa

A Margem de Contribuição Total e Unitária é mostrada no Quadro 9, sendo a margem de contribuição unitária definida como Rme – CVMe, ou seja, é o que sobra da receita depois de pagos os custos variáveis para se pagar os custos fixos da empresa e, quando o caso, gerar lucros para o empreendedor. A margem de contribuição total nada mais é que a margem de contribuição unitária vezes a quantidade produzida, ou de outra forma, RT – CVT. O Quadro 9 mostra também a margem de contribuição operacional total e unitária, que desconsidera os custos de oportunidade. A margem de contribuição operacional é definida como Rme – CopVMe, ou ainda, RT – CopVT. Logicamente, por ter menos custos, a margem de contribuição operacional é maior que a margem de contribuição total.

Quadro 9: Margem de contribuição total e unitária

MC Total R$ 46.276,65 MC unit. R$ 6,43

MC operacional R$ 48.074,42 MCop. Unit. R$ 6,68

Fonte: Dados da Pesquisa.

A Receita Total diminuída dos Custos Totais gera o Lucro Total, assim como, para sabermos a lucratividade por sacas, é subtraída da Rme o valor dos CTMe. Da mesma forma, encontramos o valor do Lucro Operacional. (Quadro 10).

(14)

Quadro 10: Lucro total e unitário

Lucro Total R$ 15.501,67 Lucro TT Unit. R$ 2,15

Lucro Operacional R$ 42.477,97 Lucro Op Unit. R$ 5,90

Fonte: Dados da Pesquisa.

O ponto de nivelamento (e resíduo) do Quadro 11 indica o nível de produção no qual a atividade tem seu custo total (ou operacional total) igual à sua receita total. Ele mostra o nível de produção além do qual a atividade dará lucro econômico. Para obter seus valores estimados, basta dividir o custo fixo total ou custo fixo operacional total pela margem de contribuição unitária ou pela margem de contribuição operacional unitária.

Quadro 11: Ponto de nivelamento ou equilíbrio

Qr = 838,17 Sacas

Qn = 4.788,16 Sacas

Fonte: Dados da Pesquisa.

O Quadro 11 mostra que o ponto de nivelamento operacional foi de 838,17 sacas. Ou seja, a esse nível de produção, o proprietário obtém um nível de receita suficiente para pagar os custos variáveis e fixos operacionais. Já o ponto de nivelamento econômico foi de 4.788,16 sacas. A esse nível de produção, o lucro econômico da propriedade será zero, ou seja, o proprietário obterá um nível de renda suficiente para cobrir todos os custos explícitos e implícitos da atividade de produção do milho.

O gráfico da Figura 2 mostra exatamente esses pontos de nivelamento (e resíduo) explicados anteriormente. A primeira intercessão, entre as curvas de RT e CopT, mostra o ponto de nivelamento operacional de 838, 17 sacas necessárias para cobrir os custos operacionais. Já na segunda intercessão, entre as curvas de RT e CT, mostra-se o ponto de nivelamento econômico de 4.788,16 sacas, suficientes para pagar todos os seus custos de produção, ou seja, lucro econômico zero. A partir desse nível de produção, a propriedade estará alcançando um lucro econômico supernormal.

Figura 2: Gráfico do ponto de equilíbrio ou nivelamento.

R$ -R$ 20.000,00 R$ 40.000,00 R$ 60.000,00 R$ 80.000,00 R$ 100.000,00 R$ 120.000,00 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 RT CT CopT

(15)

A partir do ponto de equilíbrio econômico, os níveis de produção geram lucros supernormais. Essa é a situação da propriedade Tomasini. Ou seja, a produção de 7.200 sacas, superior a 50% da produção de equilíbrio econômico, gera um lucro supernormal de R$15.501,67. De outra forma pode-se dizer que a produção projetada pode sofrer uma redução de até 33,5%, e ainda assim manterá um lucro econômico igual a zero, ou lucro econômico normal. O fluxo econômico da atividade pode ser observado no Quadro 12.

O Quadro 12 mostra ainda os percentuais de custos e receitas obtidos. Com uma possível receita de R$ 108.000,00 que será obtida com a venda da produção, 55,9% desse total refere-se aos custos operacionais (R$ 60.392,25), 25% aos custos de oportunidade (R$ 26.976,30) e 4,7% com as depreciações. (R$ 5.129,78), gerando assim R$ 15.501,67 de lucro econômico (14,4%) do total da receita.

Como foi falado anteriormente, o produtor usou capital próprio para financiar o plantio. Sendo assim, o valor de uma possível despesa com juros é inexistente, mas por se tratar de um item relevante para futuras análises, ele é mostrado no quadro abaixo.

Quadro 12: Fluxo econômico da atividade de produção do milho, safra 2003/2004.

Fluxo econômico

Renda Econômica Projetada R$ %

Receita Total R$ 108.000,00 100,0%

Receita Colheita R$ 108.000,00 100,0%

Outras receitas da fazenda

Custos operacionais totais R$ 60.392,25 55,9%

Custos variáveis R$ 59.925,58 55,5%

Outros custos R$ 466,67 0,4%

Renda antes do juros R$ 47.607,75 44,1%

Custos de juros R$

Renda antes da depreciação R$ 47.607,75 44,1%

Depreciação R$ 5.129,78 4,7%

Renda líquida da Fazenda R$ 42.477,97 39,3%

Menos: Custo de oportunidade da terra R$ 21.600,00 20,0% Menos: Custo de oportunidade de outros itens CF R$ 3.578,53 3,3%

Menos: Custo de oportunidade CV R$ 1.797,77 1,7%

Renda Econômica R$ 15.501,67 14,4%

Fonte: Dados da Pesquisa. 5. CONCLUSÃO

Esse estudo mostrou que o milho é uma boa alternativa de produção para a propriedade agrícola. Do ponto de vista da rentabilidade econômica, ele obtém uma boa lucratividade. Do ponto de vista social, contribui para a economia, gerando divisas estrangeiras, já que o país esta passando de importador para exportador desse produto devido ao aumento da produção nacional.

(16)

A partir dos dados expostos na análise, observa-se que a propriedade em questão possui um grande capital convertido em investimentos, gerando um custo de oportunidade expressivo. Seus custos variáveis também são elevados, porém necessários e equilibrados para o nível de produção estipulado. As despesas complementares são compatíveis com o tamanho e porte da propriedade e da atividade gerada.

Com relação aos impostos, o proprietário terá como obrigação apenas o pagamento do FUNRURAL, pois o fato de o produtor ser casado lhe dá a oportunidade de a receita da venda do produto ser dividida com sua cônjuge, não alcançando assim a alíquota necessária para o pagamento do IR.

A estimativa de produção será em torno de 90 sacas por hectare (obtida através da produção da safra 2002/2003) totalizando uma quantidade de 7.200 sacas de milho na área plantada, a um preço de comercialização esperado de R$ 15,00 por saca.

A quantidade de produção necessária para cobrir os custos variáveis e fixos operacionais é de 838,17 sacas (ponto de nivelamento operacional), e de 4.788,16 sacas para cobrir os custos explícitos e implícitos da produção, e assim gerar um lucro econômico igual a zero, ou lucro normal (ponto de nivelamento econômico ou ponto de equilíbrio).

Sendo assim, a produção de 7.200 sacas de milho cobrirá os custos totais de produção da atividade em questão, e, mais, proporcionará um lucro adicional, ocasionando um lucro econômico supernormal ao proprietário.

Do ponto de vista econômico, pode-se ainda analisar o custo de oportunidade em se produzir o milho ao invés de outra cultura, como por exemplo a soja. Mesmo porque, segundo o empresário, a rentabilidade da soja na atual conjuntura econômica é superior à rentabilidade do milho.

No entanto, devido à particularidade da tecnologia produtiva dessas culturas, faz-se necessário o rodízio entre a cultura da soja e do milho.

Segundo o empresário, devido à competitividade das culturas pelos nutrientes do solo, o sistema ideal seria de duas safras de soja seguida por uma de milho.

Porém, percebe-se nessa análise que a propriedade rural, se tratada como uma empresa, é viável economicamente, revelando um alto potencial de retorno aos investimentos, que são elevados, correndo riscos apenas com o fator climático, sendo a agricultura muito dependente do clima.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de Janeiro: FIBGE, 1991, v.51.

BARROS, G. S. A. de C. Economia da comercialização agrícola. Piracicaba: FEALQ, 1987.

BATALHA, M. O. Gestão agroindustrial. São Paulo: Atlas, 1997.

BILAS, R. A. teoria microeconômica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1991.

BRESSAM, A. F. A construção da nova política agrícola. In: XXXVII Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural. Brasília: Sober, 1999.

BRUGNANO NETO, Simão. Análise da cultura do milho. Disponível em: http://www.icepa.com.br/agroindicadores>. Acesso em: 18 de outubro de 2003.

(17)

BRUM, Argemiro Luís. Principais grãos gaúchos: tendência desigual. Revista Plantio Direto. Março/abril, 2003.

BYRNS, R. T.; STONE, G. W. Microeconomia. São Paulo: Makron Books, 1996.

DALMAS, A.; GRZYBOVSKI, D.; COSTA, T. V. M. Comercialização de commodities: um estudo de caso dos mercados de grãos. In: Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural. Passo Fundo, 2002. 1 CR-ROM.

GASSEN, Flávio. Ciclos de preços, tendências e rentabilidade do milho. Revista Plantio Direto. Maio/junho, 2003.

http://emater.gov.br. Acesso em: 18 de outubro de 2003.

http://fepam.gov.br. Aceso em: 18 de outubro de 2003.

http://conab.gov.br. Acesso em: 18 de outubro de 2003.

JACOBSEN, Luiz Ataides. Análise da produção brasileira de milho. Revista Plantio Direto. Julho/agosto, 2000.

PINDICK, Robert S., RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.

REIS, Ricardo Pereira. Fundamentos de Economia Aplicada. Lavras: UFLA/FAEPE, 2002.

THOMPSON JR., Arthur A. & FORMBY, John P. Microeconomia da firma: teoria e prática. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1993.

VARIAN, H. R. Microeconomia. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

VASCONCELOS, M. A. S., GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 1998.

WESSELS, W. J. Economia. São Paulo: Saraiva, 1998.

ZARDO, Vera da Rocha. Produção de milho no Brasil. Departamento de economia rural – Boletim do milho. Julho de 2003.

Referências

Documentos relacionados

O Documento Orientador da CGEB de 2014 ressalta a importância do Professor Coordenador e sua atuação como forma- dor dos professores e que, para isso, o tempo e

Produção de carvão ativado a partir do endocarpo de coco verde para tratamento da água produzida pela industria

Curvas de rarefação (Coleman) estimadas para amostragens de espécies de morcegos em três ambientes separadamente (A) e agrupados (B), no Parque Estadual da Ilha do Cardoso,

Senhor Lourival de Jesus por conta de seu falecimento, solicitando uma Moção de Pesar inclusive, solicitou também a restauração das estradas da zona rural, em especial

De forma a sustentar esta ideia, recorro a Costa et.al (1996, p.9) quando afirmam que “A aprendizagem da profissão docente não principia com a frequência de um

Afastamento da sala de audiências: reflete a sensibilidade dos juízes quanto ao impacto das condições físicas, sobretudo das características austeras da sala da audiência de

dois gestores, pelo fato deles serem os mais indicados para avaliarem administrativamente a articulação entre o ensino médio e a educação profissional, bem como a estruturação