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INSERÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: COMO (DES)CONSTRUIR PRÁTICAS E AÇÕES?

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Academic year: 2021

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INSERÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

COMO (DES)CONSTRUIR PRÁTICAS E

AÇÕES?

Silvana Figueiredo Abreu1

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Acadêmica do último semestre do Curso de Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), email: silvanafabreu@hotmail.com

Resumo: O relato de experiência visa analisar o período de regência e apresentar

os saberes e fazeres docentes alicerçados pelas interações, leituras e aprendizagens. Vivenciar práticas na Educação Infantil e realizar o estágio de regência foram os objetivos da disciplina Atividade de Docência II, no curso de Pedagogia.

Palavras-chave: Educação Infantil, saberes, fazeres, relato.

1. Introdução:

A Educação Infantil é uma das fases mais importantes para o desenvolvimento das crianças. É nela que se começa o alicerce para o desenvolvimento escolar da criança e é quando ela começa a desenvolver a sua base para percorrer os anos posteriores da educação institucionalizada. Sendo assim, a Educação Infantil deve ter como princípio as interações e as brincadeiras e não mais o assistencialismo por muitos anos praticados. Vivenciar práticas na Educação Infantil e realizar o estágio de regência foram os objetivos da disciplina Atividade de Docência II, no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

Analisando o período de regência realizado no 2º semestre de 2016, me deparei com práticas pedagógicas um tanto ultrapassadas, ancorada em estudos realizados dentro do curso de Pedagogia. Embora houvesse interações e brincadeiras a rigidez estava muito presente em sala de aula, e isto me deixou um tanto frustrada. Acredito que a imposição posta em sala de aula acaba por limitar o desenvolvimento

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cognitivo das crianças. Nesta perspectiva, a regência foi de grande valia para a minha construção como futura educadora.

O relato de experiência visa analisar o período de regência e apresentar os saberes e fazeres docentes alicerçados pelas interações, leituras e aprendizagens. Escrevi o relato de experiência na intenção de apresentar o planejamento e a experiência da regência na Educação Infantil, realizado durante uma semana.

2. Dialogando com os fatos

Durante a observação fiquei completamente estarrecida e sem chão. Fui recepcionada por uma professora que passou a aula inteira sem dialogar com as crianças. Como se não bastasse, as crianças desta sala estão condicionadas a realizar uma determinada oração. Em meu primeiro dia de regência, esta mesma professora estava em seu dia de folga, fui recepcionada por outra professora que me atendeu com muita ética, esta professora era uma pedagoga formada pela FURG, já a regente da turma era formada em magistério, aposentada e continuava a lecionar. Durante o primeiro dia, as crianças se mostraram muito receptivas e participativas. Realizamos num primeiro momento atividades com jogos, após realizamos uma parte da leitura “O Menino Marrom” em uma roda onde todos se encontravam sentados no chão. Algum tempo depois foram confeccionados alguns desenhos e outras atividades lúdicas, tudo se desenvolveu em perfeita harmonia.

Contudo, no segundo dia de aula, já não tenho como falar que a aula tenha sido harmoniosa o tempo inteiro. Entrada das crianças, tudo normal até a chegada de “P”, que chegou à porta e começou a chorar dizendo que não queria entrar em sala de aula. Em um primeiro momento, pensei que ele não havia gostado da aula do dia anterior somente depois de alguns minutos ele acabou por entrar em sala de aula. Questionado pela professora do motivo pelo qual ele não queria ter aula comigo, ele disse que não era comigo que ele não queria ter aula, e sim com ela. Infelizmente

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esta professora começou a proferir inúmeras frases completamente desnecessárias na presença da turma como: “eu sou tua professora”; “ela só vai ficar contigo nesta semana”; “tu tens é que gostar de mim”; “Vives faltando à aula e depois vem fazendo manha.” Me contive e não falei absolutamente nada, comecei a dar andamento à aula.

A roda de leitura com todos sentados ao chão deixou de existir, realizamos a leitura com todos sentados em suas classes e a regente sentada em sua mesa. Gaguejei muito enquanto lia, pois o clima havia ficado pesado após a leitura pedi para que fizessem um desenho relacionado ao texto, às coisas iam correndo razoavelmente bem neste meio tempo, contudo a professora me relatou (ordenou) que depois do intervalo eles iriam ensaiar para a formatura e o encerramento de fim de ano ou iriam desenvolver uma atividade com caixas de sapato que ela já havia planejado. Durante a atividade desenvolvida, a professora pediu que fôssemos para o pátio, achei um tanto desnecessário fazer isso naquele momento, no entanto, aceleramos o término e não quis questionar, pois, o clima não estava bom e eu não queria estragar tudo. Fomos para o pátio da escola e as crianças começaram uma atividade com bola, fiquei observando alguns minutos e logo após comecei a interagir na brincadeira a partir de minha interação com as crianças, ela decidiu interromper a atividade 5 minutos depois, determinou que eles brincassem livremente.

No retorno do recreio/merenda, as coisas ficaram melhores. A direção colocou-a em outra sala de aula. Conforme a professora regente lhe foi solicitado que a mesma me deixa-se com a turma, que não interferisse em minha regência, no entanto, ela não gostou, saiu de sala de aula falando que era um absurdo eu ficar sozinha com as crianças e que não concordava. Fiquei sem reação, sem deferir nenhum comentário, não sabia o que comentar. No entanto, após este acontecimento a aula fluiu extremamente bem, as crianças gostaram da atividade dos recortes. A aula se desenvolveu em perfeita harmonia, quando me dei por conta, já era a hora das crianças soltarem.

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No terceiro dia de regência, continuamos com mais um capítulo do livro após foram realizadas atividades de colagem com figuras geométricas. Durante este dia foram desenvolvidas poucas atividades, pois houve o ensaio da formatura e da música para apresentação de fim de ano.

Meu quarto dia de regência se deu uma semana depois por motivo de saúde. Algumas atividades foram realizadas antes do intervalo e após o intervalo as crianças foram direcionadas a outra sala para um novo ensaio da festa de final de ano.

Durante a regência percebi a presença da rotina dentro daquele espaço escolar, as crianças tinham hora quase que pré-determinadas para todas as atividades. Conforme, Barbosa: “as rotinas podem ser vistas como produtos culturais criados, produzidos e reproduzidos no dia-a-dia, tendo como objetivo a organização da cotidianeidade” (BARBOSA, 2006, p.37). A questão do cuidado e a higiene em relação às crianças é de extrema importância dentro da escola.

A rigorosidade imposta às crianças é uma das problemáticas existentes dentro dos espaços escolares. O uso cronometrado do tempo faz com que as atividades sejam reprimidas, fazendo com que a mesma não se beneficie de todo seu potencial. O relógio tem como função primordial, moldar o/a educando/a para um futuro mecanicista/tecnicista. No entanto, devemos levar em consideração o tempo de cada criança, pois nesta fase as crianças em geral não seguem o mesmo ritmo, por isso, o tempo de cada um/a deve ser respeitado/a. Segundo Barbosa:

A regularidade dos ritmos, o ordenamento da vida e a temporalidade da modernidade fazem-se presentes a partir de um artefato central, o relógio. Ninguém pode negar o lugar de privilégio a esse objeto, que faz parte da vida cotidiana, marcando o ritmo da ação, medindo os rituais e ordenando os ciclos de existência. Ele é um símbolo cultural e, também, um mecanismo de controle social da duração do tempo (BARBOSA, 2006, p.139).

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necessidades das crianças, e além do mais, penso ser desnecessária a presença da mesa e cadeira reservada à professora a frente, já que o que se espera é que a mesma transite pelo espaço da sala de aula, mediando à construção de saberes das crianças. No entanto, a roda para contação de história é possível desde que se empilhem as mesas e as cadeiras. Contudo, acredito que se a sala de aula fosse um pouco mais ampla não se perderia tempo com a arrumação do espaço. Porém, mesmo com estes percalços, observei ser um ambiente acolhedor, dentro das possibilidades. Conforme Horn; Gobbato:

Nesse sentido, existe a necessidade de uma infraestrutura e de formas de funcionamento da instituição que garantam ao espaço físico uma constituição como um ambiente que permita um bem-estar promovido pela estética, pela boa conservação dos materiais, pela higiene, pela segurança e, principalmente, pela possibilidade de as crianças brincarem e interagirem. (HORN; GOBBATO, 2015, p.69).

As atividades externas a sala de aula são de extrema importância. As brincadeiras e as interações são extremamente significativas para a socialização das crianças. As atividades ao ar livre tornam a relação entre os pares menos individualistas, criando-se assim normas de convívio produzidas a partir de suas necessidades. No entanto, observei que o espaço externo não apresentava materiais significativos. A pracinha de recreação com balanço e o escorregador eram os únicos artefatos presentes. Contudo, as crianças criavam suas próprias brincadeiras e regras. Em conformidade com Horn; Gobbato:

A organização de contextos externos que sejam significativos para as crianças, que as coloquem em relação umas com as outras, que desafiem sua interação com diferentes materiais não somente é possível, como também é imprescindível em uma Escola Infantil (HORN; GOBATTO, 2015, p.80).

Além destas observações realizadas, as atividades livres em sala de aula eram sempre bem vindas. As atividades direcionadas também apresentavam uma grande aceitação do grupo. A contação da história o Menino Marrom, quase sempre era interpelada com algum comentário sobre alguma situação ocorrida com alguém da

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turma onde todos participavam com alguma narrativa. Uma das brincadeiras em que houve mais interação foi o Twister, com a finalidade de trabalhar a lateralidade. A criação de desenhos a partir de colagem com formas geométricas em papéis coloridos também despertou no grupo a imaginação, alguns criaram desenhos de objetos do cotidiano e outros/as criaram a partir dos contos infantis.

3. Conclusão

Este momento de inserção foi uma experiência fascinante. A desenvoltura das crianças frente as situações inusitadas mostraram o quanto à Educação Infantil é importante em sua construção. O convívio com o outro, cria laços e desenvolve a socialização entre os pares e o grupo como um todo. As relações exercidas entre eles são de extrema importância para o seu crescimento cognitivo.

Sendo assim, creio que após estas observações durante a regência um novo olhar seja reconstruído em meu modo de ver e estar na Educação Infantil, pois não há prática sem teoria. Contudo as situações inesperadas dentro do espaço escolar fazem com que haja um elo com a teoria e a prática, além de uma reflexão sobre nossos comportamentos e procedimentos. A partir destas experiências, espero que um dia me torne uma educadora/mediadora comprometida com a educação e com o educando. Possibilitando criar caminhos atrelados as reflexões e as construções de conhecimento que sejam com as crianças.

Referências

HORN, Maria; GOBBATO, Carolina. Percorrendo trajetos e vivendo diferentes espaços com crianças pequenas. In. ___ALBUQUERQUE, S. S., FLORES, M. L. R. (orgs). Implementação do Proinfância no Rio Grande do Sul: perspectivas políticas e pedagógicas. Porto Alegre: EDIPUCS, 2015.

BARBOSA, M. C. S. Por Amor e Por Força - Rotinas na Educação Infantil. Porto Alegre- RS. Editora Artmed, 2006.

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