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Segurança do paciente crítico frente à ocorrência de alarmes ventilatórios: condutas do enfermeiro

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Academic year: 2021

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Segurança do paciente crítico frente à ocorrência de alarmes ventilatórios:

condutas do enfermeiro

Helia Cristina Andrade Silva (Graduada em enfermagem- Universidade Tiradentes. Pós graduanda em Terapia intensiva e Emergência), email: heliacristinaandrade@gmail.com

Angélica Moura Melo (Graduada em enfermagem- Universidade Tiradentes), e-mail: angeliicamoura@hotmail.com

Maiara Simões Carvalho (Graduada em enfermagem- Universidade Tiradentes. Especialista em Terapia Intensiva - Residência Multiprofissional Integrada em Terapia Intensiva Adulto/Universidade

Tiradentes), e-mail:maiarasimoes@gmail.com

Ingrid Almeida de Melo (Graduada em enfermagem. Mestra em enfermagem. Docente da Universidade Tiradentes), email: ingridenzo@yahoo.com.br

Shirley Dosea dos Santos Naziazeno (Orientadora. Graduada em enfermagem. Especialista em Unidade de Terapia Intensiva. Docente da Universidade Tiradentes), e-mail:

shirleydosea@yahoo.com.br

Linha Assistencial 01 – Modelos e impactos do cuidado de enfermagem nas condições de saúde da

população.

Sublinha de pesquisa: Desenvolvimento e avaliação de políticas e modelos de cuidado de

enfermagem em serviços de atenção hospitalar.

INTRODUÇÃO

A Ventilação Mecânica (VM) representa um dos suportes terapêuticos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) mais relevantes no tratamento de pacientes em insuficiência respiratória. O enfermeiro como integrante da equipe multidisciplinar na UTI deve compreender os princípios da VM e a complexa tecnologia oferecida por estes equipamentos (SILVA et al., 2011).

A ocorrência de alarmes em demasia pode acarretar em negligenciamento dos alarmes relevantes, uma vez que a equipe desabilita, silencia ou ignora-os diante da fadiga, o que oferece risco potencial à integridade e segurança do paciente crítico. Essa conduta displicente da equipe, em decorrência da

fadiga de alarmes, pode vir a comprometer a condição clínica do paciente durante a terapia intensiva induzindo a não confiabilidade na urgência destes alarmes (BRIDI et al., 2014).

OBJETIVOS

Verificar o conhecimento do enfermeiro acerca de sua atuação frente à ocorrência de alarmes ventilatórios na Unidade de Terapia Intensiva Adulto e Unidade de Terapia Intensiva Cardiotorácica de um hospital filantrópico de Aracaju/SE.

MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, do tipo transversal, de abordagem qualitativa. Foram inclusos todos os enfermeiros atuantes na unidade de terapia

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intensiva por um período mínimo de um mês; que estavam em exercício profissional no período da coleta de dados e que aceitaram participar da pesquisa. Foram exclusos os que estavam afastados das atividades laborais (licença ou férias).

Para a coleta de dados foram utilizados dois instrumentos de elaboração própria dos autores intitulados “Avaliação do perfil profissional do enfermeiro em UTI” composto por questões fechadas para caracterizar a população e “Atuação do enfermeiro frente à ocorrência de alarmes ventilatórios” dispondo de questões abertas para coleta de dados quanto às condutas diante de alarmes ventilatórios. As respostas foram gravadas e, posteriormente, transcritas para análise das informações. A fim de preservar a identidade dos entrevistados, os participantes tiveram identificação pela letra “E”, seguido do número correspondente à sequência das entrevistas.

No processo de codificação dos dados, as entrevistas foram transcritas e examinadas, houve recorte das unidades de análises e feita a codificação dos dados. Inicialmente os dados foram examinados, comparados e feitos os questionamentos sobre o fenômeno, a fim de se extrair as ideias principais na qual gerou códigos. Posteriormente, os códigos construídos foram relacionados e agrupados de tal forma a permitir conexões que identificassem categorias centrais, abrangentes para o estudo.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Tiradentes, com número de parecer 1.536.434.

RESULTADOSEDISCUSSÃO

A população foi composta por 8 enfermeiros. No estudo emergiram um total de três categorias de análise: “Perfil profissional dos enfermeiros atuantes em Unidade de Terapia Intensiva”; “Experiência do enfermeiro em Unidade de Terapia Intensiva” com três subcategorias (“Caracterização do ambiente da Terapia Intensiva”, “Capacitação em Ventilação Mecânica”,“Fatores que retardam o atendimento de alarmes ventilatórios) e “Competências do enfermeiro referente a ventilação mecânica” com três subcategorias (“Condutas diante de disparos dos alarmes”; “Conduta prévia aos procedimentos de enfermagem” e “Autonomia do enfermeiro frente ao suporte ventilatório”).

Perfil profissional do enfermeiro atuante em Unidade de Terapia Intensiva

Houve predomínio do sexo feminino correspondente à 87,5% dos participantes que corroborou com estudos que definem o processo histórico da feminização da enfermagem (CHAVAGLIA et al., 2011). A maioria dos enfermeiros (quatro) tinham de 1 a 5 anos de experiência e possuíam especialização em saúde (cinco). Em relação à quantidade de vínculos empregatícios metade

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tinha um único vínculo enquanto os demais tinham dois ou mais.

Experiência do enfermeiro em Unidade de Terapia Intensiva

Caracterização do ambiente da Terapia Intensiva

A maioria dos enfermeiros (cinco) caracterizaram a UTI como ambiente estressante devido à classificação dos pacientes internados, dimensionamento do quadro de funcionários inadequado, características sensoriais específicas deste ambiente, constante expectativa de situações de emergência e a sobrecarga de trabalho. A atuação nesse ambiente de trabalho exige agilidade do profissional e traz risco a sua qualidade de vida (GUERRER E BIANCHI, 2008).

Capacitação em Ventilação Mecânica

Quando questionados sobre treinamento em VM, somente 3 enfermeiros afirmaram a aplicação da atividade e estes referiram o gerente da unidade, também enfermeiro, como aplicador do treinamento. Demonstraram não haver regularidade para realização desta atividade na instituição.

O uso do VM pode trazer riscos ao paciente se manejado incorretamente. É fundamental conhecer os aspectos anatômicos e a fisiologia das estruturas envolvidas, as alterações patológicas, bem como aspectos técnicos do aparelho em uso (III CONSENSO BRASILEIRO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA, 2007).

Fatores que retardam o atendimento de alarmes ventilatórios em Unidade de Terapia Intensiva

Três participantes declararam que existem fatores que atrasam a resposta ao atendimento dos alarmes ventilatórios e justificaram o atraso à falta de conhecimento e de treinamento em VM e ao ambiente de UTI. Os demais participantes não elencaram fatores que retardam esse atendimento. Segundo Graham (2010), o tempo para intervenção diante do disparo de um alarme ventilatório está diretamente relacionado ao risco oferecido ao paciente em terapia, diminuindo a segurança deste.

Competências do enfermeiro referentes à ventilação mecânica

Condutas diante de disparos dos alarmes

Quando questionados sobre a atuação frente aos alarmes por aumento e diminuição de pressão nas vias aéreas; alterações de volume e oxigenação, a minoria dos participantes traduziram parcialmente em suas respostas o que é preconizado na literatura.

Os alarmes soam quando as pressões e os volumes estão fora dos parâmetros estabelecidos. Indicando, portanto, a presença de anormalidade na condição clínica ou mau funcionamento do VM. As ações devem estar voltadas para avaliação da condição do paciente assim como das conexões dos circuitos estabelecendo relação com o alarme do dispositivo (SANTOS et al., 2009). As ações

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referidas pela maior parte dos entrevistados foi a solicitação da avaliação médica ou do fisioterapeuta, justificado pelo desconhecimento do alarme.

Com relação ao alarme de apneia a maioria das condutas mencionadas foram relacionadas a notificação ao médico para resolução do problema. Os enfermeiros também relataram avaliar primeiramente o paciente e sua oxigenação, buscando a causa da apneia e possível parada cardiorrespiratória.

As ações do enfermeiro frente a presença do alarme de apneia seriam avaliar o paciente, ventilar em modo controlado ou aumentar a frequência respiratória (FR) do ventilador, verificar se o ventilador detecta as ventilações espontâneas do paciente, calibrar ou trocar o sensor, ajustar a sensibilidade e o tempo de apneia e rever a sedação (NEPOMUCENO, 2007).

Quando questionados sobre suas condutas diante do disparo do alarme de relação Inspiração:Expiração (I:E), metade dos entrevistados relataram comunicar o evento a outro profissional. A outra metade informou agir diretamente no ventilador, realizando o teste de funcionamento, alterando o parâmetro e avaliando a membrana do diafragma.

Alteração na relação I:E comumente cria uma Pressão Positiva Expiratória Final (PEEP) intrínseca e provoca desconforto no paciente. Faz-se necessário rever a sedação e provável curarização do paciente, procurando solucionar

a causa da agitação antes da sedação de um paciente (NEPOMUCENO, 2007).

Informações condizentes com a literatura puderam ser notadas nos questionamentos referentes ao alarme de bateria fraca do VM. Cinco enfermeiros entrevistados afirmaram verificar a conexão com rede elétrica e conectar o cabo de energia em caso de desconexão. Dois enfermeiros alegaram a troca do ventilador no caso de ausência de problema na rede elétrica e um deles afirma mantê-lo ligado direta e initerruptamente à rede elétrica mantendo a bateria carregada.

Conduta prévia aos procedimentos de enfermagem

Para garantir a segurança do paciente compete ao enfermeiro checar alarmes e parâmetros clínicos antes do banho no leito, da mudança de decúbito, da aspiração endotraqueal, da troca de circuitos do VM, dentre outros procedimentos (DIRETRIZES BRASILEIRAS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA, 2013).

Somente dois dos enfermeiros afirmaram realizar condutas em relação aos alarmes ou parâmetros ventilatórios antes de procedimentos de enfermagem. Três dos entrevistados alegaram verificar o funcionamento do ventilador e quatro negaram atuação antecedente aos procedimentos.

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Autonomia do enfermeiro frente ao suporte ventilatório

Quando questionados sobre a autonomia para manipulação dos parâmetros ventilatórios, os enfermeiros apresentaram uniformidade em suas respostas, afirmando que tinham permissão para tal ação, mas referiram necessidade de conhecimento acerca da ventilação mecânica para manipulação do ventilador.

Na legislação do exercício de enfermagem, não existe resolução específica sobre atuação do enfermeiro diante da Ventilação Mecânica, porém a Lei nº 7498/86 que dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem, em seu artigo 11, inciso I, alíneas “l” e “m” define os cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves e respectivamente de maior complexidade técnica e que exigem conhecimento de base cientifica e capacidade de tomar decisões imediatas sendo estas como ação privativa do Enfermeiro (BRASIL,1986)

CONCLUSÕES

A inserção de tecnologia em ambientes de cuidado faz com que o enfermeiro assuma atribuições no que se refere ao manuseio dos aparelhos, auxiliando a prestação de assistência ao paciente em estado crítico.

As condutas adotadas pelos enfermeiros desse estudo nos cuidados despendidos a pacientes graves, especialmente no que se refere ao atendimento dos alarmes ventilatórios, divergem, em grande parte do

que é preconizado pela literatura, podendo ocasionar comprometimento da segurança do paciente. Constatando-se assim a necessidade de realização de programas de educação permanente com vistas ao desenvolvimento das potencialidades dos profissionais no manejo de equipamentos.

REFERÊNCIAS

BRIDI, A. et al. Tempo estímulo-resposta da equipe de saúde aos alarmes de monitorização na terapia intensiva: implicações para a segurança do paciente grave. Rev. Bras. Ter. Intens. v. 26 N. 1, São Paulo, 2014.

BRASIL. Lei nº 7498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício de enfermagem, e dá outras providencias. Diário Oficial da república Federativa do Brasil. Brasília, DF, 25 jun. 1986. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7498.htm> Acesso em: 06 de junho de 2016.

CHAVAGLIA, S. R. et al. Ambiente do centro de terapia intensiva e o trabalho da equipe de enfermagem. Rev. Gaúcha

Enferm. vol. 32 n. 4 Porto Alegre, 2011.

CONSENSO BRASILEIRO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA 3., 2007, Jornal Brasileiro de Pneumologia. V. 26, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-37132007000800002&script=sci_arttext>. Acesso em: 30/09/2015.

FÓRUM DE DIRETRIZES BRASILEIRAS EM VENTILAÇÃO MECÂNICA, 1., 2013. São Paulo. Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. São Paulo, 2013.

GRAHAM, K. et al. Monitor Alarm Fatigue: Standardizing Use of Physiological Monitors and Decreasing Nuisance Alarms. Am J

Crit Care v. 19 N. 1, 2010.

GUERRER, F. J. L.; BIANCHI, E. R. F. Caracterização do estresse nos enfermeiros de unidades de terapia intensiva.

Rev. Esc. Enferm. USP v. 42, n. 2, São Paulo, 2008.

NEPOMUCENO, R. D. M. Condutas de enfermagem diante da ocorrência de alarmes ventilatórios em pacientes críticos. Rev.

Eletr. Enferm. Rio de Janeiro, 2007; Disponível em: <

http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=716 > Acesso em: 25/08/2015.

SANTOS, M. L. M. et al. Efeitos de técnicas de desobstrução brônquica na mecânica respiratória de neonatos prematuros em ventilação pulmonar mecânica. Rev Bras Ter Intensiva. v. 21 n. 2, Campo Grande, 2009.

SILVA, R. C. et al. Características dos enfermeiros de uma unidade tecnológica: implicações para o cuidado de enfermagem. Rev Bras Enferm. V. 64, N.1., Brasília, 2011.

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