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VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº , da Vara de Registros Públicos e

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12ª CÂMARA CÍVEL - APELAÇÃO CÍVEL Nº 1472361-6 DA VARA DE REGISTROS PÚBLICOS E CORREGEDORIA DO FORO EXTRAJUDICIAL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

APELANTE: ACIR GERALDO JUNIOR

RELATOR: DESEMBARGADOR LUIZ CEZAR

NICOLAU

RELATORA CONVOCADA: JUÍZA DTO.SUBST.

2º. GRAU SUZANA MASSAKO HIRAMA LORETO DE OLIVEIRA

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL - PEDIDO DE INCLUSÃO DO PATRONÍMICO DA AVÓ MATERNA NO SOBRENOME - VIABILIDADE - MERA INCLUSÃO QUE NÃO AFETA A IDENTIFICAÇÃO DO AUTOR - ASCENDÊNCIA FAMILIAR DEMONSTRADA - AUSÊNCIA DE PREJUÍZO A TERCEIROS - NOME QUE SE DESTACA COMO UM DOS ASPECTOS DA PERSONALIDADE INDIVIDUAL - SENTENÇA REFORMADA - RECURSO PROVIDO.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos

de Apelação Cível nº 1472361-6, da Vara de Registros Públicos e

ÃO ÍV

Certificado digitalmente por: SUZANA MASSAKO HIRAMA LORETO DE OLIVEIRA

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Corregedoria do Foro Extrajudicial do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, em que é apelante Acir Geraldo Junior.

I – RELATÓRIO

Trata-se de recurso de Apelação Cível interposto por Acir Geraldo Junior em face da r. sentença do mov. 34.1, nos autos de Ação de Retificação de Registro Civil nº 14558-07.2010.8.16.0001, em trâmite perante a Vara de Registros Públicos e Corregedoria do Foro Extrajudicial desta capital, em que o MMº. Juízo a quo JULGOU IMPROCEDENTE o pedido formulado na inicial, por considerar que inexiste motivo justo para a retificação, já que o requerente pretende manter o agnome “Junior”, nem para que altere o prenome para “Acir Júnior”.

O autor interpôs recurso de apelação no mov. 41.2, requerendo o provimento do pedido de alteração do registro civil, com a inclusão do patronímico da avó materna, uma vez que a retificação não acarretará prejuízos a terceiros, nem prejudicará os apelidos de família, funcionando o agnome “Junior” como apelido notório.

O recurso de apelação foi recebido no efeito devolutivo e suspensivo, conforme mov. 43.1.

A d. Procuradoria Geral de Justiça opinou pelo conhecimento e parcial provimento do recurso (fls. 22/26), concedendo-se a alteração do nome do apelante, para passar a constar ACIR DUPKOSKI GERALDO, retificando-se o seu assento de nascimento.

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II - VOTO E SUA FUNDAMENTAÇÃO

Presentes os requisitos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade, pelo qual, conheço do recurso.

Insurge-se o Apelante contra a sentença que julgou improcedente o pedido de retificação do seu registro civil.

Aduziu que sua pretensão é motivada pelo fato de ter sido criado pela mãe, e em que pese ainda mantenha contato frequente com seu pai, é seu desejo prestigiar e consignar o nome de família materna.

Assim, afirma que a inclusão do patronímico de sua avó em seu sobrenome é plenamente possível, pois não causará prejuízo à ordem pública, a terceiros, assim como a sua própria identificação.

Assiste razão ao Apelante.

Em análise aos autos, possível verificar que o Apelante pretende apenas a inclusão do patronímico da avó materna em seu sobrenome, sem que haja qualquer outra alteração em seu nome, ou seja, alterar seu atual nome, ACIR GERALDO JUNIOR, para ACIR GERALDO JUNIOR DUPKOSKI.

Primeiramente, quanto a questão de alteração de prenome e nome de família, tem-se como regra o princípio da imutabilidade, que tem por objetivo “garantir a segurança jurídica e a estabilidade dos atos da vida civil”1.

Contudo, a norma tem por finalidade, conferir estabilidade e segurança à identificação das pessoas, e consequentemente, às relações jurídicas.

1 LOUREIRO, Luiz Guilherme. Registros Públicos, Teoria e Prática. 6ª ed. rev.,

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Com a devida vênia, em que pese a decisão vergastada do Juízo a quo, entendo que a mera inclusão do patronímico da avó materna no sobrenome do Autor/Apelante é plenamente possível, pois tal alteração não implicaria em prejuízo à sua identificação, ou a interesses de terceiros, já que foram juntados aos autos, certidões negativas, cíveis e criminais, demonstrando que o apelante não pretende furtar-se a qualquer obrigação frente a terceiros ou ao Estado.

Lembrar que o apelante requereu a inclusão do patronímico materno, sem outras alterações, não se vislumbrando qualquer violação a preceitos de ordem pública ou à segurança jurídica.

Tal permissivo legal extrai-se do teor do artigo 57 da Lei de Registros Públicos 6.015/1973, que dispõe:

"Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 desta Lei."

Cite-se posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, que acerca da averbação do nome de solteira da mãe, no assentamento do nascimento do filho, decidiu que “o acréscimo do patronímico materno é perfeitamente viável, desde que preenchidos os seguintes requisitos [os quais, conforme consta da r. sentença, foram devidamente preenchidos]: a) justo motivo, na hipótese, notadamente pela situação constrangedora de mãe e filha terem que portar cópia da certidão de casamento com respectiva averbação para comprovarem a veracidade dos nomes; b) inexistência de prejuízos para terceiros” (REsp 1069864/DF, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 03/02/2009).

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APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL - PEDIDO DE INCLUSÃO DO PATRONÍMICO DA AVÓ MATERNA NO SOBRENOME - VIABILIDADE - MERA INCLUSÃO QUE NÃO AFETA A IDENTIFICAÇÃO DO AUTOR - ASCENDÊNCIA FAMILIAR DEMONSTRADA - AUSÊNCIA DE PREJUÍZO A TERCEIROS - NOME QUE SE DESTACA COMO UM DOS ASPECTOS DA PERSONALIDADE INDIVIDUAL - SENTENÇA REFORMADA. Revela-se possível a retificação do registro civil de nascimento para a inclusão do patronímico da ascendência materna - ainda que fundamentada em mero interesse do autor em homenagear seus ascendentes -, considerando-se que o direito ao nome é atributo da personalidade individual e merece especial tutela jurídica. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

(TJPR - 12ª C. Cível - AC - 1113955-8 - Ponta Grossa - Rel.: Rosana Amara Girardi Fachin - Unânime - J. 07.05.2014)

"APELAÇÃO CIVIL EM AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE - ACRÉSCIMO DE PATRONÍMICO DE ASCENDENTE DE GRAU DISTANTE - HOMENAGEM AOS BISAVÓS MATERNOS DA INSURGENTE - FACILITAÇÃO À OBTENÇÃO DA CIDADANIA FRANCESA - PLEITO QUE NÃO ENCONTRA ÓBICE LEGAL - POSSIBILIDADE DE INCLUSÃO DO RESPECTIVO SOBRENOME - INTELIGÊNCIA DO ART. 57 DA LEI N° 6.015/73 - MEDIDA QUE NÃO INVIABILIZA A IDENTIFICAÇÃO DA INTERESSADA, TAMPOUCO CAUSANDO PREJUÍZO A TERCEIROS - FAVORÁVEL MANIFESTAÇÃO DA PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA - SENTENÇA REFORMADA - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. "As retificações nos assentamentos civis serão possíveis quando devidamente justificadas e se restarem demonstradas a inexistência de prejuízo a terceiros e provas das alegações. É cabível a inserção do apelido do ascendente paterno, vez que não prejudica o nome já adotado e busca a preservação da origem familiar" (TJPR. Apelação Cível n° 334882-3; Rel. Des. Cunha Ribas, j. 02/08/2006)." (TJSC, Apelação Cível n.

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2010.042446-9, da Capital - Norte da Ilha, rel. Des. Luiz Fernando Boller, j. 19-07-2012.)

Dessa forma, no tocante ao requisito do justo motivo, a simples intenção do Apelante na preservação e utilização do nome de família proveniente da ascendência genética constitui motivo suficiente para autorizar a retificação do registro civil de nascimento, na forma por ele pretendida, sem que isso importe em quaisquer prejuízos ao nome de família já utilizado pelo Apelante, haja vista que ele pretende apenas a inclusão do sobrenome do núcleo familiar materno.

Ademais, não caberia ao julgador definir a relevância das pretensões que se referem exclusivamente a aspectos personalíssimos do indivíduo, tal como o nome (atributo da personalidade), considerando-se que a personalidade subjetiva, em si, é tutelada pelo ordenamento jurídico.

Assim, ainda que haja manifestação ministerial no sentido de suprimir o agnome “Júnior”, o fato do nome ter sido, anteriormente, homenagem ao genitor, reforça a afirmação do apelante, de que não gostaria desprestigiar o patronímico paterno, sendo relevante a diferenciação dos nomes entre pai e filho, como sugerem os agnomes “Junior” e “Filho”.

Inexiste qualquer indício de que a alteração requerida, possa representar prejuízo a terceiro, consoante manifestação do Ministério Público, ainda que tenha se manifestado contrariamente à pretensão inicial.

A respeito da possibilidade de relativização do princípio da imutabilidade do nome de família, oportuno a transcrição do seguinte precedente do Superior Tribunal de Justiça:

"DIREITO CIVIL. ALTERAÇÃO DO ASSENTAMENTO DE NASCIMENTO NO REGISTRO

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CIVIL APÓS A MAIORIDADE. ACRÉSCIMO DO SOBRENOME DOS PAIS DE CRIAÇÃO. ARTIGO 56 DA LEI Nº 6.015/73. ADMISSIBILIDADE.

I - Não é absoluto o princípio da imutabilidade do nome de família, admitindo-se, excepcionalmente, a alteração do patronímico, desde que presentes a justa motivação e a prévia intervenção do Ministério Público. No caso dos autos, presentes os requisitos autorizadores, já que pretende a recorrente, tão-somente, prestar uma homenagem àqueles que a criaram, acrescendo ao seu assento de nascimento o nome de família daqueles que considera seus pais verdadeiros, nada obsta que se autorize a alteração.

Recurso conhecido e provido, com as ressalvas do relator." (REsp 605.708/RJ, Rel. Ministro Castro Filho, Terceira Turma, julgado em 16/08/2007, DJe 05/08/2008)

No mesmo sentido, precedentes dos Tribunais de Justiça:

"REGISTRO CIVIL - INCLUSÃO DE SOBRENOME MATERNO E SUPRESSÃO P ARCIAL DO PATERNO - P OSSIBILIDADE - P REJUÍZO E INTENÇÃO DE FRAUDE INEXISTENTES - HIPÓTESE EM QUE O NOME, A P ARTIR DA SUA FUNÇÃO CONTEMPORÂNEA, ATUA NÃO APENAS A DESIGNAR A PESSOA HUMANA, MAS TAMBÉM COMO UM ELEMENTO DA P ERSONALIDADE INDIVIDUAL - SUBSTITUIÇÃO QUE MELHOR PERMITE SITUAR O AUTOR DENTRO DO SEU NÚCLEO FAMILIAR E DOS TRONCOS ANCESTRAIS MATERNO E PATERNO - P RECEDENTE DESTA CORTE- P REVALÊNCIA DO ART. 1.109 DO CPC -RECURSO P ROVIDO." (TJ-SP - APL: 9170085222007826 SP 9170085-22.2007.8.26.0000, Relator: Ferreira da Cruz, Data de Julgamento: 08/02/2012, 7ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 14/02/2012.)

APELAÇÃO CÍVEL. INCLUSÃO DE SOBRENOME MATERNO. CABIMENTO. A inclusão do patronímico materno é medida que garante identificação da autora com a família materna. E, considerando que a Lei de Registros Publicos

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nada dispõe acerca da ordem dos sobrenomes dos genitores no nome dos filhos, não há óbice algum de que o patronímico materno seja incluído ao final do nome, não representando tal pleito ofensa alguma ao princípio da legalidade estrita que rege o sistema dos registros públicos. RECURSO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70063783856, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 13/03/2015).

(TJ-RS - AC: 70063783856 RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Data de Julgamento: 13/03/2015, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 17/03/2015) RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL. HOMONÍMIA. NOME NOTORIAMENTE COMUM. INCLUSÃO DO SOBRENOME MATERNO. BOA-FÉ DA AUTORA. CARACTERIZADA JUSTA CAUSA À PRETENSÃO. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZOS PARA TERCEIROS. RECURSO PROVIDO. Ação de retificação de registro civil, visando acrescentar o patronímico materno. Improcedência em primeiro grau. Embora a regra seja a imutabilidade do nome, é admitida sua

(TJ-SP - APL: 03212259120098260000 SP 0321225-91.2009.8.26.0000, Relator: Edson Luiz de Queiroz, Data de Julgamento: 13/11/2013, 5ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 19/11/2013)

"APELAÇÃO CÍVEL - REGISTRO CIVIL - PEDIDO DE RETIFICAÇÃO - INCLUSÃO DO PATRONÍMICO MATERNO - ADMISSIBILIDADE - APELO CONHECIDO E PROVIDO." (TJPR - 12ª C. Cível - AC - 517638-5 - Santo Antônio da Platina - Rel.: Antonio Loyola Vieira - Unânime - J. 22.07.2009.) "APELAÇÃO CÍVEL. SUSCITAÇÃO DE DÚVIDA. REGISTRO PÚBLICO. PRETENSÃO DE REGISTRAR FILHA COM SOBRENOME DE AVÓ PATERNA. AUSÊNCIA DO REFERIDO PATRONÍMICO NO NOME DOS PAIS. FATO QUE NÃO OBSTA O REGISTRO. NOME. DIREITO DA PERSONALIDADE. LIVRE ESCOLHA. SOBRENOME COMPROVADO QUE PERTENCE À MÃE DO APELANTE. P OSSIBILIDADE DE REGISTRAR COM O

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PATRONÍMICO DA AVÓ PATERNA. SENTENÇA MODIFICADA. APELO PROVIDO." (TJPR - 11ª C.Cível - AC - 743095-7 - Foro Regional de São José dos Pinhais da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Augusto Lopes Cortes – unânime - J. 08.06.2011.)

Desta forma, o recurso de Apelação merece provimento, reformando-se a sentença vergastada, para que seja possibilitada a retificação de registro civil postulada pelo Apelante, incluindo-se, em seu sobrenome, o patronímico "DUPKOSKI", da família de sua genitora.

III – DISPOSITIVO:

ACORDAM os Excelentíssimos Senhores

Integrantes da Décima Segunda Câmara Cível, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso de apelação, nos termos do voto da Relatora.

O julgamento foi presidido pela Excelentíssima Senhora Desembargadora IVANISE MARIA TRATZ MARTINS, sem voto, e dele participaram o Excelentíssimo Senhor Desembargador MÁRIO HELTON JORGE e o Eminente Juiz de Direito Substituto em Segundo Grau Doutor MAURO BLEY PEREIRA JUNIOR.

Curitiba, 23 de novembro de 2016.

SUZANA MASSAKO HIRAMA LORETO DE OLIVEIRA

Referências

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