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Fatores de Risco para Síndrome Cólica em Eqüinos de Uso Militar no Estado do Rio de Janeiro

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE VETERINÁRIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

VETERINÁRIAS

TESE

Fatores de Risco para Síndrome Cólica em Eqüinos

de Uso Militar no Estado do Rio de Janeiro

Paula Vieira Evans Hossell Laranjeira

(2)

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

(3)

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE VETERINÁRIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

FATORES DE RISCO PARA SÍNDROME CÓLICA EM EQÜINOS DE

USO MILITAR NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PAULA VIEIRA EVANS HOSSELL LARANJEIRA

Sob a Orientação do Professor

Fernando Queiroz de Almeida

e Co-orientação dos Professores

Maria Júlia Salim Pereira e Marco Aurélio Ferreira Lopes

Tese submetida como requisito parcial

para a obtenção do grau de Doutor em

Ciências no Curso de Pós-graduação em

Ciências

Veterinárias,

Área

de

Concentração em Sanidade Animal.

Seropédica, RJ

Novembro de 2007

(4)

636.08944 L318f T

Laranjeira, Paula Vieira Evans

Hossell, 1978-

Fatores de risco para Síndrome Cólica em eqüinos de uso militar no Estado do Rio de Janeiro / Paula Vieira Evans Hossell Laranjeira. – 2007.

63 f. : il.

Orientador: Fernando Queiroz de Almeida.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Veterinária.

Bibliografia: f. 55-62.

1. Epidemiologia veterinária – Teses. 2. Abdômen agudo - Teses. 3. Eqüino – Doenças – Teses. 4. I. Almeida, Fernando Queiroz de. II. Universidade Federal Rural do Rio

de Janeiro. Instituto de

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Eduardo Antônio Evans Hossell e Ruth Vieira Evans Hossell, aos meus avós, Henrique Rodrigues Vieira, Nair Rocha Rodrigues Vieira, John Johnson Hossell e Eliza Maria Hossell, aos meus irmãos, Flavia Vieira Evans Hossell, Eliza Vieira Evans Hossell e André Vieira Evans Hossell e ao meu marido, André Pessoa Laranjeira Caldas, pelo carinho e incentivo. Amo vocês.

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Aos Oficiais Veterinários da Seção Veterinária Regimental do REsC, Ten Luciana Cunha de Assis Brasil Caiuby, Ten Estevão Grossi Aguiar da Silva, Ten Adriana Pinheiro Ribeiroe Ten Luciana Almeida Martins Gomes.

Ao Cel PM Renato Silva Hottz e ao Cel PM Hudson de Aguiar Miranda, Comandantes Gerais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) durante o período do estudo, pela confiança no nosso trabalho, permitindo a realização do estudo com os eqüinos desta Instituição Militar.

Ao Ten Cel PM Veterinário Luciano Jamas, da Diretoria Geral de Saúde da PMERJ - Sub-seção de Veterinária, pela confiança no nosso trabalho, permitindo a realização do estudo com os cavalos do Esquadrão Escola de Cavalaria (EEC).

Aos Médicos Veterinários da Unidade Médico Veterinária do EEC, Maj Gilberto dos Santos Seppa, Cap Alexandre Inocêncio Caldóira de Oliveira, Ten Patrícia Nuñez Bastos de Souza e Ten Flávio Augusto Soares Graça.

Ao Sr. Paulo Franco, encarregado pela Estação Meteorológica do Ministério da Agricultura, em Resende, RJ, pelo fornecimento dos mapas diários contendo as informações meteorológicas daquela região.

Ao Destacamento de Controle do Espaço Aéreo dos Afonsos - Diretoria de Proteção ao Vôo, Divisão de Meteorologia Aeronáutica da Base Aérea dos Afonsos, Força Aérea Brasileira, pelo fornecimento do Sumário Climatológico em Afonsos, RJ, na pessoa do Cap Esp Met Paulo Correia Machado.

Aos praças e demais pessoas encarregadas pelo trato dos eqüinos nas Unidades Militares.

Aos amigos do Laboratório de Pesquisa em Saúde Eqüina – EQUILAB, pela amizade, companheirismo, exemplo de dedicação nas pesquisas científicas e de trabalho em equipe. Continuem sempre assim.

A todos os professores, funcionários e alunos do Curso de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias e a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho.

Um agradecimento especial aos meus pais, Eduardo Antônio Evans Hossell e Ruth Vieira Evans Hossell, e aos meus irmãos, Flavia Vieira Evans Hossell, Eliza Vieira Evans Hossell e André Vieira Evans Hossell, pelo apoio, pelo amor que nos une e por todo incentivo para prosseguir neste caminho.

Ao meu marido André Pessoa Laranjeira Caldas, pelo amor, carinho, compreensão e amizade, sempre me apoiando e incentivando a prosseguir nos meus estudos.

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Família maravilhosa, que conseguiu entender todas as minhas ausências neste período, amo muito vocês!

(10)

RESUMO

HOSSELL LARANJEIRA, Paula Vieira Evans. Fatores de risco para Síndrome Cólica em eqüinos de uso militar no Estado do Rio de Janeiro. 2007. 67p. Tese (Doutorado em Ciências Veterinárias). Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2007.

A Síndrome Cólica é um conjunto de múltiplas condições conseqüentes a determinadas disfunções de vísceras intra-abdominais, caracterizada por manifestação de dor e responsável por grandes perdas econômicas em decorrência de gastos com tratamento, tempo de afastamento dos eqüinos de suas atividades habituais e óbitos. Os objetivos deste estudo foram investigar a incidência, realizar uma análise exploratória dos fatores associados e identificar aqueles que se constituem fatores de risco para a ocorrência de Síndrome Cólica em eqüinos de uso militar de três unidades no Estado do Rio de Janeiro, o Regimento Escola de Cavalaria - REsC, a Academia Militar das Agulhas Negras - AMAN e o Esquadrão Escola de Cavalaria - EEC. Todos os eqüinos pertencentes às três unidades, totalizando 770 animais de ambos os sexos, foram acompanhados para a incidência de casos de Síndrome Cólica, pelos médicos veterinários das unidades militares, os quais preencheram uma ficha elaborada para obter os dados referentes aos episódios. A partir destas informações e das fichas de registro de cada animal realizou-se um estudo de caso controle aninhado nesta coorte, no qual foram analisados 362 (47,0%) casos e 408 (53,0%) controles. Foram considerados casos todos os eqüinos que apresentaram pelo menos um episódio de Síndrome Cólica e controle todos os eqüinos que não apresentaram episódios de cólica durante o período de observação Uma análise exploratória de dados foi utilizada para obter o perfil dos casos e o teste do χ2 para avaliar a associação da cólica com as variáveis inerentes as características dos animais e de manejo. A análise multivariada de regressão logística foi utilizada para avaliação dos fatores de risco. A taxa de incidência de cólica para o período 2003-2004 foi de 0,95 caso/eqüino/ano para o REsC, 0,12 para a AMAN e 0,21 para o EEC, sendo de 0,59 caso/eqüino/ano para o conjunto das unidades, acometendo 69% dos eqüinos do REsC, 15,3% da AMAN e 29,7% do EEC. Foram identificados como fatores de risco para Síndrome Cólica o sistema de criação, a quantidade de grãos ingeridos por dia e a idade dos eqüinos. No REsC, o tamanho das baias onde são alojados os eqüinos também é apontado como fator de risco para cólica. As baias pequenas (≤ 7,2 m2) aumentam o risco de ocorrência de cólica, além da idade dos eqüinos, que também é fator de risco. Na AMAN, o risco de cólica é maior entre os eqüinos dos pavilhões da Artilharia e Odim, onde se sugere que sejam feitos ajustes no manejo destes animais, comparando com aqueles dos outros pavilhões, adotando medidas preventivas, buscando minimizar este risco. No EEC, o fator de risco para ocorrência de cólica é a idade dos eqüinos. Os fatores de risco identificados tiveram papel diferenciado na determinação de cólica conforme a unidade militar, reforçando a necessidade de se desenvolver estudos para cada população, evitando-se a extrapolação de resultados a populações diferentes das estudadas.

(11)

ABSTRACT

HOSSELL LARANJEIRA, Paula Vieira Evans. Risk factors to colic syndrome in military horses in Rio de Janeiro.2007. 67p. Tesis (Doctor Science in Veterinary Science). Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2007.

Colic syndrome consist in a set of multiple conditions in consequence of intra-abdominal viscera’s dysfunctions, characterized by pain manifestation and economic losses in result of treatment expenses, time of horses’ removal of its activities and deaths. This study aimed investigate the incidence, carry associated factors exploratory analysis and identify risk factors associated with colic syndrome in military horses in three military units at Rio de Janeiro; Regimento Escola de Cavalaria - REsC, Academia Militar das Agulhas Negras - AMAN and Esquadrão Escola de Cavalaria - EEC. All equines pertaining to the three units, totalizing 770 animals of both sexes, had been followed for colic syndrome incidence cases by the veterinarians of military units, which had filled an elaborated fiche to get the referring data of episodes. Untill these information and the fiches of each animal register a case controlled study was become fullfilled nestled in this coorte, in which 362 (47.0%) cases and 408 (53.0%) controls had been analyzed. All equines that had presented at least one episode of colic syndrome had been considered cases and as controlled all the equines that had not presented colic episodes during the period. A data exploratory analysis was used to get the profile of cases and the χ2 test to evaluate the association of colic with inherent characteristics of animals and handling variable. The multivariable analysis of logistic regression was used for evaluation of risk factors. The colic incidence

(12)

LISTA DE TABELAS

1 Distribuição percentual dos eqüinos avaliados, segundo variáveis analisadas, nas unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período

2003 - 2004 ... 20 2 Análise descritiva das variáveis idade e peso dos eqüinos avaliados nas unidades

militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 21 3 Distribuição percentual dos eqüinos, de acordo com as faixas de idade, nas

unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período

2003 - 2004 ... 21 4 Distribuição percentual dos eqüinos nos Esquadrões e Pavilhões nas unidades

militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 22 5 Distribuição percentual dos eqüinos acometidos por Síndrome Cólica e número

de episódios nas unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de

Janeiro, no período 2003 - 2004 ... 22 6 Análise descritiva do tempo de afastamento do eqüino de suas atividades em

decorrência de Síndrome Cólica nas unidades militares REsC, AMAN e EEC,

Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 ... 26 7 Horário de identificação dos episódios de Síndrome Cólica nas unidades militares

REsC, AMAN, EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 ... 26 8 Distribuição percentual dos episódios de Síndrome Cólica em eqüinos das

unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período

2003 - 2004 ... 28 9 Análise descritiva das variáveis idade e peso dos eqüinos nos episódios de

Síndrome Cólica nas unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de

Janeiro, no período 2003 - 2004 ... 29 10 Distribuição percentual dos episódios de Síndrome Cólica em eqüinos acometidos

nos Esquadrões e Pavilhões nas unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado

do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 ... 29 11 Ocorrência de transporte até sete dias antes de episódios de Síndrome Cólica nos

eqüinos das unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro,

(13)

12 Distribuição percentual dos tipos de cólicas diagnosticadas nos eqüinos das unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período

2003 - 2004 ... 30 13 Reincidência de Síndrome Cólica nos eqüinos das unidades militares REsC,

AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 ... 31 14 Análise descritiva do intervalo entre as reincidências de episódios de Síndrome

Cólica nos eqüinos das unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio

de Janeiro, no período 2003 - 2004 ... 32 15 Número de episódios e distribuição percentual de Síndrome Cólica em eqüinos

dos plantéis das unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de

Janeiro, no período 2003 - 2004 ... 32 16 Letalidade por Síndrome Cólica nas unidades militares REsC, AMAN e EEC,

Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 ... 33 17 Análise descritiva das condições meteorológicas (temperatura ambiente, umidade

relativa do ar e índice pluviométrico) nos dias de ocorrência de episódios de Síndrome Cólica em eqüinos do REsC, Estado do Rio de Janeiro, nos anos de

2003 e 2004 ... 34 18 Análise descritiva das condições meteorológicas (temperatura ambiente, umidade

relativa do ar e índice pluviométrico) nos dias de ocorrência de episódios de Síndrome Cólica em eqüinos da AMAN, Estado do Rio de Janeiro, nos anos de

2003 e 2004 ... 35 19 Análise descritiva das condições meteorológicas (temperatura ambiente, umidade

relativa do ar e índice pluviométrico) nos dias de ocorrência de episódios de Síndrome Cólica em eqüinos do EEC, Estado do Rio de Janeiro, nos anos de 2003

e 2004 ... 36 20 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em

eqüinos nas unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro,

no período 2003 - 2004 ... 38 21 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em

eqüinos de três unidades militares no Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 -

2004 - modelo preliminar ... 40 22 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em

eqüinos de três unidades militares no Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 -

2004 - modelo final ... 41 23 Avaliação do modelo de regressão logística de ocorrência de Síndrome Cólica em

eqüinos de três unidades militares no Estado do Rio de Janeiro segundo a

(14)

24 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em eqüinos no REsC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 ... 44 25 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em

eqüinos do REsC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 - modelo

preliminar ... 45 26 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em

eqüinos do REsC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 - modelo

final ... 45 27 Avaliação do modelo de regressão logística de ocorrência de Síndrome Cólica em

eqüinos do REsC segundo a proporção de acertos ... 46 28 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em

eqüinos na AMAN, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 ... 47 29 Análise de regressão logística dos fatores associados com a ocorrência de

Síndrome Cólica em eqüinos da AMAN, Estado do Rio de Janeiro, no período

2003 - 2004 – modelo preliminar ... 48 30 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em

eqüinos da AMAN, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 – modelo

final ... 48 31 Avaliação do modelo de regressão logística de ocorrência de Síndrome Cólica em

eqüinos da AMAN segundo a proporção de acertos ... 49 32 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em

eqüinos no EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 – 2004 ... 50 33 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em

eqüinos do EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 - modelo

preliminar ... 51 34 Análise de regressão logística dos fatores de risco para Síndrome Cólica em

eqüinos do EEC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 - modelo final 51 35 Avaliação do modelo de regressão logística de ocorrência de Síndrome Cólica em

(15)

LISTA DE FIGURAS

1 Percentuais de eqüinos acometidos por Síndrome Cólica nas unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, nos anos 2003 e 2004 e no período 2003-2004 ... 23 2 Incidência de episódios de Síndrome Cólica / cavalo-mês nos eqüinos alojados nas

unidades militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, 2003 e 2004 .. 24 3 Taxa de Incidência de Síndrome Cólica nos eqüinos alojados nas unidades

militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, nos anos de 2003 e 2004 ... 24 4 Taxa de Incidência de Síndrome Cólica nos eqüinos alojados nas unidades

militares REsC, AMAN e EEC, Estado do Rio de Janeiro, para o período 2003 - 2004 ... 25 5 Incidência mensal de Síndrome Cólica eqüina e temperatura ambiental média

mensal no REsC, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 ... 34 6 Incidência mensal de Síndrome Cólica eqüina e temperatura ambiental média

mensal na AMAN, Estado do Rio de Janeiro, no período 2003 - 2004 ... 35 7 Incidência mensal de Síndrome Cólica eqüina e temperatura ambiental média

(16)

LISTA DE ABREVIAÇÕES

AMAN Academia Militar das Agulhas Negras

BH Brasileiro de Hipismo

CCE Concurso Completo de Equitação CSv Esquadrão de Comando e Serviço

EB Exército Brasileiro

EEC Esquadrão Escola de Cavalaria EsEqEx Escola de Equitação do Exército

HIPO Esquadrão Hipomóvel

PMERJ Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro

PSI Puro Sangue Inglês

REsC Regimento Escola de Cavalaria

(17)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ... 3

2.1 O Eqüino Militar ... 3

2.1.1 Histórico do uso de eqüinos em atividades militares ... 3

2.1.2 O uso atual do eqüino em atividades militares ... 4

2.2 Síndrome Cólica em Eqüinos ... 5

2.3 Incidência e Fatores de Risco para Síndrome Cólica em Eqüinos ... 8

3 MATERIAL E MÉTODOS ... 14

3.1 Desenho do Estudo ... 14

3.2 Animais Estudados ... 14

3.3 Definição de Caso ... 15

3.4 Coleta dos Dados ... 15

3.5 Dados Climatológicos ... 16

3.6 Categorização das Variáveis ... 16

3.7 Análise Estatística ... 16

3.7.1 Análise exploratória e de associação estatística ... 16

3.7.2 Modelagem para o cálculo do risco de incidência de Síndrome Cólica em eqüinos .. 17

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 19

4.1 Análise das Características dos Plantéis de Eqüinos das Três Unidades Militares ... 26

4.2 Ocorrência de Síndrome Cólica nas Unidades Militares nos anos de 2003 e 2004 ... 22

4.3 Análise Bivariada ... 37

4.4. Análise Multivariada ... 40

4.4.1 Modelagem para o cálculo do risco de Síndrome Cólica em eqüinos de uso militar . 40 4.4.2 Modelagem para o cálculo do risco de Síndrome Cólica em eqüinos do REsC ... 43 4.4.2.1 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em 43

(18)

eqüinos no REsC ... 4.4.2.2 Análise de regressão logística dos fatores associados com a ocorrência de

Síndrome Cólica em eqüinos do REsC ... 44

4.4.3 Modelagem para o cálculo do risco de incidência de Síndrome Cólica em eqüinos da AMAN ... 47

4.4.3.1. Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em eqüinos da AMAN ... 47

4.4.3.2 Análise de regressão logística dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em eqüinos da AMAN ... 47

4.4.4 Modelagem para o cálculo do risco de incidência de Síndrome Cólica em eqüinos do EEC ... 50

4.4.4.1 Análise bivariada dos fatores associados à ocorrência de Síndrome Cólica em eqüinos do EEC ... 50

4.4.4.2 Análise de regressão logística dos fatores associados com a ocorrência de Síndrome Cólica em eqüinos do EEC ... 51

5 CONCLUSÕES ... 53

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 54

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 55

(19)

1 INTRODUÇÃO

A Síndrome Cólica, caracterizada por manifestação de dor abdominal, é uma das principais patologias que acometem a espécie eqüina, sendo mais comuns as dores de origem

(20)

A expectativa é que o conhecimento gerado permita a adoção de medidas profiláticas mais adequadas para o controle e redução da Síndrome Cólica entre os eqüinos das instituições militares envolvidas neste estudo.

(21)

2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 O Eqüino Militar

2.1.1 Histórico do uso de eqüinos em atividades militares

Os eqüinos foram utilizados com finalidades militares em toda evolução dos povos, desde as tribos nômades da Ásia Central, nas Invasões Bárbaras e na Conquista do Novo Mundo. Na era moderna, o eqüino teve papel de destaque nas campanhas militares, como na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), onde havia um eqüino para cada quatro soldados, com muitos cavalos enviados para frente de batalha. A França e a Inglaterra utilizaram 2.770.000 eqüinos, os Estados Unidos enviaram 923.580 eqüinos para Europa, enquanto a Alemanha contou com 1.236.000 animais. Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) a utilização do eqüino militar também foi intensa. A Alemanha possuía 40% de sua tropa motorizada atrelada a eqüinos e a Itália utilizou 60.000 eqüinos ao invadir a Etiópia. Em muitos momentos os eqüinos tornaram-se insubstituíveis, como na campanha russa durante a Segunda Guerra, quando o motorizado Exército alemão ficava retido por falta de combustível e atolado na neve (LIMA et al., 2006).

No início da organização do Exército Brasileiro, durante a Guerra dos Guararapes (1648-1649) contra os holandeses, houve a participação dos eqüinos com a tropa de cavalaria e a formação do Regimento de Dragões Auxiliares. Posteriormente, no Rio de Janeiro, no governo de Marquês de Pombal, foi criado o Regimento de Dragões para garantir a lei e a ordem e na Região Sul, devido a lutas em torno da Colônia do Sacramento, foi organizado o Regimento de Dragões do Rio Grande, para a segurança na fronteira brasileira (LIMA et al., 2006).

Em 1765 foi criado o Regimento de Cavalaria Ligeira, com objetivo de fazer a guarda particular dos Vice-Reis. No ano de 1808, pouco antes da chegada da família real portuguesa no Brasil, D. João VI criou o Primeiro Regimento de Cavalaria de Guardas. Em 1946, este Regimento, a mais tradicional unidade de cavalaria do Exército Brasileiro, teve sua denominação alterada para Primeiro Regimento de Cavalaria de Guardas, os Dragões da Independência, que possui como missão manter o Brasil independente e livre de forças estrangeiras (LIMA et al., 2006).

No século XIX tiveram início os esforços do Exército Brasileiro na formação de reserva de eqüinos para fins de segurança nacional, com a abertura da primeira Coudelaria Nacional, no Rio Grande do Sul. Ao longo do século XX foram abertas outras coudelarias. Entretanto, no final daquele século, o Exército optou por fechar diversas delas, centralizando as atividades em uma única, a Coudelaria do Rincão, no Rio Grande do Sul (LIMA et al., 2006).

O eqüino permanece como elo dos militares da Arma de Cavalaria e representa papel estratégico em tempos de guerra (SILVA et al., 2006), tendo sido usado intensamente pelo Exército Norte-Americano na Guerra do Afeganistão, sendo decisivo para dar agilidade às tropas em terrenos de difícil acesso (MATSUDA, 2007).

O papel do eqüino militar vai além dos aspectos de segurança, tendo sido relevante no desenvolvimento de outras áreas, como a educação e o esporte. Na educação deve ser mencionada a contribuição do Tenente-Coronel Muniz de Aragão, patrono da Veterinária do Exército, que participou ativamente do processo de implantação do Serviço de Veterinária do Exército, em 1908 (GERMINIANI, 1998) e criou a Escola de Veterinária no Brasil, em 1914 (SILVA, 1956; MITCHELL, 1963).

(22)

Após a Primeira Guerra Mundial, a chegada da Missão Militar Francesa ao Brasil contribuiu para expressivas mudanças no Exército Brasileiro. A partir de 1922, o Exército estabeleceu-se como centro de referência na área eqüestre (BASTOS FILHO, 1994). Neste mesmo ano foi criada a Escola de Equitação do Exército.

Em razão do fracasso da Equipe Brasileira no Concurso Hípico Internacional Centenário da Independência, foi criado, em 1923, o Núcleo de Adestramento de Equitação nas dependências da Escola de Estado-Maior do Exército, no Rio de Janeiro. Passando por várias designações, historicamente a equitação sempre fez parte do treinamento militar, mas, com a proximidade da Segunda Guerra Mundial, o funcionamento do Curso Especial de Equitação foi suspenso. Em 1946 foi criado o Centro de Aperfeiçoamento e Especialização do Realengo e, dentre outros, ressurgiu o Curso Especial de Equitação, nas dependências do Departamento de Equitação e de Educação Física da Escola Militar do Realengo, onde se manteve até dezembro de 1995 (LIMA et al., 2006).

Na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) o eqüino também possui importante destaque. Desde 1831 a Nova Polícia, antecessora da PMERJ, realizava atividades com seus componentes circulando, dia e noite, a pé ou montados em cavalo, prendendo criminosos, suspeitos, portadores de armas não-autorizadas e praticantes de atos ofensivos à moral pública (PMERJ, 2007).

2.1.2 O uso atual do eqüino em atividades militares

O eqüino militar deve possuir características morfofisiológicas adequadas ao emprego militar, sendo possuidor de condições de saúde, resistência, força e velocidade que o tornem apto a suportar trabalhos contínuos e variados nas três andaduras, passo, trote e galope. Logo, para ser incorporado ao quadro de animais do Exército, o eqüino deve atender aos requisitos básicos do cavalo militar, quais sejam, ter idade de três a oito anos, inclusive; obedecer à altura mínima estabelecida, que varia de 1,45 a 1,60m, dependendo de sua categoria; ser sadio, sem taras e sem vícios; possuir boa capacidade cárdio-respiratória; possuir boa cobertura muscular; ter boa compleição e bons aprumos; andar ao passo, trote e galope, não sendo permitido animal marchador; estar castrado, se eqüino macho, exceto o destinado à reprodução; ser manso, isto é, deixar-se tocar, flexionar os membros, cabrestear com facilidade, encilhar e montar por uma só pessoa e atender a outras especificações estabelecidas pela Diretoria de Suprimento do Exército Brasileiro (EB – DLog, 2003).

Atualmente o Exército Brasileiro possui cerca de 1820 eqüinos distribuídos em quase todo território nacional em diversas unidades militares, exceto na Região Norte, sendo utilizados em diferentes atividades (CAMPOS et al., 2007), tais como: ações de Garantia da Lei e da Ordem nos Regimentos de Cavalaria (1º, 3º e REsC); participação em Cerimonial Militar como desfiles, guarda de honra e escoltas de autoridades; patrulhamento em Organizações Militares e nos Campos de Instrução; instrução militar nas escolas de formação de oficiais e praças, Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), Escola de Sargentos das Armas (EsSA) e Escola de Equitação do Exército (EsEqEx); produção de imunobiológicos (soro antiofídico) em convênio do Ministério da Saúde com o Instituto de Biologia do Exército (IBEx); prática desportiva, integrando comissões de desportos nacionais; atividades de eqüoterapia e programas de estudo e melhoramento da eqüideocultura nacional, na Coudelaria de Rincão.

A Coudelaria de Rincão é mantida em São Borja, RS, como centro de produção de eqüinos do Exército Brasileiro, para o suprimento de animais dentro dos padrões necessários para desempenhar o papel atribuído ao cavalo militar no Brasil, produzindo em média 107 potros por ano (CAMPOS et al., 2007).

Na PMERJ os eqüinos são utilizados para a instrução militar de seus policiais e no policiamento ostensivo em geral, auxiliando na manutenção da ordem pública. No Curso de

(23)

Formação de Oficiais é incluída a instrução policial a cavalo, visando a posterior utilização em policiamento ostensivo rotineiro, incluído o policiamento ostensivo normal a cavalo, modalidade alternativa de policiamento desenvolvida em setores urbanos com características que dificultem o acesso de outras formas de patrulha móvel. Agindo também em ação intensificada de policiamento preventivo ordinário a cavalo em locais, horários ou dias críticos (eventos de massa, proximidade de datas expressivas, dias e horários de grande movimento comercial); em ação de busca e captura, de finalidade repressiva voltada para um tipo específico de delito, que, em situações especiais, pode utilizar cavalos em policiamento montado, que é o emprego excepcional do policiamento a cavalo para controle de distúrbios civis e patrulha de eventos de massa (PMERJ, 2007).

A relação do militar com os eqüinos proporciona desenvolvimento de atributos da área afetiva como cooperação, disciplina, dedicação, determinação, responsabilidade, coragem e capacidade de superação de obstáculos. As instruções de equitação nas escolas de formação militar funcionam no aperfeiçoamento desses atributos, contribuindo para a aplicação prática desses conceitos, envolvendo aspectos econômicos, pedagógicos, psicológicos, esportivos e terapêuticos (SILVA et al., 2006).

Em tempos de paz, os eqüinos podem ser usados para ações sociais como a eqüoterapia, que enfatiza o cavalo como elemento de desenvolvimento humano. Essa atividade proporciona o autofinanciamento do custo desses animais, propiciando o desenvolvimento de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência e o desenvolvimento técnico e científico (SILVA et al., 2006).

2.2 Síndrome Cólica em Eqüinos

As cólicas de origem gastrintestinal são as mais comuns nos eqüinos, porém dores de origem no trato geniturinário ou outros órgãos abdominais também podem levar ao desenvolvimento de Síndrome Cólica (REEVES, 1997).

O eqüino é um animal herbívoro monogástrico, isto é, possui um único estômago e se alimenta de forragens. Sua digestão possui particularidades que devem ser observadas para um melhor manejo e aproveitamento dos nutrientes. Para que um animal que apresente quadro clínico de Síndrome Cólica seja abordado de maneira correta é de fundamental importância o conhecimento da anatomia e fisiologia do trato gastrintestinal e das possíveis alterações que possam ocorrer (MOORE et al., 2001).

O eqüino é muito exigente e sensível às alterações de manejo alimentar e ambiental. A diminuição ou variação no nível de atividade física, alterações súbitas na dieta, alterações nas condições de estabulação, alimentação rica em concentrados, volumoso ou ração de má qualidade, consumo excessivamente rápido de ração, privação de água e o transporte em viagens podem influenciar a ocorrência de Síndrome Cólica (HILLYER et al., 2001).

Os eqüinos selvagens pastam durante 60% do tempo diário (DUNCAN, 1980) e os estabulados comem durante somente 15% do tempo diário (GOLOUBEFF, 1993), isto demonstra uma grande mudança na fisiologia do eqüino estabulado, sendo a domesticação do eqüino um fator importante para a ocorrência de cólica (HILLYER et al., 2001).

Alterações dentárias podem afetar a biomecânica do ciclo mastigatório e prejudicar a adequada trituração dos alimentos (PAGLIOSA et al., 2006), pois a mastigação deficiente leva à trituração insuficiente dos alimentos e à diminuição da produção de saliva, o que pode afetar a digestibilidade dos alimentos e o trânsito intestinal (MEYER, 1995).

O estômago do eqüino adulto de porte médio tem capacidade de 15 a 20 litros, sendo relativamente pequeno e ajustado para recepção contínua de pequenas quantidades de alimento, e o seu volume representa menos que 10% do volume total do trato digestivo. As funções básicas do estômago envolvem o armazenamento, a mistura e a quebra do alimento, ocorrendo principalmente o processo digestivo enzimático e hidrólise pela ação do suco

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gástrico. Os alimentos fibrosos têm um menor tempo de retenção nesse compartimento do trato digestivo (MEYER, 1995). Portanto, os alimentos volumosos têm um trânsito mais rápido no estômago do que os concentrados (MOORE et al., 2001).

A presença do esfíncter do cárdia impede o vômito ou a regurgitação e a ingestão de quantidade elevada de alimento em uma única refeição pode promover a sobrecarga gástrica e a não digestão, podendo ocorrer ruptura do estômago. A pequena capacidade do estômago faz com que o eqüídeo tenha que se alimentar durante todo o dia para que possa preencher seu aparelho digestivo. A passagem do alimento pelo estômago é rápida, levando em média a um esvaziamento gástrico de seis a oito vezes por dia (WOLTER, 1977).

O intestino delgado do eqüino tem cerca de 20 metros de comprimento e é dividido em duodeno, jejuno e íleo, sendo o principal sítio de digestão e absorção de lipídeos, carboidratos solúveis e parte da proteína dos alimentos (MEYER, 1995). A passagem dos alimentos pelo intestino delgado dura de duas a três horas (WOLTER, 1977) e devido ao seu grande comprimento e longo mesentério, é possível que ocorram vólvulos e encarceramentos (MOORE et al., 2001).

O volume do intestino grosso representa 60% do volume total do trato digestivo do eqüino, sendo subdividido em ceco e colón (MEYER, 1995). No intestino grosso ocorre a maior parte da fermentação microbiana, sendo este compartimento o sítio primário de digestão dos carboidratos estruturais, que são digeridos por enzimas produzidas pelos microorganismos nele presentes e absorvidos como ácidos graxos voláteis, principalmente acetato, propionato e butirato (HINTZ et al., 1971). As reduções abruptas no diâmetro do intestino nas regiões da flexura pélvica e cólon menor favorecem a ocorrência de compactações e a grande mobilidade do cólon maior possibilita ectopias.

O consumo dietético nos eqüinos é regulado pela interação de vários fatores ligados ao alimento, ao ambiente e ao animal, sendo que em condições naturais os animais ingerem pequenas porções da dieta, com pequenos intervalos entre as refeições, e quando colocados em baias recebendo alimentos ad libitum mostram um comportamento similar. Quando há facilitação da ingestão do volumoso, através da picagem, moagem ou peletização, a ingestão global de alimento se eleva de uma maneira considerável, chegando a 50% a mais em potros (MEYER, 1995). Deve-se considerar que o consumo e a freqüência da alimentação influenciam a atividade microbiana no trato gastrintestinal (ZEYNER et al., 2004).

O fluxo da digesta no trato digestivo é influenciado por vários fatores, como espécie, idade, estado fisiológico, exercícios, temperatura ambiente, ingredientes da dieta, tamanho da partícula, freqüência de alimentação e teor de fibra da ração (WARNER, 1981) e o tempo de permanência do alimento nos diversos segmentos do trato intestinal dos eqüinos também depende de vários fatores, e esta variação no tempo de exposição do alimento à atividade digestiva irá afetar a digestibilidade dos nutrientes. Entre os fatores relacionados à retenção do alimento estão a individualidade do animal e seu tipo de atividade física, a composição e quantidade do alimento, o tipo e tamanho das partículas do alimento, o teor de água, o tempo de trânsito do alimento pelo trato digestivo e a quantidade de fibra presente na dieta. O volumoso passa mais rápido pelo estômago e intestino delgado do que o concentrado, mas fica retido por mais tempo no intestino grosso, e o material fibroso de difícil degradação demora mais tempo no intestino grosso do que feno e volumoso verde (OLSSON; RUUDVERE, 1955; MEYER, 1995). O prolongado tempo de retenção dos fluidos e das partículas da digesta no cólon maior é importante para a digestão microbiana (ARGENZIO et al., 1974).

Dentre os fatores individuais que afetam a digestibilidade dos nutrientes em eqüinos encontram-se a mastigação, a presença de parasitas e a velocidade de trânsito da digesta, sendo que a motilidade intestinal está relacionada com a quantidade e a natureza da fibra contida nos alimentos, podendo acelerar ou reduzir as ações digestivas sobre a dieta

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(WOLTER, 1977). A quantidade de fibras na dieta pode apresentar efeitos antagônicos, pois já foi observado que uma alta quantidade de fibra de baixa digestibilidade na dieta aumenta a probabilidade de compactação (PUGH; THOMPSON, 1992) e o feno de baixa qualidade e baixa digestibilidade predispõe o eqüino à cólica (COHEN et al., 1999). No entanto, observa-se que quando os eqüinos recebem apenas forragem há redução na incidência de cólica (TINKER et al., 1997b; COHEN et al., 1999).

O quadro de abdômen agudo pode ser causado por diferentes patologias, envolvendo as diferentes porções do trato gastrintestinal. Os distúrbios podem ser gástricos ou intestinais, obstrutivos ou não e com ou sem estrangulamento vascular. O prognóstico dependerá de vários fatores, como a região afetada, o grau de comprometimento do órgão e o tempo para o início do tratamento (COHEN, 1997).

As lesões associadas com a cólica são anatômica e funcionalmente categorizadas como obstrutiva, estrangulante, infarto não estrangulante, enterite, peritonite, ulceração, ileus (TINKER et al., 1997a), isquemia, congestão, reperfusão e apoptose (ABREU et al., 2007), sendo os distúrbios espasmódicos e fermentativos, provavelmente, as causas mais comuns de cólica em eqüinos (COHEN et al., 1999). A distensão primária do estômago geralmente é causada por sobrecarga de grãos ou por gases produzidos por alimentos fermentáveis e ocorre em aproximadamente 10% dos casos (CARTER, 1987). Além disso, 11% dos óbitos de eqüinos submetidos à laparotomia exploratória foram decorrentes de ruptura gástrica (TODHUNTER et al., 1986).

A cólica por distensão gástrica é um tipo não cirúrgico, que responde à maioria dos tratamentos clínicos e parece ser o tipo mais comum na prática clínica de eqüinos (MESSER; BEEMAN, 1987). Incluem-se nesta categoria as cólicas espasmódicas, distensões gasosas e impactações com obstrução parcial. As alterações na motilidade têm um papel significativo no desenvolvimento da distensão e os distúrbios neuroendócrinos influenciam no peristaltismo. O peristaltismo reduzido, secundário ao espasmo ou ao ileus adinâmico, rapidamente provoca distensão do estômago ou do intestino, com gás ou fluídos, levando ao aumento da tensão intramural e à dor. Outros mecanismos de indução de distensões incluem os alimentos com excessiva produção de gás, com quantidade de fibra insuficiente e a subseqüente distensão da parede intestinal, podendo resultar em deslocamentos de alças intestinais. Também as influências ambientais, a excitabilidade natural do eqüino e a excitação ou fadiga pelo exercício podem induzir a ocorrência de cólica (FOREMAN, 2000).

As alterações decorrentes do intestino delgado são as menos freqüentes, porém podem ocorrer lesões estrangulantes como o encarceramento através do mesentério com fenda ou ruptura ou através do forame epiplóico (TURNER et al., 1984; ENGELBERT et al., 1993; VACHON; FISCHER, 1995). As obstruções do intestino delgado são importantes causas de cólica cirúrgica em eqüinos (MAIR, 2002).

O intestino do eqüino é anatomicamente predisposto aos deslocamentos. O deslocamento não estrangulante do cólon maior é uma das maiores causas de obstrução do intestino grosso (HACKETT, 1983) devido à mobilidade do cólon maior e o acúmulo de gás, líquido ou digesta que podem fazer com que o cólon migre de posição. Um dos deslocamentos de cólon maior ocorre quando a flexura pélvica ou toda a porção esquerda do cólon desloca-se através do ligamento nefro-esplênico (MOLL et al., 1993; HARDY et al., 2000).

A compactação da dieta ingerida é uma das formas mais comuns de cólica no ceco ou no cólon (VERVUERT; COENEN, 2003) e a compactação na flexura pélvica é uma ocorrência relativamente comum, ocorrendo obstrução deste segmento com digesta ressecada e impactada (DABAREINER; WHITE, 1995; WHITE; DABAREINER, 1997; LOPES; PFEIFFER, 2000). O vólvulo é uma torção do intestino no seu eixo mesentérico, sendo mais comum no intestino delgado, e a torção é a rotação da alça ao longo de seu próprio eixo,

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sendo mais comum no intestino grosso (PULZ et al., 2004). A torção do cólon maior foi o deslocamento que mais ocorreu envolvendo o intestino grosso em estudos desenvolvidos por Snyder et al. (1990) e Darien et al. (1995).

A areia e os enterólitos também causam cólicas abdominais nos eqüinos. A cólica desencadeada pela presença de areia no trato gastrintestinal do eqüino, também denominada de sablose, é decorrente de pastejo em terrenos arenosos e ingestão de água em rios (VERVUERT; COENEN, 2003).

Os enterólitos são concreções que podem estar localizadas em toda extensão do intestino grosso e são compostos principalmente de fosfato amoníaco magnesiano em torno de um núcleo (THOMSON, 1990; HASSEL, 2002). A enterolitíase possui prevalência elevada na Califórnia, EUA, (HASSEL et al., 1999) e na Europa apenas alguns casos são relatados. No Brasil foi observada uma incidência de 7,7% de cólicas por enterólitos em eqüinos militares no Rio Grande do Sul (PULZ et al., 2004). A obstrução por enterólitos é uma alteração comum em animais com mais de 11 anos de idade (HASSEL et al., 1999).

Há vários fatores de risco envolvidos no desenvolvimento do quadro clínico de cólica e as pesquisas realizadas demonstraram que um conjunto de fatores atua sobre o eqüino para que a cólica se desenvolva. Os estudos alertam para a necessidade de mais pesquisas sobre a incidência da Síndrome Cólica e os fatores de risco relacionados.

2.3 Incidência e Fatores de Risco para Síndrome Cólica em Eqüinos

A Síndrome Cólica é uma das principais patologias que requerem atendimento veterinário entre os eqüinos (TRAUB-DARGATZ et al., 2001) e apresenta alta incidência, variando de acordo com as características dos plantéis estudados.

Nos EUA a incidência variou de zero a 39% ao ano em plantéis de eqüinos na Carolina do Norte (UHLINGER, 1992), enquanto em eqüinos de fazendas de criação em Michigan a incidência foi de 3,5% ao ano (KANEENE et al., 1997). Tinker et al. (1997a,b) observaram incidência média anual de cólica de 10,6% em fazendas de criação e uma incidência para o primeiro caso de cólica de 9,1 casos para cada 100 eqüinos. A incidência anual de cólica nos plantéis de eqüinos dos Estados Unidos foi estimada em 4,2 casos para cada 100 eqüinos por ano e a taxa de letalidade em 11% (TRAUB-DARGATZ et al., 2001). Na Grã-Bretanha foi observada uma incidência de 7,2 casos de cólica para cada 100 animais por ano (HILLYER et al., 2001) e no Irã a incidência anual de cólica foi de 8,6% em eqüinos de fazendas de criação (MEHDI; MOHAMMAD, 2006).

No Brasil, em estudos preliminares no Regimento Escola de Cavalaria, Rio de Janeiro, Lima (1997) observou que a incidência mensal de Síndrome Cólica variou de 3,8% a 13,5% ao mês, com incidência anual de 83,5% em um plantel de 480 eqüinos. Esta alta incidência torna importante a realização de estudos sobre a Síndrome Cólica nesta unidade militar.

A taxa de letalidade por Síndrome Cólica nos eqüinos apresenta variação de acordo com o plantel eqüino estudado e o tipo de cólica apresentada pelos animais. White e Lessard (1986) relataram taxa de letalidade de 40,2% dos 4.644 casos de eqüinos acometidos por cólica atendidos em hospitais universitários dos EUA e da Inglaterra, em um período de observação de seis anos, enquanto Hunt et al. (1986), analisando a ocorrência de cirurgias nos casos clínicos de cólica, observaram que mais de 50% dos óbitos ocorreram no período pós-operatório. A cólica é a maior causa de morte entre os equinos de fazendas de criação nos EUA, sendo observada uma taxa de letalidade de 6,7% (TINKER et al., 1997a).

As doenças digestivas, como cólica, diarréia ou enterotoxemia, representam 50% dos problemas médicos que resultam em óbito do eqüino adulto (GONÇALVES et al., 2002) e os casos de Síndrome Cólica que requerem cirurgia resultam em um maior número de óbitos do

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que os demais casos (KANEENE et al., 1997), provavelmente por serem casos mais avançados ou onde o diagnóstico pode ter demorado a ser realizado.

A porcentagem de episódios de Síndrome Cólica que resultam em cirurgia varia segundo os plantéis analisados e o tipo de cólica prevalecente entre os animais. Tinker et al. (1997a) observaram que 3,8% dos casos de cólica estudados em fazendas de criação com mais de 20 eqüinos resultaram em cirurgia, enquanto Cohen et al. (1999) e Traub-Dargatz et al. (2001) relataram a necessidade de cirurgia em 6,3% e 1,4% dos casos, respectivamente.

Há também as perdas em decorrência de abortos em éguas. Éguas que apresentaram cólica nos últimos 60 dias de gestação e foram submetidas a cirurgias decorrentes de cólica apresentaram aborto (SANTSCHI et al., 1991). Pode também ser observada a ocorrência de endotoxemia em éguas que apresentam aborto após a ocorrência de cólica (BOENING; LEENDERTSE, 1993).

Estudos epidemiológicos têm identificado fatores de risco para a ocorrência de Síndrome Cólica em eqüinos em diversos tipos de criação, tornando possível o estabelecimento de medidas para evitá-los ou corrigi-los, sendo um caminho eficaz para a manutenção da saúde destes animais. Esses trabalhos aparecem como descrição de casos, estudos observacionais com controle ou estudos experimentais. O estudo destes fatores isolados ou combinados, que podem ser internos ou externos, e podem interagir de várias formas, dando início a mudanças na fisiologia que podem levar ao desenvolvimento da cólica, poderá possibilitar programas de prevenção mais específicos.

Eqüinos com episódios anteriores de cólica possuem maior risco de apresentarem outro episódio, provavelmente por existir uma lesão no trato gastrointestinal causada pelo quadro anterior ou devido a uma sequela de cirurgia no trato gastrointestinal. Alto grau de associação entre a cólica e o histórico de cólica e de cirurgias abdominais foi observado (COHEN et al., 1995) e inclusive independente do manejo dos animais (REEVES et al., 1996).

A reincidência de cólica foi 3,6 vezes maior em eqüinos com histórico de cólica (TINKER et al., 1997b). Reforçando esta observação, Traub-Dargatz et al. (2001) observaram que 11% dos animais acompanhados durante um ano apresentaram reincidência de cólica e Van den Boom e Van der Velden (2001) observaram que 16% dos eqüinos que haviam sido submetidos a cirurgias abdominais apresentaram cólica novamente.

O histórico de episódio anterior de cólica não ajuda a identificar o mecanismo patofisiológico da cólica e também não é um fator de risco que possa ser alterado. Porém, a associação de um episódio de cólica com um episódio subsequente é uma importante informação para aqueles que manejam os eqüinos (COHEN, 1997).

Outros fatores também tornam o eqüino propenso a quadros de cólica, tais como, mudanças no sistema de estabulação ou na dieta até duas semanas anteriores ao quadro clínico, mudanças no nível de atividade física durante a semana anterior ao surgimento da cólica, cirurgias abdominais (COHEN et al., 1995) e erros na alimentação e no manejo alimentar dos eqüinos aumentam o risco para a ocorrência de cólica (COHEN et al., 1995; COHEN; PELOSO, 1996; REEVES et al., 1996; TINKER et al., 1997b; COHEN et al., 1999; HUDSON et al., 2001; VERVUERT; COENEN, 2003).

Dentre os erros de manejo estão a ausência de água na pastagem, as quantidades elevadas de concentrado e mudanças no tipo de criação, que também aparecem como fatores de risco para cólica (REEVES et al., 1996; COHEN et al., 1999). Alguns estudos relataram a ingestão de grãos como fator de risco para distúrbios gastrintestinais, mas os mecanismos que explicam essa associação ainda não foram todos elucidados. Reconhecer esses fatores e realizar mudanças para que sejam evitados é de grande importância para a prevenção.

A associação da cólica com as dietas, o manejo alimentar e ocorrências médicas que podem ser prevenidas foi apresentada em alguns estudos, porém, os resultados são

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divergentes (COHEN, 1997). O tipo de alimentação, a quantidade, a qualidade, a freqüência e mudanças repentinas na dieta são fatores importantes para a ocorrência da Síndrome Cólica. A freqüência do arraçoamento deve ser a maior possível, para respeitar ao máximo a fisiologia digestiva eqüina e manter o trato digestivo preenchido. A prática de administrar grandes quantidades de concentrados aos eqüinos leva a um maior número de cólicas. Entretanto, não é, necessariamente, o excesso de grãos que causa cólica, mas sim o alto nível de carboidratos solúveis no concentrado (WHITE, 1995).

Resultados de estudo de caso-controle indicam associação entre mudanças na alimentação e cólica (COHEN et al., 1995) e que dietas incluindo o feno de capim

coast-cross, que é geralmente menos digestível que o feno de leguminosas, podem predispor os

eqüinos à compactação intestinal levando ao quadro clínico de cólica (COHEN; PELOSO, 1996). Ainda em estudo de caso-controle, com eqüinos atendidos em um hospital veterinário, Reeves et al. (1996) observaram que havia aumento de risco para ocorrência de cólica com o aumento de cada quilograma de milho inteiro ingerido.

O feno de baixa qualidade e baixa digestibilidade e a mudança no tipo de feno predispõem os eqüinos à cólica e quando estes são alimentados apenas em pastagens observa-se redução nos casos (COHEN et al., 1999). O risco de cólica pode observa-ser maior com o aumento na quantidade de concentrado ingerido e com mudanças no tipo de alimento (TINKER et al., 1997b). Em estudo prospectivo, em uma fazenda de criação, Tinker et al. (1997b) observaram que mais de uma mudança no tipo de feno ao ano e mudanças na ração concentrada agem como fatores de risco para a cólica, tendo sido observado que a ingestão de mais de 2,5 Kg de ração por dia aumentou o risco em 4,8 vezes e a ingestão de mais de 5 Kg de ração aumentou o risco em 6,3 vezes. Deve-se considerar que estudos prospectivos apresentam dados com maior poder do que estudos transversais e de caso-controle.

A restrição do acesso ao pasto ou a redução no tempo de pastejo ou da oferta de alimento volumoso, a ingestão de mais de 2,7Kg de aveia por dia, mudança na quantidade de feno oferecido, fornecimento de um novo tipo de feno ou a introdução de feno ou grãos à dieta aumentam o risco de ocorrência de cólica (HUDSON et al., 2001).

Fatores nutricionais foram os que mais apresentaram associação nos casos de Síndrome Cólica estudados em fazendas de criação de eqüinos de corrida e de resistência no Irã, onde foi observado que mudanças na alimentação até duas semanas antes da ocorrência do quadro clínico de cólica e o volumoso de baixa qualidade foram os fatores mais associados (MEHDI; MOHAMMAD, 2006).

O eqüino é um animal destinado a viver em pastagens e qualquer programa alimentar que negligencie a presença de fibras irá resultar em conseqüências, prejudicando a fisiologia digestiva. Os eqüinos necessitam de grandes quantidades de fibras para que seu sistema digestivo funcione adequadamente e consiga processar um grande volume de alimento. Se eles são privados de uma quantidade adequada de fibras, podem ocorrer torções nas alças intestinais, resultando em cólica (HINTZ, 2005). A substituição dos componentes da alimentação ou da marca de ração peletizada comercial deve ser feita de forma paulatina e gradual, pois os eqüinos são extremamente sensíveis às mínimas variações na dieta habitual. As práticas incorretas de manejo podem causar uma mudança no pH da digesta e alteração na microbiota intestinal, podendo causar timpanismo intestinal e dor.

A água também é um fator importante na determinação da cólica e está relacionada quanto à quantidade, qualidade e temperatura. O risco de cólica aumenta quando a água é de má qualidade ou é oferecida em quantidade restrita, levando a uma ingestão diária em quantidade aquém da necessária (SAMAILLE, 2006). A diminuição da ingestão de água contribui para a incidência de compactações de digesta no intestino grosso e redução do desempenho.

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A ausência de água nas pastagens e nos estábulos, o consumo do grão de milho inteiro, as quantidades elevadas de concentrados na dieta e as mudanças no tipo de forragem são particularidades notáveis na incidência de cólica (REEVES et al.; 1996; COHEN et al.; 1999). O fato de o fornecimento inadequado de água nos pastos e piquetes ter sido identificado como um fator de risco importante faz com que a manutenção de uma fonte adequada de água seja de grande importância para evitar a cólica nos eqüinos (REVEES et al., 1996).

As condições ambientais como temperatura ambiente, umidade relativa do ar e precipitação pluviométrica têm sido relacionadas com a Síndrome Cólica. Não obstante a experiência clínica sugerir que exista relação entre cólica e fatores climáticos, esses fatores ainda são pouco esclarecidos. Apesar de alguns estudos relatarem o aumento na incidência de cólica durante os meses mais quentes do ano (ROLLINS; CLEMENT, 1979; COHEN, 1997), não foi possível comprovar uma associação da incidência de cólica com a temperatura ambiente, com mudanças na temperatura ambiente ou com mudanças na pressão atmosférica durante as 24 horas que antecederam o episódio de cólica (FOREMAN; WHITE, 1986).

Por outro lado, apesar de Proudman (1991)0.295585(s)528(u)-0.295585(v)95585(u)-0585(e)-6.2659( )-0.14cómê ca

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potros com menos de seis meses de idade foram significativamente menos propensos a desenvolverem cólica do que os eqüinos de outras categorias de idade, porém, entre as demais categorais não houve diferença significativa.

É importante considerar os múltiplos fatores que podem estar influenciando essa variação nos tipos de cólica entre as idades, como a alimentação, a exposição a parasitos e mudanças na fisiologia intestinal (TRAUB-DARGATZ et al., 2001). Além de apresentarem mais cólicas, eqüinos mais velhos requerem, com maior freqüência, cirurgias para a resolução dos quadros em que estão envolvidos (REEVES et al., 1989). Porém, já foi observado que a ocorrência de diversos tipos de cólica teve distribuição semelhante em todas as idades (TENNANT et al., 1972; WHITE; LESSARD, 1986; REEVES et al., 1989). As diferenças observadas entre os estudos podem ser resultantes de diferenças de metodologias utilizadas, tais como tipo de estudo, definição de caso de cólica, tipo de amostragem e variações nos tamanhos das amostras ou serem inerentes às populações estudadas.

O sexo parece não ter influência direta sobre a incidência de cólica, pois não há associação significativa entre a ocorrência da cólica e o sexo (TRAUB-DARGATZ et al., 2001; MEHDI; MOHAMMAD, 2006) embora os garanhões pareçam ter maior predisposição às cólicas digestivas causadas por deslocamento de intestino grosso, principalmente do cólon para a esquerda (SAMAILLE, 2006).

Dentre os fatores relacionados com o risco para a ocorrência de Síndrome Cólica, os efeitos da endotoxemia, o timpanismo cecal, a idade e a raça explicaram 51% da variabilidade dos dados dos casos estudados (THOEFNER et al., 2001). Porém é muito difícil afirmar que alguma raça tenha predisposição à cólica, pois normalmente os estudos são realizados com grupos de eqüinos de apenas algumas raças específicas e afirmar uma real influência da raça na incidência da Síndrome Cólica poderia ser um resultado tendencioso. Entretanto, alguns trabalhos atribuem um risco maior de cólica aos eqüinos das raças Puro Sangue Árabe e Puro Sangue Inglês. Provavelmente isso ocorra devido às características hereditárias e ao sistema de criação desses animais, que consomem quantidades elevadas de ração concentrada, assim como os demais cavalos de esporte, o que favoreceria a ocorrência de cólica. Em fazendas de criação no Irã, eqüinos mestiços apresentaram maior probabilidade de apresentarem cólica em relação às raças Árabe, Puro Sangue Inglês e Turkman (MEHDI; MOHAMMAD, 2006). O cuidado intensivo para algumas raças e o manejo diferenciado entre as diversas raças talvez possam influenciar a susceptibilidade entre esses animais.

As úlceras gástricas também podem causar cólicas e podem ser secundárias a outros distúrbios intestinais que causam cólicas (MURRAY, 1992). A intensidade da dor associada às úlceras pode variar de discreta a grave. Alguns animais com úlceras gástricas desenvolvem cólica recorrente com distensão do cólon por gás, que desaparece quando as úlceras são tratadas, e alguns casos podem resultar em rupturas gástricas. Tanto os eqüinos com histórico de cólicas agudas como crônicas, com mais de 36 horas de duração, são susceptíveis à ruptura gástrica (TODHUNTER et al., 1986).

Os efeitos do exercício e do treinamento sobre as funções gastrintestinais dos eqüinos e suas alterações ainda não são completamente conhecidos. Os exercícios físicos, seja o excesso ou a sua falta, podem estar relacionados com a ocorrência da Síndrome Cólica (WHITE, 1995). Entretanto, Traub-Dargatz et al. (2001) não observaram associação entre a utilização ou atividade dos eqüinos e a ocorrência de cólica. Muitos estudos avaliam a influência do exercício sobre o sistema cardiovascular e músculo-esquelético, porém pouco se sabe sobre as conseqüências e o impacto dos exercícios sobre o sistema gastrintestinal e suas doenças nos eqüinos (MURRAY; FAN, 2005).

Os exercícios apresentam um aumento da pressão intra-abdominal nos cavalos, possivelmente como resultado da contração dos músculos abdominais, e esse aumento da pressão traz como um dos efeitos um aumento da pressão intra-gástrica e um fluxo de

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conteúdo gástrico ácido da porção ventral do estômago para a porção dorsal, o que pode favorecer a ocorrência de úlceras gástricas (LORENZO-FIGUEIRAS; MERRITT, 2002).

Quanto à enterolitíase, diversos fatores podem estar associados a sua formação em eqüinos, incluindo a presença do núcleo, as dietas, como o consumo elevado de proteína, de cálcio e de magnésio; o pH elevado do intestino; o tipo de solo; a espécie e a raça. Eqüinos árabes e pôneis parecem ser mais propensos ao desenvolvimento de enterolitíase. Há associação da alimentação com alfafa e a formação de enterólitos (VERVUERT; COENEN, 2003). Entretanto, apesar da alfafa poder estar envolvida na formação do enterólito, a maioria dos eqüinos que sempre consumiu feno de alfafa não desenvolve a enterolitíase (BRAY, 1995).

As infecções parasitárias também são determinantes da Síndrome Cólica, sendo a presença de larvas de Strongylus vulgaris importante causa da cólica, por poder provocar a formação de trombos nas artérias (DRUDGE, 1979). Outros parasitos também são importantes, como Anaplocephala perfoliata no íleo e ceco, Parascaris equorum no intestino delgado de potros e larvas de Gasterophilus sp e Draschia megastoma no estômago (WHITE, 1995).

O risco de ocorrência de cólica ileocecal aumenta na presença de cestóides (PROUDMAN; EDWARDS, 1993), assim como o risco de ocorrência de cólica por compactação de íleo e cólica espasmódica com a intensidade da infecção (PROUDMAN; HOLDSTOCK, 2000). A presença de larvas de Cyathostominae determina severos danos ao intestino grosso, resultando em cólica, além de diarréia, perda de peso, edema abdominal e, eventualmente, a morte (LYONS et al., 2000). O controle rigoroso e profilático destes parasitos reduz a importância epidemiológica dos endoparasitos nos sistemas de produção e utilização dos eqüinos.

Outros fatores podem estar envolvidos na ocorrência de Síndrome Cólica, como a utilização rotineira, esporádica ou acidental de drogas como os antinflamatórios fenilbutazona (COLLINS; TYLER, 1984) e flunixim meglumina, parassimpaticomiméticos como a atropina (DEARO; SOUZA, 2000) e a escopolamina e acaricidas como os organofosforados e o amitraz. A intoxicação por amitraz pode determinar algumas alterações no trato digestivo dos eqüinos, tais como, hipomotilidade ou atonia intestinal, edema dos lábios, distensão abdominal, e compactação do intestino grosso, levando o animal a deitar e levantar com freqüência, rolar no solo, olhar para o flanco e gemer, caracterizando um quadro de Síndrome Cólica (DUARTE et al., 2003).

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3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Desenho do Estudo

No período de janeiro de 2003 a dezembro de 2004 todos os eqüinos pertencentes a três Unidades Militares do Estado do Rio de Janeiro, o Regimento Escola de Cavalaria (REsC), situado na Vila Militar, em Deodoro, Rio de Janeiro, a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), situada na cidade de Resende, ambos quartéis do Exército Brasileiro, e no Esquadrão Escola de Cavalaria da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (EEC), localizado em Sulacap, Rio de Janeiro, totalizando 770 animais de ambos os sexos, foram acompanhados para a incidência de casos de Síndrome Cólica. A partir das informações obtidas neste estudo e, das fichas de registro de cada animal em sua unidade militar, realizou-se um estudo de caso controle aninhado nesta coorte, no qual foram analisados 362 (47,0%) casos e 408 (53,0%) controles.

Foram considerados casos todos os eqüinos que apresentaram pelo menos um episódio de Síndrome Cólica durante o período do estudo, e controle todos os eqüinos que não apresentaram episódios de cólica durante os dois anos de observação.

3.2 Animais Estudados

Durante o período de estudo o REsC abrigava um efetivo de 435 eqüinos das raças Brasileiro de Hipismo (BH), Puro Sangue Inglês (PSI), Bretão, Anglo Árabe, Trakhener, Hanoveriano, Andaluz e mestiços, a AMAN abrigava um plantel de 261 eqüinos das raças BH, PSI, Bretão e mestiços e o EEC possuía um efetivo de 74 cavalos das raças BH, PSI, Sela Argentina, Westfalen, Anglo Árabe, Andaluz e mestiços.

Os eqüinos do REsC realizavam diversas atividades e eram distribuídos nas especialidades de Equitação, Adestramento, Concurso Completo de Equitação (CCE), Pólo, Iniciação Desportiva, Instrução Militar, Instrução de Saltadores, Equoterapia, Escolinha de Equitação e Lazer. Na AMAN os eqüinos estavam distribuídos nas atividades de Equitação, CCE, Pólo, Iniciação Desportiva, Instrução Militar, Equoterapia, Escolinha de Equitação, Lazer e Tração. No EEC os animais eram utilizados nas atividades de Equitação, Instrução Militar e Policiamento Montado, Lazer, Reprodução e os potros não possuíam nenhum tipo de atividade.

Os animais eram alojados em baias individuais de alvenaria com piso de paralelepípedo ou cimento, providas de comedouros e bebedouros. No REsC as baias variavam de tamanho de acordo com o esquadrão a que pertenciam. As baias da Escola de Equitação do Exército (EsEqEx) mediam 6,90 m2, as baias do esquadrão Comando e Serviço (CSv) mediam 7,28 m2, no esquadrão Hipomóvel (Hipo) as baias mediam 8,95 m2. Na AMAN os animais eram alojados em pavilhões. No pavilhão da Artilharia as baias mediam 6,90 m2, no pavilhão da Cavalaria as baias mediam 6,60 m2 e nos pavilhões da Equitação as baias variavam de tamanho de acordo com os pavilhões que são: pavilhão Box com baias de 8,70 m2, pavilhão Geral com baias que mediam 5,04 m2 e pavilhão Odim onde as baias mediam 8,70 m2. No EEC da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro os eqüinos eram alojados em baias de 5,40 m2.

As unidades alojavam eqüinos pertencentes à instituição militar, Exército Brasileiro ou Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, e eqüinos particulares. Os eqüinos particulares são animais de propriedade de militares, que podem ficar alojados nas organizações militares, com seus proprietários sendo responsabilizados por todas as despesas com alimentação, ferrageamento, medidas profiláticas e tratamentos. Estes animais são utilizados nas mesmas

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atividades dos demais eqüinos, podendo ser utilizados nas atividades de instrução da organização militar.

Os eqüinos eram alimentados com dietas compostas por ração concentrada comercial e volumoso. Alguns recebiam volumoso na baia, capim ou feno de capim coastcross (Cynodon

dactilon) inteiro, por serem criados em sistema estabulado, e outros possuíam acesso ao pasto,

com ingestão de volumoso à vontade além do recebido na baia, por serem criados em sistema semi-intensivo. Os pastos eram constituídos de grama estrela (Cynodon nlemfuensis), tifton (Cynodon sp.) e coastcross, o que é bom para os eqüinos, pois a variedade na pastagem permite a seletividade dos animais na escolha da alimentação. Os esquemas de alimentação eram realizados de acordo com a rotina da unidade militar. Todos os eqüinos recebiam sal mineral à vontade.

O controle dos endoparasitos era realizado por administrações periódicas de anti-helmíntico, segundo o protocolo do Serviço Veterinário de cada unidade militar, a cada três meses. No REsC as vermifugações foram realizadas nos meses de fevereiro, maio, agosto e novembro; na AMAN as vermifugações foram realizadas em fevereiro, maio, agosto e novembro; e no EEC as vermifugações foram realizadas em março, junho, setembro e dezembro.

3.3 Definição de Caso

Foram considerados casos de cólica os episódios em que os eqüinos apresentaram sinais de dores abdominais e que tenham sido atendidos pelos médicos veterinários das unidades militares. Os casos de cólica foram classificados quanto ao tipo de cólica e à origem da dor em gástrica, entérica, gástrica e entérica e indeterminada, de acordo com o diagnóstico clínico feito pelo veterinário que atendeu o eqüino durante o episódio de dor. A categoria indeterminada foi utilizada para os casos em que não houve registro da origem da dor ou do tipo de cólica.

Os óbitos decorrentes de Síndrome Cólica durante o período de estudo foram anotados para cálculo da letalidade por Síndrome Cólica em cada unidade militar.

3.4 Coleta dos dados

Para coleta de dados dos casos, uma ficha de atendimento de Síndrome Cólica Eqüina (Anexo A) foi elaborada e repassada aos veterinários de cada unidade militar, com o intuito de padronizar a coleta de dados em cada episódio e para que houvesse acompanhamento semelhante nas três unidades. No caso do não preenchimento da ficha, os dados foram obtidos nos livros de ocorrência dos Oficiais Veterinários.

Em cada ficha o eqüino foi registrado por unidade militar, nome, número, raça, sexo, idade, pelagem, peso, atividade física, esquadrão ou pavilhão militar, transporte, doenças intercorrentes, dia, mês e ano de ocorrência do quadro clínico, horário e duração, proprietário, histórico de cólicas anteriores, tipo de manejo, características da baia, presença de vícios nos eqüinos, dietas (freqüência de alimentação, ordem de fornecimento do volumoso, uso de suplementos, quantidades de concentrado e feno) e fatores climáticos tais como temperatura ambiente (média, máxima e mínima), umidade relativa do ar e índice pluviométrico no dia de início da ocorrência do quadro clínico de cólica, tipo de cólica, diagnóstico, fatos recentes de relevância, óbito e observações de necropsia, quando ocorrida.

Os dados referentes aos eqüinos não casos (controles) foram obtidos nas fichas de registro de cada animal em sua unidade militar.

Foi montado um banco de dados no programa Microsoft Office Excel 10.0 onde os dados referentes aos eqüinos dos plantéis das três unidades militares foram registrados.

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