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UM ESTUDO SOBRE A OFERTA DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL EM CLASSES HOSPITALARES EM CAMPO GRANDE MS

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UM ESTUDO SOBRE A OFERTA DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL EM CLASSES HOSPITALARES EM CAMPO GRANDE – MS

ÉRICA MACHADO FERREIRA1

JAQUELINE A. DE ALMEIDA BOTELHO – E. E.OLINDA C. T. BACHA E COLÉGIO NOVA GERAÇÃO2 NESDETE MESQUITA CORRÊA – UFMS3

Resumo

Embora a educação oferecida em ambientes hospitalares seja realizada há algum tempo em nosso país, o estudo proposto por esta pesquisa é um assunto que ainda requer investigação. Desse modo, este trabalho teve como objetivo geral investigar como ocorreu a oferta do atendimento educacional realizado nas classes hospitalares da Pediatria e do Centro de Tratamento Onco-Hematológico Infantil (CETOHI), de um hospital público em Campo Grande – MS. Em seus objetivos específicos buscou-se: identificar as necessidades apresentadas pelas crianças atendidas nas classes hospitalares; caracterizar o currículo, a metodologia e os recursos utilizados para o ensino das crianças; verificar a formação dos professores para a atuarem com as crianças e, levantar os fatores que influenciaram na aprendizagem das crianças hospitalizadas. A metodologia adotada na pesquisa foi o levantamento bibliográfico e documental, com estudo de caso. Os dados de pesquisa a campo foram coletados por meio da aplicação de questionário e observações realizadas, que teve como participantes cinco professoras que atuavam no atendimento educacional das classes hospitalares e, seis crianças internadas na instituição hospitalar pesquisada. Como resultado verificou-se que os atendimentos nas classes hospitalares foram realizados mediante planejamento sistematizado, visando atender as necessidades das crianças. Ficou evidenciado que a dinâmica do atendimento da classe hospitalar da Pediatria diferenciava-se da dinâmica da classe hospitalar do CETOHI, em decorrência do motivo da internação e do tempo de permanência das crianças em cada setor. Porém, o tipo do atendimento oferecido pelas professoras era o mesmo para os dois setores, com atividades motivadoras para auxiliar as crianças na melhora no quadro clínico e à continuidade nos estudos, respeitando-se as especificidades de cada uma. Concluiu-se que o atendimento em classe hospitalar é de fundamental importância para a recuperação e aprendizagem das crianças hospitalizadas, contribuindo para a redução do tempo de internação e retorno à vida escolar na instituição educacional de origem.

1 Introdução

1Graduada em Pedagogia pela UNAES – Centro Universitário de Campo Grande. E-mail: erica23_tdb@hotmail.com 2 Graduada em Pedagogia pela UNAES – Centro Universitário de Campo Grande. Professora da Escola Estadual

Olinda C. T. Bacha e do Colégio Nova Geração, em Campo Grande – MS. E-mail: jackebotelho@hotmail.com

3 Mestre em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Doutoranda do Programa de

Pós-Graduação em Educação – PPGEdu/CCHS/UFMS, da Linha de Pesquisa “Estado e Políticas Públicas de Educação”. Professora da UFMS, Câmpus de Aquidauana – MS (CPAQ). E-mail: nesdete@ig.com.br

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2858 O atendimento educacional desenvolvido dentro dos hospitais teve seu início na França, em 1935, quando Henri Sellier inaugurou nos arredores de Paris, a primeira escola para crianças debilitadas que apresentavam dificuldades escolares decorrentes da tuberculose. Na Europa, além da França, esse exemplo foi seguido na Alemanha e depois passou a ser desenvolvido nos Estados Unidos. (VASCONCELOS, 2007). No Brasil, a história nos mostra a longa trajetória da relação entre a saúde e educação especial para o atendimento das pessoas com deficiência. Prova disso são os registros apontados nos estudos de Jannuzzi (1992) sobre a criação em 1600, do atendimento a essa população, no caso, às pessoas com deficiência física internadas na Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo. Mazzotta (1982) definiu o serviço oferecido na classe hospitalar como aquele desenvolvido por professor especializado e prestado a crianças e jovens, que em decorrência de condições incapacitantes (grifo do autor) de caráter temporário ou permanente, os impossibilitam de se locomover até a escola. Todavia, o atendimento em classe hospitalar como uma modalidade da educação especial só foi oficializada no país alguns anos depois, pela Política Nacional de Educação Especial (1994), como “ambiente hospitalar que possibilita o atendimento educacional das crianças e jovens internados que necessitam de educação especial e que estejam em tratamento hospitalar”, impossibilitados de freqüentar o ensino regular nas escolas. (BRASIL, 1994, p.20). Caiado (2003, p. 74) observou que, nos textos publicados na Série “Diretrizes Subsídios para Organização e Funcionamento de Serviços de Educação Especial” (MEC/SEESP, 1995), a classe hospitalar apareceu “como alternativa de atendimento apenas nas áreas da deficiência mental, da auditiva e da múltipla, na condição de classe especial ou como ensino ministrado por professor itinerante”. Nesse sentido, a classe hospitalar como modalidade de ensino especial cresceu no país, vinculada às escolas locais com apoio das instituições em que as crianças estão matriculadas. A LDB n. 9394/96 estabelece que o poder público deve disponibilizar aos alunos com necessidades especiais formas alternativas de escolarização. Isso inclui as crianças e adolescentes hospitalizados que são impedidos de freqüentar a escola do ensino comum devido às suas condições de saúde. Assim, a classe hospitalar como um dos serviços da educação especial visa promover atendimento especializado àqueles alunos impossibilitados de freqüentar as aulas nas escolas do ensino comum, por terem a saúde debilitada, implicando intervenção hospitalar. Caiado (2003, p. 72), ao citar a pesquisa realizada por Fonseca (1999) sobre classes hospitalares, indicou que Fonseca levantou a existência de classes hospitalares em diversos estados do país, demonstrando que até dezembro de 1997, havia 30 classes hospitalares em funcionamento nas diferentes regiões brasileiras. Desse montante, apenas quatro classes hospitalares tinham sido criadas antes de dezembro de 1980. Ainda, informou que foi a partir dos anos 1980 que esse serviço se expandiu no Brasil, visto que de janeiro de 1981 a dezembro de 1997, foram criadas dezessete classes hospitalares nas diferentes unidades federadas. Posteriormente, outro levantamento realizado em 2000, por Fonseca (id.), apontou a existência de 74 classes hospitalares no país, demonstrando a expansão dessa modalidade de ensino em ambientes hospitalares, que se fortaleceram no bojo da luta pelo direito à educação (CAIADO, id., p. 73). Nesse estudo, Caiado (id., ib.) mostrou que pesquisas realizadas sobre o tema em nosso país revelaram diferentes possibilidades de trabalho pedagógico nesse espaço, organizado nos diferentes níveis de ensino da educação básica. Além da atual LDB, a classe hospitalar também é assegurada no Plano Nacional de Educação/2001, na Resolução CNE/CEB, n. 2/2001 e no documento Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar:

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2859 estratégias e orientações (2002). A Resolução do CNE/CEB n. 2/2001, art. 13, determina que: “Os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os sistemas de saúde, devem organizar o atendimento educacional especializado a alunos impossibilitados de freqüentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar [...]” (BRASIL, 2001, p. 75). O documento Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e orientações (BRASIL, 2002, p.15) reafirma o princípio apresentado ao estabelecer que o atendimento hospitalar deve estar vinculado a Secretarias de Educação do Estado, do Distrito Federal e dos Municípios e também as direcionadas a prática médica que são as redes de saúde. O documento em questão estabelece que os aspectos físicos do espaço, das instalações e dos equipamentos das classes hospitalares, são ambientes com propósitos de favorecer o aprimoramento e construção do conhecimento para crianças, jovens e adultos, respeitando suas capacidades psicológicas e suas necessidades educacionais. O atendimento educacional além de ser oferecido num espaço propriamente reservado à classe hospitalar também pode ser oferecido nos leitos, nas enfermarias, em quartos de isolamento (com o uso adequado de proliferação, no caso de doenças infecto-contagiosas). (BRASIL, 2002, p.16). De acordo com o documento mencionado é importante para a evolução clínica do aluno, que sejam oferecidos recurso audiovisual, como por exemplo, computadores, dvd, dentre outros. Esses recursos são essenciais, tanto para o planejamento dos professores quanto para o contato efetivo da classe hospitalar. (BRASIL, 2002, p.16). O atendimento educacional em ambiente hospitalar deve ser orientado pelo processo de desenvolvimento e construção do conhecimento da educação básica articulada com as redes de saúde, possibilitando aos alunos uma melhoria na sua saúde e um melhor retorno às escolas para dar continuidade aos seus estudos. (BRASIL, 2002). Conforme Fonseca (2003, p.26), as crianças hospitalizadas assim, como qualquer criança, são diferentes umas das outras. Cada uma tem uma maneira de se interagir com o seu meio. De acordo com a autora, pode-se notar que a criança que está hospitalizada sofre alguns prejuízos pela dificuldade de acompanhar os conteúdos escolares abordados na sala de aula da escola em que estuda, e ainda, geralmente, tem a percepção de que pode repetir o ano que vinha cursando em sua escola comum, frente às condições de saúde que apresenta. Diante disso, geralmente torna-se uma criança com baixa auto-estima, conseqüência acarretada pelo afastamento do ambiente escolar e também da família. Sendo assim, o professor da classe hospitalar se torna um mediador das interações da criança no ambiente hospitalar. Para tanto, o professor precisa ter noção sobre as técnicas e terapêuticas que fazem parte da rotina do hospital. Ele necessita estar ciente sobre as doenças que acometem seus alunos e os problemas delas decorrentes para as crianças e para a família. (FONSECA, 2003). Desse modo, o professor que atua em classe hospitalar deve estar por dentro do tratamento clínico da criança e/ou adolescente, unindo-se com a equipe médica, para que assim possibilite ao aluno internado um atendimento educacional significativo. Assim, o atendimento realizado nas classes hospitalares poderá proporcionar ao educando a oportunidade recuperar os laços com o aprender. (BRASIL, 2002, p.18). De acordo com as Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica (2009), “Nos casos de escolarização em classe hospitalar ou em ambiente domiciliar, o atendimento educacional especializado é ofertado aos alunos público-alvo da educação especial, de forma complementar ou suplementar” (BRASIL, 2009). Em Mato Grosso do Sul, o surgimento da primeira classe hospitalar ocorreu em 1994, no Hospital Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo

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2860 Grande. Logo depois, esse atendimento expandiu-se para as demais instituições hospitalares e/ou Casas de Apoio tais como: Santa Casa de Campo Grande (1996); Associação dos Amigos das Crianças com Câncer – AACC (1999); Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) e no Hospital São Julião (2001), sendo que todas as instituições são localizadas no mesmo município. A partir de 2002, esse serviço foi ampliado para o interior do estado. No hospital, campo empírico desta pesquisa, o atendimento educacional teve o seu início em 2001, no Centro de Tratamento Onco-Hematológico Infantil (CETOHI). Inicialmente, os atendimentos contemplavam crianças e adolescentes de quatro a dezesseis anos, ampliando-se mais tarde para jovens acima dos dezesseis anos que estavam regularmente matriculados em uma instituição escolar. As classes hospitalares em estudo eram vinculadas a uma escola estadual da região em que se localiza o hospital público, seguindo o calendário escolar dessa unidade escolar, com o objetivo reintegrar a criança à sua escola de origem ou, o seu encaminhamento para matrícula após receber alta hospitalar. Os serviços eram oferecidos aos alunos matriculados ou não no sistema de ensino das redes municipal, estadual e escolas particulares, além de alunos oriundos de instituições especializadas (escolas especializadas). As crianças e jovens que não estavam regularmente matriculados nas escolas, também recebiam o atendimento educacional hospitalar e eram estimulados a voltarem às escolas de origem, para continuidade aos seus estudos. Diante dos dados apresentados, levantou-se o seguinte problema: Como ocorre o atendimento educacional realizado nas classes hospitalares? Que fatores influenciam na aprendizagem das crianças hospitalizadas?

2 Método

Ao desenvolver este estudo levou-se em consideração o referencial teórico sobre o assunto, o posicionamento das profissionais participantes da pesquisa como também, os dados levantados e as observações realizadas. Para a coleta de dados foi utilizado como instrumento um questionário, com questões abertas e fechadas, a partir do qual foram levantadas as informações, sendo que antes da sua aplicação, as colaboradoras foram orientadas a respeito do sigilo em relação à identificação dos participantes, quando da publicação dos dados. A pesquisa realizada no ano de 2007, em um hospital público em Campo Grande, teve como participante cinco professoras que atuavam no atendimento educacional das classes hospitalares, sendo que uma delas exercia a função de professora – coordenadora; três professoras atuavam somente no Centro de Tratamento Onco-Hematológico Infantil (CETOHI); uma professora atendia tanto na Pediatria como no CETOHI e, uma professora atendia somente na Pediatria, todas com formação em nível superior. Na época, todas elas tinham vários anos de atuação no magistério e em ambiente hospitalar; três das professoras atuavam há seis meses, uma professora de dois a cinco anos e a outra professora, trabalhava há mais de cinco anos nas classes hospitalares, todas com vínculo empregatício com a Secretaria Estadual de Educação – MS. Para tanto, foram observadas seis crianças: três crianças internadas no CETOHI e três crianças internadas na Pediatria do hospital público.

3 Resultado e discussão

A partir das observações realizadas e do questionário aplicado no decorrer da pesquisa, foram obtidas os seguintes dados: 1) As atividades propostas pelas classes hospitalares e os materiais de apoio estavam fundamentados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s – séries iniciais),

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2861 na atual LDB, nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, em livros didáticos, em pesquisas na internet e, planejadas atendendo ao Projeto Pedagógico da escola à qual as classes hospitalares eram vinculadas ou, das escolas de origem dos alunos. 2) Conforme o que as professoras apontaram, as maiores dificuldades encontradas no atendimento dos alunos hospitalizados eram a falta de material pedagógico, visto que a demanda de crianças e adolescentes atendidas era elevada; o recebimento de materiais pedagógicos das escolas de origem dos alunos; a dificuldade das crianças e dos adolescentes em acompanhar os conteúdos específicos relacionados ao ano que se encontram matriculados. Os recursos utilizados para suprir as necessidades dos alunos eram: atividades variadas, livros, cds, vídeos, pesquisa na internet, jogos pedagógicos, textos para leituras, criações com sucata e material emborrachado, sendo utilizados diariamente no momento em que os alunos estavam recebendo atendimento nas classes hospitalares, e/ou de acordo com as necessidades de cada aluno. No momento em que a pesquisa foi realizada, as classes hospitalares recebiam os referidos materiais da Secretaria Estadual de Educação e outras vezes, eram comprados, fabricados ou adquiridos por meio de doações. Todavia, sabemos que de acordo com o documento publicado sobre as classes hospitalares, compete às Secretarias Estaduais e Municipais de Educação e ao Distrito Federal o acompanhamento das classes hospitalares (BRASIL, 2002, p.19). Das cinco professoras participantes da pesquisa, somente duas indicaram que existe diferença em se trabalhar na classe hospitalar da Pediatria e na classe hospitalar do CETOHI. Segundo elas, na Pediatria existe uma alta rotatividade de alunos, que geralmente são internadas por problemas de saúde com menor gravidade, sendo que isso não ocorre no CETOHI, visto que nesse setor as crianças permanecem hospitalizadas por mais tempo, devido ao longo e intensivo tratamento clínico que necessitam. A observação da pesquisa realizada com as seis crianças buscou analisar quais eram as reais condições dos atendimentos oferecidos nas classes hospitalares, lembrando que para Fonseca (2003, p.17), o desenvolvimento de uma criança hospitalizada se assemelha como o de qualquer criança desde que, saiba respeitar a fase em que se encontram e os diversos fatores que interferem em seu desenvolvimento. Inicialmente, foram observadas as crianças (A), (B) e (C) do CETOHI com faixa etária entre nove e onze anos, sendo que duas delas eram do sexo masculino e uma do sexo feminino. A criança (A) estava internada com leucemia, apresentava falta de interesse e dificuldade na aprendizagem, encontrava-se desestimulada devido ao seu estado de saúde debilitado. Seu atendimento era feito no leito por estar no isolamento. A criança (B) esteve internada por dois meses, recebeu alta, mas precisou retornar devido a uma piora do seu quadro clínico, pois o motivo da sua internação era um tumor na perna (sic). Seu atendimento também era feito no leito devido à dificuldade de se locomover. A criança (C) também apresentava leucemia, já havia terminado o tratamento na ocasião iniciado há cinco meses, mas retornava uma vez por mês para fazer a manutenção do seu tratamento. Contudo, ela permanecia apenas um dia do mês no hospital para fazer exames de rotina e tomar medicamentos, quando necessário. Nos dias em que ela necessitava ir ao hospital, a professora desenvolvia apenas atividades com jogos educativos, pois ela já havia retornado à sua escola de origem. As crianças (A), (B) e (C) tinham ciência do quadro clínico que apresentavam. As professoras procuravam trabalhar o tempo todo com estímulos, auxiliando no tratamento e contribuindo para a aprendizagem escolar. As crianças esperavam ansiosas pelo momento das atividades de leitura, interpretação de textos e jogos pedagógicos, preferidos pelas três crianças. Posteriormente, as observações foram realizadas na

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2862 classe hospitalar da Pediatria com as crianças (D), (E) e (F) que tinham idade entre seis e nove anos, sendo que duas eram do sexo masculino e uma do sexo feminino. No dia da observação, a criança (D) estava com vômito e febre, apresentava bastante interesse pelas atividades desenvolvidas na classe hospitalar, principalmente pelas atividades nos computadores com os softwares educativos. A professora da classe hospitalar procurou trabalhar com exercícios de Matemática (operações simples de adição, subtração e multiplicação), pois era a disciplina curricular que a criança tinha bastante dificuldade. Ela permaneceu internada apenas dois dias e teve alta no dia da nossa observação. Naquela ocasião, a criança (E) estava internada porque havia feito uma cirurgia de apendicite, não podia se locomover devido ao seu quadro clínico. Desse modo, o seu atendimento foi realizado na enfermaria. Ela se interessava bastante por atividades desenvolvidas no computador. A professora da classe hospitalar desenvolveu atividades de leitura, jogos pedagógicos e pintura. A criança permaneceu internada durante três dias e também teve alta no dia da observação. A criança (F) estava com pneumonia, apresentava um bom estado de saúde, porém permanecia no hospital apenas para tomar medicamentos nos devidos horários, e na época, estava internada havia cinco dias. Ela gostava muito de jogar futebol. Atendo o pedido da coordenadora e professora da escola de origem, a professora da classe hospitalar desenvolveu com ela atividades de leitura, interpretação de texto e operações de divisão e multiplicação. Foi possível observar que o atendimento da classe hospitalar do CETOHI e o atendimento da classe hospitalar da Pediatria, diferenciavam-se em decorrência do motivo da internação e do tempo de permanência das crianças internadas. Porém, o tipo do atendimento oferecido pelas professoras era o mesmo para os dois setores, com atividades motivadoras para auxiliar as crianças na melhora no quadro clínico e à continuidade nos estudos, respeitando-se as especificidades de cada uma. Da mesma forma como observou Fonseca (2003, p.17), neste estudo, foi possível verificar que as crianças que participaram da proposta educacional das classes hospitalares tiveram um desempenho muito bom contribuindo com a diminuição do seu tempo de internação.

5 Conclusões

Com a realização desta pesquisa pudemos constatar que a classe hospitalar requer atendimento específico de acordo com as necessidades apresentadas pelas crianças hospitalizadas, como por exemplo, o motivo da internação, as dificuldades que apresentam de comunicação, locomoção entre outras. Nos dados levantados, a característica do currículo se concentrou na metodologia e nos recursos utilizados para suprir as necessidades das crianças hospitalizadas. Segundo informações coletadas, o maior obstáculo que influenciou na aprendizagem das crianças hospitalizadas foi a falta dos conteúdos específicos da vida escolar de cada aluno, para que no ambiente hospitalar pudesse dar continuidade aos seus estudos, visando promover posteriormente, sua reinserção na escola. Também verificamos que os atendimentos nas classes hospitalares foram realizados por meio de um planejamento sistematizado atendendo as necessidades emocionais, físicas e pedagógicas dos alunos. Foi possível também observar que existem professoras preocupadas em propor uma aprendizagem que seja realmente significativa, respeitando a individualidade dos alunos, além do esforço em propiciar uma situação prazerosa, aliviando o sofrimento e amenizando a dor das crianças, oferecendo um suporte para que elas se desenvolvessem intelectualmente. Constatamos que as classes hospitalares possuíam

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2863 especificidades que se diferenciavam da escola comum em muitos aspectos, como a grande rotatividade dos alunos, fragilidade emocional em função do seu tratamento clínico dentre outros aspectos. Nesse sentido, se fez necessário adequar o atendimento educacional realizado às exigências e necessidades das crianças e adolescentes que ali se encontravam, pois a participação das crianças e adolescentes nas atividades da classe hospitalar pode levá-los a desvincular, mesmo que momentaneamente, dos efeitos que a hospitalização pode provocar. Enfim, concluímos que o atendimento em classe hospitalar é de fundamental importância para a recuperação da criança e/ou do adolescente hospitalizado, contribuindo para a redução do tempo de internação e retorno à vida escola na instituição educacional de origem.

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