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IMPACTOS SOCIAIS,AMBIENTAIS E ECONÔMICOS DO LIXO ELETRÔNICO: UMA REVISÃO NA LITERATURA VISANDO UM SISTEMA PRODUTO- SERVIÇO

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UMA REVISÃO NA LITERATURA

VISANDO UM SISTEMA

PRODUTO-SERVIÇO

Isabel Correa Nunes (UDESC) bel.nunes.tv@gmail.com Andrey Lezan Nitz (UDESC) andreylezannitz@gmail.com Alexandre Borges Fagundes (UDESC) borges.fagundes@gmail.com Delcio Pereira (UDESC) delcio_sbs@hotmail.com Fernanda Hansch Beuren (UDESC) fernandahansch@yahoo.com.br

O consumo de produtos eletroeletrônicos vem crescendo acentuadamente devido a obsolescência programada e inovações criadas pela indústria eletroeletrônica a fim de manter o mercado competitivo. O objetivo deste trabalho visa destacar impactos sociais, ambientais e econômicos, identificados na literatura causados pelos produtos eletroeletrônicos a fim de propor um sistema produto-serviço (Product-Service System - PSS) como alternativa para a minimização destes problemas. A cada dia produtos como smarthphones e notebooks vem sofrendo mudanças para agradar o mercado

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consumidor o que encurta a sua vida útil, resultando em produtos descartados inadequadamente no meio ambiente, causando doenças e problemas ambientais, sociais e econômicos. Com isso, apresenta-se como pesquisas futuras o desenvolvimento de propostas em PSS, visando a minimização dos problemas causados nos aspectos da sustentabilidade.

Palavras-chave: Sistema Produto-Serviço, eletroeletrônicos, sustentabilidade

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3 1. Introdução

Novas tecnologias e as inovações existentes no mercado mundial de eletrônicos, como por exemplo, celulares smartphones, tablets e notebooks, se renovam a cada instante, proporcionando melhorias nos mais variados aspectos da vida da população mundial (FERREIRA, 2008). O fácil acesso à essas novas tecnologias devido ao aumento da produção e o alto índice de obsolescência dos produtos, trouxe uma questão que preocupa: a quantidade de lixo eletrônico produzidos e descartados inadequadamente no meio ambiente (MOI et al., 2011) e os impactos sociais, ambientais e econômicos que essa ação gera.

De acordo com o relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a indústria eletrônica é uma das que mais cresce no mundo e gera a cada ano até 41 milhões de toneladas de lixo eletrônico provenientes de computadores e celulares. Segundo previsões, este número pode chegar a 50 milhões de toneladas já em 2017 (DA SILVA, 2015).

O Brasil é considerado o país em desenvolvimento que mais produz esse tipo de resíduo no mundo, gerando 2,6Kg de lixo eletrônico por habitante por ano, o equivalente a menos de 1% da produção mundial de resíduos do mundo, porém, a indústria eletrônica continua em expansão (BOLGENHAGEN, 2016). Em 2015 o número de computadores existentes no país chegou a 152 milhões de unidades (MEIRELLES, 2015).

Tem-se como objetivo desse trabalho, destacar os problemas ambientais, sociais e econômicos que o descarte indevido dos Resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE) causam no meio ambiente. Estes dados são identificados na literatura e servem de motivação para propor a implementação de um modelo de Sistema Produto-Serviço (Product-Service System – PSS) a fim de minimizar os problemas causados.

2. Resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE) 2.1. Definição

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4 Resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE) também chamados de lixo eletrônicos, ou e-waste, são produtos eletrônicos descartados ou obsoletos como: computadores, televisores, celulares, notebooks, aparelhos de som, aparelhos de fax, copiadoras, geladeiras, etc (MATTOS et al., 2008).

A ABNT (2013) define REEE como partes ou peças de equipamentos eletroeletrônicos que chegaram ao final da sua vida útil tornando-se obsoletos. A obsolescência programada desses produtos trata-se de uma estratégia a fim de incentivar ainda mais o consumo (BOLGENHAGEN, 2016). Segundo a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), essa é a tendência simultaneamente à adoção de medidas que reduzem a vida útil dos produtos e seus componentes, e do uso da publicidade para incentivar sua frequente substituição (ABDI, 2013). As novas tecnologias desenvolvidas, atraem novos usuários estimulando-os à troca constante de equipamentos, resultando no lixo eletrônico descartado (FERREIRA, 2008).

O lixo eletrônico é o componente que mais cresce dentro do lixo sólido, devido às constantes atualizações de computadores, telefones, televisões, equipamentos de áudio e impressoras, correspondendo a um grave problema para o meio ambiente e para a saúde da população, uma vez que são constituídos em sua maioria por metais pesados altamente tóxicos (DA SILVA et al., 2015).

2.2. Ciclo de vida dos REEE

O ciclo de vida de um determinado produto, representa o percurso deste ao longo de sua vida útil desde sua concepção, definição, produção, operação até seu período de obsolescência (ABDI, 2013).

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5 Figura 1 – Ciclo de vida dos REEE

Fonte: ABDI (2013)

Na Figura 1, a representação do ciclo de vida dos produtos eletrônicos, onde em determinado período da sua vida útil, a utilização da logística reversa promove a reciclagem e o retorno deste como matéria-prima. O equipamento é utilizado até chegar ao fim da sua primeira vida útil, podendo ser armazenado, reciclado ou enviado para um mercado de segunda mão. Após o fim da segunda vida útil desse equipamento, o mesmo é encaminhado para reciclagem ou para disposição, onde será incinerado (ABDI, 2013; BOLGENHAGEN, 2016).

Os processos de reciclagem e disposição são as etapas mais críticas no ciclo de vida dos equipamentos eletroeletrônicos, pois são nesses processos onde ocorrem os maiores riscos de contaminação ambiental e social (PRADO, 2016).

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6 No processo de reciclagem há a separação manual ou mecanizada das peças e elementos que serão reutilizados para a montagem de outros equipamentos de segunda mão, ou revendidos para a remanufatura (BOLGENHAGEN, 2016). Essas peças, geralmente metais, plásticos e placas eletrônicas, carregam uma grande quantidade de elementos químicos que, expostos e manipulados de maneira incorreta, acarretam riscos à saúde e ao meio ambiente (ABDI, 2013).

A etapa de disposição do material, ocorre como final da vida útil do equipamento eletroeletrônico. Nessa etapa há a queima e disposição dos rejeitos provenientes da reciclagem, segunda vida útil ou da etapa de armazenamento.

Ao serem incinerados os REEE eliminam elementos químicos nocivos em forma de fumaça tóxica, causando intoxicação entre outros males (PRADO, 2016). Quando dispostos nos aterros, há a dissolução de elementos químicos presentes em placas eletrônicas, os quais quando em contato com o lençol freático, poluem a água causando diversos problemas que serão abordados na seção 2.4.

2.3. Linhas do REEE

O setor de eletroeletrônicos podem ser agrupados em linhas, sendo definidas cores para cada agrupamento (OLIVEIRA, 2016). São elas: Linhas Branca, Marrom, Azul e Verde (Figura 2).

Figura 2 – Agrupamento de produtos eletroeletrônicos

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7 Para o controle dos produtos eletroeletrônicos, o setor industrial brasileiro está organizado em duas entidades específicas: a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), que representa a Linha Verde, e a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (ELETROS), que representa as linhas Marrom, Branca e Azul (OLIVEIRA, 2016).

2.4. Impactos gerados pelos REEE

O descarte indevido dos REEE ocorre em regiões em desenvolvimento como China, Índia e em alguns países da África, como Gana, que recebem 80% dos REEE mundiais e onde as leis permitem o recebimento destes materiais em forma de doações (PRADO, 2016).

Os impactos produzidos pelo descarte incorreto dos REEE, podem ser observados nas três vertentes da sustentabilidade: social, ambiental e econômica.

2.4.1 Impactos Sociais

Os impactos sociais afetam diretamente a saúde de quem está exposto aos REEE e devido à combinação de elementos químicos presentes nestes produtos, bem como os diversos meios de contaminação, o estudo dos efeitos decorrentes do descarte torna-se essencial.

Para Prado et al. (2016), as contaminações por elementos químicos, em sua maioria metais, ocorrem por meio de poeira, alimentos e água contaminados, contatos com placas, soldas e cabos, processados de forma precária ao ar livre. Existem mais de 60 elementos químicos encontrados em REEE que podem provocar câncer, doenças renais e distúrbios neurológicos em seres vivos quando manipulados inadequadamente.

Um estudo realizado por Hibbert et al. (2014), utilizando métodos normatizados de pesquisa, simulou a queima de partes de um celular (baterias, placas de circuito, plásticos e telas) e a

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8 extração de elementos químicos na queima dessas partes. Como resultado foram encontradas altas concentrações de metais pesados como Cobre, Berílio e Níquel, bem como furanos. Os resultados desse estudo (Figura 3) fornecem uma base para relacionar exposições aos determinados contaminantes, e os efeitos que isso implica na saúde das pessoas (HIBBERT, 2014). Portanto, o uso de métodos adequados de reciclagem e manipulação de REEE podem reduzir a exposição e contaminação desses materiais (PRADO et al., 2016).

Figura 3 – Agravos a saúde decorrentes do descarte indevido de REEE

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9 Elementos químicos trazem diversos agravos à saúde quando manipulados e expostos indevidamente (UMAIR et al., 2015). Problemas renais e neurológicos causados por chumbo encontrado na forma de pó em monitores CRT (tubo de raios catódicos), danos aos ossos causados por cádmio, problemas neurológicos, respiratórios e renais causados por mercúrio, são alguns exemplos que podem ser verificados na Figura 3. Tais danos podem ser ampliados devido a bio acumulação em peixes, carne de porco e água, os quais são consumidos diariamente.

2.4.2 Impactos Ambientais

O avanço tecnológico vem reduzindo o ciclo de vida dos equipamentos de informática, gerando assim lixo tecnológico sem destino adequado (MATTOS et al., 2008). Segundo Ferreira (2008), somente na desmontagem de um desktop de 17 polegadas são usados cerca de 1.800 quilos de componentes, sendo 240 quilos em combustíveis fósseis (petróleo, gás, etc), 22 quilos de produtos químicos e 1.500 quilos de água potável.

A Convenção da Basiléia para o Controle dos Movimentos Trans fronteiriços de Resíduos Perigosos e sua disposição, teve como objetivo reduzir a movimentação de resíduos perigosos entre países. A Convenção entende como materiais perigosos aqueles que podem pôr em risco a segurança da vida e estabelece uma série de restrições para sua exportação (ABDI, 2013). A exportação de REEE é feita em grande escala, e direcionada aos países em desenvolvimento (Nigéria, Índia, Paquistão, Uganda, China, entre outros), países com baixo valor de mão de obra e sem leis ambientais.

Cerca de 80% do e-waste produzido nos países desenvolvidos são exportados como material reciclável para países em desenvolvimento, porém não recebem a correta destinação e são processados de forma inadequada por pessoas não qualificadas (MATTOS et al., 2008).

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10 A cadeia produtiva dos EEE configura-se pelo elevada integração entre fabricantes e fornecedores e consumidores. A manufatura e a importação são responsáveis por inserir os equipamentos eletroeletrônicos no mercado nacional, e compõem um relevante cenário econômico (ABDI, 2013). Um relatório de desempenho setorial da ABINEE, indica que a indústria eletroeletrônica faturou R$ 138 bilhões em 2011, um crescimento de 11% em relação a 2010.

A manufatura dos EEE, caracteriza-se pela integração entre as etapas de criação, concepção, fabricação e montagem realizadas entre diversas empresas. Logo, a fabricação dos EEE depende da integração entre indústrias como: plásticas, minero-metalurgia, eletrônica (semicondutores, placas, circuitos, outros), etc.

Algumas empresas estão aderindo ao ecodesign, desenvolvendo produtos, sistemas ou serviços com reduzido impacto ambiental. Nessa linha, destaca-se o conceito de cradle to

cradle1 desenvolvido por William McDonough e Michael Braungart, segundo o qual os

materiais dos quais os produtos são compostos (circuitos, placas, etc), deveriam circular como nutrientes em metabolismos saudáveis (ABDI, 2013).

Segundo a ABINEE, no Brasil, o setor eletroeletrônico brasileiro enfrenta um obstáculo, devido ao mercado irregular que chega a 30% em algumas linhas, como a linha verde (celulares e notebooks).

Como consequência disso, além do resíduo decorrente no fim da vida útil de aparelhos vendidos regularmente, existe esse montante extra resultado da ilegalidade do mercado.

3. Sistema Produto-Serviço (Product-Service System - PSS) 3.1 Definiçãodo PSS

1

Cradle to cradle é um conceito inovador de produtos e processos produtivos inspirado na natureza, o qual cria um sistema produtivo

circular “do berço ao berço” onde não existe o conceito de lixo, tudo é nutriente para um novo ciclo e resíduos são de fato nutrientes que circulam em ciclos contínuos (ABDI, 2013).

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11 O PSS entrega funcionalidades de produtos por intermédio de serviços, ou seja, é um sistema que entrega benefícios/soluções em produtos e serviços. O cliente adquire o direito do uso do bem, e não a propriedade física do mesmo, sendo esta pertencente ao provedor/fabricante (BAINES et al., 2007). Com isso, o provedor/fabricante tem responsabilidade sobre manutenções, trocas e descartes do produto, sempre deixando a disposição do cliente o serviço contratado.

Segundo Baines et al. (2012), o PSS a reduzir os descartes, melhorar os aspectos econômicos e atender as necessidades dos clientes, oferecendo oportunidade competitiva em prol do desenvolvimento sustentável, respeitando aspectos ambientais, sociais e econômicos.

3.2 Classificação do PSS

De acordo com Tukker (2004), o PSS pode ser classificado em três grupos:

O PSS orientado ao produto: Fornece serviços durante a sua utilização, geralmente com a venda de um produto em conjunto com a venda de serviços, sendo um serviço de pós-venda; O PSS orientado ao uso: É propriamente um serviço de locação, compartilhamento e/ou utilização simultânea, onde o cliente não tem a propriedade do produto e a fornecedora visa atender as necessidades do cliente;

O PSS orientado aos resultados: É o modelo que se tem a maior versatilidade dos serviços, a exemplo de uma terceirização, pagamento por serviços e o resultado final, a empresa realiza personalizações conforme a demanda do cliente.

3.3 Ciclo de vida do PSS

Ciclo de vida é um termo referente as atividades que ocorrem no decorrer da vida de um produto, incluindo todo processo, desde a fabricação, utilização, manutenção e destinação final (USEPA, 2001).

Conforme Beuren (2013), dependendo da situação em que se encontra o PSS pode ser renovado, reparado, reutilizado, reciclado, atualizado ou cancelado, retornando para o início do ciclo.

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12 Figura 4: Ciclo de vida de um PSS

Fonte: Beuren, 2013.

A Figura 4 destaca o ciclo de vida do PSS e suas respectivas etapas. Este ciclo visa a melhoria contínua, buscando a identificação de possíveis aperfeiçoamentos, que podem ser úteis para o PSS existente, ou auxiliar na elaboração de PSS novos (BEUREN, 2013).

4. Metodologia de pesquisa

Essa seção abrange a estrutura e os procedimentos metodológicos inerentes a pesquisa realizada, incluindo etapas, técnicas de coletas de dados, e ferramentas utilizadas para o gerenciamento dos dados obtidos.

A primeira etapa da metodologia contempla a coleta de referenciais teóricos em bancos de dados nacionais e internacionais, afim de obter um embasamento teórico sobre o assunto e sua “relevância” em cunho mundial e foi dividida em duas sub etapas onde na primeira sub etapa foram definidas combinações de palavras-chaves: “Equipamentos eletrônicos e consumo colaborativo” + “Sistema Produto-Serviço”, assim como suas traduções na lingua inglesa. Por meio de análise sistêmica nas bases de dados do Portal de Periódicos CAPES (Scopus e

Science Direct), fez-se uma busca sobre o assunto entre os anos de 2005 e 2015.

Na segunda sub etapa, foi realizada uma busca em base de dados nacionais (Google Acadêmico, GEPROS, Anais ENEGEP, Gestão & Produção e Produção Online); e

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13 internacionais (Scopus e Science Direct), no período de 2010 a 2016, contemplando o assunto: resíduos de equipamentos eletroeletrônicos e impactos sociais, ambientais e econômicos causados pelo seu descarte.

Os artigos encontrados nas bases de dados internacionais também foram selecionados e organizados pelo software EndNote®.

Todos os artigos selecionados e condizentes com a pesquisa, foram lidos na íntegra a fim de obter-se dados e embasamento teórico consistentes sobre o tema.

Após realizada a leitura do material, foram selecionados problemas mais citados em cada vertente da sustentabilidade, sendo três para a vertente social, três para ambiental e três para econômica a fim de alcançar os resultados desta pesquisa.

5. Resultados

5.1 Análise bibliométrica

Nessa seção são discutidos os resultados obtidos na pesquisa e uma possível proposta de PSS como solução do problema do lixo eletrônico.

Inicialmente, com a realização da pesquisa bibliométrica sobre o assunto PSS, obteve-se um total 1652 artigos, os quais são apresentadas as principais palavras-chave; o publicações durante os anos; principais periodicos e principais autores. (Figura 5):

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14 Fonte: os autores (2017); com base na pesquisa no Portal de Periódicos Capes

Os artigos foram organizados no software de gerenciamento EndNote®, retirando-se os duplicados, restando 983 artigos.

Assim, iniciou-se a análise bibliométrica, onde foram analisados por palavras-chaves, bases de dados, autores, ano e locais onde teve maior número de publicações.

Sabe-se que o assunto PSS vem crescendo entre os estudiosos da área de design e engenharia. Isso pode ser confirmado na análise bibliométrica (Gráfico 1) sobre o tema nos últimos dez anos.

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15 Fonte: os autores (2017); com base na pesquisa no Portal de Periódicos Capes

O local com maior de publicação sobre essa temática é o Procedia CIRP, um evento com periódico indexado e o Journal Of Cleaner Production, principal periódico. O autor mais citado é Shimomura (Gráficos 2 e 3).

Gráfico 2 – Publicações por local Gráfico 3 – Publicações por autores

Fonte: os autores (2017); com base na pesquisa no Portal de Periódicos Capes

Por meio da leitura de título, resumo e palavras-chaves, pode-se selecionar 59 artigos para serem lidos na integra.

Na pesquisa realizada em bancos de dados nacionais (Produção Online, GEPROS, Gestão & Produção, e anais do ENEGEP), foram utilizadas as seguintes combinações de

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palavras-16 chaves: “sistema produto-serviço”, “lixo eletrônico”, “sistema produto-serviço + lixo eletrônico”, “resíduo eletrônico” e “e-waste”, foram obtidos no total 23 artigos, entre os anos de 2010 a 2016.

Para complementar a busca de dados relacionados aos problemas ambientais, sociais e econômicos, a pesquisa foi realizada também em bancos de dados internacionais (Scopus e

Science Direct), com as seguintes combinações de palavras-chaves: “e-waste”, “e-waste + social impacts”, “e-waste + environmental impacts”, “e-waste + economic impacts”, as quais

resultaram em 1600 artigos no total, sendo a combinação “e-waste” a que mais resultou artigos 1486. Em seguida “e-waste + environmental impacts” com 108, “e-waste + economic

impacts” e “e-waste + social impacts” obtiveram 3 artigos cada.

Como o objetivo principal desse trabalho foi destacar os impactos sociais, ambientais e econômicos, resultantes do descarte incorreto do lixo eletrônico, os artigos encontrados na busca com o termo “e-waste”, foram descartados na análise bibliométrica, restando somente 114 artigos.

5.2 Análise dos impactos sociais, ambientais e econômicos

Como resultado deste trabalho, foram elaboradas as Figuras 6 e 7 onde foram expostos os problemas e impactos mais citados em referências nacionais e internacionais, com relação ao descarte incorreto dos REEE.

A Figura 6 mostra os principais problemas (P1, P2 e P3) no âmbito social; (P4, P5 e P6) no ambiental; e (P7, P8 e P9) no âmbito econômico, conforme a literatura.

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17 Figura 6 – Problemas e impactos mais citados na literatura

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 PROBLEMAS / IMPACTOS

Econômicos Exportação/importação ilegal/descarte indevido Doenças (Cancerígenas,neurológicas, renais) Métodos despadronizados de manipulação de REEE

Toxicidade da fumaça da queima de REEE Bio acumulação de resíduos químicos Sociais

Ambientais

Poluição atmosférica pelos gases tóxicos Poluição do lençol freático

Ausência de incentivo governamental/leis Obsolecência programada

Fonte: os autores (2017); com base na literatura

Com a lista de problemas identificados, foi elaborada a Figura 7, mostrando a quantidade de citações de problema/impacto em cada referência utilizada.

Figura 7 – Principais Impactos Ambientais, sociais e econômicos dos produtos eletroeletrônicos

P1 X X X X X X X X X X X X X X X 15 P2 X X X X X X X X X X X X X X X 15 P3 X X X X X X X X X X X X X 13 P4 X X X X X 5 P5 X X X X X X X X X X X X X 13 P6 X X X X X X X X X X X X X X 14 P7 X X X X X X X X X X X X X X 14 P8 X X X X X X 6 P9 X X X X X X X X X X X X X 13 TO TA L C H EN e t a l ¹ (2 0 1 0 ) C H EN e t a l ² (2 0 1 6 ) H IB B ER T (2 0 1 4 ) N A M IA S ( 2 0 1 3 ) Referências Internacionais Referências Nacionais d e O LI V EI R A ( 2 0 1 2 ) O LI V EI R A e t a l (2 0 1 6 ) Impactos Ambientais A B D I (2 0 1 3 ) P R A D O e t a l( 2 0 1 6 ) F ER R EI R A ( 2 0 0 8 ) M O I e t a l (2 0 0 1 ) B O LG EN H A G EN (2 0 1 6 ) M A TT O S e t a l (2 0 0 8 ) Impactos Sociais D a S il v a e t a l ( 2 0 1 5 ) Impactos Econômicos U M A IR e t a l (2 0 1 5 ) C O N C EP C IÓ N e t a l (2 0 1 6 ) A W A S TH I e t a l( 2 0 1 6 )

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18 Com base nas duas Figuras apresentadas anteriormente (Figuras 6 e 7) pode-se concluir que os impactos sociais são os mais citados na literatura, sendo um total de 43 citações.

O problema que mais afeta nessa vertente de impactos, são as doenças causadas pelo descarte incorreto dos REEE, citadas em quase todas as referências.

O problema ambiental mais citado, foi o P3, com 14 citações, referindo-se à poluição atmosférica resultante da emissão de gases tóxicos, devido à incineração dos REEE.

Na vertente econômica, observa-se que o problema P1, referente à exportação/importação indevida e o descarte incorreto dos REEE, é o mais lembrado pela literatura.

5.3 PSS para equipamentos eletroeletrônicos

A proposta de implementação do PSS como ciclo de vida dos produtos eletroeletrônicos, destaca a diferença do modelo atual de ciclo de vida dos produtos eletrônicos (o qual pode ser visto na seção 2.2 desse trabalho) e o modelo de proposta de PSS (BOLGENHAGEN, 2016). O modelo PSS visa a destinação adequada do lixo eletrônico, a fim de realizar o reaproveitamento das peças, a maximização da vida útil do produto e a redução do lixo eletrônico gerado. Para Bolgenhagen (2016), tal processo compreende todos os envolvidos: o fabricante, o cliente e as empresas que realizam campanhas de descarte correto do lixo eletrônico. Entretanto, há limitações e dificuldades para a implementação do PSS para a fabricação dos produtos, especificamente neste trabalho, para equipamentos eletroeletrônicos. Pesquisas já realizadas destacam que empresas que vendem e montam computadores desktops e notebooks vem demonstrando interesse pelo assunto mas destacam que há limitações (BOLGENHAGEN, 2016).

Portanto, é necessário o desenvolvimento de pesquisas que estimulem a implementação de PSS para este tipo de negócio, visando a melhoria contínua no ciclo de vida dos EEE e a redução de problemas ambientais, sociais e econômicos citados anteriormente rumo ao desenvolvimento sustentável.

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19 6. Conclusão

O design tem ampliado sua atuação para atender as demandas e necessidades do consumidor e do atual modelo de desenvolvimento produtivo no qual a redução dos resíduos sólidos é o objetivo principal para atendimento das novas políticas para a sustentabilidade. Entretanto, essa não é a atual realidade encontrada mundialmente no ramo dos eletroeletrônicos. Inovações tecnológicas e a obsolescência programada resultam em grande quantidade de resíduos sólidos descartados incorretamente Estes resíduos vem crescendo acentuadamente, conforme comentado neste trabalho.

Diariamente, milhares de toneladas de resíduos eletroeletrônicos são descartados ao final da sua vida útil em aterros sanitários, em países subdesenvolvidos. O descarte muitas vezes é realizado de forma incorreta e ilegal gerando riscos nos âmbitos ambientais, sociais e econômicos.

Esta pesquisa apresentou evidências mencionadas na literatura de que problemas ambientais e sociais estão associados ao descarte, incineração e manipulação incorretas do lixo eletrônico. O equilibrio entre os aspectos ambientais, sociais e econômicos são necessários para alcançar resultados satisfatórios visando o desenvolvimento sustentável e o PSS é uma oportunidade para a minimização destes problemas. Para ser considerado um PSS, projetistas e fabricantes desses produtos devem ser orientados a reduzir o conteúdo de material tóxico dos componentes dos produtos eletrônicos.

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Referências

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