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ARTE-EDUCADORES E EDUCAÇÃO MUSICAL: ANÁLISE DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MÚSICA NA REGIÃO DE GUARAPUAVA (PR)

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Academic year: 2021

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FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MÚSICA NA REGIÃO DE

GUARAPUAVA (PR)

GOMES, Érica Dias1 - UNICENTRO Grupo de Trabalho – Formação de professores e profissionalização docente Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Este trabalho é resultado parcial de pesquisa realizada na Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO) que, entre outros objetivos, visa refletir acerca da formação dos profissionais que estarão assumindo o ensino de música nas escolas, tendo em vista a lei 11.769/2008, que torna seu ensino obrigatório. A pesquisa teve como foco os arte-educadores, que assumem papel importante na região de Guarapuava, devido à grande demanda por profissionais da área. A etapa aqui apresentada foi realizada com base nas relações entre planejamento e prática referentes ao curso de graduação em Arte-Educação da UNICENTRO, bem como em tendências atuais que refletem sobre o ensino de arte na escola. Assim, foi realizada análise fundamentada pelo Projeto Pedagógico do curso e também pela atuação da pesquisadora enquanto docente, além de reflexão sobre a realidade do presente curso tendo em face ideias de dois autores: a proposta de Keith Swanwick para educação musical, bem como as ideias sobre educação estética, de João Francisco Duarte Jr. O modelo C(L)A(S)P, de Swanwick, defende o trabalho realizado de forma efetivamente musical, rejeitando abordagens que privilegiam excessivamente a técnica instrumental e também leitura e teoria musical. Complementando a ideia, Duarte Jr. defende a educação estética como meio do aluno se relacionar ativamente e se apropriar significativamente do conhecimento, em meio à supervalorização do aspecto cognitivo no meio educacional. O embasamento teórico dado por ambos os autores colaboram para a atuação do profissional que assume a educação musical nas escolas, assim como permite aos graduandos a vivência direta das ideias dos autores durante sua formação profissional.

Palavras-chave: Ensino de música. Arte-educação. Lei 11.769/2008.

1 Mestranda em Educação: Universidade do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO). Professora Colaboradora do Departamento de Arte-Educação da UNICENTRO/Guarapuava. E-mail: ericaunicentro@gmail.com.

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Introdução

Na última década, foram intensificadas as discussões em torno da educação musical nas escolas, tendo em vista a movimentação dos profissionais da área em prol da inserção da música no currículo escolar. A lei 11.769, aprovada em 2008 (BRASIL, 2008), tornou esse conteúdo obrigatório, o que deveria estar acontecendo efetivamente, devido ao fim do prazo de adaptação das escolas estipulado pela lei. Com a existência da lei, é necessário pensar nas suas implicações, tendo em vista que, a partir de agora, os educadores musicais tem a responsabilidade de mostrar aos alunos, às escolas, à sociedade, o papel da música na formação integral do indivíduo, e, se esse compromisso não for assumido, corre-se o risco de que mais uma vez sejam reforçados preconceitos e ideias simplistas e equivocadas a respeito deste ensino.

Em função disto, é necessário refletir acerca da formação dos profissionais que estarão assumindo esse papel, tendo em vista a diversidade nas formações possíveis para desempenhar esta função. Além dos professores com formação específica na área, podemos citar os pedagogos, os arte-educadores, os licenciados em educação artística com habilitações diversas e todos com formação em áreas afins. Esses profissionais são importantes agentes para a consolidação deste ensino, embora a relação com a música, proposta pelos currículos, geralmente seja bem heterogênea. Entretanto, estarão desempenhando papel de proporcionar aos alunos a exploração inicial do discurso musical e a sensibilização musical. A forma de inserção da música nos currículos dos diferentes cursos é importante, porém, também há o papel dos professores em buscarem alternativas para suprir essa demanda.

Assim sendo, este trabalho visa apresentar relações entre planejamento e prática referentes ao curso de graduação em Arte-Educação da UNICENTRO, bem como em tendências atuais que refletem sobre o ensino de arte na escola. Para isto, foi analisado o Projeto Pedagógico do curso, e colaborou também para a análise a atuação da pesquisadora enquanto docente. Os trabalhos de Keith Swanwick e de João Francisco Duarte Jr. forneceram subsídios para a análise, que buscar refletir sobre o papel do arte-educador enquanto educador musical nas escolas, tendo em vista sua formação e também as características do ensino de música voltado para o contexto escolar, que é diferenciado do ensino especializado, difundido por escolas de música no país.

Desta forma, verifica-se relação íntima entre os pensamentos dos autores estudados em relação à proposta do curso, sendo que este embasamento teórico colabora para a atuação do

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arte-educador enquanto professor de música nas escolas, assim como para a compreensão destas ideias, tendo em vista sua vivência direta durante a formação profissional.

Música na escola

A educação musical escolar no Brasil está em fase importante para sua consolidação, tendo em vista a obrigatoriedade deste ensino, que nunca teve representatividade na história da educação do país, exceto pela presença do Canto Orfeônico nas escolas, sob o comando de Villa-Lobos.

As concepções usualmente vigentes de aula de música e a própria expectativa em torno do tipo de música esperado no ensino formal são reflexo da história do ensino de música no Brasil, que mostra a predominância da educação tradicional, apesar de ter passado por outras fases. Pode-se dizer que, de maneira geral, sua trajetória deixou de herança na sociedade brasileira, a ideia de educação musical como algo supérfluo, dando a impressão de que sua presença na escola tem função somente de recreação ou de apresentações em datas festivas nos colégios.

Comumente, as pessoas também associam ensino de música ao ensino de instrumento musical, para aquisição de técnicas e habilidades específicas, e, associados a isso, o conhecimento de leitura e teoria musical. Entretanto, a aula de música no contexto escolar deveria ir além da aprendizagem técnica e instrumental, não se limitando a atividades recreativas, ou ainda, a ensaios repetitivos e com único propósito de apresentação (CUNHA; GOMES, 2012). Aprender teoria e leitura musical é importante para desenvolver o conhecimento musical, pois representam ferramentas que podem contribuir na interpretação, na reflexão, e na criação artística. Porém, sozinhas e desconectadas do fazer musical, acabam perdendo muito do seu valor. Muitas vezes são ensinadas como lições a serem memorizadas, sem proporcionar vivências das relações dos conceitos e dos símbolos com a sua concretização na música (MARTINS, 1985). O fazer musical escolar deve permitir aos alunos o desenvolvimento da expressão musical como um todo, introduzindo os conteúdos e também abordando as funções da música na sociedade, sob os aspectos histórico e cultural (SOUZA, 2000).

Além disso, muitos pensam que a música ensinada deve ser somente um tipo de música, aquele concebido segundo padrões de referência anteriores relacionados a essa própria ideia de aula de música. Para alguns, o tipo de música que a mídia veicula, para

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outros, a música erudita herdada pela tradição cultural europeia. Em ambos os casos, há predominância do sistema tonal para construção musical, padrão estético vigente no período de prática comum, que representa, basicamente, o período do barroco até o início do século XX. No ensino escolar, basear-se exclusivamente em um referencial, seja a música erudita europeia, ou a música midiática, é contribuir para que o aluno não explore diferentes formas de expressão humana por meio desta arte e, portanto, é fundamental não se limitar a estes repertórios (embora também sejam importantes), mas sim colaborar para uma ampliação do universo musical dos alunos.

Formação dos educadores musicais

A formação do profissional que está assumindo a tarefa de lecionar música é preocupação urgente na consolidação da educação musical escolar. Neste ponto, há muita discussão em torno da especificidade de formação adequada a este fim, tendo em vista o empenho da classe em torno da aprovação da Lei 11.769, assim como do anseio com relação à consolidação deste ensino nas escolas.

O projeto de lei que deu origem à lei, em seu Artigo 2, restringia esse ensino aos “professores com formação específica na área”, o que foi vetado, segundo justificativa oficial, por dois motivos (BRASIL, 2008). O primeiro diz respeito à inexistência de pré-requisito de formação específica na área para ministrar aulas de determinada disciplina, fato importante a ser lembrado tendo em vista o contexto regional da escola em questão, e a heterogeneidade que o país apresenta, em termos de formação – número insuficiente para suprir a demanda - e distribuição dos profissionais – concentrados nos grandes centros. O segundo motivo do veto se refere ao significado desta formação específica, e, segundo a justificativa, deve-se considerar que “a música é uma prática social e que no Brasil existem diversos profissionais atuantes nessa área sem formação acadêmica ou oficial em música e que são reconhecidos nacionalmente”. Assim, os profissionais atuantes, porém, amadores, não seriam considerados opção para ocupar este papel. Entretanto, apesar da música estar presente no cotidiano, não podemos ignorar a formação do professor que irá atuar na escola. Músicos práticos, sem formação, têm sua importância e capacidade, porém, existem casos como este em diversas profissões. Assim, ter esta abertura somente no caso dos músicos representa a própria visão da música como supérflua, refletindo a hierarquia entre saberes presente na sociedade (GOMES, 2012).

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A partir destas considerações, podemos lançar um olhar sobre o papel do Arte-Educador como um dos profissionais a assumir esta responsabilidade. Sua formação o prepara para assumir a disciplina de Arte nas escolas, a qual o conteúdo música provavelmente estará vinculado, visto que a Lei 11.769 não prevê necessariamente a criação da disciplina música, mas sim a obrigatoriedade de ser trabalhado seu conteúdo. Esse profissional, tendo consciência de seu papel, pode contribuir não só pela valorização do ensino da música em si, mas acima de tudo pela valorização do ensino da Arte, e da formação do entendimento de um ensino que não seja focado apenas em habilidades técnicas específicas, mas sim, na compreensão global do discurso musical e da arte, no desenvolvimento integral do aluno, desenvolvendo seu lado crítico e reflexivo, tornando-o mais sensível, mais consciente, passando a utilizar-se desse conhecimento para compreender melhor o ambiente que o rodeia.

O arte-educador e a música

O curso de Arte-Educação da UNICENTRO forma profissionais habilitados a assumir o ensino de arte nas escolas, com entendimento não só de música, como também de arte, de maneira a não priorizar técnicas específicas, mas sim a formação integral, o que indica seu importante papel na consolidação do ensino de música na região. Analisando o Projeto Pedagógico vigente, de agosto de 2005, e também o projeto para sua atualização (2011), em relação ao do ensino de arte, podemos analisar características do curso:

Neste contexto, a concepção da arte deve ser considerada como atividade complexa, historicamente situada, que, impulsionada pela subjetividade, é objetivada pela razão, envolvendo as várias dimensões humanas – social, cognitiva, afetiva e motora, exige um referencial de análise que considere todas estas dimensões, presentes no homem de forma integrada, tanto no processo de produção como no de fruição da obra de arte (UNICENTRO, 2005, p. 21).

O documento ainda justifica sua estrutura em função do desenvolvimento integral, em “suas multiplicidades de competências estéticas em suas diferentes dimensões conceituais, procedimentais ou atitudinais” (UNICENTRO, 2005, p. 22). A partir de sua análise, percebemos, portanto, a coerência deste com uma proposta de formação de música diferenciada daquela voltada para o ensino especializado, tendo olhar para uma compreensão do discurso musical nas suas relações com o meio cultural, promovendo reflexão crítica acerca do indivíduo, do meio em que vive e das relações socais, o que permite melhor entendimento da relação humana com seu meio em diferentes contextos.

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Pensando na proposta do curso, podemos relacionar princípios que o norteiam, que encontram ressonância em abordagens pedagógicas contemporâneas, tanto no âmbito da música, como da arte em geral. Pensando no potencial da música como meio de proporcionar a educação do sensível na escola, pode-se ressaltar que, para que este ensino alcance seus objetivos na escola, não deve ser pormenorizado de forma a fragmentar o conhecimento musical, ou seja, todo conteúdo deve ser trabalhado pensando no todo musical, e trabalhado de forma musical. Sobre este aspecto, podemos citar um dos mais importantes referenciais teóricos da educação musical da atualidade: Keith Swanwick. O autor, apesar da origem inglesa, aborda problemas e aponta para princípios que deveriam nortear o ensino de música em contraposição a uma postura que vem predominando em vários países, sendo que podemos inserir o Brasil nesta realidade. Swanwick (1993, 2003) ressalta três princípios fundamentais para nortear o trabalho musical no ensino de música: manter a fluência musical, ou seja, não “dissecar” o acontecimento musical de forma a se perder a noção do todo; respeitar a bagagem cultural do aluno, aproveitando o que ele já conhece de música; e, por fim, proporcionar o fazer musical direto.

Os princípios dizem respeito a características que precisam ser superadas no ensino tradicional. Uma das críticas feitas a este ensino está o enfoque demasiado em técnicas instrumentais, e na compreensão de conceitos, priorizando abordagem desconectada do acontecimento musical. Podemos exemplificar aulas de instrumento musical que seguem ordem rígida, iniciando sempre com trabalho de escalas e exercícios de técnica. Este trabalho muitas vezes é conduzido de forma mecânica e repetitiva, sem ênfase no resultado sonoro obtido, por exemplo, ou sem explorar diferentes modos de tocar. Da mesma forma, muitos professores ainda trabalham teoria musical sem explicar os conceitos inseridos em obras musicais, o que pode deixar o aluno sem compreensão da relação dos mesmos com sua prática. Desta forma, o terceiro princípio de Swanwick contesta esse aspecto desconectado entre o conhecimento sobre música, e a música em si.

Ainda a respeito do fazer musical direto, podemos estabelecer semelhanças com o pensamento de João Francisco Duarte Jr, autor que defende a importância da educação do sensível na contemporaneidade, não só no âmbito das artes, mas da educação como um todo (DUARTE JR., 1988, 2010). O autor aponta para a necessidade da presença da simbolização e da vivência de forma interdependente na educação. Ao conceituar sem ter a referência na

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experiência, é mais difícil para o aluno estabelecer relações entre os dois tipos de conhecimento (relacionado ao cognitivo ou ao sentimento).

Por um lado, Swanwick defende o trabalho realizado, sobretudo, de forma musical, rejeitando abordagens que privilegiam excessivamente a técnica instrumental e também leitura e teoria musical, isto é, superestimando o processo de simbolização ao da experiência musical em si. De forma a reforçar as ideias de Swanwick, Duarte Jr. defende a educação do sensível, que é particularmente potencializada no ensino de arte, como forma do aluno se relacionar ativamente e se apropriar de forma efetiva do conhecimento, em meio à supervalorização do aspecto cognitivo que tem sido a postura vigente durante a história da educação. Considerando a importância do ensino de arte na escola ser realizado de modo a privilegiar a compreensão do todo artístico, e não da sua fragmentação, podemos dizer que esses dois teóricos são importantes no sentido de reforçar os objetivos do curso de Arte-Educação da UNICENTRO.

O papel do arte-educador

Em se tratando da região de Guarapuava (PR), os arte-educadores se consolidam como os principais agentes a assumir o conteúdo de música nas escolas, pela escassez de profissionais formados especificamente em música, sendo, assim, importantes para que a educação musical se concretize e fortaleça.

Devido ao caráter do curso, que não busca aprimoramento técnico em cada área, o arte-educador, durante a graduação, não obtém subsídios para um aprofundamento mais específico. Assim, o profissional deve ter clareza sobre o papel da música na escola, buscando ferramentas que o auxiliem na sua formação, que não tem como objetivo o ensino específico de música no que se refere a habilidades específicas e técnica instrumental. Assim sendo, as ideias de Swanwick podem ser base para um entendimento do papel do ensino de música voltado para estes formadores.

Em termos do trabalho que envolva tanto a simbolização quanto a vivência na música, Keith Swanwick desenvolveu um modelo para orientar esse trabalho, organizando suas ideias e visões a respeito da educação musical de forma a contribuir para a defesa dos seus princípios: o modelo C(L)A(S)P. Neste modelo estariam presentes trabalhos que envolvem composição, literatura, apreciação, técnica e performance. Composição, apreciação e performance representariam os pilares da educação musical, com destaque para a composição.

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Literatura seria o conhecimento sobre música (por exemplo, teoria e leitura musical), e técnica, as habilidades específicas de cada modalidade musical. Ambas são consideradas importantes, embora não devam ser a razão do ensino de música (FRANÇA; SWANWICK, 2002).

O ensino de música na formação dos arte-educadores precisa desta integração, com objetivo de compreender melhor o fenômeno musical como todo, e de forma a proporcionar vivências que explorem a integração de sujeitos com experiências distintas. No modelo proposto por Swanwick (FRANÇA; SWANWICK, 2002), a composição musical é meio importante neste sentido, e não deve ser compreendida como algo voltado para a formação de compositores, mas sim, para a compreensão de meios de se organizar o material musical. Para isto, deve-se desmitificar e ampliar a visão de composição, que pode englobar desde processos iniciais de experimentação até projetos mais elaborados, o que é realizado em forma de grupos, em geral. Neste curso de graduação, os estudantes apresentam diversos níveis de conhecimento musical, e, com esta abordagem, é possível formar grupos heterogêneos, em que todos os participantes colaborem com suas experiências prévias. Swanwick defende que a composição seja o principal fazer musical, por envolver a manipulação direta dos materiais, sendo que, por meio deste, os outros também são trabalhados. Integrados à composição, apreciação e performance devem ser trabalhados para desenvolvimento da musicalidade. Performance não envolve somente a ideia de tocar um instrumento ou cantar, na perspectiva de apresentação, mas sim, como o explorar que envolve o tocar, ou seja, manipular as fontes sonoras de modo a se chegar a diferentes resultados sonoros. Durante o curso, a técnica instrumental não é o foco, mas a experimentação e manipulação de objetos sonoros faz parte da aprendizagem, dando suporte a este fazer musical. Já apreciação não se limita somente à escuta, mas sim, a escuta comprometida e ativa, que envolva os alunos de forma direta. Todo estudo sobre música é importante para a formação do arte-educador, desde que trabalhado musicalmente. As técnicas específicas também acabam fazendo parte, embora com menos enfoque, na medida em que os estudantes se confrontam com o fazer musical ligado à composição e à performance.

Assim sendo, podemos dizer que, o modelo defendido por Swanwick para educação musical, principalmente voltado para o ensino escolar, também se aplica para os graduandos em arte-educação, visto que o desenvolvimento da musicalidade é base para todo nível de ensino musical. Com isto, os acadêmicos vivenciam, durante sua trajetória de formação

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profissional, experiências que promovem o conhecimento musical que levam em conta, entre outras influências, as ideias de Swanwick, teórico por eles estudado também para embasar sua futura ação docente nas escolas.

Considerações finais

Por meio dos apontamentos realizados, pode-se concluir que a abordagem realizada ao longo do curso, expressa na proposta pedagógica do curso de Arte-Educação da UNICENTRO, condiz com ideias em voga nas pesquisas em educação musical e ensino de arte. A fundamentação teórica para a presença da arte e, especificamente, da música nas escolas, defendidas por Keith Swanwick e João Francisco Duarte Jr. reforçam o caráter do curso, voltado para a compreensão global do fenômeno artístico, em contraponto à abordagem tradicional deste ensino na história da educação.

A experiência direta com a obra, o contato direto com o discurso musical, deve estar presente na educação musical, além da teorização, para apreensão melhor dos conceitos e compreensão desta forma simbólica. A abordagem tradicional, focada na simbolização, com destaque para técnica instrumental e aprendizagem da leitura e da teoria musical não são suficientes, nem devem ser a razão do ensino de música não especializado. Desta forma, o embasamento teórico dado por ambos os autores colaboram para a atuação do arte-educador, enquanto professor a assumir o conteúdo de música nas escolas, além de permitir aos graduandos a vivência direta das ideias dos autores durante sua formação profissional.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei 11.769, de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 19 ago. 2008. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11769.htm. Acesso em: 20 abr 2013.

CUNHA, D. S. S.; GOMES, E. D. Música na escola? Reflexões e possibilidades. Guarapuava: Ed. da Unicentro, 2012.

DUARTE JR, J. F. A montanha e o videogame: escritos sobre educação. Campinas: Papirus, 2010.

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FRANÇA, C. C.; SWANWICK, K. Composição, apreciação e performance na educação musical: teoria, pesquisa e prática. Em Pauta. Porto Alegre, v.13, n. 21, p. 5-41, dez 2002. GOMES, E. D. O pedagogo e a educação musical: reflexões sobre a obrigatoriedade da música nos currículos escolares. In: III SEPED Semana de estudos do curso de Pedagogia de Irati, 2012, Irati, Paraná. Anais da Semana de Estudos do curso de Pedagogia. Irati, 2012. MARTINS, R. Educação Musical: conceitos e preconceitos. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1985.

SOUZA, J. (Org.). Música, cotidiano e educação. Porto Alegre: Programa de Pós-graduação em música da UFRGS, 2000.

SWANWICK, K. Ensinando música musicalmente. São Paulo: Moderna, 2003.

______. Permanecendo fiel à música na educação musical. In: Encontro Nacional da ABEM, 2, 1993, Porto Alegre. Anais do II Encontro Nacional da ABEM. Porto Alegre: ABEM, 1993. p. 19-32.

UNICENTRO. Processo de reconhecimento do curso de Arte-Educação. Projeto Pedagógico. Aprovado pela Resolução n. 055/2005. Guarapuava: UNICENTRO, 2005.

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