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MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL FORÇA AÉREA COMANDO DE PESSOAL CONCURSO DE ADMISSÃO AO CFS/QP 2015/16 PROVA DE PORTUGUÊS

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PAC_PORT_2   Página  1   MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL

F O R Ç A A É R E A C O M A N D O D E P E S S O A L D I R E Ç Ã O D E I N S T R U Ç Ã O C E N T R O D E F O R M A Ç Ã O M I L I T A R E T É C N I C A CONCURSO DE ADMISSÃO AO CFS/QP 2015/16 PROVA DE PORTUGUÊS

LEIA ATENTAMENTE AS SEGUINTES INSTRUÇÕES

1. Na folha de respostas, preencha a sua identificação somente no destacável. O não cumprimento deste ponto implica a anulação da prova;

2. Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta indelével azul ou preta e não é permitido o uso de dicionário;

3. A prova é constituída por questões de escolha múltipla, por questões de associação / correspondência, por uma dissertação e tem a cotação máxima de 20 valores. As cotações de cada uma das questões e da dissertação estão indicadas no final da última folha;

4. Para responder às questões de escolha múltipla, escreva, na folha de respostas, a letra que identifica a única opção correta, colocando um “X” na alínea correta. Não é permitido o uso de corretor. Se necessitar de alterar a resposta, preencha todo o quadrado e coloque o “X” na correta; 5. Para responder às questões de associação/correspondência, escreva, na folha de respostas o

número que identifica cada elemento da coluna A e a letra que identifica o único elemento da coluna B que lhe corresponde;

6. Leia cuidadosamente o texto e certifique-se que percebeu a pergunta antes de responder; 7. O tempo total da prova é de 1 hora e 45 minutos, com 15 minutos de tolerância;

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PAC_PORT_2   Página  2   Grupo I

Parte A

Leia atentamente o seguinte texto:

5 10 15 20 25 30

Nove anos procurou Blimunda. Começou por contar as estações, depois perdeu-lhes o sentido. Nos primeiros tempos calculava as léguas que andava por dia, quatro, cinco, às vezes seis, mas depois confundiram-se-lhe os números, não tardou que o espaço e o tempo deixassem de ter significado , tudo se media em manhã, tarde, noite, chuva, soalheira, granizo, névoa e nevoeiro, caminho bom, caminho mau, encosta de subir, encosta de descer, planície, montanha, praia do mar, ribeira de rios, e rostos, milhares e milhares de rostos, rostos sem número que os dissesse (...).

Milhares de léguas andou Blimunda, quase sempre descalça.(…) Em dois anos, foi das praias e das arribas do oceano à fronteira, depois recomeçou a procurar por outros lugares, por outros caminhos, e andando e buscando veio a descobrir como é pequeno este país onde nasceu, Já aqui estive, já aqui passei, e dava com rostos que reconhecia, Não se lembra de mim, chamavam-me Voadora, Ah, bem chamavam-me lembro, então achou o hochamavam-mem que procurava, O chamavam-meu hochamavam-mem, Sim, esse, Não achei, Ai pobrezinha, Ele não terá aparecido por aqui depois de eu ter passado, Não, não apareceu, nem nunca ouvi falar dele por estes arredores, Então cá vou, até um dia, Boa viagem, Se o encontrar.

Encontrou-o. Seis vezes passara por Lisboa, esta era a sétima. Vinha do sul, dos lados de Pegões. Atravessou o rio, quase noite, na última barca que aproveitava a maré. Não comia há quase vinte e quatro horas.Trazia algum alimento no alforge, mas, de cada vez que ia levá-lo à boca, parecia que sobre a sua mão outra mão se pousava, e uma voz lhe dizia, Não comas, que o tempo é chegado. Sob as águas escuras do rio, via passar os peixes a grande profundidade, cardumes de cristal e prata, longos dorsos escamosos ou lisos. A luz interior das casas coava-se através das paredes, difusa como um farol no nevoeiro. Meteu-se pela Rua Nova dos Ferros, virou para a direita na igreja de Nossa Senhora da Oliveira, em direcção ao Rossio, repetia um itinerário de há vinte e oito anos. Caminhava no meio de fantasmas, de neblinas que eram gente. Entre os mil cheiros fétidos da cidade, a aragem nocturna trouxe-lhe o da carne queimada. Havia multidão em S. Domingos, archotes, fumo negro, fogueiras. Abriu caminho, chegou-se às filas da frente, Quem são, perguntou a uma mulher que levava uma criança ao colo, De três sei eu, aquele além e aquela são pai e filha que vieram por culpas de judaísmo, e o outro, o da ponta, é um que fazia comédias de bonifrates e se chamava António José da Silva, dos mais não ouvi falar.

São onze os supliciados. A queima já vai adiantada, os rostos mal se distinguem. Naquele extremo arde um homem a quem falta a mão esquerda. Talvez por ter a barba enegrecida, prodígio cosmético da fuligem, parece mais novo. E uma nuvem fechada está no centro do seu corpo. Então

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PAC_PORT_2   Página  3   Blimunda disse, Vem. Desprendeu-se a vontade de Baltasar Sete-Sóis, mas não subiu para as estrelas, se à Terra pertencia e a Blimunda.

José Saramago, Memorial do Convento, 32.ª ed., Ed. Caminho, 2000, p 355 .

Após a leitura atenta do excerto, selecione a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.

1. Na frase “tudo se media em manhã, tarde, noite, chuva, soalheira, granizo, (...), rostos”; o narrador utiliza uma:

(A) metáfora. (B) imagem. (C) anáfora. (D) enumeração.

2. Nesta passagem, associado à peregrinação incessante de Blimunda, surge um número que segundo o Dicionário dos Símbolos de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, é o número «das buscas frutíferas e simboliza o coroamento dos esforços, o concluir duma criação»; esse número é:

(A) o número sete. (B) o número nove. (C) o número onze. (D) o número seis.

3. A frase “(…) repetia um itinerário de há vinte e oito anos.” (linha 22) encerra uma referência: (A) temporal ao momento em que Blimunda reencontra Baltasar.

(B) espacial a S. Domingos onde Baltasar é executado num auto-de-fé. (C) temporal ao dia em que Blimunda conheceu Baltasar.

(D) espacial a S. Domingos onde a mãe de Blimunda foi executada num auto-de-fé. 4. Neste excerto a verdade histórica está presente:

(A) na menção dos onze supliciados no auto-de-fé. (B) na alusão a S. Domingos.

(C) na referência a António José da Silva. (D) na demanda de Blimunda.

(4)

PAC_PORT_2   Página  4   5. A frase “Não comas, que o tempo é chegado.”(linha 18), remete para a importância do jejum que permite a Blimunda

(A) encontrar Baltasar depois de nove anos à procura. (B) recolher o espírito de Baltasar.

(C) guiar-se no itinerário que a conduz ao encontro de Baltasar. (D) distinguir Baltasar no meio dos supliciados.

Parte B

Leia atentamente o poema seguinte:

5

10

15

20

O menino de sua mãe No plaino abandonado Que a morna brisa aquece, De balas trespassado- Duas, de lado a lado-, Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue. De braços estendidos, Alvo, louro, exangue, Fita com olhar langue E cego os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era! (agora que idade tem?) Filho unico, a mãe lhe dera Um nome e o mantivera: «O menino de sua mãe.»

Caiu-lhe da algibeira A cigarreira breve.

Dera-lhe a mãe. Está inteira E boa a cigarreira.

(5)

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30

De outra algibeira, alada Ponta a roçar o solo, A brancura embainhada

De um lenço… deu-lho a criada Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece: “Que volte cedo, e bem!” (Malhas que o Império tece!) Jaz morto e apodrece

O menino da sua mãe

Fernando Pessoa, in Poesias - Ortónimo, Porto editora, 2010.

Após a leitura atenta do poema, selecione a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.

1. O poema divide-se em três partes, sendo que a primeira parte:

(A) corresponde às três primeiras quintilhas onde se verifica uma intermitência entre o presente e o passado.

(B) corresponde às duas primeiras quintilhas onde é feita a descrição realista do cenário. (C) corresponde à duas primeiras quintilhas onde se regista um discurso emotivo.

(D) corresponde à primeira quintilha onde se destaca o contraste entre o soldado e a planície. 2. O recurso estilístico presente na expressão “A cigarreira breve” (verso 17) é:

(A) a hipálage. (B) a metáfora. (C) a imagem. (D) a perífrase.

3. O contraste entre a angústia da morte e a felicidade junto da família é evidenciado: (A) pela simbologia da cigarreira e do lenço que o soldado conserva consigo. (B) na adjectivação descritiva forte usada ao longo de todo o poema.

(C) através do surgimento das figuras da mãe e da criada.

(6)

PAC_PORT_2   Página  6   4. Na quarta estrofe o adjetivo «breve» (verso 17) e a expressão «Está inteira» (verso 18) significam que:

(A) existe uma separação entre o jovem soldado e a mãe, ele morre mas ela permanece. (B) o jovem soldado morreu prematuramente.

(C) foi breve a morte do jovem soldado e o seu corpo ainda permanece intacto. (D) o jovem soldado teve uma vida plena e boa junto da família.

5. Na última estrofe, no verso “(Malhas que o Império tece!)” o poeta: (A) remete para o surgimento de um terceiro espaço de ação: o império.

(B) faz uma analogia entre a prece da família e a do império em relação ao soldado. (C) aponta subtilmente a causa que está por detrás da morte prematura do soldado. (D) conforma-se com a inevitabilidade da perda de vidas na expansão do império.

Grupo II

Leia o texto seguinte:

5

10

15

Conheci o meu mestre Caeiro em circunstâncias excepcionais — como todas as circunstâncias da vida, e sobretudo as que, não sendo nada em si mesmas, hão-de vir a ser tudo nos resultados.

Deixei em quase três quartos o meu curso escocês de engenharia naval; parti numa viagem ao Oriente; no regresso, desembarcando em Marselha, e sentindo um grande tédio de seguir, vim por terra até Lisboa. (…)

Vejo ainda, com claridade da alma, que as lágrimas da lembrança não empanam, porque a visão não é externa... Vejo-o diante de mim, vê-lo-ei talvez eternamente como primeiro o vi. Primeiro, os olhos azuis de criança que não têm medo; depois, os malares já um pouco salientes, a cor um pouco pálida, e o estranho ar grego, que vinha de dentro e era uma calma, e não de fora, porque não era expressão nem feições. O cabelo, quase abundante, era louro, mas, se faltava luz, acastanhava-se. A estatura era média, tendendo para mais alta, mas curvada, sem ombros altos. O gesto era branco, o sorriso era como era, a voz era igual, lançada num tom de quem não procura senão dizer o que está dizendo-nem alta, nem baixa, clara, livre de intenções, de hesitações, de timidezas. O olhar azul não

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sabia deixar de fitar.  (…) A expressão da boca, a última coisa em que se reparava — como se falar fosse, para este homem, menos que existir — era a de um sorriso como o que se atribui em verso às coisas inanimadas belas, só porque nos agradam — flores, campos largos, águas com sol — um sorriso de existir, e não de nos falar.

Meu mestre, meu mestre, perdido tão cedo! Revejo-o na sombra que sou em mim, na memória que conservo do que sou de morto...

Foi durante a nossa primeira conversa. Como foi não sei, e ele disse: «Está aqui um rapaz Ricardo Reis que há-de gostar de conhecer: ele é muito diferente de si». E depois acrescentou, «tudo é diferente de nós, e por isso é que tudo existe».

Esta frase, dita como se fosse um axioma da terra, seduziu-me com um abalo, como o de todas as primeiras posses, que me entrou nos alicerces da alma. Mas, ao contrário da sedução material, o efeito em mim foi de receber de repente, em todas as minhas sensações, uma virgindade que não tinha tido.

Álvaro de Campos, Notas para a recordação do meu mestre Caeiro, (extrato publicado na Presença, n.º 30, janeiro-fevereiro de 1931)

1. Selecione, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.

1.1. Na expressão “Deixei em quase três quartos o meu curso (…).” (linha 4), “meu” assinala uma deixis:

(A) temporal. (B) pessoal. (C) espacial. (D) textual.

1.2. A oração sublinhada na sequência “Primeiro, os olhos azuis de criança que não têm medo;” (linhas 9 e 10), é uma:

(A) oração subordinada completiva.

(B) oração subordinada adjetiva relativa explicativa. (C) oração subordinada adjetiva relativa restritiva. (D) oração subordinada adverbial causal.

(8)

PAC_PORT_2   Página  8   1.3. Na frase “ – como se falar fosse, para este homem, menos que existir ” (linha 18), o verbo sublinhado encontra-se no:

(A) futuro do pretérito do indicativo. (B) pretérito imperfeito do conjuntivo. (C) futuro do conjuntivo.

(D) pretérito mais-que-perfeito do indicativo.

1.4. O vocábulo “que” na expressão “uma virgindade que não tinha tido” (linha 31) é (A) um pronome relativo

(B) um pronome demonstrativo.

(C) uma conjunção subordinativa completiva. (D) uma conjunção subordinativa causal.

1.5. Na frase “Meu Mestre, meu mestre, perdido tão cedo!” (linha 22) a expressão sublinhada desempenha a função sintática de

(A) predicativo do sujeito. (B) sujeito.

(C) modificador do nome. (D) vocativo.

2. Faça corresponder as palavras da coluna A aos seus sinónimos que se encontram na coluna B. Selecione, na folha de respostas, a letra que identifica a única opção correta. Utilize cada letra apenas uma vez.

COLUNA A COLUNA B 2.1. “empanam” (linha 8) 2.2. “abundante” (linha 12) 2.3. “fitar” (linha 17) 2.4. “axioma” (linha 28) 2.5. “abalo” (linha 29) (a) comoção (b) descobrem (c) contemplar (d) embirrar (e) sentença (f) farto (g) teorema (h) encobrem

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PAC_PORT_2   Página  9   Grupo III

Eles não sabem, nem sonham, que o sonho comanda a vida. Que sempre que um homem sonha o mundo pula e avança

como bola colorida

entre as mãos de uma criança.

António Gedeão, Pedra Filosofal, E. João Sá da Costa

Num texto bem estruturado, com um mínimo de cento e cinquenta e um máximo de duzentas palavras, desenvolva uma reflexão sobre o papel do sonho na vida do ser humano, partindo da perspetiva apresentada por António Gedeão nos versos acima transcritos.

Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2015/).

2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – cento e cinquenta e um máximo de duzentas –, há que atender ao seguinte:

– a um texto com extensão inferior a oitenta palavras ou extensão superior a duzentas e cinquenta palavras é atribuída a classificação de zero pontos;

– nos outros casos, um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido.  

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PAC_PORT_2   Página  10   Cotações Grupo I Parte A 1. 10 pontos 2. 10 pontos 3. 10 pontos 4. 10 pontos 5. 10 pontos Parte B 1. 10 pontos 2. 10 pontos 3. 10 pontos 4. 10 pontos 5. 10 pontos 100 pontos Grupo II 1.1 5 pontos 1.2. 5 pontos 1.3. 5 pontos 1.4. 5 pontos 1.5. 5 pontos 2.1. 5 pontos 2.2. 5 pontos 2.3. 5 pontos 2.4. 5 pontos 2.5. 5 pontos 50 pontos Grupo III

Estruturação temática e discursiva Correção linguística 30 pontos 20 pontos 50 pontos TOTAL 200 pontos --- FIM ---

Referências

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