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Estudo do teorema de Lagrange e aplicações em problemas de otimização

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MAYCON HENRIQUE DE SOUZA

ESTUDO DO TEOREMA DE LAGRANGE E APLICAÇÕES EM PROBLEMAS

DE OTIMIZAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CORNÉLIO PROCÓPIO 2019

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ESTUDO DO TEOREMA DE LAGRANGE E APLICAÇÕES EM PROBLEMAS

DE OTIMIZAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação, apresentado à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso 2, do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Tecnológica Federal do Paraná — UTFPR, como requisito parcial para a obtenção do título de Li-cenciado em Matemática.

Orientador: Profa. Me. Cristiane Apa-recida Pendeza Martinez

CORNÉLIO PROCÓPIO 2019

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Diretoria de Graduação Departamento de Matemática Curso de Licenciatura em Matemática

FOLHA DE APROVAÇÃO

BANCA EXAMINADORA

Profa. Me. Cristiane Aparecida Pendeza Martinez (Orientador)

Prof. Dr. André Luís Machado Martinez

Profa. Dra. Glaucia Maria Bressan

“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”

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SOUZA, Maycon Henrique de.Estudo do Teorema de Lagrange e Aplicações em Problemas de Otimização. 2019. 63 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Licenciatura em

Matemática. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Cornélio Procópio, 2019

No estudo de problemas de otimização com restrições de igualdade, o método dos multipli-cadores de Lagrange permite que sejam determinados máximos ou mínimos de uma função, respeitando restrições de igualdade. Para isso, apresentam-se os conceitos de análise noRn, tais como métricas, normas, conjuntos abertos, fechados e compactos, funções contínuas, limites e derivadas de funções deRn → Rm, bem como os principais resultados sobre esses conceitos e suas inter-relações, até chegar no método dos multiplicadores de Lagrange. Por fim, são apresentadas aplicações dos multiplicadores de Lagrange na otimização de funções.

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SOUZA, Maycon Henrique de.Study of Lagrange Theorem and Applications in Optimization Problems. 2019. 63 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Licenciatura em

Matemática. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Cornélio Procópio, 2019

In the study of optimization problems with equality constraints, the Lagrange multipliers method allows the maximum or minimum of a function, to be determined while respecting equality constraints. For this, we present the concepts of analysis inRn, such as metrics, norms, open sets, closed and compact sets, continuous functions, limits and derivatives ofRn functions in Rm, as well as the main results about these concepts and their interactions, until you reach the Lagrange multiplier method. Finally, applications of the Lagrange multipliers are presented in the optimization of functions.

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1 INTRODUÇÃO . . . . 11 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO . . . 11 1.2 OBJETIVOS . . . 12 1.2.1 Gerais . . . 12 1.2.2 Específicos . . . 12 1.3 JUSTIFICATIVA . . . 12 1.4 ORGANIZAÇÃO DOTRABALHO . . . 12 2 MÉTRICAS E NORMAS . . . . 13 2.1 NORMAS EMRn . . . 14

2.1.1 Espaços Vetoriais de Polinômios . . . 19

2.1.2 Espaços Vetoriais de Matrizes . . . 20

2.1.3 Espaços Vetoriais de Funções Contínuas . . . 22

3 TOPOLOGIA DOS ESPAÇOS NORMADOS . . . . 25

3.1 CONJUNTOSCOMPACTOS. . . 27

3.2 CONJUNTOSCOMPACTOS DERn . . . 29

3.3 SEQUÊNCIAS EMESPAÇOSVETORIAIS . . . 32

3.4 SEQUÊNCIAS DE CAUCHY. . . 35

3.5 SEQUÊNCIAS EMRn . . . 36

4 LIMITES E CONTINUIDADE . . . . 39

4.1 FUNÇÕES CONTÍNUAS . . . 41

4.2 FUNÇÕES CONTÍNUAS ECOMPACTOS . . . 42

4.3 FUNÇÕES CONTÍNUAS ECONJUNTOS CONEXOS . . . 43

4.4 CONJUNTOSCONVEXOS EFUNÇÕES CONVEXAS . . . 43

4.5 CONTINUIDADE UNIFORME . . . 44

4.6 O TEOREMA DO PONTO FIXO DEBANACH . . . 45

5 FUNÇÕES DIFERENCIÁVEIS . . . . 47

5.1 DERIVADASDIRECIONAIS . . . 47

5.2 FUNÇÕES DIFERENCIÁVEIS . . . 47

5.3 O VETORGRADIENTE . . . 48

5.4 REGRASBÁSICAS DE DERIVAÇÃO . . . 48

5.5 A MATRIZJACOBIANA . . . 48

5.6 A REGRA DA CADEIA . . . 49

5.7 O TEOREMA DO VALORMÉDIO . . . 49

5.8 O TEOREMA DA FUNÇÃO INVERSA . . . 49

6 MULTIPLICADORES DE LAGRANGE . . . . 51

7 APLICAÇÃO . . . . 53

8 CONCLUSÃO . . . . 61

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(13)

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

A análise matemática, ou simplesmente análise, lida com conceitos introduzidos pelo cálculo diferencial e integral, medidas, limites, séries infinitas e funções analíticas. Segundo Jahnke (2003), a análise surgiu do estudo dos números e funções reais, mas sua abrangência cresceu, de forma a estudar os números complexos, bem como espaços mais gerais, tais como os espaços métricos, espaços normados e os espaços lineares topológicos (ELT).

A análise foi desenvolvida formalmente no século XVII, durante a Revolução Científica, mas muitas das suas ideias remontam aos matemáticos de tempos anteriores. Os primeiros resultados em análise estiveram implicitamente presentes nos primórdios da matemática grega antiga. Mais tarde, matemáticos gregos tais como Eudoxo e Arquimedes fizeram uso mais explícito, mas informal, dos conceitos de limite e convergência, quando usaram o método da exaustão para calcular áreas e volumes de regiões e sólidos. O primeiro uso explícito de infinitesimais aparece na obra "O Método dos Teoremas Mecânicos", de Arquimedes, que foi redescoberta no século XX (JAHNKE, 2003).

No século XVIII, Euler introduziu a noção de função, e a análise começou a emergir como disciplina independente quando o matemático boêmio Bernard Bolzano introduziu a definição moderna de continuidade em 1816. No século XIX, Cauchy ajudou a sistematizar o cálculo infinitesimal em fundamentos lógicos firmes, com a introdução do conceito de sequência de Cauchy. Foi ele também que iniciou a teoria formal da análise complexa. Poisson, Liouville, Fourier e outros mais estudaram a análise harmônica. Com as contribuições destes e de outros matemáticos como Weierstrass, foi-se estabelecendo a ideia moderna de rigor matemático (JAHNKE, 2003).

É sabido que cada área da matemática tem o seu "habitat", que em termos matemáticos, se chama de domínio ou espaço viável, que é onde uma determinada teoria faz sentido. Neste trabalho, o espaço viável que será considerado, é o Rn, um espaço vetorial euclidiano n-dimensional. Trata-se então de um trabalho na área de análise noRn.

Como o título sugere, o principal foco deste trabalho será o estudo da teoria necessária para se entender o Teorema de Lagrange, e aplicá-lo a problemas de otimização. Quanto ao referido teorema, seu criador, Joseph Louis Lagrange, (Turim, 25 de janeiro de 1736 - Paris, 10 de abril de 1813) foi um grande matemático italiano, que deu grandes contribuições à matemática e à física. Uma dessas contribuições, foi o Método dos Multiplicadores de Lagrange, pelo qual, é possível encontrar o ponto de mínimo ou de máximo, de uma função real de uma ou mais variáveis, sujeita a uma ou mais restrições.

E, em matemática, o termo otimização, refere-se ao estudo de problemas em que se busca minimizar ou maximizar uma função através da escolha sistemática dos valores de variáveis reais dentro de um conjunto viável. Desse modo, resolver um problema de otimização, significa encontrar os pontos de máximo e/ou de mínimo de uma função, e é nisso que o método dos multiplicadores de Lagrange será utilizado. Mas para isso é necessário estudar os conceitos de análise noRnque antecendem esse método, ou seja, primeiro é necessário construir uma base, sobre a qual a teoria desse método estará alicerçada. Portanto, os primeiros capítulos deste trabalhos serão dedicados à revisão bibliográfica de análise noRn, e depois disso virão as aplicações.

(14)

1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Gerais

O objetivo principal deste trabalho é utilizar o Método dos Multiplicadores de Lagrange para resolver problemas de otimização.

1.2.2 Específicos

Estudar os conceitos básicos da análise noRn, tais como normas, conjuntos abertos, fechados e compactos, limites, continuidade, derivabilidade e diferenciabilidade de funções de que vão deRnemRou deRnemRm. Depois de compreendido todos esses conceitos, será estudado o Teorema dos Multiplicadores de Lagrange numa versão bastante geral, que é o caso das funções deRnemRm, com a finalidade de resolver problemas de otimização.

1.3 JUSTIFICATIVA

A otimização é usada em muitos campos da ciência, indústria, comércio entre outras atividades. Por exemplo, pode-se utilizá-la para encurtar um caminho para ganhar tempo, economizar para comprar algo, tomar decisão com base em investimentos, etc. Logo, este trabalho pode culminar na solução de problemas de grande importância para a sociedade acadêmica, ou para a sociedade civil da região de Cornélio Procópio, caso se opte por resolver problemas a ela relacionados.

1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho está dividido da seguinte maneira: o Capítulo 1 descreve os elementos da introdução, o Capítulo 2 aborda os conteúdos de métricas e normas, o Capítulo 3 descreve a topologia de espaços vetoriais normados, o Capítulo 4 aborda os limites e continuidade de funções, o Capítulo 5 descreve a teoria de funções diferenciáveis, e na sequência, é apresentado o Capítulo 6, que enuncia e demonstra o teorema dos multiplicadores de Lagrange, e o capítulo 7 apresenta uma aplicação desse teorema na ciência de foguetes, e finalmente, o Capítulo 8 aborda a Conclusão e após isso são apresentadas as Referências usadas neste trabalho.

(15)

2 MÉTRICAS E NORMAS

Todos as definições e resultados aqui apresentados, seguem a mesma linha de racio-cínio que a apresentada por Cipolatti (2002). Para medir distâncias entre pontos de um dado conjuntoA, devemos considerar uma função que a cada dois elementosxeydeAassocie um número real positivo, denominado distância dexay. Tal função deve satisfazer as propriedades usuais da distância euclidiana definidas para pontos do plano. Denominamos Métricas as funções que permitem "medir distâncias" entre pontos de um dado conjuntoA. Mais precisamente,

Definição 2.1 SejaXum dado conjunto. Uma métrica emX é qualquer funçãod : X × X → R que satisfaça as seguintes propriedades:

i) d (x, y) ≥ 0, ∀x, y ∈ X; ii) d (x, y) = 0 ⇔ x = y;

iii) d (x, y) = d (y, x) , ∀x, y ∈ X

iv) d (x, y) ≤ d (x, z) + d (z, y) , ∀x, y, z ∈ X.

Definição 2.2 Seja X um espaço vetorial. Uma norma em X é qualquer função k k que satisfaça as seguintes propriedades:

i) kxk ≥ 0, ∀x ∈ X; ii) kxk = 0 ⇔ x = 0;

iii) kλxk = | λ | · kxk, ∀λ ∈ R e ∀x ∈ X; iv) kx + yk ≤ kxk + kyk, ∀x, y ∈ X.

O conceito de métrica é subsidiário para definirmos o conceito de norma, e o de norma é um conceito fundamental para se entender toda a análise noRn.

Lema 2.1 Sek ké uma norma emX, então para todox, y ∈ X temos, | kxk − kyk | ≤ kx + yk e | kxk − kyk | ≤ kx − yk.

Demonstração: Da desigualdade triangular, kxk = kx − y + yk ≤ kx + yk + k − yk = kx + yk + kyk, logo

kxk − kyk ≤ kx + yk. (1) Analogamente, kyk = ky − x + xk ≤ kx + yk + k − xk = kx + yk + kxk, logo,

kyk − kxk ≤ kx + yk. (2) As desigualdades (1) e (2) nos fornecem a primeira conclusão:

| kxk − kyk | ≤ kx + yk. (3) Da desigualdade triangular segue que kxk = kx + −y + yk ≤ kx − yk + kyk, logo kxk − kyk ≤ kx − yk. (4)

(16)

Analogamente, kyk = ky + x − xk ≤ k − x + yk + kxk = k − (x − y)k + kxk = kx − yk + kxk, logo,

kyk − kxk ≤ kx − yk. (5) Das desigualdades (4) e (5), segue a segunda conclusão:

| kxk − kyk | ≤ kx − yk. (6) Por (3) e (6) concluímos o resultado.

Definição 2.3 Seja X um espaço vetorial e k k∗,k k∗∗ duas normas definidas em X. Dizemos

que estas normas são equivalentes se:

∃a, b > 0 tais que akxk∗ ≤ kxk∗∗≤ bkxk∗, ∀x ∈ X.

2.1 NORMAS EMRn

Sabe-se que o conjuntoRnmunido das operações de soma e produto por escalar é um espaço vetorial de dimensão n. Se x = (x1, x2, . . . , xn) ∈ Rn, as expressões abaixo definem

normas equivalentes em Rn,

kxk1 =| x1| + | x2| + . . . + | xn|,

kxk2 =p|x1|2 + | x2|2 + . . . + | xn|2,

kxk∞= max{| x1|, | x2|, . . . , | xn|}.

O principal objetivo desta seção é mostrar que, se 1 ≤ p < +∞, então a expressão kxkp = (| x1|p + | x2 |p+ . . . + | xn|p)1/p define uma norma emRn. A demonstração deste fato faz uso da Desigualdade de Young e de suas consequências, que serão enunciadas e demonstradas a seguir.

Lema 2.2 (Desigualdade de Young) Sejam p e q tais que 1 < p, q < +∞ e 1 p +

1 q = 1. Então, para todox, y ∈ R, vale a desigualdade

| xy | ≤ | x |

p

p + | y |q

q .

Demonstração: A função real t 7→ ln t é côncava e crescente. Portanto, para todo α e β positivos, ln(λα + (1 − λ)β) ≥ λ ln α + (1 − λ) ln β, ∀λ ∈ ]0, 1[. Considerandoλ = 1 p, temos (1 − λ) = 1 q, e assim, ln 1 pα + 1 qβ  ≥ 1 p ln (α) + 1 q ln (β) = ln α 1/pβ1/q . (7)

(17)

Considerando| x |p = α e | y |q = β, em (7) temos ln 1 p | x | p +1 q | y | q  ≥ ln(| x |p)1p(| y |q) 1 q  , que implica ln | x | p p + | y |q q  ≥ ln (| x | · | y |) = ln (| x · y |) , portanto | x · y | ≤ | x | p p + | y |q q .

Definição 2.4 Sex = (x1, x2, . . . , xn)ey = (y1, y2, . . . , yn)são vetores deRn, definimos o produto escalar usual deRnpor

hx; yi =

n

X

i=1

xiyi.

Como consequência do lema acima, temos a desigualdade de Hölder;

Corolário 2.1 (Desigualdade de Hölder) Sejampeqtais que 1 < p, q < +∞ e 1 p+

1 q = 1. Então, para todox, y ∈ Rn, vale a desigualdade

| hx; yi | ≤ kxkpkykq.

Demonstração: Sex = (x1, x2, . . . , xn)ey = (y1, y2, . . . , yn), obtemos da desigualdade de

Young, | hλx; yi | ≤ n X i=1 λ | xi|| yi| ≤ n X i=1  λp p | xi| p +1 q | yi| q  , ∀λ > 0. (8) Dividindo ambos os lados (8) porλ, obtemos

| hx; yi | ≤ n X i=1  λp−1 p | xi| p + 1 λq | yi| q  , ∀λ > 0 (9) Para x e y fixos, o lado direito da desigualdade (9) define uma função na variável λ ∈ (0, +∞): ϕ (λ) = λ p−1 p kxk p p+ 1 λqkyk q q.

Portanto, decorre de (9) que| hx; yi | ≤ min

λ>0 ϕ (λ).

Como ϕ é contínua e diferenciável em (0, +∞), e lim

λ→0+ϕ = +∞, e λ→+∞lim ϕ = +∞, segue que ϕ possui mínimo.

(18)

Como ϕ (λ) = λ p−1 p kxk p p+ 1 λqkyk q

q, derivando e igualando a zero, temos:

ϕ0(λ) = (p − 1) λ(p−2)kxk p p p − 1 λ2 kykq q q = 0 ⇒ (p − 1) λp λ2 kxkp p p = 1 λ2 kykq q q ⇒ (p − 1) p λ pkxkp p = kykq q q ⇒ λ =  p (p − 1) q · kykq q kxkpp 1/p , (10) mas de 1 p + 1 q = 1 vem: 1 q = 1 − 1 p = (p − 1) p ⇒ p = (p − 1) q, logo, em (10) temos: λ = p p· kykq q kxkpp 1/p ⇒ λ = kyk q q 1/p kxkp = kyk q/p q kxkp .

Como o único ponto crítico de ϕ é λ0 =

kykq/pq

kxkp

, segue que esse é o ponto de mínimo. Para calcular o mínimo, fazemos:

ϕ (λ0) = ϕ kykq/pq kxkp ! = kyk q/p q kxkp !p−1 · 1 p· kxk p p+ 1 kykq/pq kxkp ! · q kykq q = kyk q(p−1) p q · 1 p· kxkp p kxkp−1p + kxkp kykq/pq · kyk q q q . (11)

Como já visto acima, p = (p − 1) q ⇒ (p − 1) q

p = 1, assim, em (11) temos: kyk1q·1 p · kxk 1 p+ kxkp q · kyk q−q/p q (12) mas de 1 p + 1 q = 1, temos: 1 p = 1 − 1 q ⇒ 1 p = q − 1 q ⇒ 1 =  q − 1 q  p ⇒ p = 1  q − 1 q  ⇒ p = q q − 1, logo em (12) temos: 1 p kykqkxkp + 1 q kxkp kyk q − q ( q q−1) q = 1 pkykqkxkp+ 1 q kxkp kyk q − (q−1) q = 1 p kykqkxkp+ 1 q kxkpkyk 1 q =  1 p+ 1 q  kxkpkykq= 1 · kxkpkykq,

concluímos assim, que | hx; yi | ≤ kxkp kykq.

Observação 2.1 A desigualdade de Hölder no caso p = 2 é denominada Desigualdade de Schwarz.

(19)

Agora, vamos enunciar e demonstrar o teorema que foi referido como principal objetivo desta seção, no início desta.

Teorema 2.1 Se 1 ≤ p < +∞, então kxkp = (| x1|p + | x2|p + . . . + | xn|p)1/p é uma norma

emRn.

Demonstração: Para demonstrar este resultado, provaremos que valem as quatro condições

da definição de norma. Sejam λ ∈ R e x, y ∈ Rn tais que x = (x1, x2, . . . , xn) e y =

(y1, y2, . . . , yn).

i) Queremos provar quekxkp ≥ 0, ∀x ∈ Rn.

Por definição, kxkp = p| xp 1|p + | x2|p + . . . + | xn|p, mas como| xi| ≥ 0, para cada

i = 1, 2, . . . , n e 1 ≤ p < +∞, temos que | x1|p + | x2|p + . . . + | xn|p ≥ 0, e

portanto pPp n

i=1 | xi|p ≥ 0, logo kxkp ≥ 0, ∀x ∈ Rn.

ii) Primeiramente, vamos provar que kxkp = 0 ⇒ x = 0:

Por contra positiva, suponhamos quex 6= 0, entãoxr 6= 0para algumr ∈ {1, 2, . . . , n},

assim, teremos 0 6= p|xp r|p ≤ p p|x1|p + . . . + | x r|p + . . . + | xn|p = kxkp ou seja,kxkp 6= 0.

Agora, vamos provar quex = 0 ⇒ kxkp = 0.

Suponhamos então quex = 0, logoxi = 0, para todoi ∈ {1, 2, . . . , n}. Temos:

kxkp = p p|0|p + | 0 |p + . . . + | 0 |p = √p 0 = 0. iii) Se λ ∈ R e x = (x1, x2, . . . , xn) ∈ Rn, λx = (λx1, λx2, . . . , λxn). kλxkp = p p|λx1|p + | λx 2|p + . . . + | λxn|p = p q (| λ | · | x1|) p + . . . + (| λ | · | xn|) p = p|λ|p p · | x 1|p + . . . + | λ |p · | xn|p =p|λ|p p (| x1|p + | x2|p + . . . + | xn|p) = | λ | ·p|xp 1|p + | x2|p + . . . + | xn|p = | λ | · kxkp, ∀λ ∈ R, ∀x ∈ Rn

iv) Se x = (x1, x2, . . . , xn) e y = (y1, y2, . . . , yn), temos da definição:

kx + ykp p = n X i=1 | xi+ yi|p = | x1+ y1|p + . . . + | xn+ yn|p = | x1+ y1|p−1· | x1+ y1| + . . . + | xn+ yn|p−1 · | xn+ yn| ≤ | x1+ y1|p−1 · (| x1| + | y1|) + . . . + | xn+ yn|p−1 · (| xn| + | yn|)

(20)

= | x1| · | x1+y1|p−1+ | y1| · | x1+y1|p−1+ . . . + | xn| · | xn+yn|p−1 + | yn| · | xn+yn|p−1 n X i=1 | xi| · | xi+ yi|p−1+ n X i=1 | yi| · | xi+ yi|p−1 . Considerando os vetores a = (| x1|, . . . , | xn|), b = (| y1|, . . . , | yn|) e c =

(| x1+ y1|p−1, . . . , | xn+ yn|p−1), podemos expressar a desigualdade acima como

kx + ykpp ≤ ha; ci + hb; ci . (13) Decorre então do corolário 1.1 (desigualdade de Hölder), que

kx + ykp

p ≤ ha; ci + hb; ci ≤ kakp· kckq+ kbkp· kckq.

Observemos que kakp = p| xp 1|p + . . . + | xn |p = kxkp, kbkp =

p p| y1|p + . . . + | yn|p = kykp. Além disso, kckq= q q (| x1+ y1|p−1) q + . . . + (| xn+ yn|p−1) q . (14) Temos ainda: 1 q = 1 q · p p = 1 p · p q, (15) e de 1 q + 1 p = 1, vem 1 q = (p − 1) p ⇒ p = (p − 1) q (16) e p q = (p − 1) . (17) Usando (15) e (16) em (14) temos: kckq =  p p|x1+ y1|p + . . . + | xn+ yn|p p/q = kckp/qp , e usando (17) fica:kckp/qp = kckp−1p . Em (13) obtemos: kx + ykp p ≤ kxkp · kx + ykp−1p + kykp· kx + ykp−1p

(21)

⇒ kx + ykpp ≤ (kxkp+ kykp) · kx + ykp−1p ⇒ kx + ykp p kx + ykp−1p ≤ kxkp+ kykp ⇒ kx + ykp−(p−1) p ≤ kxkp+ kykp ⇒ kx + ykp ≤ kxkp + kykp.

2.1.1 Espaços Vetoriais de Polinômios

Seja V = Pn o conjunto dos polinômios de coeficientes reais, de grau menor ou igual

an, munido das operações usuais de soma de polinômios e multiplicação por escalar. Então V é espaço vetorial de dimensão n + 1.

As expressões abaixo definem normas equivalentes em V: Se P = a0+ a1x + a2x2 + . . . + anxn, kP kp = n X i=0 | ai|p !1/p , p ∈ [1, +∞) , ou seja, kP kp = p|ap 0|p + | a1|p + | a2|p + . . . + | an|p +, p ∈ [1, +∞) . e kP k∞ = max {| ai|; i = 1, 2, . . . , n} .

Os exemplos a seguir ilustram o cálculo da norma de polinômios.

Exemplo 1: Seja P1(x) ∈ P10, tal que P1(x) = 7x6− 9x5+ 4x4+ 5x3− 2x2+ 10x + 2,

então, kP1k2 = 2 p|7|2 + | −9 |2 + | 4 |2 + | 5 |2 + | −2 |2 + | 10 |2 + | 2 |2 =√72+ 92 + 42+ 52 + 22+ 102+ 22 =49 + 81 + 16 + 25 + 4 + 100 + 4 =279 ' 16, 7. Temos ainda, kP1k∞ = max {| 7 |, | −9 |, | 4 |, | 5 |, | −2 |, | 10 |, | 2 |, } = max {7, 9, 4, 5, 2, 10, 2} = 10.

Exemplo 2: Seja P2(x) ∈ P5, tal que P2(x) = 3x5 − 5x2+ 3, então,

kP2k8 =p|3|8 8 + | 0 |8 + | 0 |8 + | −5 |8 + | 0 |8 + | 3 |8 =

8 √

(22)

e

kP2k∞= max {| 3 |, | 0 |, | −5 |, } = max {0, 3, 5} = 5.

2.1.2 Espaços Vetoriais de Matrizes

Seja V = Mm×n(R) o conjunto das matrizes de ordem m × n com coeficientes reais,

munido das operações usuais de soma de matrizes e multiplicação por escalar. Então V é espaço vetorial de dimensão m · n.

As expressões abaixo definem normas equivalentes emV: se

A =      a11 a12 · · · a1n a21 a22 · · · a2n .. . ... . . . ... am1 am2 · · · amn      , então kAkp = m X i=1 n X j=1 | aij|p !1/p , p ∈ [1, +∞) , e kAk∞= max {| aij|; i = 1, 2, . . . , m, j = 1, 2, . . . , n} .

Os exemplos a seguir ilustram o cálculo da norma de matrizes.

Exemplo 1: SejaA ∈ M2×2(R), tal que

A = 5 1 3 6  , então, kAk2 = 2 X i=1 2 X j=1 | aij|2 !1/2 =p|5|2 2 + | 1 |2 + | 3 |2 + | 6 |2 =√2 25 + 1 + 9 + 36 =√81 = 9, e

kAk∞= max {| 5 |, | 1 |, | 3 |, | 6 |} = max {5, 1, 3, 6} = 6.

Exemplo 2: SejaB ∈ M3×2(R), dada por

B =   2 −3 9 5 6 −3  , então,

(23)

kBk3 = 3 X i=1 2 X j=1 | aij|3 !1/3 = p|a3 11|3 + | a12|3 + | a21|3 + | a22|3 + | a31|3 + | a32|3 =p|2|3 3 + | −3 |3 + | 9 |3 + | 5 |3 + | 6 |3 + | −3 |3 + = √3 23+ 33+ 93+ 53+ 63+ 33 =√38 + 27 + 729 + 125 + 216 + 27 =√31132 ' 10, 42, temos ainda que

kBk∞= max {| a11|, | a12|, | a21|, | a22|, | a31|, | a32|, }

= max {| 2 |, | −3 |, | 9 |, | 5 |, | 6 |, | −3 |, } = max {2, 3, 5, 6, 9} = 9.

Pode-se facilmente perceber, que as definições das normask kp, comp ∈ [1, +∞),

definidas no Rn, nos espaços vetoriais de polinômios, e nos espaços vetoriais de matrizes, são bem parecidas. Isso nos conduz à ideia de construir normas em espaços vetoriais de dimensão n, a partir de normas conhecidas em Rn. De fato, considerando o exemplo dos polinômios, se T : Pn → Rn+1 é a aplicação definida por T (P ) = (a0, a1, . . . , an), onde

P = a0+ a1x + a2x2+ . . . + anxn, entãoT é injetora, pois seP 6= Q, entãoT (P ) 6= T (Q);

além disso, T é sobrejetora, pois todo elemento de Rn+1 é da forma (a0, a1, a2. . . , an), ou

seja,T (Pn) = Rn+1, logoT é um isomorfismo, isto é, uma aplicação bijetora que preserva as

estruturas algébricas (estruturas de espaços vetoriais) dePneRn+1. Além disso, é possível

verificar que

kP kp = kT (P ) kp, ∀P ∈ Pn

ondek kp representa, respectivamente, norma emPneRn+1. Este exemplo será generalizado

no seguinte resultado.

Teorema 2.2 SejamV eW espaços vetoriais de dimensãon, eT : V → W um isomorfismo. Sek kW é norma emW, então a expressão

kvkV = kT (v) kW (18)

define uma norma emV. Além disso, sek kαek kβ são normas equivalentes emW,

então as normas deV definidas pela relação (18) são normas equivalentes emV.

Demonstração: Para provar a primeira afirmação, precisamos mostrar que são válidas as quatro

condições da definição de norma, nas condições da igualdade (18).

i) Comok kW é norma emW, entãokT (v) kW ≥ 0, ∀v ∈ V, maskT (v) kW = kvkV,

logokvkV ≥ 0, ∀v ∈ V.

ii) Suponha que kxkV = 0, então kT (x) kW = 0, mas como k kW é norma em W,

(24)

injetora, logo, por resultado, temos queker (T ) = {0}, logox = 0. Ou seja, mostramos quekxkV = 0 ⇒ x = 0. Agora, suponhamos quex = 0, entãok0kV = kT (0) kW, mas

comoT é linear, temos queT (0) = 0, logokT (0) kW = k0kW, e pork kW ser norma

emW,k0kW = 0, logok0kV = 0, ou seja, mostramos quex = 0 ⇒ kxkV = 0.

Fica assim provado quekxkV = 0 ⇔ x = 0.

iii) Sejam v ∈ V, λ ∈ R, então, kλvkV = kT (λv) kW. Usando as propriedades de

transformações lineares, temos que

kT (λv) kW = kλT (v) kW,

e usando o fato de quek kW é norma emW, obtemos

kλT (v) kW = | λ | · kT (v) kW = | λ | · kvkV,

ou seja,kλvkV = | λ | · kvkV.

iv) Sejamx, y ∈ V, então,kx + ykV = kT (x + y) kW, que pelas propriedades das

transfor-mações lineares, fica: kT (x + y) kW = kT (x) + T (y) kW, e por k kW ser norma em

W,

kT (x) + T (y) kW ≤ kT (x) kW + kT (y) kW = kxkV + kykV,

ou seja,kx + ykV ≤ kxkV + kykV.

PortantokvkV = kT (v) kW define uma norma emV.

Sejam agora k kα e k kβ normas equivalentes em W. Tomemosk kα0 ek kβ0 normas deV, definidas porkvkα0 = kT (v) kα ekwkβ0 = kT (w) kβ. Comok kαek kβ são equivalentes,

∃a, b > 0 tais que akxkα ≤ kxkβ ≤ bkxkα, ∀x ∈ W.

Em particular, se tomarmosx = T (v), vale

akT (v) kα ≤ kT (v) kβ ≤ bkT (v) kα ⇒ akvkα0 ≤ kvkβ0 ≤ bkvkα0 ∀v ∈ V, portantok kα0 ek kβ0 são normas equivalentes emV.

Vejamos agora um exemplo de espaço vetorial de dimensão infinita.

2.1.3 Espaços Vetoriais de Funções Contínuas

Seja V = C ([a, b] , R) o conjunto das funções reais contínuas no intervalo [a, b], munido das operações usuais de soma de funções e produto por escalar. EntãoV é espaço vetorial de dimensão infinita.

As expressões abaixo definem normas emV:

kf kp = Z b a | f (x) |p dx 1/p , p ∈ [1, +∞)

(25)

kf k∞ = max {| f (x) |; x ∈ [a, b]} .

O exemplo a seguir ilustra o cálculo de normas de de funções contínuas.

Exemplo 1: Sejaf ∈ C ([0, 2] , R), dada porf (x) = −x2+ 2x, x ∈ [0, 2], então

kf k2 = 2 s Z 2 0 | f (x) |2 dx = s Z 2 0 | −x2+ 2x |2 dx (19)

mas parax ∈ [0, 2] , f (x) ≥ 0, logo em (19) temos q R2 0 (−x2+ 2x) 2 dx, mas −x2+ 2x2 = −x22+ 2 · −x2 · 2x + (2x)2 = x4− 4x3+ 4x2, temos então s Z 2 0 (x4− 4x3+ 4x2) dx. (20) Mas Z 2 0 x4− 4x3+ 4x2 dx = Z 2 0 x4dx − 4 Z 2 0 x3dx + 4 Z 2 0 x2dx = x 5 5 2 0 −4 x 4 4 2 0 +4 x 3 3 2 0 = 2 5 5 − 2 4+4 3 · 2 3 = 32 5 − 16 + 32 3 = 96 − 240 − 160 15 ' 1, 06, então em (20) temos√1, 06 ' 1, 03,ou seja,kf k2 ' 1, 03.

No caso da norma infinito, teremos:

kf k∞= max−x2+ 2x; x ∈ [0, 2] .

Para calcular o máximo, fazemos o teste da derivada segunda: f0(x) = −2x + 2 = 0 → x = 1.

f00(x) = −2,logo emx = 1temos um ponto de máximo, ef (1) = − (1)2+ 2 · 1 = 1 é o valor máximo.

(26)
(27)

3 TOPOLOGIA DOS ESPAÇOS NORMADOS

Os conceitos topológicos que são tratados neste capítulo, são fundamentais para o estudo dos limites, da continuidade e da diferenciabilidade de funções deRnemRm.

Neste capítulo, serão introduzidos os conceitos fundamentais, e os principais resultados da Topologia dos Espaços Normados e, em especial, do espaçoRn. As definições e resultados aqui apresentados, seguem a mesma linha de raciocínio que Cipolatti (2002).

Definição 3.1 SejaV um espaço vetorial, munido de uma normak k, x0 ∈ V e r > 0. O

conjunto

Br(x0) = {x ∈ V ; kx − x0k < r}

é denominado bola aberta de centro emx0e raior.

Agora, com o conceito de bola aberta, é possível introduzir diversos outros conceitos, os quais constituem a base da Topologia.

Definição 3.2 SejaAum subconjunto de V, ex0 ∈ V.

a) Dizemos quex0é ponto interior de A, se exister > 0tal queBr(x0) ⊂ A.

b) Dizemos quex0é ponto de acumulação de A, se ∀r > 0,

(Br(x0) \ {x0}) ∩ A 6= ∅.

Note que, sex0é ponto de acumulação de A, entãox0pode ser aproximado por pontos

deAem alguma "direção". E, sex0é ponto interior deA, entãox0é ponto de acumulação de

A, ex0 ∈ A, e nesse caso,x0pode ser aproximado por pontos deA"em qualquer direção". Definição 3.3 Se x0 ∈ A não pode ser aproximado por pontos de A, dizemos que x0 é

ponto isolado de A. Mais precisamente, x0 é ponto isolado deA, se existe r > 0 tal que

Br(x0) ∩ A = {x0} .

Definição 3.4 O conjunto de todos os pontos interiores deA, é chamado de interior de A, e denotado por◦A:

A = {x ∈ A; xé ponto interior de A} .

Definição 3.5 SejaV um espaço vetorial, eA ⊂ V. O conjunto dos pontos de acumulação de A, é chamado de derivado deA, e denotado porA0:

A0 = {x ∈ V ; xé ponto de acumulação de A} .

Observação: Pode-se verificar que◦A ⊂ A0, eA \ A0 é o conjunto dos pontos isolados deA. De fato, seja x ∈ ◦A, entãox é ponto interior deA, logo ∃r > 0; Br(x) ⊂ A, logo,

∀r > 0,(Br(x) \ {x}) ∩ A 6= ∅, portantoxé ponto de acumulação deA, ou seja,x ∈ A0, e

assim,◦A ⊂ A0.

Além disso, seja x0 ∈ A \ A0, então x0 ∈ A e x0 ∈ A/ 0, logo x0 não é ponto de

(28)

∃r > 0; (Br(x0) \ {x0}) ∩ A = ∅

ou seja,∃r > 0; Br(x0) ∩ A = {x0}, e assim,x0 é ponto isolado, concluímos então queA \ A0

é o conjunto dos pontos isolados deA.

Definição 3.6 Dizemos que um subconjuntoA deV é aberto, seA = ◦A, ou seja, todos os seus pontos são pontos interiores.

Proposição 3.1 A união qualquer de conjuntos abertos é um conjunto aberto. A intersecção

finita de conjuntos abertos é um conjunto aberto.

Demonstração: Seja(Aλ)λ∈Luma família de conjuntos abertos, ex ∈

[

λ

Aλ. Então existe um

índiceλ0tal quex ∈ Aλ0, mas comoAλ0 é um conjunto aberto, ∃r > 0; Br(x) ⊂ Aλ0, logo, Br(x) ⊂ Aλ0 ⊂ [ λ Aλ assim[ λ Aλé um conjunto aberto. Agora, considerandox ∈ k \ i=1

Ai, entãox ∈ Ai para todoi = 1, . . . , k. ComoAi é um

conjunto aberto, para todoi, existeri > 0tal queBri(x) ⊂ Ai.

Tomando r = min {r1, . . . , rk}, então Br(x) ⊂ Ai, para todo i = 1, . . . , k, logo

Br(x) ⊂ k \ i=1 Ai, e assim, k \ i=1 Aié um conjunto aberto. 

Definição 3.7 Dizemos que um subconjuntoA ⊂ V é limitado, se exister > 0tal que A ⊂ Br(x0).

Definição 3.8 Dizemos que um subconjuntoA ⊂ V é fechado seAcé aberto. Lema 3.1 Se{Aα}α∈L é uma família de conjuntos, então

[ α Aα !c =\ α Acα e \ α Aα !c =[ α Acα. Demonstração: Sejax ∈ [ α Aα !c , entãox /∈[ α

Aα, logox /∈ Aα, ∀α ∈ L, que implica que

x ∈ Ac α, ∀α ∈ L, logox ∈ \ α Acα, e assim [ α Aα !c ⊂\ α Acα. Seja agorax ∈\ α Acα, então x ∈ Ac α, ∀α ∈ L, logox /∈ Aα, ∀α ∈ L, e assimx /∈ [ α Aα, logox ∈ [ α Aα !c , portanto \ α Acα ⊂ [ α Aα !c , e assim, [ α Aα !c =\ α Acα.

(29)

Seja y ∈ \ α Aα !c , então y /∈ \ α

Aα, logo y /∈ Aα, ∀α ∈ L, temos então que

y ∈ Acα, ∀α ∈ L, logoy ∈[ α Acα, e assim, \ α Aα !c ⊂[ α Acα. Seja agoray ∈[ α Acα, então y ∈ Ac

α, para algumα ∈ L, logoy /∈ Aα, para algumα ∈ L, que implica quey /∈

\ α Aα, logo y ∈ \ α Aα !c , portanto[ α Acα ⊂ \ α Aα !c , e deste modo, \ α Aα !c =[ α Acα.

Proposição 3.2 A intersecção qualquer de conjuntos fechados é um conjunto fechado. A união

finita de conjuntos fechados é um conjunto fechado.

Demonstração: Seja{Fλ}λ∈Luma família qualquer de conjuntos fechados. Então, pela

defini-ção de conjunto fechado,{Fc

λ}λ∈Lé uma família de conjuntos abertos. No entanto, temos por

resultado que a união qualquer de conjuntos abertos é um conjunto aberto, logo[

λ

Fλcé um

conjunto aberto, mas pelo lema (3.1),[

λ Fλc= \ λ Fλ !c , logo o complementar de \ λ Fλ !c é aberto, e assim\ λ

Fλé um conjunto fechado, ou seja, provamos que a intersecção de conjuntos

fechados é um conjunto fechado.

Por resultado a intersecção finita de abertos é aberto, então

m

\

i=1

Ficé aberto, mas pelo

Lema (3.1), m \ i=1 Fic= m [ i=1 Fi !c , logo m [ i=1 Fi !c

é um conjunto aberto, logo

m

[

i=1

Fié fechado, ou seja, provamos que a união finita de conjuntos fechados é um conjunto fechado.

Definição 3.9 O conjuntoA = A ∪ A¯ 0 é denominado aderência ou fecho de A. 3.1 CONJUNTOS COMPACTOS

Definição 3.10 Uma família{Aλ}λ∈L de subconjuntos de V é denominada cobertura de um

dado conjunto B, se

B ⊂[

λ

Aλ.

SeAλ é um conjunto aberto, para todoλ ∈ L, dizemos que a cobertura é aberta. Se L é um

conjunto finito, dizemos que a cobertura é finita.

Definição 3.11 Um conjuntoK ⊂ V é chamado compacto, se toda cobertura aberta de K admite subcobertura finita, isto é, se {Aλ}λ∈L é uma cobertura aberta deK, então existem

λ1, . . . , λk tais que

K ⊂ Aλ1 ∪ . . . ∪ Aλk.

(30)

Demonstração: SejaK compacto. Provemos inicialmente queK é limitado.

SejamB1(x) , x ∈ K, bolas abertas de centro emx ∈ K e raio igual a 1. Então

{B1(x)}x∈K é uma cobertura aberta de k. Logo existemx1, . . . , xm ∈ Ktais que

K ⊂

m

[

i=1

B1(xi) .

Seja¯r := max {kx1k, . . . , kxmk} + 1. Afirmamos queB¯r(0) ⊃ K. De fato, sejax ∈ K, então

x ∈

m

[

i=1

B1(xi), logox ∈ B1(xi), para algumi = 1, . . . , m. Assim,

kxk = kx + xi− xik ≤ kx − xik + kxik, (1)

mas comox ∈ B1(xi) , kx − xik < 1, logo, em (1) temos:

kx − xik + kxik < 1 + kxik, (2)

maskxik ≤ max {kx1k, . . . , kxmk}, logo em (2) temos

1 + kxik ≤ 1 + max {kx1k, . . . , kxmk} = ¯r,

ou seja,1 + kxik ≤ ¯r, e assim, kxk, ¯r, logo x ∈ Br¯(0), portanto K ⊂ Br¯(0), e assim K é

limitado.

Provemos queké fechado, isto é, queKcé aberto. Sejax

0 ∈ Kc. Para cadax ∈ K,

considererx =

1

2kx − x0k. Então{Brx(x)}x∈K é uma cobertura aberta deK. Mas comoKé

compacto, existemx1, . . . , xm ∈ K tais que

K ⊂

m

[

i=1

Brxi(xi) . (3)

Sejar := min {r¯ x1, rx2, . . . , rxm} > 0. Afirmamos queB¯r(x0) ⊂ K

c. De fato, pela definição de¯rtemos Br¯(x0) = m \ i=1 Brxi (x0) . (4)

Passando ao complementar em (3), (faça analogia com multiplicar por−1em ambos os lados de uma inequação, passando ao complementar em ambos os lados, invertendo o sentido da inclusão e da união), obtemos:

Kc⊃ m [ i=1 Brxi(xi) c . Mas,Tmi=1Brxi(x0) ⊂ Tm i=1 Brxi (xi) c

. De fato, pela definição derxi,

Brxi(xi) ∩ Brxi(x0) = ∅ (5)

Sejay ∈Tm

i=1Brxi (x0), entãoy ∈ Brxi (x0) , ∀i = . . . , m. Logo, por (5), y /∈ Brxi (xi) , ∀i = . . . , m, logo y /∈

Sm

i=1Brxi (xi), e assim y ∈

Sm

i=1Brxi(xi) c

, mas pelo lema (3.1), Sm

i=1Brxi (xi) c = Tm i=1 Brxi (xi) c , logo y ∈

(31)

Tm i=1 Brxi (xi) c , portanto m \ i=1 Brxi(x0) ⊂ m \ i=1 Brxi(xi) c ⊂ Kc, (6)

mas substituindoBr¯(x0)de (4) em (6), temos:

Br¯(x0) ⊂ Kc.

LogoKcé aberto, e assim,K é fechado.



Proposição 3.4 SejaF ⊂ K ⊂ V, comF fechado eKcompacto. EntãoF é compacto.

Demonstração: Seja {Gα}α∈A uma cobertura aberta de F. Então, vamos mostrar que

{Gα∪ Fc}α∈A é uma cobertura aberta de K. De fato, como K ⊂ V = F ∪ Fc, então,

se x ∈ K, temos que x ∈ F ou x ∈ Fc. No primeiro caso, se x ∈ F, então x ∈ S

αGα,

logo x ∈ S

α(Gα∪ Fc). No segundo caso, se x ∈ Fc, então x ∈

S

α(Gα∪ Fc), logo

K ⊂ S

α(Gα∪ F

c), ou seja, {G

α∪ Fc}α∈A é uma cobertura aberta deK. Mas comoK é

compacto, existemα1, . . . , αm ∈ Atais que

K ⊂ m [ i=1 (Gαi∪ F c ) = m [ i=1 Gαi ! ∪ Fc, mas comoF ⊂ K,F ⊂ (Sm i=1Gαi) ∪ F c, logo F ⊂ m [ i=1 Gαi, portantoF é compacto. 3.2 CONJUNTOS COMPACTOS DERn

Nesta secção, serão enunciados e demonstrados, alguns resultados que visam caracte-rizar os conjuntos compactos.

Definição 3.12 Um conjunto A ⊂ Rdiz-se limitado superiormente se existe b ∈ R tal que x ≤ b, ∀x ∈ A. E neste caso, dizemos quebé cota superior deA.

Definição 3.13 Um conjuntoA ⊂ R diz-se limitado superiormente se∃ a ∈ R tal que a ≤ x, ∀x ∈ A. Neste caso, dizemos queaé cota inferior deA.

Definição 3.14 SejaA ⊂ R limitado superiormente e não-vazio. Um número b chama-se o supremo de A, e escreve-seb = sup A se b for a menor das cotas superiores de A. Mais explicitamente,bé o supremo deA, se cumpre as seguintes condições:

i) x ≤ b, ∀x ∈ A;

ii) Sec ∈ Ré tal quex ≤ c, entãob ≤ c.

Definição 3.15 SejaA ⊂ Rlimitado inferiormente e não-vazio. Um númeroa ∈ Ré chamado o ínfimo deA, e escreve-sea = inf Aseaé a maior das cotas inferiores deA. Mais explicitamente, aé o ínfimo deA, seacumpre as seguintes condições:

(32)

i) a ≤ x, ∀x ∈ A;

ii) Sec ≤ x∀x ∈ Aentãoc ≤ a.

Lema 3.2 (Princípio dos intervalos encaixados:) Seja{Ik}uma família de intervalos

fecha-dos e limitafecha-dos deR, tais queI1 ⊃ I2 ⊃ . . . ⊃ Ik ⊃ . . .. Então ∞

\

i=1

Ik 6= ∅.

Demonstração: Se Ik = [ak, bk], pela hipótese temos que Ik+1 ⊂ Ik, temos então que

ak ≤ ak+1 ≤ bk+1 ≤ bk. Podemos então escrever:

a1 ≤ a2. . . ≤ ak. . . ≤ bk. . . ≤ b2 ≤ b1.

Chamemos deAo conjunto dosak, eB o conjunto dosbk. Temos queAé limitado,

poisa1é cota inferior, ebké cota superior deA, ∀k ∈ N. Semelhantemente,B é limitado, pois

b1é cota superior, e aké cota inferior deB, ∀k ∈ N. Sejamα = sup Aeβ = inf B. Como

bké cota superior de A, ∀k ∈ N, temosα ≤ bk, ∀k ∈ N. Assim,α é cota inferior deB, e

portanto,α ≤ β. Podemos então escrever:

a1 ≤ a2 ≤ . . . ak≤ . . . α ≤ β ≤ . . . bk ≤ . . . ≤ b2 ≤ b1.

Concluímos assim queαeβ pertencem a todos osIk, donde [α, β] ⊂ Ik, ∀k ∈ N.

Logo[α, β] ⊂T∞

k=1Ik.

Definição 3.16 Chama-se paralelepípedo deRntodo conjuntoP da forma

P =

n

Y

i=1

[ai, bi] .

Lema 3.3 Seja{Pk}k∈Numa família de paralelepípedos deRntais queP1 ⊃ P2 ⊃ . . . ⊃ Pk. . ..

Então

\

k=1

Pk 6= ∅.

Demonstração: Para cadak ∈ N,Pk=Qni=1[ai,k, bi,k]. ComoP1 ⊃ P2 ⊃ . . . ⊃ Pk. . ., segue

queIi,k = [ai,k, bi,k]satisfazIi,1 ⊃ Ii,2 ⊃ . . . ⊃ Ii,k ⊃ . . .Logo, pelo Princípio dos intervalos

encaixados (lema acima),

∞ \ i=1 Ii,k 6= ∅, logo ∞ \ k=1 Pk 6= ∅.

Teorema 3.1 (Bolzano - Weierstrass) SejaA ⊂ Rnlimitado, contendo uma infinidade de pon-tos. EntãoA0 6= ∅.

(33)

Demonstração: SendoA limitado, exister > 0tal que Br(0) ⊃ A, ondeBr denota a bola

aberta de raiorrelativa à normak k∞. SejaP0 =Br¯(0). EntãoP0 ⊃ Ae

P0 = n

Y

i=1

Ii,0, onde Ii,0 = [−r, r] .

Dividindo cada intervalo Ii,0 no ponto médio, obtemos2n bolas fechadas de raio

r 2. ComoApossui infinitos pontos, algumas dessas bolas fechadas contém infinitos pontos deA. Seja P1 = n Y i=1 [ai,1, bi,1] tal bola.

Novamente, dividindo cada intervalo [ai,1, bi,1] pelo ponto médio, obtemos2n bolas

fechadas de raio r

4. SejaP2 uma dessas bolas, que contenha infinitos pontos deA.

Repetindo o procedimento acima ad infinitum, obtemos uma família de bolas fechadas {Pk}k∈N que satisfaz

P1 ⊃ P2 ⊃ P3 ⊃ . . .

Pelo Lema (3.3), existex ∈¯ T

kPk. Provemos quex ∈ A¯ 0.

Dado δ > 0, seja k0 ∈ N tal que

r 2k0 <

δ

2. Como x ∈ P¯ k para todo k, temos Pk0 ⊂ Bδ(¯x). ComoPk0 contém infinitos pontos deA, segue que

Bδ(¯x) ∩ (A \ {¯x}) 6= ∅. Teorema 3.2 Todo paralelepípedo deRné compacto.

Demonstração: SejaP = Qn i=1[ai, bi]um paralelepípedo deRne δ = q (b1− a1) 2 + . . . + (bn− an) 2 seu diâmetro.

Suponhamos que{Gα}α∈Lseja uma cobertura aberta deP que não admite

subcober-tura finita.

Os pontos médiosci =

(ai+ bi)

2 dos intervalos que compõemP dividemP em 2

n

paralelepípedos de diâmetro δ

2. Algum desses2

nparalelepípedos não pode ser coberto por um

número finito de abertos de{Gα}. SejaP1 tal paralelepípedo.

Repetindo-se o procedimento acima ad infinitum, construímos uma família{Pk}k∈Nde

paralelepípedos, cadaPkcom diâmetro

δ

2k, tais queP1 ⊃ P2 ⊃ P3 ⊃ . . .

Pelo Lema (3.3),∃¯x ∈T∞

k=1Pk ⊂ P. Portanto,∃α0 ∈ Ltal quex ∈ G¯ α0. ComoGα0 é aberto,∃r > 0tal queBr(¯x) ⊂ Gα0.

Escolhendo k ∈ N tal que δ 2k <

r

2 tem-se Pk ⊂ Br(¯x) ⊂ Gα0, o que é uma contradição, poisPknão pode ser coberto por uma quantidade finita de conjuntos abertos. Teorema 3.3 SeK ⊂ Rné fechado e limitado, entãoK é compacto.

(34)

Demonstração: SeK é limitado, então existe um paralelepípedoP ∈ Rntal queK ⊂ P. Pelo teorema (3.2) P é compacto, e como por hipótese K é fechado, pela proposição (3.4) K é compacto.

Teorema 3.4 Seja{Kα}α∈L uma família de compactosRncom a propriedade da intersecção

finita, isto é, "toda subfamília finita tem intersecção não vazia". Então \

α∈L

Kα6= ∅.

Demonstração: Suponhamos que T

α∈LKα 6= ∅e fixeα0 ∈ L. Afirmação: {Kαc}α∈L é uma

cobertura aberta deKα0. De fato, sex ∈ Kα0, como T αKα 6= ∅, então x ∈ \ α Kα !c , mas pelo Lema (3.1),

\ α Kα !c =[ α Kαc, logox ∈S αK c α, e assimKα0 ⊂ S αK c

α, ou seja,{Kαc}α∈L é uma cobertura aberta deKα0. ComoKα0 é compacto, existemα1, . . . , αm ∈ Ltais que

Kα0 ⊂ m [ i=1 Kαc i,

mas pelo Lema (3.1),

m [ i=1 Kαci = m \ i=1 Kαi !c , logo Kα0 ⊂ m \ i=1 Kαi !c , logoKα0 ∩ m \ i=1 Kαi ! = ∅.

Assim, encontramos uma subfamília finita cuja intersecção é vazia, o que é um absurdo! c. q. d.

Corolário 3.1 Seja{Kα}α∈Numa família enumerável de conjuntos compactos deRn, tais que

K1 ⊃ K2 ⊃ . . .Então

\

α∈N

Kα6= ∅.

3.3 SEQUÊNCIAS EM ESPAÇOS VETORIAIS

O estudo das sequências em espaços vetorias, visa estabelecer resultados gerais, que posteriormente, serão especificadas para o espaçoRn.

(35)

Definição 3.17 Uma sequência de um espaço vetorial V, é uma função ϕ : N → V, que associa a cada número naturalnum elemento de V, denotado porxn. Em geral, a notação para

a sequênciaϕtal queϕ (n) = xné{xn}n∈N, ou simplesmente{xn}.

Definição 3.18 Seja{xn}n∈Numa sequência deV. Uma subsequência de{xn}, é a restrição

da função ϕ (n) = xn , a um subconjunto infinito N1 ⊂ N. Neste caso, usa-se a notação

{xnk}k∈N1, para denotar a subsequência.

Definição 3.19 SejaV um espaço vetorial normado, ex0 ∈ V. Dizemos que uma sequência

{xn}deV converge parax0, se

∀ε > 0, ∃n0 ∈ N; n > n0 ⇒ kxn− x0k < ε.

Neste caso, dizemos que{xn}é convergente, e denotamos

lim

n→∞xn = x0 ouxn → x0. Proposição 3.5 Seja{xn}uma sequência deV.

a) se{xn}converge, então o limite é único.

b) se{xn}converge, então{xn}é limitada.

c) A ⊂ V ex0 ⊂ A0 ⇔existe uma sequência{xk}deAque converge parax0. Demonstração:

a) Suponhamos quexn ← l1 exn ← l2, coml1 6= l2, e considereε =

1

3kl1 − l2k. Então existemn1, n2 ∈ Ntais que

n > n1 ⇒ kxn− l1k < ε n > n2 ⇒ kxn− l2k < ε Sen0 = max {n1, n2}, então kl1 − l2k = kl1− l2+ xn− xnk = k (xn− l2) + (l1− xn) k ≤ kxn− l2k + kl1− xnk = kxn− l2k + k − (xn− l1) k = kxn− l2k + kxn− l1k < ε + ε = 2ε = 2 · 1 3kl1− l2k = 2 3kl1− l2k ou seja,kl1− l2k < 2 3kl1− l2k, absurdo! Logol1 = l2.

(36)

b) Seja{xn} → l. Então∃n0 ∈ N; n > n0 ⇒ kxn− lk < ε.

Tomandoε = 1, temos que se

n > n0 ⇒ kxn− lk < 1.

Tomando R = max {kx1k, kx2k, . . . , kxk0 + 1k, }. Então kxn − 0k ≤ R ⇒ xn ∈ BR(0) ⇒ {xn} ⊂ BR(0), logo{xn}é limitada.

c) Sejax0 ∈ A0. Então,∀ r > 0,(Br(0) \ {x0}) ∩ A 6= 0. Em particular, parar = 1, existe

x1 ∈ A; 0 < kx1− x0k < 1. Analogamente, parar = 1 2, existe x2 ∈ A; 0 < kx2− x0k < 1 2, Parar = 1

3, repete-se o procedimento, etc. A sequência assim construída tem todos os elementos de A, e converge parax0.

Reciprocamente, se existe uma sequência{xn}de elementos de A que converge parax0,

comxk 6= x0para todo K, então, dador > 0, existek0 ∈ Ntal que0 < kxk0 − x0k < r, logo

xk0 ∈ A ∩ (Br(x0) \ {x0}) . Logox0 ∈ A. c. q. d.

Corolário 3.2 SejaA ⊂ V um conjunto fechado e{xn}uma sequência de elementos de A. Se

{xn} → x0 entãox0 ∈ A.

Demonstração: Pela recíproca da parte c) da proposição anterior, sexn → x0, entãox0 ∈ A0,

mas comoAé fechado,A = A0∪ A, logox ∈ A.

Teorema 3.5 SejaV um espaço vetorial normado eK ⊂ V. EntãoKé compacto se, e somente se, toda sequência{xn}ndeK possui subsequência{xni}ital quexni → ¯x ∈ K.

Demonstração: (⇒)Se{xn} ∈ K possui subsequência convergente, e{xni}i → x0, temos

quex0 ∈ K0, mas comoKé fechado,K0 ⊂ K, e assim,x0 ∈ K.

Suponhamos então que existe alguma sequência{yn}n∈Nque não possui subsequência

convergente, e considere B = {x1, x2, x3, . . . , }. Então, comoxi, i = 1, . . . , n é um ponto

isolado, temos queB0 = ∅, logo◦B = ∅, e portantoB é fechado. Além disso, comoxné ponto

isolado deB, para todon, temos que, para cada

n ∈ N, ∃εn > 0; Bεn(xn) ∩ B = {xn} .

Logo{Bεn(xn)}n∈Né uma cobertura aberta deBque não admite subcobertura finita, pois cada Bεi(xi)cobre apenas um elemento deB, mas comoB é fechado eB ⊂ F, pela Proposição (3.4),Bé compacto, então temos uma contradição.

(37)

(⇐)Suponhamos que existe{Aα}α∈Luma cobertura aberta deKque não admite subcobertura

finita. Para cadax ∈ K, seja

δ (x) = sup {δ > 0, Bδ(x) > 0, Bδ(x) ⊂ Aα, para algum α ∈ L} .

Entãoδ (x) > 0, ∀x ∈ K. Seja

δ0 = inf {δ (x) ; x ∈ K} .

Se provarmos queδ0 > 0, podemos construir uma sequência{yn}n∈NemKque não

possui subsequência convergente. De fato, segue da definição que existe uma sequência{xn}

emK tal queδ (xn) → δ0. Por hipótese, existe uma subsequência{xni}que converge para algum pontox0 ∈ K. Seja

ε0 =

δ (x0)

2 > 0. Logo, para algumα ∈ A,

Bε0(xni) ⊂ Bδ(x0)(x0) ⊂ Aα. Portanto,δ (xni) ≥ ε0 > 0, ∀i ≥ i0, logoδ0 > 0. c. q. d. 3.4 SEQUÊNCIAS DE CAUCHY

As sequências de Cauchy, são o aporte teórico para se definir os espaços de Banach, que serão tratados no final desta seção.

Definição 3.20 Uma sequência{xk}deV é dita sequência de Cauchy se,

∀ε > 0, ∃k0 ∈ N; k, l > k0 ⇒ kxk− xlkV < ε.

Lema 3.4 Se{xk}k∈Né uma sequência de Cauchy em V, então{xk}é limitada emV. Demonstração: Sejaε = 1. Então existek0 ∈ Ntal que se

k > k0 então kxk− xk0kV < 1,

maskxk− xk0kV ≤ kxkkV − kxk0kV < 1 ⇒ kxkkV < 1 + kxk0kV, ∀k > k0.

Assim, se M = 1 + max {kx1kV, kx2kV, . . . , kxk0−1kV, kxk0kV}, então kxkkV ≤ M, ∀k ∈ N. Logo{xk}é limitada.

Teorema 3.6 Toda sequência convergente de um espaço vetorial normado é sequência de

Cauchy.

Demonstração: Sejalimn→∞xn= x0, então

∃n0 ∈ N; m > n0 ⇒ kxm− xn0kV < ε 2. Logom, n > n0 ⇒ kxm− xnkV = kxm− xn− xn0 + xn0kV ≤ kxm− xn0kV + k − (xn− xn0) kV = kxm− xn0kV + kxn− xn0kV < ε 2 + ε 2 = ε,

(38)

ou seja, sem, n > n0 ⇒ kxm− xnkV < ε, logo{xn}é sequência de Cauchy.

Neste teorema foi mostrado que se{xn}n∈N é uma sequência deV, comV espaço

vetorial normado, então{xn}é de Cauchy, no entanto, a recíproca nem sempre é verdadeira.

Os casos em que a recíproca é verdadeira, serão tratados de uma maneira diferente, conforme as próximas definições e resultados.

Definição 3.21 Seja V um espaço vetorial normado, se toda sequência de Cauchy de V é convergente, entãoV é chamado de espaço de Banach.

3.5 SEQUÊNCIAS EMRn

Nesta seção, estudando as sequências em Rn, mostraremos que Rn é espaço de Banach.

Aqui, denotaremos pork kuma norma qualquer deRn.

Se{xk}k, ondexk= (x1,k, x2,k, . . . , xn,k), é uma sequência deRnque converge para

x0 = (x1,0, x2,0, . . . , xn,0), então existeϕ : N → Rntal queϕ (k) = xk. Segue da definição

(3.17) que{xj,k}ké sequência de números reais que converge paraxj,0.

Simplificando, isso significa que se{xk}k, ondexk = (x1,k, . . . , xn,k)é uma sequência

deNemRnque converge parax0 = (x1,0, . . . , xn,0), então decorre da definição (3.17), que a

sequência formada pelos i-ésimos termos de cada um dos termos de{xk}k tende para o i-ésimo

termo do limitex0 = (x1,0, . . . , xn,0), ou seja,{xi,k}ktende paraxi,0.

Proposição 3.6 Toda sequência limitada deRnpossui subsequência convergente.

Demonstração: Sejaϕ : N → Ruma sequência deRn. SejaAo conjunto dos elementos de ϕ, ou seja,A = {ϕ (1) , . . . , ϕ (n) , . . .}.

SeAé finito, então existe uma infinidade de números naturaisk1 < k2 < . . .para os

quaisϕ (k1) = ϕ (k2) = . . ., logo existe uma subsequência constante deϕque é convergente,

pois sequências constantes são convergentes.

SeA é infinito, pelo Teorema de Bolzano-Weierstrass, A0 6= ∅, logo, pelo itemcda Proposição (3.5), sex0 ∈ A0, então existe sequência{xk}deA que converge parax0, com

xk 6= x0, ∀k. Logo, neste caso, existe subsequência convergente deϕ. Teorema 3.7 Rné um espaço de Banach.

Demonstração: Seja{xk}kuma sequência de Cauchy deR

n. Então, pelo Lema (3.4),{x k}é

limitada, logo pela Proposição (3.6),{xk}kpossui{xki}ique converge parax ∈ R¯ n. Assim

∀ε > 0, ∃i0 ∈ N; i > i0 ⇒ kxki− ¯xk < ε

2. (7)

Como a sequência é de Cauchy,

∃k0 ∈ N; k, l ≥ k0 ⇒ kxk− xlk <

ε

2. (8)

Sejak1 = max {k0, ki0}. Sek ≥ k1, então

kxk− ¯xk = kxk− xki0k + kxki0 − ¯xk ≤

ε 2+

ε

2 = ε, (9)

(39)

Teorema 3.8 SejaK ⊂ Rn. Então as afirmativas abaixo são equivalentes: a) K é compacto;

b) K é fechado e limitado;

c) Toda sequência deK possui subsequência que converge para um ponto deK.

Demonstração: a) ⇒ b) :está provado pela Proposição 3.3. b) ⇒ a) :está provado pelo Teorema 3.3.

a) ⇔ c) :está provado pelo Teorema 3.5.

(40)
(41)

4 LIMITES E CONTINUIDADE

As definições e resultados enunciados, seguem a mesma linha de raciocínio de a apresentada em Cipolatti (2002).

Iniciaremos o estudo de limites e continuidade de funções deRnemRm. Denotaremos as normas euclidianas deRneRm(k k2)apenas pork kindistintamente.

Definição 4.1 Sejamf : A ⊂ Rn→ Rn,x0 ∈ A0 e b ∈ Rn.

Se

∀ε > 0, ∃δ > 0; x ∈ A e 0 < kx − x0k < δ ⇒ kf (x) − bk < ε

(relativamente às normas euclidianas de Rn eRm), então dizemos que b é o limite def (x), quandoxse aproxima dex0, e denotamos

lim

x→x0

f (x) = b.

Observação 4.1 A definição de limite pode também ser expressa em notação de bolas:

lim x→x0 f (x) = b ⇔ ∀ε > 0, ∃δ > 0; x ∈ A ∩ (Bδ(x0) \ {x0}) ⇒ f (x) ∈ Bε(b) . Ou ainda, lim x→x0 f (x) = b ⇔ ∀ε > 0, ∃δ > 0; f (A ∩ (Bδ(x0) \ {x0})) ⊂ Bε(b) .

Este teorema relaciona o limite da funçãof, com limite das suas componentes.

Teorema 4.1 Sejamf : A ⊂ Rn → Rm, f = (f1, . . . , fm)ondefi : A ⊂ Rn → Rm, ∀i =

1, . . . , m, x0 ∈ A0, b ∈ Rm, comb = (b1, . . . , bm). Então lim x→x0 f (x) = b ⇔ lim x→x0 fi = bi, ∀i = 1, . . . , m. Demonstração: Suponhamos lim

x→x0

fi(x) = bi, e sejaε > 0. Então existemδ1, . . . , δm > 0tais

quex ∈ Ae0 < kx − x0k < δi ⇒| fi(x) − bi |< mε .Se {e1, . . . , em}é a base canônica de

Rm, então considerando-seδ = min {δ1, . . . , δm}, temos: parax ∈ A, 0 < kx − x0k < δ :

kf (x) − bk = k (f1(x) , . . . , fm(x)) − (b1, . . . , bm) k = k (f1(x) − b1, . . . , fm(x) − bm) k.

Agora escrevemos o vetor m-dimensionalf (x) − b, como combinação linear dos vetores da base canônica deRm : k (f1(x) − b1) e1+. . .+(fm(x) − bm) emk ≤ | f1(x)−b1 | · ke1k+. . . + | fm(x)−bm | · kemk = | f1(x) − b1 | + . . . + | fm(x) − bm |< ε m + . . . + ε m = ε,

(42)

ou seja,kf (x) − bk < ε, e assim lim

x→x0

f (x) = b Reciprocamente, se lim

x→x0

f (x) = b, paraε > 0dado, existeδ > 0tal que sex ∈ Ae 0 < kx − x0k < δ ⇒ kf (x) − bk < ε.

Como| fi(x) − bi | ≤ kf (x) − bk < ε, ∀i = 1, . . . , m, logo| fi(x) − bi |< ε, ∀i = 1, . . . , m,

portanto lim

x→x0

fi(x) = bi, ∀i = 1, . . . , m.

O próximo Teorema faz relação entre limites de sequências e limites de funções.

Teorema 4.2 Sejaf : A ⊂ Rn → Rmex0 ∈ A0. Então, lim x→x0

f (x) = b ⇔ ∀ {xk}k∈N ⊂ Atal

quexk 6= x0, ∀k ∈ N, tem-sexk → x0 ⇒ f (xk) → b. Demonstração: Suponha que lim

x→x0

f (x) = b. Suponha ainda que ∀ {xk}k∈N ⊂ A tal que

xk 6= x0, ∀k ∈ N, tem-sexk→ x0. Então ∀ε > 0, ∃δ > 0; x ∈ A e 0 < kxk− x0k < δ ⇒ kf (x) − bk < ε e ∀ε2 > 0, ∃k0 ∈ N; k > k0 ⇒ kxk− x0k < ε2. Em particular,∀δ > 0, ∃k0∈N;se x ∈ A, k > k0 ⇒ kxk− x0k < δ ⇒ kf (xk) − bk < ε ou seja,f (xk) → b.

Reciprocamente, suponha que ∀ {xk}k∈N ⊂ A e xk 6= x0, ∀k ∈ Ne xk → x0 ⇒

(xk) → b.

Teorema 4.3 (Operações aritméticas com limites) Sejam f, g : A ⊂ Rn → Rm ex0 ∈ A0.

Se lim x→x0 f (x) = b e lim x→x0 g (x) = c, então, ( lim x→x0 (f ± g) (x) = b ± c lim x→x0 (f g) (x) = b · c Além disso, sec 6= 0, então

lim x→x0  f g  (x) = b c.

Demonstração: Ver Cipolatti (2002), p.32.

Corolário 4.1 Sejamf, g : A ⊂ Rn→ Rm ex0 ∈ A0. Se lim x→x0 f (x) = b e lim x→x0 g (x) = c, então lim x→x0 hf (x) ; g (x)i = hb; ci .

(43)

Lema 4.1 Sejamk k∗ ek k∗∗respectivamente normas deRneRm equivalentes às normas euclidianas. Então

lim

x→x0

f (x) = b relativamente às normask k∗ek k∗∗, se, e somente se

lim

x→x0

f (x) = b relativamente às normas euclidianas.

Demonstração: Ver Cipolatti (2002), p.33.

4.1 FUNÇÕES CONTÍNUAS

Iniciaremos esta seção com a definição de função contínua.

Definição 4.2 Sejaf : A ⊂ Rn → Rm e x0 ∈ A ∩ A0. Dizemos quef é contínua emx0 se

lim

x→x0

f (x) = f (x0). Mais precisamente,

∀ε > 0, ∃δ > 0; x ∈ A e kx − x0k < δ ⇒ kf (x) − f (x0) k < ε.

Pela definição de bolas, dizemos quef é contínua emx0 se e somente se

∀ε > 0, ∃δ > 0; x ∈ A ∩ Bδ(x0) ⇒ f (x) ∈ Bε(f (x0)) ,

ou ainda

∀ε > 0, ∃δ > 0; f (A ∩ Bδ(x0) \ {x0}) ⊂ Bε(f (x0)) .

Observação 4.2 Os seguintes fatos são decorrências imediatas das propriedades de limites.

a) Sef = (f1, . . . , fm), entãof é função contínua emx0, se e somente se,fi : A ⊂ Rn→

Ré contínua emx0.

b) Sef, g : A ⊂ Rn→ Rsão contínuas emx0, e além disso, seg (x0) 6= 0, então a função f

g é contínua emx0.

Teorema 4.4 Sejam f : A ⊂ Rn → Rm, g : B ⊂ Rm → Rk tais que f (A) ⊂ B. Se x0 ∈ A0, y0 ∈ B ∩ B0, lim x→x0 f (x) = y0 e g é contínua emy0, então lim x→x0 (g ◦ f ) (x) = g (y0) . Demonstração:

Sejaε > 0dado. Comog é contínua emy0, existeµ > 0tal quey ∈ B ∩ Bµ(y0) ⇒

g (y) ∈ Bε(g (y0)). Como lim x→x0

(44)

x ∈ (Bδ(x0) \ {x0}) ∩ A ⇒ f (x) ∈ Bµ(y0) .

Portanto,

x ∈ (Bδ(x0) \ {x0}) ∩ A ⇒ y = f (x) ∈ Bµ(y0) ,

e consequentemente

g (f (x)) ∈ Bε(g (y0)) .

Definição 4.3 Quando uma funçãof é contínua em todos os pontos de seu domínio, dizemos quef é uma função contínua.

Teorema 4.5 Sejaf : Rn → Rm. As afirmações abaixo são equivalentes: a) f é uma função contínua;

b) SeAé aberto emRm ⇒ f−1(A)é aberto em

Rn; c) SeF é fechado emRm ⇒ f−1(F )é fechado em

Rn.

Demonstração: Ver Cipolatti (2002), p.35.

4.2 FUNÇÕES CONTÍNUAS E COMPACTOS

Os resultados a seguir são importantes, pois embasam os tópicos dos Mulplicadores de Lagrange.

Teorema 4.6 Sejaf : Rn → Rm uma função contínua eK ⊂ Rnum conjunto compacto. Então f (K)é conjunto compacto deRn

Demonstração: Ver Cipolatti (2002), p.35.

Corolário 4.2 Sef : Rn→ Ré função contínua eK ⊂ Rné conjunto compacto, então existem ¯

x, ¯x ∈ K¯ tais que

f (¯x) = min {f (x) ; x ∈ K}ef (¯x) = max {f (x) ; x ∈ K}¯ Em outras palavras,f admite pontos de mínimo e de máximo em K.

Demonstração: Pelo Teorema anteriorf (K)é compacto deR. Logo e fechado e limitado. Por ser limitado, exitems, ¯¯ ¯s ∈ Rtais que

¯

s = sup f (K) < +∞e¯¯s = inf f (K) > −∞.

ComoK é fechado, temos que¯s ∈ f (K)e ¯¯s ∈ f (K). Portanto, existemx, ¯¯ x ∈ K¯ tais que

¯

s = f (¯x) es = f (¯¯¯ x) ,¯ ou seja,f (¯x)é o mínimo ef (¯x)¯ é o máximo def (K) .

(45)

Teorema 4.7 (Equivalência das normas emRn) Todas as normas emRnsão equivalentes.

Demonstração: A ideia chave é: se todas as normas são equivalentes à norma 1, então elas são

equivalentes entre si. Em outras palavras, sek k∗é equivalente ak k?, ek k? é equivalente à

k k4, entãok k∗ é equivalente ak k4 (transitividade).

Observação 4.3 Decorre do Teorema (4.7) e do Lema (4.1) que se uma funçãof : Rn→ Rné contínua em relação a determinadas normas deRneRm, entãof será contínua em relação a quaisquer outras normas deRneRm.

4.3 FUNÇÕES CONTÍNUAS E CONJUNTOS CONEXOS

Relembrando dos conceitos e resultados da Análise Real, de acordo com (LIMA, 2006) sabe-se que o Teorema do Valor Intermediário, diz que sef : [a, b] → Ré contínua ef (a) < 0 < f (b)ouf (a) > 0 > f (b), então∃x0 ∈ (a, b)tal quef (x0) = 0, ou seja,f possui uma

raíz em[a, b].

O Teorema do Valor Intermediário, se generaliza para o caso vetorial, utilizando-se o conceito de conjunto conexo.

Definição 4.4 Um conjuntoB ⊂ Rné dito conexo, se∀A1, A2abertos tais que

B ⊂ A1∪ A2 eB ∩ Ai 6= ∅, i = 1, 2,

tem-se

A1∩ A2 6= ∅.

Teorema 4.8 Se f : Rn → Rm é função contínua, e B ⊂ Rn é conjunto conexo, então f (B) ⊂ Rmé conjunto conexo.

Demonstração: Ver Cipolatti (2002), p.37.

4.4 CONJUNTOS CONVEXOS E FUNÇÕES CONVEXAS

A definição seguinte diz que o segmento que liga os vetoresxey, está inteiramente contido emA.

Definição 4.5 Um subconjuntoAde um espaço vetorialV é dito convexo se,∀x, y ∈ Atem-se λx + (1 − λ) y ∈ A, ∀λ, λ ∈ ]0, 1[ .

Definição 4.6 Uma funçãof : A ⊂ V → R é dita convexa seA é convexo e para todos x, y ∈ Avale a desigualdade

f (λx + (1 − λ) y) ≤ λf (x) + (1 − λ) f (y) , ∀λ ∈ ]0, 1[ .

Lema 4.2 Sejaf : A ⊂ V → Ruma função convexa. Sex1, x2, . . . , xk ∈ Aeλ1, λ2, . . . , λk ∈

(0, 1)são tais que

(46)

então f k X i=1 λixi ! ≤ k X i=1 λif (xi) .

Demonstração: Ver Cipolatti (2002).

O Teorema seguinte, é o mais importante resultado desta seção.

Teorema 4.9 Toda função convexaf : Rn→ Ré contínua.

Demonstração: Ver Cipolatti (2002), p.38.

4.5 CONTINUIDADE UNIFORME

O conceito de continuidade que foi enunciado anteriormente, é um conceito local. Ao invés disso, a próxima definição enunciará um conceito de continuidade global.

Definição 4.7 Sejaf : A ⊂ Rn→ Rmuma função. Dizemos quef é uniformemente contínua emA, se∀ε > 0, ∃δ > 0, tal que, sex, y ∈ Aekx − yk < δ ⇒ kf (x) − f (y) k < ε.

Toda função uniformemente contínua é contínua em seu domínio, pois a diferença nas duas definições, é que na de continuidade, o ponto ao qual a função tende,x0, cumpre a

condiçãox0 ∈ A ∩ A0, enquanto na de continuidade uniforme,x ∈ Aapenas, logo, se a função

é contínua emA, em particular também o é emA ∩ A0.

Definição 4.8 Uma funçãof : A ⊂ Rn→ Rmé dita Lipschitz-contínua emAse existeM > 0 tal que

kf (x) − f (y) k ≤ M kx − yk, ∀x, y ∈ A.

Observação 4.4 Toda função Lipschitz-contínua é uniformemente contínua.

Proposição 4.1 Sejaf : Rn → Rmuma função linear. Entãof é Lipschitz-contínua.

Demonstração: As Lipschitz-contínuas são casos particulares da Hölder-contínuas, que vem

logo a seguir.

Definição 4.9 Seja 0 < α ≤ 1. Uma funçãof : A ⊂ Rn → Rm é dita Hölder-contínua de ordemαemA, se existeM > 0tal que

kf (x) − f (y) k ≤ M kx − ykα, ∀x, y ∈ A.

Observação 4.5 Os conceitosde continuidade uniforme, Lipschitz-contnuidade e

Hölder-continuidade não se alteram para normas equivalentes, ou seja, não dependem das normas que estejam fixadas emRneRm.

Teorema 4.10 Toda função contínua definida num compactoK ⊂ Rné uniformemente contínua.

(47)

4.6 O TEOREMA DO PONTO FIXO DE BANACH

Definição 4.10 SejaV um espaço vetorial normado,A ⊂ V ef : A → V uma função. Dizemos quef é uma contração emAse existe0 ≤ α < 1tal que

kf (x) − f (y) kV ≤ αkx − ykV, ∀x, y ∈ A.

Definição 4.11 Dizemos quex ∈ V¯ é um ponto fixo para uma funçãof : V → V sef (¯x) = ¯x.

Teorema 4.11 SejaV um espaço de Banach relativamente à normak kV. Sef : V → V é

uma contração emV, entãof possui um único ponto fixo.

Demonstração: Ver Cipolatti (2002), p.43.

Observação 4.6 O fato de uma função ser uma contração emV para uma normak k∗, não

(48)
(49)

5 FUNÇÕES DIFERENCIÁVEIS

As definições e resultados apresentados neste capítulo, seguem a mesma linha de raciocínio que a apresentada em Cipolatti (2002), e as demonstrações dos resultados deste capítulo são muito avançadas, e extrapolam o alcance deste trabalho, assim, serão só enunciados, mas suas demonstrações podem ser encontrados na mesma referência.

Iniciaremos aqui, o estudo da diferenciabilidade de funçõesf : Rn→ R.

5.1 DERIVADAS DIRECIONAIS

Definição 5.1 Seja x0 ∈ R e ~u um vetor unitário de Rn. Dizemos que f possui derivada direcional emx0 na direção de~u, se existe o limite

lim

λ→0

f (x0+ λu) − f (x0)

λ ,

denominado derivada direcional def emx0, na direção de~u, e denotada por

∂f ∂u(x0) .

No caso em que ~u = ei é o i-ésimo vetor da base canônica, denotamos a derivada

direcional na direção deeipor

∂f ∂xi

(x0) ,

que denominamos derivada parcial def emx0 em relação axi.

Definição 5.2 Uma funçãof : Rn → Ré dita Gateaux-derivável emx0sef possui derivadas

direcionais em todas as direções~u.

5.2 FUNÇÕES DIFERENCIÁVEIS

Para fixar a notação no que se segue, consideraremos Ω ⊂ Rn um conjunto aberto, k ka norma euclidiana deRnef : Ω → Ruma função.

Definição 5.3 Dizemos quef é diferenciável (ou Fréchet-derivável) em x0 ∈ Ω se existem

funçõesL, εx0 : R

n→ Rtais que

f (x0+ h) = f (x0) + L (h) + εx0(h) , comLlinear eεx0 satisfazendo

lim

h→0

| εx0(h) | khk = 0.

Seεx0 satisfaz (5.3), diz-se queεx0 é função◦ (khk). Para simplificar a notação, em vez deεx0, escreveremos apenasε (h), deixando de explicitar a dependência deεemx0.

Se f é função diferenciável em x0, então a transformação linear L é denominada

diferencial def emx0 (ou a derivada de Fréchet def emx0), e denotamosf0(x0).

(50)

Proposição 5.1 Sef é diferenciável emx0 ∈ Ω, entãof é contínua emx0.

5.3 O VETOR GRADIENTE

Para se definir o vetor gradiente de uma função f : Ω ⊂ Rn → Rm, é necessário relembrar alguns fatos da Álgebra Linear, que serão enunciados a seguir.

Observação 5.1 SeL : Rn→ Rm é uma transformação linear, fixadas as bases canônicas de RneRm, existe uma matrizm × n, A = [aij]tal que

L (x) = Ax, ∀x ∈ Rn.

Neste caso dizemos queAé a matriz associada à transformaçãoL, ou representação matricial (ou representação em coordenadas) deLrelativamente à base canônica.

Representaremos a matriz associada a uma transformaçãoLpor[L].

Observação 5.2 SeL1 : Rn→ Rm eL2 : Rm → Rksão duas transformações lineares, então

podemos definirL2◦ L1 : Rn → Rk e [L2◦ L1] = [L2] · [L1] . Definição 5.4 O vetor∇f (x0) =  ∂f ∂x1 (x0) , . . . , ∂f ∂xn(x0) 

deRn, é denominado vetor gradi-ente def emx0 e é tal que sef é função diferenciável emx0, então

f0(x0) (h) = h∇f (x0) ; hi , ∀h ∈ Rn.

É importante ressaltar que a existência do vetor gradiente não implica a diferenciabili-dade de uma função, mas se a função for diferenciável então o vetor gradiente é a representação matricial def0(x0)relativamente à base canônica deRn.

5.4 REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO

Proposição 5.2 Sejamf, g : Ω → Rduas funções diferenciáveis emx0. Então

a) f + gé diferenciável emx0 e(f + g) 0 (x0) = f0(x0) + g0(x0); b) f gé diferenciável emx0e(f g) 0 (x0) = f (x0) g0(x0) + g (x0) f0(x0); c) seg (x0) 6= 0então f g é diferenciável emx0 e  f g 0 (x0) = 1 g (x0) 2(g (x0) f 0 (x0) − f (x0) g0(x0)) . 5.5 A MATRIZ JACOBIANA

Sejaf : Ω ⊂ Rn→ Rm uma função diferenciável emx0 ∈ Ω, então sua diferencial (ou

Referências

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