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Zero, 2011, ano 28, n.2, jun.

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(2)

2

junho

2011

I

ZERO

Sobre

a

chargista

Giovanna Chinellato é estudanteda

terceira fase docursode Jornalismo daUFSC. Paraentraremcontato

com aautoraescrevaparaoe-mail

giovanna@chinellato.com.br.

• -I

«

-r:r::

O

t

-C

W

contra

povo

tema

do

ZERO

Preconceito

islâmico

,

e

Por falar em

superação,

a

partir

do

segundo

se­

mestre a UFSC receberá 32 intercambistas

haitianos,

assunto da

página

5. Eles virão ao Brasil um ano e

meio

depois

doterremotoquedestruiu cidadesinteiras

e tirouavida demais de200mil pessoas. O

objetivo

do programa é

capacitar

esses

jovens

para que possam

retomare

ajudar

na

reconstrução

do

país.

Outra

questão

que preocupouos brasileirosnoúl­

timo mês e repercuteno ZEROé aalta do preço dos combustíveis.Areportagem

investigou

qual

acompo­

sição

docustofinal da

gasolina

nasbombas dospostos econstatouquem sãoos

grandes

vilões doaumento.

-Não sóo carocombustível brasileiro encheuotan­

queda

Vespa

do canadenseSean

Jordan,

em suavolta aomundo.AtéomomentoemquepassouporFloria­

nópolis,

ondeconversou com oZERO,ele

haviaabas­ tecido 1400 litros. Cada

quilômetro

rodadovem acom­

panhado

demuitashistóriasque

podem

serconferidas na

página

13.

SeoChileestivesseincluídonoroteirodeSeanJor­

dan,

umaboa

sugestão

seriaconhecerobar temático do

jornal

de

esquerda

The Clinic. Localizadonocentro

histórico de

Santiago,

éumespaçoaberto para

debates,

ideal para bebercom os

amigos

edar boas risadas das

piadas

contraogovernopresentesnas

paredes

doesta­

belecimento.Etemmuito mais...Boaleitura!

.,..

roa

eSsa,

\0

,

�__,

j

�ie'pet.

Caros

leitores,

O fenômeno da íslafnofobia é matéria

especial

do

ZERO de

junho.

A reportagemé oportunaem

função

dorecenteassassinatodo líder sauditaOsama Bin La­

den,

no

Paquistão.

A

repercussão

dofatoentre as200

famílias de

migrantes

edescendentes de

palestinos

que

vivememSanta Catarinatambémétratadanareporta­

gem. Namesma

página

destaca-seareportagemenvia­

da

pelo correspondente

doZEROna

França,

emqueé

possível perceber

astensõescausadas

pela proibição

do uso de

véu,

típico

da

população

muçulmana

naquele

país.

Abordamos aindacomo afalta de infraestruturaes­

portiva

tiroudeSanta Catarinaopostode sededoMun­ dial de Handebol.Areportagemapurou queadeficiên­

ciadeespaçosse

deve,

entre outrascoisas,à má

gestão

dosrecursos

públicos,

comoos

empregados

nasobras daArenaMultiuso de

Canasvieiras,

projetada

sempare­ cerestécnicosqueahabilitariamacomportareventos

de

grande

porte.

Aindanaeditaria deesporte,a

superação

dos atletas do tênispara cadeirantes tambéméassuntodo ZERO

de

junho.

A

modalidade,

que

é

praticada

naUniver­

sidade Federal deSanta Catarinahá 13anos, resiste à

falta de verbaseestrutura

adequada,

como umaqua­ dra coberta.

Charge

' .._..�' ." ..,...

ZIBO

JORNAL

LABORATÓRIO

ZERO

Ano XXIX-W2- Junho de 2011

Universidade Federal de Santa Catarina

-UFSC Fechamento: 07 dejunho

Curso de Jornalismo- CCE- UFSC-Trindade

Rorianópolis

-CEP 88040-900 Tel.:(48)3721-6599/3721-9490

REDAÇÃO

Agatha

Mongi, Alécio Clemente, Diego Cardoso,DirkRuhland,GabriellaBridi,Isis

Dassow, Jéssica

Camargo,

LaísMezzari, Laryssa

D'Alama, Luanna Hedler,NayaraD'Alama,Munlo Bonfim

(correspondente),

Tifany Rodio, Úrsula Dias

'EDIÇÃO

Alécio Clemente, CamilaCollato,

Darilson Barbosa, Diego Cardoso, Gabriella

Bridi, Jéssica

Camargo,

Juliana Geller, Laryssa D'Alama, Luanna Hedler, Nayara D'Alama,

Vinicius .Schmidt

FOTOGRAFIA

Agatha

Morigi, Diego

Cardoso, Dirk Ruhland, Gabriella

8rid!,

Giovanna Chinellato, Guilherrne Lopes Souza, Lars Mezzar!, Nayara D'Alama, Rodolfo

Conceição

fOTOGRAFIA DE CAPA Rafael

Canoba

EDITORAÇÃO

CamilaColato,Darilson Barbosa,

Diego

Cardoso, JéssicaCamargo, Lars

Mezzari,LaryssaD'Alama,LuannaHedler,Nayara D'Alama, Vinicius Schmidt INFOGRAFIA

Mariana Chirê

ILUSTRAÇÃO

Taís Massaro

PROFESSOR-COORDENADOR

Jorge

KanehideIjuim MTblSP 14.543 MONITORIA

VerônicaLemus,Wesley

KlimpellMPRESSÃO

Diário Catarinense

CIRCULAÇÃO

Nacional

TIRAGEM5.000exemplares ... ' ... . ..

..;""

Z E R O NOT E

NIHI��IP-E-ftIO�---.--'--+--+-1

---+--"'--r-1"""""--T-'----.-r

Em dezembro de

2007,

o ZERO dedicou uma

edição

inteira ao tema liberdade

digital.

Uma das

reportagens tratava de um sistema

produzido

na

UFSC que reúne softwares educativos para serem utilizadosemsala de aula.Orecursofoi

empregado

com sucesso numaescola estadual de

Florianópolis.

A

preocupação

com o uso

adequado

da informática em ambientes de ensino, que aparece quatro anos

atrás,

é retomada

pelo

ZERO nesta

edição.

Desta

vez o que

inquieta

os

professores

e os

pais

de alunos do

Colégio

de

Aplicação

daUFSC é

dispor

de

equipamentos cujas

potencialidades

pedagógicas

a

instituição

aindanãotemtotal domínio.A

escola,

uma das

contempladas pelo Programa

Um

Computador

por'

Aluno,

recebeu mais de mil

computadores

do governo

federal,

queforamentregues

gratuitamente

para

professores

e alunos.

Enquanto

grande

parte

do corpo docente aindaestá sendo

capacitada

para melhor usufruir da

ferramenta,

muitos alunos que

dispõe

de celulares modernos navegam

pelas

redes

sociais,

bate-papos

esitesde vídeos duranteasaulas.

Muita coisamudou de 2007paracá.

Computadores

e

smartphones

estão cada vez mais

funcionais,

menores e acessíveis. A tendência também

pode

ser

acompanhada

na conexão à rede mundial de

computadores.

Abanda

larga

vem se

dissemiriando,

comvelocidadeemascensãoe opreçoem

queda.

Se

naquele

momento era

inimaginável

pensar

crianças

em idade escolar de posse de um celular com acessoàInternet,

hoje

essarealidadeé bastante

corriqueira.

A

situação

tanto

pode

evoluir como se agravar. O que fará a

diferença

não serão as

máquinas,

mas aformacomo aspessoas lidamcom elas.

Melhor

Peça

GráficaI, II, III, IV,VeXI Set Universitário 1 PUC-RS(1988,89, 9G, 91,92

e98)

MelhorJornal-LaboratórionoIPrêmio Foca

SindicatodosJornalistas de SC 2000 3°melhor Jornal-LaboratóriodoBrasil

(3)

ZERO

I

junho

2011

3

Manezinho

irreverente

Personagem

criado para

caricaturar nativo

da

Ilha

conquista

audiência

em

shows

e

programas de

rádio

Moriel

para aAdriano da

rapaziada

boa do

Costa,

"Muruca

surf",

é

compositor

emúsico da bandaDa­

zaranha. Sediadaem

Florianópolis,

a banda

é formada por sete pessoas e toca reggaee

rock aliadoacultura local.Em entrevistaao

ZERO,

Moriel fala sobre seu outro

trabalho,

o personagem Darci. Um "manezinho" que

ganhou

vidano

programete

diárioAsaven­

turasdo

Darci,

veiculado

pela

rádio Atlântí­ da. O humorista também faz

apresentações

de stand

up

comedy

emeventos, festas par­

ticulares,

bares e

pubs.

Moriel é natural de

Florianópolis

eafirmaquesuavida é labora­

tóriopara comporopersonagem.

Ingenuida­

de,

inocênciaeirreverênciasão

algumas

das características deDarci.

Como

surgiu

opersonagem Darci?

O Darci

surgiu

da minha vivênciaem

Florianópolis.

Quando

euiacomminhamãe visitarmeuavô na Costada

Lagoa,

percebia

que láaspessoas falavam bemdiferente dorestoda cidade.Na

época,

aspesso­ asficavam isoladas da

região central,

em um

lugar

onde nãotinha

energia,

aatividade era

pesqueira

e

agrícola.

O

comportamento

indígena

e

açoriano

estavano

jeito

de

socializar,

no

jeito

defalareisso

meatraía.Com

quinze

anos,era

moleque,

comecei

aimitaropovo da Costa paraasminhastias.Todo mundosabia queeuimitavaosmanezinhos.

Na banda

Dazaranha,

eu sou

compositor,

minha área é criar

coisas,

então transferio

potencial

de

criação

paraohumor.Como nãoseride

qualq�er

coisa,

realmente

precisa

ser

criativo,

encontraruma mecânica de humor que

surpreenda

as pessoas. Nada

pior

que tratar de arte

quando

o

público já

sabeoquevaiacontecer.Nãoéarte,passaa ser ar­ tifício.A artedefatotetirado

chão,

temque deixar

de bocaaberta.Essefoionorteador do personagem.

Alguma

coisa nova,

diferente,

que

ninguém

tinha feitoantes.

Personagem inocente,

ingênuo.

Porquecaracterísticas comoessasatra­

emo

público,

que não é formado apenas

pelos

nascidosnaIlha?

O personagem Darcinasceu nomomentoemquea

população

dailhasesentia

dividida,

entre nativos

moradores e moradores vindos de outras

regiões.

Um momentode

choque

cultural. Damesmafor­ maque eu que sou

daqui

quero memanter com asminhas

origens,

quem

chega

aqui

também quer se identificar. Acho que se encantar com o

lugar

tema ver com aspessoasedesencantar também.O

Darcifaza

associação

do

antigo

comonovo.Faza

associação

de forma desastrosa. Ele acha que está

arrebentando.Todo mundo sabe quevaidarmoo.o

Darci e o

amigo

em umarave,tánacaraquevai

dar.

Imagina

dois manésnarave.

Apesar disso,

ele

nãose

encolhe,

ele avança,

pois

querver odiferente.

É

um pouco da falta de cultura associada atudo que ele é de cultura.

Como o Darci foi parar na rádio Atlân­ tida?

O

George

Fortunato é o financeiro das rádios do grupo RBS e me

propôs

paraconversarmos sobre

um

possível

programete,

por que a rádio Atlânti­ daestava tentando se

desestigmatizar,

não

queria

maislevar o a

imagem

de ser umarádio

gaúcha.

Precisavaassociara

programação

acoisasque fa­

lassem da ilha.Coma nova

proposta,

o

Guga

Arru­

da começou afazer o programa "Mais

Floripa"

e eucomecei o

programete

"As aventurasdoDarci". Eraum

experimento.

De

repente,

arádiocomeçou ater

umfeedback

do

tipo:

"eunãoouçoessa

rádio,

massintonizo paraouvirummanezinho".O Dar­

ci começou a dar

cinco,

sete mil acessos por dia.

Porumaveiachamada you

tube,

que acabou sendo

o viralmais

importante,

mais

expressivo

da rádio

Atlântida,

os acessos

multiplicaram.

Hoje,

passam de dois milhões os acessos ao Darci. O

legal

é ver que aspessoas

precisam

se identificarmesmo e o humor éum

grande

caminho paraa

identificação.

Quais

as

principais

diferenças

entre fa­

zer o personagem manezinho na rádio Atlântida com o

quadro

Aventuras do Darci e o stand up que você realiza em barese

pubs?

Eu

vejo

que na

radiofonia,

a

interpretação

davoz

acontece

depois

de ter sido elaborado um texto, que faz

parte

da

criação,

então,

vocêvai gravare tambémtema

condição

de

editar,

ou

seja,

nãotem

o

improviso,

você consegue deixarexatamentedo

jeito

que sequer. Claro que temos momentosque nãodá para entenderoqueoDarci

fala,

masnãoé para entendermesmo.

Agora,

encarar o

público

é diferente.Porque pra

mim,

quetocono

Dazaranha,

mesmo com a

experiência

detocaremcidades onde o show éo

principal

evento,

algo

muito

esperado,

mesmo

acompanhando

abanda que

tocoupra muita

gente,

no stand up é bem diferente. Como

pessoal

da Dazaranha você temumaestrutura, o

som, a

luz,

o

paleo

e no stand. up é só você com omicrofone namão.

É

imitarum manezinho. Se

vocênãoformuito

carudo,

não

chegar

junto

enão estiverbem afiado nadaacontece.

Quem

apoia

você financeiramente nas

apresentações

embares e

pubs?

Soueu mesmo.Entre

conseguir apoio

e

patrocina­

dores paraconstruirum

projeto

efazer para

depois

oferecer a

ideia,

achei melhor a

segunda

opção.

Acho que

quando já

existeumaideia que funciona é mais fácil

conseguir apoio.

"Você quer associar sua marca a esse

projeto? Quero."

Além do

mais,

ficaa meu

critério, pois

odia queeunão

faço

stand up émuitobom para mim também.Possomededi­ car aoutrascoisas.

Qual

o diferencial do Darci em

relação

aoutrospersonagens conhecidos do hu­

mor?Oque

você

faz de diferente?

Nãovoudizer que é por queeutenho

potencial,

ou quesou

engraçado

eestou

preparado

paraisso. Não

por queeu nuncafui

engraçado

enãosei ondevai

parar. Oqueeu

percebi

é quecresce eque

eu

não

preciso

fazeroDarcitodo

dia, preciso

fazer apenas trêsvezes nasemana,mas comestrutura,com um

cenário,

emteatros.

Quero

irpara aáreamais ar­

tística,

sairdo

pub,

sairdo bar.A

diferença

entrebar eteatroé queo

primeiro permite

ocombatecom o

público,

e o

segundo,

proporciona

a

proteção

do

paleo.

Quais

sãeos

planos

paraoDarci?

ODarcivai terumacolunana

jornal

Hora,

do gru­ po

RBS,

éumtesteparaentrarnoDiárioCatarinen­

se.Os meiosde

comunicação

entendemcomoclasse

A,

B,

Ce

D,

entãotemrádio que émaisparao

povão

erádio que émais

elite,

comoacontececom os

jor­

nais. No caso,

aqui,

sãoossegmentosda

primeira

e

segunda

divisão,

porissovouentrarcom acoluna doDarci

primeiro

noHora. Outra

participação

ím­

portante

éaquevoufazercom o

Diogo

Portugal,

no

Sentaprarir. Elemeconvidou para

participar

dos

quinze primeiros

minutos. Youpegaro

filé,

tenho que fazeruma

performance

incrível.Artisticamente

arrasar.

ÚrsulaDias

ursuladias21@gmail.com

Ii

Fotos:GiovanaChinellato

m

z

-t

:::o

m

<

-en

Fazendo

rir

"Precisa de

uma

mecânica

de humor que

surpreenda

as

pessoas. Nada

pior

que

tratar

de

arte

quando

o

público já

sabe

o

que vai

(4)

4

junho

2011

I

ZERO

Ilustração:MendesGobiArquitetura

Parque

incentiva

ciências

Iniciada

a

sondagem

para

construir

primeiro

prédio

na

Baía

Sul

liA esperança é que

nossos

deputados

se convençam da

necessidade do

parque"

O

estado deSanta

Catarina,

aocontráriodeseus vizinhosParanáeRioGrande do

Sul,

ainda

não tem um museu de ciências. Mas existe

um embrião se desenvolvendo dentro do campus Trindade daUniversidadeFederal deSanta Catarina

(UFSC).

Aideia é

antiga

e otrabalho de

construção

vemsendo feito

ininterruptamente.

Iniciativas que

não parecem diretamente

ligadas

ao

projeto

foram tomadas e constituem seus

pilares.

As mais

antigas

delassãoosLaboratóriode

Instrumentação,

Divulgação

e

Experimentação

emFísica

(Labidex)

e em

Química (Quimidex).

Ambos recebem estudantes do ensino

fundamental,

médio e

superior.

Outro

projeto

é o Baú de

Ciências,

do

Departamento

de

Física,

que promove

experiências

para alunos do ensino fundamental.O

planetário

e o observatório astronômico

complementam

as

ações

na área da

astronomia.

A distância e falta de

integração

dos espaços dificulta as visitas e o

aproveitamento

dos alunos.

Assimapropostade

implantar

umparqueque

abrigue

um museu de diversas áreas do conhecimento se

concretizaatravésdo

projeto

Parque

Vivaa

Ciência,

apoiado pelo

Ministério da Ciência e

Tecnologia

(MCT)

atravésdo

Departamento

de

Popularização

e Difusão de Ciênciae

Tecnologia

(DEPDI).

Noaterro

da Baía

Sul, próximo

aoterminal desativado doSaco dos Limões, seráconstruída uma

grande

estrutura

com

pavilhão

de

exposições,

um novo

planetário,

local para a

realização

de oficinas

experimentais

para

estudantes,

ambiente paracursos de

formação

continuada para

professores

das redes de ensino

pública

e

privada

e,

ainda,

espaços paraa

prática

de

esportes

(ver

ilustração

acima).

Emáreaabertaserão

instaladosos

equipamentos

queatualmenteestãoao lado do

planetário

docampusTrindade.

Umpouco de história

Em2006foicriadaa

Associação Parque

Viva a

Ciência,

uma

instituição

semfins lucrativos com o

objetivo

de articular pessoas e captar recursos. Por

meio dessa

associação

a proposta

é

apresentada

a diversos

órgãos

do

governoeempresas dainiciativa

pri

t vada.

Doisanos

depois,

2008, oparque

foi

inaugurado

com oito

brinquedos

educativos

montados ao ar livre ao lado do

planetário,

no

campusda Trindade. Desdeentão,osvisitantes

podem

conversarcom um

colega

a umaboadistânciasem

ajuda

de

qualquer parafernália

eletrônica,

pedalar

em uma bicicleta suspensaem uma corda

bamba,

ouvira

própria

voz com

alguns segundos

deatraso

ou se

balançar

numa gangorra aparentemente

desequilibrada.

Elessedivertemenquanto

aprendem

orientados

pelos

bolsistasmediadoresque conduzem

avisita.

Em 2010, o reitor

Álvaro

Prata assinou um

contratocom a

Superintendência

do Patrimônio da

União emSanta Catarinadecessãode uso

gratuito

doterrenolocalizadonobairroSacodos

Limões,

de

propriedade

da Marinha.Ocontratodefine duas áreas noaterroda Baía

Sul,

umade

aproximadamente

21

milm2eoutrade29milm',numtotalde poucomais

de 50 milm-. A UFSCreivindicamaisuma

área,

no mesmo

local,

com

aproximadamente

15 milm2•

Paraqueserve ummuseu?

Quando

uma pessoavai a um museu que tem

como

objetivo popularizar

a

ciência,

elanãoespera

teraulas de

história, geografia,

físicaou

química.

O visitante,

guiado

unicamente por sua

curiosidade,

busca

interagir

com oquethechame

atenção.

A

criança

ouadulto queviveesta

experiência

entra

emcontatocomconceitos

complexos

e, muitas vezes, não

possui

oconhecimento

específico

para

explicar

este ou

aquele

fenômeno: Estanecessidade de uma

resposta

pode despertar

seu interesse

pela

ciência.

Nocasodos

alunos,

os

professores podem

utilizaras

visitas ao museupararetomarostemasemsala de

aulaeintroduziroconhecimento formal.

Despertar

ointeressedos estudantestrazboasperspectivaspara asociedade amédio e

longo

prazo,

pois

orienta os

alunos paraáreas

científico-tecnológicas.

o

projeto

do novoparque

A iniciativa

prevê

a

construção

deumCentrode

Divulgação Científica,

comespaços para

exposições

permanentes e

temporárias,

com

instalações

e

equipamentos

de áreascomo

Antropologia,

Biologia,

Engenharia,

História, Física,

Matemáticae

Química.

O centro também deve

abrigar

uma

biblioteca,

auditório,

salas de aula e laboratórios. O

projeto

inclui a

implantação,

no mesmo terreno, de

pistas

para

caminhadas,

ciclovia,

praçadeesportes,parque

infantil,

lanchonete,

restaurante e estacionamento. Um novo

planetário

com

equipamento

de

projeção

digital

e com

capacidade

paraatender200 pessoas,o dobro do

atual,

tambémseráconstruído.

Aáreade lazerdeveráserabertaao

público,

para

queacomunidade tenha livreacesso, assimcomoéo

parquenobairro de

Coqueiros,

mas asáreasinternas seráo administradase haverá

cobrança

deingresso

paracustearopagamentodos funcionários.

O

professor

NelsonCanziando

Departamento

de

Física,

umdos coordenadores do

projeto,

mostraque,

apesar da

instalações

estarem

longe

da

condições

idealizadas,

ocorrem15 milvisitasporano.Canzian estimaque

seja

necessáriouminvestimento

superior

a

R$lO

milhões. Dois aportes, um de

R$100

mil e outro de

R$600

mil

foram realizados

pelo

CNPq

e

Finep.

O MCT

liberou uma verba de

R$

2,1 milhões para a

construção

no aterro da Baía Sul.O

complemento

ainda

depende

de

previsão

no

orçamentoda

união,

atravésde emenda de bancada

propostapor

deputados

federais. "A esperançaéque os nossos representantes do

Congresso

Nacional se convençamdanecessidadeeutilidade doparquepara a comunidade e apresentem

logo

suas

propostas",

esperaCanzian.Além dosrepresentantesem

Brasília,

o

professor

busca

engajar

colegas

de outras áreas:

"Na medidaemque obtemos

realizações,

o

projeto

ganha

credibilidade e novos

parceiros

aderem à

proposta",

completa.

Nãoéfácilcriareconstruireste

complexo

delazer e

ciências,

mas o parque trará

grandes

novidades.

Umadelas

podemos

adiantar.Estásendo construída umamaquetedo relevo do estado deSanta Catarina em umaáreaemtornode100 m2•Além de

observar,

ovisitante

poderá

caminhar sobre ela.

Apesar

deser difícilprever

datas,

tudo indica que está

próximo

o diaemque teremoso parque de ciências deportas abertas.Em novembro deste ano uma comissão do

MCT virá avaliaroandamento do

projeto.

Alécio Clemente

(5)

ZERO

I

junho

2011

5

o

Haiti é

aqui

Intercambistas de ilha caribenha

chegam

em

julho

para

seguir

estudos de

graduação

No

segundo

semestre deste ano, rostos novos vão começar a circular

pelo

campus da

UFSC- enão sãocalouros.

No

próximo

mês,

3Z estudantes haitianos desembarcam na

capital

catarinense,ondeterãoa

oportunidade

de

seguir

seus

estudos,

prejudicados pelo

terremoto de

janeiro

de

Z010.Osalunos

deveriamter

chegado

ano

passado

ao

Brasil,

mas

problemas

burocráticos

impediram

agilidade

noprocesso.

Quase

um ano e meio

após

o desastre natural

quedevastoucidadesinteirase matou maisdezoo

mil pessoas, o Haiti ainda encara os desafios da

reconstrução.

Diferente do

Japão,

que poucos dias

depois

do abalo sísmicodemarçodesteano

tinha estradas

refeitas,

o

país

mais

pobre

das Américas

precisa

de

ajuda

internacional em massa para se reerguer.Foinessecontextoque,emabril deZOlO,a

Coordenação

de

Aperfeiçoamento

de Pessoale Nível

Superior

(Capes) lançou

o

Programa

Emergencial

Pró-Haitiem

Educação

Superior,

pelo qual pretende

ajudar

na

reestruturação

das

instituições

de lá e

permitir

que estudantes

prossigam

seusestudos

aqui.

Apesar

deseucaráter

emergencial,

apenasquatro universidades federais brasileiras aderiram àproposta

que,

inicialmente,

previa

500 bolsas de estudo. Os

alunos deveriam tervindo no

segundo

semestre de

ZOlO, mas a falta de dados que comprovassem a escolaridade deles

impediu agilidade

nos trâmites. "Muitos

perderam

seusdocumentosnoterremoto,e semisso nãohácomotersegurança sobreo curso e afase que elesestãoaptospara

acompanhar

aqui",

HAITIANOS

NA

UFSC

4

2

.,

4

2

2

2

1

2

, (

4

" l'

2

..

2

32

I (llA �I •

explica

o

professor

Ênio

Luiz

Pedrotti,

secretário de

Relações

InternacionaisdaUFSC.

Nos

primeiros

seis meses os haitianos terão

• somente aulas para

aprender português, pois

os

idiomas oficiais da ilha caribenha são o francês e o criolo. No

total,

os intercambistas devem ficar

18 meses no

país:

meio ano para o

aprendizado

da

língua

local e um anoparaas

graduações,

sem

poderem

terminar seus cursos no Brasil. Um dos

motivos dessa

exigência

da

Capes

é para que não

haja 'fuga

de

cérebros', já

que o

objetivo

é formar

profissionais

quecolaboremcom o

reerguimento

de sua

nação.

A Secretariade

Relações

Internacionais

(Sinter)

se preocupa em

integrar

os

estrangeiros

com os brasileiros. Os selecionados devem ficar

separados,

inclusive em turmas de um mesmo curso, para

que

interajam

com outros estudantes e não

haja

segregação.

Assim como ocorre com outros

intercâmbios,

alunos daUFSC

podem

secandidatar

para ser

'padrinhos'

dos

haitianos,

o que

implica

em

ajudar

na

adaptação

e apresentaros ambientes da

universidade,

como o restaurante e abiblioteca central. Além

disso,

espera-se que os

estrangeiros

comecem a

frequentar

os

departamentos

e laboratórios deseus cursos

no

primeiro

semestre,

para se familiarizarem com seu futuro ambiente de estudo. "A universidadevai mostrar se é aberta e acolhedora ou se é

elitista",

comenta Pedrotti.

...

Uma

grande

-e

importante

-preocupação

é como essesalunosvão

conseguir

semanterno

Brasil,

queoauxílio mensalque irãoreceberéde

R$

500. Eles

poderão almoçar

e

jantar

de graçanorestaurante

universitário

(RU),

mas as

refeições

de fins de semana e

despesas

com

habitação

ficampor conta

própria.

Taís Prates,assistente do

professor

Pedrotti e

responsáve!

por

ajudar

aencontrarmoradia para

íntercambistas,

preocupa-se: "As famílias quetemos

cadastradaspara

receber

estudantes de fora cobram

R$

1000 mensais. Não há como esses bolsistas pagarem porisso." Afuncionária diz que pensana

possibilidade

deoshaitianos

sejuntarem

para dividir o

aluguel

de

apartamentos

para tentarreduzir os custos, e faz um

apelo: "Quem

tiver

condições

de

abrigar

um desses alunos

gratuitamente,

pode

se

apresentarnoSinter".

Assimqueo programafoi

lançado,

houve quem se

prontificasse

para prestar

ajuda.

Luiz

Gonzaga

Gaivão,

sz,

economista

aposentado,

se

propõe

a colaborar.

"Conheço

muitagentenacidade.Podemos

tentar

junto

à Câmara dos Vereadorese aPrefeitura

dispensar

o pagamento do ônibus para que eles possam conhecer nossa Ilha nos fins de semana, além da

isenção

de entradaparaatividadesculturais.

Com

R$

500não vai

dar,

elesvão passar

necessidades,

não vãosobreviver

aqui.",

conclui Gaivão.

O

professor aposentado

de Estudo de Problemas Brasileiros da UFSC é

engajado

em várias causas voluntáriase sedefinecomo"um cidadão do

mundo,

ummanezinho que batalha

pelo

desenvolvimentoe

pela qualidade

de vida." Elecontaque

alguns

anos

16 cursosoferecem vagas para

capacitar jovens

que irão

ajudar

a

reerguero

país

tentou

ajudar

um

jovem

do Haiti que estava na

capital

catarinense e

queria

estudar Medicinanafederal. O

estrangeiro

não

pôde

entrar no curso e foi embora. "Ele me

pediu ajuda

e

eu não

pude

fazer nada por

ele,

me sinto

impotente",

seemociona."Nãoseiseele estávivo,se sobreviveuaoterremoto,se

hoje

émédico...Eunão

consigo

mais

encontrá-lo",

desabafa Gaivão.

Outra pessoa que se ofereceu para

ajudar

os haitianos é o seu

compatriota,

frei Pierre

Júnior

jentil,

30, missionário da

igreja

católica. O

jovem

estuda

teologia

em

Florianópolis

e lembra que é difícil

chegar pela

primeira

vez em outro

país.

"Sei que é

complicado,

por isso se eles tiverem

algum

problema

com

comunicação,

eu me

disponho

a

ajudar."

Solidariedadenãotemfronteiras

O Brasil não é o único

país

a auxiliar na

reconstrução

doHaiti.

Após

odesastre

natural,

várias

nações

enviaram

ajuda

financeira e humanitária. Tambémnãoé de

hoje

queoferecemos

ajuda

àilha

caribenha,

mesmo antes do terremoto de Z010, o governo

mantinhaForçasdePazatuandono

país.

Atos de solidariedade como esse também trazem

benefíciospara quemprestaosocorro.

De acordocom adoutoraKarinedeSouza

Silva,

coordenadora do

Programa

de

Pós-graduação

em

Relações

Internacionais da UFSC, os

países

têm

interesses internoseexternosque

podem

ser

supridos

com aoferta de auxíliointernacional. O

Brasil,

por

exemplo, pleiteia

umassentopermanentenoConselho de

Segurança

das

Nações

Unidas

(ONU).

"A

atuação

positiva

pode

nos

favorecer, já

que ficamos entre

grandes potências

nadiscussão de paze segurança,

temas

importantes

paraas

relações

internacionais",

explica.

Oenviodesoldados também éumamaneira

detreinaras

forças

armadas brasileiras.

A

professora

estevenoHaitientreofinal demarço e o começode abrilpara

participar

deumamissão

de reconhecimento da

operação

de

manutenção

da pazMINUSTAH

(Missão

das

Nações

Unidaspara a

Estabilização

do

Haiti),

que atua desde zo04 e

tem oBrasil como lídermilitar. "A

situação

é bem melhor que adoano

passado,

mashámuitoainda

por fazer. Na medida do

possível,

tudo está sendo

reconstruído".Maisdeum ano

após

a

tragédia,

800

mil

desabrigados

vivemem

acampamentos,

semboas

condições

de saúde.Além de

problemas

comosurto

de

cólera,

ainda há índices altos de violênciaefome.

Karine analisa a

recepção

dos intercambistas como uma

parceria

bem construída e frutífera.

"Educação

é

fundamental,

seelesnão

podem

seguir

seus estudos

lá,

que tenham a chance de estudar

aqui.

Solidariedadenãotemfronteiras".

NayaraD'Alama

naydalama@gmail.com Ilustrações:Tais Massaro

..

Estudantes

terão

apenas

R$

500

mensais para

se

(6)

6

junho

2011

I

ZERO

Alguns jovens

passam

o

recreio inteiro

navegando

em

redes sociais

, . VerônicaLemus

no e

aprendizagem,

seforem tomados

alguns

cui­

dados.Romeu

Augusto

Bezerra,diretor doCA,ad­

miteos

problemas

na

implementação,

mas

apóia

o usodosnetbooksnasala deaula. "O

computador

ajuda,

sim! Na hora que o aluno tiver ocontro­

le, quando

ele se

apropriar

devidamente dessa

possibilidade

de

conhecimento,

terá umamelhor

aprendizagem."

Além do bomsenso dos

alunos,

a

internetdoCA

bloqueia

sitescomconteúdoconsi­

derado

impróprio

-pornografia,

por

exemplo.

"O

Ministério

[da

Educação]

exige

queo

projeto

UCA

tenhaumarede

própria.

Etambém devemos con­ siderar que o controle de acesso vem decasa, da

família,

para

qualquer

conteúdo."

Pedagogia

desconectada

Netbooks

na

sala de aula divertem

alunos

e

desafiam

professores

Apequena

quadra

de esportes do

Colégio

de

Aplicação

da UFSC

(CA),

ponto deencontro

daturmado futebolcomlatinhas de

refrige­

rante,costumavaser umdos locaismais

disputa­

dosnahora do intervalo.

Hoje,

oespaçonemé tão

desejado pelos

alunos,

que agoradivertem-secom conversas emredessociaisetrocade linkscomvi­

deos

engracados.

O motivoda

mudança

sãoos ne­ tbooks distribuídos

pela

escolanoiniciodesteano

parauso emsala de aula.

Enquanto

osestudantes divertem-seno recreio com os novos

"brinquedi­

nhos",

os

professores

pensamemmaneirasdeusar essas novas

tecnologias

para fins educacionais.

Os

computadores

distribuídosnaescola fazem

parte do PROUCA, o

Programa

Um

Computador

por Aluno. O PROUCA foi criado em 2005 para

melhorara

situação

tecnológica

da

educação

bá­

sica e

proporcionar

inclusão

digital

pormeio da

distribuição

gratuita

de netbook nas escolas

pú­

blicas brasileiras. Desdeo ano

passado,

300 colé­

gios participam

deumafase

preliminar

do

projeto

- entre

eles,

o

Colégio

de

Aplicação,

que recebeu

1082

computadores,

entregues para

professores

e alunos doensinofundamentalemédio.

O

"uquinha",

nome dado carinhosamente

pelos

estudantes aos

netbooks, chegou

no início deste ano para todas as turmas, mas ainda não

consegue atender às

expectativas

dos

jovens

do

CA. O aluno Mateus

Ebenriter,

por

exemplo, quis

instalarumprograma para editar

vídeos,

masnão

conseguiu

até agora. "A

máquina

ébem

simples,

possui

uma

capacidade

limitada.Agenteusamais

pra acessar a internet mesmo.

Quem

quer fazer

algo diferente,

não

consegue",

avaliaMateus, que usamais o celular e o

computador

decasa para fazer trabalhos escolares. "Prefiro trabalhar no

computador

decasa- é

mais

rápido.

Pralerslides do

Powerpoint,

uso meu

celular",

explica

o

jovem,

enquantomostraa

apresentação

exibida naúlti­ maaula de

Sociologia.

Darsuporteàs

disciplinas

oferecidasnoensino

básico é umdos

principais

motivosparaa distri­

buição

dos

computadores. Segundo

a

professora

EdlaMaria FaustRamos, coordenadora do

proje-toem SantaCatarina,há um

grande esforço

das

instituições

deensino para que o

projeto

dêcerto.

"Estamosnumafase

piloto.

Umadas

grandes

difi­ culdades paraa

aplicação

édeterminaradinâmi­ cado dia adia desses netbooksnasala de aula." Edla acreditaqueapresençados

computadores

em sala de aula

pode

trazer benefícios para o estu­

dante

-por issoainsistênciano

aperfeiçoamento

do

projeto.

"Além dos

laptops,

o

Projeto

prevê

o

investimento em

infraestrutura,

ofinanciamento de

pesquisas

pelo

CNPq,

a

expansão

das redes...

Queremos proporcionar

uma imersão desses

jo­

vens nas novas

tecnologias."

A"imersão" de boapartedos alunosnãoocor­ redo

jeito

queoscoordenadores do

projeto

gosta­

riam. Comainternetabertaparaacessar asredes

sociaisesites de

vídeos,

ofoco de

algumas

aulas

tornou-se o

bate-papo

no Facebookpara

alguns

estudantes. "Nãoacreditoque

façam

isso pormal­

dade.Paraeles éirresistível-nãoháuma censura.

Eu

poderia

mandaroalunofecharo

computador,

masémelhoreuchamara

atenção,

alertar sobre oscuidadosnainternet...",dizo

professor

degeo­

grafia

doCA,

José

Carlos da Silveira.Para

ele,

esse

tipo

de

orientação

e

importante,

mas o processo de ensinoe

aprendizagem

não

pode

se

perder.

"A escola deve continuar sendo espaço para

análise,

debateeescrita. O

"uquinha"

deveter

relação

com aescola,Ele

pode

estar

ali,

mas com um

significa­

doecercadode

alguns

cuidados."

Afalta de uso

pedagógico

do

"uquinha"

tam­

bém preocupa

alguns

pais

de alunos.ParaAdriano

Ebenriter, pai

de Mateus, os

professores

precisam

preparar-se melhor paraa entrada doscomputa­ dores naescola. A falta de

planejamento

nauti­

lização

dos netbooks gera

desperdício

de tempo,

aprendizado

edinheiro

público.

"Para miméum

projeto

mal

gerenciado.

Afinal,

essaéumatecno­

logia

queexistehátantotempo,né?Issomepare­ cehistóriapra

inglês

ver,só para fazer númeroe aparecerem

propaganda

do

governo."

Mesmo com

algumas

críticas,

a

equipe

do

Colégio

de

Aplicação

acredita na

capacidade

dos

"uquinhas"

para incrementar oprocesso de

ensi-Capacitação

Enquanto

os alunos divertem-se onlineno re­

creioe usam o

"uquinha"

com

facilidade, alguns

professores

ainda têm dificuldades no usobásico da

tecnologia.

Antesdeuma das

capacitações

so­ bre o PROUCA,

alguns

docentes se reunem para

trocarideias sobreo novo

computador. Alguns

de­ les abremonetbook

pela

primeira

vez,outrosma­

nejam

o

computador

com

facilidade,

e unspoucos

brigam

para

conseguir

conectar à rede do UCA.

"Comoeu

faço

praentrarna

internet?",

pergunta umadelas.

"Alguém pode

me

ajudar

aqui?".

O

objetivo

deste

tipo

de oficinaé estimular os

professores

a

explorar

maiso

"uquinha"

emsala de aula. Em Santa

Catarina,

uma

equipe

forne­

cerá,

até o final do ano,

capacitação

para todas asdez escolascatarinenses que

participam

do

pro­

jeto.

"A

formação

fazparte da

implementação

do

PROUCA.

Queremos

estimularos

professores

ade­ senvolveremnosalunosa

competência

na

lingua­

gem

tecnológica

e nas textualidades midiáticas.

Paraisso,temosque criarumlink bem articulado

entre a reflexão

teórico-pedagógica

e a

prática",

defendea

professora

EdlaRamos.

O temada

capacitação

naquele

diaera o uso e as

possibilidades

multimídia do netbookna sala de aula. A

palestrante

Heloísa Schumacher Cor­

rea mostrou

alguns

resultados da

dissertação

do mestrado em

educação

defendidaporela:

grande

(7)

ZERO

I

junho

2011

r

parte

dos alunos do

Aplicação

utilizavam compu­ tadores paraassistirvídeose usarsitesde relacio­

namentos. Adiscussão sobre o usode "novastex­

tualidades", porém,

desencadeou umdebate sobre a utilidade do

computador. "Já

vi alunos usando o

'uquinha'

pra conversar entre

eles,

no meio da

aula!",

diz uma

professora

"Mesmo

quando

não são

autorizados,

eles usam. Não tem mais como

segurar!",

dizoutra.

Depois

de

algumas

discussões

mais acaloradas e trocas de

experiências

com o

computador,

Heloísa

conseguiu

chegar

nummeio termo: é

preciso

didatizar esse

instrumento,

pro­ blematizar o uso e as

possibilidades

que ele cria

paraosalunos.

Afinal,

comodiza

palestrante,

"se usarmos o

computador

pra escrever, viracurso de

datilografia!".

Para

alguns

professores

do

Colégio

de

Aplica­

ção,

a tal

"máquina

de escrever

digital"

mostrou

ser umaboa ferramenta educacional.

É

o casoda

professora

de

inglês

Maristela

Campos,

queincen­ tivaosalunos de saa8asériesa usar o

"uquinha''.

Como

netbook,

osestudantes

podem

assistirvide­

oclipes legendados,

traduzire

interpretar

asletras das músicas de acordocom oquemostramasima­

gens. Além

disso,

Maristela levaparaasala de aula

jogos

onlinefeitos paraoensinoda

língua

inglesa.

"Não

podemos

ficar distantes desse mundotecno­

lógico.

Devemosnos

aproximar

dele,

junto

com os alunos! Grandeparte desses

jovens

é alfabetizada nesses novos suportes, mas nós estamos dando

acesso àtodos os alunos."

Segundo

a

professora,

alguns colegas

têm certa resistência para usar o

computador

com asturmas.

"Alguns

têm medode

perder

contato com a

realidade,

de pensarmos só novirtual.Essadiscussãoé

importante,

mastemos

que

aproveitar

essa

oportunidade!"

Afalta de "mundo real"nocotidiano dascrian­ ças é uma

questão

problematizada

por um dos

principais

defensores brasileiros da sala de aula sem

computadores:

Valdemar

Setzer,

professor

aposentado

pela

USP e

pesquisador.

Para

ele,

a presença destasnovas

tecnologias

atrapalha

ode­ senvolvimento dos estudantes. "O brincar

infantil,

Mateus

gostaria

de editar vídeos

no

"uquinha",

mas

prefere

usar o

computador

de casa

atividades sadias naadolescência como a leitura e a

sociabilização

real,

não a

virtual,

sãoabsolu­

tamente essenciaisparase termais tarde adultos

criativos,

sociáveis,

com

compaixão

equetenham

força

de vontade ecoragem paraenfrentaras ad­ versidades que certamente irão ocorrer em suas

vidas." Além dos

problemas

na

formação,

Setzer

acredita que o excessode

tecnologia atrapalha

o trabalho dos

professores, já

quemantera

atenção

dos alunos no conteúdo da

disciplina

tornou-se

um desafio

-principalmente

agora, com a pre­

sençado

"uquinha''.

Antesmesmoda

chegada

do

computador, alguns

estudantes atualizavam

perfis

noFacebookeassistiamvídeosnoYou

tube,

emal­ gunsmomentosduranteaaula- tudoisto

com um

celular,

netbook ou outro

tipo

de

dispositivo

mó­ vel.

uma

tragédia

queum

aparelho

possa atrair

maisum aluno doqueuma

pessoa."

Além da

dispersão

dos

alunos,

uma

navegação

semcuidadosou

supervisão

nainternet

pode

gerar

problemas

mais graves. Os

jovens

podem

servíti­ masde

fraudes,

exposição

indevidaouatéassédio.

Para o

professor

Valdemar Setzer, deixar o estu­

dante "andar comas

próprias

pernas"

nem sem­

pre

leva

aomelhor caminho. "Em

primeiro

lugar,

esse andar deve ser

adequado

para a idade. Por

exemplo:

uma

criança

pequena

pode

teraliberda­ de de escolher com

qual brinquedo

quer

brincar,

dentreos

jogos

sadiose

apropriados

parasuaida­ dee

cultura,

colocadosa

disposição

por

pais

epro­ fessores.Essa

individualização

em

relação

acada

criança

não existenosmeios

eletrônicos,

pois

eles

são

dirigidos

a uma massa, paramilhões de pes­

soas." Ousodesorientado dos

netbooks,

para

ele,

reforça

aideia de

computador-brinquedo. "Dê-se,

por

exemplo,

um

computador

para uma

criança

ouadolescente. Oque elesvãofazercomele?Ora

bolas,

vão brincare se

divertir,

e isso é absoluta­

mentenormal." DiegoCardoso diego.kardoso@gmail.com DiegoCardoso Divulgação

"Tecnologia

é

panela"

ParaomineiroRubem

Alves,

a

"informatízação"

das escolasnão

deve esquecer deumator

fundamental

noprocesso

de

ensinoe

aprendizagem:

o

professor.

Ementrevistaao

ZERO,

o

educador

fala

sobrea

importância

do pensarnasala de

aula,

independente

douso

das

tecnologias.

ZERO: Neste ano,

algumas

escolas deSantaCatarinacomeçarama distribuir notebooks paraosalunos.Os

computadores

podem

serusados dentro da sala de aula.Osr.acredita queestaferramentatrazvantagens

paraoprocesso de

ensino-aprendizagem

dos estudantes? Rubem Alves:As

tecnologias,

emsi mesmas, sãocomo

qualquer objeto

tecnológico:

como um

canivete,

umserrote,um

martelo,

umbisturi... Tudo

depende

decomoelasvãoserusadas.Enessesentido háa

importância

enorme do

professor,

porqueelevaimostraroscaminhos.Vouusar a

seguinte

imagem:

nãobasta vocêter

panela

boa pratercomida boa.

Tecnologia

é

panela.

Você

precisa

terum

grande cozinheiro,

ele équemfazacomida boa.Amesma

coisacom as

tecnoloigas.

Osartefatos

tecnológicos

emsi

podem

nostornar

mais

imbecis,

mais

incapazes

de pensar. Você pensa que,

apertando

um

botão,

vai

conseguir

alguma

coisa.Você

pode

usar umcaniveteparamataroupara descascar

laranja.

Oponto

nevrálgico

detodosestesprogramaséa

inteligência

e o

desejo

do

professor.

Ele équem vairegeraorquestra,entende?Nãobasta você

terosinstrumentos. Terosinstrumentos nãovaifazer música bonita.

Z:Muitosconsideram que há déficit de

tecnologia

nasescolas.Osr.acha que isto

pode

serconsideradoumdos

grandes

problemas

da

educação

brasileira?Deveser

prioridade?

RA: Euachoque existemoutras

prioridades,

sabe?A

questão

fundamental da

educação

nãoé termais

computadores.

Quais

sãoas

questões

quese

propõe

aos alunos? Existeatéuma

expressão

queeuacho

detestável,

os

professores

falam essa

expressão

semprestar

atenção,

que é "Grade Curricular".Essa

expressão

revela todaumafilosofia de queosconhecimentosvemtodos eles

engradados.

Mas issoé deuma

estupidez

imensa. A

questão

fundamental,

paramim,é afilosofia da

educação.

Oque quese

pretende

com a

educação?

Não éusar

computador

- é

aprender

apensar.Setoda

tecnologia

nãofor usada pra

ajudar

a pensar...Sevocê pensa

bem,

vocêusabemosartefatos

tecnológicos.

Z:

Alguns

defensores dasnovas

tecnologias

naescola acreditam que

estamosdiante deumnovo

paradigma educacional,

pelo

qual

o estudante "andacom as

próprias pernas"

ebuscaoconhecimento

desejado

nosinfinitos bancos de dadosnainternet. ComooSr.analisa

este

ponto

devista?

RA:Osalunos devemter

noção

doqueé que eles

desejam. Imagine

que você

vaifazerumacomida:

enquanto

vocênão tiverideia doquequer

fazer,

que comida quer

fazer,

tudo que for procurar estará

errado,

porque vocênãosabeo queoaluno

deseja.

Enóstemosumdefeitomuito gravenosnossoscurrículos:

pressupõe-se

quetodososalunossão

iguais,

que todos elesvão

aprender

no mesmotempo, na mesma

velocidade,

as mesmascoisas...Isso nãoéa

verdade dos alunos. Cadaalunotemum

desejo

diferente

-e as nossas

"grades

curriculares"não

contemplam

essa

diferença.

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