FACULDADE DE ENFERMAGEM
Roberta Nazario Aoki
BULLYING, SATISFAÇÃO NO TRABALHO E INTENÇÃO EM
PERMANECER NO EMPREGO E PROFISSÃO
Campinas
ROBERTA NAZARIO AOKI
BULLYING, SATISFAÇÃO NO TRABALHO E INTENÇÃO EM PERMANECER NO EMPREGO E PROFISSÃO
Dissertação apresentada à Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em Ciências da Saúde na Área de Concentração: Cuidado e Inovação Tecnológica em Saúde e Enfermagem.
Orientadora: Profa. Dra. Edinêis de Brito Guirardello Coorientador: Prof. Dr. Dirceu da Silva
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA ROBERTA NAZARIO AOKI, E ORIENTADA PELA PROF.A DR.A EDINÊIS DE BRITO GUIRARDELLO
Campinas 2019
BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO
ROBERTA NAZARIO AOKI
Orientadora: PROFA DRA EDINÊIS DE BRITO GUIRARDELLO Coorientador: PROF. DR. DIRCEU DA SILVA
MEMBROS:
1. PROFA DRA Edinêis de Brito Guirardello [Orientadora]
2. PROF.ª DR.ª Maria Inês Monteiro ___________________________________
3. PROF.ª DR.ª Cristiane Helena Gallasch ______________________________
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas.
A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.
Ao meu pai (in memoriam), que dedicou sua vida em prover meus estudos e vibrar com as minhas conquistas...
À minha família, pelo suporte e apoio, pela compreensão da ausência e do cansaço que muitas vezes me venciam ...
À minha filha, Alice, cuja existência é minha maior motivação diária...
À minha orientadora, Profa. Dra. Edinêis, pelos ensinamentos, acompanhamento, por compreender meus anseios...
Ao Prof. Dr. Dirceu da Silva pela parceria e contribuição sempre assertiva nos andamentos do estudo...
À Enfermeira Roseli Higa, do Departamento de Enfermagem do HC Unicamp, pela contribuição sempre solícita em atender minhas demandas de informações para a coleta de dados...
À equipe de Enfermagem do Hospital das Clínicas da Unicamp, em especial à equipe da Unidade de Terapia Intensiva, que me acompanha há 12 anos e também participou desta importante etapa...
Às colegas de mestrado Priscila Cannavan, Mariana Véo, Hellen Fernandes e Carla Marcelino, pelo apoio nas aulas, nas discussões do projeto, por registrarem momentos importantes desse desafio...
Às amigas Camila Vegian, Vanessa Abreu e Thais de Souza Guedes, por serem minhas fiéis apoiadoras e incentivadoras em todos os momentos da minha vida...
O entusiasmo é a maior força da alma. Conserva-o e nunca te faltará poder para conseguires o que desejas”. Napoleon Hill
O bullying é uma das formas de violência presente em ambientes laborais e a enfermagem é uma das categorias vítima desse comportamento. Consiste em atos de violência sistemáticos, repetitivos, prolongados e com graves repercussões à saúde e ao desenvolvimento profissional. Considerando o impacto negativo deste comportamento para a saúde e o desempenho profissional, o objetivo deste estudo foi avaliar a percepção de bullying e a relação com a satisfação profissional, percepção do trabalho em equipe e intenção de deixar o emprego e a profissão. Trata-se de estudo quantitativo e transversal realizado em um hospital de ensino do interior do Estado de São Paulo. Participaram do estudo 350 profissionais de enfermagem, sendo 118 enfermeiros e 232 técnicos de enfermagem com tempo de atuação na instituição igual ou maior a seis meses. A taxa de resposta foi de 94,6%. A coleta dos dados ocorreu no período de abril a junho de 2018. Para avaliação da percepção de bullying, os profissionais foram convidados a responder a versão brasileira do Negative Acts Questionnaire (NAQ-R); as variáveis satisfação no trabalho e trabalho em equipe foram extraídas das subescalas do Safety Atittudes Questionnaire short form 2006 versão brasileira. A maioria dos profissionais (60,9%) relatou não exposição ao bullying, 9,7% relatou ter sido exposto a atos de bullying e 29,4% considera-se eventualmente exposto aos atos negativos. Com relação à percepção do trabalho em equipe e intenção em permanecer no emprego, evidenciou-se correlação negativa entre a percepção de bullying e estas variáveis (r= -0,31 e r =-0,20 ), indicando que quanto maior a percepção de atos negativos, menor a percepção positiva de trabalho em equipe e menor a intenção em permanecer no emprego. A percepção de satisfação no trabalho foi positiva (75,51) e não apresentou correlação com bullying neste estudo. Apesar da baixa exposição efetiva ao bullying, a existência de um grupo de profissionais que eventualmente vivenciou atos negativos no ambiente de trabalho deixa o alerta para a necessidade de políticas de prevenção deste comportamento, evitando-se os evitando-seus padrões mais evitando-severos na instituição de saúde.
Descritores: Bullying; Satisfação no Emprego; Enfermagem.
Linha de Pesquisa: Gestão de Serviços; Informação/Comunicação e Trabalho em
Bullying is one of the forms of violence present in working environments and nursing is one of the victim categories of this behavior. It consists of systematic, repetitive, prolonged acts of violence, with serious repercussions on health and professional development. Considering the negative impact of this behavior on health and professional performance, the objective of this study was to evaluate the perception of bullying and the relation with professional satisfaction, perception of teamwork and intention to leave the job and the profession. Quantitative and transversal study carried out in a teaching hospital in the interior of the State of São Paulo. The study was attended by 350 nursing professionals, of which 118 were nurses and 232 nursing technicians, with a duration of six or more months in the institution. The response rate was 94.6%. The data were collected from April to June 2018. To assess the perception of bullying, the professionals were asked to respond to the Negative Acts Questionnaire (NAQ-R) Brazilian version and to the variables satisfaction at work and teamwork, extracted of the Safety Atittudes Questionnaire short form 2006 Brazilian version subscales. Most of the professionals (60.9%) reported no exposure to bullying, 9.7% reported having been exposed to acts of bullying and 29.4% considered themselves to be exposed to negative acts. Regarding the perception of teamwork and intention to remain in employment and occupation, there was a negative correlation between the perception of bullying and these variables (r = -0.31 er = - 0.20), indicating that the greater the perception of negative acts, the less the positive perception of teamwork and the less intention to remain in employment. Despite the low effective exposure to bullying, the existence of a group of professionals who eventually experienced negative acts in the work environment, leaves the alert for the need of policies to prevent this behavior, avoiding more severe patterns of this behavior in the health institution.
CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética CINAHL Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature CNS/MS Conselho Nacional de Saúde/ Ministério da Saúde CONEP Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
DeCS Descritores em Ciências da Saúde FCM Faculdade de Ciências Médicas
LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde LIPT Leymann Inventory of Psychological Terror
MeSH Medical Subject Headings
NAQ-R Negative Acts Questionnaire Revised
SAQ Safety Atittudes Questionnaire short form 2006 Brazilian version
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de Consentimento Livre Esclarecido
SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ...12 1. INTRODUÇÃO ... 13 1.1 Justificativa ... 17 1.2 Hipóteses ... 18 2. OBJETIVOS ... 19 2.1 Objetivo geral ... 19 2.2 Objetivos específicos ... 19 3. MÉTODO ... 20 3.1 Tipo de estudo ... 20 3.2 Local de estudo ... 20 3.3 População e amostra ... 20
3.4 Instrumentos de coleta de dados ... 21
3.4.1 Ficha de caracterização pessoal e profissional ... 22
3.4.2 Safety Atittudes Questionnaire (SAQ) Short Form 2006 versão brasileira ... 22
3.5 Procedimento de coleta de dados ... 26
3.6 Tratamento e análise dos dados ... 26
4. RESULTADOS ... 28
4.1 Manuscrito 1 – Bullying no ambiente de trabalho da Enfermagem: revisão integrativa ... 29
4.2 Manuscrito 2 – Bullying: relação com satisfação, trabalho em equipe, intenção em permanecer no emprego e na profissão de enfermagem. ... 50
5. DISCUSSÃO GERAL ... 67
6. CONCLUSÃO ... 70
APÊNDICES ... 76
Apêndice 1 – Autorização do Departamento de Enfermagem / Instituição de Saúde ... 76
Apêndice 2 – Autorização do autor do Negative Acts Questionnaire Revised (NAQ-R) ... 77
Apêndice 3 – Autorização da autora do Negative Acts Questionnaire Revised (NAQ-R) versão brasileira ... 78
Apêndice 4 – Autorização da autora do Safety Attitudes Questionnaire (SAQ) Short Form 2006 versão brasileira ... 79
Apêndice 5 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ... 80
ANEXOS ... 83
Anexo 1 – Ficha de Caracterização Sociodemográfica ... 83
Anexo 2 – Safety Atittudes Questionnaire (SAQ) Short Form versão brasileira ... 85
Anexo 3 – Negative Acts Questionnaire Revised (NAQ-R) – versão brasileira ... 86
APRESENTAÇÃO
Minha trajetória na Enfermagem iniciou-se em 2001, ao ingressar no Curso de Graduação em Enfermagem do até então Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Conclui meu curso em janeiro de 2005 e simultaneamente iniciei minha jornada como enfermeira em instituições hospitalares privadas. Em 2007 tive a alegria em retornar à Unicamp, como enfermeira assistencial da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas da Unicamp, unidade que me acolheu, me ensinou, e assim permaneço neste constante aprendizado há 12 anos. Foram sete anos na assistência direta ao paciente e atualmente exerço minhas atividades na gestão da Enfermagem, como Diretora de Enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva, após três anos de supervisão à Unidade Pós Operatória e Unidade Coronariana.
Durante estes anos a assistência e a gestão me proporcionaram momentos de reflexão, de busca pelo entendimento das relações humanas no trabalho, que ora traziam harmonia e, em segundos, promoviam verdadeiros e duros embates entre os profissionais, situações que impactavam significativamente no planejamento das atividades diárias e nos resultados esperados pela equipe.
Estas vivências, como enfermeira assistencial e como gestora, despertaram meu interesse pela temática desta pesquisa, com a intenção de compreender e identificar situações que possam acarretar desgastes das relações profissionais, que causarão prejuízos a qualidade de vida do profissional e da assistência prestada ao paciente.
1.INTRODUÇÃO
As diversas mudanças políticas e econômicas ocorridas nas últimas décadas do século XX acarretaram transformações no comportamento humano, expondo os trabalhadores a novos riscos no ambiente de trabalho1.
A década de 1970 foi marcada pela transição de padrões econômicos mais estáveis, oriundos dos Anos Dourados após a Segunda Guerra Mundial, para um modelo econômico neoliberal, que ao longo dos anos mostrou-se instável economicamente, favorecendo a desigualdade social e a divisão de classes2.
Neste contexto, as modificações das estruturas laborais acompanharam a instabilidade do mercado financeiro, originando novas formas de organização do trabalho, com foco maior nos lucros e na produtividade à custa de jornadas exaustivas, aumento da informalidade e menores padrões de qualidade de vida e do trabalho. É neste contexto de mudanças que profissionais passaram a vivenciar atos de violência em diversos países, demonstrados por discriminação, agressões, racismo e assédio no ambiente de trabalho1.
Acredita-se que estes atos de violência sempre existiram, mas a partir de 19803 as manifestações de maus tratos aos profissionais, denominadas como moobing4 ou
bullying5, desencadearam análises mais críticas por parte dos pesquisadores.
O comportamento de bullying no ambiente de trabalho é um fenômeno generalizado em vários países6. É caracterizado por um comportamento sistemático,
persistente e por um período maior de seis meses, demonstrado por repetidos atos negativos como: observações insultantes, exposição da vítima, abuso verbal, provocação ofensiva, isolamento e exclusão social ou a constante depreciação do trabalho e esforços durante as atividades laborais7. Este comportamento está relacionado à ocorrência da degradação da saúde e do desenvolvimento profissional dos trabalhadores afetados, que apresentam sintomas como nervosismo, baixa autoestima e isolamento social que culminam até mesmo em ideais suicidas3. Além das repercussões pessoais, as organizações onde o bullying é identificado enfrentam aumento do absentismo e altos índices de burnout e turnover, situações consideradas financeiramente dispendiosas para as instituições3.
Estudos nacionais8-9 e internacionais10-13 apontaram que o bullying tem sido frequentemente evidenciado na área da saúde, principalmente entre os profissionais de enfermagem, considerada a categoria profissional mais exposta a este tipo de violência, seja por outros profissionais ou até mesmo por pacientes14-16. No Brasil, uma pesquisa sobre o perfil da categoria de enfermagem divulgou que 360 mil profissionais sofreram algum tipo de violência no período de um ano17.
A enfermagem representa o maior grupo de profissionais em serviços de saúde e possui chances três vezes maiores de sofrer bullying em comparação a outros trabalhadores de saúde18. Este alto risco é demonstrado pelo crescente número de estudos que, nos últimos anos, abordaram este fenômeno entre trabalhadores de enfermagem19-20.
Uma pesquisa brasileira sobre o perfil da categoria de enfermagem, que envolveu profissionais de todo o país, divulgou que 30% dos profissionais sofreram algum tipo de violência no período de um ano17. Ainda segundo a literatura nacional, a prevalência de bullying na enfermagem tem variado entre 29,65% dos enfermeiros em estudo realizado no sul do país14 e alarmantes 73% dos profissionais de enfermagem da região norte do país15.
Em relação a literatura internacional, um estudo realizado no Sul dos Estados Unidos em 2016 apontou que 40% dos enfermeiros relataram atos de bullying em seu ambiente de trabalho20. No mesmo ano, estudo da Arábia Saudita apontou para índices de violência laboral semelhantes aos encontrados nos Estados Unidos21. Apesar de ser considerada alta a prevalência de bullying neste período, os Estados Unidos já vivenciaram piores indicadores em 2012, quando 72% de enfermeiros de uma instituição de saúde relataram a vivência de bullying no ambiente de trabalho22.
As diferenças entre as prevalências encontradas nos estudos sobre o bullying podem refletir a real condição de trabalho de muitos profissionais da enfermagem, embora se verifiquem por vezes variações decorrentes da dificuldade em se estabelecer definições padronizadas sobre o comportamento de bullying e também metodologias adequadas para a identificação deste fenômeno entre os profissionais de enfermagem nas instituições de saúde23.
A literatura aponta dois recursos metodológicos para identificação do comportamento de bullying no trabalho: estudos de abordagem subjetiva e estudos de abordagem objetiva24. Dentro da abordagem subjetiva, autores utilizaram métodos qualitativos para investigação do bullying no ambiente de trabalho25 a partir de um conceito pré-concebido de violência laboral, assim, os discursos e relatos dos profissionais são analisados por meio de grupos focais25 ou por entrevistas abertas26 por
meio das quais autodenominavam-se vítimas ou não de atos bullying. Considera-se, porém, que este tipo de abordagem traz um caráter predominantemente subjetivo, uma vez que se considera exclusivamente a percepção individual de cada profissional24.
Para avaliação objetiva do comportamento de bullying foram criados instrumentos específicos para a coleta das informações relativas aos atos negativos no ambiente profissional23. Os instrumentos mais utilizados para a mensuração do bullying no local de
trabalho são o Leymann Inventory of Psychological Terror (LIPT)27 e o Negative Acts
Questionnaire (NAQ)28.
O Negative Acts Questionnaire (NAQ) é um instrumento da área da psicologia elaborado na Noruega28 e amplamente utilizado em estudos de violência no trabalho em países como Turquia, Estados Unidos e Grécia29-31. É composto por 22 questões que descrevem atos negativos que podem ocorrem no ambiente profissional e permite classificar a exposição dos profissionais conforme a frequência com que estes atos são percebidos no cotidiano de trabalho. Nesta proposta de avaliação oferecida pelo NAQ, a temporalidade dos atos negativos é fator primordial para a identificação de vítimas de
bullying no ambiente laboral28 ou seja, não são os conflitos cotidianos ou esporádicos que
caracterizam o bullying, e sim os atos persistentes que ocorrem por meses e até mesmo anos5.
A versão revisada do NAQ, denominada Negative Acts Questionnaire revised (NAQ-R), foi traduzida e validada para a cultura brasileira e possui como diferencial a inclusão de uma questão adicional que informa ao profissional uma definição de violência no trabalho para que ele possa se autodenominar vítima ou não de bullying. A combinação dos dois métodos, objetivo e subjetivo, é recomendada para melhorar a avaliação de percepção de bullying32. O NAQ-R versão brasileira foi aplicado inicialmente em duas pesquisas: uma com trabalhadores de vários setores profissionais e outra com
bancários. A partir desses estudos, análises estatísticas indicaram a confiabilidade do instrumento (Alfa de Cronbach = 0,90). A correlação entre os 22 itens da escala com a questão subjetiva do assédio foi considerada significativa (Pearson = 0,494, p<0,01)24, de modo que o instrumentotem sido aplicado em pesquisas nacionais sobre violência no trabalho33-34.
A utilização de instrumento específico para a avaliação do comportamento de bullying é essencial para a identificação deste fenômeno no ambiente de trabalho de maneira sistematizada. Instrumentos como o NAQ-R favorecem o reconhecimento deste fenômeno ainda precocemente, identificando grupos afetados e aqueles que podem ter iniciado alguma exposição a atos negativos, favorecendo a adoção de medidas que contenham a violência e reduzam o impacto sobre a profissão e a instituição35.
Para a enfermagem, estudos afirmam que o impacto deste tipo de violência aos profissionais vai além das manifestações físicas e emocionais, frequentemente demonstradas por elevados níveis de estresse, ansiedade e depressão36-37. Os sentimentos de raiva, medo e baixa autoestima afetam também o relacionamento da vítima com sua equipe. O isolamento social, e até mesmo o sentimento de culpa atribuído pela vítima aos atos negativos vivenciados, prejudicam a comunicação com a sua equipe, o comprometimento com o trabalho desenvolvido e a motivação para atividades diárias, atributos considerados essenciais à satisfação e qualidade da assistência prestada38-39.
A motivação é considerada fator determinante para a satisfação do profissional no trabalho. Conceituada como a sensação de contentamento que o profissional manifesta em relação às suas atividades laborais , a satisfação no trabalho é percebida com um conjunto de sentimentos complexos e dinâmicos que refletem a forma como o indivíduo interpreta seu ambiente de trabalho frente suas expectativas pessoais40. Atos negativos no ambiente de trabalho proporcionam a quebra dos pilares que sustentam a satisfação, uma vez que os profissionais percebem um ambiente desfavorável para suas práticas laborais, aliado às frágeis ou ausentes relações sociais com seus pares, frustrando suas expectativas40.
O baixo nível de satisfação no trabalho, em especial na área da saúde, pode afetar diretamente o desenvolvimento profissional, diminuindo a satisfação, a produtividade, a interação profissional e aumentando o absenteísmo38. Além da insatisfação com o
trabalho e com sua equipe, outros desfechos negativos do bullying são o abandono do emprego39 e até mesmo da profissão31, considerando que os profissionais julgam não ser capazes de manter suas atividades e, assim, de não conseguir desempenhar adequadamente suas funções38.
Além das diversas repercussões negativas do bullying para a equipe de enfermagem, deve-se acrescentar que estes profissionais convivem diariamente com a dor e angústia de pacientes e familiares, sobrecarga de trabalho e jornadas intensas, situações cotidianas que são estressantes e que, somadas aos atos de bullying, corroboram para a deterioração das condições de saúde e trabalho dos profissionais41.
1.1 Justificativa
A motivação para o estudo deste tema no ambiente da prática profissional da enfermagem advém da perspectiva de que ao identificar a prática de bullying nas instituições, os prejuízos à saúde e ao desenvolvimento profissional dos trabalhadores de enfermagem possam ser evitados ou minimizados.
Os profissionais que sofrem atos de bullying apresentam manifestações em sua saúde física e mental, convivem diretamente com sentimentos de raiva e baixa estima resultantes do baixo nível de satisfação com seu ambiente laboral e da fragilidade das relações sociais estabelecidas. A falta de interação com os demais membros da equipe e o distanciamento das rotinas que estruturam a assistência de enfermagem culminam em sentimentos de incapacidade para enfrentar desafios e podem determinar a permanência do profissional no seu emprego e também na sua profissão11.
Neste sentido, avaliar a percepção da equipe de enfermagem quanto ao bullying sofrido no ambiente de trabalho, assim como fatores associados a este comportamento, pode favorecer a adoção de medidas preventivas e políticas de contenção destes atos, com o intuito de preservar a integridade do profissional e das relações de trabalho que garantem a qualidade dos serviços de saúde prestados.
1.2 Hipóteses
• H1: Os técnicos de enfermagem irão relatar maior percepção de bullying do que os enfermeiros.
• H2: Há relação negativa entre a percepção de bullying e a satisfação do profissional com seu trabalho.
• H3: Há relação negativa entre a percepção de bullying e a percepção de trabalho em equipe.
• H4: Os profissionais de enfermagem que perceberem ou relatarem bullying relatarão também menor intenção em permanecer no emprego e na profissão.
1. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Avaliar a percepção de bullying entre os profissionais de enfermagem e a relação deste comportamento com a satisfação no trabalho e a intenção em permanecer no emprego e profissão.
1.2 Objetivos específicos
• Analisar a percepção de bullying pelos profissionais de enfermagem.
• Investigar diferenças da percepção de bullying entre enfermeiros e técnicos de enfermagem.
• Verificar a existência de correlação entre bullying e satisfação no trabalho. • Verificar a existência de correlação entre bullying e percepção de trabalho em
equipe.
• Verificar a existência de correlação entre bullying e a intenção em permanecer no emprego e na profissão.
2. MÉTODO
3.1 Tipo de estudo
Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e transversal. Estudos transversais apresentam medições realizadas em uma única oportunidade, sem acompanhamento posterior da amostra. Este tipo de estudo fornece informações sobre a prevalência de determinada condição em determinado período, não sendo necessário aguardar o acontecimento do desfecho em observação, uma vez que os resultados fornecem características dos grupos que podem revelar atrativas associações42.
3.2 Local de estudo
O estudo foi realizado em um hospital público de ensino do interior de São Paulo, de nível terciário e quaternário, que atende pacientes provenientes da região metropolitana de Campinas e integralmente vinculado ao Sistema Único de Saúde.
O hospital é composto por 409 leitos distribuídos em Unidades de internação clínica e cirúrgica, Pediatria, Unidade de Terapia Intensiva, Centro Cirúrgico, Unidade de Emergência Referenciada, Unidades de atendimento ambulatoriais e Serviços de apoio (imagem, hemodiálise, hospital dia). O hospital é referência para atendimentos de alta complexidade na região.
3.3 População e amostra
A população do estudo correspondeu aos profissionais de enfermagem que desenvolvem atividades de assistência e gestão na referida instituição abrangendo, segundo informações fornecidas pela assessoria de Recursos Humanos do Departamento de Enfermagem da instituição, um total de 1509 profissionais em seu quadro atual.
Para a amostra foram considerados os enfermeiros e técnicos de enfermagem que desenvolvem atividades relacionadas a assistência de enfermagem, com idade igual ou superior a 18 anos e tempo de experiência igual ou superior a seis meses na instituição, uma vez que o instrumento escolhido para o estudo aborda a percepção de bullying referente aos últimos seis meses de atuação no hospital.
Foram excluídos da amostra os sujeitos que estavam ausentes no período de coleta de dados devido a licença-médica e licença-gestante.
Para o cálculo do tamanho da amostra considerou-se uma proporção p = 0,50, cujo valor representa a variabilidade máxima da distribuição binomial, gerando uma estimativa com o maior tamanho amostral possível43-44.
Nessa fórmula, “N” representa a população de enfermeiros e técnicos que trabalham na instituição. Já “D”, a precisão da estimativa a ser mensurada, que pode ser descrita como “B/Z”, em que “B” é o erro amostral e “Z” é um percentil da distribuição normal padrão. Assumindo o erro amostral de 5%, o cálculo estimado considerou o mínimo de 306 profissionais entre enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Para a abordagem dos sujeitos nas unidades de trabalho da enfermagem calculou-se previamente o número de profissionais por categoria de enfermagem, em cada unidade e em cada turno de trabalho, que seriam incluídos no estudo.
3.4 Instrumentos de coleta de dados
Para a coleta de dados foram utilizadas a Ficha de Caracterização Pessoal e Profissional, o instrumento Negative Acts Questionnaire revised (NAQ-R) e as subescalas satisfação no trabalho e trabalho em equipe do instrumento Safety Atittudes Questionnaire (SAQ) Short Form 2006.
3.4.1 Ficha de caracterização pessoal e profissional
A ficha de Caracterização Pessoal e Profissional foi adaptada do estudo de Panunto45 e inclui dados pessoais como sexo, idade e estado civil, além de dados profissionais como formação profissional, tipo de vínculo empregatício, turno de trabalho, tempo de trabalho na unidade e na instituição, carga horária semanal e existência de outro vínculo de trabalho (Anexo 1).
3.4.2 Safety Atittudes Questionnaire (SAQ) Short Form 2006 versão brasileira
As variáveis trabalho em equipe e satisfação no trabalho foram extraídas das subescalas do instrumento Safety Atittudes Questionnaire (SAQ) Short Form 2006, versão brasileira46. A subescala trabalho em equipe contém seis itens e a subescala satisfação no trabalho apresenta cinco itens. A escala de resposta é do tipo Likert de cinco pontos incluindo as opções discordo totalmente (0 pontos), discordo em parte (1 ponto), neutro (50 pontos), concordo em parte (75 pontos) e concordo totalmente (100 pontos). Pontuações iguais ou superiores a 75 pontos indicam percepção positiva para trabalho em equipe e satisfação com o trabalho.
Na subescala trabalho em equipe, o item “Nesta área, é difícil falar abertamente se eu percebo um problema com o cuidado ao paciente” possui conotação negativa e deve ser considerado a partir de codificação reversa (Anexo 2).
Os valores de confiabilidade no estudo original foram de 0,65 para subescala trabalho em equipe e de 0,77 para a subescala satisfação no trabalho. Já a validade de construto foi realizada por análise fatorial exploratória e confirmatória.
3.4.3 Negative Acts Questionnaire Revised (NAQ-R) – versão brasileira
O Negative Acts Questionnaire Revised (NAQ-R) foi desenvolvido por Einarsen e Raknes28 e validado para a cultura brasileira24 com a finalidade de mensurar a percepção
de frequência dos atos negativos. É composto por 22 afirmativas e o sujeito é solicitado a respondê-las por meio de uma escala Likert com referência aos últimos seis meses de trabalho na unidade, considerando as opções: nunca (01 ponto), de vez em quando (2 pontos), mensalmente (3 pontos), semanalmente (4 pontos) e diariamente (5 pontos). Quanto ao item 23, contém a pergunta: “Você já foi assediado no trabalho?”, seguida da definição de bullying. As opções de resposta variam de “Não” (1 ponto) para “Sim, quase diariamente” (5 pontos).
A consistência interna avaliada pelo Alfa de Cronbach no estudo de validação para a cultura brasileira foi de 0,90, e a correlação entre as somatórias dos itens com a pergunta sobre assédio subjetivo foi altamente significante (r = 0,494 e p< 0,01) (Anexo 3).
Para o cálculo da pontuação, dentre as diferentes possibilidades para a interpretação do instrumento, adotou-se no presente estudo o padrão “ouro” proposto por Notelaers e Einarsen35, utilizando uma pontuação de corte para as 22 questões do NAQ-R, ou seja, pontuação menor que 33 indicará que o profissional não foi vítima de violência no ambiente de trabalho, valores entre 33 e 45 pontos indicarão eventuais confrontos com atos negativos e acima de 45 pontos o profissional é considerado como vítima de atos de bullying.
As variáveis contempladas nos instrumentos de coleta de dados estão descritas no Quadro 1.
Quadro 1 - Descrição das variáveis do estudo. Campinas, SP, 2018. Variável Tipo de
Variável Definição
Idade Categórica Idade informada pelo participante e classificada por faixa etária. Sexo Categórica Informada pelo participante e definida em: masculino e feminino.
Estado Civil Categórica Classificada em: solteiro, casado, união estável, divorciado, viúvo, desquitado/separado judicialmente.
Ano de conclusão do curso técnico ou graduação
Contínua Ano em que o participante concluiu o curso técnico de enfermagem ou a graduação em enfermagem.
Última formação
profissional Categórica Classificada em: técnico, graduação, residência, mestrado, doutorado, especialização. Tipo de vínculo Categórica Vínculo trabalhista com a instituição conforme contrato de regime de trabalho classificado
em: CLT contrato, CLT Unicamp, Estatutário, CLT temporário.
Turno de Trabalho Categórica Turno de trabalho no qual o participante atua: manhã, tarde, noite ou outros. Unidade de Trabalho Categórica Setor/unidade no qual o participante está lotado no momento da pesquisa. Tempo de trabalho na
unidade Contínua Tempo em meses/anos de atuação na unidade atual. Informado pelo participante. Tempo de trabalho na
instituição Contínua Tempo em meses/anos de atuação na instituição. Informado pelo participante. Outro vínculo
empregatício Categórica Se atua em outro serviço/instituição além deste emprego. Informado pelo participante. Carga horária semanal
incluindo outro vínculo Contínua
Carga horária total, em horas semanais, referida pelo participante, somando todos os vínculos empregatícios, se houver.
Número de profissionais de enfermagem sob sua responsabilidade
Contínua
Quantos profissionais estavam sob sua responsabilidade direta no seu último plantão ou turno de trabalho, incluindo enfermeiros, técnicos, auxiliares. Referido pelos enfermeiros participantes.
Número de pacientes sob
sua responsabilidade Contínua
Em média, quantos pacientes estavam sob sua responsabilidade direta de cuidados durante o último plantão ou turno de trabalho. Referido pelos enfermeiros e técnicos de enfermagem.
(continuação)
Variável Tipo de
Variável Definição
Intenção em deixar o
emprego Contínua
Opinião dos profissionais de enfermagem em deixar o emprego nos próximos 12 meses (questão da ficha de caracterização pessoal).
Intenção em deixar a
Enfermagem Contínua
Opinião dos profissionais de enfermagem em deixar a profissão nos próximos 12 meses (questão da ficha de caracterização pessoal).
Percepção de atos
negativos no ambiente de trabalho
Contínua
Ocorrência e a frequência de atos negativos no seu ambiente de trabalho nos últimos 06 meses e sua percepção pessoal da ocorrência de assédio em seu local de trabalho avaliados pelo NAQ-R. Informado pelo participante.
*Clima de trabalho em
Equipe Contínua
Opinião dos enfermeiros e técnicos em relação à qualidade do relacionamento entre as equipes e à cooperação entre elas (subescala SAQ).
*Satisfação no trabalho Contínua Opinião dos enfermeiros e técnicos de enfermagem em relação à sua satisfação com o trabalho (ficha de caracterização pessoal e subescala SAQ)
3.5 Procedimento de coleta de dados
Inicialmente, foi solicitada autorização da diretoria de Enfermagem da instituição. Após aprovação do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade, iniciou-se a coleta de dados, efetuada pela própria pesquisadora, no período de abril a junho de 2018.
Solicitou-se neste período consentimento de cada supervisor de área para a abordagem dos profissionais, que receberam o convite para participar da pesquisa e uma explanação sobre o conteúdo de cada envelope que continha duas vias do Termo e Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), a ficha de caracterização pessoal e profissional e os instrumentos de coleta de dados.
Os participantes informaram o melhor momento para a retirada dos instrumentos preenchidos e os envelopes foram devolvidos lacrados à pesquisadora, que procedeu com a sua codificação para alimentação do banco de dados. Este procedimento garantiu sigilo e privacidade aos profissionais participantes.
3.6 Tratamento e análise dos dados
Os dados foram organizados em planilha eletrônica do programa Excel 2007 do pacote Microsoft Office® e posteriormente transferidos para processamento e análise no programa SPSS for Windows (Statistical Package for the Social Sciences), versão 22.0. Para descrever o perfil da amostra, segundo as variáveis em estudo, utilizou-se análise descritiva com elaboração de tabelas de frequência das variáveis categóricas e medidas de posição (média, desvio-padrão) das variáveis contínuas.
Após a realização de testes de aderência dos dados à distribuição normal, optou-se pela aplicação de testes não paramétricos de Spearman para correlação entre as variáveis bullying, intenção em permanecer no emprego e na enfermagem, satisfação no trabalho e trabalho em equipe. Valores entre 0,1 a 0,29 indicam correlação fraca, entre 0,30 a 0,49 moderada e maior ou igual a 0,50 denotam uma forte correlação47.
3.7 Aspectos Éticos
O projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética da instituição participante e aprovado sob o parecer sob o CAAE nº 80893517.2.0000.5404 (Anexo 04).
Os profissionais que atenderam aos critérios de inclusão foram abordados em suas unidades de trabalho e convidados a participar do estudo. Foram esclarecidos a respeito dos objetivos da pesquisa e informados que poderiam recusar o convite ou retirar seu consentimento em qualquer momento durante o estudo. Para a participação, os sujeitos foram orientados a realizar a leitura dos instrumentos, solucionar possíveis dúvidas sobre os itens e assim assinar o TCLE, conforme exigências da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde- Ministério da Saúde (CNS-MS).
Os benefícios deste estudo relacionam-se a identificação de atos negativos no ambiente de trabalho que podem causar manifestações na saúde geral dos profissionais e no desempenho de suas atividades laborais.
O estudo apresentou riscos mínimos aos participantes, considerando possíveis desconfortos emocionais ou embaraços com os tipos de pergunta. Estes possíveis riscos foram minimizados ao considerar a garantia ao sigilo e respeito à privacidade dos participantes da pesquisa.
Todos os dados obtidos na pesquisa serão utilizados exclusivamente com finalidades científicas, podendo ser apresentados à instituição sede do estudo e em eventos científicos. As fichas de coleta de dados e os TCLE estão sob guarda e responsabilidade da pesquisadora e ficarão arquivados por um período de cinco anos.
3. RESULTADOS
Os resultados desta pesquisa estão apresentados em formato de dois manuscritos.
• Manuscrito 1: Bullying no ambiente de trabalho da Enfermagem: revisão integrativa
• Manuscrito 2: Bullying e a relação com satisfação, trabalho em equipe e intenção em permanecer no emprego e na profissão de enfermagem
4.1 Manuscrito 1 – Bullying no ambiente de trabalho da Enfermagem: revisão integrativa
RESUMO
Objetivo: Avaliar os estudos que abordam o bullying no ambiente de prática da
enfermagem. Método: Revisão integrativa, realizada no período de abril a dezembro de 2018, por meio da combinação entre os descritores "bullying/bullying" AND "enfermagem/nursing/nurse" AND “local de trabalho/workplace”. Foram identificados 224 estudos dos quais 38 atenderam aos critérios de inclusão. Resultados: Os estudos são predominantemente quantitativos e exploram a percepção do bullying e os fatores relacionados a estes atos de violência no ambiente da prática profissional. Conclusão: O enfoque principal dos estudos avaliados tratou da identificação do bullying no ambiente laboral da enfermagem e das repercussões desse comportamento na saúde e no desenvolvimento profissional.
Palavras-chave: bullying, enfermagem, local de trabalho, revisão integrativa.
Bullying in the nursing work environment: integrative review
ABSTRACT
Aim: To evaluate the studies that approach bullying in the nursing practice environment. Method: Integrative review, carried out from April to December 2018, by combining the
descriptors in titles: "bullying " AND "nursing / nurse" AND " workplace”. A total of 224 studies were identified, of which 38 met the inclusion criteria. Results: The studies are predominantly quantitative and explore the perception of bullying and the factors related to these acts of violence in the professional practice environment. Conclusion: The main focus of the studies was related to the identification of bullying in the nursing work environment and to the repercussions of this behavior on health and professional development.
Keywords: bullying, nursing, workplace, integrative review
Bullying en el medio ambiente de trabajo de la enfermería: revisión integrativa
RESUMEN
Objetivo: Evaluar los estudios que abordan el bullying en el ambiente de práctica de la
enfermería. Metodo: Revisión integrativa, realizada en el período de abril a diciembre de 2018, por medio de la combinación entre los descriptores en títulos: "acoso escolar / bullying" AND "enfermería / nursing" AND "lugar de trabajo / workplace”. Se identificaron 224 estudios de los cuales, 38 atendieron los criterios de inclusión. Resultados: Los estudios son predominantemente cuantitativos y exploran la percepción del bullying y los factores relacionados a estos actos de violencia en el ambiente de la práctica profesional.
Conclusión: Se destaca que el enfoque principal de los estudios fue relacionado a la
identificación del bullying en el ambiente laboral de la enfermería ya las repercusiones de ese comportamiento a la salud y al desarrollo profesional.
Palabras clave: acoso escolar, enfermería, ambiente de trabajo, revisión integrativa
INTRODUÇÃO
As últimas décadas do século XX foram marcadas por profundas mudanças no cenário econômico mundial, modificando a estrutura dos processos de trabalho, tornando o ambiente laboral mais competitivo e hostil(1), expondo os trabalhadores a novos riscos enquanto desempenham suas atribuições profissionais(2).
Neste contexto de transformações, destaca-se a violência no ambiente de trabalho, o que tem despertado a atenção de pesquisadores em todo o mundo(3-5). Vale ressaltar que expressões como mobbing, assédio, bullying e violência horizontal são empregadas como sinônimos para descrever um comportamento de violência pessoal, moral e psicológica observável no trabalho(6,7).
O bullying é caracterizado como sendo um comportamento sistemático e persistente, por um período maior de seis meses, demonstrados por repetidos atos
negativos como observações insultantes, exposição da vítima, abuso verbal, provocação ofensiva, isolamento e exclusão social, ou a constante degradação do trabalho e de seus esforços durante as atividades laborais(8).
Atitudes negativas por atos de bullying podem desencadear para o profissional altos níveis de estresse, desordens mentais e psicológicas, incluindo ansiedade e depressão(9). Outras manifestações físicas incluem, distúrbios gastrointestinais, hipertensão, cefaleia, distúrbios alimentares e do sono, que culminam na deterioração do estado geral da saúde(10). Além disso, pode resultar em insatisfação com o trabalho e isolamentos social(11-13). Para a instituição, pode repercutir em um aumento do absenteísmo, queda de produtividade e eficiência e o abandono do emprego(13,14).
Estudos destacam que na área da saúde o bullying representa até um quarto do total de casos de violência no trabalho(3,15), além de apontarem que os profissionais de enfermagem estão mais expostos ao bullying pelos seus pares, por outros profissionais e até mesmo por pacientes(10,16-17).
Considerando as repercussões negativas do bullying – no desempenho, na saúde física e emocional dos profissionais da área da saúde e, em especial, para os profissionais de enfermagem –, torna-se importante compreender as suas dimensões no ambiente de trabalho visando possibilitar a implementação de ações para prevenção e controle, além de favorecer uma cultura de segurança positiva nas instituições de saúde. Diante do exposto, este estudo objetiva avaliar os estudos que abordam o bullying no ambiente de trabalho de prática da enfermagem.
MÉTODO
Estudo de revisão integrativa, que seguiu as etapas recomendadas por Whittemore e Knafl(18), as quais foram: a) identificação do problema e elaboração da questão de pesquisa; b) estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão e busca nas bases de dados; c) definição das informações a serem coletadas nos estudos obtidos na busca; d) categorização desses estudos e análise dessas informações; e) interpretação dos resultados e f) apresentação da revisão.
Na primeira fase, formulou-se a seguinte questão: Qual o enfoque dos estudos sobre bullying no ambiente de trabalho da enfermagem? Após a definição da questão norteadora, iniciou-se a fase de seleção dos estudos.
No segundo momento foram definidos os critérios para inclusão adotados para esta busca: publicações com todos os descritores citados no título do estudo e publicações na íntegra nos idiomas português, inglês ou espanhol no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2018. Foram excluídos trabalhos de revisões integrativas ou sistemáticas, editoriais, cartas, teses e dissertações e artigos em duplicidade.
Na terceira etapa, realizou-se a busca por estudos de forma eletrônica. Foram consultadas as bases de fontes primárias Web of Science (WOS), MEDLINE/PubMed, Embase, Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). A estratégia de busca empregada utilizou os operadores "bullying/bullying" AND "enfermagem/nursing/nurse" AND “local de trabalho/workplace”. Os descritores utilizados são padronizados no Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e no Medical Subject Headings (MeSH).
A pesquisa nas bases de dados resultou em 224 estudos, os quais passaram por nova etapa de seleção. Após a aplicação dos critérios de exclusão e análise, obteve-se como resultado 38 estudos. O fluxo de seleção dos estudos está representado na Figura 1 e considerou o fluxograma proposto nas recomendações PRISMA(19).
Figura 1 – Fluxograma elaborado e adaptado a partir das recomendações PRISMA para o processo de identificação, seleção e inclusão dos artigos. Campinas, SP, Brasil, 2019.
Na fase seguinte, ocorreu a caracterização dos estudos organizados em planilha no Excel em ordem decrescente e considerando ano e país de publicação, autores, título, objetivos do estudo, metodologia empregada e principais resultados. Na penúltima etapa procedeu-se a interpretação e síntese dos principais achados e, por fim, a apresentação da revisão.
RESULTADOS
No cruzamento dos descritores do DeCS e MeSH identificou-se o total de 224 artigos nas bases de dados, sendo três no LILACS, 18 na CINAHL, 29 no MEDLINE/PubMed, 118 na Embase e 50 na Web of Science. Foram excluídos 186 artigos por duplicidade ou por não se referirem à temática e aos critérios propostos neste estudo, sendo selecionados 38 artigos. As principais características dos estudos –como primeiro
autor, ano de publicação, país de realização, objetivos, tipo de estudo, instrumentos e principais resultados – estão apresentadas na Tabela 1.
Para a análise dos resultados organizou-se os achados de acordo com tipo metodológico empregado nos estudos e os principais enfoques atribuídos ao bullying na prática da enfermagem.
Tabela 1 - Caracterização dos estudos em relação ao primeiro autor, ano de publicação, país de realização, objetivos, tipo de estudo, instrumentos
e principais resultados. Campinas, SP, Brasil, 2018.
1º autor, ano
e país Objetivos
Tipo de
estudo Instrumentos/variáveis Principais Resultados
Logan(20)
2018 EUA
Explorar a associação entre as percepções dos
enfermeiros e as atitudes de trabalho em equipe e assédio moral no trabalho. Descritivo • Attitudes about Teamwork Survey • Team Characteristics Survey • Negative Intention Questionnaire
A maioria dos enfermeiros acreditava que o trabalho em equipe era um meio importante para fornecer atendimento com qualidade ao paciente. Dois terços dos enfermeiros relataram a presença de variáveis importantes como liderança, confiança e comunicação em suas equipes. Apesar das percepções positivas, um terço dos enfermeiros relatou ter sofrido bullying e metade observou outros sendo intimidados. Várias habilidades efetivas da equipe foram associadas a menores ocorrências de assédio moral no trabalho.
Yun(21)
2018 Coréia
Construir e testar um modelo delineando os fatores relacionados ao assédio moral no trabalho entre enfermeiros. Transversal • Psychological Capital Questionnaire • The Authentic Leadership Questionnaire
Uma cultura organizacional orientada para o relacionamento teve efeito direto sobre o assédio moral no trabalho, e o assédio moral teve efeito direto sobre a experiência mediada pelo capital psicológico positivo. O assédio moral também teve um efeito indireto sobre a intenção de deixar o trabalho.
Savaşan(22)
2018 Turquia
Examinar a relação entre características de personalidade e a experiência de assédio moral. Descritivo e correlacional • Hacettepe Personality Inventory • Negative Acts Questionnaire
Houve correlações negativas fracas, porém significantes, entre os escores do Inventário de Personalidade Hacettepe (pontos de ajuste geral, pessoal e social) e os escores do bullying.
Olender(23)
2017 EUA
Examinar a relação entre fatores que influenciam a percepção dos membros da equipe e gerente de cuidados e a exposição percebida ao assédio moral no trabalho.
Descritivo e correlacional • Caring Factor Survey-Caring of the Manager • Negative Acts Questionnaire – Revised
Existe uma relação inversa significante entre gerente de enfermagem e exposição ao bullying no local de trabalho. Sexo, ambiente de trabalho e alta carga de trabalho influenciaram essas descobertas.
Olsen(24)
2017 Noruega
Aumentar a compreensão do assédio moral no trabalho e sua relação com o clima de trabalho e os diferentes
Transversal
• COPSOQ-Instrument, • QPS Nordic,
A maioria das características do clima de trabalho confirmou influenciar o assédio moral no local de trabalho. O bullying teve um papel de mediação entre a maioria das dimensões do clima de trabalho como desempenho, satisfação e capacidade para o trabalho.
resultados entre os enfermeiros. • Negative Acts Questionnaire-Revised Kang(25) 2017 Coréia Investigar os efeitos de um programa de ensaio cognitivo sobre o assédio moral no trabalho entre enfermeiros.
Estudo randomizado • Negative Acts Questionnaire-Revised • Relationship Change Scale
Após a intervenção, houve diferenças significantes nas relações interpessoais e intenção de rotatividade entre os grupos experimental e lista de espera. No entanto, não houve diferença significante no assédio moral entre os dois grupos.
An(26)
2017 Coréia
Identificar a relação entre cultura organizacional e experiência de bullying no local de trabalho entre enfermeiros coreanos. Descritivo e correlacional • Cultura organizacional • Negative Acts Questionnaire-Revised
A prevalência de assédio moral no trabalho foi de 15,8%. A análise multivariada revelou que as chances de ser vítima de bullying eram 2,58 vezes mais elevadas entre os enfermeiros em uma cultura orientada pela hierarquia do que entre os enfermeiros em uma cultura orientada por relações.
Blackwood(27)
2017 Nova Zelândia
Investigar o papel que os fatores do ambiente de trabalho desempenham em influenciar o gerenciamento das experiências de bullying no local de trabalho.
Qualitativo Foi identificada uma série de fatores do ambiente de trabalho que tem impacto sobre a eficácia da intervenção de bullying no local de trabalho na profissão de enfermagem.
Karatza(14)
2017 Grécia
Identificar o impacto do bullying nos profissionais de enfermagem em hospitais públicos na Grécia. Descritivo e transversal • Negative Acts Questionnaire-Revised
Um terço dos enfermeiros relatou bullying nos últimos seis meses. O impacto do bullying nos enfermeiros variou dependendo do suporte familiar ou do ambiente amigável para lidar com o assédio moral no local de trabalho.
Nwaneri(28)
2017 Nigéria
Avaliar a ocorrência e os efeitos do bullying entre enfermeiros. Transversal • Negative Acts Questionnaire-Revised • General Health Questionnaire
A prevalência entre os enfermeiros que trabalhavam em hospitais terciários foi relatada como alta. O impacto entre os enfermeiros inclui raiva, a intenção de viajar para o exterior por causa da sensação de que a prevalência é menor, frustração e relações sociais tensas entre colegas.
Ma(29)
2017 Taiwan
Explorar as relações entre as percepções negativas e atos negativos sobre bullying no trabalho.
Estudo randomizado
• Workplace Bullying Questionnaire
A prevalência de bullying foi relatada como sendo generalizada com estimativas sugerindo que 80% dos enfermeiros experimentam o bullying em algum momento de suas vidas profissionais. As consequências do bullying incluem: trauma psicológico grave; baixa autoestima; depressão e ansiedade; transtorno de estresse pós-traumático; doença física; perda financeira e eventual incapacidade de trabalhar.
Bardakci(30)
2016 Turquia
Determinar a influência do bullying no sofrimento psicológico dos enfermeiros.
Descritivo
• General Health Questionnaire • Workplace Bullying
Behaviors Scale
Os enfermeiros com mestrado foram mais expostos ao bullying. Os enfermeiros expostos ao bullying apresentaram níveis mais elevados de sofrimento psicológico e preferiram manter silêncio sobre o mesmo. Os gerentes de enfermagem foram os principais praticantes de bullying.
Tee(31) 2016 Inglaterra Explorar e descrever a incidência e as experiências de comportamentos incivis, como o bullying e/ou assédio na enfermagem.
Descritivo • Questionário adaptado de Hewett
Cerca de 42,18% dos entrevistados indicaram ter sofrido intimidação/assédio no ano. Um terço (30,4%) testemunhou o assédio de outros e 19,6% dos incidentes envolveram enfermeiras mais experientes.
Fang (32)
2016 China
Investigar o bullying entre enfermeiros e seus correlatos para prevenir
comportamentos de bullying e construir um ambiente
hospitalar positivo.
Transversal • Workplace Bullying Scale
A média geral do bullying foi de 1,47, mostrando que a frequência foi entre nunca e não no momento. Enfermeiros de salas de urgência foram mais expostos ao bullying. O assédio moral no trabalho foi associado com anos de experiência.
Giorgi(33)
2016 Itália
Desenvolver um modelo de bullying focado na interação entre bullying e burnout
Não consta • Health Scale • Burnout IndicatorTool • Negative Acts Questionnaire-Revised • Majer-D’Amato Organizational Questionnaire
O bullying foi mediador parcial da relação entre clima organizacional e burnout. O bullying influenciou a saúde somente quando mediado pelo burnout.
Karatza(11)
2016 Grécia
Investigar a relação entre o fenômeno do bullying no trabalho e o estado geral de saúde entre a equipe de enfermagem dos hospitais públicos gregos. Transversal • Negative Acts Questionnaire-Revised • General Health Questionnaire
30,2% relataram terem sido assediados psicologicamente em seus locais de trabalho durante os seis meses anteriores e sofreram com um pior estado de saúde geral.
Oh(34)
2016 Coréia
Identificar as características individuais e institucionais para violência lateral e assédio moral no local de trabalho, utilizando um modelo teórico. Descritivo • Negative Acts Questionnaire-Revised • Lateral Violence Scale
O afeto negativo, individualismo e trabalho em unidades de especialidades hospitalares predizem o bullying no trabalho. Individualismo, afeto negativo, tipo de hospital e horário de trabalho predisseram abuso verbal, enquanto o local de trabalho foi significantemente associado à violência lateral.
Oh(35)
2016 Coréia
Testar um modelo que relaciona bullying e violência lateral no trabalho com estresse, intenção de deixar o emprego e resultados
adversos dos pacientes.
Descritivo e correlacional
• Negative Acts Questionnaire-Revised
Bullying e o estresse no trabalho e a intenção de sair foram associados a resultados adversos aos pacientes sob a perspectiva das enfermeiras entrevistadas.
Berry(36)
2016 EUA
Determinar as diferenças no estresse percebido, estado de ansiedade e sintomas de estresse pós-traumático com base nos níveis de exposição ao bullying. Método Misto (Quant/qual) • Negative Acts Questionnaire-Revised • 10 item-Perceived Stress Scale • State Trait Anxiety
Inventory
Diferenças significantes em relação ao estresse percebido, ansiedade e síndrome pós-traumática foram relatadas por pessoas com exposição frequente ao bullying no trabalho.
Yokoyama(37)
2016 Japão
Explorar a associação entre bullying e os fatores do ambiente de trabalho entre os enfermeiros no Japão. Transversal • Negative Acts Questionnaire-Revised • Practice Environment Scale of the Nursing Work Index
18,5% dos enfermeiros relataram bullying. Os três atos negativos mais frequentes relatados como ocorrendo em uma base semanal ou diária foram 'alguém que retém informações que afetam seu desempenho' (6,7%), ’exposição a uma carga de trabalho incontrolável' (4,4%) e 'sendo alvo de raiva espontânea ' (3,6%). A análise de regressão logística indicou que bullying foi associado a baixos escores em dois domínios do ambiente de trabalho: capacidade de gestor de enfermagem, liderança e apoio de enfermeiros e adequação de pessoal e recursos.
Blackstock(38)
2015 Canadá
Examinar o impacto dos fatores organizacionais sobre o bullying entre pares e seu efeito sobre a intenção de deixar o emprego entre enfermeiros canadenses. Descritivo • Australian model measures • Organizational tolerance and reward of bullying • Workplace bullying acts • Workplace Mistreatment • Workplace incivility
Alianças organizacionais informais e uso indevido de processos/procedimentos organizacionais favoreciam o aumento do bullying horizontal que, por sua vez, previa intenção de deixar o emprego.
Ganz(10)
2015 Israel
Descrever a prevalência de bullying na enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva e quais medidas foram
Descritivo
• Negative Acts Questionnaire-Revised
29% relataram que eram vítimas de bullying. Os níveis de bullying eram baixos a moderados. O nível de prevenção foi fraco ou moderado. Quanto maior o nível de bullying, menor o nível de prevenção.
tomadas para evitar o bullying. • Questionário de Prevenção de Bullying Laschinger(39) 2015 Canadá
Examinar a relação entre a exposição dos enfermeiros ao assédio moral e à
sintomatologia do transtorno de estresse pós-traumático e o papel moderador do capital psicológico. Estudo não experimental • Negative Acts Questionnaire-Revised • Psychological Capital Questionnaire • Post-Traumatic Stress Disorder
A análise de regressão revelou que a exposição mais frequente ao assédio moral no trabalho foi significantemente relacionada à sintomatologia do Transtorno de Estresse Pós-Traumático, independentemente do nível de transtorno.
Allen(40)
2015 Austrália
Examinar a relação entre bullying e burnout e o potencial efeito moderador que o distanciamento psicológico pode ter nessa relação. Transversal • Bullying • Burnout • Envolvimento emocional
O bullying foi associado ao burnout. O distanciamento psicológico não moderou significantemente a relação entre bullying e burnout.
Wrigh(41)
2015 EUA
Examinar a relação entre três tipos de bullying
(relacionados à pessoa, ao trabalho e à intimidação física) com dois tipos de resultados (respostas
psicológicas/comportamentais dos enfermeiros e erros médicos). Descritivo • Negative Acts Questionnaire-Revised • Escala modificada de Rosenstein and O’Daniel’s
O bullying relacionado à pessoa mostrou relações positivas significantes com respostas psicológicas/comportamentais e erros médicos. Quando relacionado ao trabalho, o bullying mostrou uma relação positiva significante com respostas psicológicas/comportamentais, mas não com erros médicos. Sentir-se fisicamente intimidado não foi significante para qualquer resultado.
Ekici(42)
2014 Turquia
Avaliar o bullying no local de trabalho e seus efeitos sobre o desempenho no trabalho e o estado de depressão de médicos e enfermeiros em um hospital universitário na Turquia. Descritivo e transversal • Beck Depression Inventory • Bullying • Carga de trabalho • Desempenho no trabalho
Uma grande porcentagem de médicos e enfermeiros relatou bullying no local de trabalho. Não foram encontradas diferenças significantes entre médicos e enfermeiros em termos de bullying no local de trabalho. No entanto, houve associação entre desempenho, depressão e comportamentos violentos vivenciados.
Esfahani(43)
2014 Irã
Examinar o bullying no local de trabalho entre um grupo de enfermeiros iranianos.
Descritivo • Instrumento próprio
Apenas 9% dos enfermeiros tinham sido frequentemente expostos ao comportamento de bullying, 22% referiram ter sido vítimas de bullying ocasionalmente e 69% nunca tinham sido expostos a esses comportamentos durante o último ano. 40% dos enfermeiros relataram a exposição ao
comportamento verbal de bullying frequentemente ou ocasionalmente. Etienne(44) 2014 Alaska Avaliar a percepção do enfermeiro quanto à
exposição ao assédio moral no local de trabalho.
Descritivo
• Negative Acts Questionnaire-Revised
48% dos enfermeiros admitiram ter sido vítimas de bullying durante os seis meses anteriores. Serem ignorados ou excluídos foram as experiências negativas mais comuns no local de trabalho.
Ovayolu(45)
2014 Turquia
Determinar se os enfermeiros são intimidados por outros membros da equipe e os efeitos de tais com-portamentos sobre as vítimas de bullying na enfermagem.
Descritivo e
transversal • Instrumento próprio
44% dos enfermeiros relataram ter experienciado um ou mais tipos de bullying nos últimos 12 meses.
Schlitzkus (46)
2014 EUA
Determinar a prática de bullying por enfermeiros aos residentes de cirurgia.
Descritivo
• Negative Acts Questionnaire-Revised
Os enfermeiros praticavam bullying contra residentes de cirurgia e 30,2% refeririam intimidação no ambiente de trabalho.
Yun(47)
2014 Coréia
Examinar a relação entre a percepção do ambiente de trabalho e assédio moral no trabalho entre enfermeiros coreanos de Unidades de Terapia Intensiva. Transversal • Korean Nursing Work Environment Scale • Negative Acts Questionnaire-Revised
94,0% dos enfermeiros relataram pelo menos um ato negativo nos últimos seis meses. A prevalência de assédio moral foi de 17,2% de acordo com critérios de avaliação do bullying. Correlações negativas significativas entre o ambiente de trabalho de enfermagem e o assédio moral no trabalho foram encontradas.
Fontes(16)
2013 Brasil
Identificar os enfermeiros que estão sujeitos a bullying e fatores associados.
Descritivo
Leymann Inventory Psychological Terrorization
De acordo com os critérios de Leymann, 23 (11,56%) sujeitos estudados foram vítimas de bullying nos últimos 12 meses. O perfil do enfermeiro com potencial chance para vítima de assédio caracterizou-se por ter filhos, atuar na saúde pública, trabalhar na instituição por período de um a três anos e perceber-se assediado moralmente.
Vogelpohl(48)
2013 EUA
Investigar a experiência de bullying no local de trabalho de enfermeiros recém-formados. Quantitativo e descritivo • Negative Acts Questionnaire-Revised
Enfermeiros, médicos ou familiares de pacientes foram as principais fontes de bullying e, 29,5% dos enfermeiros consideraram deixar a profissão de enfermagem.
Berry(49)
2012 EUA
Determinar a prevalência e os efeitos do assédio moral no trabalho sobre a produtividade do trabalho de enfermeiros recém-formados. Descritivo e transversal • Negative Acts Questionnaire-Revised • Healthcare Productivity Survey
A maioria (72,6%) dos enfermeiros relatou ter experienciado bullying no mês anterior, com 57,9% dos alvos diretos e outros 14,7% testemunhando os comportamentos de bullying. Nos últimos seis meses, 44,7% relataram bullying repetidos e direcionados, com 55,3% relatando nenhum