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O aumento da massa muscular contribui para o ganho de força?

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

O AUMENTO DA MASSA MUSCULAR CONTRIBUI PARA O

GANHO DE FORÇA?

Campinas

2019

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O AUMENTO DA MASSA MUSCULAR CONTRIBUI PARA O

GANHO DE FORÇA?

Dissertação apresentada à Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em Educação Física na Área de Biodinâmica do Movimento e Esporte.

Orientador: Prof. Dr. Renato Barroso da Silva ESTE TRABALHO CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSEERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO ADRIANO LIRA SERRA, E ORIENTADA PELO PROF. DR. RENATO BARROSO DA SILVA.

Campinas

2019

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COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________________ Prof. Dr. Renato Barroso da Silva Presidente da Comissão Examinadora

____________________________________ Prof. Dr. Marco Carlos Uchida

Membro Titular

____________________________________ Prof. Dr. Valmor Alberto Augusto Tricoli

Membro Titular

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, ao meu orientador Prof. Dr. Renato Barroso da Silva e a todas as pessoas que contribuíram para realização deste trabalho.

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RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi verificar se a hipertrofia pode contribuir para maiores ganhos de força em um programa de treinamento de força. Nove homens não treinados em força (idade 22 ± 3 anos, estatura 171 ± 6 cm e massa corporal 77 ± 12 kg) participaram como voluntários desse estudo. Cada braço de cada participante foi distribuído de forma randomizada entre duas condições: treino de hipertrofia e força máxima (THF) e treino de força máxima (TF). Foram avaliadas a espessura muscular dos flexores de cotovelo, a força isométrica máxima (CVIM) e a força dinâmica máxima (1RM). Os treinos foram desenvolvidos com duas sessões semanais por dez semanas. Inicialmente a condição THF realizou seis semanas de exercícios puxador frente unilateral no equipamento de polia alta com três séries à 40% de 1RM até a falha com intervalos de 1min, visando a hipertrofia dos flexores de cotovelo enquanto que o braço da condição TF não treinou. Posteriormente, ambas as condições realizaram quatro semanas de treino isométrico com o cotovelo posicionado a 90º no dinamômetro isocinético, os quais foram de três séries compostas por cinco contrações isométricas máximas de 5s, com 20s de intervalo entre as contrações e 1min de intervalo entre as séries. Os dados foram analisados com modelos mistos tendo tempo e grupo como fatores fixos e participantes como fator aleatório. O nível de significância foi de 0,05. Os resultados demonstraram que não houve alterações na espessura muscular e no 1RM. Da mesma forma não houve diferença na comparação entre os períodos pré e pós fase 1 para ambas as condições em relação ao teste de CVIM, mas na comparação entre as fases 1 e 2, e pré e fase 2, a condição THF mostrou aumento do torque isométrico (p=0,03) e a condição TF não apresentou diferenças (p=0,19 e p=0,13). Concluímos que apesar da primeira fase de treino não ter sido eficiente para resultar na hipertrofia dos flexores de cotovelo para a condição THF, ela contribuiu para maiores aumentos de força isométrica máxima quando comparado à condição TF.

Palavras chave: treinamento resistido; exercícios isométricos; massa muscular;

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ABSTRACT

The aim of this research was to check if hypertrophy can contribute to higher strength gains in the strength training program. Nine untrained males (aged 22 years old ± 3 years, 171 ± 6 cm and body mass 77 ± 12 kg) have participated as volunteers for this study. Each arm of each volunteer have been distributed in a random way under two conditions: hypertrophy and maximum strength training (HST) e maximum strength training (ST). Muscle thickness, maximum voluntary contractions (MVC) and maximum repetition (1RM) have been measured. The training workouts were developed in two sessions weekly during ten weeks. Initially the condition HST was performed in six weeks of exercises at unilateral lat pull-down with three sets at 40% 1RM until failure with one minute rest, aiming the elbow flexors hypertrophy while the ST condition arm had no training. Later, both conditions performed four weeks of isometric training with elbow positioned at 90 degrees on isokinetic dynamometer, which there were three sets composed by five maximum isometric contractions of five seconds, with a twenty-second break between contractions and a one-minute break between sets. The data have been analized with mixed models with time and group as fixed factors and participants as a random factor. The significance level was 0.05. The results have shown that there were no changes in the muscle thickness and in the 1RM. Also, there was no difference before nor after phase 1 to both conditions related to MVC test, but in comparison to phases 1 and 2, and before and phase 2, the HST condition showed increase of isometric torque (p = 0.03) and ST condition did not show differences (p=0.19 and p=0.13). We concluded that although first stage no promote elbow flexors hypertrophy for a THF condition, it’s contributed to biggest increases in maximum isometric strength when compared to the TF condition.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação da timeline do estudo ... 25

Figura 2 – Representação do teste de força dinâmica máxima (1RM) ... 26

Figura 3 – Representação do teste de contração voluntária isométrica máxima (CVIM) ... 28

Figura 4 – Representação do posicionamento e ponto de mensuração da espessura muscular (EM) ... 29

Figura 5 – Representação da aplicação do adesivo tipo filme OPSITE™ FLEXIFIX ... 30

Figura 6 – Representação da mensuração da espessura muscular (EM) dos flexores de cotovelo na imagem do ultrassom ... 30

Figura 7 – Espessura muscular absoluta dos flexores de cotovelo ... 32

Figura 8 – Força dinâmica máxima absoluta no puxador vertical unilateral ... 33

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LISTA DE TABELAS

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 11 2 OBJETIVOS ... 14 2.1 Objetivos específicos ... 14 3 REVISÃO DA LITERATURA ... 15 3.1 Adaptações neurais ... 15 3.1.1 Coordenação intramuscular ... 15 3.1.2 Coordenação intermuscular ... 17

3.1.3 Especificidade e força muscular ... 18

3.2 Hipertrofia ... 20

3.3 Relação entre força e área de secção transversa ... 21

4 MATERIAIS E MÉTODOS ... 24

4.1 Sujeitos ... 24

4.2 Desenho experimental ... 24

4.3 Avaliação da força dinâmica máxima ... 25

4.4 Contração voluntária isométrica máxima ... 27

4.6 Avaliação da espessura muscular ... 28

4.7 Protocolos de treinamento ... 31 5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ... 32 6 RESULTADOS ... 32 7 DISCUSSÃO ... 35 8 CONCLUSÃO ... 39 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 40

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1 INTRODUÇÃO

A força muscular é importante para a manutenção da funcionalidade do sistema músculo esquelético, produzindo benefícios tanto para a saúde quanto para o alto rendimento (SCHOENFELD, 2010). Isto tem sido explicado por maiores níveis de força apresentarem forte correlação com uma maior expectativa de vida, e à melhora do desempenho em diversas modalidades esportivas (ARTERO et al., 2011; FITZGERALD et al., 2004). Indivíduos quando submetidos à programas de TF, podem aumentar sua força e massa muscular (hipertrofia), principalmente os não treinados (CAMPOS et al., 2002; ACSM, 2002; DEFREITAS et al., 2011; SCHOENFELD et al., 2014; ERSKINE, FLETCHER & FOLLAND, 2014; LASEVICIUS et al., 2018).

A produção de força muscular está associada a mecanismos neurais e morfológicos, os quais estão relacionados à ativação muscular, co-ativação e área de secção transversa do músculo (HAKKINEN, 1994; ENOKA, 1997; FLECK et al, 1996; McCOMAS, 1994; STEBBINGS et al., 2014). Consequentemente, o aumento da força em resposta ao treinamento tem sido explicado: 1) pelo aumento do recrutamento e frequências de disparos das unidades motoras (UM); 2) pela diminuição da ativação de músculos antagonistas; 3) pelos aumentos da área de secção transversa do músculo (hipertrofia). Pressupondo-se assim que, tanto as adaptações neurais quanto a própria hipertrofia possam interferir nos incrementos de força resultantes do treinamento.

Durante a prática do TF, é comum notarmos em indivíduos não treinados uma melhora da força logo após as primeiras semanas de treino. Moritani e DeVries (1979) sugerem que no TF os aumentos de força nas semanas iniciais são justificados predominantemente pelas adaptações neurais e posteriormente pelas adaptações musculares. Isto porque essa adaptação neural preliminar pode estar relacionada com o aprendizado motor e à maior ativação neural do músculo agonista (RUTHERFORD & JONES, 1986, SALE, 1988; MORITANI et al., 1992; CARROLL et al., 2001).

Embora haja um consenso na literatura de que tanto adaptações neurais quanto morfológicas tenham participação no ganho de força muscular, autores como Buckner et al. (2016), Ahtiainen et al. (2016) e Dankel et al. (2016), sugerem que os incrementos de força resultantes do TF não estão diretamente relacionados à

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hipertrofia, ou seja, as adaptações neurais e morfológicas seriam independentes, mesmo que ocorram em simultaneidade. Portanto, a hipertrofia não explica os aumentos de força muscular resultantes do TF.

Da mesma forma, Mattocks et al. (2017) propuseram em seu estudo, a análise das alterações de ativação muscular, força e hipertrofia, em resposta à dois protocolos distintos de TF em um período de 8 semanas. Ao todo foram 16 sessões, duas por semana, e os participantes (homens e mulheres) foram alocados em um grupo denominado HYPER (n = 18) e outro TEST (n = 20). O grupo HYPER realizou 4 séries de 8-12RM para os exercícios de extensão de joelhos e supino enquanto que o grupo TEST realizava 5 tentativas do teste de 1RM para os mesmos exercícios. Foram realizadas análises de espessura muscular, testes de 1RM e força isométrica máxima com obtenção dos valores de ativação muscular. Os resultados demonstraram que embora tenha havido diferenças entre grupos para hipertrofia, não houve diferenças relacionadas aos aumentos de força e ativação musculares promovidos por ambos os protocolos. Ou seja, os ganhos de força similares em ambos os grupos não foram explicados pela hipertrofia diferente entre eles.

Existem diversas evidências que mostram uma forte correlação das adaptações neurais com os aumentos de força quando comparadas a hipertrofia, ambas resultantes de um programa de TF (MORITANI e DEVRIES, 1979; BUCKNER et al., 2016; AHTIAINEN et al., 2016; DANKEL et al., 2016). Contudo, outros pesquisadores questionam tais evidências, suportando a hipótese de que grande parte dos estudos não teve desenho experimental e metodologia, adequados para verificar se a hipertrofia contribui com os ganhos de força. O que nos leva a reflexão: Será que de fato, uma maior maquinaria contrátil não é responsável por incrementos na força muscular?

Fisiologicamente, a literatura propõe que uma maior AST representa uma maior quantidade de proteínas contráteis, o que possibilita então, um maior número de formações das pontes cruzadas durante a contração muscular (GEEVES & HOLMES, 1999; AAGAARD et al., 2000; ALBERTS et al., 2008). Cada ponte cruzada é capaz de produzir uma determinada quantidade de força. Portanto, um maior número de pontes cruzadas formadas, pode desencadear um aumento na força produzida pela fibra muscular. Isto é suportado por Widrick et al. (2002), ao postularem a ideia de que a densidade miofibrilar interfere na tensão específica (i.e., razão entre a força produzida e a AST) de uma fibra.

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Analisando a relação de causalidade entre hipertrofia e força muscular, Erskine, Fletcher & Folland (2014) demonstraram em seu estudo que a hipertrofia explica cerca de 30% dos aumentos de força nos flexores de cotovelo após um período de TF. Isto de certa maneira pode ser justificado pela forte correlação (r=0,96-0,97) entre a massa muscular e a força produzida pelo músculo (FUKUNAGA et al., 2001).

Portanto, acrescendo mais informações ao nosso contexto, DeFreitas et al. (2011), realizaram um estudo analisando o time-course semanal das alterações de massa e força musculares, em 8 semanas de TF. Em suas conclusões, os autores mostraram que o processo hipertrófico apesar de lento, teve seu início já nas primeiras semanas de treinamento, coincidindo e possivelmente justificando, os aumentos mais significativos de força obtidos no mesmo período.

Desta forma presumimos, que tanto as adaptações neurais quanto a hipertrofia resultantes de um período de TF contribuem para o aumento da força, uma através da melhora da ativação muscular (maior recrutamento e frequência de disparo) e a outra obtida através do aumento da AST (adição de proteínas contráteis às células musculares).

Dessa maneira, existe a possibilidade de que a hipertrofia pode se somar as alterações neurais resultando em aumentos de força máxima mais significativos aos comparados às adaptações neurais de forma isolada, como vem sendo sugerido na literatura. Isto justifica a necessidade de se investigar os possíveis efeitos de um programa de TF, delineado especificamente para observar a interação entre hipertrofia e o aumento da força muscular.

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2 OBJETIVOS

Verificar se a hipertrofia pode contribuir para maiores ganhos de força em um programa de TF.

2.1 Objetivos específicos

- Comparar a espessura muscular dos flexores de cotovelo entre os momentos pré, pós fase 1 e 2 ,e entre as condições.

- Comparar o aumento de força dinâmica (1RM) no exercício puxador frente unilateral no equipamento de polia alta entre os momentos pré, pós fase 1 e 2 ,e entre as condições.

- Comparar o aumento de força isométrica (CVIM) dos flexores de cotovelo no dinamômetro isocinético entre os momentos pré, pós fase 1 e 2 ,e entre as condições.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

A influência da massa muscular e a hipertrofia sobre a força é tema de diversas pesquisas, Enoka (1988) ao falar sobre o desenvolvimento da força muscular concluiu que hipertrofia e força não interagem de forma linear, sugerindo que o aumento da força é explicado por um aumento da excitação do sistema nervoso para o músculo. Mais tarde, Buckner et al. (2016), Ahtiainen et al. (2016) e Dankel et al. (2016), propuseram que o aumento da força não está diretamente relacionado à alterações proporcionais na área de secção transversa (AST) e postularam a hipótese de que as alterações decorrentes do TF quanto aos mecanismos neurais e morfológicos, ocorrem separadamente e que não há causa-efeito entre hipertrofia e força.

De forma contraditória, Alexander & Vernon (1975), Narici et al. (1992) e Kawakami et al. (1993, 1994), demonstraram que os aumentos de massa muscular podem interferir na força muscular, uma vez que a área de secção transversa apresenta uma correlação positiva (r=0,68-0,78) com a força muscular produzida (KANEHISA et al., 1994). Posteriormente, Fukunaga et al. (2001) apresentaram uma forte correlação (r=96-97) entre a massa muscular e a força, ao mensurarem AST e o torque isométrico.

A convergência entre esses dois pontos de vista é o TF, que aparece como estratégia imprescindível para aumentar a massa e a força musculares. O TF favorece o estímulo aos dois principais mecanismos, morfológico e neural, os quais sofrem adaptações que poderão promover o aumento da força muscular (SCHOENFELD et al., 2014). Desta forma, o objetivo desta revisão bibliográfica está diretamente relacionado às informações que abrangem as alterações da força muscular como produto das adaptações neurais e/ou morfológicas promovidas pelo TF.

3.1 Adaptações neurais

3.1.1 Coordenação intramuscular

Durante uma contração voluntária, o recrutamento de UMs representa a coordenação intramuscular e é mediado por uma sequência de impulsos elétricos (frequência de disparos), induzidas por cargas eletroquímicas (potenciais de ação)

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transmitidas até a junção neuromuscular (WILMORE & COSTILL, 2010; KOMI, 2006).

Uma unidade motora (UM) corresponde à estrutura formada por um motoneurônio e as fibras musculares por ele inervadas, sendo o principal meio de comunicação entre sistema nervoso central (SNC) e músculo (BOMPA & CORNACHIA, 2000; FLECK & KRAEMER, 1997). O número de UMs difere entre músculos humanos, podendo também apresentar capacidade de geração de força e velocidade de contração diferentes, sendo determinadas por características das fibras. A força produzida pelo músculo é modulada pela combinação do recrutamento de UMs e da frequência de disparo.

O recrutamento de UMs é o processo que adiciona mais UMs para a realização do trabalho muscular. A ativação das UMs é ordenada pelo tamanho do motoneurônio (princípio do tamanho), de forma que em um movimento onde a força é exigida progressivamente, as UMs de contração lenta (fibras tipo I) serão recrutadas primeiro e as outras UMs de contração rápida (fibras tipo II), adicionadas a medida que o aumento da força é necessário (HENNEMAN & MENDELL, 1981).

Já a frequência de disparo refere-se à quantidade de estímulos repetidos, ou seja, de potenciais de ação dissipados nas UMs recrutadas para produção de tensão muscular (KOMI, 2006; VIGOTSKY et al., 2015). Maiores frequências de disparo promovem maior liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático, aumentando a concentração de Ca++ no sarcoplasma, possibilitando a formação de um maior número de pontes cruzadas entre actina e miosina (WILMORE & COSTILL, 1999; KOMI, 2006). Cada ponte cruzada é capaz de produzir uma determinada quantidade de força, portanto, um maior número de pontes cruzadas formadas pode desencadear um aumento na força produzida pela fibra muscular. Desta forma, quanto maior o número de UMs recrutadas e frequência de disparo, maior será a força produzida (MILNER-BROWN et al., 1975; GABRIEL, KAMEN, & FROST, 2006; KOMI, 2006).

Por exemplo, Dowling et al. (1994) e Kamen & Knight (2004) demonstraram através das medidas de ativação muscular antes e depois de um período de treino, que o treinamento de força pode aumentar o número de unidades motoras recrutadas e a frequência de disparos. Os incrementos dos níveis de ativação muscular provenientes de um programa de TF, tanto em indivíduos não treinados

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quanto em treinados, explicam um dos possíveis mecanismos para a maior força produzida pelo músculo (GABRIEL, KAMEN, & FROST, 2006).

Moritani & DeVrie (1979) submeteram 7 homens e 8 mulheres, todos não treinados, à realizarem 3 sessões semanais por 8 semanas de treino de força. O protocolo de treino consistiu em um exercício dinâmico para os flexores de cotovelo em um dos braços, enquanto que o outro foi utilizado para controle. Durante esse período, analisaram o timecourse das adaptações neurais através da eletromiografia de superfície e hipertróficas por uma estimativa da AST, concluindo que os resultados de aumento da força são explicados primeiramente pelas adaptações neurais e a partir da 3ª semana também pela hipertrofia.

Desta forma, a melhora da coordenação intramuscular como resultado do TF é uma das adaptações neurais que podem justificar o aumento de força muscular.

3.1.2 Coordenação intermuscular

A coordenação intermuscular esboça a interação dos mecanismos que regulam todos os grupos musculares envolvidos no movimento, tanto agonistas quanto antagonistas e atuam quase que de forma simultânea com a coordenação intramuscular (WILMORE & COSTILL, 1999; KOMI, 2006).

Tarefas bi ou multiarticulares são mais complexas que as monoarticulares e, portanto, exigem maior sinergia entre todos os grupos musculares envolvidos no padrão de movimento executado, inclusive dos músculos antagonistas. Desta forma, o desempenho dos movimentos é dependente da eficiência das sinapses entre as células corticoespinhais e os motoneurônios por elas inervadas, os quais se projetam para diferentes músculos (PORTER & LEMON, 1995; MCCREA, 1996).

Uma maior precisão em movimentos complexos pode exigir maior ativação dos músculos antagonistas, a co-ativação, já que estes atuam para estabilizar a articulação durante a ação dos músculos agonistas. Entretanto, os músculos antagonistas agem em ação oposta a dos agonistas e promovem assim, a diminuição do torque líquido produzido no movimento articular (CARROLL & CARLSON, 2001; KOMI, 2006; GABRIEL, KAMEN, & FROST, 2006).

A melhora da cooperação entre agonistas e antagonistas ao movimento resultam em incrementos de força e podem ser resultantes do TF em função das adaptações neurais (WEINECK, 1999). A diminuição da co-ativação, reduz o torque

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contrário ao produzido pelo músculo antagonista e pode resultar em aumento do torque líquido no movimento (CARROLL & CARLSON, 2001; WILMORE & COSTILL, 2010; KOMI, 2006; GABRIEL, KAMEN, & FROST, 2006).

Carolan & Cafarelli (1992) também verificaram as contribuições da diminuição da co-ativação aos aumentos de força. Neste estudo, mensuraram as alterações na força isométrica máxima dos extensores de joelho e ativações musculares do vasto lateral (agonista) e do bíceps femoral (antagonista), de 20 voluntários sedentários, em resposta a 8 semanas de treinos isométricos no dinamômetro isocinético. Os resultados demonstraram que a força isométrica máxima aumentou e a ativação muscular do vasto lateral permaneceu inalterada. Entretanto, a ativação do bíceps femoral diminuiu, levando-os a concluir que a menor co-ativação dos músculos antagonistas, ou seja, a melhora da coordenação intermuscular resultou no aumento na força da extensão de joelho.

3.1.3 Especificidade e força muscular

Diferenças na manifestação da força podem ser notadas em exercícios distintos, principalmente quando comparamos sua alteração em virtude do treinamento de força em velocidades, tipos de contração, comprimento musculares, ângulos articulares e padrões de movimento, que sejam similares ou não aos executados durante o período de treino (JONES, RUTHERFORD & PARKER, 1989). A melhora da força em função da velocidade específica de treino pode ser explicada primeiramente pela clássica curva hiperbólica proposta por Hill (1938) que atribui uma relação não linear entre força e velocidade. Em outras palavras, a produção de força muscular é modulada pela intensidade (carga), e essa interação interfere na velocidade de encurtamento das suas estruturas contráteis. Desta forma, um treinamento com distintas velocidades de execução podem resultar em diferentes adaptações neuromusculares. Jaric & Markovic (2015) sugerem que maiores ganhos de força podem ser obtidos quando os programas de treino são compostos por exercícios em menores velocidades de execução se comparados aos de maiores velocidades. Anteriormente, Wescottet et al. (2001) realizaram um estudo com homens e mulheres não treinados, os quais foram submetidos à treinos com diferentes velocidades de contração. Os indivíduos que realizavam treinamento

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com contração lenta obtiveram uma melhora significativa de 50% na força em comparação aos indivíduos que treinavam com maiores velocidades de contração.

De fato no TF, diferentes estímulos podem levar a respostas distintas do mecanismo neural. Por exemplo, treinos de contração isotônica podem se refletir em mínimos aumentos de força isométrica. Segundo Rutherford, Greig, Sargeant & Jones (1986) o TF com contração dinâmica na cadeira extensora resultou em aumentos percentuais muito maiores na força isotônica do que na força isométrica de quadríceps após 12 semanas de intervenção, mostrando que há um diferencial na capacidade de produzir força que depende da coordenação intra e intermuscular especifica para o tipo de contração treinada.

O TF também pode induzir maiores ganhos de força em determinados ângulos articulares quando as fibras musculares são submetidas à encurtamentos específicos durante a realização do movimento treinado (JONES, RUTHERFORD & PARKER, 1989). No entanto, isto parece estar mais associado a ângulos com posição mais encurtada das fibras em comparação à posição alongada. Thepaut-Mathieu, Hoecke & Maton (1988) submeteram indivíduos a 5 semanas de exercícios isométricos aos flexores de cotovelo, divididos em três grupos com ângulos específicos de flexão (25, 80 e 120º). Como resultado, o grupo que treinou em uma posição mais encurtada (120° de flexão) obteve um maior ganho de força ao ser comparado com os outros grupos que treinaram em posição (25 e 80° flexão) mais alongada.

Outro ponto que mostra a interferência das adaptações neurais ao ganho de força está relacionado à especificidade do padrão de movimento utilizado no treinamento (RASCH & MOREHOUSE, 1957). Isto é suportado por Thorstensson et al. (1976) ao reportarem que em voluntários submetidos a um período de 8 semanas de treino, executando o agachamento tradicional com barra provocou maiores aumentos de força no teste de 1RM do agachamento comparado com os ganhos de força isométrica observados na cadeira extensora.

As adaptações promovidas pelo TF aos mecanismos neurais, denotam a sua importância para o aumento da força muscular. Entretanto, a contração voluntária do músculo esquelético também exige a participação das estruturas contráteis que compõem a célula muscular, induzindo-nos a argumentação da possível relevância da hipertrofia para a força muscular.

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3.2 Hipertrofia

O músculo esquelético é um tecido com alta capacidade adaptativa e os estímulos gerados por uma sobrecarga ou resistência através do TF podem resultar em alterações morfológicas, como a hipertrofia. A hipertrofia pode ser definida como o aumento do diâmetro da fibra muscular decorrente do balanço positivo entre síntese e degradação proteica que resultam no acúmulo de proteínas contráteis no interior da célula muscular (MACDOUGALL et al., 1980; MCDONAGH & DAVIES, 1984; TESCH et al., 1987; FOLLAND & WILLIAMS, 2007). Algumas dessas adaptações morfológicas têm sido analisadas por diversos métodos e técnicas de mensuração, entre eles, a ressonância magnética, tomografia computadorizada e ultrassonografia (FOLLAND E WILLIAMS, 2007). Tais equipamentos são capazes de verificar possíveis aumentos de espessura, área de secção transversa e/ou volume musculares mediados pela responsividade do tecido muscular aos estímulos induzidos pelos TF. Tais aumentos são decorrentes da adição de proteínas contráteis, actina e miosina, e não contráteis resultando nos aumentos de sarcômeros em paralelo e consequentemente da AST de fibras individuais e da AST do músculo (CAMPOS et al, 2002; TOIGO & BOUTELLIER, 2006; SCHOENFELD, 2010).

Diversos modelos de treinamento promovem o incremento de síntese proteica podendo resultar no aumento da AST após a realização de sessões repetidas de TF (KOMI, 2006). A magnitude do aumento da AST pode depender de inúmeros fatores, entre eles a capacidade do indivíduo responder ao TF e seu nível de treinamento. Contudo, a literatura tem mostrado que indivíduos não treinados ao realizarem um programa de TF em diferentes intensidades por períodos de ~8 semanas, podem obter resultados hipertróficos similares quando o volume do treino é equalizado (CAMPOS et al, 2002; SCHOENFELD, 2010). Em consonância com esses achados, Lasevicius et al. (2018) submeteram indivíduos não treinados a realizarem treinos à 20%, 40%, 60% e 80% de 1RM, e apesar de todas as condições mostrarem diferenças significativas na hipertrofia do vasto lateral e dos flexores de cotovelo após um período de 12 semanas, as intensidades de 40%, 60% e 80% de 1RM apresentaram melhores resultados hipertróficos.

A hipertrofia de grupos musculares auxiliares ao movimento (i.e. flexores de colovelo no movimento de puxar) pode ser promovida através de exercícios

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multiarticulares sem a necessidade de exercícios monoarticulares (isolados). Gentil et al. (2013; 2015), delinearam dois estudos com 34 e 29 sujeitos, respectivamente, não treinados em força, os quais foram divididos em dois grupos. Um deles realizou exercícios multiarticulares e o outro multiarticulares com a adição de monoarticulares, por um período de 10 semanas. Ambos os estudos reportaram aumentos similares e sem diferenças significativas para os dois grupos, de ~6,5% na espessura dos flexores de cotovelo, concluindo que o uso adicional de exercícios monoarticulares aos multiarticulares em programas de TF não promovem maior hipertrofia quando comparado a utilização apenas dos multiarticulares.

3.2.1 Relação entre força e área de secção transversa

Geeves e Holmes (1999) propõem que a tensão muscular das fibras é gerada pela formação de pontes cruzadas, a partir da interação cíclica entre os filamentos de actina e miosina, com a reação simultânea da hidrólise do ATP. Desta forma, o aumento da AST de uma pode contribuir com uma maior possibilidade para formação de pontes cruzadas entre actina e miosina, as quais são ativadas em paralelo durante a contração muscular. Portanto, existe uma relação entre a AST de uma fibra muscular com a sua máxima capacidade de produzir força (AAGAARD et al., 2000; 2001).

Erskine, Fletcher e Folland (2014) realizaram um estudo com 33 participantes, submetidos a 3 semanas iniciais de TF, seguidas de 6 semanas sem treino e 12 semanas de TF. Todos os voluntários realizaram durante os 2 períodos de TF, 1 exercício unilateral alternado e 1 exercício simultâneo para os flexores de cotovelo. Foram realizadas mensurações de AST através de ressonância magnética, ativação muscular dos flexores de cotovelo e co-ativação dos extensores de cotovelo durante os testes de força isométrica máxima e 1RM, todos do braço dominante. Os resultados demonstraram forte correlação da AST com a força isométrica máxima e da AST com 1RM, r=0,80 e r=0,76 respectivamente, nos dados pré-treino. Entretanto, para os dados pós 12 semanas de treino, a correlação positiva da AST com a força isométrica máxima e da AST com o 1RM foram de r=0,49 e r=0,40. Interessantemente, as alterações na ativação dos flexores de cotovelo e co-ativação dos extensores de cotovelo, apresentaram fracas correlações com a força isométrica máxima, r=0,18 e r=0,07, respectivamente. Enquanto que para o 1RM não foram

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encontradas correlações significativas com as alterações de ativação muscular de agonistas e co-ativação de antagonistas. Desta forma, concluíram que as alterações da AST resultantes de 12 semanas de TF são capazes de justificar grande parte dos ganhos de força isométrica e dinâmica máximas, adquiridas no mesmo período.

Balshaw et al. (2017) também realizaram um estudo com o objetivo de verificar possíveis correlações entre os ganhos de força e hipertrofia dos extensores de joelho, submetendo 28 de 48 voluntários fisicamente ativos a um período de TF isométrico no dinamômetro isocinético. Os 28 voluntários foram randomizados em um grupo de treino isométrico balístico (n=15) e outro de contração sustentada (n=13), enquanto que o grupo controle (n=20) não realizou treinamento. Os treinos isométricos contemplavam 4 séries de 10 contrações realizadas unilateralmente mas em ambas as pernas. Foram analisados pré e pós-treino, as medidas do volume muscular do quadríceps femoral a partir das imagens obtidas através de ressonância magnética e ativação muscular dos extensores e flexores de joelhos (co-ativação) durante o teste de força isométrica máxima. Os resultados dos valores absolutos da variação dos períodos pré e pós-treino, demonstraram correlações positivas do torque voluntário máximo tanto com ativação muscular (r=0,57), quanto com o volume do quadríceps (r=0,46), sem correlações significativas com a co-ativação dos antagonistas. Desta forma, concluíram através das análises de regressão múltipla que o aumento no torque voluntário máximo foi explicado 30,6% pelo aumento da ativação dos extensores de joelhos (R²=0,306) e 18,7% pelo aumento do volume muscular total do quadríceps (R²=0,187).

DeFreitas et al. (2011) verificaram o tempo de curso das alterações da força isométrica máxima e da AST dos extensores de joelho de 25 indivíduos não treinados, durante um programa de treinamento de força em 3 sessões semanais por 8 semanas. A força máxima foi mensurada com uma célula de carga e a AST adquirida através de ressonância magnética. Ao final do estudo, os autores sugeriram que os aumentos na AST podem ter contribuído com os aumentos subsequentes de força. De acordo com seus resultados, na quarta semana os sujeitos aumentaram a força isométrica significativamente, coincidindo com os aumentos da AST que ocorreu por volta da terceira e quarta semana. Presumindo-se que a hipertrofia pode contribuir com os aumentos de força dentro de um programa de TF mesmo em fases iniciais.

(23)

De fato, o TF pode promover adaptações crônicas às fibras musculares, as quais podem resultar em alterações das propriedades contráteis, aumento da AST e no aumento da força muscular (HUGHES, WALLACE & BAAR, 2015). Maughan, Watson & Weir (1983) submeteram 50 voluntários (homens e mulheres) fisicamente ativos e sedentários, a realizarem o teste de força isométrica máxima e a mensuração AST através de tomografia computadorizada para analisarem a possível correlação entre essas duas variáveis. Os resultados demonstraram correlações positivas de r=0,51 para mulheres e r=0,59 para homens, entre a AST e a força máxima produzida pelo músculo.

Aagaard et al. (2001) realizaram um estudo com e 11 voluntários, durante 14 semanas, totalizando 38 sessões de TF, com o objetivo de verificar o mecanismo de aumento da força contrátil em resposta ao treinamento. As sessões de treino eram compostas de 4-5 séries para cada exercício para membros inferiores, sendo que nas primeiras 4 sessões realizavam 10-12RM, nas 4 últimas 4-6RM e nas semanas intermediárias 3-10RM. Análises foram realizadas através de imagens de ressonância magnética, ultrassonografia, biópsia e dinamometria isocinética e produziram resultados que mostraram aumentos de 10% na AST e de 16% na força máxima do quadríceps.

Parece contraditório concluir que os aumentos no tamanho do músculo não influenciam o aumento da força, já que está bem estabelecido que o mecanismo de pontes cruzadas é extremamente importante no processo de contração e força muscular (HUGHES, WALLACE & BAAR, 2015), e a adição de materiais contráteis pelo processo de hipertrofia é uma das características do TF (BIOLO et al., 1995; PHILLIPS et al., 1997; CAMPOS et al., 2002, KOMI, 2006; SCHOELFELD, 2010). Logo, se existe uma maior interação de pontes cruzadas, induzido por adaptações morfológicas decorrentes de um período de TF, possivelmente teremos mais estruturas ativas produzindo força (AAGARD et al., 2001).

Portanto, podemos dizer, que as contribuições das adaptações morfológicas para o aumento da força ainda não estão totalmente esclarecidas, havendo a necessidade de uma investigação mais precisa sobre as possíveis interações entre a hipertrofia e o aumento da força máxima.

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4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Sujeitos

A pesquisa iniciou-se com 12 participantes homens não treinados em força. Entretanto, três desistiram por motivos pessoais não relacionados ao estudo, logo após os testes iniciais. Desta forma completaram o estudo, nove participantes (idade 22 ± 3 anos, estatura 171 ± 6 cm e massa corporal 77 ± 12 kg).

Como critério de inclusão da amostra, o participante deveria apresentar faixa etária entre 18 e 30 anos, ser do sexo masculino, clinicamente saudável, ativo mas não ser participante em programas de treinamento de força há pelo menos 6 meses e não fazer uso de suplementos alimentares ou de qualquer recurso ergogênico.

Todos foram informados também dos benefícios e riscos associados à realização do estudo e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido antes de iniciarem a participação no presente estudo. O projeto foi analisado e aprovado sob o parecer número 2.613.871, pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas.

O estudo foi delineado com treinos compostos de exercícios unilaterais para os membros superiores sob duas condições distintas. Uma condição denominada de treino de hipertrofia e força máxima (THF), e outra, treino de força máxima (TF). Cada braço de cada participante foi distribuído de forma randomizada em uma das condições citadas.

4.2 Desenho experimental

Toda a pesquisa, incluindo as avaliações e sessões de treino, foi desenvolvida nas dependências da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas.

O estudo foi delineado com 3 semanas iniciais para avaliações pré, 6 semanas para a fase 1 de treino, 1 semana para avaliações pós fase 1, 4 semanas de treino para a fase 2 e 1 semana para as avaliações pós fase 2, totalizando o período de 15 semanas. Desta forma, na primeira sessão, foram realizadas as medidas de espessura muscular e a familiarização dos testes de contração voluntária isométrica máxima (CVIM) e de força dinâmica máxima (1RM). Após 48h na mesma semana, as familiarizações foram repetidas. Na segunda semana realizamos mais duas sessões de familiarização dos testes de CVIM e 1RM também

(25)

com intervalo mínimo de 48h entre elas. E na terceira semana, da mesma maneira, foram realizados os testes de CVIM, 1RM e o reteste do 1RM.

Posteriormente, da semana 4 a 9, foram realizados os treinos da fase 1 apenas para a condição THF, em 2 sessões semanais, separadas por 48h mínimas de intervalo, totalizando 12 sessões em 6 semanas.

Desta forma na semana 10, em uma única sessão, foram realizadas as avaliações pós fase 1, com medidas de espessura muscular e os testes de 1RM e CVIM, para iniciar-se na semana 11, a fase 2 de treinamento para as ambas as condições, THF e TF, também composta por duas sessões semanais com intervalo mínimo de 48h entre elas, totalizando 8 sessões em 4 semanas, finalizando-se na semana 14.

Na semana 15, realizaram-se as avaliações pós fase 2, na mesma ordem de execução usada anteriormente, primeiro espessura muscular e posteriormente os testes de CVIM e 1RM (Figura 1).

Figura 1 – Representação da timeline do estudo. THF = Treino de hipertrofia e força máxima, TF = Treino de força máxima, CVIM = Contração voluntária isométrica

máxima, 1RM = Uma repetição máxima, EM= Espessura muscular

4.3 Avaliação da força dinâmica máxima

A avaliação da força dinâmica máxima foi realizada por meio do teste de uma repetição máxima (1RM) seguindo as orientações da American Society of Exercise

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Physiologists, para avaliação da força dinâmica máxima (BROWN & WEIR, 2001). Antes do teste os voluntários realizaram um aquecimento geral de cinco minutos em uma bicicleta ergométrica com uma potência de 25-50W. Após o aquecimento geral, os voluntários realizaram um aquecimento específico consistindo de duas séries de oito repetições no exercício puxador frente unilateral no equipamento de polia alta, com cargas ao redor de 50% e 70% da carga estimada para 1RM com intervalos de 1 minuto entre elas (PIERCE et al., 2008).

Após o aquecimento específico, um intervalo de três minutos foi dado antes dos voluntários serem submetidos ao teste. Este teste consistiu na obtenção da máxima quantidade de peso que poderia ser levantada em um ciclo completo de uma repetição, ou seja, uma contração concêntrica e outra excêntrica. Como já explicado, as mensurações foram realizadas nos membros superiores de forma unilateral, entretanto de modo alternado para cada tentativa, iniciando-se sempre com lado direito. O participante posicionou-se sentado, braço elevado e cotovelo estendido com a mão em posição neutra segurando o puxador unilateral. E a partir desta posição inicial, realizou a flexão de ombros à uma amplitude previamente estabelecida, a qual o puxador aproximou-se do alinhamento horizontal com o queixo.

A carga inicial para o teste máximo foi estimada durante as sessões de familiarização, e a partir disso, o peso levantado foi aumentado até que o voluntário não conseguisse realizar uma repetição completa com aquela carga. O número total de tentativas para achar o valor de 1RM não foi maior que cinco. Foi adotado um intervalo de três minutos entre as tentativas (Figura 2).

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Figura 2 – Representação do teste de força dinâmica máxima (1RM)

4.4 Contração voluntária isométrica máxima

O teste de CVIM dos flexores dos cotovelos foi realizado no dinamômetro isocinético (Biodex System Pro 4, Biodex, New Jersey, EUA). Os indivíduos foram posicionados de acordo com as recomendações dos fabricantes, na posição sentada foram estabilizados por meio de duas faixas transversais no tórax e outra horizontal na altura das cristas ilíacas. O braço foi posicionado com o ombro a 60º de flexão e 30° de rotação interna, e permaneceu nesta posição apoiado a um suporte do próprio equipamento, estando este a dois centímetros do olécrano, com o epicôndilo lateral do cotovelo sendo utilizado como referência para o alinhamento com o eixo de rotação do dinamômetro. Previamente a execução dos testes, foi realizado um aquecimento dinâmico com amplitude total de movimento, sendo a extensão completa de cotovelo utilizada como parâmetro 0° e a flexão completa como parâmetro para amplitude máxima a ser atingida. Foram realizadas duas séries com 6 contrações concêntricas submáximas a 120°.s-1 e adotados os intervalos de 1 minuto entre as séries e 2 minutos para início do teste. Para o teste de CVIM, o cotovelo foi então posicionado de maneira estática a 90° de flexão e os sujeitos instruídos a realizar a flexão dos cotovelos para a máxima produção de força de forma mais rápido possível (BEMBEN & CLASEY et al. 1990; SAHALY,

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VANDEWALLE et al. 2001), por um período de 3 segundos (ANDERSEN & AAGAARD, 2006). Foram realizadas 3 tentativas iniciadas com o lado direito, intercaladas por 2 minutos de pausa passiva cada e para início do teste no membro contralateral, sendo selecionado o maior valor alcançado para as 3 tentativas. Durante a execução do teste, os participantes receberam informação visual sobre o nível de força produzido e foram encorajados verbalmente para superarem os valores visualizados. A força máxima foi estabelecida como o valor mais alto encontrado na parte estável do sinal de força em cada tentativa (Figura 3).

Figura 3 – Representação do teste de contração voluntária isométrica máxima (CVIM)

4.5 Avaliação da espessura muscular

Um ultrassom modo-B (Nanomaxx, Sonosite, Bothell, EUA), com probo vetorial linear e frequência de 5-10 MHz e um gel de contato à base de água foi utilizado para captação das imagens para mensuração da espessura dos flexores de cotovelo nos dois braços. As medidas foram realizadas a 60% da distância entre o acrômio e o epicôndilo lateral, no encontro com a linha média do braço (Abe; DeHoyos et al., 2000). Os locais foram medidos com uma fita métrica e, em seguida marcados com caneta semipermanente cirúrgica.

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Porém, para garantir o mesmo posicionamento do indivíduo em todas as mensurações, o posicionamento do seu corpo foi delimitado em uma cadeira, com uma haste de alumínio fixada transversalmente sob o assento. Desta forma, ao chegarem ao laboratório, os voluntários permaneceram em repouso pelo período de 10 minutos e posicionaram seus braços totalmente relaxados, com as mãos em posição anatômica, apoiadas sobre um ponto pré-estabelecido desta haste, o qual foi anotado e repetido em todas as reavaliações. Para captação das imagens, o transdutor foi orientado no plano axial e alinhado perpendicularmente à linha de ação do músculo analisado, o bíceps braquial. Foram tomadas as devidas precauções para que não houvesse pressão sobre o tecido e sua possível deformação no local de medição. As imagens foram gravadas e a medida da espessura muscular foi identificada como a distância entre a o tecido adiposo subcutâneo e tecido ósseo das mesmas, avaliada através do software Image-J (NIH, Bethesda, EUA). Ao final da captação de imagens na avaliação pré, foi utilizada uma película protetora cutânea em spray Cavilon™ 3M e um adesivo do tipo filme, transparente e resistente à agua, OPSITE™ FLEXIFIX, com o objetivo de preservar as demarcações em ambos os membros até o final do estudo. Os voluntários receberam a orientação para solicitar a remarcação e troca do adesivo, sempre que fosse necessário (Figura 4, 5 e 6).

Figura 4 - Representação do posicionamento e ponto de mensuração da espessura muscular (EM)

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Figura 5 - Representação da aplicação do adesivo tipo filme OPSITE™ FLEXIFIX

Figura 6 - Representação da mensuração da espessura muscular (EM) dos flexores de cotovelo na imagem do ultrassom

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4.6 Protocolos de treinamento

Na fase 1, a condição THF (dominante n=3; não dominante n=6), referente à um dos membros, realizou 6 semanas de treino com o exercício puxador frente unilateral no equipamento de polia alta, enquanto não houve intervenção de treino na condição TF neste primeiro período. A escolha da intensidade de treino foi baseada no estudo de Lasevicius et al (2018) o qual sugeriram que treinos para os flexores de cotovelo à uma intensidade de 40% de 1RM podem ser suficientes para promover hipertrofia. Desta forma, as sessões ocorreram 2 vezes por semana e foram compostas por 3 séries com intensidade de 40% de 1RM até atingir a falha concêntrica com intervalo de 1 minuto entre as séries.

A fase 2 ocorreu após o término do programa de treino THF, tendo duração de 4 semanas com um treino para os flexores do cotovelo em CVIM, realizada no dinamômetro isocinético. As duas condições, THF e TF, representadas por cada um dos membros superiores de forma randomizada, realizaram 2 sessões por semana. Os voluntários foram posicionados no equipamento conforme especificação do fabricante, ou seja, de maneira similar ao teste de CVIM. O treino foi executado por cada membro unilateralmente com o cotovelo posicionado à 90º de flexão e os participantes foram instruídos a realizar 3 séries compostas por 5 contrações isométricas máximas por 5s, com 20s de intervalo entre as contrações e 1min entre as séries (Tabela 1).

Tabela 1 – Representação do modelo esquemático das duas fases de treino

Fase de treino

Condição Frequência

semanal Séries Repetições %1RM

Tempo de

contração Pausa

1 THF 2 3 Falha 40 - 1min

1 TF Não realizou treinamento

2 THF 2 3 5 a cada 20s - 5s 1min

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5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram apresentados de acordo com estatística descritiva (média ± dp). A normalidade dos dados foi realizada através do teste de Shapiro-Wilk. Modelos mistos, tendo como fatores fixos grupo e tempo e os participantes como fator aleatório foram utilizados para a análise das variáveis. Nos casos de valor de F significante, o post hoc de Tukey foi utilizado para as comparações múltiplas e calculado o tamanho do efeito para valores absolutos (HOPKINS et al., 2009). O nível de significância adotado foi de p<0,05.

6 RESULTADOS

Ambas as condições não apresentaram diferenças significativas (p>0,05) para espessura dos flexores de cotovelo e força dinâmica máxima quando comparados os momentos pré, pós fase1 e pós fase 2, assim como quando comparado entre as duas condições (Figura 7 e 8).

Figura 7 – Espessura muscular absoluta (cm, média ± desvio padrão) dos flexores de cotovelo, sem alterações significativas entre os momentos pré, pós fase 1 e pós

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O tamanho do efeito nas comparações de espessura para a condição THF nos momentos pré e pós fase 1 e fase 1 com fase 2 foram classificados como pequeno 0,4 e 0,5, respectivamente, e moderado 0,7 para a pré e fase 2. Para a condição TF nos momentos pré, pós fase 1 e fase 1 com fase 2 foram classificados como pequeno 0,5 e 0,3, respectivamente, e trivial 0,1 para pré e fase 2.

Figura 8 – Força dinâmica máxima absoluta (kg, média ± desvio padrão) no puxador vertical unilateral, sem alterações significativas entre os momentos pré, pós fase 1 e

pós fase 2, e entre as duas condições (p>0,05).

O tamanho do efeito nas comparações de 1RM para a condição THF nos momentos pré e pós fase 1 e fase 1 com fase 2 foram classificados como trivial 0,09 e moderado 0,8, respectivamente, e pequeno 0,5 para pré e fase 2. Para a condição TF nos momentos pré, pós fase 1 e fase 1 com fase 2 foram classificados como trivial 0,05 e pequeno 0,3, respectivamente, e trivial 0,1 para pré e fase 2.

Da mesma forma, em relação à força isométrica máxima, ambas as condições THF e TF não apresentaram diferenças significativas quando comparados os momentos pré e pós fase 1, p=0,88 e p=0,98 respectivamente, e entre as duas condições (p>0,05). A condição TF também não apresentou diferenças significativas na comparação entre os momentos pós fase 1 e pós fase 2 (p=0,13) e entre pré e

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pós fase 2 (p=0,19), também sem diferenças significativas entres as duas condições para as comparações entre esses períodos. Entretanto, a condição THF apresentou diferenças significativas quando comparamos os momentos pós fase1 e pós fase 2, e pré com pós fase 2, ambos p= 0,03, contudo não houve diferenças entre os grupos em nenhum momento (Figura 9).

Figura 9 – Torque isométrico máximo absoluto (Nm, média ± desvio padrão) dos flexores de cotovelo mensurado nos momentos pré, pós fase 1 e pós fase 2 nas condições THF e TF. *p<0,05 em relação aos momentos pós fase 1 e pós fase 2, e

pré com pós fase 2.

Já na CVIM o tamanho do efeito nas comparações para a condição THF nos momentos pré e pós fase 1 e fase 1 com fase 2 foram classificados como pequeno 0,3 e moderado 0,8, respectivamente, e grande 1,6 para pré e fase 2. Para a condição TF nos momentos pré, pós fase 1 e fase 1 com fase 2 foram classificados como pequeno 0,4 e moderado 0,8, respectivamente, e grande 1,2 para pré e fase 2.

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7 DISCUSSÃO

Este estudo teve o objetivo de verificar as possíveis contribuições da hipertrofia para os ganhos de força. Entretanto, nossos resultados demonstraram que o programa de treinamento delineado na fase 1 para a condição THF, com o uso de um exercício multiarticular à uma intensidade de 40% de 1RM não foi capaz de promover a hipertrofia significativa dos flexores de cotovelo após o período de 6 semanas. Da mesma forma, também não houve aumento da força dinâmica máxima (1RM) nas comparações pré e pós fase 1 para a condição THF.

De maneira interessante, apesar de não ter havido diferenças entre as condições para o teste de CVIM, a condição THF demonstrou aumentos significativos nas comparações entre pós fase1 e pós fase 2, e entre pré e pós fase 2.

Na primeira fase do estudo, adotamos um protocolo de treino para a condição THF, que talvez pudesse resultar na hipertrofia dos flexores de cotovelo sem alterações significativas da força isométrica máxima, uma vez que houve diferença entre os padrões de movimento e o tipo de contração utilizados nas sessões de treino da fase 1 e nos testes de CVIM.

Os resultados desta pesquisa em relação à proposta de promover hipertrofia dos flexores do cotovelo para a condição THF, se contrapõem aos estudos de Gentil et al. (2013; 2014), os quais submeteram sujeitos não treinados em força a realizarem exercícios multiarticulares por um período de 10 semanas e reportaram o aumento de ~6% na espessura dos flexores de cotovelo. Recentemente, Mannarino et al. (2019) também encontraram resultados similares (~5%) em relação à hipertrofia dos flexores de cotovelo provenientes da realização de um exercício multiarticular após um período de 8 semanas de TF. Contudo, esses estudos utilizaram protocolos de treinos com intensidades próximas a 75% de 1RM e períodos de treino maiores, 10 e 8 semanas respectivamente, bem diferente do nosso estudo em que a intensidade foi de 40% de 1RM e o período de 6 semanas.

Ogasawara et al. (2013), também demonstraram aumentos na AST de ~9% após um período de 6 semanas de TF em indivíduos não treinados que realizaram um exercício multiarticular à 30% de 1RM que envolveu o tríceps braquial, com medidas da AST obtidas através de ressonância magnética (padrão outro).

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Os treinos da fase 1 modulados a uma intensidade de 40% de 1RM também não foram capazes de aumentar a força máxima dinâmica (1RM) na condição THF, contrariando os achados de Campos et al. (2002), os quais indivíduos não treinados em força aumentaram o 1RM mesmo treinando em baixa intensidade por um período de 8 semanas, porém utilizando-se de uma rotina com exercícios multiarticulares e monoarticulares para os membros inferiores, o que pode caracterizar uma maior duração de treino e maior volume. Por outro lado, o estudo de Ogasawara et al. (2013), também demonstrou aumentos do 1RM resultantes de um programa de TF com um único exercício multiartcular à 30% de 1RM em 6 semanas. Entretanto esses indivíduos participaram de um período prévio de treino também de 6 semanas, 12 meses antes com treinos à 75% de 1RM, de maneira que essa maior intensidade pode ter interferido nesses resultado. Da mesma forma, Lasevicius et al. (2018) com um exercício multiarticular e um monoarticular e Dinyer et al. (2019) com uma rotina de exercícios, demonstraram que os treinos de baixa intensidade a ~30% de 1RM também podem aumentar a força dinâmica máxima (1RM) em indivíduos não treinados após 12 semanas de treino. Desta forma, argumentamos que esses estudos tiveram desenhos experimentais com protocolos de treino desenvolvidos em maiores períodos e/ou rotinas compostas por mais de 2 exercícios, o que pode justificar essa discrepância de resultados, na comparação com os dados apresentados em nosso estudo.

Nossos resultados também demonstraram que houve um incremento da força isométrica máxima nas comparações entre pós fase 1 e pós fase 2 e de pré com pós fase 2 para a condição THF, o que pode ser justificado pela adição do período de treino da fase 1, apesar da ausência de hipertrofia. A fase 1, composta do exercício puxador frente unilateral no equipamento de polia alta foi o ponto de distinção entre as condições THF, que realizou a fase 1 e 2 e a TF que realizou apenas a fase 2. Portanto, especulamos que esse aumento de força proveniente de diferentes estímulos produzidos e somados pelas fases 1 e 2, podem não ser totalmente explicados apenas pelas adaptações neurais. A diferença dos padrões de movimento e tipos de contração utilizados nos treinos e nas avaliações de força isométrica máxima, pressupõe a possibilidade de mínima transferência de desempenho dos treinos com contração dinâmica envolvendo um padrão de movimento multiarticular para as avaliações de força isométrica máxima em um

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padrão monoarticular (SALE, MARTIN & MOROZ, 1992; BAKER, WILSON & CARLYON, 1994) .

Outros estudos demonstraram aumentos da força isométrica máxima em decorrência de um período de TF com contrações dinâmicas. Fink el al. (2016) realizaram um estudo de 8 semanas para analisarem as alterações musculares e neurais dos flexores de cotovelo em resposta a protocolos de treino com 30% de 1RM e reportaram 4,6% de aumento da força isométrica máxima. Ogasawara et al. (2013), também demonstraram aumentos de 6,5% na força isométrica máxima dos extensores de cotovelo após 6 semanas de treino à 30% de 1RM com a utilização de um exercício multiarticular que envolveu essa musculatura. De maneira interessante, ambos os estudos também demonstraram aumentos na AST de ~9%, mensuradas através de ressonância magnética, o que poderia ter contribuído para os incrementos de força. Além disso, os padrões de movimento realizados nos treinos e no teste de CVIM eram similares, apesar dos diferentes tipos de contração, e pode ter resultado em transferência da melhora de desempenho do treino para o teste.

É compreensível pensar na hipótese de que o curto período de treinamento objetivando a hipertrofia dos flexores de cotovelo, a utilização de um único exercício multiarticular e o método para mensuração da espessura muscular, ambos somados, podem não ter contribuído para resultados mais conclusivos e que pudessem melhor justificar os aumentos de força isométrica máxima demonstrados em nosso estudo.

Por fim, especulamos ainda que os aumentos de força isométrica máxima obtidos na comparação entre pós fase 1 e pós fase 2 podem estar associados a aumentos da espessura muscular em outras regiões dos flexores do cotovelo que não foram avaliadas. A hipertrofia regionalizada já foi detalhada por Housh et al. (1992) e Wakahara et al. (2012; 2013) ao demonstrarem que o TF pode induzir à alterações não uniformes ao longo do comprimento de um músculo. Além disso, Vigotsky et al. (2018) também demonstraram que espessura, largura e comprimento musculares podem apresentar alterações distintas mediadas por diferentes estímulos do TF. Por outro lado, DeFreitas (2011) sugeriu que a hipertrofia resultante de um programa de TF, talvez demande de um tempo maior para ser mensurada de maneira mais confiável, e que em estágios iniciais ela pode apresentar aumentos pouco sensíveis a determinados métodos de mensuração que

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não sejam padrão ouro. Postulamos também, que embora nosso estudo não tenha demonstrado relevância estatística para hipertrofia, existe a possibilidade de que as 6 semanas de treino da fase 1 resultaram em aumentos de espessura muscular com magnitude suficiente para promover incrementos da CVIM após o período de treino de força máxima para a condição THF.

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8 CONCLUSÃO

Portanto, não obtivemos êxito em analisar se a hipertrofia contribui para os ganhos de força, uma vez que não houve hipertrofia significativa neste período. Entretanto, a condição THF aumentou a força isométrica máxima e a condição TF não, embora isso ainda não possa ser explicado. De toda forma, nosso estudo demonstra que o exercício multiarticular puxador frente unilateral no equipamento de polia alta com 40% de 1RM não promove hipertrofia dos flexores de cotovelo, mas pode potencializar a força isométrica máxima sem alterações significativas da força dinâmica máxima. Esses achados podem auxiliar pesquisas futuras que visem analisar as correlações entre hipertrofia e força muscular.

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9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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