MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DA
UMIDADE EM ALIMENTOS
UMIDADE
É uma das medidas mais importantes e utilizadas na análise de alimentos.
SÓLIDOS TOTAIS
MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE UMIDADE
Não existe nenhum método que seja, simultaneamente,
DIFICULADADES ENCONTRADAS NA DETERMINAÇÃO DE UMIDADE
Separação incompleta da água do produto.
Decomposição do produto com formação de água além da original.
Perda das substâncias voláteis do alimento que serão computadas como massa de água.
NA PRÁTICA
Preferência por um método que
determine um maior valor da umidade.
Em vez de
Um método em que a água é negligenciada ou removida de maneira incompleta.
A água que será efetivamente medida vai depender do método analítico empregado
Somente a água livre é medida com certeza em todos os métodos.
Somente a água livre é medida com certeza em todos os métodos.
Resultado da medida de umidade deve ser acompanhado do método utilizado e das
condições empregadas (por exemplo:tempo e
PRINCIPAIS MÉTODOS UTILIZADOS
SECAGEM estufas radiação infravermelha fornos de microondas dessacadores DESTILAÇÃO QUÍMICOSMÉTODOS POR SECAGEM
SECAGEM EM ESTUFAS
Método mais utilizado em alimentos.
Remoção água por aquecimento, sendo o ar quente absorvido por uma camada muito fina do alimento e,
então, conduzido para o interior deste, através de condução.
Condutividade térmica dos alimentos é baixa.
Método lento.
6 a 18 horas entre 100oC e 110oC, ou até peso
LIMITAÇÕES
Evaporação por um determinado tempo: remoção incompleta da água.
Evaporação até peso constante:
superestimação da umidade por perda de substâncias voláteis ou por reações de
A exatidão do método é influenciada por vários fatores Temperatura de secagem
Umidade relativa e movimentação do ar dentro da estufa Vácuo na estufa
Tamanho das partículas e espessura da amostra Construção da estufa
Número e posição das amostras da estufa
Formação de crosta seca na superfície da amostra Material e tipo de cadinhos
TEMPERATURA DA ESTUFA
Estufa convencional: um pouco acima de 100oC (105ºC)
Estufa a vácuo: ~ 70 oC (preserva a amostra e evita a
formação de crosta na superfície)
PARTÍCULA DOS ALIMENTOS
TIPOS DE ESTUFAS
Simples
simples com ventilação vácuo
Maior em cadinhos de alumínio do que de vidro e porcelana, maior em cadinhos rasos
do que fundos e maior em estufas com ventilação.
Deve ser realizada somente após os cadinhos com os resíduos sólidos esfriarem até a temperatura ambiente
no dessecador.
VELOCIDADE DE EVAPORAÇÃO
PROCEDIMENTO
1. Pesar em balança analítica uma quantidade definida de amostra em um cadinho previamente seco a 105º C
por, no mínimo, 1 hora e tarado.
2. O transporte e manuseio do cadinho devem ser sempre feitos com pinça ou papel para não passar
umidade da mão.
3. Colocar o cadinho + amostra na estufa à temperatura conveniente e deixar até que toda a água seja evaporada
5. Pesar, depois de frio, o conjunto cadinho mais amostra seca.
6. Descontar o peso do cadinho vazio para obter o peso da amostra seca.
4. Retirar o cadinho + amostra seca da estufa com uma pinça e colocar em um dessecador para esfriar.
O peso da água evaporada vai ser igual à diferença entre o peso da amostra úmida e o
peso da amostra seca.
Os sólidos totais serão a diferença entre o peso total da amostra e o peso da água.
Resíduo seco: utilizado nas determinações de gordura, fibra bruta, proteínas.
PREPARO DA AMOSTRA
AMOSTRAS LÍQUÍDAS: evaporá-las em
banho-maria até consistência pastosa para então serem colocadas na estufa.
AMOSTRAS AÇUCARADAS: formam uma crosta
dura na superfície, que impede a saída da água do interior (adição de areia em pó e lavada com ácido clorídrico à amostra para aumentar a superfície de
evaporação).
PESO DA AMOSTRA: varia entre 2 g e 5 g
(Formar uma camada fina e bem distribuída no cadinho).
CONDIÇÕES DE SECAGEM
TEMPERATURA: varia entre 70oC a 110oC.
TEMPO: depende da quantidade de água no
LIMITAÇÕES DO MÉTODO
1. Produtos com alto conteúdo de açúcar e carnes com alto teor de gordura: temperatura que não exceda 70oC.
Açúcares: podem sofrer decomposição a temperatura
de aproximadamente 70oC, liberando água.
2. Não serve para amostras com alto teor de substâncias voláteis (por exemplo, condimentos).
3. Variação de até 3oC nas diferentes partes (posições)
5. Açúcares redutores e proteínas: escurecimento por reação de Maillard, com formação de compostos voláteis
como CO2 e compostos carbonílicos e produtos intermediários.
6. Estufas com exaustão forçada: acelerar a secagem a peso constante (queijos, produtos marinhos e carnes). 4. Açúcares: reações de caramelização com liberação de
SECAGEM POR RADIAÇÃO INFRAVERMELHA
É mais efetivo e envolve a penetração do calor na amostra.
Encurta o tempo de secagem em até 1/3 do total.
Lâmpada de radiação infravermelha com 250 a 500 watts.
Distância entre a lâmpada e amostra: 10 cm (decomposição)
Espessura: 10 mm e 15 mm.
Tempo de secagem: 20 minutos para produtos cárneos 10 minutos para grãos
Peso da amostra: 2,5 e 10 g, dependendo do conteúdo de amostra.
Equipamentos: balança com leitura direta do conteúdo de umidade por diferença de peso.
DESVANTAGEM:
Processo lento por secar uma amostra de cada vez.
Repetibilidade não muito boa:
principalmente, se houver variação de energia elétrica na rede durante
SECAGEM EM FORNOS DE MICROONDAS
Método novo e muito rápido, porém não é um método padrão.
Energia do microondas:
Radiação eletromagnética entre 3 Mhz e 30.000 Ghz.
Mecanismos de um material dielétrico: Rotação dipolar e polarização iônica.
Quando uma amostra úmida é exposta à radiação de microondas, moléculas com cargas elétricas dipolares, tais como a água, giram na tentativa de
alinhar seus dipolos com rápida mudança do campo elétrico.
Fricção resultante: calor, que é transferido para moléculas vizinhas.
MICROONDAS: aquece o material mais rapidamente e mais seletivamente.
Distribuição uniforme do calor na superfície e no interior do alimento.
Facilita a evaporação e evita a formação de crosta na superfície.
A amostra deve ser misturada com cloreto de sódio (evita que a amostra seja “espirrada” para fora
do cadinho) e óxido de ferro (absorve fortemente a radiação de microondas, acelerando a secagem).
Método bastante rápido e simples.
Grande vantagem: poder da energia
radiante e o tempo de secagem podem ser calibrados para os diferentes tipos e
TIPOS DE AMOSTRAS
ALIMENTOS COM ALTA UMIDADE – FRUTAS E VEGETAIS: aplicação limitada (superaquecimento com caramelização, devido à alta concentração de açúcares solúveis). Amostras com aproximadamente
20 g.
SEMENTES E PLANTAS SECAS: amostras de baixa umidade (água ligada), necessidade de triturar os
LATICÍNIOS E ALIMENTOS PROCESSADOS:
amostras uniformes, porém com alta concentração de sal ou de água ligada.
CARNES: alta umidade, porém a falta de parede celular melhora a permeabilidade do vapor.
Presença de gordura diminui a absorção da energia de microondas.
SECAGEM EM DESSACADORES
São utilizados com vácuo e compostos químicos absorventes de água.
Secagem à temperatura ambiente: muito lenta e, em alguns casos, pode levar meses!!!
MÉTODO POR DESTILAÇÃO
Existe há mais de 70 anos, mas não é muito utilizado devido à grande demora na execução.
Vantagens: protege a amostra da oxidação pelo ar e diminui as chances de decomposição
causada pelas altas temperaturas.
PROCEDIMENTO
1. Pesar uma quantidade de amostra que libere entre 2 e 5 mL de água.
2. Colocar em um frasco com o solvente de ponto de ebulição maior que o da água cobrindo a amostra.
6. Destilar por mais 5 minutos e deixar esfriar para tomar a leitura do volume de água no frasco coletor, que é graduado
em mililitros (mL), com uma precisão de até 0,01 mL.
4. A destilação chega ao fim quando aparecerem, no frasco graduado de coleta, os dois níveis: o de água e o de solvente.
5. Deslocar a água que fica retida nas paredes de vidro com um fio de cobre em espiral.
DIFICULDADES DO MÉTODO
1. Precisão relativamente baixa do frasco coletor. 2. Dificuldades na leitura do menisco.
3. Aderência de gotas de água no vidro.
4. Solubilidade da água no solvente de destilação. 5. Evaporação incompleta da água.
6. Destilação de produtos solúveis em água (com ponto de ebulição menor que o da água).
OBSERVAÇÕES SOBRE O MÉTODO
1. Solventes recomendados: tolueno (PE = 111oC),
tetracloroetileno (PE = 121oC), xileno (PE = 137oC a 140oC).
2. O equipamento deve estar extremamente seco.
3. O frasco coletor deve ser calibrado com destilações sucessivas de quantidades conhecidas de água.
4. A escolha entre os vários tipos de frascos coletores vai
depender do volume de água esperado na destilação, do grau de calibração requerida, da facilidade de escoamento.
MÉTODOS QUÍMICOS
Emprega o reagente Karl Fischer (1936):
Mistura de iodo, dióxido de enxofre, piridina e um solvente que pode ser metanol (I2:3 SO2:10 C5H5N).
Princípio do método baseia-se em uma titulação visual ou eletrométrica.
I2 é reduzido a I- pelo dióxido de enxofre na
presença de água. Quando toda a água da amostra for consumida, a reação de oxirredução termina.
TITULAÇÃO VISUAL: a solução da amostra permanece amarelo-canário enquanto houver água presente, mudando para amarelo-escuro e, no ponto final, para marrom, característica do
iodo em excesso.
TITULAÇÃO ELETROMÉTRICA: são utilizados equipamentos que empregam: bateria, resistor
variável, galvanômetro e eletrodos de platina
Titulação: presença de água - o ânodo é
despolarizado e o cátodo polarizado. No ponto final da titulação, o pequeno excesso de iodo
despolariza o cátodo, resultando no aparecimento de corrente.
OBSERVAÇÕES DO MÉTODO
1. Piridina, dioxano e dimetilformamida podem ser empregados como solventes da amostra.
2. Titulação direta: fornece a água total (água livre mais água de hidratação/ligada).
3. O método não pode ser empregado para materiais que contenham substâncias que reagem com iodo (por
exemplo: ácido ascórbico).
4. Alguns vegetais desidratados, como condimentos, contêm aldeídos e cetonas ativos, que reagem com o
O método de Karl Fischer é aplicado em amostras que não fornecem bons resultados pelo método de secagem a
vácuo.
Frutas e vegetais desidratados, balas, chocolates, café torrado, óleos e gorduras. Produtos ricos em açúcares
(mel e cereais).
Pode ser aplicado em produtos com níveis intermediários de umidade: produtos de padaria, misturas para bolo ricas em gordura e produtos com
OUTROS MÉTODOS FÍSICOS
ABSORÇÃO DE RADIAÇÃO INFRAVERMELHA:
a medida da absorção da radiação em
comprimentos de onda na região do infravermelho (3,0 m e 6,1 m) obtém a quantidade de água na amostra (sensibilidade: ppm – partes por milhão).
CROMATOGRAFIA GASOSA: é muito rápida (5
minutos) e pode ser aplicada em alimentos com larga faixa de umidade (8% a 65%), como cereais,
produtos de cereais, frutas e produtos derivados de frutas.
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR: requer equipamento caro e sofisticado, mas oferece
medidas muito rápidas.
ÍNDICE DE REFRAÇÃO: bastante simples e rápido,
feito no refratômetro e está baseado no índice de refração da amostra.
DENSIDADE: método simples, rápido e barato, mas
CONSTANTE DIELÉTRICA: amido, proteínas e componentes similares têm uma constante dielétrica
de cerca de 10, enquanto a constante dielétrica da água é de 80. O método é rápido e muito utilizado
em farinhas, porém pouco preciso.
CONDUTIVIDADE ELÉTRICA: quantidade de
corrente elétrica que passa pelo alimento será proporcional à quantidade de água neste alimento.