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As contribuições do trabalho do/a assistente social no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) “Comunidade Mãe” no município de Cruz Alta/RS

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DCJS - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

JALINE AMARANTE DA ROSA

AS CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS) “COMUNIDADE MÃE” NO

MUNICÍPIO DE CRUZ ALTA/RS

IJUÍ – RS, 2015

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JALINE AMARANTE DA ROSA

AS CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS) “COMUNIDADE

MÃE” NO MUNICÍPIO DE CRUZ ALTA/RS

Orientadora: Profa. Dra. Solange Santos Silva

IJUÍ – RS, 2015

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ.

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AS CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS) “COMUNIDADE

MÃE” NO MUNICÍPIO DE CRUZ ALTA/RS

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Serviço Social apresentado como requisito final para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Aprovado em 18 de março de 2015.

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________ Orientadora: Profa. Dra. Solange dos Santos Silva

Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ

_________________________________________ Convidado: Enio Waldir da Silva

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus e a todas as pessoas que estiveram ao meu lado me apoiando e que de alguma forma contribuíram para que eu obtivesse mais esta conquista... Principalmente a minha família que sempre esteve ao meu lado, acreditaram em mim e me incentivaram a fazer este curso, pelo qual tenho a maior admiração... Ao meu marido, companheiro, pela enorme compreensão e dedicação que teve comigo neste momento tão importante da minha vida.

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Primeiramente agradeço a Deus por ter concebido mais esta oportunidade, por ter me abençoado sempre e em toda esta caminhada de realizações na minha vida, sou eternamente grata ao Senhor por chegar até aqui...

A minha querida família, que sem eles não estaria aonde cheguei, pai Joel, mãe Mari e meus irmãos Jaqueline, Juliano e Jordano. Sinto-me verdadeiramente privilegiada e honrada em ter vocês perto de mim...

Ao meu marido Guilherme, um grande amigo, companheiro que sempre me apoiou, pela dedicação e compreensão que teve pela minha ausência em muitos momentos por conta dos estudos. Minha gratidão e carinho por você fazer parte da minha vida...

As minhas supervisoras de estágio Carine Raquel Medeiros da Costa e Alice Joaquim Terhost, que fizeram parte desta vitória, pelos momentos agradáveis e indispensáveis de conhecimentos e saberes, sou grata pelo carinho dedicado...

A minha professora orientadora Solange Santos Silva, pelo esforço e comprometimento que teve no compartilhamento de seus conhecimentos comigo, pelo exemplo de profissional que é...

Aos professores que tive ao longo desse processo acadêmico, pelos ensinamentos, aprendizagens e experiências que compartilhamos, e que acreditaram na minha capacidade...

A toda a equipe do CRAS “Comunidade Mãe” e aos usuários que me acolheram, com grande carinho e respeito significativos, que fizeram com que concluísse os estágios com êxito.

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“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.”

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O presente Trabalho de Conclusão de Curso de Serviço Social aborda como tema as contribuições do trabalho do assistente social no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) “Comunidade Mãe” no munícipio de Cruz Alta. O objetivo geral é analisar as contribuições do profissional e refletir sobre a importância deste trabalho, para a efetivação dos direitos dos usuários na Política de Assistência Social. Analisando a partir do Estágio Supervisionado em Serviço Social, como o profissional se insere neste espaço socio-ocupacional do serviço social, suas competências, atribuições, direitos, seus limites e possibilidades de trabalho para a consolidação da profissão. Através da abordagem qualitativa, do tipo exploratório de campo e com auxílio de pesquisas bibliográficas e da documentação realizado no processo de estágio. O estudo inicia-se com a contextualização histórica da Assistência Social como um direito universal, a partir da regulamentação da Constituição de 1988, entrando em vigor a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), que consequentemente consolida a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), no qual prevê a implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) uma nova gestão às políticas sociais assistenciais. Para a materialização do SUAS, constitui-se o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), uma instituição que oferta a Proteção Social Básica, responsável pela organização e oferta dos serviços socioassistenciais. O projeto profissional do Serviço Social regulamentada e relevante nas intervenções das relações sociais, para o enfrentamento da questão social, onde prevê uma nova sociedade em prol da melhoria da qualidade de vida dos usuários. Através do Estágio Supervisionado retratam-se brevemente relatos sobre as experiências vivenciadas e, assim analisa-se que a forma de enfrentamento da categoria trabalho do assistente social na instituição em seu cotidiano, apresenta-se mais limites do que possibilidades de trabalho, desafios que muitas vezes limitam a consolidação do exercício profissional. Mas, contudo são as possibilidades de intervenção do profissional assistente social que apesar de mínimas, tem a capacidade de observação da realidade social, com ética, competência teórica e atendimento técnico para promover o bem estar dos usuários atendidos no CRAS “Comunidade Mãe”. Contribuindo através de suas ações profissionais, a garantia dos direitos dos usuários, e na regulamentação da política de assistência social.

Palavras-chave: Assistência Social. Trabalho do assistente social. CRAS. Estágio Supervisionado. Serviço Social.

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This Work of Social Work Course Conclusion addresses the theme contributions of the work of social worker in the Social Assistance Reference Center (CRAS) "Community Mother" in Cruz Alta municipality. The overall objective is to analyze the contributions of professional and reflect on the significance of this, for the realization of the rights of users in the Social Assistance Policy. Analyzing from the Supervised Internship in Social Services, as the professional is included in this socio-occupational space of social work, its powers, duties, rights, their limits and possibilities of work for the consolidation of the profession. Through qualitative approach, exploratory field and with the aid of literature searches and documentation performed on stage process. The study begins with the historical context of social assistance as a universal right, from the 1988 Constitution of the regulation will enter into force the Organic Law of Social Assistance (LOAS), which in turn consolidates the National Social Assistance Policy (PNAS ), which provides for the implementation of the Single social Assistance System (ITS) a new management assistance to social policies. For the materialization of the ITS, it constitutes the Social Assistance Reference Center (CRAS), an institution that offer the Basic Social Protection, responsible for the organization and delivery of social assistance services. Professional design of Social Work regulated and relevant interventions of social relations, for confronting social issues, where it plans a new society in order to improve the quality of life of users. Through Supervised Internship portray themselves briefly reports on the experiences and thus analyzes the way of coping with the work category of social worker at the institution in their daily lives, appears more limits than work opportunities, challenges that many often limit the consolidation of professional practice. But yet they are the possibilities of intervention of the professional social worker that although minimal, has the ability to observe the social reality, with ethics, theoretical expertise and technical assistance to promote the well being of patients seen in the CRAS "Community Mother." Contributing through their professional actions, to ensure the rights of users, and regulation of social welfare policy.

Keywords: Social Assistance. Labour social worker. CRAS. Supervised Internship. Social Service.

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ABAS – Associação Brasileira de Assistentes Sociais

ABESS – Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social CEAS - Centro de Estudos e Ação Social

CFESS – Conselho Federal de Serviço Social CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas CNSS – Conselho Nacional de Serviço Social CRAS – Centro de Referência de Assistência Social LBA – Legião Brasileira de Assistência

LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social MDS – Ministério de Desenvolvimento Social MT – Ministério dos Trabalhadores

NOB – Norma Operacional Básica PAS – Política de Assistência Social

SENAI – Serviço Social de Aprendizagem Industrial SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SESC – Serviço Social do Comércio

SESI – Serviço Social da Indústria

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1 INTRODUÇÃO ... 11 1.1 Delimitação do tema ... 12 1.2 Problema da pesquisa ... 12 1.3 Objetivos ... 12 1.3.1 Objetivo geral ... 12 1.3.2 Objetivos específicos ... 13 1.4 Questões norteadoras ... 13 1.5 Justificativa ... 13 1.6 Metodologia ... 15

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL...19

2.1 A instituição da política como direito social no contexto capitalista ... 19

2.2 Uma nova base inovadora para a política de assistência social ... 22

2.3 Política de Assistência Social (PAS) ... 25

2.4 A implementação do sistema único de assistência social (suas) por uma nova gestão da PAS ... 26

3 SERVIÇO SOCIAL E TRABALHO ... 30

3.1 Breve trajetória da consolidação do serviço social enquanto profissão ... 30

3.2 O trabalho do assistente social ... 38

4 SERVIÇO SOCIAL E O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO PROCESSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL ... 48

4.1 Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) “Comunidade Mãe” no município de Cruz Alta/RS enquanto campo de estágio para o serviço social ... 48

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para a efetivação dos direitos dos usuários na Política de Assistência Social ... 59

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 70

REFERÊNCIAS ... 72

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1 INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso em Serviço Social tem como ponto de partida a prática de Estágio Supervisionado em Serviço Social, realizado junto ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) no município de Cruz Alta/RS no período de 2014, estabelecendo relação com os conteúdos e discussões que subsidiaram o processo de formação acadêmica. Sendo resultado de um processo investigativo e analítico destaca-se no presente estudo o seguinte tema: As Contribuições do Trabalho do/a Assistente Social no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) “Comunidade Mãe” no município de Cruz Alta/RS e sua importância para a efetivação de direitos dos usuários da política de assistência social.

O CRAS “Comunidade Mãe” é uma instituição pública estatal localizado em Cruz Alta/RS, a qual apresenta infraestrutura adequada e profissionais capacitados para atender à sociedade em situação de vulnerabilidade e risco social. Tem como foco a Proteção Social Básica dos usuários que recorrem aos serviços oferecidos pela instituição. O objetivo do CRAS é prevenir situações de violação de direitos e que as relações familiares e comunitárias sejam desgastadas, auxiliando na melhoria da qualidade de vida dos usuários, através de atendimentos pelos profissionais, cursos profissionalizantes para os jovens se inserirem no mercado de trabalho, grupos de culinária e artesanato como forma de geração de renda, entre outros, para assim, contribuir na efetivação dos direitos dos usuários como prevê a Política de Assistência Social.

O/a assistente social se insere neste espaço contribuindo para a efetivação dos direitos legais dos usuários, realizando atendimentos, visitas domiciliares, encaminhamentos, relatórios, pareceres, entrevistas, acompanhamento de grupos, além de informá-los a respeito dos programas, projetos, serviços e benefícios, voltados para o bem estar individual e coletivo e para a integração do indivíduo na sociedade. Estas e outras atribuições e competências do assistente social estão previstas em seu Código de Ética da Profissão e na Lei de Regulamentação da Profissão.

Sendo assim, no capítulo I pretende-se apresentar as etapas da pesquisa, com base no projeto de pesquisa para a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso I, como: delimitação do tema, problema da pesquisa, objetivos, questões norteadoras, bem como justificativa e metodologia para a melhor compreensão da referida pesquisa.

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O capítulo II discorre sobre contextualização da Política de Assistência social no Brasil, seu contexto histórico iniciando na Constituição de 1988, Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), Política de Assistência Social (PAS) e em seguida a implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), processo este que é um grande avanço no âmbito da assistência social constituída até os dias de hoje como um direito universal.

No capítulo III, aborda-se a origem histórica do Serviço Social reconhecida como uma profissão, e uma breve contextualização da categoria trabalho, abordando como o/a assistente social se insere como trabalhador assalariado e a relevância do mesmo.

Em seguida, no capítulo IV, entra em pauta a experiência de estágio supervisionado, relacionando com o Serviço Social um resgate de conceitos e referências sobre o referido campo de estágio, o CRAS “Comunidade Mãe”. Tratando-se do projeto de intervenção “Terceira Idade de Direitos” como forma contributiva no processo acadêmico e para a instituição de campo de estágio, bem como uma análise enquanto estagiária sobre as contribuições do trabalho do/a assistente social na contemporaneidade, como se articula em meio social e para a efetivação dos direitos dos usuários previstos na PAS.

1.1 A DELIMITAÇÃO DO TEMA

As contribuições do trabalho do/a assistente social no Centro de Referência de Assistência social (CRAS) “Comunidade Mãe” no município de Cruz Alta/RS no período de 2014 e sua importância para a efetivação dos direitos dos usuários da Política de Assistência Social (PAS).

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

Como vem se realizando o trabalho do/a assistente social no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) “Comunidade Mãe” no munícipio de Cruz Alta/RS e sua contribuição para a efetivação dos direitos dos usuários na Política de Assistência Social?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Analisar as contribuições do trabalho do/a assistente social no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) “Comunidade Mãe” no município de Cruz Alta/RS e refletir sobre

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a importância deste trabalho, enquanto profissional, para a efetivação dos direitos dos usuários na Política de Assistência Social.

1.3.2 Objetivos específicos

Caracterizar os instrumentos e técnicas realizados pelo/a assistente social; Investigar as mediações que o/a profissional realiza;

Contextualizar a Política de Assistência Social;

Identificar e refletir sobre os limites e possibilidades do trabalho do/a assistente social no CRAS “Comunidade Mãe”.

1.4 QUESTÕES NORTEADORAS

Quais as intervenções realizadas frente às demandas que perpassam na instituição? Qual a instrumentalidade utilizada no cotidiano do profissional?

Quais os limites e possibilidades do trabalho do/a assistente social no CRAS “Comunidade Mãe”?

Qual a importância da PNAS para a regulamentação dos direitos dos usuários?

1.5 JUSTIFICATIVA(S)

A relevância desta pesquisa inicia-se a partir da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, como exigência do curso de Serviço Social na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), realizado no 2o semestre de 2014. Estudo este, acerca das contribuições do trabalho do/a assistente social enquanto profissional inserido no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) no município de Cruz Alta/RS. O interesse pelo tema deu-se a partir das experiências vivenciadas no estágio supervisionado III no período do 1o semestre de 2014, em conhecer as dimensões ético-política, teórico-metodológico e técnico-operativo que o profissional articula em sua historicidade, totalidade e individualidade. Relacionando com o importante papel da Política de Assistência Social, para a efetivação dos direitos aos usuários que buscam os serviços socioassistencias no CRAS “Comunidade Mãe”.

A escolha do referido tema justifica-se pela inserção, enquanto estagiária no CRAS “Comunidade Mãe” onde se realizou o Estágio Supervisionado em Serviço Social III e por

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pesquisas bibliográficas no decorrer do processo de ensino-aprendizagem do curso. Este é um tema de suma importância, pois trata do/a profissional assistente social que atua na equipe de trabalho como um viabilizador de direitos, elucidando o acesso a estes, sempre com o intuito de contribuir na garantia de cidadania aos usuários.

Durante o processo de estágio foi possível aprender, brevemente, a realidade do trabalho do/a profissional, através da observação, intervenção e acompanhamento em seu cotidiano. Questiona-se como o profissional se insere neste espaço, suas funções e a importância que esta profissão representa para a efetivação dos direitos dos usuários na Política de Assistência Social (PAS), pautados na Proteção Social Básica de assistência que se objetiva em “prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários” (PNAS, 2004, pg. 23). O/a assistente social se insere como profissional atuando no atendimento às demandas e necessidades sociais de seus usuários, que podem produzir resultados concretos, tanto nas dimensões materiais quanto nas dimensões sociais, políticas e culturais na vida da população (YASBEK, 2009). Viabilizando seu acesso às políticas sociais, no qual se apresenta na referida pesquisa o CRAS “Comunidade Mãe”.

Diante do trabalho do/a assistente social, as dificuldades, desafios enfrentados, contribuições e importância desta profissão, se deu o interesse em aprofundar este assunto para contribuir na melhoria das condições de trabalho e a valorização do profissional na implementação da política de assistência social municipal.

A temática do trabalho de conclusão de curso promove a importância do trabalho do/a assistente social em uma unidade pública responsável pela oferta de serviços de proteção social básica de assistência social às famílias, grupos e indivíduos em situação de vulnerabilidade social. Uma vez que a vulnerável realidade social necessita de políticas sociais consistentes para atendimento aos usuários suprindo suas necessidades básicas.

A assistência social é reconhecida, pela primeira vez, como uma política pública, dever do Estado e direito de cidadania, partícipe da seguridade social, assentada no tripé da saúde, previdência e assistência, campo privilegiado da atuação do Serviço Social (IAMAMOTO, 2010, pg. 264).

Neste sentido, espera-se que a pesquisa possa vir a contribuir com o trabalho dos profissionais da assistência social e aos demais, para uma análise crítica da realidade vivenciada hoje no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), auxiliando na melhoria das condições de trabalho de assistentes sociais para beneficiar usuários que buscam os serviços. Espera-se também que os usuários destes serviços possam usufruir deste trabalho,

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assim contribuindo e incentivando um maior debate sobre a Política de Assistência Social, conquistando, desta forma, ainda mais progressos no âmbito da assistência social.

1.6 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia do projeto de pesquisa é um meio no qual se expõe detalhadamente o passo a passo da pesquisa na prática, a coleta de informações ligadas aos instrumentos e técnicas que se pretende utilizar.

A metodologia não só contempla a fase de exploração de campo (escolha do espaço da pesquisa, escolha do grupo de pesquisa, estabelecimento dos critérios de amostragem e construção de estratégia para entrada em campo) como a definição de instrumentos e procedimentos para análise de dados (MINAYO, 2010, pg.43). O método para realização da pesquisa se orienta por embasamento do método dialético crítico que se apoia na concepção dinâmica da realidade, nas relações entre a unidade e totalidade, entre teoria e prática, observando o movimento que engrena os processos sociais, direcionada para a realidade social e para as ações concretas com vistas à transformação.

A dialética fornece as bases para uma interpretação dinâmica e totalizante da realidade, já que estabelece que os fatos sociais não podem ser entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos de suas influências políticas, econômicas, culturais etc. Por outro lado, como a dialética privilegia as mudanças qualitativas, opõe-se naturalmente a qualquer modo de pensar em que a ordem quantitativa se torne norma. Assim, as pesquisas fundamentadas no método dialético distinguem-se bastante das pesquisas desenvolvidas segundo a ótica positivista, que enfatiza os procedimentos quantitativos (GIL, 2008, pg. 14).

A pesquisa é do tipo exploratória de campo, "cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno para a realização de uma pesquisa futura, precisa ou modificar e clarificar conceitos" (MARCONI; LAKATOS, 2007, pg. 85). Será descrita na referida pesquisa a atuação e contribuição do trabalho do/a assistente social no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) "Comunidade mãe" no munícipio de Cruz Alta/RS.

Optando-se pela abordagem qualitativa, buscou conhecer a realidade do trabalho do/a assistente social no âmbito da Política de Assistência Social e sua contribuição para a efetivação dos direitos dos usuários, questionando sobre as dificuldades, desafios, o enfrentamento de seu cotidiano de trabalho, sua contribuição, competências, atribuições, funções, potencialidades, opiniões, valores e anseios. A pesquisa qualitativa “trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes” (MINAYO, 2008, pg. 21).

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A pesquisa descritiva contempla a “descrição”, registro, análise e interpretação de fenômenos atuais, objetivando o seu funcionamento no presente (MARCONI; LAKATOS, 2007, pg. 20), que no caso da pesquisa, constituiu-se em reflexões e análise do profissional no CRAS “Comunidade Mãe”, onde se realizou o Estágio Supervisionado em Serviço Social III, permitindo observar, acompanhar e intervir através da realização do Projeto de Intervenção em Serviço Social III.

Os/as assistentes sociais em seu cotidiano de trabalho na instituição têm como base as

dimensões ético-politico, teórico-metodológico e técnico-operativo do seu projeto profissional. A observação é de grande importância para auxiliar no processo da pesquisa, onde se coloca como observador de uma situação social, com finalidade de realizar uma investigação científica, tendo contato direto com profissional aprimorando o contexto da pesquisa (MINAYO, 2008).

Utilizaram-se para o desenvolvimento da pesquisa, documentos realizados no processo

da supervisão direta de estágio. O material contempla informações relevantes, assim auxiliando a discorrer sobre o tema proposto.

Fontes primárias: dados históricos, bibliográficos e estatísticos; informações, pesquisas e material cartografado; arquivos oficiais e particulares; registros em geral; documentação pessoal (diários, memórias, autobiografias); correspondência pública ou privada etc. (MARCONI; LAKATOS, 2007, pg. 26).

A documentação de estágio é embasada em descrições enquanto estagiária sobre o cotidiano de trabalho do/a assistente social como: diários de campo, reconhecimento institucional, relatórios finais. Através das seguintes técnicas e instrumentos: atendimentos, visitas domiciliares e institucionais e também entrevista com roteiro de perguntas (Apêndice I) que se utilizaram no processo de desenvolvimento do projeto de intervenção “Terceira Idade e Direitos” realizado no CRAS “Comunidade Mãe” durante a supervisão de campo no período do estágio III. A supervisão direta do/a assistente social no processo de estágio é indispensável para concluí-lo com êxito, sendo que a supervisão auxilia o acadêmico para obter uma formação qualificada.

A atividade de supervisão direta do estágio em Serviço Social constitui momento ímpar no processo ensino-aprendizagem, pois se configura como elemento síntese na relação teoria e prática, na articulação entre pesquisa e intervenção profissional e que se consubstancia como exercício teórico-prático, mediante a inserção do aluno nos diferentes espaços ocupacionais das esferas públicas e privadas, com vistas à formação profissional, conhecimento da realidade institucional, problematização teórico-metodológica (BRASIL, 2008, pg. s/n).

Uma das atribuições específicas do profissional assistente social é de “Art. 5o. I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e

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projetos na área de Serviço Social; VI – treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social” (BRASIL, 1993, pg. s/n).

Foram utilizadas informações e dados originais do processo de estágio supervisionado com ênfase, em dados da experiência de implementação do projeto de intervenção. Contando com a contribuição da supervisão de campo e acadêmica, que foi de forma significativa e contribuiu muito para que o projeto de intervenção fosse concluído com sucesso.

Ressaltamos, ainda, o princípio que prevê a indissociabilidade entre estágio e supervisão acadêmica e de campo, em que o estágio, enquanto atividade didático-pedagógica pressupõe a supervisão acadêmica e de campo, numa ação conjunta, integrando planejamento, acompanhamento e avaliação do processo de ensino aprendizagem e do desempenho do (a) estudante, na perspectiva de desenvolvimento de sua capacidade de investigar, apreender criticamente, estabelecer proposições e intervir na realidade social (ABEPSS, 2009, pg. 13).

Após o período de coleta de informações iniciou-se o processo de exploração, análise e interpretação do material coletado. Os dados foram analisados com base nas informações coletadas através da observação, acompanhamento e intervenção no período de estágio sobre o trabalho do assistente social no CRAS “Comunidade Mãe” enfatizando-se a dimensão qualitativa, na análise de interpretação, explicação e especificação (MARCONI; LAKATOS, 2007).

Contando com auxílio de pesquisas e revisões bibliográficas de materiais já publicados do Serviço Social e do tema proposto, como "publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas monografias, teses, material cartográfico etc." (MARCONI; LAKATOS, 2007, pg. 71) e na documentação de Estágio Supervisionado em Serviço Social realizada. Para análise, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, considerando que é uma técnica que agrupa procedimentos sistemáticos do conteúdo manifesto nas comunicações, com a finalidade de obter a sua interpretação.

Sobre as questões éticas da pesquisa, evidencia-se que os sujeitos envolvidos no estudo e no processo de estágio que contribuíram para os documentos acadêmicos realizados na instituição, não passaram por qualquer tipo de constrangimento, pois os dados coletados não foram identificados ou expostos a outros indivíduos, sendo que se mantém em sigilo e preservado de qualquer risco de exibição da identificação do usuário. Conforme o Código de Ética Profissional (1993), o assistente social tem o direito de manter sigilo profissional da vida de seus usuários o “sigilo protegerá o/a usuário/a em tudo aquilo de que o/a assistente social tome conhecimento, como decorrência do exercício da atividade profissional” (CFESS, 1993, pg. 35).

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Os dados são utilizados para uma análise de forma geral de como vem sendo realizado o trabalho do assistente social no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) “Comunidade Mãe”, contribuindo assim para a relevância da pesquisa, e mantendo-os sob os cuidados da pesquisadora.

Para conclusão do estudo e fins acadêmicos, primeiramente a socialização é por meio da apresentação pública do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em banca avaliadora conforme o regimento do TCC na UNIJUÍ. E para a instituição concedente do campo de estágio, o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) “Comunidade Mãe”, aos usuários que são atendidos, equipe em geral, será em forma de exposição oral, com participação em reunião da equipe de trabalho. Por fim será entregue para cada indivíduo um relatório final, contendo um resumo das principais informações importantes que a pesquisa contempla.

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2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

No segundo capítulo abordam-se alguns aspectos da trajetória histórica da consolidação da Assistência Social no Brasil, os principais fatores que contribuíram para que a Assistência Social se regulamentasse como um direito social universal.

2.1 A INSTITUIÇÃO DA POLÍTICA COMO DIREITO SOCIAL NO CONTEXTO CAPITALISTA

Inicialmente, para analisarmos a Política de Assistência Social, é essencial conhecer e contextualizar alguns aspectos da trajetória histórica da Assistência Social até os dias de hoje, reconhecida como uma política social. A Constituição de 1988 foi o ponto de partida para que a assistência social se tornasse visível e relevante para a sociedade brasileira, podendo-se dizer que foi um marco para a expansão das políticas sociais no Brasil.

Políticas sociais são ações governamentais dos Estados modernos tendo em vista atenderem a redução das consequências da pobreza em diversas áreas de serviços, como educação, saúde, habitação, previdência etc. Essas ações visam equacionar, em alguns casos, ou minimizar, em outros (GENTILLI, 2007, pg. 77).

A história remonta que a assistência social existiu antes da Constituição Federal de 1988. Em torno da década de 30 a assistência social era como dever moral, de forma simplificada seguindo a linha da caridade, associado à filantropia, em geral de caráter privado e confessional e da solidariedade religiosa (SOUZA; OLIVEIRA; ALMEIDA; CAVALCANTI, 2007). O Estado entra para intervir nas expressões da questão social, passa a reconhecer no sentido de reprodução da classe operária, mas com o apoio do governo.

Frequentemente adstrita às atividades de plantão social, às atenções emergenciais e distribuição de auxílios ou, ainda implementada por práticas pulverizadas, descontínuas e subordinadas a interesses clientelistas, a assistência só recebeu a designação de política social do estado brasileiro tardiamente, em 1988 (SOUZA, OLIVEIRA, ALMEIDA, CAVALCANTI, 2007, pg. 19).

A decorrência deste conflito social se constituiu no surgimento do capitalismo, um sistema econômico que se expande no início do século XX, onde os primeiros indícios foram a evolução do comércio, que se constitui uma nova concepção econômica. O comerciante passava a adquirir o valor de uso para o valor de troca, ou seja, as mercadorias fabricadas pelos comerciantes não passavam mais ser de uso próprio e sim de troca por moedas ou mercadoria, aumentando os lucros e capital, o que interessava era o valor de troca do capital, que se diferencia do valor de troca das mercadorias, que ingressam no processo de produção (IAMAMOTO, 2009).

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O capitalismo foi expansão de grandes meios de produção, investimentos, capitais onde aumentavam os lucros dos burgueses através da exploração da mão de obra do proletariado (classe trabalhadora).

O processo capitalista de produção expressa, portanto, uma maneira historicamente determinada de os homens produzirem e reproduzirem as condições materiais da existência humana e as relações sociais através das quais levam a efeito a produção. Neste processo se reproduzem, concomitantemente, as ideias e representações que expressam estas relações e as condições materiais em que se produzem, encobrindo o antagonismo que as permeia (IAMAMOTO, 2009, pg. 30).

A classe trabalhadora se submetia a condições de trabalho precário, de higiene, vestimenta, alimentação, remuneração e longas jornadas de trabalho tanto de adultos como crianças nas grandes fábricas dos burgueses da época. Reduziam-se o tempo de trabalho socialmente necessário à produção das mercadorias, ou seja, o seu valor ampliando simultaneamente o tempo de trabalho excedente ou mais-valia (IAMAMOTO 2008), desencadeando assim a questão social.

A gênese da questão social na sociedade burguesa deriva do caráter coletivo da produção contraposto à apropriação privada da própria atividade humana - o trabalho -, das condições necessárias a sua realização, assim como de seus frutos. É inseparável da emergência do “trabalhador livre”, que depende da venda de sua força de trabalho como meios de satisfação de suas necessidades vitais. Assim, a questão social condensa o conjunto de desigualdades e lutas sociais, alcançando plenitude de suas expressões e matrizes em tempo de capital fetiche (IAMAMOTO, 2008, pg. 156).

As lutas sociais se expandiram em meio social. A classe operária, por sua vez, reivindicava pelo reconhecimento dos direitos sociais e políticos de todos os indivíduos sociais, rompendo com o domínio privado nas relações entre capital e trabalho, extrapolando a questão social para a esfera pública (YASBEK, 2001), exigindo que o Estado intervisse no reconhecimento e deveres dos sujeitos sociais.

Contudo, a classe trabalhadora iniciou uma revolta contra o governo, que na época era o de Getúlio Vargas, reivindicando pelas condições de trabalho a que eram submetidos para a sua sobrevivência. Foram lutas e movimentos sociais por melhores condições de vida. Nesta mesma década de 1930 criou-se o Ministério do Trabalho (MT).

As práticas assistencialistas foram aprimoradas pelo Estado em prol de amenizar as desigualdades sociais, ou seja, questões sociais como consequências do conflito entre capital e trabalho decorrentes do capitalismo. Foi por consequência das lutas sociais dos trabalhadores que se tornou restrita a relação entre capital e trabalho, “os conflitos sociais passam a exigir a interferência do Estado no reconhecimento e na legalização de direitos e deveres dos sujeitos sociais envolvidos, consubstancialmente nas políticas e serviços sociais” (IAMAMOTO, 2008, pg. 160).

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O Conselho Nacional de Serviço Social foi o fundador da primeira instituição, a Legião Brasileira de Assistência (LBA), em 1942, que se apresenta com o principal propósito de concretizar o Serviço Social como uma profissão, com auxílio das escolas do Serviço Social existentes na época, pois necessitavam de dados, informações, documentos, trabalhos, pesquisas, suporte teórico, técnico e prático para se constituir a identidade do Serviço Social enquanto profissão importante para a proteção e amparo social. A LBA persistiu por muitos anos na política assistencial no Brasil, com intuito de “assistir, primeiramente, as famílias dos pracinhas que foram para a guerra, e logo depois estender seu trabalho à população pobre, principalmente com programas na área materno-infantil” (COUTO, 2010, pg. 103). O Governo Federal era quem prestava assistência através das instituições, e o Estado quem regulamentava a quantidade de recursos financeiros a serem repassados.

Logo após, em 1943, ocorreu a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) neste mesmo governo de Getúlio Vargas. A CLT foi uma conquista de parte dos direitos trabalhistas, como a carteira de trabalho, regularização da jornada de trabalho, férias remuneradas, licenças, entre outras. Por consequência, a LBA vincula-se com o Ministério do Trabalho e Previdência Social, tendo sua estrutura ampliada e passando a contar com novos projetos e programas.

Ao longo deste processo, houve grandes reivindicações por direitos sociais, lutas e movimentos sociais por melhores condições de vida e em defesa de interesses e necessidades dos trabalhadores. Houve uma reorganização, novas concepções para a área dos direitos sociais, reconhecimento da assistência social como uma política pública, uma nova maneira de organizar e gestar, desencadeando, assim, um novo mediador para a questão social: o Estado.

O resultado destes movimentos reivindicatórios foi a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, com um avanço na garantia de direitos da sociedade brasileira e democratização do Estado brasileiro.

Destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil (BRASIL, 1988, pg. s/n).

Na redefinição das políticas públicas, a assistência social se insere no tripé da seguridade social: a saúde, previdência social e assistência social, que passou a ser reconhecida como política social, facilitando o acesso dos cidadãos aos serviços básicos de proteção social e buscando reduzir as expressões da questão social no Brasil.

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Art. 203 A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei (BRASIL, 1988, pg. s/n).

Inclusa no Sistema de Seguridade Social, a assistência social passa a ter transformações legais e institucionais, regulamentadas em diversas legislações, e o Estado brasileiro passa a reconhecê-la como parte de um sistema mais amplo de proteção social, junto com outras políticas sociais.

A assistência social, sem o demérito de outros campos de atuação profissional, pode ser apontada como a área na qual a renovação crítica do serviço social brasileiro se fez mais evidente, pois foi aí que a vanguarda da categoria, num movimento de luta articulado nacionalmente, entre os anos 80 e 90, deu substantiva contribuição nos debates e articulações políticas para a elaboração de uma lei que, pela primeira vez no país, articula a assistência aos direitos sociais e aos patamares da justiça social (SOUZA; OLIVEIRA; ALMEIDA; CAVALCANTI, 2007, pg. 19).

Pode-se dizer que a Constituição de 1988 foi a primeira forma dos direitos sociais serem reconhecidos constitucionalmente. A assistência social passa a assumir um caráter de política pública, portanto é a referência inaugural para a compreensão das transformações e redefinições do perfil histórico da assistência social no país (RAICHELIS, 2000).

Sendo assim, requer que a assistência social seja vista como uma política pública, regulamentada por uma lei própria, desencadeando a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) passando a operar sob uma estrutura de política pública de Estado. Isto exige que as provisões assistenciais sejam pensadas no âmbito da garantia de direitos, da universalização e do compromisso estatal em promover políticas públicas de atendimento aos que necessitarem, principalmente no âmbito da Seguridade social e da Proteção Social pública.

2.2 UMA NOVA BASE INOVADORA PARA A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Consequentemente, através dos movimentos para se efetivar meios de garantia de direitos, veio à tona discussões e debates para que a Política de Assistência Social prevista na constituição de 1988 constituísse uma nova questão de direito. Como uma forma mais ampla para a universalização dos direitos à assistência, a universalização dos acessos e da responsabilidade do Estado, efetiva-se um processo que torne a assistência social visível como política pública e direito dos que dela necessitam independentemente de contribuição prévia.

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A elaboração da LOAS foi o produto da mobilização de segmentos sociais que se organizaram com o objetivo de fortalecer a concepção de assistência social como função governamental e política pública, envolvendo intrincados processos de negociação e formação de consensos pactuados entre diferentes protagonistas da sociedade civil, do governo federal e da esfera parlamentar (RAICHELIS, 2000, pg. 123).

Para que se concretizassem os avanços dos direitos sociais alcançados na constituição, necessitou-se a regulamentação de leis orgânicas. Para a aprovação dessas leis exigiu-se um complexo procedimento de organização dos princípios preconizados na Constituição de 1988. A referida legislação é a LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, Lei 8742, de 07 de dezembro de 1993) que, ao regulamentar o Artigo 194 da Constituição Federal de 1988, deu início a construção da assistência como política pública de seguridade social e de seu trânsito para o campo dos direitos, da universalização do acesso e da responsabilidade estatal (SOUZA; OLIVEIRA; ALMEIDA; CAVALCANTI, 2007, pg. 19).

Passadas cinco décadas desde 1988 as concepções tomam novo rumo. O governo está determinado em desfazer o tripé da seguridade social e regulamenta uma nova forma de organizar as políticas de saúde, previdência social e assistência social. Para desta forma, passa a contribuir na amenização do número elevado de demandas, das desigualdades sociais, constituindo a complexidade na área da assistência e com intuito de ampliar os direitos sociais e universalizar a proteção social.

A assistência social passa a ter um novo conceito, uma nova forma de visibilidade. Conforme o Art. 1 a “assistência social, é direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que prove os mínimos sociais” (LOAS, 1993, p. s/n), onde se materializa através de atividades socioeducativas, desenvolvidas pelas políticas públicas garantindo o atendimento às necessidades básicas da sociedade.

Assim, é possível afirmar que a política de seguridade social proposta tem como concepção um sistema de proteção integral, do cidadão, protegendo-o quando no exercício de sua vida laboral, na falta dela, na velhice e nos diferentes imprevistos que a vida lhe apresentar, tendo para a cobertura ações contributivas para a política previdenciária e ações não contributivas para a política de saúde e de assistência social (COUTO, 2010, pg. 159).

Só em 1993 a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) é regulamentada. Encaminhada ao Congresso Nacional, foi sancionada em 7 de dezembro de 1993, pelo presidente Itamar Franco, dando início, assim, ao processo de reorganização da assistência social no país e à necessidade de revisão dos conceitos assistencialistas que permeavam o campo da política social, distinguindo assim novos conceitos, parâmetros a serem seguidos (MENDES; PRATES; AGUINSKY, 2009).

A LOAS introduziu um novo significado para a Assistência, como uma “política pública de seguridade, direito do cidadão e dever do Estado, provendo-lhe um sistema de

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gestão descentralizado e participativo, cujo eixo é posto na criação do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)” (MESTRINER, 2001, pg. 2006).

A LOAS dispõe sobre a organização da Assistência Social, representando um marco para o reconhecimento da assistência social como direito a qualquer cidadão brasileiro aos benefícios, serviços, programas e projetos socioassistenciais. Regem pelos seguintes princípios e diretrizes:

Art. 4º A assistência social rege-se pelos seguintes princípios:

I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica;

II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas;

III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade;

IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais;

V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão (BRASIL, 1993, pg. s/n).

Art. 5º A organização da assistência social tem como base as seguintes diretrizes: I - descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo;

II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis;

III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social em cada esfera de governo (BRASIL, 1993, pg. s/n).

A assistência social, conforme a LOAS, foi amplamente organizada em um sistema descentralizado pelo poder público e participativo pela sociedade civil, distribuindo poderes às unidades locais, de modo a atender toda a sociedade brasileira. Entretanto, foram consolidadas em gestão, benefícios, serviços, programas e projetos de assistência social.

A lei enumera condições para que esse campo passe a ser considerado como de direito social. Indica a responsabilidade estatal e aponta a noção de solidariedade social, soldando a cadeia de atendimento á população-alvo de seus programas, embora faça isso de maneira genérica, ao citar a provisão dos mínimos sociais, sem defini-los (COUTO, 2010, pg. 173).

Adquiriu-se, assim, um novo status. As desigualdades sociais deixaram de ser aquela concepção de assistencialismo e filantropismo. E sendo reconhecida como uma política pública universal e de gestão participativa que se dá origem a Política de Assistência Social (PAS).

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2.3 POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (PAS)

Após cinco anos, em 1988, se consolidou pelo Conselho Nacional em Serviço Social

(CNSS) a primeira regulamentação da Política Nacional de Assistência Social. Mas apenas em 2004, após um movimento de discussão nacional entre os Estados através de conferências e conselhos, que foi aprovada uma nova Política Nacional de Assistência Social na perspectiva de implementação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS.

A Política Pública de Assistência Social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, considerando as desigualdades socioterritoriais, visando seu enfrentamento, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais. Sob essa perspectiva, objetiva: Prover serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e, ou, especial para famílias, indivíduos e grupos que deles necessitarem; Contribuir com a inclusão e a equidade dos usuários e grupos específicos, ampliando o acesso aos bens e serviços socioassistenciais básicos e especiais, em áreas urbana e rural; Assegurar que as ações no âmbito da assistência social tenham centralidade na família, e que garantam a convivência familiar e comunitária (PNAS, 2004, pg. 27).

A Política de Assistência Social era vista pelas classes dominantes como solução para combater a pobreza relativa e nela imprimem o selo do enfrentamento da desigualdade ao tempo que exercitam a sua condição de classe dirigente, onde era uma forma de amenizar a questão social decorrente de sociedade capitalista (MOTA, 2008).

A LOAS em sua regulamentação cria uma nova matriz para a Política de Assistência Social, inserindo-a no sistema do bem-estar social brasileiro, concebido como campo de Seguridade Social, configurando o tripé juntamente com a saúde e a previdência social. Passa a constituir uma nova relação de Estado e sociedade civil, a forma descentralizada e participativa.

A Política de Assistência Social se origina para materializar o que se prevê nos princípios e diretrizes da LOAS, fazendo parte do empenho de construir um sistema no qual exista de fato a reversão do quadro até então desenvolvido pela Política de Assistência Social (COUTO, 2010). Conforme previsto pela LOAS que, “provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas” (BRASIL, 1993, pg. s/n).

Assim, a PNAS desenvolve a assistência social como um direito social de qualquer brasileiro, destinado para as classes excluídas, vulneráveis e que apresentam risco social. Através do atendimento como modo de suprir as necessidades básicas dos usuários se divide em três níveis de proteção, sendo a Proteção Social básica, que se objetiva “em prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o

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fortalecimento de vínculos familiares e comunitários” (PNAS, 2004, pg. 27); Proteção Social Especial de média complexidade que oferece através de instituições “atendimentos às famílias e indivíduos com seus direitos violados, mas cujos vínculos familiar e comunitário não foram rompidos” (PNAS, 2004, pg. 32); e Proteção Social especial de alta complexidade, que “são aqueles que garantem proteção integral – moradia, alimentação, higienização e trabalho protegido para famílias e indivíduos que se encontram sem referência e, ou, em situação de ameaça, necessitando ser retirados de seu núcleo familiar e, ou, comunitário” (PNAS, 2004, pg. 32).

Cada nível apresenta seus objetivos, funções, serviços, programas, projetos de atendimento a serem desenvolvidos aos usuários específicos que delas necessitarem.

Contudo, a política de assistência social não vem sendo implementada conforme preconiza a legislação. O maior obstáculo à sua efetivação como um direito de cidadania vem sendo dado pela ofensiva neoliberal que, desde os anos 90 até os dias de hoje, tem promovido o desmantelamento da concepção de seguridade proposta na Constituição Federal (SOUZA; OLIVEIRA; ALMEIDA; CAVALCANTI, 2007, pg. 21).

Com a estrutura dos níveis de atendimento assistencial regulamentada na PNAS, se constitui um modelo de gestão desta organização da assistência social, no campo da proteção social brasileira. Desta forma entra em vigor e implementação o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) no ano de 2005, ao qual se refere ao próximo item.

2.4 A IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) POR UMA NOVA GESTÃO

Em 2004, regulamenta-se a construção e consolidação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que se objetiva em desempenhar uma nova gestão às políticas de assistência social nos municípios e territórios de atendimento assistencial à sociedade brasileira que apresentam maiores índices de desigualdades sociais e que apresentam risco social, instituído conforme a LOAS.

Em 2005, a aprovação da Norma Operacional Básica - -NOB estabeleceu os parâmetros de operacionalização da gestão da política de assistência e a normatização para a implementação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, tendo como principais objetivos: definição das competências e responsabilidades entre as três esferas e governo (pacto federativo); estabelecimento dos níveis de gestão de cada esfera; determinação das competências das instâncias que compõe a rede de proteção social e a sua articulação (entidades governamentais e não governamentais); descrição dos principais instrumentos de gestão; definição da forma de gestão financeira: mecanismos de transferências e critérios de partilha (SOUZA; OLIVEIRA; ALMEIDA; CAVALCANTI, 2007, pg. 29).

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O SUAS adota um regime de gestão e normatiza a gestão da PNAS, sendo que o sistema de forma “descentralizado e participativo, constitui-se na regulação e organização em todo o território nacional das ações socioassistenciais” (PNAS, 2004, pg. 32). Apresentam-se assim fatores contribuintes e indispensáveis para a existência contínua das políticas públicas assistenciais, organizadas para que se desempenhe atendimento com qualidade, serviços, avaliação e resultados. A estrutura se divide em: matricialidade sócio-Familiar; descentralização político-administrativa e territorialização; novas bases para a relação entre Estado e sociedade civil; financiamento; controle social; o desafio da participação popular/cidadão usuário; a política de recursos humanos; a informação, o monitoramento e a avaliação (PNAS, 2004), e os serviços oferecidos são organizados em vigilância social, proteção social e defesa social e institucional.

Uma vez que é o SUAS que organiza esta gestão nas redes assistenciais, os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) são os responsáveis pela Proteção Social Básica e pela Proteção Social Especial de média complexidade, e os Centros de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), pela Proteção Social Especial de alta complexidade.

A gestão das ações na área de assistência social fica organizada sob a forma de sistema descentralizado e participativo, denominado Sistema Único de Assistência Social (Suas), com os seguintes objetivos: I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação técnica entre os entes federativos que, de modo articulado, operam a proteção social não contributiva; II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social, III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na organização, regulação, manutenção e expansão das ações de assistência social; IV - definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades regionais e municipais; V - implementar a gestão do trabalho e a educação permanente na assistência social; VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos (LOAS, 1993, pg. s/n).

No ano de 2005 é regulamentada a última versão da Norma Operacional Básica que organiza a gestão da assistência social de forma geral no Brasil. A PNAS estabelece os princípios e diretrizes para a implementação do SUAS e como base para NOB/SUAS, que institui a operacionalização da gestão da política de assistênciasocial. A NOB sanciona “os eixos estruturantes para a realização do pacto a ser efetivado entre os três entes federados e as instâncias de articulação, pactuação e deliberação, visando a implementação e consolidação do SUAS no Brasil” (BRASIL, 2005).

Em 2006 se regulamenta a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS), que constitui em uma “política de capacitação dos trabalhadores públicos e da rede prestadora de serviços, gestores e conselheiros da área, de forma sistemática,

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continuada, sustentável, participativa, nacionalizada e descentralizada, respeitando as diversidades regionais e locais, e fundamentada na concepção da educação permanente” (BRASIL, 2009, pg. 12).

A questão da organização dos trabalhadores do SUAS, constitui-se nos recursos humanos de cada nível de complexidade, tratando assim da Proteção Social Básica ofertada através dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), que compõe uma equipe multiprofissional atuando no atendimento aos usuários, na prestação de serviços, programas, projetos e ações, sendo que a equipe tem que suportar o número de famílias referenciadas nas instituições assistenciais.

As equipes de referência para os Centros de Referência de Assistência Social – CRAS devem contar sempre com um coordenador, devendo o mesmo, independentemente do porte do munícipio, ter o seguinte perfil profissional: ser um técnico de nível superior, concursado com experiência em trabalhos comunitários e gestão de programas, projetos, serviços e benefícios socioassistenciais (BRASIL, 2009, pg. 19).

Os profissionais são responsáveis por uma nova divisão sócio-técnica do trabalho no âmbito do SUAS, “ são todos aqueles que atuam institucionalmente na política de assistência social, conforme preconizado na LOAS, na PNAS e no SUAS, inclusive quando se tratar de consórcios intermunicipais e entidades e organizações da assistência social” (BRASIL, 2009, pg. 66). Deve ser orientado por um projeto ético-político assentado no acúmulo das diferentes profissões e de suas contribuições, incorporando os conhecimentos em prol de protagonismos e qualidade nos serviços especialmente para o atendimento aos usuários.

Para a implementação do SUAS e para se alcançar os objetivos previstos na PNAS/20004, é necessário tratar a gestão do trabalho como uma questão estratégica. A qualidade dos serviços socioassistenciais disponibilizados à sociedade depende da estruturação do trabalho, da qualificação e valorização dos trabalhadores atuantes no SUAS (FERREIRA, 2011, p. 15).

A proteção social é a modalidade de atendimento assistencial destinada à prevenção, proteção e promoção aos indivíduos. Uma gestão promovendo o bem estar, constituída por uma equipe de referência onde “cada unidade de assistência social organiza equipes com características e objetivos adequados aos serviços que realizam, de acordo com a realidade do território em que atuam e dos recursos que dispõem” (FERREIRA, 2011, pg. 29). É avaliada e coordenada pelo poder público, tendo a participação ativa da sociedade através da organização de conselhos federais, municipais e estaduais da assistência.

Seguindo para o próximo capítulo, aborda-se o Serviço Social como uma das profissões que se inserem na Política de Assistência Social, formado por profissionais

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assistentes sociais que trabalham e fazem parte da equipe de profissionais capacitados e determinados a intervirem na Proteção Social Básica.

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3 SERVIÇO SOCIAL E TRABALHO

No terceiro capítulo apresenta-se a história do Serviço Social no Brasil e seu contexto histórico enquanto profissão, trazendo autores para enfatizar o surgimento da profissão e suas características, bem como a relação com os processos de trabalho do assistente social na área da política de assistência, no qual se inserem os assistentes sociais.

3.1 BREVE TRAJETÓRIA DA CONSOLIDAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL ENQUANTO PROFISSÃO

A origem e trajetória do Serviço Social no Brasil iniciam-se em meio a esta luta de reconhecimento e importância da assistência social. Teve a participação ativa dos assistentes sociais em conselhos, congressos, conferência e organizações sociais com propósito de valorização própria.

A origem do Serviço Social inicia-se em torno da década de 30, onde se associa com a origem da Assistência Social, conforme proposto no início do capítulo II. Era de forma assistencialista e filantrópica, pela ajuda prestada por damas de caridade aos desiguais da época, vinculadas assim com a igreja católica e patrocinada pela ordem burguesa. Sendo assim, deu-se o aparecimento do Serviço Social com as mazelas próprias à ordem burguesa, com as sequelas necessárias dos processos que comparecem na constituição e no envolver do capitalismo (NETTO, 2009). O Serviço Social gestado em uma sociedade capitalista na fase monopolista demandou a partir da mudança do contexto social, político e econômico.

Dedicavam-se à ajuda e auxílio às pessoas que tinham condições de vida precárias, excluídos que não se inseriam no mercado de trabalho, que apresentaram falta de condições financeiras, econômicas e sociais. Historicamente a realização da prática assistencial esteve bastante distanciada das relações sociais, associando-se mais à noção da caridade (MARTINELLI, 2003). Era de forma, da troca de favores com propósito de ajuda para ambas as partes. As damas de caridade forneciam elementos de interesses aos desiguais em troca de posições políticas, assim contribuindo para que diminuísse o conflito social entre capital e trabalho.

No processo de industrialização, urbanização na decorrência da expansão do capitalismo, o conflito entre capital e trabalho se agrava, principalmente a exploração da mão de obra dos trabalhadores, onde não havia direitos e a classe trabalhadora se submetia a

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condições de vida precárias. Como consequência, desencadeava, assim, a questão social, sendo compreendidas como expressões da desigualdade social:

(...) conjunto das expressões da questão social engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado. Tem sua gênese no caráter coletivo da produção, contraposto à apropriação privada da própria atividade humana - o trabalho – das condições necessárias à sua realização, assim como de seus frutos. [...] expressa, portanto disparidades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, mediatizadas por relações de gênero, características étnico-raciais e formações regionais, colocando em causa as relações entre amplos segmentos da sociedade civil e o poder estatal (IAMAMOTO, 2008, pg. 16).

Com intuito de amenizar as desigualdades que se encontravam as damas de caridade ligadas à igreja católica, eram chamadas de "agentes sociais" treinadas para atender a sociedade que necessitava de auxílio e orientações sobre a forma de higiene, trabalho e padrões normativos pela doutrina cristã junto a crianças e mulheres, de cunho social e assistencialista.

Os primeiros indícios de entidades educativas, as "agentes sociais", foram em 1932 quando inaugurou o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) que se objetivava em “promover a formação de seus membros pelo estudo da doutrina social da Igreja e fundamentar sua ação nessa formação doutrinaria e no conhecimento aprofundado dos problemas sociais” (IAMAMOTO, 2009, pg. 169), para atender às necessidades da classe trabalhadora. Desta forma os centros técnicos foram de expandindo em diversos estados brasileiros.

No governo de Getúlio Vargas, em dezembro de 1935, em São Paulo, foi criada a Lei no. 2.497, que tinha por objetivo criar o Departamento de Assistência Social do Estado, com ênfase na criação de conselhos e leis em prol da classe trabalhadora. Objetivava-se nas seguintes competências:

Art. 1o a) - superintender todo o serviço de assistência e proteção social; b) -

celebrar, para a realização do seu programa, acordo com as instituições particulares de caridade, assistência e de ensino profissional; c) - harmonizar a ação social do Estado, articulando-a com a dos particulares: d) - orientar os poderes públicos nos assuntos de assistência social: e) - receber e aplicar doações que lhe sejam feitas; f) - distribuir os auxílios e subvenções fornecidas pelo poder público a instituições particulares de assistência ou serviço social; g) – orientar e desenvolver a investigação e o tratamento das causas e efeitos dos problemas individuais sociais que necessitem de assistência, organizando para tal, quando oportuno, a Escola de Serviços Sociais: h) - praticar os atos que, por lei, couberem ao Conselho de Assistência e Proteção aos Menores (BRASIL, 1935, pg. s/n).

Em 1936 nascem as primeiras escolas de Serviço Social no Brasil, dando início a um novo processo teórico-prático do Serviço Social. As damas de caridade, assim chamadas na época, teriam que se aperfeiçoar tecnicamente no auxílio aos desiguais, aprendendo a orientá-los sobre melhores condições de vida.

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