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DE CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO A LUGAR DE MEMORIA. Polifonia foi patrimônio.

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De centro de documentação a lugar de

memória.

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Cacilda Maesima.

Pensar sobre o patrimônio histórico e arquivístico no Brasil e, mais especificamente, sobre um tipo de instituição que foi conquistando uma crescente importância no último quartel do século XX, no que diz respeito às ações de preservação do patrimônio, é o que o presente artigo visa. De maneira breve, foram sinalizadas algumas variantes que contribuíram para o surgimento dos centros de documentação universitários e sua gradativa consolidação. Buscou-se também apontar algumas questões acerca da noção de centro de documentação na ciência da informação, bem como as funções que lhe foram acrescentadas no decorrer do percurso desse tipo de instituição no Brasil, como, por exemplo, a salvaguarda da documentação histórica. Ao final, exemplificou-se com um relato de experiência, 0 surgimento do Centro de Documentação e Pesquisa Histórica da Universidade Estadual de Londrina ou, como é mais conhecido, do C D P H da UEL.

Os Centros de Documentação são unidades institucionais que têm por objetivos gerar informações e organizar fontes para a pesquisa (CAMARGO, 1999). Surgiram no século X X juntamente com a Documentação,2 diante da necessidade de apoio ao desenvolvimento científico, tecnológico e cultural, considerando-se o grande volume de documentos gerados pela sociedade em que vivemos. As técnicas desta disciplina têm seu desenvolvimento iniciado na década de 1930. Em 1937, realizou-se em Paris o Io Congresso Mundial de Documentação. E m 1938

1 Este artigo contém excertos da dissertação de mestrado defendida pela autora em abril de 2003, sob orientação da Prof" Dr» Ismênia de Lima Martins (MAESIMA, 2003).

2 Documentação é "disciplina que trata da organização e processamento de documentos, incluindo identificação, análise, armazenamento, recuperação e disseminação da informação", conforme Camargo e Bellotto (1996, p. 26).

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foi criada a FID — Federação Internacional de Documentação, sediada na Holanda.

N a década de 1940 houve uma aproximação entre a documentação e a informática (fichas perfiiradas). Conforme Smit (1987), ao mesmo tempo que procurou acompanhar as rápidas transformações ocorridas desde então, a disciplina dialogou com outras ciências e com as novas técnicas, visando aproveitar ao máximo os seus benefícios (informática, linguística, inteligência artificial,, tradução e classificação automática).

Decorrem daí. os centros de documentação que visam a agilidade da informação atualizada. Entre as funções de um centro de documentação, segundo Athercojn (1977, p. 101), estão o agrupamento, tratamento e armazenamento dos documentos; pesquisa, difusão e publicação ou reprodução dos documentos. Seu principal serviço é a pesquisa retrospectiva. Seus principais produtos são as bibliografias e listas de aquisição.

As características dos trabalhos de um centro de documentação são indicadas por Athcrton nos seguintes termos:

um centro de documentação especializado examina detalhadamente, bem como avalia as fontes primárias e secundárias de informação científica e técnica, compreendendo inclusive documentos comerciais e outros, geralmente negligenciados por bibliotecários. O resultado das pesquisas do centro de documentação é utilizado seja para responder questões muito específicas formuladas pelos pesquisadores e cientistas, seja para uma difusão menos específica das informações especializadas, de maneiras muito elaboradas, como a publicação de índices, resumos, relatórios sobre a documentação, etc. Seu papel de transformação do conteúdo das fontes primárias da informação científica e técnica em um produto que seja diretamente utilizável pelo usuário do centro de documentação científica e técnica pode conduzi-lo a fornecer traduções ou reproduções de documentos originais ( A T H E R T O N ,

1977, p . 1 1 4 ) .3

Messe

senddo, segundo Atherton, a organização de um centro de documentação, além dos serviços administrativos, pode compreender três divisões principais: uma divisão de biblioteca, uma divisão de documentação e outra divisão de publicação. A divisão de biblioteca se encarrega de todas 3 Toeiução feita por Lelüa Machado Rocha Pereira.

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as coleções do centro, responsabilizando-se por desempenhar as funções de aquisição, catalogação, armazenamento e conservação.

A divisão de documentação ocupa-se de tratar as informações reunidas, respondendo a demandas externas ou da própria iniciativa, antecipando as necessidades imediatas ou de ,longo prazo da documentação e da informação científica e técnica (ATHERTON, 1977, p. 114).

A divisão de publicação dispõe de meios que permitem compilar, editar e reproduzir por impressão, fotocópia, duplicação ou outros procedimentos, não importando o número de exemplares, dos documentos que serão fornecidos aos cientistas ou difundidos pelo país, ou permutados com centros de documentação estrangeiros (ATHERTON, 1977, p. 114). É importante considerar o tempo em que Atherton escreve, década de 1970, quando não havia as alternativas atuais oferecidas pelas novas tecnologias informáticas que a microeletrônica proporcionou, como, por exemplo, o mundo integrado por redes em tempo real. Assim, este autor assevera que cm países em via de desenvolvimento, os mais importantes "serviços de demanda" realizados pelos centros de documentação são

a) Serviço de compilação de bibliografias, destinado a ajudar o cientista ou o pesquisador a descobrir o que foi publicado em algum lugar ou no mundo sobre esse assunto.

b) Serviço de fornecimento de documentos, que está encarregado de procurar, para o cientista ou para o pesquisador, um microfilme, uma microficha, uma fotocópia ou um exemplar impresso em todo documento publicado, científico ou técnico, que ele pode precisar para o seu trabalho.

c) Serviço de tradução, para ajudar o usuário quando as informações científicas ou técnicas são publicadas em uma língua que ele não entende ( A T H E R T O N , 1977, p. 114).4

Esses organismos, quando se trata de serviço público, ainda conforme Atherton (1977, p. 115), geralmente estão vinculados ao Ministério da Ciência e do Ensino Superior, ou diretamente ligados a um instituto de pesquisa e de planejamento para a ciência e o ensino.

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Foram indicados os aspectos que integram a noção do que deve ser um centro de documentação. Posteriormente, no Brasil, esta noção foi assim definida por Gomes e Tessitori, no seu sentido estrito:

Órgão que em torno de uma área de especialização, reúnem, por doação, coleta, compra ou permuta, sob a forma de originais ou reproduções, documentos avulsos, que não vêm integrados a um determinado

Fundo5 de Arquivo ou Coleção. Esses documentos que, conforme suas

características, podem ser tipificados como arquivísticos, bibliográficos ou museológicos, são classificados com base em seu conteúdo, de acordo com um vocabulário controlado [...] aqui, portanto, o vocabulário é essencial desde o primeiro momento, pois é empregado tanto para a recuperação da informação, quanto para a própria organização do acervo ( G O M E S ; T E S S I T O R I apudGOMES, 1996).

A revolução documental decorrente tanto da explosão da produção documental6 em seus variados suportes,7 quanto da modificação do estatuto do documento para o historiador,8 contribuirá para o surgimento, no Brasil, de centros de documentação nas universidades, notadamente na área de humanidades, e que trarão impressos em si o caráter de preservação da memória. Podem ser entendidos como centros de documentação no sentido lato, já que integram áreas distintas de conhecimento, como a arquivística, a biblioteconomia e, às vezes, a museologia. Sandra Gomes indica que tais centros caracterizam-se por reunir

[...] por doação, compra, coleta ou permuta, sob a forma de cópias, ou reproduções, não só documentos avulsos que vão formar

Coleções,9 e material bibliográfico, mas também Fundos, isto é,

5 Fundo significa "Conjunto de documentos de uma mesma proveniência" (BRASIL, Arquivo Nacional, 2005, p. 37).

6 Documento aqui, entendido tecnicamente como "unidade constituída pela informação e seu suporte" (CAMARGO; BELLOTTO, 1996, p. 28). Outros dois importantes termos da Arquivística tratados neste texto são os conceitos de fundo, que significa "conjunto de documentos de uma mesma proveniência" (BRASIL, Arquivo Nacional, 2005, p. 37) e de coleção, que significa "reunião artificial de documentois que, mantendo relação orgânica entre si, apresentam alguma característica comum" (CAMARGO; BELOTO, 1996, p. 17).

7 Suporte é o "material sobre o qual as informações são registradas" (CAMARGO; BELLOTTO, 1996, p. 72). O suporte pode ser o papel, o filme, o cd-rom etc.

8 Sobre esta questão e a revolução documental ver Le GofF (1984).

9 Na Ciência da Informação, a noção de coleção pode ser assim definida: "reunião artificial de documentos que, não mantendo relação orgânica entre si, apresentam alguma característica comum" (CAMARGO; BELLOTTO, 1996, p. 24).

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arquivos permanentes ou "históricos", de entidades e pessoas. [...] Sua metodologia de organização de acervo — sobretudo o arquivístico e o museológico — valoriza a proveniência e o contexto de produção dos documentos, enquanto registros de experiências sociais historicamente situadas, mesmo no que se refere a Coleções formadas por esses Centros, e levando-se em çonta que o material bibliográfico deve ser objeto de tratamento adequado a sua natureza ( G O M E S , 1996, p. 36).

A definição no sentido lato fica adequada aos centros de documentação universitários, que surgiram com a preocupação de subsidiar o ensino e a pesquisa. Para se consolidarem, foi necessário que se constituíssem, além de lugares de informação, em lugares de memória,10 visto que passaram a agregar ao seu acervo documentos originais de pesquisa (CAMARGO, 1999, p. 55) de caráter histórico, o que pode ser explicado pela necessidade de atender às demandas crescentes da pesquisa histórica, em sua nova configuração; bem como pela falta de políticas públicas no âmbito da preservação dos documentos gerados, tanto na esfera privada quanto na pública.

CENTROS DE DOCUMENTAÇÃO UNIVERSITÁRIOS

No campo das Ciências Humanas e Sociais, a partir da década de 70, percebe-se o surgimento de Centros de Documentação em muitas universidades brasileiras. Tais centros assumiram características que transcendem as de órgãos geradores de base informativa. Como já sinalizado anteriormente, para se consolidarem, foi necessário que tivessem, também, o objetivo de preservar a memória, reunindo fontes originais de pesquisa (CAMARGO, 1999).

O que teria ocasionado tal fenômeno?

A criação desses Centros de Documentação nas universidades foi incentivada, em sua maioria, pela Política Nacional de Cultura (BRASIL, 1975), proposta pelo Ministério da Educação e Cultura, na gestão do Ministro Ney Aminthas de Barros Braga, em 1975." As diretrizes desta política foram publicadas neste mesmo ano (BRASIL, Ministério

10 Sobre a noção de lugar de memória ver Nora (1993).

1' CAMARGO, Célia Reis. Centros Universitários de Documentação e Memória. Palestra proferida

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da Educação e Cultura, 1975). Além desta iniciativa, outras de ordem governamental, tais como a estruturação da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), colaboraram para o surgimento desses primeiros Centros de Documentação.

Soma-se a esse contexto a inexistência, nesta época, de políticas públicas e, mais sentidamente, de uma legislação que estabelecesse uma política nacional de arquivos públicos e privados, que contemplasse a gestão e a preservação do patrimônio documental do Estado e da sociedade. Tal situação indicava uma ausência de consciência e de vontade política por parte do poder público, que se eximia de salvaguardar parte da documentação que ele próprio gerou.

Assim, ficaram favorecidas as condições para que se criassem Centros de Documentação nas universidades. Estes acabaram por assumir parcialmente aquelas funções de preservação da memória. Isso significa que muitos dos documentos produzidos, tanto pelo poder público quanto pelo setor privado, na iminência de serem eliminados, ou por apresentarem dificuldades de acesso (devido à desorganização em que se encontravam junto à instância produtora) acabaram sendo recebidos pelos centros de documentação universitários. Era uma forma, também, de facilitar a pesquisa, trazendo a documentação para perto do pesquisador.

Outro aspecto a ser considerado para o estudo em questão é o novo modelo normativo estabelecido no ensino superior, após a reforma universitária de 1968. Suas diretrizes visam ordenar, e não coordenar, a vida universitária, o que tornou a atividade intelectual subordinada à realidade institucional, direcionando-a a organizar-se em grupos de pesquisas, em laboratórios, em núcleos etc. Este contexto normativo impõe um tempo médio de produtividade, que não leva em conta as especificidades de cada área de conhecimento e gradativamente reduz, ainda, o tempo médio para a execução dos cursos de pós-graduação stricto sensu (CARDOSO, \99&,passim). Com efeito, os Centros de Documentação foram ganhando importância no que concerne ao seu papel de facilitar a pesquisa.

Outro fator que contribui para a formação dos Centros de Documentação nas universidades é o atendimento das novas demandas da

Municipais. CDPH/Colegiado do Curso de Arquivologia. Universidade Estadual de Londrina, 17/11/2000, Londrina-PR.

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pesquisa histórica, proporcionada por uma mudança no foco do interesse dos historiadores, detectada a partir dos anos 1970. E o pressuposto de que a história se faz à Suz do tempo de quem a escreve se confirma quando verificamos na historiografia que a tendência a analisar os aspectos, culturais e simbólicos, dá-se a partir das transformações políticas e socioculturais, proporcionadas pelo desenvolvimento econômico, tecnológico e científico, que ocorreu em escala mundial, sobretudo após a década de 1960.

Assim, com as contradições geradas pelo veloz. desenvolvimento da sociedade industrial, proliferaram os movimentos sociais e culturais, fazendo emergir os "novos sujeitos", que estavam latentes em outros paradigmas historiográficos, resgatados pelas novas abordagens.

Essa propensão reflete, como já dito, a contemporaneidade das questões vivenciadas pelos historiadores, levando em conta a subjetividade do observador. Esses "novos objetos e sujeitos", que viviam em condições de discriminação, e aparecem reivindicando o seu espaço e seus direitos perante esta sociedade, despertam nos historiadores a preocupação com o acesso e a preservação das evidências a eles relacionadas.

Dessa forma, com a diversificação das tendências historiográficas contemporâneas, associadas à proliferação dos movimentos sociais, abre-se a perspectiva da discussão sobre a preabre-servação da memória das clasabre-ses populares,12 não apenas a da elite, que sempre foi selecionada e perpetuada para legitimar o poder.

Simultaneamente, o acelerado processo de transformação da sociedade, ocasionado pelas incessantes inovações tecnológicas, ameaça constantemente apagar os sinais, ainda existentes, de um passado vivido em comum. Sinais materializados que se constituem em documentos. Documentos que atestam e esperam a questão da história, para se monumentalizar.

Esse temor faz com que se multipliquem as casas de memória, arquivos, museus, centros de documentação, bibliotecas e similares, o que pode até, representar uma reprodução dos lugares de memória, a um nível paroxístico (NORA apud M E N E Z E S , 1992, p. 21). Essa constatação faz ° No Brasil, verifica-se, além dos Centros de Documentação Universitários, a formação de significativa

quantidade de instituições congêneres, destinadas à preservação da memória dos trabalhadores. Para este assunto, ver Gomes e Pessanha (1993) e Gomes (1996).

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aflorar questões relativas às ações de preservação da memória, tais como os critérios de seleção que deverão ser estabelecidos para a triagem dos documentos a serem salvaguardados e acessados. Há que se considerar o volume documental proporcional à sociedade industrial, que o gera continuamente, no mesmo ritmo de sua produção.

Ainda no âmbito desta apresentação, vaie destacar a importância dos estudos históricos regionais como propulsores do fenômeno constituído pela multiplicação de centros de documentação universitários no campo das Ciências Humanas e Sociais no Brasil.

P E S Q U I S A E PÓS-GRAJDUAÇÃO: A RELAÇÃO ENTRE C E N T R O S D E D O C U M E N T A Ç Ã O UNIVERSITÁRIOS E A H I S T Ó R I A R E G I O N A L

A difusão dos Centros de Documentação Universitários no Brasil está relacionada a algumas variantes já indicadas e outras que ora buscar-se-á sinalizar. Enfatiza-se que o papel de salvaguardar documentação histórica, isto é, de guardar documentos originais, foi um dos motivos basilares para a promoção deste tipo de instituição, dada a situação de carência de ações, destinadas a preservar e dar acesso ao patrimônio documental no país.

A quantidade hoje existente de Centros de Documentação Universitários revela o êxito que tem alcançado tais instituições, como parceiros do ensino e da pesquisa histórica. O processo de proliferação de Centros de Documentação iniciado na década de 1970 teve como um dos precursores o Instituto de Estudos Brasileiros - IEB, da Universidade de São Paulo. Tinha por objetivo apoiar e desenvolver a pesquisa de temas sociais no Brasil.13 O IEB, criado em 1962 por iniciativa de Sérgio Buarque de Hollanda, constitui-se em um "centro multidisciplinar de pesquisa e documentação sobre a história e a cultura do país, abrigando estudiosos de formação variada que nele desenvolvem suas pesquisas, além de organizar e explorar as fontes primárias que compõem o acervo".14 Seu acervo é formado de fundos pessoais de importantes artistas e intelectuais 13 UNIVERSIDADE DE SAO PAULO. Instituto de Estudos Brasileiros. Histórico. Disponível em:

<http://www.ieb.usp.br/index. html>. Acesso em: 2003.

14 UNIVERSIDADE DE SÁO PAULO. Instituto de Estudos Brasileiros. Histórico. Disponível em: <http://www.ieb.usp.br/index.asp>. Acesso em: 01 set. 2010.

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brasileiros. Foi sucedido por outros centros como o Arquivo Edgard Leuenroth da Unicamp que, segundo Jardim (1995, p. 63), apresentaram "soluções metodológicas e institucionais daí decorrentes e forneceram referências a projetos semelhantes" na área de preservação dos arquivos privados de valor permanente.

Esse tipo de órgão também surgiu ligado a instituições culturais e/ ou de pesquisa como a F I O C R U Z — Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Casa de Rui Barbosa, Fundação Getúlio Vargas — Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil — C P D O C etc. O momento em que o C P D O C é criado, 1973, é marcado pela grande procura de documentos de origem privada, por parte de brazilianists,15 pesquisadores norte-americanos especialistas em história do Brasil, interessados, em sua maioria, nos períodos mais recentes da história brasileira. O motivo de tal empenho está relacionado ao "surgimento de novos interesses no âmbito da estratégia política e econômica norte-americana em relação à América Latina, a partir dos anos 1960, somados a aspectos da conjuntura política e econômica brasileira" (FICO; POLITO, 1996, p. 192).

Moreira (1990, p. 19-20) assevera que em virtude das dificuldades vivenciadas pelas instituições arquivísticas (Arquivo Nacional, arquivos públicos estaduais e municipais), "as novas tendências da pesquisa histórica brasileira ressentiam-se da inexistência de uma política efetiva de proteção ao patrimônio documental da nação, incluindo-se a preservação dos arquivos privados". Assim, segundo Moreira, o principal objetivo dos centros de documentação surgidos no decorrer da década de 1970, é a salvaguarda dos documentos contemporâneos, especialmente os de origem privada.

No final da década de 1960 houve um incremento na política científica, visando o fortalecimento do Estado (MOREL apud MOREIRA, 1990, p. 22). A mobilização de recursos se intensificou, no sentido de equipar o aparelho estatal de instituições adequadas. Menciona-se aqui a criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ( F N D C T ) , em 1969; a estruturação da Financiadora de Estudos e Projetos 15 Termo utilizado pela primeira vez em 1969 por Francisco de Assis Barbosa, na apresentação do livro de Thomas Skidmore, intitulado Brasil• de Getúlio a Castelo, e que acaba sendo adotado pelos próprios norte-americanos, conforme Moreira (1990, p. 16).

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(FINEP) como Secretaria Executiva do F N D C T ; a criação de uma Secretaria Geral adjunta para o desenvolvimento científico e tecnológico e desenvolvimento industrial na Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral; a elaboração de Planos Nacionais de Desenvolvimento (PNDs); e a elaboração de Planos Básicos de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PBDCTs).1 6

As condições para o surgimento dos Centros de Documentação Universitários foram favorecidas a partir do quadro apresentado, associado à expansão da rede pública universitária. Além disso, como já foi mencionado anteriormente, o incentivo veio, sobretudo, com o lançamento da Política Nacional de Cultura, proposta pelo Ministério da Educação e Cultura, em

1975.17

A importância des te plano de ação reside na abrangência que as diretrizes estabelecidas previam na área cultural. Isso não havia ocorrido antes, em todo o período republicano. Com isso possibilitavam-se modalidades de cooperação entre os órgãos federais e de outros ministérios, tais como o Arquivo Nacional do Ministério da Justiça e o Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores. Previa-se também a colaboração por meio de convênios com secretarias estaduais e municipais de cultura, universidades, fundações culturais e instituições privadas (MICELI, 1984, P-57).

Outra iniciativa governamental que antecedeu a esse programa foi o Plano de Ação Cultural - PAC, na gestão do Ministro Jarbas Passarinho, em 1973. Esta década foi marcada pela repressão promovida pelo regime de exceção do governo militar. O PAC representou uma tentativa oficial de "degelo" e de aproximação junto aos meios artísticos e intelectuais das diversas áreas de produção cultural, tais como a dança, o teatro, a literatura, o patrimônio, etc. Seus objetivos principais eram a preservação do patrimônio histórico e artístico, o incentivo à criatividade e à difusão das atividades artístico-culturais, e a capacitação de recursos humanos (MICELI, 1984, p. 55-56).

16 UNIVERSIDADE E INSTITUIÇÕES CIENTÍFICAS N O RIO DE JANEIRO, 1982, p. 152 apud Moreira, 1990, p. 22-23.

17 CAMARGO, Célia Reis. Centros Universitários de Documentação e Memória. Palestra proferida durante o Seminário Arquivos Permanentes: Centro de Documentação e Memória e Arquivos Municipais. CDPH/Coiegiado do Curse de Arquivologia. Universidade Estadual de Londrina, 17/11 /2000, Londrina - PR.

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Ao mesmo tempo» no campo da arquivística,18 ocorre um movimento em nível internacional, de valorização e preservação da documentação histórica de origem privada, como se lê em Moreira (1990, p. 24): "retomada da campanlba desenvolvida pelos Arquivos Nacionais da França para a aquisição de aiipiívos privados pessoais/familiares recentes". Na mesma época, ocorre a assinatura do acordo entre esta instituição e a Fundação Nacional de Ciências Políticas — FNSP, tendo como propósito o levantamento e a conservação de arquivos pessoais e de partidos políticos de III», IV* e V» Repúblicas (HUART apud MOREIRA, 1990, p. 24).

Além dos fatores mencionados, que contribuíram para a multiplicação de Centros de Documentação nas universidades do Brasil, houve também o crescimento da quantidade de pesquisas relativas à história regional e local, elaboradas por Itistoriadores profissionais. Às novas formas de abordar a história soma-se a consolidação dos programas de pós-graduação em História, iniciada na década de 1970 e sua posterior proliferação no âmbito nacional. Ocorre uma valorização das perspectivas local e regional, bem como uma crescente preocupação com as fontes para tais pesquisas.

Esse crescimento no número de pesquisas também está relacionado à mudança do conceito de região, no próprio campo da geografia. Os geógrafos abandonaram gradativamente a utilização determinista do conceito como sinônimo de "região natural". Nessa concepção eram considerados os elementos naturais, como o clima, relevo, vegetação, hidrografia etc., no seu conjunto relativamente homogêneo, tendo-se sua influência sobrepondo à ação humana, e chegando mesmo a determiná-la (AMADO, 1990, p. 11).

O novo conceito de região, sob influência do materialismo dialético e histórico, procura ver o texto no contexto, e é assim definido "como a categoria espacial que expressa uma especificidade, uma singularidade, dentro de uma totalidade: assim, a região configura um espaço particular dentro de uma determinada organização social mais ampla, com a qual se articula" (AMADO, 1990, p. 8).

18 No Brasil, o® primeiros congressos de arquivologia iniciam-se a partir de 1972, promovidos pela Associação dos Arquivistas Brasileiros - AAB, criada em 1971. Deve-se considerar que o debate das questões acerca da arqumsdca nesses eventos científicos pode ter exercido influência sobre os meios acadêmico e profissional, incentivando ainda mais o advento dos centros de documentação universitários.

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Outro motivo que contribuiu para o crescimento do interesse em pesquisas de carátner regional, segundo Amado, foi a exaustão das abordagens de macro dimensões, das histórias-síntese. Estas, embora necessárias, eram insuficientes, pois não contemplavam estudos mais específicos (AMADO, 1990, passim).

Além disso, o desenvolvimento dos cursos de pós-graduação em escala nacional proporcionou a formação de pesquisadores profissionais comprometidos com as questões locais.

Quanto à questão do acesso às fontes para o estudo da história regional, problemas quanto à conservação e organização dos documentos históricos são sentidos no país como um todo. São ainda mais graves nas instituições estaduais e municipais, especialmente em regiões mais pobres. Nestas, normalmente, o público se confunde com o privado. As pessoas pertencentes às oligarquias locais apropriam-se daquilo que é patrimônio de domínio público, isto é, a documentação. Colocam obstáculos diversos e impedem o acesso do pesquisador às informações, principalmente quando desconfiam que o resultado da pesquisa irá comprometer a sua imagem e ir contra os seus interesses (AMADO,

1990).

A história regional oferece possibilidades de novas perspectivas de análise da história na esfera nacional. Nela podem ser investigadas as questões relativas aos "movimentos sociais, ação do Estado, as atividades econômicas, a identidade cultural, etc". Permite verificar o específico, próprio do regional que enfatiza as diferenças, a multiplicidade, em oposição à historiografia nacional que ressalta as semelhanças (AMADO, 1990, p. 12-13). Enfim, a historiografia regional proporciona as possibilidades de fazer a história em seus variados aspectos, sejam eles culturais, sociais, econômicos, políticos etc.

No quadro apresentado, verificamos que foram criadas as condições para que um número crescente de centros de documentação com caráter de preservação da memória, e vinculados às áreas das ciências humanas, surgissem nas universidades do Brasil, sobretudo nos grandes e médios centros urbanos. Como exemplo, podemos citar os centros de documentação criados na USP, UNESPs, UNICAMP, U F U , UFOP, UFPB, UFMT, U F F etc.

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N o contexto apontado, surgiu na Universidade Estadual de Kosdrina, primeiramente, o Arquivo Histórico, nos anos 1970, que foi BsesJcruturado em Centro de Documentação e Pesquisa Histórica, nos anos É importante notar que o caráter adquirido por esses centros de rfbeumen tação está vinculado às npvas formas de fazer a história, numa jpgíKpectiva mais ampla. Esta nova postura encontra nos centros de «íbítwmentação uma alternativa para equacionar o problema de acesso à <í®Kíimentação, trazendo para si o material da pesquisa.

N o entanto, algumas distorções ocorreram em virtude disso, atsríbando-se por recolher documentos da administração pública, dada a inexistência de arquivos públicos, especialmente nos municípios, com o inííiffiíto de dinamizar a pesquisa e evitar perdas de tais fontes.

O C D P H DA U E L

O Centro de Documentação e Pesquisa Histórica — C D P H — é um râcgão vinculado ao Departamento de História da Universidade Estadual sfe Londrina. Seus objetivos são a guarda e a preservação da documentação Mstórica, além de servir de laboratório de apoio à pesquisa, ao ensino, à « t e n s ã o , à capacitação e à prestação de serviços.

Ao refletir sobre a trajetória do C D P H desde sua gênese, percebemos agsie sua fase inicial foi marcada por uma crescente preocupação em preservar a memória histórica local e regional, considerando-se que à época Úc sua criação, década de 1970, Londrina era uma cidade de colonização relativamente recente.

Encravada numa região de mata atlântica, então constituída de floresta densa, Londrina foi fundada em 1929 e nela instalada a sede da Companhia de Terras Norte do Paraná — CTNP, empresa imobiliária inglesa responsável pela colonização de aproximadamente 500.000 ha. de ü-crras localizadas no norte do Paraná, entre os rios Ivaí, Paranapanema e Tibagi. A cidade, elevada à categoria de município em 1934, foi palco >t!c um rápido desenvolvimento urbano em decorrência da prosperidade «grícola oriunda da produção cafeeira, que se fazia em larga escala a partir é n década de 1940. Com efeito, Londrina passou a polarizar a economia

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da região conhecida como "Norte Novo" do Paraná. O povoamento que se processou foi caracterizado pela presença de vários grupos étnicos, assim como de nacionais provenientes de outros estados, sobretudo, de São Paulo, Minas Gerais e da região nordeste do Brasil. Na década de 1950, a cidade situava-se entre as 81 maiores do Brasil (ROLIM, 1999, p. 3). A região passou a ser identificada com o café e suas riquezas (ARLAS N E T O , 1998, p. 38).

Em 1960, Londrina tinha 77-382 habitantes na zona urbana19 e é nesse período que surgem as primeiras instituições de ensino superior na cidade, como a Faculdade Estadual de Direito de Londrina (1958) e a Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Londrina — FAFILO (1958). Nesta, funcionavam os cursos de História e Geografia. N o ano de 1971 foi criada, a Universidade Estadual de Londrina — U E L — a partir da justaposição de cinco Faculdades isoladas, dentre estas a FAFILO.

O C D P H foi criado originalmente como Arquivo Histórico, juntamente com o Museu Histórico. O planejamento de sua criação começou a ser elaborado em 1967 por um grupo de professores, no âmbito do Departamento de História, no sentido de programar a coleta de material para o futuro Arquivo Histórico e Museu Histórico. Os professores que mais se destacaram foram Maria Dulce Alho Gotti e Padre Carlos Weiss. Dentro de suas disciplinas, "Introdução aos Estudos Históricos" e "História Antiga", respectivamente, atribuíam como atividade acadêmica a coleta de material relativo à história do Norte do Paraná, com referências históricas de cada item. Os documentos textuais deveriam ser confiados à professora. Maria Dulce, enquanto os objetos antigos e históricos, acompanhados de relatório com detalhamento das características físicas de cada peça, bem como a referência acerca do objeto, eram entregues ao Padre Carlos. A atividade era desenvolvida durante o ano letivo e, ao seu final, era entregue à instituição de preservação todo o material coletado.20 A ideia era envolver os alunos do curso de história, no intuito de realizar " Censos Demográficos 1950, 1960, 1970, 1980, 1991; Contagem da População 1996; Sinopse Preliminar do Censo 2«K) - IBGE; Estimativas IBGE - 1997, 1998 e 1999. In: PREFEITURA DO MUNICÍPIO D E LONDRINA. Secretaria de Planejamento. DPI/GPI, 2001. p. 13. 20 Entrevista de Conceição Aparecida Duarte Geraldo à autora em 27/11/2002. Esta professora atuou

como docente do Departamento de História da UEL de 1976 a 2005, ano em que se aposentou. Foi diretora do Museu por três gestões: 1976/1979 - 1994/1998- 1999/2002.

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levantamentos e pesquisas, além da coleta de doações junto aos pioneiros.21 Os alunos foram receptivos, e até o ano letivo de 1972 foram coletados os materiais que constituíram o início do acervo dos órgãos, sendo as peças destinadas ao Museu, e os documentos textuais e iconográficos ao Arquivo Histórico (UNIVERSIDADE E S T f D U A L D E L O N D R I N A , 1988).

Inicialmente o material reunido foi alocado em uma sala da antiga Faculdade de Filosofia. E, posteriormente, em 18 de setembro de 1970, foi oficialmente inaugurado com o nome de Museu Geográfico e Histórico do Norte do Paraná ( F U N D A Ç Ã O UNIVERSIDADE ESTADUAL D E L O N D R I N A , 1980, p. 3). Recebeu este nome, pois, segundo a professora Conceição havia o envolvimento dos cursos de História e Geografia. Suas instalações aumentaram, sendo destinado ao Museu e ao Arquivo o porão do Grupo Escolar Hugo Simas, local onde funcionava a Faculdade de Filosofia, que ficava no centro da cidade, isso ocorreu no ano de 1972, O Museu ocupou duas salas e o Arquivo, uma sala (UNIVERSIDADE ESTADUAL D E L O N D R I N A , 1988, p. 1).

Em 1974, o museu passou a ser órgão suplementar por disposição do estatuto da U E L (UNIVERSIDADE ESTADUAL D E LONDRINA, 1988, p. 3). Todos os órgãos suplementares da universidade passaram a vincular-se administrativamente à Reitoria, coordenados pela vice-reitoria, embora, academicamente, mantivessem vínculo com os departamentos e centros de estudos de origem.

Quando passou a ser órgão suplementar, a denominação inicial, Museu Geográfico e Histórico do Norte do Paraná, não mais vigorou, passando a ser designado, então, dentro da estrutura da Universidade, apenas de Museu. O fato de ter se tornado órgão suplementar proporcionou ao museu, além de uma dotação orçamentária, a possibilidade de provimento de uma estrutura de recursos humanos, que viera a se especializar com o tempo, nas áreas de museologia e organização e conservação de documentos. Posteriormente, o museu recebeu o nome do Padre Carlos Weiss, em homenagem póstuma ao seu fundador, organizador e primeiro diretor, falecido em 1976.22

21 Sobre o mito dos "pioneiros" e a crítica acerca desta construção, verTomazi (1997) eTomazi (1999). 22 A homenagem foi estabelecida pela Resolução do Conselho Universitário n° 498/1978.

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C o m a implantação da Universidade Estadual de Londrina e a construção do seu campus universitário bem longe do centro da cidade, ocorreu um distanciamento entre os órgãos Arquivo e Museu. Em 1974, o curso de graduação em História foi transferido para o Centro de Letras e Ciências Humanas, cujo prédio localiza-se no campus universitário. O Arquivo Histórico também acompanhou essa transferência, em virtude da professora Maria Dulce, responsável por este órgão, ter passado a ministrar suas aulas no campus. Foi uma forma de facilitar o acesso e o desenvolvimento dos trabalhos com a documentação textual e iconográfica. O Museu, no entanto, permaneceu no porão da escola (GERALDO, 2002) até o ano de 1986, quando mudou-se para o prédio da antiga estação ferroviária. Trata-se de uma construção majestosa na área central, inaugurada em 1950 e desativada na década de 1980 devido à transferência dos trilhos da linha de trem, do centro para a periferia da cidade.

O Arquivo histórico

O Arquivo Histórico que havia nascido juntamente com o Museu Histórico, mesmo após a sua transferência para o C L C H — Centro de Letras e Ciências Humanas — no campus universitário, permaneceu vinculado academicamente e administrativamente, ao Departamento de História. A coordenação e orientação dos trabalhos do Arquivo Histórico foi assumida pela professora Maria Dulce, que contava com os colaboradores professora José Cezar dos Reis e professora Joelina Rodrigues da Silva, auxiliares de ensino contratados particularmente para este fim (UNIVERSIDADE ESTADUAL D E LONDRINA, 1988, p. 1).

O Arquivo Histórico continuou a receber doações, sobretudo para a hemeroteca. Gradativamente, por meio da ação dos docentes do Departamento de História, um respeitável acervo relativo à história local e regional foi se constituindo (UNIVERSIDADE ESTADUAL D E L O N D R I N A , 1993, p. 1).

Como não se tornou um órgão suplementar, no momento em que os demais passaram a sê-lo, em 1974, por disposição estatutária, o Arquivo permaneceu como um apêndice do Departamento de História, sem dotação orçamentária própria e, portanto, sem autonomia financeira.

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Segundo o professor José Cezar,25 desde o momento em que ingressou como docente no Departamento de História, em 1972, juntamente com a professora Joelina, que também ingressara no mesmo ano, trabalharam na organização dos documentos textuais, cartográficos e iconográficos, sob a coordenação da professora Maria Dulce. Na época, o que existia ali era um pequeno núcleo de documentos, documentos das mais variadas espécies. Jornais, revistas, recortes de revistas, recortes de jornais, documentos de municípios\

Segundo o professor, a rotina consistia em registrar, separar e classificar os documentos. Paralelamente, eram realizadas as entrevistas com os pioneiros da cidade, das quais também participavam. Foi esta uma das primeiras atividades em história ora] no Brasil, de que se tem notícia, atividade esta que chegou a ser citada por Sônia Maria de Freitas no prefácio à edição brasileira do livro de Paul Thompson (1998), A voz do passado. Atualmente, as gravações e as transcrições daqueles depoimentos estão depositadas no acervo de história oral do C D P H , e constituem a coleção denominada "Ethos dos pioneiros". Para a realização dessas entrevistas, foi elaborado um questionário, por uma comissão de professores das áreas de Geografia, História, Letras e Ciências Sociais.

Quanto aos critérios de aquisição, que se dava sempre por doação, não havia muita clareza, conforme denota o depoimento do professor José Cezar

Para nós na época, tudo era história, tudo era documento, porque era rudimentar a questão da pesquisa. Nós não tínhamos a dimensão de que aquele núcleo, aquela célula tão pequena, tão modesta, poderia se transformar no Centro de Documentação e Pesquisa Histórica que é hoje, em 2002. Então nós guardávamos tudo o que aparecia. Mas, já tínhamos uma noção de que nós deveríamos guardar preferencialmente aquilo que se referisse à história de Londrina e

região.

No cotidiano do Arquivo, ainda junto com o Museu, contavam com a presença do padre Carlos, que segundo o professor José Cezar, "de quando 2 i Entrevista de José Cezar Reis à autora em 27/11/2002. Este professor atuou na área de História do Brasil, e ministrou aulas de Paleografia e Diplomática para o curso de Arquivologia. Foi diretor do Museu Histórico Pe. Carlos Weiss na gestão de 2002-2006.

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em vez, ele passava e olhava o que nós estávamos fazendo, [...] e quando ele também recebia documentos, encaminhava para que nós guardássemos, para que nós pudéssemos arquivar' e dar acesso à consulta (REIS, 2002).

Após a transferência do Arquivo para o Campus Universitário, deram continuidade aos trabalhos de organização do que existia; isso num ritmo mais lento, em virtude de começar a haver uma exigência maior na prática docente. Os dois professores eram contratados por doze horas semanais e ministravam onze horas/aula por semana, restando pouquíssimo tempo, conforme relata o professor José Cezar, para se dedicarem aos trabalhos do Arquivo, com o fim de incrementar o acervo. Atendiam às demandas, que eram poucas, porque a questão da pesquisa na Universidade naquele momento, segundo o professor, era vista de forma diferente do que é hoje. Não havia cursos de especialização ou mestrado, e mesmo os trabalhos de conclusão de curso "ainda era uma questão bem rudimentar". Os cursos de licenciatura não incentivavam a pesquisa.

Ainda assim, o Arquivo Histórico continuou a receber material para o seu acervo, especialmente a hemeroteca. Os jornais diários publicados em Londrina passaram a ser encadernados.

O professor José Cezar comentou que o Arquivo Histórico, no seu início, causou surpresa a profissionais de outras universidades que visitavam o órgão. Tais pessoas elogiavam a iniciativa de coletar depoimentos, documentos, e de fundar um arquivo histórico, dizendo ser este um trabalho interessante e moderno. E num encontro de que participou, em 1972, na cidade de São Paulo, ao ser indagado e mencionar o que se fazia aqui, teve o prazer de ouvir que em Londrina eles estavam atualizados nesta questão de pesquisa. Afirmou que na época estavam sendo criados centros de pesquisa, como os da Universidade de São Paulo, e que Londrina, com essa iniciativa, estava sendo arrojada para a época.

No período entre 1984 e 1986, em que coordenou interinamente o Arquivo devido ao afastamento da professora Maria Dulce, o professor José

Cezar definiu a precariedade de condições de trabalho com a expressão: "Éramos um exército de um homem só!" Mesmo tendo sua carga horária aumentada para vinte e quatro horas, era muito exíguo o tempo destinado para "coletar, classificar, arquivar, registrar, buscar, e dar aulas".

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O proprio professor reconheceu que essa situação inquietou o Departamento. Segundo ele, os professores novatos viam no acervo, que ia aumentando gradativamente, um potencial muito grande de pesquisa. A partir desse momento, começou a ocorrer uma movimentação no sentido de dinamizar o Arquivo Histórico. ,E assim foi iniciado o processo que o reestruturou e o transformou em Centro de Documentação e Pesquisa Histórica.

As razões da reformulação e estruturação do C D P H

[...] o arquivo é órgão receptor (recolhe naturalmente o que produz a administração pública ou privada à qual serve) e em seu acervo os conjuntos documentais estão reunidos segundo a sua origem e função, isto é, suas divisões correspondem ao organograma da respectiva administração; que os objetivos primários do arquivo são jurídicos, funcionais e administrativos e que os fins secundários serão culturais e de pesquisa histórica, quando estiver ultrapassado o prazo de validade jurídica dos documentos (em outras palavras, quando cessarem as razões por que foram criados); e que a fonte geradora é única, ou seja, é a administração ou é a pessoa à qual o arquivo é ligado.

[...] o centro de documentação é órgão colecionador ou referenciador — quando não armazena documentos [...] só referencia dados [...]. Seus objetivos são fundamentalmente científicos já que a coleção (quando os documentos são armazenados) é formada de originais ou de reproduções em torno de uma determinada especialidade [...] ( B E L L O T T O , 1991, p. 16).

Como se pode observar, existem diferenças nestes dois tipos de instituições. Na época em que surgiu o Arquivo Histórico, a preocupação era começar a guardar documentos históricos, segundo a concepção teórico-metodológica que se tinha na época, uma vez que não havia outra instituição na cidade com essa preocupação. Nem mesmo um Arquivo Municipal.

O Arquivo Histórico, já na sua gênese, não possuía as características de um arquivo, tal como é descrito acima. A aquisição dos documentos, num órgão como um arquivo, dá-se por meio de passagem natural de fonte geradora única, conforme indica Bellotto (1991, p. 18). No entanto, o

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acervo do Arquiva Histórico não foi resultado do recolhimento natural da produção documental de uma administração pública ou privada, e sim do predomínio da coleta de documentos eleitos, de uma heurística de fontes provenientes de múltiplas origens. Denota-se, dessa maneira, que as orientações seguidas pelos professores envolvidos neste processo de salvaguarda da memória e da história, parecem ter sido norteadas instintiva ou intuitivamente,, pelo desejo preservacionista, movidos que eram pela iminência das perdas daquilo que se foi. Fato que deve ser relevado, pois, naquele momento,, a arquivística no Brasil estava ainda no seu início e se limitava aos grandes centros urbanos.

Mesmo após a transição do Arquivo para o C D P H , a noção de centro de documentação, que possui o caráter de especialização da informação, não será ainda imediatamente alcançada.

Muito embora traaha havido o esforço de alguns professores para dar prosseguimento aos trabalhos do Arquivo Histórico, a falta de recursos, ou de institucionalização, levou-o, com o passar dos tempos, a uma letargia,24 reservando-lhe um caráter quase que meramente depositário. Quase inexistia uma cultura de pesquisa.

Dentre os motivos que levaram a transformação de um tipo de instituição para outro, que, como pudemos verificar, guarda em si especificidades que os diferenciam um do outro, estão as mutações ocorridas a partir da segunda metade do século XX, no Brasil, com relação às maneiras de escrever a história; bem como o desenvolvimento dos cursos de pós-graduação nesta área.25 Tais razões influenciaram sobremodo o processo que resultou na emergência do Centro de Documentação e Pesquisa Histórica, pois as consequências resultantes destas transformações também foram sentidas na Universidade Estadual de Londrina.

Na década de 1980, a valorização crescente da pesquisa histórica motivou um grupo de professores da Área de História a se lançar a executar um novo projeto: o de revitalização e organização do Arquivo Histórico, o que se deu por meio da constituição de uma Comissão de Reativação e Reestruturação do Arquivo Histórico. O projeto visava transformar o Arquivo 24 Isto é perceptível nos «iados constantes no Relatório do Centro de Documentação e Pesquisa.

Departamento de História e Filosofia/UEL. Outubro de 1986 a março de 1988.

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Histórico em Centro de Documentação e Pesquisa, cujas preocupações estivessem voltadas para a recuperação, preservação e conservação da memória histórica local e regional, além de servir de laboratório de pesquisa pata os alunos da graduação em História.

A comissão que trabalhou efetivamente foi formada em 14/10/1986, pelos professores Luciano de Aguiar Casali, Sônia Maria Sperandio Lopes Adtam, Maria Machado Nalin Sinnema Gomes, William Reis Meirelles, Ertezila de Lima, Antonio Celso Ferreira26 e Maria Dulce Alho Gotti, seiKÍo esta professora designada a responsável executiva das deliberações dai comissão (UNIVERSIDADE ESTADUAL D E LONDRINA, 14/10/1986, fls. 23 e 24).

Desde o início dos trabalhos da comissão de reestruturação, via-se a necessidade de conhecer projetos de implantação de outros centros de documentação, para oferecer subsídios para os estudos (UNIVERSIDADE E S T A D U A L D E L O N D R I N A , 24/09/1987, fl. 7 vs.). Além disso, sentia ® grupo a necessidade de dialogar com profissionais que já atuavam na áaea de organização e preservação documental, visando buscar orientações ( U N I V E R S I D A D E ESTADUAL D E L O N D R I N A , 11/11/1986, fls. 3» 4 e 24/09/1987, fl. 7 vs.). Uma forma de tentar resolver esta questão foi o envio de um funcionário, que viera transferido de outro setor da Universidade, para se capacitar em São Paulo. Assim, no ano de 1987, Edson José Holtz Leme foi cursar a Especialização em Organização de Arquivos, curso oferecido pelo Instituto de Estudos Brasileiros em conjunto com a Escola de Comunicação e Artes, da Universidade de São Paulo. Edson Jòsé ocupava, na época, a função de assistente administrativo, cargo cécnico-administrativo de nível médio. Havia concluído a Licenciatura em História na U E L no ano de 1986.

Ao retornar, Edson contribuiu com as atividades de organização, sendo o único funcionário à disposição do Arquivo Histórico. Naquele ** Nesta época, na área de História do Departamento de História e Filosofia da UEL havia poucos

professores titulados em nível de pós-graduação stricto sertsu. Com doutorado havia apenas três professores, sendo a professora Enezila uma deles, que era Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo - USP. O professor Antonio Celso era Mestre em História Econômica, também pela USP, e os professores William e Gilmar Arruda eram mestrandos em História na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", campus de Assis. Alguns dos demais professores que integraram as duas comissões titularam-se Mestres e Doutores posteriormente.

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momento, embora especializado tecnicamente, permaneceu na instituição exercendo suas funções, sem mudar de cargo, até o início de 1992. Havia muita dificuldade de criação de cargos de nível superior. Foi recontratado, em mato de 1993, por meio de processo seletivo público, no cargo de Técnico em Assuntos Culturais.27 Esta foi a denominação encontrada no quadro de funções do estado do Paraná, que se adequava aos requisitos de formação profissional superior solicitados, para se candidatar à vaga, já que mão há regulamentação da profissão de historiador. Somente no ano seguinte é que começou a aumentar o quadro de funcionários do CDPH- Vale lembrar ainda que, para o desenvolvimento dos trabalhos, contou-se, desde o início do processo de reestrutração, com a colaboração de estagiários, discentes do curso de História que, em 1987, recebiam bolsa-trabalho oferecida pela Universidade, totalizando quatro estagiários ( U N I V E R S I D A D E ESTADUAL D E L O N D R I N A , 15/07/1987, fl. 44). A comissão de reestruturação realizou um diagnóstico da situação da documentação e seu inventário. Quase um ano depois, foi formada uma segunda comissão, composta pelos professores Antonio Celso, William, Sônia, Maria Dulce e Sebastião Peres. O nome do professor Gilmar Arruda foi indicado para substituir o professor Antonio Celso, que estava se transferindo para a UNESP, campus de Assis.

A ideia, naquele momento, era formar um Centro de Documentação e Pesquisa do Departamento de História e Filosofia da FUEL,2 8 e dar-lhe um caráter de órgão interdisciplinar (UNIVERSIDADE ESTADUAL D E L O N D R I N A , 1988). Havia preocupação em atender uma clientela ampla, ou seja, constituída não somente de alunos e professores de História, mas também de toda a comunidade acadêmica interna e externa interessada no acesso ao conteúdo do seu acervo. Além disso, havia preocupação de atender também alunos e pessoas da comunidade em geral (UEL).

Discutia-se a necessidade ou não de estabelecer linhas de pesquisa, que deveria ser definida após a conclusão do inventário de acervo, uma 27 Atualmente o cargo demomina-se Técnico em Assuntos Universitários em virtude de mudança da nomenclatura no novo Piano de Carreira, Cargos e Salários das Instituições de Ensino Superior vinculadas à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; e também por ainda não haver regulamentação da profissão de historiador no Brasil.

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vez que este possibilitaria verificar, na documentação existente, que linhas poderiam ser definidas (UNIVERSIDADE ESTADUAL D E LONDRINA, 24/09/1987, fl. 7 vs.).

Foram realizados estudos tanto pela primeira quanto pela segunda comissão, acerca da estruturação de arquivos públicos estaduais e municipais e centros de documentação universitários. Analisaram-se, entre outros, a estrutura e funcionamento do Arquivo Público do estado de São Paulo; do C P D O C , da FGV, no Rio de Janeiro; do Arquivo Edgard Leuenroth, da UNICAMP, em Campinas; do IEB, da USP; o Centro de Documentação da UNIMEP, em Piracicaba. A partir de então, se resolveu transformar o Arquivo Histórico em Centro de Documentação e Pesquisa do Departamento de História e Filosofia da F U E L (UNIVERSIDADE ESTADUAL D E LONDRINA, 1988, p. 5).

Com quase quarenta anos de existência, o C D P H constitui-se hoje em importante órgão de salvaguarda do patrimônio histórico e arquivístico, na região de Londrina. O que confirma a sua inserção social no campo da preservação da memória, destacando o papel desta universidade como equipamento social e não apenas como instituição de ensino e pesquisa.

Possui regimento interno, cabendo ao Departamento de História a administração funcional e acadêmica do C D P H . É administrado por um Coordenador e assessorado por um Conselho Deliberativo e pelo pessoal técnico-administrativo. Atualmente, conta com quatro técnicos de nível superior, dois técnicos de nível médio, um menor-aprendiz e quatro estagiários remunerados, sendo três do curso de História e um da Ciência da Computação, da UEL.

O C D P H , ainda hoje, náo possui dotação orçamentária própria. Muitos dos recursos financeiros utilizados para prover o acervo de aparelhos e mobiliários, adequados à armazenamento e conservação dos documentos, são provenientes de projetos de captação de verbas junto ao Governo Federal, à agências de fomento à pesquisa e também de prestação de serviços.

Pode -se dizer que para o Departamento de História, o C D P H representa um facilitador da pesquisa histórica e científica, na medida em que procura dar acesso às múltiplas potencialidades de pesquisa que seu

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acervo possui. A maior parte dele é constituída de conjuntos documentais de caráter arquivística, de origem pública e privada, sendo, portanto, tratado segundo as «©raias e princípios da Arquivologia.

Quanto à temática do C D P H , desde o seu início privilegiava-se a salvaguarda da documentação de caráter regional. A partir de 2005 sua temática foi reformulada e ampliada para História das Américas. Assim, os critérios de aquisição de seu acervo, que ocorre em sua maioria por meio de doações, procuram estar em consonância com as linhas de pesquisa do Curso de Especialização em História Social e Ensino de História, em História e Patrimônio, em Religiões e Religiosidades e do Curso de Mestrado em História Social do Programa de Pós-Graduação em História Social, ambos vinculados ao Departamento de História da UEL. As linhas de pesquisa da Especialização são: "História Social" e "Ensino de História" e do Mestrado são: Territórios do Político", "Culturas, Representações e Religiosidades" e "História e Ensino".

Além de atender aos alunos da graduação e pós-graduação em História, o C D P H coloca a consulta de seu acervo à disposição dos pesquisadores e consulentes da comunidade interna e externa.

Finalmente, enfatiza-se que preservar e organizar os documentos históricos, bem como acessar a informação são importantes funções que o CDPH tem buscado cumprir. Visa-se, assim, gerar conhecimento e promover o desenvolvimento do ensino, da pesquisa, da extensão e da própria sociedade.

Referências

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