-MEMORIA E DESEJO
OSMÌ R IIARIA GABBI JR Universidade de
Mo
PauloUniversidade
Estøùnl
de CømpinnsNo
fìnal
rJa Psicotempiøda
Hísteria,Freud
apresentaa
questâ'o de saber se asrecordações prorluzidas na análise
já
foram um dia conscientes ou se elas sâ'o recorda-ções de algo que teve apenas uma possibilidade de existir-
em suma, se aquilo que érelatado na sessão analítica reaLnente ocorreu. Freud acredita que só poderádaruma resposta mais precisa quando investigar os processos psfquicos que ocorrcnì no sistema
nervoso e, cnr cspecial, na consciência (Freud,
Ztr Psycltoterapie
der llysterie,p.306).
A
afirrnação freudiana reveste-sc de irnportância porque suscita o problcma da relação entre ntemória c desejo e sugcrc a sua vinculação corn a teoriado
aparelho psfquico.Nesse sentido,
o
objetivo da presente exposição éo
de assinalar as moclificações queocorrent na teoria do aparclho psíquico quando se passa da teoria cla seduçã'o para a da
sexualidade
infantil e
de como elas repercutem sobre a concepção que Freud tem a respeito da rncrnória e de sua reiação com o dcsejo.No
hojeto
paruutlú
Psicobgit, Freud tem corno objetivo expÌícito o de"represen-tar os processos psíquicos como estados quantitativamente detenninados de partículas materiais cspecilicáveis" (Freud, Aus den
Anfthtgøt
der Psyclnønalyse,p.
305). Tal fonua de aprescntação encontraria sua justificativa no fato de possibilitar uma psicolo-gia prccisa e livre dc contradições, na qual os conceitos fundamentais sâ'o os <lequanti-dadc e de neurônio.
O conccito de quantidade é definido conlo una diferença entre atividade e repouso e o de neurô¡rio corno uma partícula material capaz de conter uma oerta quantidade.
A
quantidadeé
governadapor um princfpio,
o
da iné¡cia neuronal, segundo o qtral osneurônios tcndem a descarregar a quantidade. O aparelho psfquico assinr concebido é insatÍsfatório para
dar
conta de sistemas que, além de sofrerem estimulação externa,estâ'o sujeitos às cxigôncias da vida: respiração, fome e sexo. Os estímulos endógenos,
diferentenlentc dos cxtcnros que atuam por impacto, vão seacrescentando,e só
quan-do
o
organisnro ¡rroduz uma ação específica sobreo
mundo externohá
uma inter-ru¡ryão provisóriano
processo de acréscirno . Para realizar a ação especlfìca, é precisoque
o
aparclho suportc uma certa quantidade ¡ro seu interior. O que leva Freud a con-cebcruln
novo aparelho organiza<lo emtorno
de um novo princfpio, o princípio dacorrstância, scguntlo
o
r¡ualo
orgauismo tende amalter
no seuinterior
a quantidade constante. Há, portanto, duas funçõçs a serenr realizadasno
aparelho psíquico: a de descarregar quantidades (que pcrnrane ce como um traço do aparelho primitivo) e a deconservil os canrinhos de descarga (Aus den Anfcingen, pp. 305-7).
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'setrrâlx. sJgårpuoc se'o¡efns
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Onb 'og5unJ e'Iteutrde¡
'4
nq?Ð DILD{ttutso
9H
Memória e
Deseio
1(Aus tlen Artfdngen, p.
36$.
Portanto, é a fala que possibilita que se tenha consciência do conlcúdo dos pensarnentos. Todo esse sistenra funciona, cornojá
foitlito,
pela inl-bição do processo primário.Contudo há duas condições eln que pode ocorrer unr processo prinrário dentro do
ego.
A
prirneira relaciona-se conr a vivência de satisfação e se manifesta enr todos os seres, toclos os dias: trata-sedos
sonhos. São produzidos quattdoo
nrecattismo de atençã'o é rctirado do ego.A
partir daí, a quantidade percorre as vias de descarga rnaisprÍntitivas
-
é nesse sentido que Freud desenvolve a tese de que os sonhos realizam de-sejos.A
quantidade produz um curto-circuito em seu petcurso, e isso rnotiva a falta de compreensãodo
sonho(Au:
den Anfdngen, pp.343-7).A segunda
oondição refere-se à vivóncia dedor
e aparece unicalnente uas ncuroses de defesa. Só estes neuróticos são capaz.esde tcr
unra vivência scxual prenratura.A recordação da cena
de sedução napuberdade lova a unra dcfesa prirnária, rnotivada ¡rela cornpreensõo cle que a vivência originária
tinlra um
caúúer sexual (,4us tlen Anftirryen,pp.35l-9).()
resultado da defcsa ó unl curto-circuÍto nas vias dc clcscarga.Ac1ui, corno r'ìo caso anterior, o percurso <1a quantidade clel-inc o selltido ou, rnelhor,
sua perda por' ¡rarte
do
sujeito. Os sonlros sâ'o ta-o incornplccnsíveis <¡uanto ossinto-mas histéricos. Contudo, como as duas condiçõcs estão relacionadas a vivências
distin-tas,
r'narcarlaspela tlicotomia
origeur cxtcrrra/origerninterna, Flcud
é
obrigado aafirnrar c¡ue cntre
o
sonho eo
sirttorrrahl
apcnas uma relação dc arralogia e não de identiclaclc (Arts den Anfwtgen,p.
3al).
Ern tennos nlais claros; neste molnento dateoria, riâo se corlcebc recalque no sonho assim co¡no desejo na neurose.
A
rnenrória nada uraisó do
queurn
registro cle vivéncias. Ela exprirnea
manu-tençÍio ilas vjasdc
dcscarga e deve aprender a evitar, fora de certas contlições, tanto as cøtltexisde
desejo como as deobjeto
algógeno.A
perdada
auto-refe¡ência, no sonlloc
rra rìeurosc, ó cxplicada pclos curtocircLritos da cluantidade. Mas estes sâ'o denaturczas distintas.
No primeiro,
alucirra-sco
objcto
de desej<1, mas, corno não sepossui
toda
a cadeia cle representações,nlo
se compreende que seestl
diante dcle.No
segurrdo, nâo se fczo luto
devido porque, na ocorréncia doevelto, nltr
se tinhaconro
saberquc
tal
cvcnto daria lugar a ¡cpreserìtações de objetos algógenos. Nãolrá, ao
nívcl do llroieto,
uma memória que retenlra aquilo que teve apenas ullta pos-sibilidadedo existir. Bla é
orientada peloprincípio
de constância, llìas irrcapaz defantasiar.
A scparação raclical
entre as duas vivôncias, aliada â ausô¡rcia de prazer na neurosc, inrpcdc a fbrnrulaçâ'<r do conceito de fantasia.Essc quaclro couìcça
a
sofrer urna série de nrocl ilìcaçõesa paltir da
carta29
da corrcspon<-lôrrcia Frcucl-llliess.Nela, Freud
pedea
Flies
que consiclerea
hipótese cle que a ncurosc obscssiva apresenta, corno uma cle suas condições, a existência de urna vivência sexual prirnária acompanhada cle prazer (Aus den Anlangen,p.
112).A
importância dessa hipótese estáem adruitir que
rìa neurose podeocorrer
uma dinrinuiçãoda
cluantitlade. Esta possibilidade só existia no l-'rojeto para a vivéncia de satisfução, nâ'o para a de dor. Eyidcnterlrente, essa hipótese só pocle ser integrada ao esquema do Prcjeto se este sofrer uma reformulação. Ela inicia-se a partir da carta39,
onde Freud produzlma
sériede
alterações na sua concepçãode
aparelho-E
8
Osmyr Faris Gabbi Jr.a
evelttos cle ftrclcllc sexual ocorridos antcsda
rnattrridade sexual, Somente nessasituação as representaçõcs desses eventos sâ'o capazes de gcrar desprazer
atual'
Em outras palavras, quanclo as ccnas de sedução ocorreram, as tepresentaçõescorrespon-detrtes
não foraltt
acompanhadasde
nenhum grallde dcsprazer Porque nâ'o haviaverilade que Freud se interroga no Manuscrito
K
sobre os fatores que vão determinar a escollìa entre tìeurosee
pcrvcrsão (Aus den Anfangert,pp.
129-31). Nunca é demais assir.ralar que tais observações são feitas no contcxto da teoria da sedução, Sem dúvida, alguérnpoderia
perguntar: comoé
possívelter
prazer numa cena sexual ativa sempossuir sexualidade? Mas não nos intc¡cssa ficar aclui assinalando as aporias da teoria
da
sedução, sabemos cluc clas síio inúrncras.A
questão consisteeln
entendel que apro<lução
da
neurose nurtca esteve coloc¿r(la unicamentedo
lado da cena. Pa¡a seproduzir
o
sintotna, é preciso cluc tambCm cxista aquilo que faz com que a recordação da cena na atualidade gere desprazcr; isto é,o
puclol e a moral. Quando essas forçasrepressoras, assinaladas
por
Freud,
rrio
cxistem, as cenas originárias cotlduzeln à perversãoe
trãoà
lleurosc. Contudo, quanclo se tontam presentes,o
seu efeito só sefaz
sentir se, na vida atualdo
paciente, há uma tensão sexual não satisfeita que o leva a percorrer velhas vias de descarga (Aus tlenAnfringen,pp'
129-30). Em suma,é
na
direçãode uma certa
regressão, motivadapor um
desprazer atual, que surgeum
desprazermaiot
que levaa
uma defesa prirnária. Portanto, a partirda
carta39,
temosa
crençade
queo
recalque pode ser ativado contra recordações prazerosas. Entretanto, ainda falta explicitar o sentido desse movimento regressivo.-Memória e
Deseio
9Na
carta52
encontramos a solução. Freud propõe queo
aparelho psíquico sejaconstruído æsumindo-se
a
hipótesede que ele
seforma a partir
deum
processode
estratifìcação. SegundoFreud:
"de
temposem
tempos,o
materialal presente
-
traçosde
recordação-
sofre uma reordelìaçãode
acordo com novas relações-de certo modo, uma transcrição" (Aus den Anfdngen,
p. 15l).
Logo, a memória nâo éretida de uma única manefua, mas de diversas formas, de acordo com princlpios
dis-tintos. O
mesmotipo
de modelofora utilizado por
Freudno
seu trabalho Sobre aAfasia,onde encontramos as seguintes observações acerca do aparelho da fala:
a) a atividade de um centro de fala nece ssita da atividade de outros, com os quais está associado;
sd
da
-
o
sensorial-vi
a existenteen-tre
eles, ditada pela épocado início de
sua função (Freud, On Aphasia,pp.4l'2).
As obsewações indicam que há diferentes registros para uma mesma fala. Porexem-plo,
a palavra 'mesa' é transcrita inicialmente enquanto sinal acrlstico. Posteriormente,ela
o
é enquanto imagem motora, Mais tarde, poderá receber uma terceira e uma quar-ta transcrição se o zujeito aprender a ler e a escrever'Podemos representar de modo análogo o aparelho pslquico. Ele consiste em uma se-qüência
de
cinco sistemas cujos extremos-
o
sistema da percepçÍio eo
da consciên' óia-
s¡o incapazes de reter traços de memória. Os outros três servem para definir o númeromínimo de
transcriçõesque Freud
concede ao seu modelo da mente. Noprimeiro,
memótia,presentes
r relaçõesde
simult
nte, ondehá uma nova transcrição. Seus registros também são incapazes de captação pela cons'
ciência, mas a sua
orgnuação
ê feita através de relações dotipo
causal. Finalmente, noterceiro
sistema de memória,o
préconsciente, realiza-se umariltima
transcrição.A
conscientização pode ocorrer desrle que os registros estejam ligados a imagens acrlsticæ da fala (Aus den Anftingen,pp. 151-2).
Em certos perfodos, nos indivíduos notmais, as inscrições de um sistema sâ'o tradu-zidas em
um outro,
o
que leva ao surgimento de uma nova transcrição que inibe a anteriore
afastade
sio
prcc€sso excitativo.A
neurose surge quando o processo detraduçlo
acarretaum
aumentode
quantidadeno
aparelho pslquico, Nesse caso, aexcitação será rcsolvida de acordo com leis psicológicas vigentes no período anterior (Aus den Anflingen,
p.
152). Portanto, a falta de tradução produz a neufose e suasca-racterfsticas. As diferenças entre os diversos quadros serão definidas a partir dos siste' mas envolvidos.
FI
lO
OsnYr Fariø GabbiJr'temos uma fala maquinal' Entretanto' nÍio iedade de aumentar a quantidade no
se referem a experiências sexuais'
o
de aumentarem a sua carga afetiva).
I¡go,
é na falta de coincidência das fasesde desenv.lvimento sexual e psíquico que se
ioloca
a possibilidade da neurose e dap.*rrreo.
Contudo, mesmo åessetextõ, tão rico
de conseqüências' não se resolveå ¿il.-u
colocado pela admissãodo præ
r
nos quadros da neurose' embora se re-conheça que nela não há o rePúdio àllo
Mecønismohíquico
do Esquplo
de lapso de memória. Freud não coÓs únicos nomes que lhe ocorrem sío
de saber
o
que ocorreu na passagem dosis-tema inconsciente para
o
pré-conscientee
que resultou na co¡scientzaçãodo
nome dos outros dois pintores.ô.r-pt.
ressaltar, antes de mais nada, queo
distúrbio não afetaa
relaçãoõntre
represeniaçaoda
palawae
representaçãodo
objeto,ou
seja,não
setrata de uma
"a'fæiasi-bólica",
para utilizarmos a linguagemdo texto
deFreú
Sobre ø Afasia.À
ferturbação p rdã ser melhor descrita como uma parafasia, ondehá
..empobreciå.otå ¿ut patävrai com abundância de impulsos de linguagem",; *j;,
uma afasia verbal queie cæacteriza
Por uma perturbação na associaçãoen-tre
os elementos da representação da fala(on
aphasia,p.
2l).
Em
outras palavras,saber
o
que ocorreunã
relaçãó inconsciente/pré-conscienteé
desvendaro
quepet-turbou
a associaçãoentfe
as replesentações ¿ã fala. De acordo como texto,
o focoeúdo que se produziu entre
o
afrescopin-to
-
e os temas sexualidade e morte (Zumcuta
52, que, entre asrela-ceituais
-
o
quejustifica
notrfiï
îî
l;ü3Jäi":åäi
col
.
Contudo,isto não dá conta
do
aspecto vizual, extremamente claro, presente duranteo
esquecimentodo
nomesignoìeili. sua
produção deve ser procurada narelação entre
o
sistema
seopróprioinconsciente'Aquanti'
ãuãå,
p.to
princípioda
de acordo com as leis do sistema maisuc¡cô
"nu-oluido
- no
nos perceptivos' Isso ju-stifica
o
elemento vi-sual preænteno
esquecimento queé do
mesrnotipo
que se observa entre pacientesrpsta observaçtfo resulta da comparaçâ'o entre os diagramas da ca¡ta 46 (Aus den Anfàhgen der PsychoanalysJ, pp. I 44-5) e os da ca¡ta 52 (Ibid., p. 154)'
7
IVemôriue
Desejo
ll
lústéricos. Entretanto surge uma nova questão:O
que leva a análise a essa direção? Por que ela acaba convergindo para o sistema dos signos perceptivos?A
resposta pode ser trabalhada apartir
do texto
Recordações Encobridoras pu-blicado tambémem
1898.O
objetivo de Freudé
o
de mostrar que existe urna ra-zão parao
fato
de nossas recordações da. infância geralmente apresentarem umcará-ter
fragmentárioe
indiferente(Freud,
Uber Deckerinnerungen,p.531).
A
justifì-cativaé
serem "recordações encobridoras"(em
alemão, "Deckerinnerung"). Estetermo
foi
cunhadopor Freud a partir do
verbo"decken",
intimamente associadoa três outros
verbos: "bedecken"(encobrir),
"verhuellen"(ocultar) e
"schuetzen"(proteger).
A
escolha nÍÍo poderia ser mais apropriada, pois de fato encontramos os três traços semânticosno
conceitode
recordações encobridoras. Elas encobremou-tras
representaçõese
ao
fazê-lo produzemum
ocultamento, graças ao qualprote-gem
o
sistema psíquico do desprazer que seria gerado caso nâ'o se produzisseo
ocul-tamento.Na
recordação encobridora analisadapor Freud telnos
três tnomentos que me-recem ser examinados ern detallrc.No
prirneiro,há
unra recordaçãoinfantil
ondecertos e.lementos apresentam-se extremamente claros:
o
sabor do pâ'o e o amarelo dasflores((foer
Deckerinnerungen,p.54l). A
cena inicia-se com a retirada das flores rlalnão de urna menina.
No
segundo momento, ele reconhece que a recordaçâ'o surgiu apartir de .utna cena onde também há um elemento extremamente claro: o amarelo do vestido ([Jber Deckerinnetungen,
p.
5a3). Finalmente, uma terceira recordação,pos-terior
à segunda,
onde
se descobreo
elo
intermediário entre as duas primeiras: oúnico praze
r
deixado ao sujeito erao
de escalar montanhas onde havia umaflor
que,ao pé
da nrontanha,teln
o
alnarelo da primeira recordação e,no
cimo,o
amarelodo
vestido. Também se revela apartir daí
um desinteres,s.edo
zujeito, que éo
pró-prio
Freud, tanto
pelo dentede-leão conro pela jovem (Uber Deckerinnerungen, p.s44).
Novanrentc
é
possível analisar os deslocamentos semânticos produzidosutilizan-do
o
esquema da carta52. Aqui,
no
entauto, é necesário reconhecer que a pertur-bação sc instalana
rclação entre a representaçãodo
objeto e a representação da pa-lavra,ou
scja, trata-se de uma afasia simbólica. O sujeito desconheceo
referente desua fala.
No
caso anterior, ele conheciao
objeto, mas havia perdido a possibilidade de nomeá-lo.Aqui,
ele nomeia algo, mas não sabeo
quê. Quando Freud realizou a primeira viagenrde volta
a sua terra natal, apaixonou-se pela moçae
culpouo
pai pela situação econônrica emque
se encontrava. Contudo,no
lugardo
desejo pela jovenr edo ódio
ao pai, produz-se uma cena furfantil, ondeo
arrebatar as floressig-nilica
p<lssuir ajovcm,
eo
pã'o delicioso, unra situação econômicamais
favorável(Uber
Deckerittnerungen,p.
5a5).
Contudo seriamuito
estranho setudo
seresol-vesse nesse
jogo de
sinrples substituições.Afinal de
contas,Freud
sabia, desde o prirneiro instante,que
se scntira atraído pelajovem
e
que
recriminarao
seu pai.Portanto
esses elemerrtosnão
podernser
responsabilizados pela distorçâ'oprodu-zida.
A
motivação estána
relação que esses ele¡nentos criaram com outros cuja tra-dução parao sistema
pré-consciente se acha bloqueada: os desejos de possuir a mãee
de nrataro pai.
O carâter
primordial e
estruturante desses desejos está assinalado pelos elementos quase alucinatórios presentes na recordação infantil.FI
12
OsmYr Faria Gabbi Jr'tural entre sonho e sintoma e que garantem
stulação
do
Ptazer naneu-rose abriu espaço
para
eformaro
desejo' ou seja'seria possível
ter
uma
o
produto de
algo que sóteve a possibilidade
de
Cõntr¡do Freud não chegaaté aí,porque
,, ugurt
d.a cena de sedução' As coisas sô se trans' formarncom
adescob
t
tnfutttif e
da postulaçãodo Édipo'
Atra-vés desses conceitos, a memória adquire uma função
dações de coisas que nunca existiram' que só eram p
taa'.*
deformadas. Duranteos três
períodos existe;;;;;;rr.
Massó a partir
deum
momento bem precisofoi
possível aPafecer amemória
do
desejo,;"';;i;,
u
memoria daquilo que só teve uma possibilidade de existir.LISTA BIBLIOGRÁFICA
I
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Zur psychotr.'iä-¿n¡tírìi¡i
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Frankfurt amMain. S, Fische¡, l9'l7,PP. 252-3\2'
4 _ .
"'
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-
,n
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