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Análise do ecossistema empreendedor brasileiro e dos fatores críticos de sucesso para a gestão de incubadoras de empresa

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Mecânica

MARIO CESAR DA SILVA

Análise do Ecossistema Empreendedor

Brasileiro e dos Fatores Críticos de Sucesso

para a Gestão de Incubadoras de Empresa

CAMPINAS

(2)

Análise do Ecossistema Empreendedor

Brasileiro e dos Fatores Críticos de Sucesso

para a Gestão de Incubadoras de Empresa

Orientador: Prof. Dr. Rosley Anholon

CAMPINAS 2017

Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Doutor em Engenharia Mecânica na Área de Matérias e Processos de Fabricação.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO MARIO CESAR SILVA E ORIENTADA PELO PROF. DR. ROSLEY ANHOLON.

... ASSINATURA DO ORIENTADOR

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(4)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MANUFATURA E MATERIAIS

TESE DE DOUTORADO

Análise do Ecossistema Empreendedor

Brasileiro e dos Fatores Críticos de Sucesso

para a Gestão de Incubadoras de Empresa

Autor: Mario Cesar Silva

Orientador: Rosley Anholon

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Tese:

__________________________________________ Prof. Dr. Rosley Anholon, Presidente

Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Engenharia Mecânica

__________________________________________ Prof. Dr. Iris Bento da Silva

Universidade de São Paulo – Campus São Carlos

__________________________________________ Profa. Dra. Rita de Cássia da Silveira M. Bittar

Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Faculdade de Tecnologia - Campus Resende

__________________________________________ Prof. Dr. Carlos Raul Etulain

Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Ciências Aplicadas

__________________________________________ Prof. Dr. Robert Eduardo Cooper Ordoñez

Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Engenharia Mecânica

A ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

(5)

Ao Prof. Dr. Rosley Anholon cujas orientações e intervenções foram cruciais para que este trabalho pudesse caminhar e ser concluído.

Agradeço ao Prof. Dr. Rubens Caram pelo estímulo para a realização deste doutorado.

Ao Prof. Dr. Dirceu Silva por sua inestimável contribuição para a correta aplicação das ferramentas estatísticas.

À Mestranda Izabela Rampasso pelo discreto e fundamental suporte aos encaminhamentos desta pesquisa.

À Profa. Andrea Maria Biondo por sua precisão linguística e orientação para a melhor e mais clara redação.

Aos respeitabilíssimos autores referenciados nesta tese, aos entrevistados e às incubadoras de empresa visitadas que tanto contribuíram com informações e conhecimentos.

A todos os familiares, amigos e colegas que, mesmo que indiretamente e involuntariamente, me proporcionaram alguma lucidez para conduzir este trabalho.

Ao Engo. Ilson Gonçalves de Moraes (in memoriam) por ter me despertado, desde muito cedo, o amor aos estudos.

Graças a Deus, às Marias e a todas as divindades pela essência de alma e de sanidade que me proporcionaram no período desta pesquisa.

(6)

Esta pesquisa teve como objetivo analisar o Ecossistema Empreendedor Brasileiro e os Fatores Críticos de Sucesso (FCS) para as incubadoras de empresa. Tanto a análise deste ecossistema empreendedor quanto o estudo dos referidos FCS deram-se por meio de surveys realizadas junto a 74 profissionais qualificados e envolvidos com incubadoras de empresa. Para a análise do Ecossistema Empreendedor Brasileiro, utilizou-se do modelo teórico proposto por Bitencourt

et al. (2014), adaptado de Isenberg (2011), e da análise de dados via Modelagem de Equações

Estruturais. Para os FCS, aplicou-se uma revisão sistemática da literatura, por meio da qual foram identificados 29 FCS e realizou-se uma análise de dados via Análise Fatorial Exploratória. Os resultados evidenciaram um ecossistema empreendedor que, apesar de possuir possibilidades de melhorias, se mostra adequado ao desenvolvimento das incubadoras brasileiras de empresa. Ainda, tais resultados permitiram, baseado em análise estatística, validar 19 dos 29 FCS apontados pela literatura, sendo possível agrupar os mesmos em 7 constructos temáticos. De forma complementar, estes 19 FCS validados foram utilizados como protocolo de pesquisa para a realização de 12 Estudos de Caso em incubadoras de empresa das regiões Sul e Sudeste do Brasil. A contribuição desta pesquisa reside na validação de um modelo útil para a análise do desempenho do Ecossistema Empreendedor Brasileiro e na validação de FCS para a realidade das incubadoras de empresa, algo inexistente na literatura até o presente momento, o que reforça, também, a sua originalidade.

Palavras-chave: ecossistema empreendedor, incubadoras de empresa, Fatores Críticos de

(7)

This research aimed to analyze the Brazilian Entrepreneurial Ecosystem and the Critical Success Factors (FCS) for business incubators. Both the analysis of this entrepreneurial ecosystem and the study of the mentioned FCS were obtained through surveys conducted with 74 qualified professionals and involved with business incubators. For the analysis of the Brazilian Entrepreneurial Ecosystem, it was used the theoretical model proposed by Bitencourt

et al. (2014), adapted from Isenberg (2011), and from data analysis via Modeling of Structural

Equations. For the FCS, a systematic review of the literature was applied, through which 29 FCS were identified and a data analysis was performed via Exploratory Factor Analysis. The results showed an entrepreneurial ecosystem that, although it shows possibilities for improvement, is suitable for the development of Brazilian incubators. Moreover, these results allowed, based on statistical analysis, to validate 19 of the 29 FSCs indicated in the literature, grouped them in 7 thematic constructs. Complementarily, these 19 validated FCS were used as a research protocol for carrying out 12 Case Studies in incubators of companies in the South and Southeast regions of Brazil. The contribution of this research resides in the validation of a useful model for the analysis of the performance of the Brazilian Entrepreneurial Ecosystem and in the validation of FCS for the reality of the business incubators, something that is not found in the literature until the present moment, which also reinforces its originality.

Keywords: entrepreneurial ecosystem, business incubators, critical success factors, structural

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Figura 2.1 Distribuição percentual das incubadoras no mundo. 38

Figura 2.2 Ecossistema empreendedor segundo: (a) Isenberg (2011) e (b) Bitencourt et al. (2014). 41

Figura 2.3 Interação a partir do suporte incubadora. 44

Figura 2.4 Objetivos estratégicos e Fatores Críticos de Sucesso. 45

Figura 3.1 Classificações de pesquisa por critérios clássicos. 68

Figura 3.2 Estrutura da pesquisa. 70

Figura 3.3 Idade das publicações. 72

Figura 3.4 Distribuição anual das publicações. 73

Figura 3.5 Meios consultados. 73

Figura 3.6 Distribuição temática. 74

Figura 3.7 Distribuição geográfica dos artigos. 74

Figura 3.8 Caracterização da amostra em função da atuação do profissional. 77

Figura 3.9 Caracterização da amostra em função da formação do profissional. 77

Figura 4.1 Modelo do ecossistema empreendedor para incubadoras estruturado no Software SmartPLS 2.0. 92

Figura 4.2 Modelo do Ecossistema Empreendedor Brasileiro para incubadoras de empresa com os respectivos coeficientes de caminho. 97

(9)

Quadro 2.1 Construtos que compõem um ecossistema, conforme Isenberg (2010, 2011). 24

Quadro 2.2 Pontos importantes na estruturação de um ecossistema segundo Yaribeigi et al. (2014). 27

Quadro 2.3 Análise comparativa baseada em indicadores de empreendedorismo. 30

Quadro 2.4 Medidas para o desenvolvimento de incubadoras. 36

Quadro 2.5 Fatores Críticos de Sucesso para as incubadoras de empresa. 46

Quadro 2.6 Fatores Críticos de Sucesso (FCS) levantados na literatura. 48

Quadro 3.1 Bases científicas consultadas. 71

Quadro 3.2 Variáveis utilizadas na estruturação do questionário – Parte 1 e na MEE. 75

Quadro 3.3 Etapas para a Modelagem de Equações Estruturais. 82

Quadro 3.4 Fatores Críticos de Sucesso utilizados na estruturação do questionário – Parte 2.83 Quadro 3.5 Escala para o índice KMO. 86

Quadro 3.6 Etapas para a realização da Análise Fatorial Exploratória. 89

Quadro 4.1 AVE, CC, R2 e AC para os constructos. 93

Quadro 4.2 Cargas cruzadas para cada variável em função do constructo. 93

Quadro 4.3 Valores de t entre variáveis e constructo e entre constructo e modelo decorrentes da técnica de reamostragem. 95

Quadro 4.4 Comunalidade e redundância geral para cada constructo. 96

Quadro 4.5 Médias obtidas para cada variável e para os constructos. 98

Quadro 4.6 Índice KMO para cada variável na matriz anti-imagem de correlações eproduzidas na primeira tentativa. 101

Quadro 4.7 Valores de comunalidade para as variáveis estudadas na segunda tentativa. 102

Quadro 4.8 Matriz anti-imagem de correlação para as variáveis restantes estudadas. 103

Quadro 4.9 Valores de comunalidades para as variáveis restantes estudadas. 103

Quadro 4.10 Variância Total Explicada pelos 7 componentes com autovalores superiores a 1,0. 104

Quadro 4.11 Matriz componente rotativa e cargas fatoriais superiores a 0,6. 105

Quadro 4.12 Apresentação dos fatores críticos validados. 106

Quadro 4.13 Síntese do grau de observância do Fator Crítico de Sucesso (variáveis) para as incubadoras estudadas. 123

Quadro 4.14 Diagrama de cores destacando a observância de cada Fator Crítico de Sucesso (variáveis) para as incubadoras estudadas. 124

(10)

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas AC - Alfa de Cronbach

AFE - Análise Fatorial Exploratória

ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores AVE - Average Variance Extracted

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CC - Confiabilidade Composta

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico FCS - Fatores Críticos de Sucesso

Finep - Financiadora de Estudos e Projetos GEM - Global Entrepreneurship Monitor GoF – Goodness of Fit

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INBIA - International Business Innovation Association KMO - Kaiser-Meyer-Olkin

MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação MEE - Modelagem de Equações Estruturais

MPT - Ministério Público do Trabalho

OECD - Organisation for Economic Co-operation na Development ONG - Organizações Não-Governamentais

OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público R - Coeficiente de Correlação de Pearson

SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE STF - Supremo Tribunal Federal

TEA - Total Entrepreneurial Activity Rate

(11)

1 INTRODUÇÃO 14

1.1 Contexto 14

1.2 Problema de pesquisa 16

1.3 Objetivos principais 17

1.4 Objetivos específicos 17

1.5 Justificativa e originalidade da pesquisa 18

1.6 Estrutura da tese 18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 19

2.1 Empreendedorismo, inovação e o papel das incubadoras de empresa 19

2.2 Ecossistema empreendedor 22

2.3 Estruturação e avaliação de ecossistemas empreendedores 26

2.4 Análise do Ecossistema Empreendedor Brasileiro 30

2.5 Incubadoras de empresa 32

2.5.1 Origem e principais gerações das incubadoras de empresa 32

2.5.2 Definições e características das incubadoras de empresa 35

2.5.3 A relação entre as incubadoras de empresa, o SEBRAE e a ANPROTEC 38

2.6 O modelo de ecossistema empreendedor para as incubadoras de empresa 41

2.7 Fatores Críticos de Sucesso para as incubadoras de empresa 45

2.7.1 FCS1: Existência de políticas claras por parte da incubadora 51

2.7.2 FCS2: Existência de metas bem definidas a serem alcançadas pelas incubadoras 51

2.7.3 FCS3: Conhecimento das necessidades de desenvolvimento tecnológico da região onde a incubadora está inserida 52

2.7.4 FCS4: Reserva de vagas para empresas com projetos correlatos às necessidades da região onde a incubadora está instalada 52

2.7.5 FCS5: Análise da contribuição do impacto das atividades da incubadora na região onde está inserida 52

(12)

2.7.7 FCS7: Suporte da comunidade nas atividades desenvolvidas pela incubadora 53

2.7.8 FCS8: Ensino e difusão do empreendedorismo por parte da incubadora 54

2.7.9 FCS9: Acesso a recursos para desenvolver projetos da incubadora 54

2.7.10 FCS10: Sustentabilidade financeira da incubadora 54

2.7.11 FCS11: Integrar rede estabelecida de empreendedorismo no estado onde a incubadora atua 55

2.7.12 FCS12: Gerente capacitado e com experiência focada na gestão de incubadoras 55

2.7.13 FCS13: Equipe de gestão dinâmica e qualificada 56

2.7.14 FCS14: Existência de atividades que estimulam a criatividade e a integração das empresas incubadas 56

2.7.15 FCS15: Avaliações periódicas realizadas pela gerência sobre o desempenho das incubadas 57

2.7.16 FCS16: Desenvolvimento de parcerias internacionais 57

2.7.17 FCS17: Oferecimento de consultorias focadas nas necessidades de cada empresa incubada 58

2.7.18 FCS18: Possibilitar diferentes períodos de incubação de acordo com as características de cada empresa 58

2.7.19 FCS19: Existência de serviços de pré e pós-incubação 59

2.7.20 FCS20: Nível do mix de serviços oferecidos pela incubadora às empresas incubadas 59

2.7.21 FCS21: Instalações disponibilizadas pela incubadora 60

2.7.22 FCS22: Interação com outras incubadoras 61

2.7.23 FCS23: Desenvolvimento de uma imagem de sucesso da incubadora 61

2.7.24 FCS24: Intenso fluxo de informação entre a gerência e as empresas 61

2.7.25 FCS25: Parceria sólida e transparente entre a mantenedora da incubadora e sua gerência 62

2.7.26 FCS26: Contar com um conselho de orientadores externos atuante 62

2.7.27 FCS27: Estímulo para a participação em redes virtuais de empresas pré-incubadas, residentes e pós-incubadas 62

(13)

2.7.29 FCS29: Localização próxima a centros de pesquisas e/ou universidades 63

3 MÉTODO DE PESQUISA 65

3.1 Classificação da pesquisa 65

3.1.1 Classificação da pesquisa descrita por esta tese 65

3.2 Visão macro das etapas desenvolvidas na pesquisa 69

3.3 Descrição das etapas desenvolvidas nesta pesquisa da pesquisa 71

3.3.1 Detalhes sobre revisões da literatura 71

3.3.2 Estruturação dos questionários de pesquisa, seleção da amostra e coleta de dados 75

3.3.3 Estudos de Caso 90

3.3.4 Análise dos resultados e debates 91

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 92

4.1 Análises do Ecossistema Empreendedor Brasileiro 92

4.2 Resultados para a análise dos Fatores Críticos de Sucesso associados à gestão das incubadoras de empresa 100

4.3 Estudos de Caso de incubadoras brasileiras de empresa 110

4.3.1 Descrição dos Estudos de Caso 111

4.3.2 Debates sobre os Estudos de Caso relativos às incubadoras visitadas e analisadas 125

5 CONCLUSÕES 131

REFERÊNCIAS 134

APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - original 147

(14)

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contexto

Dados da Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2015) evidenciam o Brasil como um país com grande intenção para empreender, visto que sua Taxa de Atividade Empreendedora (TEA) corresponde a 21%. A TEA pode ser entendida como o percentual da população economicamente ativa de 18 a 64 anos que está diretamente envolvida em algum tipo de negócio (Tietz et al. 2015; GEM, 2015). Apesar desta realidade aparentemente favorável, entretanto, a mesma pesquisa aponta que grande parte destes empreendedores atua de maneira informal e são motivados pela necessidade de renda e não pela oportunidade de negócios. Mesmo quando formalizados, praticamente um quarto dos negócios brasileiros tem sua mortalidade decretada após dois anos de existência, como demonstra pesquisa conduzida pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2016). Esta dualidade abre questionamentos sobre a real situação do Ecossistema Empreendedor Brasileiro e faz com que pesquisadores direcionem-se para conhecer suas deficiências, suas potencialidades e novas formas de avaliá-los.

A análise do ecossistema empreendedor é o primeiro passo para se estruturar um ambiente propício para o surgimento de novos negócios (BØLLINGTOFT; ULHØI, 2005; IRINA; ALINA, 2015; HAYTER, 2016). Para Isenberg (2011), um ecossistema empreendedor é constituído por seis grandes constructos, sendo eles Políticas (fatores relacionados às regulamentações governamentais, incentivos fiscais e outras estratégias para incentivar o empreendedorismo), Finanças (estrutura para atrair pequenos investidores, investidores anjos, grandes fundos de equity private, entre outros), Cultura (como é a tolerância ao erro, quão valorizado são os empreendedores de sucesso, qual é ambição da população para empreender, entre outros), Apoio (como se dá o apoio do ponto de vista de infraestrutura e a serviços profissionais às empresas nascentes), Capital Humano (aborda questões relacionados à formação profissional para o empreendedorismo e treinamentos) e Mercados (parâmetros relacionados à regionalização da economia, diversificação, entre outros).

De forma um pouco mais ampla, Garud et al. (2014) concordam com este ponto de vista ao mencionar que um ecossistema empreendedor é composto por diferentes partes interessadas, incluindo empreendedores, investidores, os responsáveis pelo estabelecimento de leis e diretrizes públicas, agências de suporte e a população em geral. Para Autio et al. (2014) e Holienka (2015),

(15)

ao se corrigir as deficiências em cada uma destas partes pode-se evoluir e prosperar tanto do ponto de vista qualitativo quanto quantitativo. Ademais, Holienka (2015), citando a teoria de Baumol (1996) menciona ainda a hipótese de que um ecossistema empreendedor não deve fornecer aos empresários os objetivos a serem seguidos, mas sim as regras e possibilidades de forma clara para que cada um deles desenvolvam seus próprios negócios.

Dentro de um ecossistema empreendedor, muitos são os mecanismos utilizados para auxiliar o desenvolvimento de novas empresas, dentre os quais se destacam as incubadoras de empresa (VANDERSTRAETEN; MATTHYSSENS, 2012; SHEPARD, 2013; ALBORT-MORANT; OGHAZI, 2016; McADAM; McADAM., 2008; RUBIN et al., 2015). Uma incubadora de empresas, segundo Chandra e Fealey (2009), pode ser definida como uma organização que favorece a criação e o desenvolvimento de novos negócios, em especial aqueles com intensivo conteúdo intelectual e inovador. Por meio de avaliações, orientações, consultorias, entre outras atividades têm-se o ambiente propício para o fortalecimento das empresas nascentes (SHEPARD, 2013; BARALDI; HAVENVID, 2016).

Para Al-Mubaraki e Busler (2012), as incubadoras de empresa são utilizadas como instrumentos para o desenvolvimento de companhias empreendedoras em todo o mundo e podem ser de caráter público, privado, econômico ou social. Seu principal objetivo é a maturação de companhias nascentes por meio de um sólido programa de suporte, ajudando as mesmas no estabelecimento e crescimento. Cooper et al. (2012) e Rubin et al. (2015), além das características mencionadas pelos autores anteriores, também definem uma incubadora de empresas como um ambiente inovador, no qual a simples aproximação física entre empresas com objetivos similares acaba por criar uma atmosfera empreendedora. O crescimento na utilização deste mecanismo de apoio dentro dos ecossistemas empreendedores a partir dos anos 2000 fez com que o tema ganhasse notoriedade e passasse a ser amplamente estudado no mundo acadêmico (RUBIN et al., 2015).

Em relação ao número de incubadores presentes no Brasil atualmente, observam-se dados discordantes. O dado de maior credibilidade refere-se ao último censo realizado pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC) em 2012. Segundo este último estudo, nesta ocasião, o Brasil possuía 384 incubadoras (ANPROTEC, 2016) em relação a um total de 5.000 incubadoras presentes no mundo (COOPER et al., 2012), caracterizando-se, assim, um percentual de 7,7% em relação ao total. Para efeitos de comparação, nesta mesma ocasião segundo Bruneel et al. (2012), os Estados Unidos possuíam 1400 incubadoras (28% em relação ao total) e a Europa, 900 incubadoras (18% em relação ao total).

(16)

Autio et al. (2014) alegam que um bom desempenho das incubadoras de empresa de um país contribui positivamente para o desenvolvimento de um ecossistema empreendedor e, neste sentido, faz-se interessante o estudo dos Fatores Críticos de Sucesso que possibilitem tais instituições atingirem seu máximo desempenho. Para que isto ocorra, contudo, é necessária a existência de um mínimo desenvolvimento dos atores que compõem este ecossistema, de forma que ele aproveite das incubadoras de empresa para sua evolução e vice-versa.

Assim, mediante ao exposto, define-se como temática desta tese o estudo dos Fatores Críticos de Sucesso para as incubadoras de empresa brasileiras, sendo este estudo precedido de uma análise do ecossistema empreendedor do nosso país.

1.2 Problema de pesquisa

Pesquisa realizada pelo GEM (2015) acerca dos ecossistemas empreendedores de 62 nações coloca o Brasil em um estágio intermediário de desenvolvimento, apresentando ainda algumas deficiências e oportunidades de melhorias. Esta pesquisa, no entanto, apresenta uma abordagem bem ampla do Ecossistema Empreendedor Brasileiro, o que desperta, nesta tese o interesse de analisar mais detalhadamente o desempenho deste ecossistema e das incubadoras de empresa, sob a ótica dos profissionais que lidam com estas organizações.

Bitencourt et al. (2014) procuraram adaptar de forma teórica o modelo de ecossistema empreendedor de Isenberg (2011) ao cotidiano das incubadoras de empresa, descrevendo quatro variáveis críticas para cada constructo original. Assim, no constructo Apoio, as variáveis fazem referência ao (1) apoio à prática empreendedora, (2) ao auxílio dados às incubadoras, (3) à infraestrutura oferecida e (4) ao apoio jurídico e especializado ofertado. No constructo Cultura, fazem referência ao (1) estímulo dado à inovação, criatividade e experimentação, (2) à tolerância ao erro, (3) ao status social que é dado ao empreendedor e (4) à difusão de casos de sucesso. No constructo Finança, faz referência (1) à oferta de microcrédito, (2) ao capital para iniciantes, (3) ao desenvolvimento de fundos de investimentos e (4) ao mercado de capitais. No constructo Governo, faz referência aos (1) incentivos e legislação atrelado ao empreendedorismo, (2) ao apoio de seed money (capital pré-operacional para despesas como construção de protótipos e pesquisa de mercado), (3) ao desenvolvimento de instituições de pesquisa e (4) às políticas voltadas para o empreendedorismo. No constructo Capital Humano, faz referência à (1) formação profissional e acadêmica, (2) aos treinamentos oferecidos, (3) à qualificação da força de trabalho e (4) às políticas para a criação de empreendedores em série. Por fim, o último constructo denominado Mercado, faz referência às (1) oportunidades na economia brasileira, (2) às

(17)

contribuições de companhias multinacionais, (3) à diversificação e regionalização e (4) à criação de novos mercados.

Há de salientar, contudo, que Bitencourt et al. (2014) não realizaram uma validação estatística de tal escala e, mediante a esta situação, emergem alguns questionamentos como: 1) o modelo teórico proposto por Bitencourt et al. (2014) adaptado a partir de Isenberg (2011) realmente pode ser utilizado para avaliar o Ecossistema Empreendedor Brasileiro para as incubadoras de empresa? 2) em caso afirmativo, é possível evidenciar desbalanceamentos críticos entre os seis constructos propostos na visão de profissionais que lidam com as incubadoras de empresa?

Validado o modelo de ecossistema e sua capacidade de evidenciar possíveis desbalanceamentos, é útil verificar os estudos existentes acerca dos Fatores Críticos de Sucesso para as incubadoras de empresa brasileiras que descrevem Estudos de Caso apenas pontuais sobre organizações específicas que, apesar de importantes e válidos, não apresentam um panorama formal e amplo acerca do pensamento daqueles profissionais que lidam com as referidas incubadoras. Emerge-se, assim, uma terceira questão de pesquisa: 3) quais são os efetivos Fatores Críticos de Sucesso associados à gestão das incubadoras de empresa na visão dos mesmos profissionais supracitados?

1.3 Objetivos principais

Os objetivos principais são desmembrados a partir destas questões norteadoras mencionadas. Esta tese apresenta como objetivos principais (1) avaliar o Ecossistema Empreendedor Brasileiro na visão dos profissionais que lidam com incubadoras de empresa e (2) determinar os Fatores Críticos de Sucesso para a gestão das incubadoras de empresa.

1.4 Objetivos específicos

Caracterizam-se como objetivos específicos desta tese: (1) validação de um procedimento para avaliar o Ecossistema Empreendedor Brasileiro na visão das incubadoras de empresa valendo-se de modelo proposto por Biterncourt et al. (2014) e da técnica de Modelagem de Equações Estruturais (MEE/ Análise Fatorial Confirmatória); (2) Avaliar as variáveis validadas dentro de cada constructo estudado, identificando assim deficiências e oportunidades de melhorias; (3) definir os Fatores Críticos de Sucesso para a gestão das incubadoras de empresa, valendo-se da técnica estatística de Análise Fatorial Exploratória (AFE); 4) Realizar 12 Estudos

(18)

de Caso em incubadoras de empresa brasileiras a fim de traçar um panorama acerca de como os Fatores Críticos de Sucesso estão sendo implantados.

1.5 Justificativa e originalidade da pesquisa

Destacam Autio et al. (2014) e Holienka (2015) que, ao se corrigir deficiências de um ecossistema empreendedor evolui-se na estruturação para a formação de um ambiente propício à negócios inovadores, potencializados por instrumentos como as incubadoras de empresa (AL-MUBARAKI; BUSLER, 2012). Frente aos pressupostos apresentados por estes autores e a ampla realidade relatada pela pesquisa do GEM (2015), justifica-se o desenvolvimento desta tese, pois não existe na literatura acadêmica trabalho publicado que avalie o ecossistema empreendedor brasileiro na visão de profissionais que lidam com incubadora de empresa e uma análise ampla sobre os Fatores Críticos de Sucesso que conduzem à gestão eficiente destas organizações (MIGLIOLI, S., 2012). Trata-se, assim, de uma pesquisa nova que usa técnicas estatísticas inéditas para as temáticas em questão, a partir de uma amostra unicamente composta por profissionais qualificados do empreendedorismo e os resultados singulares alcançados poderão ser úteis para os gestores de incubadoras de empresas e para pesquisadores nas áreas de empreendedorismo e gestão.

1.6 Estrutura da tese

Esta tese está estruturada em cinco Capítulos. Este Capítulo 1 é o introdutório. No Capítulo 2 (Revisão Bibliográfica), é apresentada a revisão da literatura sobre ecossistemas empreendedores e incubadoras de empresa, procurando traçar um panorama atual e relevante sobre os conceitos utilizados nesta tese. O Capítulo 3 (Procedimentos Metodológicos) retrata a classificação da pesquisa segundo os critérios clássicos da metodologia científica, descreve as fases para a realização deste trabalho e as técnicas estatísticas que conferem a validade e a confiabilidade aos resultados apresentados. Os detalhes apresentados neste Capítulo têm o objetivo de permitir a replicabilidade da pesquisa por outros pesquisadores, caso assim desejem. As análises dos resultados, discussões e correlações com a literatura são desenvolvidas no Capítulo 4 (Resultados e Discussões) e, por fim, no Capítulo 5 (Conclusões), são apresentadas as principais conclusões obtidas, as considerações finais, as limitações da pesquisa e a proposição de trabalhos futuros.

(19)

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este Capítulo tem por objetivo apresentar definições, conceitos, teorias e o estado da arte acerca dos temas que delimitam a pesquisa. Os tópicos centrarão atenção nos estudos nacionais e internacionais acerca dos ambientes empreendedores (ecossistema empreendedor) e suas principais características e das incubadoras de empresa e seus Fatores Críticos de Sucesso.

2.1 Empreendedorismo, inovação e o papel das incubadoras de empresa

O termo empreendedor é de origem francesa "entrepreneur" e significa aquele ator econômico essencial para alavancar a sociedade de consumo de massa do século XX, por sua disposição de assumir riscos, uma vez que sua ação pode ser frustrada e não produzir fruto algum. Voluntariosamente lança mão de seus recursos financeiros, agrega recursos econômicos de terceiros e recursos sociais e os transforma ao criar novos valores de mercado, enriquecendo a sociedade (ÉDITIONS LAROUSSE, 2016). Por outro lado, Carpintéro e Bacic (2000, p. 8 e 9) interpretam o processo empreendedor como o produto de uma dinâmica social, política e econômica, por conta das “interações pessoais, profissionais, culturais e sociais e, parte de um processo integrado de desenvolvimento econômico e social” e das “políticas de incentivo ao empreendedorismo na sociedade como um todo através de distintos programas (desde universidades, institutos de pesquisa, órgãos de apoio, incubadoras, etc.)”, sendo o empreendedor não um indivíduo isolado, mas sim um agente integrado cooperativamente em “equipes de pessoas empreendedoras, econômica, social e culturalmente determinadas” (op. cit, p. 14) .

Criar novos valores de mercado, a inovação, segundo Schumpeter (1997), caracteriza-se como a construção de uma nova combinação produtiva mais eficaz do que a anterior, como fabricar um novo produto/serviço ou melhorar um já existente. A inovação revela um empreendedor dinamizando a economia e alterando a vida social ao criar valor (DRUCKER, 2013). Assim, para Schumpeter (1997), Giarola et al. (2013), Araújo e Onusic (2014), Bitencourt

et al. (2014), o empreendedor é essencialmente o agente da criação do novo e todo

empreendedorismo é inovador por sua essência.

A escola comportamentalista entende que o empreendedor é um líder criativo e persistente desejoso de realização e de sucesso; enquanto a visão econômica delineia o empreendedor como a força que impulsiona o desenvolvimento de um país na medida em que, por meio da inovação, gera mudanças na dinâmica do mercado de bens e de serviços (ARANHA, 2008)

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Schumpeter (1997), Dornelas (2002), Isenberg (2011), Arruda et al. (2013), Yaribeigi et

al. (2014), Bitencourt et al. (2014), Sheriff e Muffatto (2015) e Vogel (2015) afirmam que o

empreendedorismo é fonte de desenvolvimento e de empregos, uma solução para minorar crises econômicas. Carpintéro e Bacic (2000) concordam que há uma clara relação entre empreendedorismo e crescimento econômico (novos empreendimentos e empregos gerados), porém não necessariamente aliviam o desemprego. O processo empreendedor, por necessidade decorrente do desemprego e não por oportunidade de novos negócios, evidencia uma situação de disfunção de um sistema econômico que não cresce a taxas adequadas e não propicia o desenvolvimento econômico que proporciona melhores condições de vida da população. Portanto, cabe ao Estado, preponderantemente, e a outros agentes econômicos, políticos, sociais e educacionais dar atenção ao ecossistema empreendedor possível e adequado a cada país para promover os negócios oriundos dos empreendedores, buscando a inovação tecnológica e de processos e o desenvolvimento econômico.

Galindo e Méndez‐Picazo (2013), Jucevičius e Grumadaitė (2014), Rabelo e Bernus (2015) entendem que o empreendimento e a inovação são mutuamente complementares como faces de uma mesma moeda. Assim, ser empreendedor é ser o ator principal de um movimento produtivo em que a inovação está sempre presente.

Não basta desenvolver uma boa ideia e escrever um plano de negócio claro e convincente para conseguir desenvolver um empreendimento e levá-lo ao sucesso, segundo Lewrick et al. (2001) e Löfsten (2016). Os empreendedores devem ter uma preocupação especial na busca de um futuro sustentável, estando atento aos atributos básicos organizacionais que precisam mudar conforme as demandas dos ambientes externo e interno.

A inovação e o empreendedorismo são conceitos que frequentemente encontram-se associados, principalmente, ao mundo acadêmico e ao tecnológico, em que os estudos e as pesquisas diárias geram o conhecimento novo e a sua possível aplicação em proveito das pessoas e das instituições econômicas, governamentais e sociais. No mundo empresarial, contudo, falar em inovação chega a ser uma redundância, pois a diferenciação, a versatilidade, a flexibilidade e a competitividade exigidas dos empreendedores faz da inovação uma rotina a ser seguida, conforme pontua Schumpeter (1997) acompanhado de Giarola et al. (2013) e Araújo e Onusic (2014) e Löfsten (2016).

As inovações, o empreendedorismo e o desenvolvimento econômico mantêm entre si uma correlação importante (GALINDO; MÉNDEZ-PICAZO, 2013; ARAÚJO; ONUSIC, 2014; BITENCOURT et al., 2014), sendo que a inovação desempenha um papel predominante no

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processo de desenvolvimento econômico de um país e, neste processo, o empreendedor é o agente disseminador de novas tecnologias.

A correlação entre investimentos em pesquisa (baseado na proporção do investimento bruto em pesquisa e desenvolvimento para o PIB, em inglês proporção GERD - gross expenditure on

R&D para GDP – gross domestic product) e inovação estão comprovadas segundo Gackstatter et al. (2014). Entretanto, não é tão simples comprovar a correlação entre investimentos em

pesquisas e desenvolvimento econômico de um país, segundo os mesmos autores, o que delineia uma ação necessária de auxiliar as inovações alcançadas pelas iniciativas de pesquisa por meio de mecanismos eficazes como, por exemplo, as incubadoras de empresa. Pesquisa realizada com empresas americanas (AZEVEDO; GUTIERREZ, 2009) apontou uma relação direta, no longo prazo, entre investimentos em pesquisa e desenvolvimento e o crescimento dos seus lucros, como foram constatadas através dos testes em ambas as regressões, justificando os frequentes e intensos investimentos promovidos por aquelas empresas. Por outro lado, Queiroz, (2010) conclui, com ressalvas apontando como a da falta de padronização de demonstrações financeiras, não haver evidência na correlação entre investimentos em pesquisa e desenvolvimento e a taxa de crescimento de curto prazo nos lucros das empresas brasileiras por ele estudadas.

As incubadoras de empresa, ao reunir empreendimentos inovadores e levá-los à consolidação de empresas estáveis e sustentáveis, geram e mantêm empregos e produzem riqueza econômica, segundo Chandra e Fealey (2009) e Shepard (2013). A incubadora de empresa, de acordo com Chandra e Fealey (2009) pode ser definida como uma organização que promove a criação e desenvolvimento de novos negócios, especialmente aqueles com conteúdo intelectual e inovador intensivo. Por meio de avaliações, orientações, consultorias, entre outras atividades, elas são o ambiente propício para o fortalecimento das empresas nascentes (SHEPARD, 2013; BARALDI; HAVENVID, 2016). Portanto, para o desenvolvimento do empreendedorismo, dentro de um ecossistema empresarial, há alguns mecanismos auxiliares utilizados que buscam o desenvolvimento de novas empresas, com destaque às incubadoras de empresa que apoiam políticas públicas na dinamização da criação de empresas, produtos, renda, emprego e arrecadação tributária (VANDERSTRAETEN; MATTHYSSENS, 2012; SHEPARD, 2013; ALBORT-MORANT; OGHAZI, 2016; McADAM; McADAM, 2008; RUBIN et al., 2015).

A seguir, os tópicos apresentarão maiores detalhes sobre ecossistemas empreendedores e as incubadoras de empresa.

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2.2 Ecossistema empreendedor

A ciência da Ecologia, por várias décadas detentora de uma terminologia restrita, na década de 1960 forneceu repertórios aos movimentos ambientalistas e, de modo geral, municiou termos, como ecossitema, a outras áreas do conhecimento (VIGLIO; DA COSTA FERREIRA, 2013.). A ideia de fazer um paralelo do ambiente econômico dos negócios com o ecossistema natural aparece de forma bastante evidente nos estudos acerca do comportamento organizacional realizados por Moore (1993). Desde então, o termo ecossistema vem moldando diversas novas abordagens sobre o arranjo industrial no domínio econômico, sobre negócios em geral, negócios digitais, sistemas de inovação tecnológica e sobre o empreendedorismo, mesmo carecendo, por vezes, de uma conceituação mais clara (VOICU-DOROBANŢU, 2016). A abordagem do ecossistema empreendedor tenta superar análises e compreensões segmentadas e limitadas acerca do empreendedorismo, pois na perspectiva de um ecossistema, a multiplicidade e dinâmica de interações neste tecido complexo e aberto revelam possibilidades de intervenções de melhoria de desempenho mais efetivas para as realizações dos empreendedores (UHLMANN, 2002; STAM, 2015; HOLIENKA, 2015).

De acordo com Bøllingtoft (2012), Irina e Alina (2015) e Hayter (2016), a análise do ecossistema empreendedor é o primeiro passo na estruturação de um ambiente propício para o surgimento de novos negócios. Diversos são os tipos de ecossistemas e, ao discutirem o conceito de ecossistemas no domínio econômico, Pilinkienè e Mačiulis (2014) tratam das analogias e comparam diferentes ecossistemas, como o industrial, o de inovação, o de negócios, o de negócios digitais e o do empreendedorismo.

Os ecossistemas promovem o nível de produtividade das entidades, influenciando no desempenho da inovação e podem ter um efeito sobre os processos de negócios. A dinâmica do ecossistema muda os hábitos dos consumidores e dos fabricantes e pode ajudar a manter um nível de convivência sem devastar o meio ambiente. Por outro lado, um ecossistema empreendedor eficiente incentiva à criação de empresas e ao desenvolvimento em áreas específicas (PILINKIENÈ; MAČIULIS, 2014).

Os níveis de competitividade, de produtividade e de empreendedorismo são afetados pela saúde do ecossistema e mostram que o sistema pode ser um determinante importante de crescimento econômico sustentável. Em outras palavras, o impacto do ecossistema nos níveis micro e macro da atividade econômica depende da interação eficaz de agentes constituintes do sistema como em um ambiente natural. Fazendo uma analogia ao ecossistema natural, o isolamento de um ator pode causar consequências negativas, incluindo o efeito sobre a saúde do

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sistema. Cada componente ou agente do sistema não pode funcionar bem em separado; a sinergia só é conseguida por meio de um relacionamento, que opera em um ambiente dinâmico, competitivo, mas também cooperativo (PILINKIENÈ; MAČIULIS, 2014).

Para Isenberg (2010), da Babson College, uma verificação da robustez de um ecossistema empreendedor passa pela avaliação de alguns elementos essenciais como:

a) A ação efetiva de gestores públicos e da máquina governamental, promovendo o empreendedorismo e removendo barreiras ao seu desenvolvimento.

b) A presença de valores, atitudes e comportamentos positivos para a atividade empreendedora, como a vontade de inovar e criar, a tolerância ao fracasso e o desejo de enriquecer; o conhecimento, a capacidade e a habilidade para desenvolver projetos.

c) A disponibilidade de recursos financeiros para empresas iniciantes.

d) A presença e atuação de organizações não governamentais, associações, entidades econômicas, instituições de ensino e pesquisa com interesse no empreendedorismo.

e) A concentração regional de atividades de pesquisa, desenvolvimento, ensino, produção, serviços de consultorias e assessorias, associações profissionais entre outros.

f) A existência de redes de relacionamentos locais, regionais e internacionais entre empreendedores.

g) A disponibilidade de um mercado de compradores qualificados para retroalimentar melhorias e com capacidade econômico-financeira para suportar as necessidades de caixa dos novos negócios.

Isenberg (2011) cria um diagrama com as seis dimensões ou pilares do ecossistema empreendedor, como resumido no Quadro 2.1, de forma a sistematizar e conferir uma percepção holística e interativa dos seus elementos essenciais e dos seus agentes. O ecossistema empreendedor, proposto por Isenberg (2011), desenvolve algumas percepções que afastam uma visão linear de encadeamento de interações como causa-efeito, possibilitando ao empreendedor pautar suas ações cotidianas referenciadas nas seis dimensões, interagindo simultaneamente com elas. Também, mostra um sistema complexo e com alto grau de incerteza que impulsiona o agir, o fazer para acontecer o que se busca, com o envolvimento de diversos agentes para efetivar os objetivos de cada um deles, muito além dos empreendedores, uma vez que todos, pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, têm o que ganhar com os resultados proporcionados pela produção sistêmica (ISENBERG, 2011; BRESCIANI, L. P.. et al., 2014).

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Quadro 2.1 Construtos que compõem um ecossistema, conforme Isenberg (2010, 2011).

Políticas Fatores relacionados com marcos regulatórios, incentivos fiscais e outras estratégias para incentivar o empreendedorismo.

Finanças Estrutura para atrair pequenos investidores, investidores anjo, grandes fundos de ações, entre outros.

Cultura Tolerância ao erro, reconhecimento social dos empresários bem-sucedidos, a ambição popular por empreender, entre outros.

Suporte Apoio do ponto de vista da infraestrutura e serviços profissionais para as empresas incubadas (startups).

Capital

humano Questões relacionadas à formação profissional para o empreendedorismo. Mercados Parâmetros relacionados com a regionalização da economia,

diversificação e outros.

Garud et al. (2014) e Holienka (2015) concordam com as proposições de Isenberg (2010 e 2011), e destacam ainda que um ecossistema empreendedor é composto por diferentes partes interessadas, incluindo empresários, investidores, pessoas responsáveis pelo estabelecimento de leis e políticas públicas, agências de apoio e da população em geral.

Theodotou et al. (2012), em concordância com Isenberg (2010 e 2011), Garud et al. (2014) e Holienka (2015), afirma que um ecossistema empreendedor consiste em dez componentes-chave, a saber: cultura; clientes e mercados; empreendedores e as suas startups; financiamentos de investidores anjo e investidores de risco; marco regulatório; contatos, mídia social , publicações, jornais, revistas, blogs, TV, rádio, entre outros; prestadores de serviços (contadores e auditores, advogados, consultores, seguradoras entre outros); universidades e instituições de pesquisa e desenvolvimento; e setor produtivo (câmara de comércio , associações empresariais, organizações não-governamentais, grupos empresariais informais, incubadoras, aceleradores e outros).

Também, Isenberg (2010 e 2011) e Yaribeigi et al. (2014) apontam que o ecossistema empreendedor tem três fatores chave: 1) massa crítica de empreendedores, empresas e instituições especializadas em um dado local; 2) uma densa rede de relacionamentos entre os atores; e, 3) uma cultura que reúna elementos incentivadores.

Para Autio et al. (2014) e Holienka (2015), um ecossistema empreendedor pode prosperar se cada uma de suas partes forem analisadas e melhoradas. Além disso, Holienka (2015), citando

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a teoria da Baumol (1996), também, menciona a hipótese de que um ecossistema empreendedor não deve oferecer aos empresários objetivos a alcançar, porém as regras e possibilidades claras para que cada um deles possa empenhar-se e desenvolver seus próprios negócios.

Um ecossistema empreendedor bem-sucedido é o resultado de uma longa evolução, e não há uma receita única que se adapte a todos os casos ou países (Holienka, 2015). Iniciativas de construir ecossistemas empreendedores podem falhar por razões como a falta de adaptações adequadas dos modelos existentes para uma cultura e um ambiente local e específico; a prevalência de uma visão restrita da natureza do processo de inovação, dos resultados esperados e do tempo necessário de amadurecimento do ecossistema, não obstante seja importante considerar sempre que há múltiplos caminhos para o sucesso dos empreendimentos (GACKSTATTER et al., 2014; KSHETRI, 2014).

Cada ator envolvido em um ecossistema empreendedor tem o seu próprio sistema individual e particularidades intrínsecas e metas pessoais, isto é, o ecossistema é um sistema de sistemas. Portanto, uma das dificuldades de uma construção de ecossistemas é o esboço de um quadro comum por meio do qual atores heterogêneos podem-se harmonizar (MORAES, 2015; RABELO; BERNUS, 2015).

Assim, desvendam-se as razões para o fracasso de construção de um ecossistema empreendedor e inovador que incluem: mentalidade inadequada para a inovação; falta de preparo dos atores e inadequadas estruturas legais para se trabalhar de forma coordenada, convergente e de um modo confiável; subestimação das dificuldades e do tempo requerido para atingir o nível necessário de habilidade; fluxo de caixa insuficiente ao longo de toda a cadeia de inovação; gestão do ecossistema como um empreendimento tradicional, sem compreender as características intrínsecas da necessária inovação; pouca diversidade no ambiente intelectual endógeno; tentativa de replicar casos de sucesso sem entender as especificidades de cada ambiente; infraestruturas e instituições de apoio inadequadas; baixa qualidade de vida das cidades; inexistência de mecanismos abrangentes de transferência de tecnologia (LUNDVALL et al., 2002; HOWELLS, 2005).

Mason e Brown (2014, p. 5) procuram definir o ecossistema empreendedor como um “conjunto de atores interconectados empresariais (tanto existentes e quanto potenciais), organizações empresariais (por exemplo, empresas, capitalistas de risco, investidores anjos, bancos), instituições (universidades, órgãos públicos, organismos financeiros) e processos empresariais (por exemplo, a taxa de natalidade de negócios, número de empresas de alto crescimento, taxas de sucesso empreendedor, quantidade de reprodução de empreendedores, o grau de motivação para realizar negócios e os níveis de ambição empreendedora) que

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formalmente e informalmente se aglutinam para se conectar, mediar e gerir o desempenho dentro do ambiente empresarial local” e para Gobble (2014, p. 7) apud Szerb et al. (2015) tais ecossistemas “são sistemas complexos, adaptativos e reprodutivos onde mesma ação não produz os mesmos resultados, onde o comportamento do sistema não é a somatória de suas partes, onde acontecem disrupções e eclosões e onde efeitos ocorrem em diferentes condições de equilíbrio”.

2.3 Estruturação e avaliação de ecossistemas empreendedores

A literatura apresenta algumas iniciativas bem-sucedidas para a estruturação de um ecossistema empreendedor confiável e aberto, sendo elas: pouca burocracia e baixos custos de transação; fluxo de dinheiro ocorrendo ao longo de todo o processo de inovação; modelos de inovação e de negócios flexíveis; ambiente colaborativo e compartilhável; espírito empresarial justo; altruísmo, voluntarismo, parceria e liderança; instituições de apoio preparadas, tais como incubadoras de empresa; marcos legais adequados; regras de funcionamento claras e transparentes; equidade na gestão dos atores envolvidos no ecossistema empreendedor; atuação adequada nos níveis institucional e estratégico dos empreendimentos; respeito pelos direitos de propriedade intelectual e transferência de conhecimento; boa integração com a sociedade civil; diversidade da cultura e crenças; aceitação do fracasso como oportunidade de aprendizagem; boa infraestrutura para empreendedores e atmosfera social saudável (LUNDVALL et al., 2002; HOWELLS, 2005; RAHATULLAH, 2013).

Isenberg (2010) propaga que o empreendedorismo contribui para o desenvolvimento, para o aumento do produto e do emprego de um país; no entanto, necessita do envolvimento ativo do governo para ajudar a construir ambientes favoráveis à atividade empresarial criativa. Logo, aqui, o empreendedorismo reveste-se do sentido de criação e não de simplesmente iniciar uma atividade com foco econômico exclusivamente, como poderia se dar com o incentivo para microempresas de qualquer gênero e, mesmo mais especificamente, para microfanquias (THURIK; WENNEKERS, 2004; CHRISTENSEN et al., 2010), quando se concede o direito de operar um negócio utilizando marca alheia e condições do franqueador.

Cabe avaliar um ecossistema com base em suas potencialidades, não apenas em seus resultados, pois há condições que, se ajustadas e encaminhadas, podem fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso (BØLLINGHTOFT, 2012; IRINA; ALINA, 2015; HAYTER, 2016). Deste modo, atores sistêmicos como executivos, empresas familiares, universidades, sindicatos, fundações, investidores ajudam na criação de empresas inovadoras quando tomam a iniciativa de promover o aprendizado do empreendedorismo, promover eventos e políticas que estimulem um

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ambiente propício à concepção de novos produtos e de novas empresas. Portanto, os setores público e privado e as diversas instituições culturais, sociais, acadêmicas, entre outras, devem assumir as suas responsabilidades com clareza neste processo criador.

A clareza das necessárias ações destes atores surge da avaliação correta das variáveis sistêmicas. Novamente, ao abranger diversos atores do ecossistema empreendedor, importa lembrar o que Isenberg (2010) ressalta que não há uma regra ou um roteiro para criar, fomentar e desenvolver um ecossistema empreendedor, mas sim a pesquisa e as ações práticas, as tentativas são o caminho para o fortalecimento de um ecossistema empreendedor.

Yaribeigi et al. (2014) destaca alguns pontos importante na estruturação de um ecossistema empreendedor. Tais pontos são apresentados pelo Quadro 2.2.

Quadro 2.2 Pontos importantes na estruturação de um ecossistema segundo Yaribeigi et al.

(2014) 1 Não se deve copiar modelos bem-sucedidos;

2 Deve-se considerar na modelagem do ecossistema as condições locais; 3 Sempre envolver o setor privado ao longo de todo o processo;

4 Focar e alocar os recursos nos empreendedores ambiciosos que buscam mercados de alto potencial de crescimento;

5 Adotar um caso de sucesso local como estimulante para o ambiente de negócios;

6

Fomentar a mudança cultural (atitudes, valores e comportamentos) em favor do empreendedorismo, com as pessoas motivadas a fazer de sua profissão a criação de negócios empreendedores e inovadores;

7

Ensinar os empreendedores a trabalhar com recursos minimamente necessários e suficientes, de forma a exercitar a criatividade e a capacidade de se desenvolver apesar da escassez de recursos;

8 Identificar e fortalecer organizações setoriais preexistentes e não criar um ambiente artificial para negócios;

9 Revisar leis, regulamentos, processo e procedimentos burocráticos para que não atrapalhem ou impeçam o desenvolvimento dos empreendimentos.

Diferentes nações devem buscar construir ecossistemas empreendedores apropriados para estimular o surgimento de empresas bem-sucedidas. É necessário, portanto, avaliar e compreender as forças e fraquezas locais de uma região para fortalecer o seu ecossistema

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empreendedor, de acordo com as necessidades da realidade específica de cada lugar (ARRUDA

et al., 2013)

Castaño et al. (2015) reforçam que as condições econômicas e culturais são fatores do ecossistema empreendedor que, de fato, influem no desenvolvimento de novas empresas. É importante considerar as características e potenciais regionais, pois aumenta-se, assim, consideravelmente o potencial de bons resultados das novas empresas.

Aspectos atinentes a custos operacionais, disponibilidade de mão de obra, concentração de empresas concorrentes, densidade populacional, acesso a instituições de pesquisa podem afetar diretamente na sobrevivência dos novos empreendimentos (FRITSCH et al., 2006). Portanto, fatores governamentais, econômicos e tecnológicos acabam por contribuir para a ecologia de inovação de um país.

A força da ecologia de inovação de um país remete às possibilidades e oportunidades de um empreendedorismo sustentável. Muito embora a influência do governo e o ambiente econômico encorajem a ecologia de inovação, os recursos para pesquisa e desenvolvimento, o capital humano e o financiamento de negócios embrionários mostram-se indicadores-chave da inovação de acordo com Griffiths et al. (2009).

Quanto maior o grau de pesquisa e desenvolvimento, a disponibilidade de uma força de trabalho altamente qualificada e o montante de capital de risco público e privado para financiamento, maior é a probabilidade de que uma robusta ecologia nacional de inovação se consolide e conduza à criação de novas ideias de negócio e às oportunidades de crescimento. Os resultados das análises Griffiths et al. (2009) atentam para a grande importância do investimento em inovação para o crescimento e o desenvolvimento de novos negócios.

O exame do potencial do fluxo de influência das instituições formais e informais e do desenvolvimento econômico sobre o comportamento produtivo de negócios, em nível nacional, proposto por Ostapenko (2015), indica que o desenvolvimento econômico provoca mudança nas instituições e estas influem no empreendedorismo. A produtividade dos negócios de determinado país é afetada de modo direto e simultâneo pela cultura nacional, pelas instituições formais e órgãos de desenvolvimento econômico. Assim, desenvolvimento econômico muda a cultura nacional, ao reescalonar valores e reposicionar atitudes, e, como consequência, as regras do domínio econômico mudam também, afetando a produtividade dos negócios (PORTER, 2007 e OSTAPENKO, 2015).

Carayannis et al. (2012) acreditam que um ecossistema empreendedor deve ser orientado pelo conceito de Quíntupla Hélice. Este conceito evoluiu a partir do conceito Tripla Hélice e mais tarde da Quádrupla Hélice. A Tripla Hélice liga o desenvolvimento de um ecossistema

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empresarial inovador às interações entre governo, empresas e universidades (SILVEIRA, 2007; JOHNSON, 2008). A Quádrupla Hélice acrescenta a perspectiva do conhecimento gerado e sua divulgação. Finalmente, a Quíntupla Hélice coloca em perspectiva os temas ecologicamente sensíveis (CARAYANNIS et al., 2012).

Ampliando a dimensão conceitual das “n” hélices, a aplicação da Teoria Geral dos Sistemas e da Teoria da Complexidade na avaliação e organização de ecossistemas de inovação propõem uma visão mais apurada e sensível dos fatores implicados no sucesso de empreendimentos inovadores (UHLMANN, 2002). Deve ser considerada a interação dos diversos fatores dentro e fora de subsistemas, como exemplo, os fatores culturais quando são avaliadas as atitudes tendentes à cooperação ou à competição (neste mesmo sentido, GACKSTATTER et al., 2014); os fatores econômicos e os fatores legais quando restringem ou liberam a criação e desenvolvimento de negócios. A consideração das dinâmicas de sistemas e subsistemas sociais na análise e formulação de políticas voltadas ao ecossistema empreendedor de uma região ou país supera as limitações de sistemas de inovação tradicionais como os das “hélices” que buscam soluções bem definidas e, frequentemente, lineares para a implantação e desenvolvimento de sistemas de inovação, ficando estes fragilizados diante de forças e mudanças de cenários não consideradas inicialmente (LI; MATLAY, 2006; BIANCHI, 2013; JUCEVIČIUS; GRUMADAITĖ, 2014).

Robertson et al. (2003) e Mason e Brown (2013) asseveram que as políticas públicas que dão suporte ao empreendedorismo necessitam despachar ações mais específicas, ajustadas aos casos singulares e que conduzam a uma maior efetividade do sucesso dos empreendimentos, considerando-se que as firmas de alto crescimento são heterogêneas e apresentam significativa dispersão de atividades.

Cabe salientar que essas firmas existem em todos os setores e não apenas estão confinadas nas indústrias de tecnologias de ponta. Também, as políticas públicas e seus instrumentos regulatórios devem considerar a necessária preservação e o cuidado com a aquisição das pequenas firmas de alto crescimento por empresas maiores, pois podem prejudicar o desenvolvimento de um novo empreendimento em uma dada região geográfica.

As políticas públicas podem estimular o crescimento e a sobrevivência de novos negócios e detectar os gargalos para os negócios que se iniciam, além de estabelecerem estratégias que promovam o empreendedorismo, atuando mesmo junto aos estudantes interessados em desenvolver atividades em suas startups, por meio das instituições de ensino superior (ROBERTSON et al., 2003; MASON; BROWN, 2013).

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2.4 Análise do Ecossistema Empreendedor Brasileiro

O conhecimento do ecossistema empreendedor pode ser um roadmap útil para a formulação de políticas nacionais em uma condição de empreendedorismo autossustentável (BØLLINGTOFT, 2012, IRINA; ALINA, 2015; HAYTER, 2016). A importância de um ambiente empreendedor produtivo é a sua capacidade de contribuir para o desenvolvimento econômico e para a geração de emprego e renda.

Concentrando-se especificamente na análise do Ecossistema Empreendedor Brasileiro, observam-se dados publicados pelo GEM (2015). Segundo a pesquisa do GEM, a Total

Entrepreneurial Activity Rate (TEA) brasileira é de 21%, mais de um quinto da população

economicamente ativa entre 18 e 64 anos de idade está envolvida em algum tipo de negócio (GEM, 2015; TIETZ et al., 2015). No Brasil, 55.5% da população percebe boas oportunidades para iniciar um empreendimento em sua região, 44,7% demonstram medo de falhar em um negócio e 50% imaginam ter habilidades e experiência para iniciar um negócio, o que coloca o país classificado, nesses indicadores, entre os melhores do mundo.

Por outro lado, apesar desta realidade aparentemente favorável, a mesma pesquisa mostra que a maioria desses empresários são informais por custos e burocracia para formalização e operação dos negócios legalizados. Mais de 40% são motivados pela necessidade e não pelo desejo primordial de empreender (GEM, 2015). Quase um quarto dos empreendimentos brasileiros, mesmo formalizados, encerram-se após dois anos de existência, como, também, mostra pesquisa conduzida pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2016). Esta aparente contradição acrescenta dúvidas acerca das condições reais do ecossistema empresarial brasileiro, suas oportunidades e deficiências.

O Relatório da OECD (2015) traz uma análise comparativa, baseada em indicadores de empreendedorismo, de diversos países. Dispõem-se a apresentar uma coleção de indicadores harmonizados propostos pelo Programa Eurostat de Indicadores de Empreendedorismo (EIP da OECD) e é relevante apontar algumas observações relativas ao Brasil, como pode ser visto, no Quadro 2.3, os principais pontos da análise a seguir.

Quadro 2.3 Análise comparativa baseada em indicadores de empreendedorismo. (Fonte:

OECD, 2015).

P1: em todos os países, as empresas de alto crescimento são mais prevalentes no setor dos serviços, exceto Brasil, Canadá, Letônia e Nova Zelândia, onde a maioria das empresas de alto crescimento estão no setor da construção civil.

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P2: de 2008 a 2012, nos países europeus, notou-se uma diminuição no número de grandes empresas manufatureiras e um concomitante aumento no número das pequenas e médias empresas, que podem ser resultantes do fechamento das grandes empresas. No mesmo sentido, houve uma queda no emprego nesses países, contrariamente na Alemanha e no Brasil.

P3: a rotatividade de emprego nas empresas brasileiras foi alta no período acima e tal rotatividade foi interpretada como reflexo de uma significativa dinâmica de negócios, principalmente na indústria da construção civil e nos serviços.

P4: as barreiras comerciais, tarifárias e de investimento estrangeiro cresceram no Brasil desde 2008, o que prejudica os negócios privados.

P5: a percepção de oportunidades e atitudes para empreendimentos no Brasil foram consideradas altas.

Na análise contextual de Marcotte (2014), considerando os conceitos de inovação de Schumpeter (1997), o Brasil apresenta uma situação de razoável proporção nos investimentos das empresas já estabelecidas em pesquisa e desenvolvimento, o que caracterizaria um posicionamento institucionalizado de inovação, não obstante uma baixa proporção de empreendedores criativos e inovadores e, mesmo de empreendedores em busca de ganhos econômicos, diante das lacunas de ofertas existentes nos seus mercados. Kirzner (2015) corrobora com as afirmações de Marcotte (2014).

No viés da inovação, tais avaliações sobre o Brasil abrangendo oferta de cientistas e engenheiros, qualidade de instituições pesquisa, número de patentes registradas, investimentos públicos em tecnologia avançada, investimentos privados em pesquisa e desenvolvimento, capacidade de inovação, convênios universidade-indústria voltados para pesquisas, indicadores de governança, contexto econômico e transparência do Estado, o Brasil é agregado em um cluster contendo a Rússia, a China, Hungria, Romênia, Turquia e Filipinas, segundo os estudos de Wiseman (2015).

O referido cluster é caracterizado por pontuações menores em quase todas as variáveis de medida da atividade empreendedora consideradas, exceto na razão moderadamente positiva do investimento em Pesquisa e Desenvolvimento para o Produto Interno Bruto. Segundo Marcotte (2014), está razão moderadamente positiva aponta para a possibilidade de prosperidade da atividade empreendedora inovadora de um país.

Neste mesmo sentido, Gackstatter et al. (2014) constatam o esforço de investimento em pesquisa e desenvolvimento no Brasil, porém em vez de acompanhar uma tendência do mundo

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ocidental em inovações pontuais e mais baratas, parece optar pelas inovações decorrentes de grandes projetos com tecnologia de ponta, o que pode delongar por muitos anos o surgimento de algum resultado importante, talvez, por isso o desenvolvimento tecnológico e a capacidade de aplicar os seus resultados parecem pouco efetivos.

Inegavelmente, tais dados e informações ajudam a contextualizar o ecossistema de empreendimentos do Brasil, muito embora alguns dados tragam uma realidade anterior à revelação de uma importante crise econômica e política a partir de 2014 que prejudicou e ainda prejudica o ecossistema empreendedor de nosso país. Para Galindo e Méndez‐Picazo (2013), a crise econômica de um país pode estimular o empreendedorismo de necessidade, mas parece desestimular o de oportunidade, baseado em soluções inovadoras.

Focando-se um pouco mais o ecossistema empreendedor atrelado ao desenvolvimento de parques tecnológicos e incubadoras de empresa, tema este que será detalhado em tópicos posteriores, existem críticas na forma com o mesmo está organizado. Uma das principais críticas é realizada por Da Silva e Dagnino (2011) segundo o qual no Brasil, a política de parques tecnológicos e incubadoras de empresa baseou-se em pressupostos estranhos à realidade brasileira e elabora, assim, uma crítica ao arranjo do Ecossistema Empreendedor Brasileiro, quando este desconsidera uma análise de política tecnológica ampla e busca compor abertamente o espectro de interesses de poder presentes na sociedade.

Vellenich e Santos Junior (2009) corroboram com esta posição e alegam que a concepção de parques tecnológicos que privilegia os interesses de grupos de poder local só pode levar a resultados pífios do ponto de vista da promoção do empreendedorismo inovador. As referidas concepções apenas emulam modelos internacionais de parques tecnológicos, porém ajustados no sentido de acomodar os interesses políticos de atores da comunidade de pesquisa e desenvolvimento, de entidades partidárias, econômicas e sociais locais. Portanto, a implantação de um parque tecnológico pode, ao contrário de promover a integração de esforços voltados para a inovação tecnológica, acabar por meramente atender a interesses diversos da ciência, da tecnologia e da economia produtiva, segundo os autores.

2.5 Incubadoras de empresa

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