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A necessidade da formação continuada na docência: perspectiva na educação a distância

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FORMAÇÃO DOCENTE

importância, estratégias e princípios

Volume 1

Marcos Pereira dos Santos

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Dados Internacionais de Catalogação (CIP)

Agência Brasileira do ISBN - Bibliotecária Priscila Pena Machado CRB - 7/6971

F723 Formação docente : importância, estratégias e princípios :volume 1 / org. Marcos Pereira dos

Santos. —— Curitiba : Bagai, 2O2O.

Inclui bibliografia. ISBN 978-65-87204-10-9

1. Professores - Formação. 2. Prática de ensino. 3. Professores – Aperfeiçoamento. I. Santos, Marcos Pereira dos. II. Título.

CDD 37O.71 https://doi.org/10.37008/BAGAI/978-65-87204-10-9.12.6.20

1.a Edição - Copyright© 2020 dos autores Direitos de Edição Reservados à Editora Bagai.

O conteúdo de cada capítulo é de inteira e exclusiva responsabilidadae do(s) seu(s) respectivo(s) autor(es). As normas ortográficas, questões gramaticais, sistema de citações e referencial bibliográfico são prerrogativas de cada autor(es).

Editor-Chefe Revisão Projeto Gráfico Imagem da Capa Conselho Editorial Cleber Bianchessi Os autores Agência Mirai Giuliano Ferraz

Dr. Anderson Luiz Tedesco – UNOCHAPECÓ Dr. Ademir A Pinhelli Mendes - UNINTER Dra. Camila Cunico - UFP

Dra. Elisângela Rosemeri Martins – UESC Dr. Helio Rosa Camilo - UFAC

Dra. Larissa Warnavin - UNINTER Dr. Marciel Lohmann - UEL Dr. Marcos A. da Silveira – UFPR Dr. Marcos Pereira dos Santos - UEPG

Dr. Ronaldo Ferreira Maganhotto – UNICENTRO Dra. Rozane Zaionz - SME/SEED

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A NEcESSidAdE dA formAÇÃo

continuada na docÊncia: PErsPEctiVa

NA EducAÇÃo A diSTâNciA

Everton Viesba32

marilena rosalen33

iNTroduÇÃo

Finalizado os anos 90, o mundo deu início a um “boom” de evoluções científicas e tecnológicas. mudanças que, até então, ocorriam de forma lenta e, de certa forma, planejada, passaram a acontecer “do dia para a noite”. em rápida analogia, considere, por exemplo, um paciente que entrou em sono profundo num hospital em 1970. Em dez, vinte anos depois, ao acordar, o paciente não encontraria tantas mudanças no mundo em que vive, salvo, é claro, pelos estilos musicais bem caracterís-ticos à época. Já na virada no milênio, considere um paciente na mesma condição de sono profundo, que venha a adormecer em 2000. enquanto adormecia, o MSN Messenger, criado em 1999, ganhou o mundo e se popularizou como principal programa de mensagens instantâneas. Quatro anos mais tarde, surge em Harvard o, hoje famoso, Facebook. Ainda em 2004 surge também o orkut, rede social que atingiu mais de 30 milhões de usuários no Brasil, desativada anos depois.

Se considerarmos que o paciente tenha acordado em cinco anos, teria pela frente grandes mudanças socioculturais as quais se adaptar, por exemplo, o uso habitual e quase inevitável do verbo “postar”, res-significado para a criação de “posts” nas redes sociais mencionadas. Noutro cenário, se acordasse em dez anos teria se deparado a diversas novas perspectivas, como no transporte com o surgimento da Uber, no setor de entrega de alimentos com o aplicativo iFood, na hotelaria com o Airbnb, nos próprios estilos de relacionamento com o Tinder,

32 Professor e Pesquisador. Pós-Graduado em Tecnologias e Formação em educação a Dis-tância. Mestrando em Ensino de Ciências, PECMA, UNIFESP. Professor da rede estadual de São Paulo. Coordenador adjunto do Observatório de Educação e Sustentabilidade da uNIFeSP. e-mail: evertonviesba@uol.com.br

33 Professora e pesquisadora do Programa de mestrado em ensino de Ciências, uNIFeSP. Coordenadora do Grupo de Pesquisa movimentos Docentes e do observatório de educa-ção e Sustentabilidade da uNIFeSP. e-mail: marilena.rosalen@gmail.com

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e tantas outras e inúmeras facilidades tecnológicas e sociais que sur-giram. Dito isto, observa-se que a evolução científica e tecnológica e a construção do conhecimento que os guia está ocorrendo de forma cada vez mais rápida e intensa. e isto nos leva a refletir sobre os processos educativos e sua importância.

Coube iniciar o capítulo desta forma, pois até a virada do milênio a noção de educação que predominava no mundo era de um punhado de conhecimentos que seriam utilizados da mesma forma, durante a vida inteira. Conhecimento baseado em conteúdos, que até então, era considerado fixo. e o que nos deparamos hoje é com uma educação que constrói e reconstrói, se modifica, se transforma, se adapta, evoluí, dia após dia. Ou, pelo menos, deveria.

Sabe-se que as mudanças globais ocorridas nas últimas décadas, e mais frequentes nos últimos anos, têm exercido grande pressão sobre os processos educativos, de homeschooling à violência nas esco-las, muitas são as problemáticas que envolvem a educação. Além de financiamento e políticas públicas eficazes, boa parte das questões, como o uso da tecnologia e das metodologias da Educação a Distância (EaD), carecem, sobretudo, de um maior incentivo e promoção da formação continuada. Deste modo, neste capítulo busca-se elucidar a importância da formação continuada de professores no âmbito do mundo globalizado, com ênfase no que se refere à eaD.

Educação, GloBalização E ForMação docEntE

em trabalho derivado de pesquisa sobre marcadores culturais em currículos, Sousa e Kawamura (2017) retratam a escola como um ambiente refletor da sociedade que a cerca. mesmo sendo um locus com suas próprias características, as autoras pontuam que as escolas refletem, em certa medida, os costumes, práticas, hábitos, e, claro, problemas da sociedade em que estão inseridas. Inclusive, nos dias atuais, sofrem cada vez mais com os efeitos da complexidade da globa-lização. Considerando a globalização como “fenômeno que contempla os aspectos culturais, sociais e econômicos numa perspectiva mais mundial e menos local [...]” (Idem, p. 1460), percebe-se que há fortes influências sobre o cotidiano da escola, como exemplo, destaca-se o surgimento da pandemia provocada pelo Coronavírus, a qual provocou o fechamento de escolas em diversos países, como medida de enfrenta-mento à pandemia. Conforme a organização das Nações unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) a medida atingiu cerca de

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Marcos Pereira dos Santos (org.)

776,7 milhões de crianças e jovens em todo o planeta, com 185 países em interrupção parcial ou total das aulas presenciais nas escolas (ONU, 2020; oNu NeWS, 2020; GoNSeR, 2020).

Como posto por Pieralisi (2020), a educação, como a conhecemos, não tem espaço no mundo globalizado. Ainda que a lógica da educação bancária, exposta por Freire (1987), se mantenha impregnada aos siste-mas capitalistas que regem a globalização, a forma e intensidade com a qual esta última ocorre não permite que a educação se mantenha no formato tradicional, outrora sucateado. Hoje, as evoluções ocorrem de uma forma mais rápida e dinâmica e, embora não universal, atingem uma parcela significativa da sociedade que percebe a necessidade de mudanças na educação. Pensar uma nova educação, uma Educação do Futuro, requer “encorajar nossos alunos a pensarem lateralmente e não linear ou convergente” (PIeRAlISI, 2020, p. 48).

Contudo, antes de chegar ao estudante, é preciso compreender se os professores tem essa perspectiva de que o conhecimento não é linear. ora, se falamos aqui sobre educação bancária, focada em transferência de conteúdo, por si só já reconhecemos a evidência de que este problema impera entre a formação docente. Isto é visto como um problema de natureza rudimentar, ou seja, parte da formação inicial dos professo-res. observa-se que ainda predomina nos cursos de formação inicial uma formação fragmentada entre as áreas do conhecimento, voltada à transferência de conteúdo, e que, mais tarde, leva o professor em formação a replicar a educação que recebeu na universidade em sua sala de aula (GATTI, 2010).

Noutra via, cabe enfatizar o caráter transformador da educação, o que delega aos professores a necessidade de aperfeiçoamento contínuo. Portanto, para cobrir, ou ao menos amenizar, as lacunas deixadas em uma formação inicial, surge a formação continuada:

O termo formação continuada vem acompanhado de outro, a formação inicial. A formação inicial refere-se ao ensino de conhecimentos teóricos e práticos destinados à formação profissional, com-pletados por estágios. A formação continuada é o prolongamento da formação inicial, visando o aperfeiçoamento profissional teórico e prático no próprio contexto de trabalho e o desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla, para além do exercício profissional (lIBÂNeo, 2004, p. 227).

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É na formação continuada que os professores devem aperfeiçoar seus percursos formativos. A dinâmica e complexidade do mundo em que vivemos traz à tona a necessidade de um “professor reflexivo”, bem como sobrepuja a prática refletida, a reflexão sobre a reflexão na ação, em detrimento da formação baseada na mera instrução e trei-namento (SCHÖN, 1992; BRZeSINSKI, GARRIDo, 2001). Como posto por Perrenoud e magne (1999), os processos que movem e são movidos pela reflexão permitem a transformação do mal-estar, desânimo, da desmotivação e revolta, em problemas. Uma vez problema, se tornam passíveis de diagnóstico e medidas para sua solução. Isto é a tomada de consciência, necessária tanto aos professores, quanto aos estudantes (FREIRE, 1979).

A formação continuada é fator condicionante para o “ser profes-sor”. É preciso reconhecer a formação continuada não como uma etapa, mas um processo permanente da prática e profissionalização docente. Embora estimulada nos dias atuais em cursos de formação inicial, observa-se que ainda há resistência de alguns professores acerca da importância da formação continuada, isto se dá por diferentes motivos: formação inicial do docente foi baseada em transferência de conteúdo; desinteresse; perda da paixão pela profissão; desmotivação; e também pela forma como algumas oportunidades de formação continuada são desenvolvidas, com professores-formadores que pouco ou nada conhecem do ambiente e cotidiano escolar, e que promovem e ensi-nam práticas e metodologias que, não raras vezes, são inviáveis para o desenvolvimento em sala de aula, principalmente em escolas públicas da periferia (ARAGÃo, 2005; SANToS, BARBoSA, lINARDI, 2018).

PErcalços E PossiBilidadEs EM uM noVo

muNdo

É difícil falar de uma situação, um momento, quando estamos vivendo-o. Isto pode ser atribuído à complexidade e ambivalência, expostas por Morin (2007) e Bauman (1999), respectivamente. Reconhecer, compreender, “digerir” o momento presente é tarefa um tanto complexa, porém essencialmente necessária. Seja para a tomada de decisões, seja para a saúde mental e autocuidado, seja para a tão necessária reflexão e posicionamento do ser professor.

Em 2020 vivemos, no Brasil e no mundo, a pandemia causada pelo vírus Coronavírus, que causa uma infecção respiratória que pode levar a morte. A principal medida de contenção da pandemia é

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Marcos Pereira dos Santos (org.)

o distanciamento social, medida adotada por inúmeros países e em dife-rentes graus, chegando, por exemplo, ao distanciamento total – lockdown – obrigatório em diversos países. A medida de distanciamento social pegou de surpresa diversos setores, sobretudo a educação. Em pleno século XXI, passado o advento da internet no fim do século passado, e com sua popularização nas últimas décadas, a última classe que deveria ter sido abalada seria a docente. Isto é, tendo em vista a natureza do ser professor, a partir da formação continuada e aperfeiçoamento contínuo, seria correto pressupor que os professores estariam preparados para lidar com uma medida como esta, de distanciamento social. Contudo, sabe-se que o Brasil é um país de proporções continentais e diferentes cenários, então não se responsabiliza aqui a classe docente, mas a ausência de políticas públicas eficientes de formação continuada em eaD e metodologias de ensino remoto, as quais deixam os professores à deriva em situações como esta.

em pesquisa realizada pelo Instituto Península isto fica mais evidente: a “Pesquisa de sentimento e percepção dos professores bra-sileiros nos diferentes estágios do Coronavírus no Brasil” mostrou que há uma tendência dos professores brasileiros em reconhecer seu papel neste momento como em “se manter em casa cuidado de si e seus familiares”, seguido de “ajudar a disseminar informações seguras”, ambas a frente de “interagir remotamente com seus alunos”. ou seja, a preocupação com os estudantes e processos educativos em si, fica em terceiro plano. Na pesquisa também foi constatada que há uma facilidade maior por parte dos professores das redes privadas em lidar com as interações remotas, quando comparado aos professores das redes públicas (GLAZ, et al., 2020).

Tais resultados vão ao encontro do posto por Aragão (2005), quando pontua que uma mudança de mentalidade é necessária entre os professores, de forma que valorize a visão de ser humano e o meio em que vive, de forma coerente com o tempo presente. Destaca-se aqui uma “faca de dois gumes”, embora exista o problema estrutural do estado em oferecer um conjunto de ações de formação continuada sólidas e consistentes com as realidades que vivemos, também predomina em parte da classe docente certa relutância no que se refere a repensar suas práticas pedagógicas, mais ainda quando da inserção de novas metodologias e uso de instrumentos e ferramentas pedagógicas, como ambientes virtuais de aprendizagem, uso de diário digital, aplicativos de apoio a aprendizagem, entre outros.

Embora reconheçamos, como já foi apontando, a pluralidade de cenários no país e a desigualdade social quase que imensurável, não

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vamos aqui entrar no mérito sobre acesso às tecnologias e instru-mentos, quer seja por parte dos estudantes ou professores. Sabemos que há uma discrepância sobre o tema e, certamente, isto deve ser fruto de estudo, discussões e lutas, bem como carece de investimento e atenção por parte do estado. o foco em provocar tais discussões é outro, é o campo docente, o fazer docente. Há perguntas que precisam ser respondidas pela classe, assim como as apontadas na pesquisa do Instituto Península.

• Afinal, como desenvolver a EaD na ausência de acesso a uma internet de qualidade?

• Como lidar com as ferramentas de ensino remoto em um curto espaço de tempo e pouca instrução?

• Como avaliar a aprendizagem, as atividades, a participação dos estudantes?

• Como gerir o tempo dedicado as atividades?

• Como garantir o direito a uma educação pública e de qualidade em tempos de distanciamento social?

estas e muitas outras perguntas que, com toda certeza, pairam sobre os professores, acerca do aumento das desigualdades educa-cionais, os efeitos do distanciamento para as crianças, questões de alfabetização e primeira infância, devem ser respondidas, mas não só por gestores e governantes, são perguntas que precisam do coletivo. De professores-formadores a professores, é preciso criar meios para que se possa refletir e buscar respostas para estas e tantas outras perguntas.

PErsPEctiVas na Ead E ForMação continuada

A perspectiva de ressignificação da educação, de repensar o for-mato tradicional de ensino, oportuniza, por meio da EaD, a criação de “novos espaços para a aprendizagem”. Tais espaços extrapolam o espaço físico da sala de aula, contudo, não menosprezam o professor, tampouco tornam a vivência e presença na escola desnecessárias. Pelo contrário, gera uma nova narrativa sobre o papel do professor no con-texto da Educação do Futuro - não cabe mais a mera transferência de conteúdo. Repensar as práticas pedagógicas e processos avaliativos, como está ocorrendo durante o período de pandemia, é só uma das etapas. Novos desafios estão por vir, pensar a educação socioemo-cional de estudantes e professores, repensar a importância da (auto)

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disciplina e de ambientes diversos para estudos, replanejamentos de conteúdo, currículos e avaliação, promover a busca ativa de professores e estudantes, e, não menos importante, ter a formação continuada na docência como campo vital e que deve ter relação intrínseca com as realidades locais e globais.

Num caminho geral, as mudanças socioculturais causadas pela globalização já vinham estabelecendo novas reflexões no campo da educação. Com a pandemia, isto tem se acentuado e, tão breve, tais reflexões devem alcançar a formação docente. Deste modo, ressalta--se de antemão a necessidade do desenvolvimento de novas propostas formativas docentes, que venham a apresentar características como: a promoção de ambientes profissionais que ofereçam autonomia, incentivo às discussões e estímulo a novas ideias; a promoção de dis-cussões sobre o bem-estar docente, a aprendizagem e cultura escolar, potencialidades e dificuldades do ensino; e oportunizar momentos de formações específicas – como vem ocorrendo, mas priorizar também formações inter e multidisciplinares, de forma que permitam aos docentes a adaptação de suas visões de mundo e suas complexidades. Tais características, em nossa concepção, podem dar sentido ao desen-volvimento profissional docente, de modo que os professores tenham condições de construir práticas pautadas no compartilhamento e no diálogo sobre a profissão. Isto também reduzirá o estresse e a noção de estar perdido diante de um mundo novo, repleto de informações, tecnologias e oportunidades (NÓVOA, 2009).

Cabe destacar que é essencial que os cursos de formação continu-ada possam garantir a aprendizagem das Tecnologias da Informação e Comunicação (TDIC), isto é, não só das novas tecnologias, mas também das que outrora eram os únicos meios disponíveis, como o próprio uso dos materiais didáticos disponíveis para professores e estudantes. Como posto por Kenski (2003) é por meio dessas formações que os professores devem ter a possibilidade de se constituírem como agentes, produtores e críticos sobre o uso das TDIC para cada contexto e situação desejada, como a vivida atualmente.

Contudo, cabe ressaltar que o uso ou não das novas tecnologias não é o ponto maior da era digital. A EaD é uma modalidade da Edu-cação que surgiu muito antes da própria internet, e discute-se aqui a necessidade da formação continuada para que os professores saibam fazer uso desta modalidade de ensino. Portanto, nosso foco é expressar a compreensão necessária por parte do professor acerca das possibi-lidades de uso da EaD, incluindo metodologias de ensino remoto e as novas tecnologias digitais disponíveis, as quais levarão os docentes

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para além das práticas de atividades de linguagem falada e escrita e a consequente atuação eficiente na promoção da aprendizagem integral dos estudantes.

coNSidErAÇÕES

As discussões apresentadas neste capítulo são um recorte de re-sultados de pesquisa em andamento, por meio do grupo de pesquisa Movimentos Docentes, e fruto de um trabalho de conclusão de curso de pós-graduação. Deste modo, reconhecendo a perspectiva da formação continuada enquanto toda ação docente que é instrumentalizada pela reflexão, investigação e construção de novos saberes, e que (re)orien-tam o trabalho docente, buscou-se aqui provocar e levantar reflexões acerca da necessidade de um novo perfil profissional que o professor deve assumir, onde refletir sobre sua prática é processo vital ao tentar desmistificar as estratégias de ensino em eaD.

Como apontado, há dois grandes desafios para a formação conti-nuada no país, o primeiro é relacionado às políticas públicas – portanto, função do estado; já o segundo parte dos docentes em manifestar não só disposição, mas engajamento nas muitas ações oferecidas pelas centenas de instituições no país. Quanto a eaD, também há vários desafios pela frente, entre eles se destaca a facilidade de baixos inves-timentos e retornos elevados por parte da rede privada, o que afeta a qualidade da educação oferecida, neste caso cabe destacar a função do estado enquanto órgão regulador para assegurar a qualidade da edu-cação. outro grande desafio, e este ficou mais evidente neste período de pandemia, é adequar a proposta pedagógica das instituições e dos cursos às necessidades e condições reais dos estudantes.

Sobre este último, ressalta-se que a natureza dos processos for-mativos das instituições não se restringem a conceber o conhecimento como algo acabado. No que se refere a modalidade eaD é preciso consi-derar que o professor desempenha um papel fundamental na interme-diação, facilitação e avaliação dos resultados e desempenhos obtidos pelos estudantes; isto sem adentrar no campo do desenvolvimento de conteúdo, material instrucional, design educacional, etc. Portanto, observamos na EaD um caminho para uma educação ampla e ativa, repleta de possibilidades e igualmente de desafios, focada de um lado, no conhecimento científico e no mundo do trabalho, na profissionali-zação e, de outro, no desenvolvimento da reflexão crítica, da autonomia e proatividade e na liberdade, conforme preconiza Freire (1987).

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o aspecto geral que observamos na eaD é um contraponto à educação tradicional, embora se reconheça aqui que atualmente há grande oferta de oportunidades que fazem uso da modalidade, mas que não fazem jus a qualidade necessária à formação. Nos tempos atuais, o capitalismo tende a reforçar uma educação baseada em conteúdo, tecnicista, mas os próprios efeitos da globalização pedem uma nova educação, uma educação transformadora.

E neste conjunto de processos o professor não se constitui como mero telespectador. ele é figura principal na conexão dos estudantes com o mundo em que vivem. e daí a importância do desenvolvimento pessoal e profissional por meio da formação continuada, como posto por Libâneo (2004), na formação inicial os professores iniciam sua trajetória e construção dos conhecimentos e habilidades necessárias ao exercício da docência, mas a consolidação dessas habilidades e a construção desses conhecimentos seguirão na formação continuada, de forma inacabada por toda a carreira docente, e deverá seguir se aperfeiçoando, construindo e reconstruindo-se na medida em que o professor constrói sua identidade profissional.

rEfErêNciAS

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Referências

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