DEPARTAMENTO DE PEDIATRIA
CLÍNICA UNIVERSITÁRIA DE PEDIATRIA
R
ECÉM‐N
ASCIDO DOENTE– M
ANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS DEPARTAMENTO DE PEDIATRIACLÍNICA UNIVERSITÁRIA DE PEDIATRIA
Serviço de Neonatologia Director: Carlos Moniz Departamento de Pediatria Directora: Maria do Céu Machado André Mendes da Graça Aula Teórica de Pediatria II Ano lectivo 2011/12 Serviço de Neonatologia Director: Carlos Moniz Departamento de Pediatria Directora: Maria do Céu Machado
M
ANIFESTAÇÕES
NEUROLÓGICAS
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
C
ONVULSÕES NEONATAIS
I
NCIDÊNCIA E APRESENTAÇÃOFrequentes
50/1000 RNMBP 3/1000 RNT
Por vezes subtis
Por vezes subtis
Movimentos faciais
Apneia
Curta duração
Recorrentes
Precoces (50% <72h)
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
C
ONVULSÕES NEONATAIS
E
TIOLOGIAEncefalopatia hipóxico-isquémica Enfarte cerebral perinatal Hemorragia intra-craniana Trombose venosa SNC
Meningite / Encefalite
Convulsões
Síndroma de abstinência Malformações congénitas Desequilíbrio metabólico Hipoglicemia Alterações iónicas Doenças metabólicas Síndromas epilépticosRECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12 + / –
Encefalopatia
C
ONVULSÕES NEONATAIS
D
IAGNÓSTICO Glicemia capilar História clínica Gravidez Drogas ilícitas Fármacos Análises Glicemia Gasimetria Ionograma Parâmetros infecção Parto Risco infeccioso Herpes genital Convulsões RN na família Doença trombótica familiar ç Punção lombar (PCR HSV!) TORCH Amónia, lactato Ecografia cerebral aEEG / EEG Ressonância magnéticaRECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
C
ONVULSÕES NEONATAIS
E
TIOLOGIACausa mais frequente de convulsões isoladas no RNT é o
enfarte cerebral arterial isquémico
A mortalidade por enfarte cerebral no 1º ano é superior à
média populacional para todas as idades
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
C
ONVULSÕES NEONATAIS
E
LECTROFISIOLOGIA
EEG convencional
(cEEG)
Múltiplos canais Avaliação num curto
EEG de amplitude
integrada (aEEG)
Um ou dois canais Monitorização período de tempo Interpretação difícil prolongada (dias) Interpretação + fácilRECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
C
ONVULSÕES NEONATAIS
E
COGRAFIA CEREBRALÚtil para o diagnóstico de enfarte
cerebral
Sensibilidade da ecografia
cerebral aumenta no final da primeira semana
<D4 = 68% >D4 = 87%
Os enfartes pequenos não visíveis
em ecografia cerebral após D4 têm geralmente bom prognóstico
Doppler acrescenta pouco ou
nada à sensibilidade
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
C
ONVULSÕES NEONATAIS
R
ESSONÂNCIA MAGNÉTICA
Permite o diagnóstico precoce
(difusão)
Definição precisa da etiologia
Definição precisa da etiologia
Datação das lesões
Correlação prognóstica
Momento ideal – 2ª semana de vida
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
D
EFINIÇÕES EE
TIOLOGIA Encefalopatia neonatal (EN) Causas Asfixia perinatal RCIUInfecção fetal (TORCH, sepsis) Fármacos
Malformação SNC AVC perinatal
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12 Encefalopatia hipoxico-isquémica (EHI) p Hemorragia intra-craniana Doenças neuro-metabólicas Asfixia perinatal
Crescimento cerebral normal Anomalia CTG / STAN Evento agudo intra-parto Acidose fetal Apgar baixo aos 5 minutos Depressão respiratória prolongada
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
E
PIDEMIOLOGIAIncidência em países desenvolvidos (estudos populacionais)
EN ~3.0/1000 nados-vivos
EHI ~1.5/1000 nados-vivos
Nos países em desenvolvimento a incidência é muito superior e a proporção de casos com origem hipoxico-isquémica é maior A EHI é uma causa importante de morte e sequelas neurológicas A EHI é uma causa importante de morte e sequelas neurológicas
Mortalidade 20-30%
Sequelas nos sobreviventes 35-45%
Corresponde a cerca de 20% casos de PC (1ª causa de PC
distónica)
No Reino Unido cerca de 50% dos casos apresentados à National
Health Service Litigation Authority (NHSLA) correspondem a eventos
adversos relacionados com o nascimento
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
C
LÍNICADepressão grave ao nascer
Alteração precoce do estado
neurológico Consciência Tónus Tónus Reflexos primitivos Dificuldade alimentar Convulsões Situação evolutiva * Envolvimento multissistémico * * Típico da EHI
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
A
VALIAÇÃO LABORATORIALGasimetria cordão ou na 1ª hora vida Hemograma e PCR
Hemocultura Bioquímica
Glicemia
Acidose sugere EHI Exclusão infecção bacteriana Exclusão hipoglicemia Função renal Transaminases CK, LDH
Rastreio metabólico (Amónia e lactato) Coagulação
Punção lombar ? Outros (orientados)
IRA sugere EHI ↑ sugere EHI ↑ sugere EHI Excluir D. metabólica Hemorragia SNC? Exclusão meningite ou encefalite RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS
Pediatria II – 2011/12
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
O
UTROS EXAMES COMPLEMENTARES
Electrofisiologia
Electroencefalograma de amplitude integrada (aEEG)
Electroencefalograma convencional (EEG)
Espectroscopia infravermelho próximo (NIRS)
Ecografia cerebral
Imagens bidimensionais
Doppler
Tomografia computorizada
Ressonância magnética
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
aEEG
Boa correlação com:
EEG convencional RM Prognóstico neurológico
Achados:
Achados:
Linha de base Normal (favorável) Patológica (desfavorável) Convulsões Isoladas (favorável) Surto-supressão (desfavorável)RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
NIRS
Monitorização contínua da
oxigenação e perfusão tecidular
Uma saturação regional muito
elevada pode indicar redução da
p
ç
extracção de oxigénio
Pode ajudar na identificação
precoce dos bebés com EHI de mau
prognóstico (associado ao aEEG)
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
E
COGRAFIA CEREBRALDiagnóstico diferencial da EN
Malformações cerebrais major
Lesão estabelecida (lesão pré-natal tardia) Atrofia (lesão pré-natal precoce) Hemorragia parenquimatosa
Calcificações e quistos (TORCH, doença metabólica) Hipoplasia do corpo caloso (Hiperglicinemia não cetótica) Detecção de achados característicos da EHI
Inconstantes
Dependentes da natureza do insulto Correlação prognóstica
Razoável nos casos extremos (normais ou gravemente alterados) Papel do Doppler nos RN tratados com hipotermia duvidoso
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
E
COGRAFIA CEREBRAL‐ EHI
Edema cerebral Lesões núcleos base
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
E
COGRAFIA CEREBRAL‐ O
UTROSVasculopatia LE Quistos ependimários
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12 Malformações
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
R
ESSONÂNCIA MAGNÉTICAGold standard na definição do prognóstico na EHI, existindo
padrões de lesão bem definidos, cuja correlação etiopatogénica e prognóstica é boa
Barkovich AJ et al. AJNR Am J Neuroradiol 1998 Jan;19(1):143-9 Leijser LM et al. Neuropediatrics 2007; 38: 219-27 Permite o diagnóstico diferencial com outras causas de Permite o diagnóstico diferencial com outras causas de
encefalopatia neonatal
Recomendada na 2ª semana de vida
Momento em que o RN habitualmente está mais estável
A maioria dos estudos de prognóstico usaram este timing
Permite datar adequadamente as lesões
Cowan F et al. Lancet 2003; 361: 736-42
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
R
ESSONÂNCIA MAGNÉTICAA realização da RM convencional nos primeiros 2 dias
de vida torna difícil a sua interpretação, mas a utilização de sequências especiais (difusão, espectroscopia) pode ser útil nesta fase
Rutherford M et al. Pediatrics 2004; 114: 1004-14 Robertson N. Ann Neurol 2002; 52(6): 732-42
Está disponível no mercado material que compatível
com a realização de uma RM em RN gravemente doentes
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
R
ESSONÂNCIA MAGNÉTICACápsula interna mielinizada
(braço posterior) (T1 e T2)
¾Excelente prognóstico
Cortical highlighting ligeiro
(T1 e T2)
Hipersinal localizado da
SB (T2)
¾ Bom prognóstico (se isolado) RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS
Pediatria II – 2011/12
Alterações ligeiras Normal
Graça A, Cowan F. Acta Pediatr Port 2005; 36 (4): 208-219
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
R
ESSONÂNCIA MAGNÉTICACortical highlighting extenso (T1)
Enfarte substância branca (T2)
¾Défice cognitivo > motor
Hipersinal dos lenticulares e tálamos
Cápsula interna alterada ¾Quadriplegia distónica
¾Alimentação SNG
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
Alterações graves Alterações moderadas
Graça A, Cowan F. Acta Pediatr Port 2005; 36 (4): 208-219
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
H
IPOTERMIA– E
VIDÊNCIAOutcome 1º: Morte ou sequelas aos 18M
Outcomes secundários
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
H
IPOTERMIA– C
RITÉRIOSIdade gestacional ≥ 36 semanas e ≤ 6 horas vida
Apgar ≤5 @ 10 minutos
Reanimação continuada @ 10 minutes pH < 7.0 no cordão ou primeira hora de vida
Défice bases ≥ 16 mM no cordão ou primeira hora de vida
E f l i d d l õ
1
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
Encefalopatia moderada-grave ou convulsões
Alteração do estado de consciência Alteração do tónus
Diminuição dos reflexos primários Alteração do aEEG
Alteração da actividade de base Crises eléctricas numa base normal
+1
+1
E
NCEFALOPATIA NEONATAL
H
IPOTERMIA INDUZIDA► Cuidados intensivos em incubadora aberta sobre o fato de hipotermia (Criticool®)
► Monitorização contínua da
temperatura rectal através do aparelho em modo de monitorização aparelho em modo de monitorização
► Início de monitorização aEEG para
decisão final de iniciar hipotermia
► Se confirmada indicação encerrar o
fato e iniciar hipotermia activa
► Manter hipotermia activa a 33.5ºC
durante 72h, seguido de reaquecimento 0.1-0.4ºC/h
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
I
DEIAS
‐
CHAVE
As principais manifestações neurológicas no recém-nascido são
as convulsões e a encefalopatia
As convulsões neonatais são relativamente frequentes no RN
de termo, existindo múltiplas causas
O primeiro passo diagnóstico nas convulsões é excluir p p g
hipoglicemia
As convulsões neonatais podem ocorrer isoladamente ou
acompanhar um quadro de encefalopatia neonatal
Quando isoladas são muitas vezes subtis e difíceis de
diagnosticar
O enfarte cerebral é frequente no recém-nascido e tem um
prognóstico favorável em muitos casos RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS
Pediatria II – 2011/12
I
DEIAS
‐
CHAVE
O aEEG é uma ferramenta importante no diagnóstico,
monitorização e prognóstico de recém-nascidos com patologia neurológica
Nem todos os casos de encefalopatia neonatal são
provocados por fenómenos de hipoxia-isquemia provocados por fenómenos de hipoxia-isquemia
A hipotermia induzida é uma técnica com comprovada eficácia
no tratamento da encefalopatia hipoxico-isquémica
A RM é muito importante no diagnóstico e na definição do
prognóstico neurológico na encefalopatia hipoxico-isquémica e no enfarte cerebral
RECÉM‐NASCIDO DOENTE– MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Pediatria II – 2011/12
DEPARTAMENTO DE PEDIATRIA
CLÍNICA UNIVERSITÁRIA DE PEDIATRIA
R
ECÉM‐N
ASCIDO DOENTE– M
ANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS DEPARTAMENTO DE PEDIATRIACLÍNICA UNIVERSITÁRIA DE PEDIATRIA
Serviço de Neonatologia Director: Carlos Moniz Departamento de Pediatria Directora: Maria do Céu Machado André Mendes da Graça Aula Teórica de Pediatria II Ano lectivo 2011/12 Serviço de Neonatologia Director: Carlos Moniz Departamento de Pediatria Directora: Maria do Céu Machado