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Estudo do efeito da temperatura na secagem de bagos de uva para a preparação de infusões

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Estudo do efeito da temperatura na secagem de bagos

de uva para a preparação de infusões

Relatório de Estágio de Biologia

Licenciatura em Biologia e Geologia

Orientadoras

Prof.ª Doutora Alice Vilela

Prof.ª Doutora Teresa Pinto

Ana Catarina Pinto Ribeiro

Vila Real, 2019

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JÚRI DE APRECIAÇÃO

A Comissão de Estágio

(Profa. Doutora Teresa Pinto)

(Profº. Doutor Paulo Favas)

As Orientadoras

Profª Doutora Alice Vilela (Departamento de Biologia e Ambiente,

Escola de Ciências da Vida e do Ambiente, CQ-VR, UTAD, Vila Real)

_______________________________________ Profa Doutora Teresa Pinto

(Departamento de Biologia e Ambiente,

Escola de Ciências da Vida e do Ambiente, CITAB, UTAD, Vila Real)

Classificação: ___________________

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Índice

Índice de figuras ... iii

Índice de tabelas ... iv Resumo ... v Capítulo 1 – Introdução ... 1 1.1- Chás e infusões ... 1 1.2-Preparação de infusões ... 1 1.3- A uva ... 2 1.3.1- A uva Moscatel ... 2 1.4- Compostos fenólicos ... 3 1.5- Objetivos do trabalho ... 4

Capítulo 2- Material e Métodos ... 5

2.1- Infusões dos bagos de uvas ... 5

2.1.1- Colheita e congelamento ... 5

2.1.2- Secagem e trituração ... 5

2.2- Preparação das infusões ... 6

2.3- Composição em fenóis totais... 6

2.4- Colorimetria ... 7

2.5- Avaliação sensorial das infusões ... 8

2.6- Análise estatística ... 9

Capítulo 3- Resultados e discussão ... 11

3.1- Secagem dos bagos ... 11

3.2- Composição em fenóis totais... 12

3.3- Colorimetria ... 13

3.4- Análise sensorial das infusões ... 14

Capítulo 4- Conclusões ... 15

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Índice de Figuras

Figura 1 – Moscatel Branco (Infovini, 2010) ... 3 Figura 2 – Bagos antes da secagem ... 5 Figura 3 – Bagos após a secagem e trituração ... 14 Figura 4 - Tubos de ensaio com a mistura da infusão preparada com bagos desidratados

a solução de Folin-Ciocalteu com a solução de carbonato de sódio ... 7

Figura 5 - Curvas de secagem a 40 ºC, 50 ºC e 60 ºC... 11 Figura 6 - Curva de calibração dos padrões do ácido gálico ... 12 Figura 7 - Concentração de fenóis totais nas infusões preparadas. Valores com a mesma

letra, para o mesmo parâmetro de cor, não apresentam diferenças significativas (teste de Tukey a 5% de significância) ... 12

Figura 8 - Perfil sensorial das infusões de bago Moscatel com diferentes temperaturas

de desidratação. Os descritores com asterisco (*) são os que apresentam diferenças mais significativas entre as amostras avaliadas ... 14

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Índice de Tabelas

Tabela 1- Descritores utilizados na ficha de prova (adaptado de Osawa et al., 2008) .... 8 Tabela 2 - Os valores dos parâmetros L*, a*, b* e C* das infusões analisadas. Valores

com a mesma letra, para o mesmo parâmetro de cor, não apresentam diferenças

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Resumo

As uvas são das frutas mais produzidas a nível mundial devido à sua importância em termos alimentares. São utilizadas para produção de vinhos, passas, sumos ou ainda para consumo ao natural. Ao longo dos anos diversos estudos se têm efetuado focados nas uvas e os seus derivados devido às suas propriedades medicinais, nutritivas e preventivas.

Assim, no presente trabalho, foi efetuado o estudo de diferentes temperaturas (40, 50 e 60 ºC) de secagem dos bagos de uvas utilizados na preparação de infusões. Foram avaliados parâmetros colorimétricos, a composição em fenóis total e ainda a análise sensorial das infusões preparadas a partir dos bagos desidratados. A infusão preparada com os bagos secos a 60 ºC foi a que apresentou níveis superiores em termos de compostos de fenólicos totais. Em termos do estudo da colorimetria, os valores de a* são todos positivos e muito próximos nas três infusões, por outro lado os valores de b* são negativos o que indica a predominância da cor vermelha e azul. Os valores de L* são todos valores muito semelhantes, sendo que a luminosidade é ligeiramente mais intensa na infusão em que os bagos foram desidratados a 40 ºC. Na análise sensorial, para além das infusões dos bagos a três temperaturas diferentes, foi também efetuada uma quarta infusão com a adição de casca de limão para ser possível melhorar a aceitabilidade e ainda a palatabilidade das infusões, tendo-se verificado que a maioria dos provadores preferiu esta infusão.

Palavras-chave: Moscatel Galego, secagem, trituração, compostos fenólicos, avaliação

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.1 - Chá e Infusões

O chá é um dos produtos mais consumidos, a nível mundial, devido às suas propriedades estimulantes, relaxantes ou ainda, sedativas. Contudo, o que comumente se denomina como chá, não é mais que uma infusão. Para se usar o termo chá corretamente, é necessário que a infusão seja das folhas de uma planta específica, a Camelia sinensis (Figueira, 2019).

A infusão desta planta, pode ser divida em diferentes grupos de chás, estando dependente do desenvolvimento das folhas aquando a sua colheita. Dividem-se então em cinco grupos: o chá preto, chá vermelho, oolong, verde e ainda o branco. O chá preto é um chá em que a fermentação é completa, enquanto que o chá vermelho e o oolong são não-fermentados. O chá verde é só feito das folhas secas, não sendo processado já o chá branco pode ou não ser semi-fermentado ou não sofrer qualquer tipo de fermentação (Pinto, 2010).

Em termos históricos, as infusões remontam até à antiguidade, em que eram só utilizadas pelos seus benefícios medicinais, não sendo considerados os aromas e sabores (Cardoso, 2013). Nos últimos 2000 anos, esta bebida ganhou ainda mais notoriedade, sendo a bebida não alcoólica mais consumida em termos mundiais, apenas ultrapassada pela água. É estimado que, em média, sejam consumidas 100 chávenas de chá por pessoa, em apenas um ano (Pinto, 2010).

Em Portugal, o consumo de café está mais enraizado do que o do chá, observando-se que só uma pequena fração da população consome habitualmente infusões e/ou chás. Nos últimos anos, devido à crescente divulgação das propriedades medicinais do chá e à procura por parte dos consumidores de produtos saudáveis, o seu consumo aumentou significativamente (Cardoso, 2013).

1.2 - Preparação das infusões

A preparação de infusões deve obedecer a alguns parâmetros para que os resultados obtidos sejam genuínos. São cinco os parâmetros essências para a preparação das infusões: qualidade da água e da matéria-prima, temperatura da água, a concentração

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2 e ainda os tempos de infusão. Segundo estudos, as temperaturas mais elevadas degradam compostos, especialmente os voláteis, responsáveis pelas propriedades sensoriais desta bebida (Cardoso, 2013).

Geralmente, para a preparação das infusões, começa-se pela colocação da planta no recipiente enquanto no outro, aquece-se a água até ferver, adicionando-se então ao primeiro recipiente, deixando-se repousar por dez minutos. Após os dez minutos, faz-se a filtração, separando a planta do extrato aquoso (Tschiggerl e Bucar, 2012).

1.3- A uva

A videira, nomeadamente o género Vitis spp. é uma das plantas mais cultivadas por todo o mundo, com uma área total de cultivo de, aproximadamente, 8 milhões de hectares. Esta planta, produz um fruto, a uva, que pode ter diversos usos, sendo os mais vulgares: consumo como fruta fresca ou até seca, utilizada para a preparação de produtos vitivinícolas, sumos, entre outros. Refira-se que em termos gerais, cerca de 70 % das uvas cultivadas são utilizadas para a produção de vinho (Ali et al., 2011).

1.3.1- A uva Moscatel

A casta Moscatel teve a sua origem no Médio Oriente e a sua introdução no território nacional terá acontecido ainda no tempo do Império Romano. Desde essa época até a atualidade, sofreu diversas transformações sendo que, atualmente, existem ainda três variedades desta casta em Portugal. Em termos de plantação, a casta Moscatel de Setúbal é a casta que tem mais elevado número, que se concentrando na Península de Setúbal, onde o clima é ameno, permitindo a maturação ideal dos bagos. Esta casta é necessária para a produção do vinho generoso “Moscatel de Setúbal” mas ainda para ser usada para enriquecer diversos vinhos brancos da respetiva região. Na região do Douro, em Favaios e Alijó, é também cultivada a variedade branca do moscatel Galelo, usada para a produção de um vinho licoroso (Infovini, 2019).

Os cachos do Moscatel Galego apresentam uma dimensão pequena a média, sendo que as suas uvas são de cor verde-amareladas com um tamanho médio (Figura 1). No Douro, o moscatel de Favaios é considerado uma variedade do vinho do Porto. Para o

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3 desenvolvimento desta casta ser ideal, esta casta tem de ser plantada em ambiente mediterrânico, suportando assim as temperaturas estivais elevadas (Machado, 2010).

Figura 1- Moscatel Branco (Infovini, 2019).

1.4 - Compostos fenólicos

Os compostos fenólicos são considerados componentes com efeitos benéficos à saúde humana, maioritariamente devido ao seu papel antioxidante, antimicrobiano, anti-carcinogénico e anti-inflamatório. Estes compostos tem uma ação importante na oxidação de lípidos unindo-se aos radicais livres, impedindo assim a propagação da cadeia oxidativa (Garcia-Salas et al., 2010). Estão presentes em vários alimentos, como em frutas, vegetais, vinho, chás e infusões, entre outros. As uvas, de entre as frutas, são das que têm maior quantidade destes compostos. Estes compostos são responsáveis pela cor, sabor e adstringência dos produtos obtidos da uva (Abe-Matsumoto et al., 2007).

Tendo em conta a estrutura química, os compostos fenólicos dividem-se em flavonoides e não flavonoides. Os flavonoides, no caso da uva, encontram-se nas suas sementes e película. Estes podem ainda subdividir-se em flavanóis, como os flavonóis e as antocianinas. Ao grupo dos não-flavonoides pertencem os ácidos fenólicos, hidroxibenzóicos e hidroxicianâmicos. Além destes, ainda podemos ter a classe dos estilbenos, onde se encontra o resveratrol (Abe-Matsumoto et al., 2007).

A concentração de compostos fenólicos geralmente é consideravelmente superior nas sementes comparativamente com película da uva, podendo também ser encontrados

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4 na polpa. Em termos de cor, os compostos responsáveis pela mesma são as antocianinas (Cosme et al., 2017).

1.5- Objetivos do trabalho

Foi objetivo deste trabalho o estudo do possível uso dos bagos de uvas da casta Moscatel Galego na preparação de infusões. Para dar cumprimentos aos objetivos, foram estudados parâmetros sensoriais, colorimétricos e determinados os compostos fenólicos de infusões com diferentes temperaturas de secagem do bago da casta Moscatel.

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CAPÍTULO 2 – MATERIAL E MÉTODOS

2.1- Infusões dos bagos de uvas

2.1.1- Colheita e congelamento

Neste estudo foram utilizados bagos de uva Vitis vinifera da casta Moscatel Galelo da região de Favaios, vindima de 2018, cedidos pelo produtor (Figura 2). A colheita das uvas foi efetuada manualmente, sendo posteriormente retiradas as partes com danos. Como não foi possível efetuar-se o trabalho de imediato, recorreu-se ao congelamento das uvas a -18ºC.

2.1.2- Secagem e trituração

Na secagem dos bagos de uva, foi utilizada uma estufa ventilada (Binder, FD 115), e três temperaturas diferentes, a 40 ºC, 50 ºC e 60 ºC. A secagem foi realizada até o peso dos bagos apresentar valores constantes. Após se retirarem da estufa, procedeu-se à trituração dos bagos numa picadora MOULINEX A320R1 (Figura 3).

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2.2- Preparação das infusões

Na preparação de infusões foi realizado o procedimento já abordado anteriormente no Capítulo 1, no ponto 1.2. Em termos de matéria-prima, a quantidade usada para a elaboração das infusões, foi de 3 g de bagos secos triturados por litro de água.

Procedeu-se à preparação de três diferentes infusões diferentes (A, B e C) onde o fator distintivo foi a temperatura a que os bagos de uva foram submetidos para a secagem. Na infusão A, os bagos foram desidratados a uma temperatura de 40 ºC, a infusão B a uma temperatura de 50 ºC e ainda, no caso da infusão C, a uma temperatura de 60 ºC.

Foi efetuada uma quarta infusão, utilizando-se bagos triturados e secos a 60 ºC com a adição de uma pequena casca de limão (Infusão D), que apenas foi avaliada sensorialmente.

2.3- Composição em fenóis totais

A determinação do teor em fenóis totais foi realizada através da metodologia descrita por Singleton & Rossi (Singleton and Rossi, 1965), utilizando o reagente de Folin-Ciocalteu. Este reagente é uma mistura de dois ácidos, o ácido fosfotunguístico e o ácido fosfomolibídico sendo que o tungsténio e o molibdénio encontram-se em estado de oxidação 6+. Assim, na presença de alguns redutores, como os compostos em avaliação, reagem formando um líquido com coloração azul.

Preparou-se, assim, uma solução de 200 mL, onde se adicionaram 20 mL do reagente Folin-Ciocalteu e 180 mL de água bidestilada (1:10) para se encontrar completamente livre de iões. Seguidamente pesaram-se 18,75 g de carbonato de sódio (7,5 % p/v), que se diluíram em água. Após a diluição, a solução foi transferida para um balão volumétrico de 250 mL, adicionando água até ser atingido o traço de aferição. Posteriormente preparou-se uma solução de ácido gálico (100 mg/L) tendo sido pesados 0,025 g de ácido gálico, colocados num balão volumétrico de 250 mL onde em seguida se adicionou água destilada para efeitos de ajuste do volume. Esta solução foi usada para a preparação de diferentes soluções padrão, em que as concentrações de ácido gálico são diferentes.

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7 Posteriormente à preparação das soluções padrão, retirou-se, de cada uma delas, 200 µL para diferentes tubos de ensaio, adicionando-se 1 mL da solução de reagente Folin-Ciocalteu e ainda 800 µL de carbonato de cálcio, deixando reagir estas soluções na ausência de luz, durante 30 minutos (Figura 4). Seguidamente procedeu-se à leitura das absorvâncias no espetrofotómetro (UV Spectrometer CARY, 100 Bio), usando como comprimento de onda o valor de 765 nm, fazendo duas repetições para cada um dos padrões.

Figura 4-Tubos de ensaio com a mistura da infusão preparada com bagos desidratados a solução de

Folin-Ciocalteu com a solução de carbonato de sódio

2.4 – Colorimetria

Para a determinação da cor das infusões, foi usado o colorímetro (Spectrophotometer CM-2300d), sendo calibrado recorrendo a uma folha de papel, branca e usando o sistema de cor o CIELAB. Este sistema de cor apresenta três coordenadas cartesianas, L*, a* e b* que representam as cores ao olho humanos, posicionando-as no espaço. A luminosidade (L*) é separada num eixo vertical em que a sua variação dá-se entre os valores de 0 (preto) e 100 (branco). A cromaticidade é, no caso deste sistema, representada por dois parâmetros distintos: o a*, que varia entre o verde (-a*) e o vermelho (+a*) e ainda o b* que varia entre o azul (-b*) e o amarelo (+b*) (Dmowski et al., 2014). Para se efetuar o cálculo da cromaticidade (C*) é usada a seguinte equação:

𝐶∗ = √𝑎∗2 + 𝑏∗2

Para se proceder a esta leitura, após a preparação das infusões, estas arrefeceram até a temperatura ambiente. Para cada uma das três infusões utilizadas (uma por cada temperatura de secagem), foram realizadas 3 leituras distintas de cada infusão.

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2.5 – Avaliação sensorial das infusões

Para a avaliação sensorial das amostras de infusão foram utilizados códigos de três dígitos alfanuméricos. As infusões foram servidas à temperatura ambiente (20  2 °C) em copos apropriados para avaliação sensorial de bebidas (ISO 3591:1977). Para limpeza do palato entre a avaliação das amostras foi fornecida água mineral e tostas. Foi também fornecida uma cuspideira aos provadores.

O painel de provadores era constituído por 8 pessoas, com idades entres os 40 e os 53 anos e com treino prévio em avaliação sensorial de alimentos.

Foi efetuada uma Análise Descritiva Quantitativa (ADQ), utilizando-se fichas de prova com descritores adaptados de Osawa (2008). Este tipo de testes permite avaliar a intensidade dos atributos sensoriais de produtos alimentares e têm como objetivo identificar e quantificar as características sensoriais (Konkel et al., 2004).

Foram realizadas avaliações aos seguintes descritores/atributos (Tabela 1): Aparência (intensidade da cor e turbidez); Aroma (uva passa, açúcar queimado, natural de uva e outro); Sabor/flavor (doce, ácido, amargo, adstringência, uva e outro); Textura (corpo) com uma escala estruturada de 1 a 5 pontos (ISO 4121:2003), ficha de prova em anexo.

As provas decorreram das 15.00 às 17.00 h, numa sala com ambiente controlado e material necessário para cada tarefa, de acordo com a norma ISO 8589:2007.

Tabela 1 – Descritores utilizados na ficha de prova (adaptado de Osawa et al., 2008).

Descritores Descrição

Aparência Intensidade da cor Intensidade da cor que a infusão apresenta

Turbidez Grau de opacidade da solução na qual não há transmissão de luz

Aroma Uva passa Aroma característico de uva passa

Açúcar queimado Aroma característico de açúcar queimado

Natural de uva Aroma característico natural de uva

Sabor/flavor Doce Gosto característico de sacarose

Ácido Gosto característico de ácido cítrico

Amargo Gosto amargo característico presente em solução de cafeína.

Adstringência Sensação bucal resultante da ação de compostos fenólicos

Uva Sabor característico de uva

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2.6. – Análise estatística

Os resultados da avaliação sensorial e das análises físico-químicas foram submetidos à Análise de Variância (ANOVA), teste de Duncan (dados da análise sensorial) e de Tukey (dados químicos) a 5% de significância para comparação entre médias. A avaliação do perfil sensorial das amostras foi efetuada através do gráfico aranha. Todas as análises foram realizadas utilizando-se o software STATISTICA 2010 (StatSoft Inc., 2010).

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CAPÍTULO 3- RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1- Secagem dos bagos

Para este estudo foram usadas três temperaturas distintas: 40 ºC, 50 ºC e ainda 60 ºC. As pesagens foram efetuadas até que o peso dos bagos se apresentasse constante. Na Figura 5 é possível observar a variação do peso em função do tempo, em dias, até se atingir um peso constante.

Figura 5- Curvas de secagem a 40 ºC, 50 ºC e 60 ºC

Através da Figura 5 é possível observar que a taxa de secagem foi muito mais elevada na temperatura de 60 ºC dado que a desidratação foi mais rápida que nas restantes temperaturas. Assim, em temperaturas mais elevadas, a humidade é mais reduzida, devido à taxa de secagem ser mais elevada. Observa-se ainda uma diminuição superior de água no início do processo de secagem.

Os bagos sofrem algumas mudanças químicas, físicas e biológicas que está inteiramente relacionado com o processo de secagem, alterações essas que levam à consequente mudança das características da matéria-prima. Relativamente às mudanças físicas, ocorre a contração do bago, ficando o aspeto vulgar da uva passa, assim como a cristalização dos açúcares contidos no bago. Outras alterações ou ainda podem ser observadas, como a do aroma, da cor, odor e ainda outras propriedades, que tanto podem ser consideradas desejáveis ou indesejáveis (Maskan et al., 2002).

40 50 60 70 80 90 100 110 1 2 3 4 5 6 7 40ºC 50ºC 60ºc

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3.2- Composição em fenóis totais

A quantidade de fenóis totais relaciona-se com a atividade antioxidante, sendo então importante a quantificação destes compostos (Cheung et al., 2003).

Na Figura 6 pode observar-se a curva de calibração do ácido gálico, tendo a quantificação dos fenóis totais sido expressa em equivalentes de ácido gálico por litro (EAG por litro).

Figura 6- Curva de calibração dos padrões do ácido gálico.

Os teores em fenóis totais nas infusões preparadas a partir de uvas desidratadas a 3 temperaturas distintas está apresentado na Figura 7.

Figura 7. Concentração de fenóis totais nas infusões preparadas. Valores com a mesma letra não

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12 Recorrendo à análise do gráfico, podemos concluir que os bagos submetidos a temperaturas de 60 ºC são que apresentam uma quantidade de fenóis totais superior às restantes temperaturas. Segundo Roshanak et al. (2015), que estudaram as diferentes temperaturas de secagem na estufa ventilada para a planta do chá (Camellia sinnensis), a temperatura de 60 ºC é, assim como no presente estudo, a temperatura que apresenta a maior quantidade de fenóis totais. Estudos mostram que para temperaturas superiores a 50 ºC, a composição de fenóis totais diminui (Mohd Salleh and Lai, 2013).

3.3- Colorimetria

Neste estudo e para a aplicação da técnica colorimétrica foi utilizado o sistema de cor CIELab. Os valores dos parâmetros, L*, a* e b* e C estão presentes no Tabela 2.

Tabela 2 - Valores médios dos parâmetros L*, a*, b* e C* das infusões analisadas. Valores com a mesma

letra, para o mesmo parâmetro de cor, não apresentam diferenças significativas (teste de Tukey a 5% de significância). Temperatura (ºC) L* a* b* C 40 ºC 29,7 a 0,253 a -0,358 a 0,377 a 50 ºC 29,6 a 0,202 a -0,195 a 0,287 a 60 ºC 29,7 a 0,228 a -0,277 a 0,332 a

A cor que uma infusão apresenta é considerada uma componente importante para a qualidade dessa mesma infusão (Liang et al., 2003).

Em termos de brilho das infusões (valor L*), os valores são muito semelhantes, sendo que o brilho é ligeiramente mais intenso na infusão dos bagos secos a 40 ºC.

As infusões apresentam cores vermelho-azuladas, devido aos valores positivos de a* (vermelho) e aos valores negativos de b* (azul). Em termos comparativos, a que apresenta valores mais avermelhados é a de 40 ºC, sendo também a que apresenta valores mais elevados para a cor azul, de entres as três infusões analisadas. Quando os valores de a* e b* já se encontram determinados, é ainda possível calcular os valores de cromaticidade sendo que relativamente a este parâmetro, a amostra que apresenta valores mais elevados é a de 40 ºC. Este parâmetro é importante para se verificar a intensidade da cor das infusões pois, quanto maior este valor, mais intensa será a sua

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13 cor. Há que realçar, no entanto, que as diferenças descritas não são estatisticamente significativas.

3.4- Análise sensorial das infusões

No decorrer do presente estudo, foi também realizada uma Análise Sensorial tendo sido esta realizada no laboratório para este tipo de análises, localizado no Edifício de Enologia do campus da UTAD. O perfil sensorial das infusões está representado na Figura 8.

Figura 8 - Perfil sensorial das infusões de bago Moscatel com diferentes temperaturas de desidratação.

Os descritores com asterisco (*) são os que apresentam diferenças significativas entre as amostras avaliadas.

Pela análise da Figura 8 verifica-se que os descritores com diferenças significativas apenas considerando as três primeiras amostras, são: “aroma herbáceo”, “intensidade da cor”, “aroma natural do bago” e “adstringente”. Posteriormente, ao ser usada uma quarta amostra com o limão verifica-se que há alterações, relativamente às restantes amostras, nos descritores “ácido”, “corpo” e ainda “intensidade da cor”.

0 0,5 1 1,5 2 2,5 Intensidade de cor * Turbidez Aroma Herbáceo * Aroma fumado/queim… Aroma natural do bago * Doce Ácido * Amargo Flavor Herbáceo Adstringente Corpo * 40ºC 50ºC 60ºC Limão

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CAPÍTULO 4- CONCLUSÕES

De acordo com os resultados que foram obtidos podemos concluir que em relação à composição em fenóis totais, a infusão que apresenta resultados mais positivos para o que estudo é a infusão em que os bagos estiveram a sofrer desidratação na estufa ventilada a uma temperatura de 60 ºC.

Relativamente à cor das infusões, os resultados apesar de apresentarem diferenças, estas não são significativas. Os provadores também referiram que a cor das infusões não é apelativa. Assim, devido a esta falta de coloração e até algum sabor, seria importante adaptar a quantidade de matéria-prima utilizada em procedimentos futuros ou ainda a possibilidade de se adicionar outros elementos (frutos diferentes, ervas medicinais), tornando assim estas infusões mais apelativas ao consumidor.

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Figura 1- Moscatel Branco (Infovini, 2019).
Figura 2- Bagos antes da secagem. Figura 3- Bagos após a secagem e trituração.
Figura 4-Tubos de ensaio com a mistura da infusão preparada com bagos desidratados a solução de  Folin-Ciocalteu com a solução de carbonato de sódio
Tabela 1 – Descritores utilizados na ficha de prova (adaptado de Osawa et al., 2008).
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