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Estilos parentais e personalidade em adolescentes e jovens adultos: a psicopatologia e desenvolvimento de comportamentos de bullying

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Academic year: 2021

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NIVERSIDADE DE

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RÁS

-

OS

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ONTES E ALTO DOURO

Escola de Ciências Humanas e Sociais

Estilos parentais e personalidade em adolescentes e jovens adultos: a

psicopatologia e desenvolvimento de comportamentos de bullying

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Mónica Raquel Seara Pinheiro

Orientação: Professora Doutora Catarina Pinheiro Mota

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Estilos parentais e personalidade em adolescentes e jovens adultos: a

psicopatologia e desenvolvimento de comportamentos de bullying

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Mónica Raquel Seara Pinheiro

Orientação: Professora Doutora Catarina Pinheiro Mota

Composição do Júri

Professora Doutora Otília Maria Monteiro Fernandes Professora Doutora Maria Paula Pinto da Rocha Mena De Matos

Professora Doutora Ana Catarina Pires Pinheiro da Mota

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Agradecimentos

A realização deste trabalho não se resume apenas a um esforço individual, mas sim a um conjunto de esforços que tornaram possível a concretização de uma tão difícil tarefa que contribuiu para desenvolvimento pessoal e para a minha formação académica. Assim, torna-se necessário agradecer às pessoas que mais contribuíram para que tudo fosse possível, que se mantiveram sempre por perto e a outros que apesar da distância, sei que tinha o apoio incondicional.

Deixo aqui o meu obrigada à Professora Doutora Catarina Pinheiro Mota , pela orientação prestada durante todo o ano, pela disponibilidade, dedicação, persistência.

Obrigada por todo o conhecimento partilhado, pela paciência que demonstrou e por apesar de tudo, manter todo o rigor e exigência que contribuíram para o finalizar deste trabalho.

Aos meus pais, pela oportunidade que me proporcionaram, sem eles nada disto seria

possível. Obrigada por todo o apoio incondicional, pela paciência e encorajamento em momentos em que as forças faltavam. À minha irmã Renata, pela inocência e simplicidade na forma como enfrenta os problemas, demonstrando indiretamente que tudo pode ser resolvido. Ao meu irmão Jorge, tenho em ti um exemplo de luta e persistência de que tudo pode ser ultrapassado por muito que tudo pareça quase impossível. Sem o vosso apoio este caminho teria sido muito mais doloroso.

Ao meu amigo e namorado André, por todo apoio incondicional, por toda a

dedicação, por me ajudares a erguer a cabeça quando as forças começavam a faltar, por me incentivares de que era capaz e por teres sempre razão. Obrigada pela paciência, pelo amor e amizade que demonstraste, sei que não foi uma etapa fácil também para ti, mas sem ti não teria sido possível.

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Aos meus avós, ao que estão presentes e aos que partiram cedo demais. À minha avó Rosa, por todo o ensinamento, por toda a demonstração de força e de luta. Em especial dedico à minha avó Glória, quem esteve presente quase até ao final desta etapa. És um exemplo de

força, de garra, mesmo não vencendo uma guerra podemos ficar contentes com as batalhas que vamos conquistando. Contigo aprendi que não tem sentido desistir, tudo são conquistas, sejam grandes ou pequenas, tudo vale a pena ser vivido. Terei sempre na memória o teu sorriso de orgulho quando disse que estava a acabar, foste e sempre serás um exemplo de mulher e avó.

Não posso deixar de agradecer às minhas amigas, à Bárbara Granja, uma das pessoas mais importantes nesta etapa, conhecemo-nos à poucos anos, mas a força da nossa amizade vale por uma vida, amizade essa que dura e que se tornou essencial para a conclusão desta etapa. Muitas foram as experiências partilhadas, os sorrisos e os momentos de choro. À

Carine Félix, por todo o apoio, apesar de mais distante, foste uma pessoa muito importante e

que contribuiu para que tudo fosse possível. Às restantes colegas , Patrícia, Sara e Tatiana que estiveram presentes nesta etapa, onde foi possível a partilha de conhecimentos e

experiências para que tudo se torna-se mais fácil. À Filipa Batista e à Joana Oliveira, amigas que ficaram e permanecem, com quem pude contar sempre que necessário, contribuíram, mesmo que de forma simplista sempre me apoiaram nesta etapa.

À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro enquanto estabelecimento de ensino superior e ao corpo docente do Mestrado de Psicologia Clínica que contribuíram para a minha formação e para a implementação de uma etapa pautada pela competência e rigor.

A todos, e a mais alguns não mencionados, o meu sincero obrigado!

Mónica Pinheiro

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Aos meus pais,

aos meus irmãos

e ao meu namorado.

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Índice

Índice de Tabelas e Figuras ... 13

Introdução ... 19

ESTUDO EMPÍRICO I - “Os estilos parentais e o género dos adolescentes e jovens adultos fazem a diferença no desenvolvimento de comportamentos de bullying?: Efeito mediador da sintomatologia psicopatológica” ... 25

Resumo ... 27 Abstract ... 29 Objetivos e hipóteses ... 39 Método ... 41 Participantes ... 41 Instrumentos ... 41 Procedimentos ... 45

Estratégias de análise de dados ... 46

Resultados ... 49

Associações entre os estilos parentais, comportamento de bullying e sintomatologia psicopatológica ... 49

Variância dos estilos parentais, comportamentos de bullying e sintomatologia psicopatológica em função da idade ... 54

Variância dos estilos parentais, comportamentos de bullying e sintomatologia psicopatológica em função do sexo ... 57

Análises diferenciais das variáveis estilos parentais do pai em função de tipologias de comportamento de bullying ... 61

Análises diferenciais das variáveis estilos parentais da mãe em função de tipologias de comportamento de bullying ... 63

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x Análises diferenciais das variáveis sintomatologia psicopatológica em função das

tipologias de comportamento de bullying ... 64

Efeito dos estilos parentais do pai e da mãe no comportamento de bullying: papel mediador da sintomatologia psicopatológica ... 65

Discussão ... 71

Implicações práticas, limitações e pistas futuras ... 85

Referências Bibliográficas ... 87

ESTUDO EMPÍRICO II - “Papel dos estilos parentais no desenvolvimento de comportamentos de Bullying em adolescentes e jovens adultos: Efeito moderador da personalidade” ... 97 Resumo ... 99 Abstract ... 101 Objetivos e hipóteses ... 111 Método ... 112 Participantes ... 112 Instrumentos ... 112 Procedimentos ... 116

Estratégias de análise de dados ... 117

Resultados ... 119

Associações entre os estilos parentais, comportamentos de bullying e personalidade ... 119

Variância da personalidade em função da idade e sexo ... 125

Variância dos estilos parentais, comportamentos de bullying e personalidade em função da perceção que os adolescentes e jovens adultos têm relativamente ao fato de ter muitos amigos ... 127

Papel preditor dos estilos parentais pai e mãe, da personalidade e comportamentos de bullying ... 130

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xi Papel moderador da personalidade na associação entre os estilos parentais e

comportamentos de bullying ... 137

Discussão ... 145

Implicações práticas, limitações e pistas futuras ... 159

Referências Bibliográficas ... 161

Considerações Finais ... 169

Referências Bibliográficas Gerais ... 177

ANEXO 1. Análise Fatorial Confirmatória de 1ª Ordem do Questionário Parenting Styles and Dimensions Questionnaire: Short Version (PSDQ) ao pai ... 181

ANEXO 2. Análise Fatorial Confirmatória de 1ª Ordem do Questionário Parenting Styles and Dimensions Questionnaire: Short Version (PSDQ) à mãe ... 182

ANEXO 3. Análise Fatorial Confirmatória de 1ª Ordem do Questionário O Inventário de Personalidade dos Cinco Fatores (NEO-FFI-20) ... 183

ANEXO 4. Análise Fatorial Confirmatória de 1ª Ordem do Questionário Brief Symptom Inventory (BSI) ... 184

ANEXO 5. Análise Fatorial Confirmatória de 1ª Ordem do Questionário de Exclusão Social e Violência Escolar (QEVE) ... 185

ANEXO 6. Protocolo ... 187

ANEXO 7. Pedido de autorização à Direção Geral De Educação ... 199

ANEXO 8. Pedido de consentimento informado ... 203

ANEXO 9. Pedido de autorização às escolas secundárias e universitárias ... 207

ANEXO 10. Pedido de autorização e parecer à Comissão de Ética da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ... 211

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Índice de Tabelas e Figuras

Estudo Empírico I

Índice de tabelas

Tabela 1 - Correlação entre variáveis, média e desvio padrão (N=1976) ... 53

Tabela 2 - Análise diferencial dos estilos parentais do pai e da mãe, comportamentos de bullying e sintomatologia psicopatológica em função da idade. ... 57

Tabela 3 - Análise diferencial dos estilos parentais do pai e da mãe, comportamentos de bullying e sintomatologia psicopatológica em função do sexo ... 60

Tabela 4 - Análise diferencial das variáveis estilos parentais do pai face à tipologia do bullying ... 62

Tabela 5 - Análise diferencial das variáveis estilos parentais mãe face à tipologia do bullying ... 64

Tabela 6 - Análise diferencial das variáveis sintomatologia psicopatológica face à tipologia do bullying ... 65

Índice de Figuras

Figura 1 - Modelo representativo de efeito mediador da sintomatologia

psicopatológica na associação entre estilo parental democrático e autoritário do pai e comportamentos de bullying. ... 67

Figura 2 - Modelo representativo de efeito mediador da sintomatologia

psicopatológica na associação entre estilo parental democrático e autoritário da mãe e comportamentos de bullying. ... 69

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Estudo Empírico II

Índice de tabelas

Tabela 1 - Correlação entre variáveis, média e desvio padrão (N=1976) ... 124

Tabela 2 - Análise diferencial da personalidade em função da idade ... 126

Tabela 3 - Análise diferencial da personalidade em função do sexo ... 127

Tabela 4 - Análise diferencial dos estilos parentais do pai e da mãe, comportamentos de bullying e da personalidade em função da perceção de ter muitos amigos ... 129

Tabela 5 – Regressão múltipla hierárquica para os comportamentos de vitimação... 132

Tabela 6 – Regressão múltipla hierárquica para os comportamentos de agressão ... 134

Tabela 7 – Regressão múltipla hierárquica para os comportamentos de observação ... 136

Índice de Figuras

Figura 1. Moderador da conscienciosidade na associação entre o estilo parental democrático e o comportamento de vitimação na mãe ... 137

Figura 2. Moderador da extroversão na associação entre o estilo parental democrático e o comportamento de vitimação na mãe ... 138

Figura 3. Moderador do neuroticismo na associação entre o estilo parental democrático e o comportamento de agressão na mãe ... 139

Figura 4. Moderador da conscienciosidade na associação entre o estilo parental democrático e o comportamento de agressão no pai ... 139

Figura 5. Moderador da conscienciosidade na associação entre o estilo parental autoritário e o comportamento de vitimação na mãe ... 140

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Figura 6. Moderador da extroversão na associação entre o estilo parental autoritário e o comportamento de vitimação na mãe ... 141

Figura 7. Moderador da conscienciosidade na associação entre o estilo parental autoritário e o comportamento de vitimação no pai ... 141

Figura 8. Moderador da extroversão na associação entre o estilo parental autoritário e o comportamento de vitimação no pai ... 142

Figura 9. Moderador do neuroticismo na associação entre o estilo parental autoritário e o comportamento de vitimação na mãe ... 142

Figura 10. Moderador da conscienciosidade na associação entre o estilo parental autoritário e o comportamento de agressão na mãe ... 143

Figura 11. Moderador da extroversão na associação entre o estilo parental permissivo no pai e o comportamento de vitimação ... 144

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Introdução

Descrita originalmente por Bowlby (1969), a vinculação consiste na capacidade inata do ser humano para criar e estabelecer vínculos afetivos com as figuras significativas desde o nascimento. A vinculação é uma relação emocional íntima, afetiva e duradoura que interliga o individuo e as pessoas que lhe são mais significativas ao longo da sua vida, e lhe perceciona a sensação de segurança e proteção em situações de risco. Assim, Bowlby (1969), aponta para a existência de vínculos seguros e inseguros, predizendo estes a qualidade das relações

interpessoais desenvolvidas pelo individuo no decurso da sua vida.

O desenvolvimento da criança é pautado pela sua predisposição para a criação de laços emocionais. As relações afetivas que esta constrói são dependentes do ambiente parental ao qual a criança se encontra exposta, tornando-se assim, os estilos parentais de grande

importância para o desenvolvimento emocional da criança (Michiels, Grietens, Onghena, & Kuppens, 2010). Partindo dos pressupostos traçados pela teoria de Baumrind (1991), os estilos parentais apresentam uma grande relevância, pois é a partir da relação com as figuras cuidadores que as crianças constroem as primeiras representações de si e do que o rodeia, o que pode assim contribuir significativamente para a trajetória desenvolvimental durante a adolescência e jovem adultícia. Para a autora, o estilo parental caracteriza a natureza afetiva da relação, mediante a qualidade de atenção, comunicação e disponibilidade parental, assim como ao nível do controlo, tom de voz e respostas emocionais equilibradas por parte das figuras cuidadoras (Baumrind, 1966). Um ambiente familiar estável, carinhoso, e com menos hostilidade pode predizer positivamente o desenvolvimento de uma personalidade equilibrada no adolescente (Schofield, et al., 2012). A regulação das diferenças cognitivas, emocionais e comportamentais, acontecem sobretudo na adolescência, onde em conjunto com o estilo parental existente, pode apresentar um papel relevante no desenvolvimento de

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20 comportamentos agressivos e violentos. O estilo parental adotado pelos pais pode assim ser revelador das tendências para a violência que os adolescentes possam vir a possuir (Rigby, 2003), devido ao efeito que estes aparentam ter no desenvolvimento de sintomatologia psicopatológica nos adolescentes e a relação que estes têm com a promoção de violência e comportamentos agressivos (Newman, Harrison, Dashiff, & Davies, 2008).

Segundo Ladd (1992), os estilos de educação parental subsidiam como modelos na qual as crianças fundamentam o seu comportamento. Assim, através da influência dos pais, as crianças constroem pensamentos e adquirem comportamentos através da interação social. Os estilos parentais parecem assim poder assumir um fator de grande importância para a

existência de comportamentos de bullying. O bullying trata-se de um conjunto de

comportamentos negativos, como agressão física ou psicológica, que podem ser realizados por um ou mais indivíduos, em que a vítima pode ser uma única pessoa ou um grupo, e a prática deste ato é realizada de forma repetida por longos períodos de tempo. Têm como objetivo provocar sofrimento no outro e pode ter origem em diferenças sociais, étnicas, religiosas, de género e orientação sexual (Olweus & Limber, 1999). Estes comportamentos tratam-se então de comportamentos agressivos que são maioritariamente realizados nas escolas, e muitas vezes, são desvalorizados, tanto por parte dos pais como dos professores sendo vistos como comportamentos normais, próprios do crescimento (Dracic, 2009).

A evidência empírica sugere que o estilo parental adotado, a posição que apresentam sobre a violência física, as estratégias disciplinares, a presença e o envolvimento na vida dos seus filhos pelas figuras parentais apresentam uma grande relevância para o bem-estar físico e psíquico do adolescente. O estilo parental parece apresentar um papel relevante na propensão para a violência e desenvolvimento de sintomatologia psicopatológica (e.g. Espelage,

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21 Flisher & Lombard, 2007, Berger, 2007). O estilo parental adotado, assim como o tipo de comportamento de bullying estão associados a determinados traços de personalidade e são importantes fatores para a saúde mental dos adolescentes e jovens adultos. Para todos os tipos de comportamentos de bullying, segundo Ramirez (2001), estão associadas características de personalidade que perpetuam os seus comportamentos, levando assim a verificar que existem características específicas de personalidade para agressores, vítimas, vítima / agressor e observadores. Também um ambiente familiar mais estável parece estar associado a

características de personalidade mais equilibradas (Schofield, et al., 2012). Relativamente à sintomatologia psicopatológica, esta apresenta uma associação com o estilo parental adotado pelos pais, sendo o nível de envolvimento dos pais no quotidiano dos filhos, a disciplina implementada e a comunicação fatores importantes para a inexistência de psicopatologia (Skinner, Jonhson, & Snyder, 2005; Newman, Harrison, Dashiff, & Davies, 2008). De igual modo os comportamentos de bullying que são vivenciados por adolescentes e jovens adultos encontram-se relacionados com sintomatologia psicopatológica, sendo que estas diferem quando se é vítima, agressor, vítima / agressor e observador (Albino & Terêncio, 2012; Dracic, 2009).

Partindo do pressuposto da teoria de Baumrind (1966), o presente estudo tem como principal objetivo analisar o papel dos estilos parentais e da personalidade no

desenvolvimento de sintomatologia psicopatológica e dos comportamentos de bullying em adolescentes e jovens adultos. Neste sentido, a presente dissertação versa a temática “Estilos

parentais e personalidade em adolescentes e jovens adultos: a psicopatologia e

desenvolvimento de comportamentos de bullying”. Encontra-se organizada em dois estudos

empíricos distintos, mas que se complementam. Neste sentido, o primeiro estudo empírico, cujo título é “Os estilos parentais e o género dos adolescentes e jovens adultos fazem a

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diferença no desenvolvimento de comportamentos de bullying? Efeito mediador da sintomatologia psicopatológica”, objetiva em geral testar o papel dos estilos parentais no

desenvolvimento de comportamentos de bullying em adolescentes e jovens adultos, testando ainda o efeito mediador da sintomatologia psicopatológica na associação anterior. O segundo estudo empírico, que se intitula “Papel dos estilos parentais no desenvolvimento de

comportamentos de bullying em adolescentes e jovens adultos: Efeito moderador da personalidade” pretende analisar de que forma os estilos parentais e o género dos

adolescentes e jovens adultos podem ter uma associação no desenvolvimento de

comportamento de bullying testando-se o efeito moderador da personalidade na associação anterior.

Pretende-se obter um maior conhecimento a cerca da relação entre os estilos parentais, dos comportamentos de bullying e a forma como estes funcionam como fonte de proteção ou de risco face à sintomatologia psicopatológica. Visa-se ainda analisar em que sentido as variáveis da personalidade se encontram associadas às variáveis estilos parentais e comportamentos de bullying. Ambos os estudos empíricos apresentam resultados cujas implicações devem ser refletidas, possibilitando intervenções clínicas precoces quando necessário, visto que uma sinalização atempada pode diminuir problemas que emergem do seio familiar e que posteriormente podem ser apresentados socialmente, nomeadamente os comportamentos de bullying e a sintomatologia psicopatológica.

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ESTUDO EMPÍRICO I 25

ESTUDO EMPÍRICO I

“Os estilos parentais e o género dos adolescentes e jovens adultos

fazem a diferença no desenvolvimento de comportamentos de

bullying? Efeito mediador da sintomatologia psicopatológica”

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ESTUDO EMPÍRICO I 27

Resumo

O fenómeno bullying tem tido grande repercussões nas últimas décadas, no entanto, este continua a ser um tema que necessita de ser cada vez mais estudado devido à sua relevância na sociedade. Apesar da sua importância ainda existem poucos estudos que trabalham a relação do mesmo com variáveis de sintomatologia psicopatológica e estilos parentais. Os comportamentos de bullying parecem ter uma relação com os estilos parentais praticados pelos pais, desde o estilo parental mais equilibrado ao nível da exigência e controlo, o estilo democrático, aos seus extremos. Num lado existe o castigo e controlo em demasia, com um estilo autoritário, e num outro extremo, não existe qualquer tipo de controlo ou demonstração de afetividade, com um estilo permissivo. Todas estas variáveis são

importantes para que seja possível perceber em que sentido a sintomatologia psicológica que adolescentes e jovens adultos apresentam poderão estar relacionadas com as variáveis descritas anteriormente. O presente estudo teve como objetivo analisar os tipos de estilos parentais e testar o seu efeito nos comportamentos de bullying, assim como, testar o papel mediador da sintomatologia psicopatológica na associação anterior. A amostra foi constituída por 1976 adolescentes e jovens adultos, com idades compreendidas entre os 14 e os 25 anos de idade (M=17.22; DP=2.50). A recolha de dados foi realizada com recurso a instrumentos de autorrelato, nomeadamente um questionário sociodemográfico, Questionário de Exclusão

Social e Violência Escolar (QEVE), o Styles & Dimensions Questionnaire: Short Version

(PSDQ) e o questionário Brief Symptom Inventory (BSI). Os resultados apontam para um efeito positivo dos estilos parentais dos pais face aos comportamentos de bullying e ainda para existência de um papel mediador da sintomatologia psicopatológica na associação entre estilos parentais e comportamentos de bullying. Os resultados serão discutidos à luz da teoria de Baumrind, assumindo a importância dos estilos parentais para o desenvolvimento

psicológico e comportamental nos adolescentes e jovens adultos.

Palavras-chave: Estilos parentais; comportamentos de bullying; sintomatologia psicopatológica, adolescência;

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ESTUDO EMPÍRICO I 29

Abstract

Over the last decades, the bullying phenomenon had countless repercussions, however, due to its relevance in society, it still remains an issue that need to be addressed and studied. Research focused on bullying and its relationship with psychopathological symptomatology and parenting styles is scarce, despite its importance. Bullying behaviours seem to be associated with the parenting styles used by their parents, not only on more well-adjusted parenting style, the authoritative style, but specially linked to the more unbalanced ones. On one end, the authoritarian style, characterized by excess of control, requirements, and punishment, at the other end, the permissive style, portrayed indulgent focus, with very few rules and control and demands. To better understand the psychological symptoms that adolescents and young adults may present, it’s important that we consider the role of the parenting styles in their development. The present study aims to analyse the types of

perceived parenting style, test their effect on bullying behaviours, and also, test the mediating role of the psychopathological symptomatology in that association. The study sample

consisted of 1,976 adolescents and young adults aged between 14 and 25 years old (M = 17:22, SD = 2.50). Data collection was performed using a self-report instrument, comprised of a sociodemographic survey, Social and School Violence Exclusion Questionnaire (QEVE), the Styles & Dimensions Questionnaire: Short Version (PSDQ) and the survey Brief

Symptom Inventory (BSI). The results indicate a positive effect of parenting styles regarding to bullying behaviours, and, as well, the existence of a mediator role of psychopathological symptomatology in association between parenting styles and bullying behaviours. The results in the present study will be discussed in light of Baumrind theory, assuming the importance of parenting styles to the psychological and behavioural development in adolescents and young adults

Keywords: Parental styles; bullying; psychopathological symptomatology; adolescence.

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ESTUDO EMPÍRICO I 31

O papel dos estilos parentais e do género no desenvolvimento de adolescentes e jovens adultos

Partindo dos pressupostos da teoria da vinculação, preconizada por Bowlby (1969), a vinculação é designada pela criação de laços afetividade com as figuras significativas. Estes laços de afetividade propiciam a segurança e proteção da criança aquando situações de risco e capacitando a criança para a exploração de si, dos outros e do meio envolvente. Bowlby (1969) aponta a existência de ligações seguras e inseguras, podendo estas predizer a qualidade das relações que o individuo desenvolve ao longo da sua vida.

A vinculação segura, caracteriza-se pelo estabelecimento de relações que têm por base a confiança, segurança, responsividade e proximidade emocional, que promove um aumento de confiança ao permitir a livre exploração de si próprio, aos outros e ao mundo que o rodeia. Por sua vez, a vinculação insegura é pautada por ansiedade de separação e inibição, levando a que a criança apresente uma maior propensão a avaliar o mundo como sendo um local mais perigoso, pela falta de proteção, conforto e apoio emocional (Bowlby, 1973). A vinculação segura estimula assim o crescimento e o desenvolvimento psicoafectivo mais equilibrado do individuo ao criar nas crianças a perceção que estas têm do mundo, uma vez que uma ligação marcada pela ansiedade de separação, tende a reduzir a capacidade de se adaptarem a

situações adversas ou incapazes de lidar com as mesmas, tornando-se assim mais vulnerável face ao risco (Machado, 2007; Meier, Carr, Currier, & Neimeyer, 2013).

Bowlby (1980) sugere que as diferenças na qualidade da interação nas relações contruídas durante a infância têm um papel na construção dos modelos internos de representação. Estes após generalizados podem vir a ser relevantes para a construção dos modelos internos dinâmicos do individuo que podem ser relevantes face à imagem que este tem si e do ambiente externo. Assim, os estilos parentais assumem um papel de destaque, pois

(32)

ESTUDO EMPÍRICO I 32 a dinâmica e a natureza das relações estão relacionados ao ambiente parental ao qual esta se encontra exposta (Michiels, Grietens, Onghena & Kuppens, 2010). As figuras cuidadoras possuem uma relevância no que concerne ao impacto que têm no desenvolvimento cognitivo, emocional e relacional dos filhos (Bowlby, 1973). A qualidade dos estilos parentais

implementados na infância, podem contribuir para o desenvolvimento mental da criança, uma vez que a construção das primeiras representações surge na interação com as figuras

cuidadoras (Nishikawa, Sundbom & Hägglöf, 2010).

Os estilos parentais caracterizam a natureza afetiva e a relação entre os pais e filhos, apresentando por isso, uma contribuição importante para o desenvolvimento psicossocial do adolescente. O estilo parental é definido pelas dimensões controlo, maturidade, comunicação e disponibilidade afetiva parental com os filhos, sugerindo um papel importante na construção de alguns comportamentos que os adolescentes possam apresentar, na relação com o exterior, nomeadamente com os pares (Baumring, 1991;1997).

Baumrind (1966,1991) propôs uma abordagem tipológica onde agrega os estilos parentais tendo por base o controlo parental no comportamento do adolescente, com o estilo democrático ao centro, considerado pelo autor como o mais equilibrado, e os extremos, o estilo autoritário, e o permissivo. De acordo com a autora, o estilo democrático é

caracterizado pela presença de limites, regras e independência, é um estilo onde existe controlo, mas com moderação, onde o ambiente familiar é caloroso, estimulante e existe comunicação clara e aberta baseada no respeito mútuo. Em contraste, o estilo autoritário é pautado pela exigência, obediência, autoridade, baixo nível de afetividade e comunicação, onde os comportamentos e ações dos filhos são avaliados de forma rígida e inflexível, sendo comum a utilização de castigos e punições. No extremo oposto encontra-se o estilo

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ESTUDO EMPÍRICO I 33 ausência de regras ou punições, com a ausência de controlo ou autoridade, os indivíduos são livres de tomarem as próprias decisões, mas com a ausência de uma base de suporte que os oriente quando necessário (Baumrind, 1991).

Alguma literatura indica que adolescentes educados no seio de um estilo democrático detêm maiores capacidades de ultrapassar vivências e sentimentos negativos (e.g. Morris, Silk, Steinberg, Myers & Robinson, 2007; Sílvia, Morgado & Maroco, 2012), contrastando com filhos educados num estilo autoritário ou permissivo, que se apresentam por vezes como sendo mais vulneráveis no desenvolvimento de certas sintomatologias psicopatológicas, como a ansiedade ou depressão (e.g. Hutz & Bargagir, 2006). Esta vulnerabilidade é

particularmente visível em ambientes familiares com carência de afeto e vínculos inseguros com as figuras significativas de afeto (Simões, Ferreira, Braga & Vicente 2015). Assim, sugere-se que os estilos parentais aparentam ter relevância na compreensão das condutas ao longo do desenvolvimento do adolescente.

O desenvolvimento do adolescente decorre num período de muitas alterações, onde são colocadas em causa comportamentos tidos durante o seu desenvolvimento. A

adolescência é um período caracterizado por grandes transformações, quer a nível

psicológico, biológico e ambientais que levam a uma instabilidade psíquica, sendo estas, no entanto, importantes para a formação de uma identidade (Erikson, 1968; Macedo, 2010).

O papel dos estilos parentais, como referido anteriormente, apresentam não só

relevância no desenvolvimento do adolescente, mas também algumas diferenças consoante o género. Um estudo realizado por Brand et al., (2011), realizado com uma amostra de 139 raparigas e 119 rapazes com idades médias de 17.04 nas raparigas e 16.90 nos rapazes. Os autores verificaram que o sexo feminino apresenta uma maior perceção dos estilos parentais entendidos como positivos, já os rapazes por sua vez, percecionavam mais frequentemente

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ESTUDO EMPÍRICO I 34 estilos parentais mais negativos. Num outro estudo realizado por Olivari, Wahn, Maridaki-Kassotaki, Antonopoulou e Confalonieri (2015) com uma amostra de 702 adolescentes com idades compreendidas entre os 16 e 19 anos de idade, concluiu-se que os rapazes percebem os seus pais como sendo mais autoritários e permissivos do que as raparigas.

O papel dos estilos parentais no desenvolvimento de sintomatologia psicopatológica e comportamentos de bullying

A literatura existente sugere que o estilo parental adotado pelas figuras cuidadoras, pode apresentar um papel preditor na saúde mental dos adolescentes, visto que a existência de sintomatologia psicopatológica pode estar associada aos estilos parentais praticados. Os estilos parentais parecem associar-se a fatores latos que englobam a forma de relacionamento abrangente com os filhos, na medida em que a consistência do tipo de disciplina, o nível de envolvimento, o acompanhamento, a presença e apoio no dia-a-dia e o tipo de comunicação, são fatores de grande importância no que diz respeito à saúde mental dos adolescentes (Skinner, Jonhson, & Snyder, 2005; Newman, Harrison, Dashiff, & Davies, 2008). O estilo parental democrático parece associar-se a menos sintomas depressivos e ansiosos por parte do adolescente (e.g. Hutz & Bardagir, 2006; Laboviti, 2015; Lipps et al., 2012). Por outro lado, Olweus, (1991), verificou que num estilo parental mais autoritário ou permissivo parecem predominar comportamentos mais agressivos com os pares. Sílvia, Morgado e Maroco, (2012), corroboram esta predominância, ao identificar que os adolescentes educados neste meio, parecem ser os que mais se encontram envolvidos em comportamentos de bullying. A educação praticada pelos pais na relação com os filhos têm um papel relevante na forma como estes vão interagir com os pares. As condições familiares a que os adolescentes e jovens adultos estão expostos possuem um papel na construção de pensamentos e aquisições de

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ESTUDO EMPÍRICO I 35 comportamentos que influenciam na interação social (Dodge & Petit, 2003; Pontzer, 2010). A literatura indica ainda alguma relação dos estilos parentais autoritário e permissivo com o aumento dos níveis de ansiedade e depressão (e.g. Reppold & Hutz 2003; Wolfradt, Hempel & Miles, 2003).

Os estilos parentais parecem apresentar uma relação com a sintomatologia

psicopatológica e na promoção de violência e comportamentos agressivos, sendo possível referir que estes estilos parentais praticados poderão predizer a existência de comportamentos de bullying. Esta relação é verificada por vários autores, estando o estilo parental autoritário e o permissivo associado a comportamentos de vitimação e agressão (e.g. Georgiou, 2008; Powell & Ladd, 2010), enquanto o estilo democrático é frequentemente associado ao não envolvimento (e.g. Hokoda, Lu & Angeles, 2006). O bullying é caracterizado por um conjunto de comportamentos negativos, como agressão física ou psicológica, que um individuo ou um grupo realiza de forma repetida e ao longo do tempo a outro individuo ou grupo, podendo estes comportamentos possuir origem em diferenças sociais, étnicas,

religiosas, género, orientação sexual, aparência, desequilíbrios de forças, entre muitas outras (Olweus & Limber, 1999). Por vezes, estes comportamentos são desvalorizados ou ignorados, tanto por parte dos pais como dos professores sendo vistos como comportamentos normais, próprios do crescimento (Dracic, 2009; Neto, 2005). Em algumas situações de participação em comportamentos de bullying, como vítima ou agressor, o seu efeito pode provocar alterações psicológicas que podem persistir nas pessoas que o vivenciaram durante a adolescência (Carvalhosa, 2010).

Hokoda, Lu e Angeles (2006), num estudo realizado com 325 crianças taiwanesas, com idades entre os 13 e 16 anos, e os seus respetivos pais verificou que os adolescentes que possuíam uma relação mais positiva com os seus pais, onde estes permitiam a independência

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ESTUDO EMPÍRICO I 36 dos adolescentes, apesar da existência de algumas regras e limites, pareciam ter menos probabilidade de se encontrarem envolvidos em comportamentos de bullying. Estes

investigadores verificaram ainda que os adolescentes educados em estilos mais democráticos estão relacionados com comportamentos pró-sociais dos seus pares mais positivos, do que os educados em estilos mais autoritários. Estes resultados são consistentes com uma grande parte da literatura desta temática, sendo suportada por outros autores a relação entre o estilo

democrático e os benefícios posteriores para o adolescente (e.g. Georgiou, 2008). Na mesma linha, Powell e Ladd (2010) sugerem ainda que pais considerados mais conflituosos e numa relação menos coesiva tendem a afetar o comportamento futuro dos filhos. Esta questão coloca-se na medida em que, segundo os autores, estas famílias são normalmente caracterizadas como apresentando uma maior distância emocional entre os membros e normalmente com presença de punição física por parte dos pais.

As vítimas de bullying tendem a caracterizar os seus pais como sendo demasiado protetores, inversamente, os agressores aparecem mais frequentemente em famílias que punem e castigam demasiado os seus filhos, geralmente no seio de um estilo autoritário (Cook, Williams, Guerra, Kim & Sadek, 2010; Efobi & Nwokolo, 2014; Georgiou, 2008). Um estudo realizado por Klomek, Marrocco, Kleinman, Schonfeld e Gould (2007), com 2342 participantes, com idades entre os 13 até aos 19 anos, concluiu que as vítimas e agressores de bullying apresentam um maior risco de depressão e ideação suicida e que esta se torna ainda mais alta com o aumento de situações de bullying vivenciadas. Ainda, segundo Albino e Terêncio (2012) e Dracic (2009) o bullying, quando é exercido de forma contínua nas vítimas, pode provocar o desenvolvimento de baixa autoestima, stress, ansiedade, baixo rendimento escolar e em diversas situações pode levar ao aparecimento de sintomatologia depressiva e ansiosa.

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ESTUDO EMPÍRICO I 37 Pelo exposto sugere-se que o estilo parental adotado pelas figuras primordiais é de grande relevância para o bem-estar físico e psíquico do adolescente e jovem adulto. O estilo parental pode predizer os acontecimentos futuros dos indivíduos, nomeadamente ao nível da vivência de bullying, e ao aparecimento de sintomatologia psicopatológica, o que pode condicionar o seu desenvolvimento como adolescente e jovem adulto. Torna-se pertinente aprofundar esta temática de investigação, e assim contribuir para a diminuição das

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ESTUDO EMPÍRICO I 39

Objetivos e hipóteses

O presente estudo tem como principal objetivo analisar de que forma os estilos parentais e o género dos adolescentes e jovens adultos podem ter uma associação no

desenvolvimento de comportamento de bullying. Pretende-se ainda testar o efeito mediador da sintomatologia psicopatológica na associação anterior. Quanto aos objetivos específicos, espera-se observar as associações entre estilos parentais, comportamento de bullying e sintomatologia psicopatológica. Pretende-se igualmente analisar em que medida as variáveis estilos parentais, comportamentos de bullying e sintomatologia psicopatológica diferem em função das variáveis sociodemográficas. Por último espera-se testar em que medida a sintomatologia psicopatológica pode exercer um efeito mediador na associação entre os estilos parentais e desenvolvimento de comportamentos de bullying.

Tendo em conta os objetivos propostos é esperado uma associação significativa e positiva entre os estilos parentais autoritário e permissivo no desenvolvimento de

comportamento de bullying. Aguarda-se uma associação negativa entre o estilo parental democrático com o comportamento de bullying e sintomatologia psicopatológica. Espera-se que existam diferenças significativas entre as variáveis estilos parentais, comportamentos de bullying e sintomatologia psicopatológica, relativamente ao sexo, idade e tipologias de bullying. Por último, prevê-se que a sintomatologia psicopatológica exerça um efeito mediador positivo na associação entre os estilos parentais no desenvolvimento de comportamentos de bullying.

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ESTUDO EMPÍRICO I 41

Método

Participantes

A amostra deste estudo é constituída por 1976 indivíduos. Foram selecionadas 12 escolas secundárias da zona norte e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde foi possível uma amostra constituída por 714 indivíduos do sexo masculino (36.1%) e 1262 do sexo feminino (63.9%), com idades compreendidas entre os 14 e os 25 anos de idade

(M=17.22; DP=2.50). Quanto às idades das figuras parentais dos participantes, estas variam entre 32 e 75 anos (M = 47.74; DP = 5.80) no pai e entre 30 e 65 anos (M = 45.29; DP = 5.57) na mãe.

Instrumentos

O primeiro instrumento do protocolo consistiu num questionário sociodemográfico que abrange as vertentes sociodemográficas, onde foi possível obter informações como idade e sexo.

O Questionário de Exclusão Social e Violência Escolar (QEVE), aferido para a população portuguesa por Martins (2005), adaptado do Cuestionario de Evaluacion de la

violência entre iguales en la Escuela y en el Ocio (CEVEO) de Diaz-Aguado, Arias e Seoane

em 2004, onde é avaliado o tipo e o grau de envolvimentos dos indivíduos em

comportamentos de bullying. Este questionário é composto por 45 itens divididos em três grupos de resposta, cada um deles com 15 itens, sendo que cada grupo apresenta uma

amplitude entre 15 a 60 pontos. Estes grupos representam as seguintes subescalas: Vitimação (15 itens), procurando avaliar o modo como o adolescente se sente em diversas situações com os seus colegas (“Os meus colegas insultam-me e gozam-me”); Agressão (15 itens), que permite avaliar se o individuo realizou comportamentos agressivos para com os colegas

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ESTUDO EMPÍRICO I 42 (“Rejeitei um(a) colega”); Observação (15 itens), avaliando se o individuo assistiu a comportamentos bullying praticados por outros (“Chamarem nomes que ofendem e

ridicularizam um(a) colega”). Os itens estão apresentados numa escala tipo Likert entre 1

(“Nunca”) e 4 (“Quase sempre”).

A análise da consistência interna demonstrou valores de Alfa de Cronbach de .89 para a totalidade do instrumento. No que refere aos Alfas de Cronbach de cada dimensão registam-se valores de .75 para a vitimação, .70 para a agressão e .89 para a dimensão obregistam-servador. A análise confirmatória apresenta valores ajustados para o modelo, χ2 (18) = 81.77, Ratio = 4.54, p = .001, com RMR = .00, RMSEA = .04, CFI = .99, GFI = .99, AGFI= .98, IFI = .99, NFI = .99, encontrando-se estes dentro dos valores de referência em que os índices de ajustamento GFI, AGFI e CFI encontram-se acima de .90, assim como os índices de RMR e RMSEA com valores abaixo de .08 (Byrne, 1998; Fan, Thompson & Wang, 1999).

Martins e Castro (2010) propuseram um agrupamento em quatro grupos que permitem identificar o tipo de indivíduos (vítima, agressor, vítima & agressor e não envolvido)

baseando-se na soma das respostas às subescalas vitimação e agressão. Nos agrupamentos propostos foram incluídas subdimensões para a vítima (vítima de agressão física e vítima de exclusão social e agressão verbal), para o agressor (agressor de agressão física e agressor de exclusão social e agressão verbal) e para indivíduos observadores (observadores de agressão menor, observador de exclusão social e agressão verbal e observador de agressão grave). O agrupamento é realizado com base na seguinte regras: vítima, na subescala agressão <= 18 e na subescala vitimação >18; agressor, na subescala agressão >18 e na subescala vitimação <=18; vítima & agressor, na subescala agressão >18 e na subescala vitimação > 18 e não envolvido, na subescala agressor <= 18 e na subescala vitimação <= 18 (Martins, & Castro,

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ESTUDO EMPÍRICO I 43 2010). Esta categorização será utilizada para definir os pontos de corte das análises deste trabalho.

O Styles & Dimensions Questionnaire: Short Version (PSDQ) foi traduzida para a

população portuguesa por Nunes e Mota (2013) através da versão de Robinson, Mandleco, Olson e Hart(2001), tendo este como objetivo avaliar a perceção que os adolescentes têm perante os estilos parentais das figuras cuidadoras. Trata-se de um questionário, composto por 32 itens, onde existe a versão pai e a versão mãe. Este questionário divide-se em três

dimensões: Democrático (15 itens), Autoritário (12 itens); Permissivo (5 itens). Cada uma das dimensões é constituída por subescalas. O Estilo Democrático inclui 3 subescalas, tendo cada uma delas 5 itens: Apoio e Afeto (“Os meus pais são sensíveis aos meus sentimentos e

necessidades”), Regulação (“Os meus pais explicam-me como se sentem quando me comporto bem e quando me comporto mal”) e Cedência de autonomia/Participação democrática (“Os meus pais têm em conta os meus desejos antes de me pedirem que faça algo”); o Estilo

Autoritário inclui 3 subescalas, tendo cada uma 4 itens: Coerção física (“Os meus pais

castigam-me fisicamente como forma de me disciplinar”), Hostilidade verbal (“Quando me comporto mal, os meus pais falam alto ou gritam”) e Punição (“Quando pergunto aos meus pais porque tenho de lhes obedecer, eles dizem-me: “porque eu disse” ou “porque somos teus pais e queremos que o faças”); por último o Estilo Permissivo onde está incluída apenas

a subescala indulgência com 5 itens, (“Os meus pais consideram difícil disciplinar-me”). No presente estudo e de acordo com a análise das propriedades psicométricas do instrumento retirou-se subescala Hostilidade verbal, uma vez que nesta amostra não se encontra ajustada face ao constructo originalmente proposto pelo autor, podendo enviesar os resultados. Os itens estão apresentados numa escala tipo Likert entre 1 (“Nunca”) e 5 (“Sempre”).

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ESTUDO EMPÍRICO I 44 A análise da consistência interna demonstrou valores de Alfa de Cronbach de .89/.85 para o pai e mãe respetivamente para a totalidade do instrumento. No que refere aos Alfas de

Cronbach de cada subescala registam-se valores de .88/.83 para Apoio e afeto, .87/.83 para

Regulação, .86/.82 para a Cedência de Autonomia/Participação democrática, .74/.74 para a Coerção física, .62/.62 para a Punição e .58/.57 para a Indulgência. A análise confirmatória apresenta índices de ajustados bons para o modelo, χ2 (116) = 898.84, Ratio = 7.82, p = .001/ χ2 (116) = 782.42, Ratio = 6.75, p = .001, com RMR = .08/.07, RMSEA = .06/.05, CFI = .96/.95, GFI = .95/.96, AGFI= .93/.94, IFI = .96/.95, NFI = .95/.95. encontrando-se estes dentro dos valores de referência em que os índices de ajustamento GFI, AGFI e CFI

encontram-se acima de .90, assim como os índices de RMR e RMSEA com valores abaixo de .08 (Byrne, 1998; Fan, Thompson & Wang, 1999).

O questionário Brief Symptom Inventory (BSI), adaptado para a população portuguesa por Canavarro (1999) através da versão desenvolvida inicialmente por Derogatis (1982) tendo como objetivo avaliar indicadores de sintomatologia psicopatológica. Trata-se de um

instrumento, constituído por 53 itens. O questionário avalia 9 dimensões, no entanto, no presente estudo apenas objetiva a análise de 3 dimensões: Depressão (6 itens) que coloca questões do tipo “Sentir que não tem valor”, Ansiedade (6 itens) que coloca questões como “Nervosismo e tensão interior” e Sensibilidade Interpessoal (4 itens), que coloca questões do tipo “Sentir que as outras pessoas não são suas amigas ou não gostam de si”. Os itens são apresentados numa escala tipo Likert que varia entre 0 (“Nunca”) e 4 (“Muitíssimas vezes”).

Relativamente à análise de consistência interna demonstrou valor de Alpha de

Cronbach de .92 relativamente à totalidade das dimensões. No que respeita à consistência

interna de cada dimensão, registaram-se valores de Alpha de Crnbach de .84 para Depressão, .82 para a Ansiedade e .82 para a Sensibilidade Interpessoal. As análises fatoriais

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ESTUDO EMPÍRICO I 45 confirmatórias apresentam valores de ajustamento adequados para o modeloχ2 (19) = 73.25, Ratio = 3.86, p = .001, com RMR = .01, RMSEA = .03, CFI = 1.00, GFI = .99, AGFI = .98, IFI = 1.00, NFI = .99. encontrando-se estes dentro dos valores de referência em que os índices de ajustamento GFI, AGFI e CFI encontram-se acima de .90, assim como os índices de RMR e RMSEA com valores abaixo de .08 (Byrne, 1998; Fan, Thompson & Wang, 1999).

Procedimentos

A recolha da amostra abrange adolescentes e jovens adultos do 9º ano de escolaridade até ao ensino superior realizada de forma aleatória em instituições da zona norte do país. A recolha de dados foi realizada durante os meses de outubro, novembro e dezembro de 2015. É de salientar que inicialmente foi realizado um pedido de apreciação e parecer à Direção Geral de Educação e posteriormente uma reunião com os Diretores do Conselho Executivo das escolas secundárias, onde foi possível elucidar sobre os objetivos do estudo, explicando a sua pertinência, de forma a obter as devidas autorizações. Procedeu-se à entrega do Termo Consentimento Livre e Esclarecido aos encarregados de educação dos jovens a frequentar o ensino secundário. No ensino universitário, a amostra foi realizada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde foi submetido ao conselho de ética um pedido de apreciação e parecer, solicitando-se também a autorização aos diretores de escolas para administração do questionário. Após a obtenção de parecer positivo por parte das escolas secundárias e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, foi realizada a recolha de dados.

Previamente realizou-se uma reflexão falada com adolescentes entre os 14 e os 25 anos de idade, com o objetivo de verificar se o protocolo se encontrava percetível e a durabilidade da sua aplicação. Através desta aplicação foi possível averiguar que seriam necessários 45 minutos para o seu preenchimento. A recolha de dados decorreu em contexto

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ESTUDO EMPÍRICO I 46 sala de aula, na presença da investigadora responsável, onde de forma concisa, forneceu as instruções gerais e expostos os objetivos da investigação, salvaguardando todos os princípios éticos de voluntariedade, anonimato e confidencialidade. Devido à extensão do questionário, devido a possibilidade de este provocar algum cansaço e posterior enviesamento das respostas foi realizada a inversão da ordem dos questionários.

Estratégias de análise de dados

A presente investigação apresenta um cariz transversal, dado que o conjunto de medições foi realizado num único momento do tempo, não existindo então um seguimento temporal dos indivíduos. O tratamento dos resultados foi realizado com os programas IBM

SPSS ® – Statistical Package For Social Sciences e IBM SPSS ® Amos ambos na versão 23.0

x86 para o sistema Microsoft® Windows® 10. Inicialmente foi realizada uma limpeza da amostra, onde foram excluídos questionários inválidos que não demonstravam ter os critérios de preenchimento necessários, sendo assim asseguradas um mínimo de 10% de missings por instrumento e foram igualmente realizadas análises de outliers, que tem como objetivo identificar indivíduos, cujas respostas podem afetar a média e desvio padrão da amostra (Field, 2005). Os outliers univariados são verificados através do valor de z e a partir da distância de Mahalanobis foram identificados os outliers multivariados, onde este identifica indivíduos que apresentem uma média que se distancia da média geral da amostra, excluindo-se os indivíduos identificados. Em excluindo-seguida, realizaram-excluindo-se análiexcluindo-ses dos valores de skewness (assimetria) e kurtosis (achatamento), averiguando se os dados da amostra seguiam os pressupostos de normalidade onde os valores se encontram no intervalo [-1, 1].

Posteriormente procedendo-se à análise estatística que nos fornece informação acerca dos dados do teste Kolmogorov-Smirnov, os gráficos de histogramas, Q-QPlots e Boxplots

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ESTUDO EMPÍRICO I 47 (Maroco, 2014b). Com a averiguação da normalidade da amostra procedeu-se a análises estatísticas mediante testes paramétricos. De forma a testar a estrutura original dos

instrumentos, assim como os seus modelos teóricos propostos, procedeu-se à realização das Análises Fatoriais Confirmatórias de 1ª ordem.

Para a concretização dos objetivos propostos na presente investigação, realizaram-se um conjunto de análises estatísticas na qual se consideraram valores de significância p < .05 na interpretação dos dados. Utilizaram-se análises correlacionais, análises de variância (ANOVA) e análises multivariada da variância (MANOVAS). Testou-se ainda a presença de um efeito mediador da variável sintomatologia psicopatológica na associação entre as

variáveis estilos parentais e comportamento de bullying através de modelos de equações estruturais com recurso ao programa AMOS na versão 23.0 x86, através do método de bootstraping (Maroco, 2014a). Analisou-se qual o contributo que a variável mediadora, sintomatologia psicopatológica, na relação entre a variável dependente e independente.

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ESTUDO EMPÍRICO I 49

Resultados

Associações entre os estilos parentais, comportamento de bullying e sintomatologia psicopatológica

Com o objetivo de analisar as associações entre os estilos parentais, comportamentos de bullying e sintomatologia psicopatológica, foram realizadas análises correlacionais entre os vários instrumentos utilizados. Através dos resultados reportados na tabela 1, médias e

desvio-padrão, constatou-se a existência de correlações significativas entre as variáveis em estudo.

Analisando as dimensões dos estilos parentais adotados pelo pai e as dimensões do

comportamento de bullying, verificam-se associações significativas. A dimensão vítima de agressão física e vítima de exclusão social e agressão verbal apresentam correlação

significativa, no sentido positivo e de magnitude baixa com a coerção, punição e

indulgência (r = .050 até r = .134, p < .001 até p < .005) e no sentido negativo com

magnitude fraca com o apoio e afeto, regulação e cedência de autonomia/participação (r = -.028 até r = -.130, p < .001). A dimensão de agressor de agressão física regista uma

correlação significativa, no sentido positivo e de magnitude fraca com a coerção, punição e

indulgência (r = .106 até r = .165, p < .001). Quanto à dimensão agressor de exclusão social e agressão verbal apresenta uma correlação significativa, no sentido positivo e de magnitude

fraca com coerção, punição e indulgência (r = .054 até r = .098, p < .001 até p < .005) e uma correlação significativa, no sentido negativo e de magnitude fraca com apoio e afeto,

regulação e cedência de autonomia/participação (r = -.066 até r = -.099, p < .001). Para a

dimensão observador de agressão menor apresenta uma correlação significativa, no sentido positivo e de magnitude fraca com coerção, punição, indulgência e regulação (r = .048 até r = .140, p < .001 até p < .005), no observador de exclusão social e agressão verbal apresenta

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ESTUDO EMPÍRICO I 50 uma correlação significativa, no sentido positivo e de magnitude fraca com a punição (r = .093, p < .001) e no sentido negativo com magnitude fraca com o apoio e afeto e cedência de

autonomia/participação (r = -.047 até r = -.060, p < .001 até p < .005). Por sua vez, a

dimensão observador de agressão grave apresenta uma correlação significativa, no sentido positivo e de magnitude fraca com coerção, punição e indulgência (r = .052 até r = .124, p < .001 até p < .005).

Relativamente às associações entre os estilos parentais adotados pela mãe e as dimensões do comportamento de bullying, verificam-se associações significativas. A dimensão vítima de agressão física e vítima de exclusão social e agressão verbal

apresentam correlação significativa, no sentido positivo e de magnitude baixa com a coerção,

punição e indulgência (r = .060 até r = .138, p < .001 até p < .005) e no sentido negativo

com magnitude fraca com o apoio e afeto, regulação e cedência de autonomia/participação (r = -.028 até r = -.130, p < .001), com a exceção da regulação mãe na vítima de agressão

física que não apresenta correlação significativa. A dimensão de agressor de agressão física

regista uma correlação significativa, no sentido positivo e de magnitude fraca com a coerção,

punição e indulgência (r = .102 até r = .154, p < .001) e no sentido negativo e de magnitude

fraca com apoio e afeto, regulação e cedência de autonomia/participação (r = -.059 até r = -.075, p < .001). Quanto à dimensão agressor de exclusão social e agressão verbal apresenta uma correlação significativa, no sentido positivo e de magnitude fraca com a coerção,

punição e indulgência (r = .060 até r = .118, p < .001) e uma correlação significativa, no

sentido negativo e de magnitude fraca com apoio e afeto, regulação e cedência de

autonomia/participação (r = -.082 até r = -.109, p < .001). Para a dimensão observador de agressão menor apresenta uma correlação significativa, no sentido positivo e de magnitude

fraca com coerção, punição e indulgência (r = .066 até r = .119, p < .001) e no sentido negativo com magnitude fraca com a cedência de autonomia/participação (r = -.055, p <

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ESTUDO EMPÍRICO I 51 .001), no observador de exclusão social e agressão verbal apresenta uma correlação significativa, no sentido positivo e de magnitude fraca com a punição (r = .065, p < .001) e no sentido negativo com magnitude fraca com a cedência de autonomia/participação (r = -.055, p < .005). Por sua vez, a dimensão observador de agressão grave apresenta uma correlação significativa, no sentido positivo e de magnitude fraca com coerção, punição e

indulgência (r = .049 até r = .144, p < .001 até p < .005).

No que respeita às associações entre as dimensões do estilo parental e as dimensões da sintomatologia psicopatológica, os resultados apontam para a presença de correlações significativas. Na dimensão estilo parental democrático, os resultados indicam correlações significativas, com sentido negativo e de magnitude fraca entre as dimensões apoio e afeto,

regulação e cedência de autonomia/participação e todas as dimensões relativas à

sintomatologia psicopatológica ansiedade, depressão e sensibilidade interpessoal (r = -.094 até r = -.245, p < .001) face à mãe e ao pai. Na dimensão estilo parental autoritário para o pai os resultados indicam uma correlação significativa, no sentido positivo e de magnitude fraca entre a dimensão coerção e punição para a ansiedade, depressão e sensibilidade

interpessoal (r = .069 até r = .128, p < .001). Na dimensão estilo parental permissivo para o

pai, estão presentes correlações significativas, no sentido positivo, de magnitude fraca para a

ansiedade e sensibilidade interpessoal (r = .067 até r = .081, p < .001). Relativamente à

dimensão estilo parental autoritário adotado pela mãe, os resultados apontam para uma correlação significativa, no sentido positivo e com magnitude fraca entre as dimensões

coerção para a depressão e sensibilidade interpessoal e da dimensão punição para a ansiedade, depressão e sensibilidade interpessoal (r = .058 até r = .122, p < .001 até p <

.005). Para o estilo parental permissivo na mãe, registam-se correlações significativas, no sentido positivo e de magnitude fraca para a ansiedade e sensibilidade interpessoal (r = .051 até r = .068, p < .001 até p < .005).

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ESTUDO EMPÍRICO I 52 No que concerne à associação entre as dimensões comportamento de bullying e

sintomatologia psicopatológica os resultados indicam para a presença de correlações

significativas. Quanto à dimensão vítima de agressão física e vítima de exclusão social e

agressão verbal estas apresentam correlações significativas, no sentido positivo e de

magnitude entre fraca e moderada com a ansiedade, depressão e sensibilidade interpessoal (r = .168 até r = .420, p < .001). A dimensão agressor de agressão física regista uma

correlação significativa, no sentido positivo e de magnitude baixa com a depressão (r = .048,

p < .001), enquanto que a dimensão agressor de exclusão social e agressão verbal, apresenta

uma correlação positiva, no sentido positivo e de magnitude fraca com todas as dimensões relativas à sintomatologia psicopatológica, ansiedade, depressão e sensibilidade

interpessoal (r = .174 até r = .207, p < .001). Na dimensão observador de agressão menor e observador de exclusão social e agressão verbal, são registadas correlações significativas,

no sentido positivo e de magnitude fraca com a ansiedade, depressão e sensibilidade

interpessoal (r = .105 até r = .229, p < .001). Por último, a dimensão observador de agressão grave apresenta uma correlação significativa, no sentido positivo e de magnitude

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ESTUDOEMPÍRICOI 53

Tabela 1 - Correlação entre variáveis, média e desvio padrão (N=1976)

Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Estilos parentais: Pai

1. Apoio e Afeto -

2. Regulação .796** -

3. Cedência de autonomia / Participação .805** .745** -

4. Coerção -.067** -.011 -.095** -

5. Punição -.012 .087** -.064 .468** -

6. Indulgência .139** .143** -.136** .256** .371** -

Estilos parentais: Mãe

7. Apoio e Afeto .636** .525** .553** -.127** -.049* .041 -

8. Regulação .565** .794** .562** -.039 .059** .068** .710** -

9. Cedência de autonomia / Participação .537** .528** .759** -.127** -.102** .034 .760** .676** -

10. Coerção -.050* -.016 -.082** .785** .429** .275** -.142** -.037 -.152** -

11. Punição -.042 .037 -.091** .409** .804** .340** -.110** .018 -.158* .508** -

12. Indulgência .001 .036 .023 .232** .317** .855** .015 .040 .008 .286** .367** -

Comportamentos de Bullying

13. Vítima de Agressão Física -.065** -.028 -.087** .134** .161** .095** -.048* -.020 -.080** .124** .138** .107 -

14. Vítima de Exclusão Social e Agressão

Verbal -.119** -.081** -.130** -.081** .101** .050* -.096** -.073** -.119** .072** .090** .060** .488** - 15. Agressor de Agressão Física -.028 -.033 -.043 .165** .106** .119** -.064** .059** -.075** .154** .103** .102** .312** .132** -

16. Agressor de Exclusão Social e Agressão

Verbal -.088** -.066** -.099** .054* .098** .098** -.090** -.082** -.109** .060** .098** .118** .400** .431** .280** - 17. Observador de Agressão Menor .008 .048* -.033 .087** .140** .078** .001 .037 -.055* .069** .119** .066** .287** .188** .173** .272** -

18. Observador de Exclusão Social e

Agressão Verbal -.047** .001 -.060** .003 .093** .033 -.018 .012 -.055* .001 .065** .028 .259** .346** .088** .373** .632** - 19. Observador de Agressão Grave -.009 .009 -.041 .124** .096** .052* -.010 .012 -.031 .144** .077 .049* .163** .078** .187** .099** .481** 276** -

Sintomatologia Psicopatológica 20. Ansiedade -.118** -.094** -.122** .069** .098** .067** -.079** -.097** -.104 .030 .085** .051* .168** .306** .017 .174** .105** .209** .010 - 21. Depressão -.245** -.020** -.231** .091** .103** .043 -.218** -.201** -.220** .058** .097** .037 .216** .389** .048* .188** .118** .220** .045* .712** - 22. Sensibilidade Interpessoal -.187** -.140** -.176** .109** .128** .081** -.166** -.144** -.175** .085** .122** .068** .233** .420** .039 .207** .133** .229** .033 .718** .801** - M 3.62 3.44 3.53 1.25 1.88 1.93 4.05 3.66 3.74 1.29 1.93 2.05 1.07 1.26 1.02 1.24 1.25 1.67 1.06 1.85 1.78 1.77 DP .02 .02 .02 .01 .01 .01 .02 .02 .02 .01 .02 .01 .00 .00 .00 .00 .00 .01 .00 .01 .01 .02 * p < .0.05 ; ** p < .01

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Tabela 3 - Análise diferencial dos estilos parentais do pai e da mãe, comportamentos de bullying e  sintomatologia psicopatológica em função do sexo
Tabela 4 - Análise diferencial das variáveis estilos parentais do pai face à tipologia do bullying
Tabela 6 - Análise diferencial das variáveis sintomatologia psicopatológica face à tipologia do  bullying
Figura 1 - Modelo representativo de efeito mediador da sintomatologia psicopatológica na  associação entre estilo parental democrático e autoritário do pai e comportamentos de bullying
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