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6)o
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à
Morfoestruturas
Quilométricas
em
Forma
de
Crescente
nas
Águas
Profundas
do
Golfo
de
Cádis
João
Daniel
Cusal
Duarte
Ofientadores:
Doutor
Pedro
Terrinha
eDoutor
Filipe
Rosos
Dissertaçâo apresentada à Universidade de
Évora
para aobtenção
do
Graude
Mestreem
Cartografia Geológica. Esta dissertação nãoinclui
as críticas e sugestões feitas pelojúri.
T]E 170
Morfoestruturas
Quilométricas
em
Forma
de
Crescente
nas
Profundas
do
Golfo
de
Cádis
(hientadores: DouÍor
Pedro
Teninha
eDoutar
Filipe
Rosas
Disscrtação apresentada
à
Universidade de Évora para a obtençãodo
Graude
MesEe emCartografia
Geológica.Esta dissertação não
inclui
as críticase
sugestões feitaspelojúri.
n
?
,l7o
,4
,l
B
O
levantameirto batimétrico MATESPRO, realizado noNW
doGolfo
de Cádis,revelou a
existênciade
intigantes
objectos morfológicos jacentes entre os4300
e os4700
metos
deEstes
objectos,
de
dimensões quilométricas,
sãoconstituídos
por uma
depressãointema limitada
parcialmentepor
uma
escaq)a emforma em crescente que pode
atingir
mais de 100 m dealturq
com declives que variamenh:e os 6
e os2T
e cuja parte intema é constituída por uma depressão preenchidapor
unidades progradantes, que se desenvolvcm no sentido da escarpa.Estes objectos
são
interpretadoscomo
o
resultado
da
acção
conjunta
de processos tectónicose
s€dimentaÍese
da
sua interacçãocom coÍÍentes
de
fundo.
A
actividade tectónica gera rupturas de declive no fundo do mar.
As
coÍrentes defimdo
eturbidíticas
interagem com estas irregularidades morfológicas, amplificando-as através da sua acção erosiva,permitindo
assim a criação das escarpas abruphs dos crescentes e a formaçâo de corpos sedimentares progradantes.Abstract
Kilometric
Crescent-shaped
Morphological Structures
in
Deep
lYaters of
the
Gulf
of
Cadiz
Multi-beam
swath bathymetry carried out inNW
Gulf of
Cadiz revealed severalintriguing
features,lying
at depths between -4300 and - 4700 m. These features displaykilometric
crescent escarpmentsup
to
100
m
high
with
slopes between6
and
27 degrees,in
an area characterizedby
very
shallow general slope gradients(0,5
").
Theintemal part
of
a
Crescent consistsof
a
depressionfrlled
upwith
upslope progradingdrift
developing towards the scarp.These features are interpreted as the coupled result
of
sedimentary and tectonicpÍrocesses.
It
is
proposed
that
the
Crescentsformed
when
a
local
morphologicinegularity,
corresponding to thebaúymetric
expression of movement on an underlying thrust,is
enhancedby
üe
erosionalactivity of
turbidity
and bottom currents. Thedrift
results from the re-deposition of the eroded material in
úe
same location.Gostaria
de
começarpor
agradecerao
Pedro Terrinhae
ao
Filipe
Rosas que desdeo
inÍcio
me encorajaram a enveredar neste Mestrado e que estiveram sempre domeu
lado
durantetodo o
pnocessode
investigaçãoe
de
escriu,
aconselhando-me ecorrigindo sernpre que necessário.
Ao
Rui Dias que muito me ensinou durante o Mestrado.Queria também expressar
o
meuprofimdo
agradecimento ao Vasco Valadares eao
Ricardo
Caranovq
sempredisponíveis
e
incanúveis,
s
acima
de
tudo
grandes arnigos.À
Cristina
Roquecom quem
discuti
inúmeras vezesde forma
extremamente cntusiasmante o tema apresentado neste manuscrito.Ao
Lús
Pinheiro,Vítor
Magalhães, José Vicente, Henrique Duarte,Rui
Tabordae Luís Matias sempre disponíveis para ajudar e discutir ideias.
Ao
Jean-PirreHenriet ao David Van Roo[i e
à
Anneleen Foubert
por
me receberam na Universidade de Gent e me esclarecerem muitas das minhas dúvidas.Ao LATTEX
(Laboratório de Tectonofísica e TectónicaE:çerimental),
o
meulocal de
trabalho, pela
forma
exceleNrtecom
que
me
acolheue por me
ter
sempredisponibilizado tudo o que precisei.
Ao
Departamento
de
Geologia
Mariúa
do INETI
(nstituto
Nacional
de Engenharia, Tecnologia e Inovação).À
Noémie nrloúers, com quempartilho
diariamente a minha vida, e que sêmpre esteve do meu lado e me apoiou incondicionatnente nas horas mais diffceis.Finalmente queria expressar a
miúa
profundagrtidão
para com os meus pais,Joaquim Moedas
Duarte
e
Maria de
Lurdes
Casal. Sem
o
seu apoio,
esforço
emotivação
a
elaboração destatese nunca
teria sido
possível.
Foram eles que
mefinanciaram
durante este trabalhopor
saberem que era uma coisaque eu
realmenteResumo
Abstract
1.
Introduçlo
l.l.
Objecto de Eshrdo e Objectivo do TrabalhoI .2. LocalivaçAo Geográfica da Área de Estudo
2.
Enquadramento
2.1. O
Golfo
de Cádis2.1.1. Evolução Geodinâmica do
Golfo
de Cádis 2.2. Vulcões de Lama, Pocbnarks e Hidratos de Metano2.2.1. Vulcões de Lama
2,2.2.
Pochtarks
2.2.3. Hidratos de Metano
2.3. Occanogmfia
2.3.1. Correntes
Tuúidíticas
eTuóiditos
2.3.2. Correntes de Fundo e Contornitos
3.
Métodos
3.1. Princípios dos Sistemas 3.1.1. As
ordas
3.1.2. O Eco
Acústico
3.2. Eco.sonda
Multifeixe
e BatimetriaMultifeixe
3 .2. I . Sistema de Aquisição de Dados Batimétricos
3.2.2. Aquisição e Processamento dos Dados de
Batimeüis
I
Índicell
lll
lv
I
I
47
7 8l3
l3
t9
23 26 28 30 33 33 34 38 39 404t
lv3.3. Sísmioa de Reflexão
3.3.1. Sísmica de Reflexâo
lúarinha
3.3.2. Parâmetros de Aquisiçôo dos Dados de Sísmica de Reflexâo
4.
Geomorfologia
4.1. Morfo-tectónica
4.I .1. Domínios Morfo-tectónicos
4.1.2. Formas Lineares
4,2. Rede de Drenagem da zona
NIV
doGolfo
de Cádis 4.2.1. Canhões Submarinos e Canais4.2.2. Vales Submarinos Profundos
4.2.3. Planaltos Submarinos e
Altos
Topográficos 4.2.4. SuperÍicie do Prisma Acrecionário4.2.5. Planície Abissal da Ferradura
5.
O
Vale
da
Ferradura
eos
Crescentes
5.1. O Vale da Ferradura 5.2. Os Crescentes
6. Discussão
42
485l
FH 55 57 65 69 72 73 74 75 76 77 78 8297
107INTBOT'UçÃO
l.
Introduçlo
No
ano de 20O4 realizou-se umacampaúa
oceanogÉfica no âmbito do projectoMATESPRO
(Llajor
Tectonic ond Sedinentary Processesin
the PortugueseMugitts;
FCT/PDCTIú/P/I\,ÍAR/152@11999),
na
qual foram
adquiridos
novos
dados
debatimetria
multifeixe
ta
ziaasNW
do Golfo de
Cádis.Os principais objectivos
do projectoMATESPRO
eram: a) a avaliação do potencial sismogénico e tsunamigénico das margens Oeste e Sudoeste portuguesas;b)
investigara
fronteira de placasÁfrica-Ibéria,
sua
localização,geometia e
relaçãocom
estruturas tectónicas preexistentes(falhas normais mesozóicas
e
cavalgamentos neogénicose
quatemários);c)
recolher dadosmorfológicos
e
geoÍisicoscom o
objectivo de
compreendera
relaçãoente
a tectónica regional e a dinâmica sedimentar na Margem Sul Porhrguesa.A
campaúa
MATESPRO 2004, levada a cabo a bordo do N.R.P.D.
Carlos,foi
planeadade fonna a
estender a cobeúura de batimetria obüda durante ascampaúas
PARSIFAL e HITS,
realizadasem
2000
e
2001, durante as quais foram adquiridos dados de batimetriamultifeixe
e de sonar de varrimento lateral(TOBI)
na área da Falha do Marquês de Pombal.A
campaúa
teve a duraçãototal
de24
dias,repartidos ao longo
&
3
legs durante os meses de Junho e Julho de 2004, tendo sido coberta uma área total de aproximadamente 38.000 lsn2.1.1.
Objecto
de
Estudo
eObjectivo
do
Trabalho
A
partir dos novos dadosbatiméticos
adquiridos na campanha MATESPROfoi
Il{Íf,oDUÇÃo
cÍescente.
A
descoberta destes objectosfoi
inesperada, não apenaspor
não
estaremúrangidos
nos objectivos da campanha, mas pelas suas característicaspeculiares. Salientam-se
as
seguintes:a)
constituemum
conjunto
de
8
objectos de dimensõesquilométricas (até
5km) em
forma de
quarto crescentê, fazendo lembrardunas
do
tipo
bartitwnt
(ver figura
1.1),
b)
apreseÍrtamuma
depressão intemaparcialmente delimitada por escarpas com declives que variam
ente
os 6 e os27,
numaárea
em
que
os
declives médios são
da ordem
dos
0,4';
c)
estãolocalizadas
aprofundidades elevadas, entre 4300 e 4700 metros, na zona central do
Golfo
de Cádis,uma área tectonicamente activa e
rica
em forma morfológicas na interface água/rocha;d) apresentam uma
distribúção
espacial aparentemente aleatória.Por outro
lado, a origem destes objectos eradescoúecida,
mas desdeo inicio
que se
suspeitouque
podiam resultar
de uma
interacçãocomplexa
de
diferentes processos oceanográfrcose
geológicos,tomando
claraa
necessidadede
um
estudoaprofirndado com
o
objectivo
deidentificar
os processos que contribuíram paraa
snâforrnação.
Vários
autoresidentificaram
e
descreverammorfologias
semelhantes emdiferentes contextos geológicos, todas estas localizadas
a
proflmdidadesinferiores
a 2000 metros e apresentando dimensões inferiores a 2 km.Bulat
etal.
(2001),Wynn
etal. (2002)
e
Verdicchio et
al.
(2006) identificaram
objectos que apresentam algumas semelhanças morfológicas com os Crescentes2 e interpretam-nos como formas erosivas'
Dr*
ero fomra de lua cresc€ntê com a convexidade voltada para o tado de onde vem o veúto e asexhemidades a apontar para o lado contrírio. Em perfil tansversal a duna é assimétricq apresentando urn rclevo mais suave na paÍte convexa e mais íngreme na parte
côncava-2
Deüdo à sua fomu e pelo frcto de a pessoa qu€ pmcessou os dados bdimé,tricos pela primeira vez se
chamar Tenente tobo, estes objectos morfológicos foram inicialm€ntê d€signâdos de 'Pegadas do Iobo". Neste Aabslho optou-se por designar estes objectos de Fonnas Erosivas em CtEsc€nt€ do Golfo do Cádis, ou apenas Crcscenteq na fonna ab,reviada,
IxrnoouçÃo
localizadas (erosional scours) resultantes da interacção de correntes de densidade e de
fundo com
substrato sedimentar. Faugêreset al.
(1997)
identificaram sobreo
PrismaAcrecionrírio de Barbados morfologias interpretadas como erosional scours resultantes
da
interacção
de
processostectónicos
com
correntes
de
fundo. Foram
tambémidentificados objectos morfológicos semelhantes em zonas onde ocolre escape de gás e
vulcanismo de lama. Estas formas correspondem normalmente a estrufuras de colapso
Qtoclcrnarlcs) e
a
cicatrizes de deslizamentos gravíticos relacionadas com a presença e migração de gás na sub-superficie e desgasificação dos sedimentos saturados em fasesgasosas
(e.g.Dimitrov
et. al., 2003; Somoza, et al., 2003; León et a1.,2006).Figura 1.1
-
Vista a partir de Sudoeste da iirea dos Crescentes, concentrados na parte inferiordireita da imagem, coÍrespondendo as depressões em forma de anfiteatro com escarpas internas.
Ver localizaçáo na figura 1.3. (Imagem preparadaa bordo do NRP D. Carlos
I
pelo Tenente Lobo utilizando o software CARIS-HIPS) (MATESPRO Team,2004).a Ej,
l(ifr*
-r
r\,.\Fk!
i\
'/
INTRoDUçÃo
O
presentê trabalhotem
com objectivo
central estudarde modo descritivo
einterpretativo os Crescentes e tentar compÍ€ender quais os que estão na sua origem. Com vista em alcançar este objectivo sení efectuada uma descrição
e consequente interpÍetâçrÍo
morfológica
detalhada destes objectos, bem como da áreaenvolvente. Serão também interpretados
perfis
dereflexão
sísmica de médiae
baixaresolução com
o
objectivo deidentificar,
descrever e interpretar a estrutura tectonica earquitectura sedimentar da subsuperÍicie da rírea onde se localizam os Crescentes. Por
fim
tentar-se-áidentificar
os processos que podem ter contribuído para a formaçâo dos Crescentes, sendo propostos, discutidos e testados modelos genéticos gerais para a suaorigem. Estes modelos serão
elaborados incorporando
os
dados obtidos,
asinterpretações
realizadas
e
os
diferentes
pÍocessosgeológicos
e
oceanográficoscoúecidos.
Os modelos serão validados caso permitam explicar os dados observados.l.2.Localização
Geográfica
da
Área
de
Estudo
A
área estudada neste trabalho localiza-se na Margem Sudoeste Ibérica, na zona Noroeste doGolfo
de Cádis, e é limitada geograficarnente pelas latitudes 35" a3T
N
e longitudes 8"a
llo
W. O Golfo
de Cádis é limitado a Este pelo Estreito de Gibraltar, aNorte e
Nordestepela
Margem
SudoesteIbérica
e
a
Sul
e
SudesGpela
MargemIxrnoouçÃo Placa Eurásia
Í
Zona de Fractura -Açores-Gibraltar Placa Átrica 'ÇoFigura 1.2
-
a) Enquadramento geognáfico do Golfo de Cádis. Localização do Estreito de Gibraltar, Banco de Gorringe (BC), Planície Abissal da Ferradura (PAF), Coral Patch Seamount (CP.9), Planície Abissal do Sena (PAS). O rectângulo branco corresponde à área apresentada na figura 1.3. b) Contexto geodinâmico, limites de placas tectónicas e movimento relativo entre África e Eurásia. O Arco Orogénico de Gibraltar está representado a vermelho e o Prisma Acrecioniirio do Golfo de Cádis a verde.O
objecto
de
estudo
os Crescentes
encontra-serestringido
ao
Vale Submarino da Ferradura,uma
árealimitada
aNorte
peloVale
Submarino de Sagres epelo Planalto de Sagres; a Este pelo Prisma Acrecionrírio do
Golfo
de Cádis (Gutscher et al., 2002); a Sul pelo Coral Patch Ridge; e a Oeste pela escarpa da Falha da Ferradura(FF) e pela Planície Abissal da Ferradura (ver
figura
1.3).Placa América
b
lbéria
-'África
t*,+.q'.r+ Açores BG Golfo de Cád PAFa
1 S CPS-ii i PAS ...rr.rrr.r.t..,r.rr...l-J,
't-Estreito d-e GibraltarIxrnoouçÃo 11'W 1o'tfú 9'W 8'W 38'N 38'N 37'N 3trN 36'N 36'N 35'N 35'N 12'W 11'W 10'w 9'W 8'W
Figura 1.3
-
Mapa Batimétrico do Golfo de Cádis. Ver localizaçáo na figura 1.2. Estão representados alguns dos objectos morfológicos mais importantes. Alguns dos Crescentes estão destacados com setasamarelas (ver detalhe na figura 1.1). (Compilação da batimetria do Projecto SWIM obtida até 2005 + GEBCO (General Bathymetric Chart of the Oceans)). FF
-
Falha da Ferradura.12'W 7'W 34'N 34'N 7'W SW
lbéria
co de Hffi
Proftxrdidad€ (m) EEm {É ,31ã .ffi râ6 -!á s ffi 6m <75Itq
d Eanhão -il §. tI
ffi
Planície Abissal da Ferradura *%lr*^'-rt !l!EneulonaMENTo
2.
Enquadramento
2.1.
O Golfo
de
Cádis
O
Golfo de
Cádis
correspondea
uma
faixa
geográficaE-W
situadaentre
oextremo
oriental da Falha da
Glória (o
segmento transformanteda Zona
de FracturaAçores-Gibraltar
-
Z.F.A.G.)
e a
extremidadeOeste
da
cadeia orogénica
Alpina-Mediterrânica
(ver figura l.2b). Nesta
área localiza-seuma fracção
da
fronteira
de Placas África-Purásia.Esta
âreatem sido alvo de
inúmeros
estudosna
áreada
Geologia
Marinha,destacando-se os seguintes temas de investigação: a) hidratos de metano,
wlcanismo
de lama e migração defluidos
e estruturas associadas-
vulcões de lam a e poclonarlcs (e.g.Gardner,2001;
Pinheiro etal.,
2003; Somozaet
a1.,2000);b)
instabilidade de taludes,slumping, deslizamentos gravíticos e sistemas de deposição
turbidítica
(e.g. Maldonadoet
al.,
1999; Terrinhaet al.,
2003);c)
correntes oceânicas (e.g. Medtterranean OutflowWater,
North Átantic Deep
Water), suas interacçõescom
o
fundo (erosão, transporte esedimentação), depósitos assosiados (e.g. contornítos e sediment
drifts)
e a sua relaçãocom as alterações climáticas (Maldonado et
al.,
1999a;Llave
etal.,
2001; Ambar et al.,2002; Hernández-Molina,
et
al.,
2006;Voelker et
al.,
2006);
d)
evolução estrutural etectónica da fronteira de Placas Africa-Eurásia
(Purdy,
1975;Platt etal.,
1989; Royden,L.H.,
1993; Lonergan
8.
White,
1997; Rovere
et
â1.,2004;
Zitellini
et
à1., 2004; Gutscheret
al.,
2002);
e)
neotectónica, sismicidade,risco
sísmico
e
tsunamigénico (Borges et a1.,2001; Terrinha et al., 2003;Bufforn
etal.,
2004).2.1.1.
Evolução
Geodinâmica do
Golfo
de
Cádis
O Golfo
de Cádis apresenta uma estruturacomplexq
poduto
da interacção dasrnargens estiÍadas do SW da Iberia e
NW
deÁfricq
geradas durante a abertura doNeo-Tétis, da formação e migragão para Oeste do
Arco
de Gibraltar no Miocénico superior e da convergênciaentre
as PlacasÁfrica
e
Eunísia desdeo
inicio do Cenoáico
até à actualidade.Durante
o
Triássico, oGolfo
de Cádis desenvolveu-se oomo parte do sistema denftnC
do Neo-Tétis ocidental
o
que
causoua
reactivação extensionalde
estruturas Variscas durante a fragmentação da Pangeia.As
Margens Sul Ibérica eNorte
Africanadesenvolveram-se como resultado da separação entre a
África
e aAmérica do
Sul emregime de hacção
pura
e entre a Á,frica e aIberia
em regime transtensivo sinistrógiro(Srivastava et
al.,l990a
&
1990b; Gonçalves 2004) (verfigura
2.1).A
Ibéria ter-se-á destacado da PlacaAmérica
noJuássico
Superior.A
zona defronteira entre a Ibéria a Eunásia teni acomodado mais de 200 l«n de movimento relativo
de desligamento esquerdo
ente
o lunássicoMédio
e o CretácicoInferior
(170-120Iúa)
(ver figura
2.2a-d).
Parao
sectora
Norte
da
Znm
ôe Fractura Açores-Gibraltar
as reconshuções baseadasnas
anomalias magrréticasdo fundo do mar
mostram que a separação entre a Eurásia e a Placa Âmérica teveinício
há aproximadamente 118 Ma"(Srivastava
et
al.,
1990a)(ver
frgura
2.2de
2.2e). Nestaaltura existiria
no Golfo
deCádis
um
sistema
de
eixos
de
alastramentoe
falhas
transforrrantes
associadas,coexistindo
com
uma
mna
dejunção
tripla
entre as PlacasÁfrica,
Ibéria e
AméricaExeulonrMENTo
\
Jurássico Superior - Cretácio lnferiorlbéria
z.F.A.G. Y \ \^t
África
Crusta Oceânica # Fathas Margnm Continental / Eixos deAlastramentoFigura 2.1: Representação esquemática das principais estruturas existentes nazona do Golfo de Cádis e
Mediterrâneo Ocidental durante o Jurássico Superior e Cretácico Inferior. Z.F.A.G.
:
Zona de Fractura Açores-Gibraltar (Modificado de Dercourt et al., 1986; Sanz de Galdeano, 1990; Maldonado et al., 1999a)No
Campaniano iniciou-se a convergência generalizada entre as PlacasAfrica
eEurásia, tendo como consequência a subducção da crusta oceânica do
Neo-Tétis
sob a litosfera continental da Eurásia. Esta zona de subducção terá sido contínua pelo menos desde azona SEIbericaate
aos Alpes (verfigura
2.2h). Alguns autores sugerem que asubducção se prolongaria até
à
zonaSW lbérica,
acomodando a convergência entre a PlacaAfrica e a
PlacaIbéria
entreo
Cretácico Superior-Paleogénicoe
o
Miocénico(Srivastava et
al.,l990a;
Terrinha et al., Submitted).Esta convergência causou noGolfo
de
Cádisa
inversão das estruturas extensivas mesozóicas (Maldonadoet
al.,
1999a;Terrinha, 1998).
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II
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J
Figura 2.2: Reconstrução do Tétis Ocidental entre o Jurassico Médio e
o
Paleogénico superior. (Rosenbaum et al., 2002a). Ad:
Adria; Ap:
Apulia; Br:
Briançonnais; GB:Grand Banks;
Pi:
Pindos;Si:
Sicily; Va:Valais. 130 Ma 1)
á
"Ér
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? ? r I 2I
ExeuaonlMENTo
A
taxa
de convergência entrea
África e a
Eurásia teveo
seu auge durante oEocénico-Oligocénico e desde então tem vindo a decrescer. Os estudos de cinemática de placas realizados
por Dewey
etal. (1989)
sugerem que na áreado
Mar
deAlboran
-Golfo
de Cádis terá ocorrido cerca de 200km
de convergênciaN-S
entre o Oligocénico medio eo
Miocénico
superior, seguindo-se 50km
de convergência oblíqua dextrógira (SE-NW) desde o Miocénico superior até à actualidade.A
reduzida taxa de convergência pós-Oligocénico terá desencadeado fenómenosde
roll-bacÉ
do slab litosferico
oceânico
do
Neo-Tétis
subductadosob
a
Eurásia, levando à formação de bacias de backarc
na zona Ocidental do Mediterrâneo (Royden,1993; Lonergan
&,
White,
1997; Gutscher
et
à1.,2002)
(ver
figura
2.3).O
desenvolvimento
das
baciasde
back
arc
originou
a
migraçãopara
sul da
zona
de subducção, assim como de vários terrenos continentais (Alboran, Kabylies e Calábria).A
subducção ter-se-á arqueado causando a migração do terreno deAlboran
(Betic/Rif nafigura 2.3) para Sudoeste, do Kabylies para Sul e daCalétbria para Sudeste.
n
M
tl
E
I
^
/
/
à, taExposed undeformed continental crust Deformed and metamorphosed Alpine rocks Deformed conti nental maryin
Continental plaúbrm ('ontinental back-arc basin Marine back-arc basin Mesozoic oceanic çrust Volcanic centre
Subduction zone or thrust front
Strike-slip fault
Crustal extension
Figura 2.3: Reconstrução das principais estruturas tectónicas do Mediterrâneo no Oligocénico superior (25 Ma) (Rosenbaum et al., 2002b).
Late Oligocene (25 Ma)
Gufr al Basin Western Alps lberia 5OO km lontan Sea
il
r-:7
N Line Adria-l
N lblean Plateau7
I
-t7-r
Er',leuaomMENTo
O
terreno continental deAlboran colidiu
com as Margens Continentais Ibéria eÁfrica
duranteo
Miocénico médio-inferior,
dando origem ao orógenoBético-Rifaúo
(ver
figura
2.4
e
2.5).
Nestaaltura, devido
à
continuação da migraçãodo
terreno deAlboran
para Oesteacompaúado
pelo
colapso orogénicodo Arco
Bético-Rifanho, possivelmente associado aoroll-back do slab litosferico
africano subductado, ter-se-á formado noGolfo
de Cádis um prisma acrecionário e olistostromas de idade Tortoniana (Gutscheret al.,
2002;
Faccennaet al.,
2004). Segundo Gutscheret al.
(2002)
esta subducçãoainda
estáactiva.
Em
alternativa,
o
colapsoorogénico
do
Arco
Bético-Rifanho
e
distensãono
Mar de Alboran
podem ser
explicadospor
fenómenos dedelaminação mantélica (Platt
&
Vissers, 1989).Figura 2.4 e 2.5: Reconstrução das principais estruturas tectónicas do Mediterrâneo no Miocénico médio (15 Ma) e Tortoniano (10 Ma) (Rosenbaum et al., 2002b).
Actualmente o
Golfo
de Cádis apresenta um cenário generalizado de deformação transpressiva,em
consequênciade uma
convergência,com
direcção aproximadaSE-NW
entre as sub-placas da Núbia e Ibéria.A
tensão compressiva é dissipada através dapartição
da
deformaçãoao
longo
de
estruturas pré-existentes.A
reactivação destasestrufuras
ocoÍre
segundo diversosestilos
tectónicos de acordocom
a
sua posição eMiddle Miocene (15 Ma)
Pannonian Besin NglrtanB'sin Alps Adria Íberia Eetic ]blean Plaleau Bí 50O km o-3^v o
.'"-;rs*
GulÍ Liôn oÍ rlo\eírda q^:^
E Tortonian (10 Ma) Pannonaân Basin lbena Adria Alboran ^ Seat^
A NgedanSasin KabÍbs o o a õ' o @,
3 5 s Gufr d Li@1,^*'*t''$$*
5OO km lbEn Plaleau N S6ab
i NT
SêâT-
\-T'/
I LExeumnlMENTo
orientação, sendo de salientar a existência de falhas de desligamento direito
WNW-ESE
e
duas
famílias
de
cavalgamentoscom
direcçõesE-W
e
SW-NE
(Rosaset
al., Submitte4Terriúa
et al. , Submitted).2.2.
Vulcões
de
Lama,
Pockmorks
eHidratos
de
Metano
Vários
autoresidentificaram
objectos morfiologicos semelhantes aos estudados neste trabalhoem
zonas onde ocorrem de vulcõesde
lama, fontesfrias (cold
seeps),escape de fluidos ricos em hidrocarbonetos e hidratos de metano
(Dimitrov et.
a1.,2003; Somoza, et al.,2003;
Leon et al., 2006).No
Golfo
de Cádis estes fenómenos têm sidointensamente investigados desd
e
1996 (Baraza&
Ercilla,
1996; Ginsburg&
Soloviev,1998, Baraza et
al.,
1999
Gardner,2001;Dimitrov,2002;
Kenyon etaI.,2000;
Ivanovet
aI.,2000 &,2001; Somozaetal.,2000;
Mazurenkoet
a1.,2001;Pinheiroet
aL.,2003; Hensenet
al.,
2007).
A
possibilidade
de os
Crescentesterem relação
com
estesfenómenos torna clara a necessidade de
introduzir
alguns termose
conceitos tecnicos especíÍicos destas áreas de investigação, pois irão ser usados em capítulos subsequentes.2.2.1.
Vulcões
de
Lama
O
termo vulcão
de
lama
refere-sea
uma
estruturageológica formada
em consequência da extrusão de material argiloso e outrosfluidos
(água, salmoura, gás ehidrocarbonetos). Os vulcões de lama apresentam norÍnalmente expressão topogrérftca,
variável entre uma simples depressão em
forma
defunil
até complexosedificios
comENeuÂ.rrRAnÍEl\tro
várias centenas de metros de
altuÍa,
com ou sem crateÍa notopo,
podendoatingir
100 km2 em área(ver figua
2.7).As
vertentes são formadaspor
sucessivos derrames dematerial fluidizado, que
quando consolidadoconstitui
uma brecha caracteristica- Osvulcões
de
lama
desenvolvem-se preferencialmenteem
áreascom
elevadataxa
de sedimentação, compÍessõo tectónica ou actiüdade magrr.áüca recente. Normalmente osvúcões
de
lama formam-seem
consequência da migraçãode
sedimentos fluidizadossobre-pressurizados ao longo de falhas activas.
A
migração deste material pode tambémoriginar
estruturas diapíricas não aflorantes, desigrando-se n€stes casos por diapiros de lama(Dimitrov,2002;
Milkov
&
Sassen, 2003).Os
vulcões
de
lama
foram
inicialmente
recoúecidos em terra,
atraindo
aatençÍio
da
comunidadegeológica
desdehá
pelo
menos200
anos.
Os
tabalhos
realizados nos continentes permitiram: a)
identiÍicar
os contextos geotectónicos onde os vulcões de lama ocorrem; b) compreender quais os seus mecanismos de formação; (c)perceber como funcionam; (d) quais os seus produtos; (e) potencial interesse económico
(Goubkin
&
Fedorov, 1938; Yakubov etal.,l97l;
Rakhmanov, 1987;Milkov,
2000).A
identificação e
o
estudo dos vulcões de lama submarinos sófoi
possível nas ultimasdécadas, após
o
desenvolvimento dos sonares de varrimento laterale
de sistemas deamostragem
de
fundo
precisos. Actualmente estão
documentadas ocorrências devulcanismo de lama em
4l
iíreas emersae
2l
imersas. SegundoMilkov
&
Sassen(2003)
foram
identiÍicados cercade
1.100 vulcões de lamaem
terÍa
e
nas maÍgens continentais, e estima-se que possameústir
nos taludes continentais e planícies abissaisExqul»nauENTo .rr...:i'
-a
o
o § G lllaLt (iutf o{ .t/errtrltr
a
o
o
Íau*ai-i-'_,-"
"-i
"__r____.lrJFigura 2.6
-
Distribuição dos wlcões de lama: onshore-
quadrados, ffihore-
círcvlos; cheios-
provados, ahrtos-
possíveis (Milkov, 2002).Segundo
Milkov
(2000) os vulcões de lama são importantes porque: (a) são umafonte
defluxo
de metano-
um
gás quecontribui
parao
efeito
de estufa-
da litosferaPara a hidrosfera e atmosfera, tendo implicações ao
nível
dos fenómenos de alteraçõesclimáticas;
(b)
são umforte
indicador da existência de resenratórios de hidrocarbonetose
hidratos de metanona
sub-superficie;(c)
podem fornecer informações directas daslitologias
existentesem
profundidade,visto
nonnalmente serem extruídos juntamentecom a
lama fragmentos rochosos formandouma
brecha passívelde ser
amostrada eanalisada;
(d)
o
vulcanismo
de
lama pode
perturbar
as
operaçõesde
sondagensrealaadas em terra e
no
fundodo
mar, bem comodanificar
as instalaçõesjá
existentes (e.g. pipelines e cabos de telecomunicações), causando prejuízos elevados.tr
ENQUADRAMENTo
Os
vulcões de lama
têm sido
identificados
emterra e no maÍ, em
diversoscontextos
geotectónicos: margens continentais activas(prismas
acrecionârios,thrust
áelrs
e
regiões vulcânicas), margens continentais
passivas(platafonnas,
lagunas edeltas) e planícies abissais.
Devido
à sua diversidade e grandedistibuição
espacial ascausas e os mecanismos que levam à formação dos vulcões de lama têm assim sido
alvo
de intensos debates. Segundo
Milkov
(2000) estas causas podem ser subdivididas em 4grupos:
l.
Causas Geológicas:(a) existência de uma cobertura sedimentar espessa (8-22
kn),
constituída por sedimentos terrígenos;
@) presença de níveis argilíticos plásticos na subsuperÍicie; (c) inversão de densidade;
(d) acumulações de gás na subsuperÍIcie; (e) sobrepressão dos sedimentos.
2. Causas Tectónicas:
(a) rápida subsidência da cobertura sedimentar devido a taxas elevadas de sedimentação ou à implantação d€ cavalgamentos;
(b) existência de diapíros ou antiformas em profundidade;
(c) existência de falhas ao longo das quais os fluidos podem migrar; (d) compressão tectónica;
ENqu.lonaMENTo
3. Causas Geoquímicas:
(a) geração de hidrocarbonetos;
(b) desidratação de minerais de argila.
4.
Causas
Hidrologicas: existência
de
fluxos
de
fluidos
ao
longo
de formações geologicas e zonas de fractura.E
possível constatar que muitas destas causas estão defacto
ligadas entresi
eque são de alguma
forma
correlacionáveis. Os vulcões de lama podem formar-se poruma qualquer das causas acima descritas. No entanto, analisando a distribuição espacial
dos vulcões
de lama
conhecidos, podem serdefinidas
duas razões chave paraa
suaformação: (1) elevada taxade sedimentação nas margens, bacias e planícies abissais; (2)
compressão tectónica.
Todas
as
outras
causas(inversão
de
densidade, presença de falhas, migração de fluidos, etc.) podem resultar destes dois factores principais(Milkov,
1998a).
E
ainda condição necessária para a formação de vulcões de lama a presença deníveis argilíticos
plásticos
ricos
em
fluidos
intersticiais,
geralmente resultantes de elevadas taxas de sedimentação, não havendo tempo para os processos de desidratação ecompacção
dos
sedimentosactuarem
de
forma
efrcaz.A
rápida
subsidência de sedimentos saturadosem
água,por
vezes associadaa
uma tensão tectonica adicional,promove a sobrepressão dos
fluidos
intersticiais efacilita
a inversões de densidade aolongo
da
coluna sedimentar. Estes mecanismos favorecema
migraçãodos
fluidosmenos densos que as rochas nas quais se encontram
-
em direcção à superficie atravésde zonas crustais mais frágeis, normalmente ao longo de falhas (ver figura 2.7 e 2.8)
EueulonaMENTo
I
Figura 2.7
-
Diagrama interpretativo de um vulcão de lama e sua estrutura interna. (Fonte:E.
Kozlova,M.
Ivanov,F.
Baudin,C.
Largeau,S.
Derenne; adaptadode
A.Akhmetzhanov).
Foram também documentados casos em que os vulcões de lama ocolTem como
consequência
da
migração
de
hidrocarbonetos (principalmente
gás
metano) provenientes de reservatórios existentes em profundidade, assim como originados pela destabilização e sublimação de níveis de hidratos de metano. Estes fluidos normalmentedão origem
a
simples emissõesde gás
(got
seeps)da
geosferapara
a
hidrosfera eatmosfera, sem
que se formem
edificios
"vulcânicos".
No
entanto,por
vezes, estesfluidos
dissolvem e transportam consigo sedimentos dando origem a diapíros e vulcões de lama (Shnukov etal.,
l97l;
Reed etal.,
1990).crater podmãiE
,
( L--
I
gas\
--
9asny6ffi-'*d
x# à,: § n f il ^aExeuaonl,MENTo
íD-I
t
3
A
CDT&l
eNível
-iargilítico
plástico
Figura 2.8: Esquema mostrando os mecanismos basicos na formação dos vulcôes de lama: (A) diapíro
de [ama; (B) formação de um vulcão de lama no topo de um diapíro; (C) escape de grás;
(Dl,
D2)formam-se vulcões de lama devido à migração de sedimentos fluidizados ao longo de fracturas. As setas indicam as trajectórias de migração dos fluidos (retirado de Milkov, 2000).
2.2.2.
Pockmarks
As
pockrnarks são depressões (crateras) causadaspelo
expulsãode
fluidos
do substrato sedimentar para a hidrosfera e consequente colapso da superficiemorfológica
devido
a
perdasde volume.
Desenvolvem-se normalmenteem
áreasonde
ocorrem fenómenos de escape de gáse vulcanismo de
lama.As
suas dimensões podem variardesde alguns centímetros até às
viirias
centenas de metros. Correspondem geralmente adepressões circulares
ou
elípticas fechadas,no
entanto Stoker(1981)
sugeriuque
aspoclcrnarls
assimétricas(em
forma
de anfiteatro,
crescenteou
alongadas)podem
ser bastantemais
comunsdo
que se pensava(ver
figura
2.9).As
depressões apresentamgeralmente
um
fundo plano,
podendoter
uma pequena elevaçãona
zo11acentral.
Ost9
ENeuaDn^neNro
eixos
maiores destasfonnas
encontram-semuitas
vezes alinhados paralelamente aodeclive da área onde se localizarn, sugerindo a existência de uma relação enhe o declive
local
e a geometria
das poclanarks.Em
declives irregulares aspocktnarb
podem serbastante alongadas
e
assimétricas,formando
p€quenas gargantasou
desfiladeiros (Hovland&
Júd,
1988).Segundo
King
&
Maclean
(1970)
o
princrpal
agent€
na
formação
daspocbnarks
é a ascensão defluidos
-
geralmente gás e água pressurizados-
através dacoluna
sedimentar.Este
grás acumula-sesob
a
superficie,
em níveis
sedimentarespkisticos,
sendo expulso deforma
explosiva quandoos
sedimentos perdema
coesãodevido
ao
aumentoda
pressãode fluidos.
A
presençade
gás sob aspclottarks
foi
consubstanciada
pelo
facto
de
os
registos
de
sísrnica
de
reflexão
apresentârem frequentementeturbidez
acústicasob
as áreasonde
selocalizrm
aspockntarks.
Esteefeito
é
causadopela
presençade fluidos
nos
sedimentos, absorvendoe
dissipandogrande
paÍte
da energia acústicaemitida
(ver
capítulo
3).
SegundoHovland
&
Judd(1988)
a turbidez acústica é bastante comum em sedimentosmariúos,
e nem sempre está associada apochnmks.
No
entanto, segundo os mesmos autores,a
presença deturbidez acústica nas áreas onde ocorrem
pocbnarks
é suficientemente comum para serconsiderada
significativa.
As
pockmarks
forrnam-se
apenasem
sedimentos
comdeterrninadas características,
argilitos
e siltitos moles saturados em fluidos. Deste modoa
presença depocknarlu
fomece
indicaçõesde
que ocolreu
escapede
gásda
sub-superficie para a coluna de água, mas a aus&tcia destas estruturas não
significam
que não ocorreu escape de gás. Em sedimentos com as caractêrísticas ideais para a formaçãode poclonarks
(argilitos
e siltitos moles saturados em fluidos), a sua ausência indica quenâo ocorreu
escapede
grís.Contudo
queem
zonâs ondeocorre
predominantementeerosão
do
fundo
as
evidências
da
presença
de
pocknarks podem
serExeuanntrvlENTo
obliteradaslapagadas,
pelo que
a
afirmação anteriordeixa de
serválida
(Hovland
&
Judd, 1988).Figura 2.9
-
Pochnqrlís no Mar do Norte (Judd, 2001)A
relação
das pockmarlçscom
o
escapede gás
foi
confi.rmada através deamostragem.
As
amostrasrecolhidas
no
interior
das poclçnarlcs apresentam níveis anormalmente elevados de metano (CH+) e Sulfureto de Hidrogénio (H2S). Por vezes os sedimentos recuperados apresentam cavidades e porções fluidizadas.As
primeiras são resultadoda
presençade
gás dissolvido
(ou
soba forma
de bolhas)no
interior
dosedimento,
as
segundassão
causadaspela
despressurizaçãodos
gasesdurante
o processo de recolha das amostras.À t 2l
-I
I/
, / 7/
-
I JENQUADRÀMENTo
Os
flüdos
responsáveis pela geraçãa das poclcmarks podem serlíquidos
(águaintersticial ou águas subtenâneas) ou, na maioria dos casos, gases. Estes ultimos podem
ter
origem na decomposição microbiana de matéria orgânica preseÍÍe nos sedimentos (gás de origem microbiana, bacteriana ou biogénico), ou ser originados pela destruiçãotermocatalítica
de
querogénio presenteem
sedimentos profundos (gás termogénico).Tipicamente
o
giís
mais
comum
é
o
metano (CII4),
geralmente presente
emconcentrações
superiores
a
95%.
Quando
o
gás
é
de origem
termogénica
estão normalmente presentes quantidadessigrrificativas
de
hidrocarbonetosmais
pesados(etano, propano, butano e pentano).
O
escapede
grís corresponde namaior
parte das vezes à simplesexpúsiio
depequenas bolhas para a coluna de água. Est€ pÍocesso é insuficiente para causar a erosão
dos
sedimentos que constituemo
fundodo mar.
Hovland& Júd
(1988)
sugeÍem a existência deciclos
de actividade dos processos que levam à formação daspochnarks
(ilustrado na
Íigura
3.6), constituídos pelas seguintes fases:a)
acumulação de giís nos sedimentos sobo
fundo do mar; a pressão defluidos
provoca um aumento de volume e origina um doma; b) o gás é libertado de forma explosiva num único evento, fluidizandoo
sedimento suprajacente;c)
os sedimentos maisfinos
são tÍansportados em suspensão pelas correntes marinhas e os sedimentos mais grosseiros acumulam-seno interior
da depressão criada;d)
enquanto houver geraçãoe
migração de gás aolongo
da colunasedimentar sob a poclonark pode continuar
a
ocorrer escape de gás eo
processo pode repetir-se de forma cíclica.Exeua»mtvIENTo
nl
?<r tl ,l\t
c) I i r-, I t odl
+ a I + I I a Ibt
--Figura 2.10: Modelo conceptual para a formação das pocktnarl<s (Hovland & Judd, 1988).
2.2.3.
Hidratos
de
Metano
Os hidratos de metano possuem uma estrufura cristalina na qual as moléculas de
metano se encontram aprisionadas no interior de nanocavidades de uma estrufura
supra-molecular, formada
por
moléculas
de
água ligadas
entre
si
atravésde
pontes
de hidrogénio (ver figura 2.11). São em tudo semelhantes ao gelo (verfiguru2.l2),
exceptono
facto
dea
sua estrufura ser mantida através da presença de moléculas hóspede de metano, que estabilíza termodinamicamentea
estruturado hidrato
atravésde
ligaçõesquímicas
do tipo van der
Waals.
Quandoum
númeromínimo de
nanocavidades éocupado
por
moléculas
de
metano,
os
hidratos
podem
formar-se
a
temperaturas superiores ao ponto de fusão do gelo (Englezos, 1993).\ I I I I I I I 7,-ã ,{.\ ,l I I
I
l
I I I I a tExeunnnaMENTo
Figura
2.ll
Estrutura molecular do Hidrato de Metano. Átomos: Vermelho:
Oxigénio;Branco
e
Verde:
Hidrogénio; Cinzento:
Carbono (Lowrence Livermore NationalLaboratory).
Os hidratos de metano fazem a parte de
um gÍupo
de compostos denominados clatratos (clathrates). Estes foram descobertos por Humphrey Davy e Michael Faraday,em 1800, quando realizavam experiências com misturas de água e cloro.
Em
1930 E.G.Hammerschmidt reconheceu que os hidratos de metano eram os principais responsáveis
pelo entupimento de
pipelines
que transportavam gás natural (metano), particularmentenaqueles
localizados
em
ambiente
mais
frios.
Em
1960
os
hidratos
de
metanocomeçaram
a
ser
estudadosde
forma
sistemática,após
terem
sido
identificadasocorrências naturais deste composto
cristalino
(na
altura
apelidadosde
"gás
nafuralsólido"), na
subsuperficieda
área dos grandes campos de gás natural da Bacia OesteSiberiana.
Nos
anos
90
o
Japãoe a
Índia
iniciaram
programastendo em vista
aexploração e comercialização de hidratos de metano.
Em
1998e
1999, em resultado deesforços internacionais,
foram
realízadas as duas primeiras sondagens profundas com o-#
i. ./í
a-(}.
t
rall}.
IÉ
I
J
)
I7
ExeulunaMENTo
objectivo
específico
de
estudar
os
hidratos
de
metano.
Desde então
têm
sidoidentificados um pouco por todo o mundo, ocorrendo sistematicamente em sedimentos
oceânicos
(em
maiores
concentraçõesnas
margens continentais
activas)
e
nospermafrosts.
Figura 2.12 -Níveis de Hidratos de Metano em sedimentos mariúos (Centre for Gas Hydrate Research).
O
gás metano presente nos hidratos podeter
origem biogénica ou termogenica, encontrando-se muitas vezes associado a reseryatórios de hidrocarbonetos, a escape de gáse
a
vulcanismode
lama.O
estudo dos hidratos de metanoé
importantepor
três razões principais:(l)
os hidratos contêm um elevado volume de metano, tendo potencial como umafutura fonte
de energia;(2)
podem ser fonteou um
sumidouro de metano atmosferico, podendo influenciar oclima
a nível global; (3) podem afectar a coesão dossedimentos causando instabilidade
e
induzindo
colapsose
deslizamentos gravíticos(Milkov,2004).
GasTDrate
ENeUADR ItENTo
A
estabilidade dos hidratos de metano esüí fortemente dependente da pressão eda
temperaturado meio
onde ocorrem.
Em
consequência,os
hidratos
de
metano encontram-se ern níveis estratigráficos e/ou batimétricos bem definidos, onde estes dois factores se conjugamde forma óptima a
permitir a
sua formação.A
localização dos hidratos depende também do regimetérmico
imposto pelas correntes oceânicas locais.uma
pequena variação destes factores é suficiente para destabilizar o sistema, causado adissociação
dos
hidratos
de mehno. Por
exemplo,
variaçõesdo
nível
do
mar
(e consequente variaçãoda
pressão hidrostáticaao longo da coluna de
água)pode
sersuÍiciente para os hidratos
se dissociaremde
forma
explosiva,em
consequência do metano pa,ssaÍ diÍectamentedo
estadosólido para
o
estado gasosono interior
dossedimentos.
Estes
fenómenospodem
causar instabilidadegravítica
e
gerar
grandes deslizamentos, deixando no fi.rndomariúo
cicatrizes bem üsíveis.2.3. OceanograÍia
A
natureza
e a
variabilidade
das
correntes
marinhâs,assim como
a
suainteracção
com
o
fundo
do mar
são
ainda
um
assuntomal
compreendido pela comunidadecientífica.
segundostow
et
al.
(2002) esta situação deve-se em parte aofacto de
durante viíLrios anosos Íisicos
oceanógrafose
os
geólogosmariúos
teremtrabalhando
de
forma
independentenas
suasáreas
de
investigação,sendo
ainda necessária alguma integraçãoente
algumas disciplinas das ríreas da oceanografia e da geologiamariúa.
o
estudo dos depósitos sedimentaresmariúos
pode ser executadocom maior
origem. Por
ouüo
lado, o estudo de depósitos sedimeNrtares antigos permite reconhecerfenómenos paleo-oceanográficos
e
paleoclimáticos, isto
é,
aplicandoo princípio
douniformitarismo, permite identificar
quais os processose
condições que actuaramno
passados
de modo
a
originar
aqueles depósitos.Exisê
ainda alguma
conÂrsão ernrelação
à
definiçâo e
nomenclaturadas
estuturas
geradas e./ou influenciadas pelascorÍentes oceânicas.
O
artigo
seminalde Stow
et
al.
(2002) tentaÉr
alguma ordemneste assunto.
Uma
discussão detalhada desta problemática recai forado âmbito
destetabalho,
pelo
que nesta secção serão apenasintoduzidos
os conceiúos para o desenvolvimento deste te)Co.Vários
estudos demonsEarama
existênciade
uma
acçâoconjunta entre
doistipos
principais
de
processos sedimentàsna
evolução
das marge,nscontinentais
ebacias oce&ricas:
(l)
processos
que
se
desenrolam
tansversalmerÍe
ao
taludecontinental
(downslope) essencialme'ntesob
a
acção da gravidade(e.g.
correntes emcascata, cor̀ntes
turbidíticas,
deslizamentosgravíticos
e
slumps);(2)
processos queactuam
longitudinatnente ao
tallude (alongslope), soba
acção de conentesde
fundo t€nnohalinas (e.g. coment€s contornlticas) (Faugercset
al., 1999; Stow et al., 2002).As
cor̀ntes
turbidíticas
e
as
corÍentesde
fundo
desempenhamum papel firlcral
nos proc€ssos de erosão e deposiçâo profimdos (Stoker etal.,
198;
Stow etal.,
2002).As
corent€s
& upwelling,
con€ntes
relacionadasoom as
marés,
e
a§corÍentes asoendentes
e
descendentes existentesno
interior
dos
canhões são ouüosexemplos
de
corentes
que
operam
a
grandes
profundidades.
Vários
autoresidentificaram
e
descreveramformas
de relevo
submarino originadas
sob
a
acçãocoÍrentes de turbidíúcas e termohalinas (e,g. Faugêres
et
al.,
1997;Bulat et al.,
2001;Stow
et al., 2000; Wynn
et
a1.,2002;
Verdicchio et al.,
2006).
A
semelhança dosCrcsc€ntes
com
alguns
desrcs objectosmorfológicos
descritosna bibliografia
toma
&
ENeuADn^MENTo
necessário
a
inhodução de alguns conceitos úteis para a compreen§ão da problemática em causa, bem como para a subsequente fase de discussão.2.3.1.
Correntes
Turbidítica§
e
Turbidito§
As
corÍentesturbidíticas
são movimentações bruscasde
rígua contendo umaquantidade abundante de sedimentos em suspensão, que
flúem
dolimite
da plataforrna continentalao
longo do talude
continental,no
sentido descendente (downslope), em direcção às planíciesúissais
ou níveis de base intermédios. O seu percurso é controladopela força
da
graúdade epela geometia
das formasdo fundo,
oomopor
exemplo os canhõese vales
submarinos.Isto
ocorre
devido
ao
facto de
a
densidadeglobal
dacorrente
turbidítica
(água+sedimento)ser
superior
à
densidadeda
massade
ágUa envolvente, sendoo
homólogo
mariúo
das
correntesde
densidade. Estas correntesiniciam-se geralmente
ta
zr,rla superiordo
talude continental.O
intenso fomecimento dematerial
sedimentar proveniente da plataforrna continental conduzà
fomração dedepósitos graviticamente instáveis, que aliados aos elevados declives existentes criarn as condições necessárias para
a
perda de coesãodo material
sedimentare
consequentes desprendimentos de sedimentos. As correntes turbidíticas iniciam-se pela acção de uma força extema, por exemplo a gravidade, abalos sísmicos ou acção erosiva das coÍrentesexistentes, normalmente associadas aos canhões submarinos.
O flúdo
carregado dematerial
em
sulpensâo avança,
talude abaixo,
comportando-se
como
um
fluxo
sedimentar gravítico e turbulento.
As
correntes
turbidíticas
ao
deslocarem-se
vão
erodindo
o
talude
eenriquecendo-se em sedimentos. Este processo torna-as progressivamente mais densas,
e
em
consequência
mais
rápidas. Podem
alcançar velocidades
muito
elevadasENQU Dn MENTo
(superiores
a
100kmÂ),
não parando quando atingem a base do talude, deslocando-sepor
vezes algumas centÊnasde
quilómetros aolongo
das planícies abissais.À
medidaque a massa de água desacelera os sêdimentos em suspensão vão sendo seleccionados e
depositados
dê
acordocom
a
sua
Os
sedimentos assimformados são denominados turbiditos,
distibuem-se
desde a base do talude até as áreas dasplanícies
abissais.As
correntesturbidíticas
sãoo principal
agente detransporte
de
material
sedimentar das plataformas continentais
para as
planíciesabissais.
Os
turbiditos
sâo constituídospor
sedimeirtos de diversas dimensões, variandoenfue
o
conglomerado grosseiro (alguns'tlastos"
podem
ter
dezenasde
metros) até ÊacçõesOs
seus
depósitosadquirem
caracterÍsticas diferenciadas consoanteo
gra.u detanspoÍte
a
que(N
sedimentosforam
sqieitos.A
actividade das coÍÍenúesiubidíticas
podeoriginar
sequências de deposiçãoríhicas
e gradacionais de sedimentos finos a médios. Ern casos ideias osturbiditos
podemdefinir
uma sequênciadpica
-
sequência de Bouma-
constituída da base paÍa o topopor:
(a) uma base erosivabem
definida;
(b)
areia
grosseira
a
média
com
gradação
positiva"
passando gradualmente aonível
seguinte; (c) areia com laminações ptano-paralelas;(d)
areia comentrecnrzada e estutturas onduladas;
(d)
silte
e argila depositado em lâminaqparalelas
(e)
argilas
correspondenúesa
deposição
lenta
e
calma.
Normalmente observam-s€várias
destas sequências sobreposhs, cadauma
correspondendoa
um
episódio turbidítico.
As
corÍentesturbidíticas
interagemcom
a
topografia
do
flrndo, podendo ser reflectidas, refractadasou
ocoÍrera
separaçãodo
fluxo.
Nestes casos osdepósitos podem apresentar sequências complexas
muitos
difenentes dos casos ideais(Stow
& lúayall,2000).
ENQUADf,AMENIID
2.3.2. Correntes
de
Fundo
e
Contornitos
O
termo
"correntes
de
ftndo"
é
consensualmenteutilizado
para
denominarcorÍentes
mariúas
que operem a grandes profundidade em consequência da circulação termohalinaou
da actividadede
células de circulação induzidaspelo
vento a grande escala.Em
geral são coÍÍentes de natureza semi-permanente queflúem
ao longo dasplanícies abissais
e/ou
paralelamente às vertentesde relevos marinhos
(alongslope). Apresentam direcções e velocidades exhemamente variáveis, gerando vórtices gigantes(giant
eddies), podendopor
vezêsfluir
obliquamente ou aolongo
das linhas demaior
declive (downslope).
Não
têm de seguir de formarígida
paralelamente as vertentes,no
entanto
o
terÍno coÍrente contomítica
ou
corrente
de
contomo continua
a
ser amplamente usado como sinónimo de corrente de fundo (Stow et a1., 2002).As
grandes massas de água de fundo actuais fonnam-se devido ao arrefecimentoe
consequente afrrndamento das águas superficiaisem altas
latitudes,entando
destemodo
no
sistemaglobal de
circulação termohalinaprofunda.
As
correntesde fundo
podern também ser geradas
a partir de
águas superficiais relativamente quentes erÍrlatitudes
baixas
sujeitasa
elevada evaporação.Este
fenómenotoma
as águasmuito
salinas,
que
afundam
devido
à
sua
elevada densidade.
Este
fenómeno
ocorre norrraknente em bacias oceânicas relativamente confinadas ou em maÍes marginais(por
exemplo no
Mar
Mediterrâneo).As
corre[tes de fundo
movem-se lentamenteao longo
das bacias oceânicas a velocidadesinferiores
a l-2
cm.sI
e
são significativamente afestadâs pela Força deCoriolis,
resultante
do
movimento
de
rotação
da
Terra, assim como
pelasirregularidades
morfológicas existentes
no
fundo
do
mar (por
exemplo
altosENeu Dn
rEllrro
mudar
de
direcção,curvando para
a
sua direiúr
no
heinisfério
norte
e paÍa e
suaesquerda
no
hemisfério
sul,
acabando
normatrrente
por encontrr os
taludescontinentais.
Devido
à
sua
elevada densidadeas
corr€ntesnão
conseguemsubir
otalude, sendo forçadas a seguir ao longo deste. Este conshangimento força as comentes
a
acelerar,atingindo
velocidadesna ordem dos 10
a 20
cm.s-I.
Em
declivesmuito
acenfiiados
a
velocidade
destas correntes
pode exceder
os
100
cm.s'I.
Foram docurrentados casos de velocidades superiores a 200 cm.sI
em corr€ntesconshngidas
por esheiúos e desfiladeiros exist€ntes no fundo do mar.
As
corÍ€ntes de fimdo quando constsangidas por relevos são suficientemente competentes para gerar erosâo, transportce sedimentaçõo, especialmente de argilas, siltes e areias finas, e mais raramelrte de areia
grosseira.
Os
d@sitos
gerados
por
estas coÍÍeÍrtes
apÍ€s€ntam
arquitecturas características e denominam-se de contomitos. De forma mais, geral otei:no
contomitoé ernpregue para denominar sedimeNrtos depositados pela acção das correlrtes de frmdo contÍnuas ou significativamente afectados por estas.
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2.13-
Diagama ilusEando os diversos processos e sua intêmcção que fufluelrciam otransporte de sedimcntos c sedineÁtação €rn para fuuas profrrndas (Stow A Mayall, 2000).