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Avaliação da performance no treino em jogos desportivos coletivos

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Academic year: 2021

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Eduardo André de Azevedo Abade

Avaliação da performance no treino em jogos

desportivos coletivos

Tese de Doutoramento em Ciências do Desporto Orientador: Professor Doutor António Jaime da Eira Sampaio

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Vila Real, 2014

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Eduardo André de Azevedo Abade

Avaliação da performance no treino em jogos

desportivos coletivos

O trabalho apresentado nesta dissertação foi suportado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (Portugal) bolsa SFRH / BD / 74544 / 2010

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Vila Real, 2014

Este trabalho foi expressamente elaborado com vista à obtenção do grau de Doutor em Ciências do Desporto de acordo com o Decreto-lei 115/2013 de 7 de Agosto.

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“Se acha que a educação é cara, experimente a ignorância”

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Eduardo José Abade e Maria Antonieta Abade e irmão Tiago Abade. Não há nada melhor que me pudessem ter dado que uma boa educação!

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AGRADECIMENTOS / ACKNOWLEDGEMENTS

“A vida deve ser uma constante educação”! Mais uma etapa cumprida com o apoio indispensável de professores, família e amigos. Para eles o meu sentido agradecimento. Ao professor Jaime Sampaio pela orientação imaculada. Pela disponibilidade diária (literalmente), pelo apoio, paciência, espírito crítico e rigor que tão bem o caracterizam. Não há preço que pague os últimos 4 anos de educação profissional e pessoal que me prestou. Pelos “ok”, “boa”, “excelente”, “gosto”, “não gosto”, “corrige”…o meu muito obrigado. A viagem ainda agora começou, espero eu!

Ao Bruno Gonçalves pela preciosa e insubstituível participação neste trabalho. Pelas horas e horas de conversa, debate, partilha de conhecimento e companheirismo. É difícil explicar o caminho desde o primeiro “olá, então o que é que fazes aqui no laboratório?” até hoje. De colega a amigo!

Ao Bruno Figueira e ao Diogo Coutinho pela colaboração em todo o processo, desde o primeiro dia! O vosso apoio foi fundamental em todos os momentos, bons e menos bons. Obrigado pela troca de ideias, experiências e conhecimentos. Obrigado pelas insubstituíveis gargalhadas e brindes Amigos!

À Alexandra e aos professores Nuno Leite, Catarina Abrantes e José Vilaça pelo contributo científico prestado na elaboração deste trabalho.

Ao professor Carlo Castagna pela fantástica experiência que me proporcionou em Itália, pela atenção prestada e competência profissional. Agradeço igualmente a sua colaboração científica na realização deste trabalho.

A todos os colegas (Sara, Nuno, Laura, Rui, Manuel) e professores (Luís Vaz, Vítor Maçãs, Isabel Gomes, Paulo Vicente) do CreativeLab pela ajuda direta ou indireta que prestaram na elaboração deste trabalho. Ao Tiago Oliveira um especial obrigado pelo seu contributo...a pessoa mais apaixonada por Andebol que alguma vez conheci. Obrigado pelas ideias andebolísticas que partilhaste comigo. Ainda nos vamos cruzar no retângulo de jogo, como adversários ou colegas de equipa!

Aos professores Paulo Sá e Mário Santos pela total disponibilidade, paciência, colaboração e apoio prestados durante o processo de recolha de dados. Mas acima de tudo pela vossa amizade. A vós devo muito do que tenho conseguido alcançar. Temos com certeza um portfólio de momentos desportivos para mais tarde recordar, mas as verdadeiras memórias terão sempre os pés debaixo da mesa.

Aos jogadores da ADA/Maia ISMAI pelo irrepreensível contributo dado na realização deste trabalho. Foram 8 anos de trabalho fantásticos, da base ao topo. É um orgulho olhar para trás e ver o percurso trilhado até ao presente.

Ao professor Alberto Carvalho por me ter incutido a verdadeira paixão pelo treino desportivo. Não me esquecerei nunca do passo acelerado e abraço que me deu no

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momento imediatamente após a defesa da tese de licenciatura. O “obrigado” nunca será suficiente para agradecer o que tem feito por mim e pelas competências que me tem transmitido. Obrigado por acreditar.

Ao professor João Paulo Barbosa por me ter ensinado o significado das palavras “competência” e “empreendedorismo”. Em algum lado teria que estar escrito que seria meu/nosso orientador do estágio pedagógico. Foi um dos anos mais marcantes da minha formação académica. Obrigado por ter incentivado a leitura e procura do conhecimento. Obrigado pelos fantásticos anos que passámos juntos no Andebol.

Aos treinadores José Carlos Ribas, Raquel Silva, Paulo Ribas e Susana Leal pela troca de experiências proporcionada ao longo de anos. A vossa dedicação ao Andebol é ímpar.

Às jogadoras do Maiastars, da formação às seniores, por estarem sempre disponíveis para colaborar. Mas acima de tudo pelo que aprendi com vocês. Proporcionaram-me aprendizagens e momentos inigualáveis.

Ao professor Nuno Montenegro pelos assertivos e sábios conselhos que me deu durante o estágio pedagógico. Ainda hoje respeito alguns dos seus mandamentos.

Ao professor Rolando Freitas por ter acreditado no meu valor.

A todos os professores com quem me cruzei. Tive uma tremenda sorte em vos ter como tutores. Aos meus alunos, porque a melhor maneira de aprender é ensinar.

A toda a minha família, Tios, Primos e Avós por tudo o que significam. Á minha Tia Isabel pelo carinho sem limites que tem pelo seu sobrinho. Obrigado por tudo madrinha!

À Filipa, a minha melhor amiga, confidente e companheira. Obrigado pelos constantes sacrifícios, por estares sempre presente, pelas discussões saudáveis e construtivas…e pelas fantásticas viagens. Obrigado pelo teu carinho insubstituível!

Ao Carlos, Fernando, Filipe e Tiago (ordem alfabética) pela vossa amizade! Porque Amigos há poucos…vocês são “aqueles” e sabem-no porquê.

A todos os meus colegas de licenciatura. Pelo que aprendi com vocês e pelos momentos inesquecíveis que proporcionaram.

A todos aqueles que por lapso não estão aqui mencionados mas que contribuíram de uma ou outra forma para a conclusão deste trabalho.

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RESUMO

O planeamento a curto prazo em jogos desportivos coletivos representa um desafio para os treinadores, uma vez que o microciclo semanal inclui sessões de treino com objetivos múltiplos. A necessidade de manter ou melhorar a capacidade física, o desenvolvimento das habilidades técnicas e o treino tático, convergem numa complexidade de conteúdos que requer conhecimentos profundos acerca das suas interações, no sentido de otimizar a periodização e o planeamento do treino. Neste sentido, conhecer os perfis de carga externa e interna dos jogadores torna-se imprescindível para um planeamento dirigido à melhoria da performance desportiva.

Uma vez que o treino técnico-tático é incapaz de induzir adaptações neuromusculares significativas, a primeira parte deste estudo procurou descrever os efeitos agudos que a adição de sessões específicas de treino de força teve na resposta física, fisiológica e performance técnico-tática em sessões de treino de Andebol. O treino de força mostrou-se influenciador da intensidade do esforço durante a prática dos jogos reduzidos. Os jogadores passaram mais tempo em zonas elevadas de frequência cardíaca quando existiu treino de força antecedente. Em sessões de treino com jogos reduzidos 6x6, o treino de força mostrou-se útil no aumento da intensidade do esforço, não deteriorando a capacidade de salto. Mesmo antecedendo jogos reduzidos 3x3, o treino de força promoveu aumentos do tempo passado em zonas elevadas de frequência cardíaca, assumindo-se como uma ferramenta apropriada para o desenvolvimento da performance aeróbia em contexto de jogo. No entanto, os treinadores deverão considerar a possibilidade da ocorrência de mais falhas técnicas e diminuição da eficácia no remate quando o treino de força antecede sessões de jogos reduzidos com um menor número de participantes.

A segunda parte desta tese focou-se na avaliação da carga externa durante unidades de treino de futebol, através da descrição de perfis de performance e métodos de classificação dos jogadores. Aparentemente, a elevada variabilidade de estímulos é uma característica transversal às sessões de treino de equipas jovens de elite (sub-15/17/19). O foco no desenvolvimento de princípios táticos básicos e habilidades técnicas em idades mais jovens (sub-15) parece diminuir o estímulo fisiológico. Por outro lado, à medida que a idade biológica avança, os treinadores parecem privilegiar mais situações de jogo, o que resulta num aumento significativo da intensidade do treino. Esta

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tendência foi mais evidente nas unidades de treino de escalões sub-17, constituídas por jogos reduzidos com poucos constrangimentos que induziram valores mais elevados de distâncias totais e distâncias percorridas em sprint. Em idades mais avançadas (sub-19), as interrupções e feedbacks recorrentes da crescente preocupação com os modelos táticos das equipas parece comprometer o padrão fisiológico competitivo. Esta descrição dos perfis físicos e fisiológicos foi ainda utilizada para classificar os jogadores em grupos distintos de performance, em detrimento de critérios comuns como a idade e posto específico. O estabelecimento de grupos homogéneos reduziu a variabilidade na resposta ao estímulo, o que permite aos treinadores um controlo mais eficiente das respostas às cargas de treino.

Palavras-chave: Planeamento a curto prazo; carga interna; carga externa; treino de força; jogos reduzidos; perfis de performance; andebol; futebol.

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ABSTRACT

Short-term planning in team sports is challenging for coaches, since the weekly training cycles include sessions with multiple goals. The need to maintain or improve the physical capacity, the development of technical skills and tactical training, represent a complexity of contents that require a significant knowledge of its interactions in order to optimize the training processes. In this sense, studying the players’ internal and external loads profiles is a key issue to establish training programs aimed for the improvement of sports performance. Technical and tactical training do not induce significant neuromuscular adaptations. For that reason, the first part of this study described the acute effects of specific strength training sessions in the physical, physiological, technical and tactical response during handball small sided games. It was showed that strength training influenced the intensity of the effort during small sided games. The players spent more time in higher heart rate zones when there was precedent strength training. In training sessions that included 6x6 small sided games, strength training was able to increase training intensity without impairing the vertical jump capacity. Even when strength training preceded 3x3 small sided games, players experienced more time in higher heart rate zones. Thus, strength training may be used as an appropriate tool to develop the aerobic performance in game context. However, coaches should consider the occurrence of a higher number of technical errors and the deterioration of the shots efficiency when strength training precedes small sided games with a lower number of players.

The second part of this thesis focused on the evaluation of the external load during football training units, using the description of performance profiles and methods of classifying the players. Apparently, the high variability of stimuli is a key characteristic of elite young football training sessions (sub-15/17/19). The focus on the development of basic tactical principles and technical skills in younger ages (sub-15) seems to decrease the physiological stimulus. On the other hand, as the biological age increases coaches seem to privilege more game situations, which results in higher training intensities. This trend was clearer in sub-17 training units that included small sided games with fewer constraints, inducing higher values of total distances and distances covered in sprint. In older ages (sub-19), the focus on team tactical principles appears to require additional coaching intervention, promoting more interruptions and compromising the replication of the competitive physiological pattern. This description

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of the physical and physiological profiles was also used to classify the players in different groups of performance, contrasting the traditional criteria of classification based on age and specific playing position. The establishment of homogenous groups reduced the variability of the response to stimuli, allowing coaches to have a more accurate and efficient control on the players’ responses to training loads.

Key words: Short-term planning; internal load; external load; strength training; small sided games; performance profiles; handball; football.

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LISTA DE PUBLICAÇÕES E COMUNICAÇÕES

Durante a elaboração desta tese, alguns trabalhos foram publicados, aceites ou submetidos para publicação em revistas indexadas (ISI) com sistema de arbitragem. Algumas partes integrantes ou derivadas da tese foram apresentadas em congressos, publicadas em livros de resumos e em edições especiais de jornais científicos. Foi também realizada uma visita de investigação.

Artigos em revistas indexadas no ISI com sistema de arbitragem, como primeiro autor

Abade E, Gonçalves B, Leite N and Sampaio J (2013). Time-motion and physiological profile of football training sessions performed by under 15, under 17 and under 19 elite Portuguese players. International Journal of Sports Physiology and Performance. (Acceptance Date: June 27, 2013, Impact factor = 2.3)

Abade E, Abrantes C, Ibañez J and Sampaio J (Under Review). Acute effects of strength training in the physiological and perceptual response in handball small-sided games.

Abade E, Gonçalves B, Vilaca J and Sampaio J (Under Review). Acute effects of different strength training programs on the vertical jump and technical actions in handball small-sided games during preseason.

Abade E, Gonçalves B, Silva A, Leite N, Castagna C and Sampaio J (Submitted). Helping coaches to classify young footballers according to their training performances.

Artigos em revistas indexada no ISI com sistema de arbitragem, como co-autor Oliveira T, Abade E, Gonçalves B and Sampaio J (Submitted). Physical and physiological profiles of elite handball players during training sessions and friendly matches according to playing positions.

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Resumos publicados em livros de atas de encontros técnico-científicos

Abade E, Oliveira T, Gonçalves B & Sampaio J (2013). Strength and conditioning for team sports: an update. Atas do 3º Simpósio Internacional de Força e Condição Física. ISBN: 978-989-704-142-6

Comunicações orais em congressos técnico-científicos

Abade E (2013). Strength and conditioning for team sports: an update. 3º Simpósio Internacional de Força e Condição Física. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real.

Abade E (2013). Metodologias de treino – novas perspetivas. 4º Congresso Internacional Handball Project, “Pensar o Andebol em 2030”. Maia, Portugal.

Abade E (2013). Importância e organização do treino de força para performances desportivas de excelência. Seminário de investigação nos jogos desportivos coletivos. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real.

Abade E (2012). Efeitos agudos do treino de força em jogos reduzidos. Seminário Brainstorming – fundamentos e aplicações à investigação nos jogos desportivos coletivos. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real.

Abade E (2012). Efeitos do treino de força e jogos reduzidos na carga de treino em jogadores de Andebol. VI Seminário técnico-científico da Federação Portuguesa de Andebol. Maia, Portugal.

Abade E (2012). Treino de potência para jogadores de Andebol. VI Seminário técnico-científico da Federação Portuguesa de Andebol. Maia, Portugal.

Abade E (2012). A importância do treino de força na prevenção de lesões. VI Seminário técnico-científico da Federação Portuguesa de Andebol. Maia, Portugal.

Visitas de investigação

FIGC, Settore Tecnico Coverciano – Laboratorio di metodologia dell’allenamento e biomeccanica applicata al calcio. Federação Italiana de Futebol (FIGC). Coverciano, Florença, Itália (2013).

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OUTRAS PUBLICAÇÕES

Outros trabalhos foram desenvolvidos paralelamente à elaboração desta tese, como primeiro ou co-autor.

Artigos em revistas indexada no ISI com sistema de arbitragem, como co-autor Carvalho A, Caserotti P, Carvalho C, Abade E and Sampaio J (2013). Reliability of concentric, eccentric and isometric knee extension and flexion with the REV9000 isokinetic dynamometer. Journal of Human Kinetics.

Vaz L, Abade E, Fernandes H and Reis V (2013). Cross-training in rugby: a review of research and practical suggestions. International Journal of Performance Analysis in Sport.

Azevedo R, Mourão P, Abade E and Carvalho A (Under Review). Is it important to know the load mass in lifting tasks to prevent falls?

Carvalho A, Caserotti P, Carvalho C, Abade E and Sampaio J (Under Review). Effects of a short time concentric versus eccentric training in electromyography activity and peak torque of quadriceps.

Carvalho A, Mourao P and Abade E (Under Review). Effects of strength training combined with specific plyometrics on body composition, vertical jump height and lower limb strength development in elite male handball players: a case study.

Carvalho A, Carvalho C, Caserotti P, Abade E and Sampaio J (submitted). Effects of a short-time concentric versus eccentric training and detraining in the peak torque of quadriceps and hamstrings.

Carvalho A, Abade E, Carvalho C and Sampaio J (Submitted). Reliability of Electromyography and peak torque during maximum voluntary concentric, isometric and eccentric contractions of quadriceps muscles in healthy subjects.

Resumos publicados em livros de atas de encontros técnico-científicos

Carvalho A, Mourão P, Resende R, Abade E. and Carvalho C (2013). Comparison of anthropometric profiles between different senior male Volleyball competition levels:

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national team, first and second Portuguese divisions. 18th annual Congress of the European College of Sport Science. Barcelona, Spain. ISBN: 978-84-695-7786-8. Carvalho C, Mourão P, Sá P, Abade E and Carvalho A (2013). Comparison of anthropometric profiles between different senior male Basketball competition levels: first, second and third Portuguese divisions. 18th annual Congress of the European College of Sport Science. Barcelona, Spain. ISBN: 978-84-695-7786-8

Mourão P, Abade E, Martins D, Gonçalves F, Carvalho A and Viana J (2012). Effectivness of a neuromuscular and proprioceptive combination training program in preventing injuries in youth soccer players. In International Seminar on Physical Activity and Related Injuries. University of Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real. Acta Med Port, 25, 9. ISSN:0870-399X, e-ISSN:1646-0758

Carvalho A, Abade E, Carvalho C and Mourão P (2012). Is isokinetic conventional ratio “Hcc:Qcc” a good indicator of injury?. In International Seminar on Physical Activity and Related Injuries. University of Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real. Acta Med Port, 25, 8. ISSN:0870-399X, e-ISSN:1646-0758

Comunicações poster em congressos técnico-científicos

Carvalho A, Mourão P, Resende R, Abade E and Carvalho C (2013). Comparison of anthropometric profiles between different senior male Volleyball competition levels: national team, first and second portuguese divisions. 18th annual Congress of the European College of Sport Science. Barcelona, Spain.

Figueira B, Gonçalves B, Coutinho D, Abade E, Freitas R, Leite N, and Sampaio J (2013). O perfil físico e fisiológico da competição pode classificar jovens futebolistas! 8º Seminário de Desenvolvimento Motor da Criança. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real.

Sá P, Carvalho A and Abade E (2013). O jogador especialista na defesa de Andebol. 2º Congresso internacional de treino desportivo. Instituto superior da Maia. Maia, Portugal.

Carvalho C, Mourão P, Sá P, Abade E and Carvalho A (2013). Comparison of Anthropometric Profiles between different senior male Basketball competition levels:

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first, second and third Portuguese divisions. 18th annual Congress of the European College of Sport Science. Barcelona, Spain.

Sá P, Carvalho A and Abade E (2013). Análise e preponderância do contra-ataque no jogo de Andebol. 2º Congresso internacional de treino desportivo. Instituto superior da Maia. Maia, Portugal.

Coutinho D, Gonçalves B, Figueira B, Abade E, Oliveira T, Maçãs V, and Sampaio J (2013). Variação do perfil físico e fisiológico de jovens futebolistas ao longo de uma competição concentrada. 8º Seminário de Desenvolvimento Motor da Criança. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real.

Abade E, Silva B, Santos F and Sá P (2012). Strength training methodologies applied to elite handball teams. 9º Congresso técnico-científico de Andebol. Universidade Lusófona, Lisboa, Portugal.

Carvalho A, Mourão P, Abade E and Carvalho C (2012). Power and explosive strength comparison between men volleyball national team players. 8th International Conference on Strength Training. Norwegian School of Sport Sciences. Oslo, Norway.

Mourão P, Abade E, Martins D, Gonçalves F, Carvalho A and Viana J (2012). Effectivness of a neuromuscular and proprioceptive combination training program in preventing injuries in youth soccer players. Physical activity and related injuries international seminar. University of Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal. Carvalho A, Abade E, Carvalho C and Mourão P (2012). Is isokinetic conventional ratio “Hcc:Qcc” a good indicator of injury?. Physical activity and related injuries international seminar. University of Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal. Carvalho A, Abade E, Mourão P and Carvalho C (2012). Efeitos de um programa de treino de força combinado com pliometria específica na composição corporal, impulsão vertical e força dos membros inferiores em jogadores seniores de andebol. Congresso internacional de treino desportivo. Instituto Superior da Maia, Portugal.

Carvalho A, Mourão P and Abade E (2012). Comparação da força explosiva e reativa entre atletas pertencentes à seleção nacional masculina de voleibol. Congresso internacional de treino desportivo. Instituto Superior da Maia, Portugal.

Silva B, Abade E, Santos F and Sá P (2012). Scouting no Andebol. Congresso internacional de treino desportivo. Instituto Superior da Maia, Portugal.

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Santos F, Abade E, Silva B and Sá P (2012). O modelo de jogo numa equipa de Andebol. Instituto Superior da Maia, Portugal.

Comunicações orais em congressos técnico-científicos

Oliveira T, Abade E, Gonçalves B and Sampaio J (2013). Physical and physiological profiles of youth elite handball players during training sessions and friendly matches according to playing positions. 10º congresso técnico-científico da Federação Portuguesa de Andebol, Universidade Lusófona, Lisboa.

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xvii ÍNDICE DEDICATÓRIA IV AGRADECIMENTOS / ACKNOWLEDGEMENTS V RESUMO VII ABSTRACT IX

LISTA DE PUBLICAÇÕES E COMUNICAÇÕES XI

LISTA DE TABELAS XX

LISTA DE FIGURAS XXI

CAPÍTULO 1 23

1.1. INTRODUÇÃO 24

1.1.1. A COMPLEXIDADE NOS JOGOS DESPORTIVOS COLETIVOS 24

1.1.2. MODIFICAR O CONTEXTO PARA OTIMIZAR A APRENDIZAGEM 25

1.1.3. COMO CONTEMPLAR A COMPLEXIDADE NO TREINO DOS JOGOS DESPORTIVOS

COLETIVOS? 28

1.1.4. DIMENSÕES DOS JOGOS REDUZIDOS 30

1.1.4.1. Dimensão muscular 32

1.1.4.2. Dimensão energética 36

1.1.4.3. Dimensão técnico-tática 38

1.1.5. PLANEAMENTO A CURTO PRAZO NOS JOGOS DESPORTIVOS COLETIVOS 43 1.1.5.1. Efeitos agudos do treino de força nos perfis de performance de andebolistas 43 1.1.5.2. Variabilidade nos perfis de resposta de jovens futebolistas às cargas de treino 49

1.2. OBJETIVOSEHIPÓTESES 52

1.3. REFERÊNCIAS 53

CAPÍTULO 2 71

2.1 ACUTEEFFECTSOFSTRENGTHTRAININGINTHEPHYSIOLOGICALAND PERCEPTUALRESPONSEINHANDBALLSMALL-SIDEDGAMES 72

2.1.1 ABSTRACT 72

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xviii 2.1.3 METHODS 75 2.1.3.1 Subjects 75 2.1.3.2 Design 75 2.1.3.3 Methodology 76 2.1.3.4 Statistical Analysis 77 2.1.4 RESULTS 77 2.1.5 DISCUSSION 79 2.1.6 CONCLUSION 82 2.1.7 REFERENCES 83 CAPÍTULO 3 88

3.1. ACUTEEFFECTSOFSTRENGTHTRAININGPROGRAMSONTHE VERTICALJUMPANDTECHNICALACTIONSINHANDBALLDURING

PRESEASON 89 3.1.1. ABSTRACT 89 3.1.2. INTRODUCTION 90 3.1.3. METHOD 92 3.1.3.1. Participants 92 3.1.3.2. Procedures 92 3.1.3.3. Measures 94 3.1.3.4. Analysis 94 3.1.4. RESULTS 95 3.1.5. DISCUSSION 99 3.1.6. REFERENCES 104 CAPÍTULO 4 107

4.1. TIME-MOTIONANDPHYSIOLOGICALPROFILEOFFOOTBALLTRAINING SESSIONSPERFORMEDBYUNDER15,UNDER17ANDUNDER19ELITE

PORTUGUESEPLAYERS 108 4.1.1. ABSTRACT 108 4.1.2. INTRODUCTION 109 4.1.3. METHODS 110 4.1.3.1. Subjects 110 4.1.3.2. Design 111 4.1.3.3. Methodology 111

(19)

xix 4.1.3.4. Statistical Analysis 112 4.1.4. RESULTS 113 4.1.5. DISCUSSION 115 4.1.6. PRACTICAL APPLICATIONS 118 4.1.7. CONCLUSION 118 4.1.8. REFERENCES 120 CAPÍTULO 5 123

5.1. HELPINGCOACHESTOCLASSIFYYOUNGFOOTBALLERSACCORDING

TOTHEIRTRAININGPERFORMANCES 124

5.1.1. ABSTRACT 124 5.1.2. INTRODUCTION 125 5.1.3. METHOD 127 5.1.3.1. Participants 127 5.1.3.2. Procedures 128 5.1.3.3. ANALYSIS 129 5.1.4. RESULTS 130 5.1.5. DISCUSSION 133 5.1.6. REFERENCES 136 CAPÍTULO 6 140

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xx

LISTA DE TABELAS

Table 2.1. Comparing the time spent in HR zones and RPE values according to the number of players and type of ST. ... 78 Table 3.1. Chronological schedule that preceded the protocol application ... 93 Table 3.2. Analysis of Variance to Assess Differences in Vertical Jump Performance by Number of Players in Small-sided Games, Type of Strength Training, and Time of Testing. ... 97 Table 3.3. Analysis of Variance to Assess Statistical Differences in % of Technical Actions by Number of Players in Small-sided Games, Type of Strength Training and Half (only statistical significant differences are presented). ... 99 Table 4.1. Description of players’ sub-samples. ... 110 Table 4.2. Analysis of distance covered, sprint characterization and body impacts across age groups. ... 113 Table 4.3. Mean intersection Coefficient of variation (%) according to the age groups. ... 115 Table 5.1. Characterization of the cluster groups. ... 130

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1. Modelo de interação de constrangimentos (Newell, 1986)... 26 Figura 1.2. Aspetos do treino cognitivo a considerar para a construção de tarefas de treino (Fajardo, 1999). ... 28 Figura 1.3. Exemplo de um exercício que contempla a colaboração e oposição característica dos desportos de equipa. Em função da atuação do defensor, o atacante deve escolher entre o lançamento ou progressão com bola (Fajardo, 1999). ... 29 Figura 1.4. Mudanças na resposta da capacidade força em 3 tipos de treino. Os registos dos grupos do treino de força e treino de força + resistência foram semanais. O grupo do treino de resistência foi avaliado no início e final do protocolo (Hickson, 1980). ... 33 Figura 1.5. Valores médios (%FC máxima) da intensidade do exercício em diferentes situações de treino de futebol (Hill-Haas et al., 2011). ... 36 Figura 1.6. Abordagem a sistemas complexos utilizada para análise da performance desportiva (Hughes & Franks, 2004). ... 39 Figura 1.7. Duas dimensões da análise do jogo (Volossovitch, 2008). ... 40 Figura 1.8. Média ± SD de contactos com a bola em jogo 4x4 e 8x8 de futebol (Jones & Drust, 2007). ... 42 Figura 1.9. Os principais fatores responsáveis por determinar o resultado desportivo (Verkhoshansky, 2006). ... 43 Figura 1.10. Modelo de treino “dois fatores”. O efeito imediato de uma sessão de TF é caracterizado pelo somatório de dois processos: ganhos na aptidão física e fadiga (Zatsiorsky & Kraemer, 2006)... 45 Figura 1.11. Intensidade do exercício (% FCmax) em vários formatos de jogos reduzidos de futebol (Hill-Haas, Dawson, Coutts, & Rowsell, 2009). ... 48 Figure 2.1. ST x HR ZONE interaction to the time spent in each one of the four HR zones (a); PLAYERS x ST x HR ZONE interaction to the time spent in each one of the four HR zones (b 3x3, b 6x6); PLAYERS x ST interaction to RPE values (c). ... 79

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xxii

Figure 3.1. Results from interaction Players x Strength Training x Time for squat jump values. LOWER (lower limbs strength training); POS SSG (after small sided games); POS ST (after strength training); PRE ST (before strength training); TOTAL (upper and lower limbs strength training); UPPER (upper limbs strength training). ... 96 Figure 3.2. Results from interaction Players x Strength Training x Time for counter movement jump values. LOWER (lower limbs strength training); POS SSG (after small sided games); POS ST (after strength training); PRE ST (before strength training); TOTAL (upper and lower limbs strength training); UPPER (upper limbs strength training). ... 96 Figure 3.3. Results from interaction Players x Strength Training x Time for abalakov jump values. Legend: LOWER (lower limbs strength training); POS SSG (after small sided games); POS ST (after strength training); PRE ST (before strength training); TOTAL (upper and lower limbs strength training); UPPER (upper limbs strength training). ... 97 Figure 3.4. Percentage (%) of the height variation from the baseline (PRE ST) to the interaction Players x Strength Training x Time... 98 Figure 4.1. Results from distance covered for each speed zone (a), time spent in each heart rate zone (b), number of impacts for each intensity zone (c) and distance in different intensity zones for each 100m covered at very low intensity (d). ... 115 Figure 5.1. Distribution (%) of players in each cluster considering the players’ development stage and playing position ... 131 Figure 5.2. Results from distance covered for each speed zone (i), number of impacts for each intensity zone (ii) time spent in each heart rate zone (iii) and predictor importance to all considered variable (iv). Significant differences are identified as: (a) Cluster 1 vs. Cluster 2; (b) Cluster 1 vs. Cluster 3; (c) Cluster 2 vs. Cluster 3 ... 132 Figura 6.1. Representação esquemática das principais aplicações práticas (resultados do

(23)

23

(24)

24

1.1. INTRODUÇÃO

1.1.1. A complexidade nos jogos desportivos coletivos

A essência dos jogos desportivos coletivos (JDC) consiste na imprevisibilidade dos seus acontecimentos (Glazier, 2010), resultado do grande número de possibilidades de escolha no decurso de cada jogo, que são únicas e exigem uma adaptação constante dos jogadores e das equipas. O número de jogadores, as relações que se estabelecem entre eles, a diversidade de opções que cada um pode tomar e a sua incerteza comportamental contribuem para que a natureza dos JDC seja complexa (Balague, Torrents, Hristovski, Davids, & Araujo, 2013).

A complexidade pode ser entendida como uma medida de número de possibilidades (Bar-Yam, 2003), que no âmbito técnico, tático, físico, psicológico e social dos JDC se interligam mutuamente (Volossovitch, Dumangane, & Rosati, 2010). Assim, a complexidade faz apelo à estratégia, ou seja, à arte de utilizar informações que surgem durante a ação, integrá-las e formular esquemas capazes de reunir o máximo de certezas para defrontar o incerto (Morin, 1992). Apesar do equilíbrio, desequilíbrio, organização, interação e a incerteza serem características da complexidade, esta não significa obrigatoriamente desordem (Volossovitch et al., 2010). Um dos princípios da complexidade, o da auto-organização, descreve que todos os seres vivos são sistemas dotados de grande complexidade, fruto da riqueza de interações entre as suas partes constituintes (Bauer, 1999). Este princípio sublinha que tais sistemas são capazes de resistir às perturbações externas e tirar partido delas para aprenderem e se reorganizarem (Duarte, Araújo, Correia, & Davids, 2012).

No âmbito dos JDC, os jogadores deverão ser capazes de gerir a desordem resultante dos constrangimentos decorrentes do jogo, de se adaptar e auto-organizar de forma dinâmica (McGarry, Anderson, Wallace, Hughes, & Franks, 2002), tomando decisões adequadas às circunstâncias vigentes e que respeitem o ambiente que as envolve (Bauer, 1999). Assim, a performance nos JDC deve ser o resultado de um processo de treino a longo prazo que prepare os jogadores para a complexidade que a competição exige (Sampaio & Maçãs, 2012). Mais, o treino deve estar direcionado para as ações funcionais, ajustadas ao contexto e orientadas para um objetivo, devendo ser mais caracterizadas pela eficácia do que pela sua estética (Araujo, Travassos, & Vilar, 2010).

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Toda a complexidade do processo de jogo pode ser confundida com o comportamento caótico, que é caracterizado pela sensibilidade às condições iniciais e às pequenas perturbações. Na sua essência, caos refere-se ao fenómeno a partir do qual os sistemas compostos por partes que se relacionam, cada uma das quais com as suas próprias regras de comportamento, podem gerar interações e efeitos não lineares e de certa forma imprevisíveis (Holbrook, 2003). Assim, o comportamento de um sistema é altamente influenciado por variações mínimas que podem ocorrer no seu estado inicial, tornando-se o tornando-seu desfecho impossível de prever (Gleick, 1987). A título de exemplo prático: um guarda-redes de Andebol ou Futebol pode optar por fazer a reposição de bola para o jogador A ou B. A decisão de passar a bola para o jogador A pode hipoteticamente determinar o sucesso na concretização do processo ofensivo, que por sua vez pode significar a vitória no jogo, a conquista do campeonato e o apuramento para uma competição internacional. Por outro lado, o passe para o jogador B poderia resultar na perda de posse de bola e consequente insucesso.

O jogo traduz-se numa sequência de eventos organizada de forma catastrófica e que oscila entre períodos de relativa estabilidade e previsibilidade e acontecimentos casuísticos geradores de desequilíbrios e do imprevisto (Volossovitch et al., 2010). Como consequência, o jogo deve ser interpretado de forma dinâmica e auto-organizada para que se percebam os comportamentos emergentes dos jogadores inseridos num ambiente ecológico (Gonçalves, Figueira, Maçãs, & Sampaio, 2013). Desta forma, a análise das interações entre os jogadores e a identificação dos padrões de jogo emergentes poderão preservar a normal sequência do jogo (Vilar, Araújo, Davids, & Button, 2012).

1.1.2. Modificar o contexto para otimizar a aprendizagem

O processo de aquisição de skills motores e desportivos tem sido alvo de várias abordagens teóricas. As teorias mais analíticas estão direcionadas para a psicologia cognitiva e defendem que a prática repetida ao longo do tempo leva à memorização de padrões motores estanques (Davids, Araújo, & Shuttleworth, 2005). Por exemplo, a teoria do processamento de informação defende que a regulação das ações reside na existência de programas motores genéricos armazenados no sistema nervoso que especificam o modelo ideal de execução (Temprado & Laurent, 1999). Ao atribuir

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grande importância aos processos internos do sujeito, a teoria do processamento de informação desloca o problema da tomada de decisão para uma estrutura interna pré existente e negligencia o ambiente que envolve a tomada de decisão do jogador (Araujo, Davids, & Serpa, 2005).

Assim, o controlo da ação deve ser percetivo e não assente numa elevada complexidade de processos computacionais ou da memória (Shaw, 2003). É neste âmbito que surge a perspetiva eco-dinâmica da aprendizagem, que refuta os modelos tradicionais e defende que as ações não são impostas por uma estrutura pré-existente, mas residem no sistema sujeito-ambiente (Gibson, 1979). De entre os vários fatores capazes de influenciar o comportamento do sujeito nesse ambiente, destacam-se a estrutura e a física do envolvimento, a biomecânica do corpo de cada indivíduo, a informação percetual relativa às variáveis informacionais e as exigências específicas de cada tarefa (Warren, 2006) (ver figura 1.1). Assim, os desportistas peritos distinguem-se pela capacidade de encontrar as informações que, de acordo com as várias possibilidades, lhes permitem atingir o seu objetivo (Araujo et al., 2005).

Figura 1.1. Modelo de interação de constrangimentos (Newell, 1986).

No entanto, a perspetiva eco-dinâmica não deve ser considerada de forma isolada (Araujo et al., 2010), uma vez que determinados padrões coordenados podem emergir entre as partes do sistema de movimento dinâmico através de um processo de auto organização (Davids, Button, Araujo, Renshaw, & Hristovski, 2006). O processo de treino não deve ser caracterizado por estímulos e respostas constrangidas por regras pré-definidas cognitivamente pelo jogador, mas sim pela organização funcional de atividades práticas (Araujo, Davids, & Hristovski, 2006). Cabe assim ao treinador perceber quais os constrangimentos mais adequados a cada situação e de que forma é

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que eles influenciam essa organização funcional (Passos, Araujo, Davids, & Shuttleworth, 2008).

Durante as sessões de treino, os treinadores podem e devem recorrer a múltiplos parâmetros de ensino que proporcionem a prática de diferentes movimentos e permitam aos jogadores criarem uma base de experiências que os possa ajudar a construir variados esquemas de comportamentos (Schmidt & Lee, 1999). No treino de remate de Andebol, por exemplo, os esquemas utilizados devem incluir o maior número possível de combinações que exijam mudanças em vários comportamentos com vista à otimização do gesto técnico (Wagner & Muller, 2008). Respeitando este princípio, o jogador assimila informação que o ajudará a alterar e ajustar os seus comportamentos em função de diferentes condições e contextos. No caso particular do remate no Andebol, os pressupostos para o desenvolvimento deste gesto técnico sugerem que o treino deve variar parâmetros como velocidade de execução, ponto de largada da bola, ângulo do braço no remate e facilitação ou handicap da impulsão vertical (Roth, 1989). Assim como no futebol, onde manipular e constranger gestos técnicos como receção, drible e remate já mostrou ser benéfico na não-linearidade da aprendizagem e na criação de padrões de movimentos funcionais durante a prática (Schöllhorn, Hegen, & Davids, 2012). A manipulação destes parâmetros torna os sistemas instáveis e fá-los auto organizarem-se (Wagner & Muller, 2008), oferecendo ao sujeito a capacidade de reagir continuamente a novas situações de forma rápida e adequada (Schollhorn, Mayer-Kress, Newell, & Michelbrink, 2009).

Neste âmbito, o treino diferencial garante a variabilidade da qualidade e quantidade dos estímulos de exercício para exercício (Schöllhorn et al., 2012), estimulando o jogador a adaptar-se e a criar uma variedade de padrões de comportamento (Frank, Michelbrink, Beckmann, & Schollhorn, 2008). A abordagem diferencial tira partido das flutuações num sistema complexo aumentando-as através de uma “não repetição” e constante mudança nas tarefas, o que acrescenta perturbações estocásticas (Schöllhorn et al., 2012). Assim, as flutuações nos subsistemas do sujeito são exploradas mesmo durante a aprendizagem, aportando-lhe a capacidade de ele próprio encontrar padrões de performance dependentes do contexto em que está inserido (Frank et al., 2008).

Baseados nestes pressupostos, os jogos reduzidos (JR) assumem-se como uma ferramenta útil no processo de treino, permitindo ao treinador manipular uma série de variáveis que influenciam os estímulos dos exercícios, tais como a área de jogo, número

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de jogadores, feedback do técnico, regime intervalado ou contínuo, regras e uso de guarda-redes (Hill-Haas, Dawson, Impellizzeri, & Coutts, 2011). As vastas possibilidades de constrangimentos aplicados aos JR facilitam o desenvolvimento de habilidades técnico-táticas e melhoria da capacidade física em contexto apropriado de jogo (Little, 2009).

1.1.3. Como contemplar a complexidade no treino dos jogos desportivos coletivos? As abordagens teóricas ao treino dos JDC têm sofrido alguns avanços que se opõem aos modelos mais clássicos, que privilegiavam a simplificação do jogo em elementos isolados, que desconsideravam a sua totalidade complexa e desrespeitavam as suas inter-relações (Reverdito & Scaglia, 2007). Os JDC são férteis em acontecimentos cuja complexidade não pode ser prevista antecipadamente, exigindo aos jogadores uma predisposição estratégica e tática permanentes (McGarry, 2009). Assim, a definição de objetivos e seleção de exercícios para o treino não deverá ir de encontro à automatização do gesto através de repetições indeterminadas, porque embora o jogador possa ir ajustando a execução desse mesmo gesto, não terá um suporte motor suficientemente amplo para dar a resposta ideal numa qualquer situação competitiva, que nunca se repete da mesma maneira (Schollhorn et al., 2009). Para que os jogadores desenvolvam os seus processos cognitivos e sejam capazes de se adaptar aos diversos cenários competitivos, é necessário atribuir estímulos variados no treino (ver figura 1.2) em que o jogador procure a resposta ideal de acordo com o contexto e as suas características (Fajardo, 1999).

Figura 1.2. Aspetos do treino cognitivo a considerar para a construção de tarefas de treino (Fajardo, 1999).

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Uma vez que a competição obriga os jogadores a tomar decisões enquanto executam ações intensas, a procura do rendimento ótimo exige cargas de treino específicas de intensidade elevada, variadas e que se manifestem em curtos espaços de tempo (Tenenbaum, LevyKolker, Sade, Liebermann, & Lidor, 1996). Num âmbito mais específico do treino de força (TF), por exemplo, o treino deverá incluir tarefas que impliquem tomadas de decisão características da modalidade (Fajardo, 1999) (ver figura 1.3).

Figura 1.3. Exemplo de um exercício que contempla a colaboração e oposição característica dos desportos de equipa. Em função da atuação do defensor, o atacante deve escolher entre o lançamento ou progressão com bola (Fajardo, 1999).

Na verdade, o próprio estímulo fisiológico poderá ser manipulado para que a resposta motora não seja previamente idealizada e processada pelo executante. Assim, para além da complexidade na tomada de decisão técnico-tática, também a tarefa de força específica pode ser constrangida para replicar o estímulo fisiológico imprevisível que caracteriza todas as ações de cooperação-oposição em jogo.

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Numa dimensão técnico-táctica deve-se privilegiar o jogo como elemento fundamental e recorrer à sua problematização, o que poderá ser feito a partir da manipulação da sua estrutura organizacional, ou seja, de variáveis como as dimensões do terreno de jogo, o número de jogadores e as regras (Hill-Haas et al., 2011).

1.1.4. Dimensões dos jogos reduzidos

Algumas características dos JDC como a variabilidade e a imprevisibilidade têm sido utilizadas com recurso a exercícios específicos que visam determinadas condicionantes que integram as variáveis do jogo. Os JR são habitualmente praticados em áreas reduzidas, envolvem um número reduzido de jogadores e utilizam regras modificadas (Hill-Haas et al., 2011). Uma vez que este tipo de jogos permite a manipulação de variáveis que podem influenciar a intensidade do exercício e replicar as exigências competitivas, o aumento da produção científica centrada no estudo dos JR pode contribuir para uma análise mais detalhada das principais dimensões do jogo: técnico-tática, fisiológica e psicológica.

Relativamente à dimensão técnico-tática, os JR facilitam a assimilação de conceitos técnicos, táticos individuais e táticos coletivos (Owen, 2003). Numa perspetiva de treino no alto rendimento, é importante decompor o jogo através do uso de diferentes formatos de JR com alteração do número de participantes (Rampinini, Impellizzeri, Castagna, Abt, Chamari, Sassi, et al., 2007). De um modo geral, as formas de jogo mais reduzidas permitem aos jogadores contactos mais frequentes com a bola em diferentes situações de jogo, o que requer a utilização de habilidades técnico-táticas ajustadas ao contexto (Capranica, Tessitore, Guidetti, & Figura, 2001).

Numa dimensão fisiológica, a prática dos JR pode ser usada como uma ferramenta para a melhoria da condição física, uma vez que induz níveis de frequência cardíaca (FC) próximos dos 90 a 95% da FC máxima (Hoff, Wisloff, Engen, Kemi, & Helgerud, 2002). Estas intensidades elevadas favorecem o desenvolvimento da performance aeróbia (Helgerud, Engen, Wisloff, & Hoff, 2001), indo de encontro a valores já verificados em algumas formas de treino intervalado (Impellizzeri, Marcora, Castagna, Reilly, Sassi, Iaia, et al., 2006). Na verdade, os benefícios obtidos no treino são máximos quando a intensidade utilizada é similar aquela que se verifica em competição (Mallo & Navarro, 2008). Adicionalmente, a inclusão de JR nos programas de treino

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promove respostas e intensidades neuromusculares específicas da modalidade, para além de aumentar a motivação para realizar as tarefas (Hill-Haas et al., 2011).

Vários estudos sugerem que a resposta fisiológica é afetada pela alteração de algumas condicionantes do jogo (Fanchini, Azzalin, Castagna, Schena, McCall, & Impellizzeri, 2011a; Kelly & Drust, 2009; Sampaio, García, Maçãs, Ibáñez, Abrantes, & Caixinha, 2007). A duração, tempos de descanso, o número de jogadores, dimensões do terreno, alteração de regras e feedback por parte do técnico têm um impacto direto sobre os fatores fisiológicos e psicofisiológicos, refletidos pelos valores de FC e perceção subjetiva de esforço (PSE1) (Hill-Haas et al., 2011), respetivamente. A avaliação sistemática destes parâmetros, em conjunto com as ações técnicas e táticas (ATT), pode contribuir para a obtenção de resultados válidos e mais fiáveis, melhorando significativamente o processo de treino (Tessitore, Meeusen, Piacentini, Demarie, & Capranica, 2006). A investigação centrada na manipulação de variáveis e o seu efeito na resposta fisiológica, psicológica e técnico-tática em JR é abundante no futebol, mas praticamente omissa no Andebol. Apesar disso, a utilização de JR no Andebol parece contribuir para o desenvolvimento da capacidade aeróbia em contexto de jogo, preservando componentes específicos da modalidade como a agilidade, tempos de reação e coordenação óculo-manual (Buchheit, Laursen, Kuhnle, Ruch, Renaud, & Ahmaidi, 2009).

Apesar dos JR permitirem uma reprodução fiel do padrão cardiovascular e técnico-tático necessário à preparação desportiva dos jogadores (Reilly & White, 2004), replicar o padrão de solicitação muscular parece bem mais complexo. Para que as adaptações da força sejam significativas, tanto a nível morfológico como neuromuscular, são necessários programas de treino que respeitem metodologias específicas. Por exemplo, para o aumento da massa muscular são necessárias intensidades próximas de 70 a 80% de uma repetição máxima (Moore, Burgomaster, Schofield, Gibala, Sale, & Phillips, 2004), enquanto as adaptações neurais requerem intensidades entre 90 a 100% de uma repetição máxima (Takarada, Takazawa, Sato, Takebayashi, Tanaka, & Ishii, 2000).

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A PSE é um método de avaliação psico-fisiológico da intensidade percebida do esforço, desenvolvido no início dos anos 60 por Gunnar Borg. Este autor desenvolveu a escala da percepção subjectiva de esforço, considerada fiável e de fácil compreensão, que tem sido aplicada na monitorização do exercício em populações adultas (ver Borg, 1990 e 1998; Faulkner & Eston, 2008).

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1.1.4.1. Dimensão muscular

Ao contrário do que acontece com a aptidão cardiovascular e ATT, a força muscular não é suficientemente solicitada através da prática dos JR. Esta ideia é suportada pela relação entre a PSE e as concentrações de lactato sanguíneo já investigada (Aroso, Rebelo, & Gomes Pereira, 2004). Neste estudo verificaram-se concentrações de lactato de 4.9±2.0 e 2.6±1.7 (mmol/L) e valores de PSE de 14.5±1.7 e 13.3±0.9 em jogo 3x3 e 4x4, respetivamente (Aroso et al., 2004). Assim, diferentes formatos de JR induziram valores elevados de PSE mas não de lactato sanguíneo, o que sugere uma perceção elevada da intensidade do esforço que não foi correspondida por uma solicitação muscular significativa. Como já foi referido, adaptações musculares significativas exigem cargas específicas, só possíveis com recurso a unidades especiais de TF (Zatsiorsky & Kraemer, 2006). Neste sentido, torna-se importante perceber os efeitos da interação entre as unidades de TF e as unidades de treino de pavilhão, procurando obter modelos de periodização que permitam a sua concorrência e produzam melhorias na performance.

O TF é essencial para se atingir elevadas performances durante a competição. Na verdade, os objetivos finais do TF passam por aumentar a força e/ou assegurar a sua conservação nos diferentes períodos do ciclo anual de treino, atingir um desenvolvimento harmonioso de todos os grupos musculares (Zatsiorsky & Kraemer, 2006) e alcançar elevados índices de força e potência nos movimentos que caracterizam cada uma das modalidades (Verkhoshansky, 2006). Em suma, o potencial de força deve ser manifestado com base no princípio da conjugação de ações, ou seja, melhoria da capacidade física funcional e habilidades técnico-táticas (Verkhoshansky, 2006).

O Andebol é um jogo caracterizado por movimentos complexos com e sem bola, executados em regimes variáveis de velocidade e força como acelerações repetidas, sprints, saltos, mudanças de direção e contacto físico entre jogadores (Ronglan, Raastad, & Borgesen, 2006). A necessidade que o jogador de Andebol tem de realizar ações de curta duração a alta intensidade reforça o TF como uma ferramenta indispensável à melhoria da sua performance, ajudando-o na execução de tarefas de competição que implicam níveis elevados de força aliados a velocidades de execução rápidas (Ziv & Lidor, 2009). Partindo destes pressupostos e considerando que adaptações significativas de força exigem sessões de treino específicas, parece evidente

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que a concorrência entre as unidades de TF e as unidades de treino de pavilhão deve ser cuidadosamente manipulada na periodização e planeamento do treino.

Já foi demonstrado que a adição de sessões específicas de TF máxima ao treino técnico-tático de Andebol resulta em ganhos maximais de força e aumento da velocidade de remate, embora possa comprometer ganhos de força explosiva nos membros inferiores e resistência de corrida (Gorostiaga, Izquierdo, Iturralde, Ruesta, & Ibanez, 1999). Aparentemente, o treino conjunto de força máxima e resistência pode inibir a médio prazo capacidade de produzir força (Hickson, 1980), provavelmente pela dificuldade de adaptação da estrutura muscular ao treino combinado (Zatsiorsky & Kraemer, 2006).

Figura 1.4. Mudanças na resposta da capacidade força em 3 tipos de treino. Os registos dos grupos do treino de força e treino de força + resistência foram semanais. O grupo do treino de resistência foi avaliado no início e final do protocolo (Hickson, 1980).

No entanto, já foram relatados ganhos em ambas as capacidades quando a força foi treinada separadamente da resistência (Collins & Snow, 1993; Leveritt & Abernethy, 1999). Neste sentido, sugere-se que o treino concorrente de força e resistência pode resultar em ganhos para ambas as capacidades, desde que os mecanismos de recuperação sejam respeitados (Wong, Chaouachi, Chamari, Dellal, & Wisloff, 2010). Apesar destes resultados, o conhecimento acerca da ordem com que se treina a força e resistência é ainda escasso. Para além disso, a literatura é pobre no que diz respeito aos efeitos imediatos que TF tem na performance técnico-tática dos jogadores.

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A magnitude e a fonte de fadiga no TF podem variar de acordo com o tipo de contração muscular (Babault, Desbrosses, Fabre, Michaut, & Pousson, 2006), intensidade (Linnamo, Newton, Hakkinen, Komi, Davie, McGuigan, et al., 2000), velocidade de execução (Linnamo, Hakkinen, & Komi, 1998) e tempo de descanso (Pattersson, Pearson, & Fisher, 1985). Neste sentido, importa perceber quais as adaptações agudas e crónicas induzidas pelo TF, para que a seleção da localização das sessões nos microciclos e mesociclos de treino seja criteriosa e salvaguarde uma metodologia eficiente.

Em relação às adaptações crónicas, o treino de hipertrofia, caracterizado por intensidades próximas das 10 repetições máximas (Kraemer, Marchitelli, Gordon, Harman, Dziados, Mello, et al., 1990), promove alterações morfológicas como o aumento da secção transversal do músculo (Moore et al., 2004) e facilita o aumento da força muscular (Verkhoshansky, 2006). Contudo, a capacidade de gerar força depende igualmente das adaptações do sistema nervoso. Assim, o treino de adaptações neurais requer intensidades próximas dos 90% de uma repetição máxima, para que haja um maior recrutamento de fibras musculares (Takarada et al., 2000) e melhor sincronização entre as unidades motoras responsáveis pelo mecanismo de contração muscular (Fajardo, 1999). Neste sentido, a combinação entre o aumento da massa muscular e o trabalho de natureza neural é fundamental para que o desenvolvimento da capacidade força seja significativo. Quando comparadas no tempo, as adaptações induzidas pelos programas de hipertrofia são mais lentas e tardias do que as verificadas no treino neural (Sale, 1988). Por esse motivo, as adaptações hipertróficas requerem um maior número de unidades de treino. Apesar destas investigações sublinharem importantes adaptações crónicas ao TF, os efeitos agudos que estes programas de treino induzem na performance dos jogadores de Andebol são pouco explorados na literatura. Esta escassez de informação dificulta a tarefa dos treinadores na organização semanal do processo de treino que inclua sessões de TF combinadas com sessões de treino técnico-tático. No entanto, existem estudos focados nos efeitos neuromusculares agudos do TF máxima que podem ajudar a perceber algumas variações nos perfis de desempenho dos jogadores imediatamente após uma sessão de TF (Babault et al., 2006; Bigland-Ritchie, 1981; McCaulley, McBride, Cormie, Hudson, Nuzzo, Quindry, et al., 2009; Moore et al., 2004; Sale, 1992).

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Os períodos curtos de recuperação no treino de hipertrofia parecem aumentar o recrutamento de unidades motoras, apesar do decréscimo da capacidade de gerar força (Sale, 1992), consequência da fadiga de origem periférica (Moore et al., 2004). Contrariamente ao treino hipertrófico, a fonte de fadiga observada nos protocolos neurais parece estar associada a uma falha na ativação do sistema nervoso central (McCaulley et al., 2009), resultando na diminuição da atividade muscular e deterioração da produção de força (Bigland-Ritchie, 1981). Para além disso, o treino neural induz concentrações de lactato significativamente inferiores aos protocolos de hipertrofia, muito em parte devido aos intervalos de recuperação prolongados entre séries (McCaulley et al., 2009). Imediatamente após a realização do TF, os protocolos neurais parecem estimular grande parte das fibras tipo II (Sale, 1992), enquanto os protocolos de hipertrofia resultam num decréscimo do peak force e capacidade de gerar força, aumentando no entanto a atividade elétrica dos músculos (McCaulley et al., 2009). Este fenómeno é conhecido por ineficiência neuromuscular (Deschenes, Judelson, Kraemer, Meskaitis, Volek, Nindl, et al., 2000) e pode ser um forte sinal de fadiga periférica (Babault et al., 2006). Para além destes indicadores, também já foi observado que os processos de recuperação da capacidade de gerar força (24h e 48h) foram mais rápidos após um protocolo de hipertrofia do que o verificado no neural (McCaulley et al., 2009). Em suma, tanto os treinos neural como o hipertrófico resultam em fadiga neuromuscular, provavelmente com origem em diferentes fontes, central e periférica respetivamente. Quando comparados com outas metodologias de TF, os protocolos de hipertrofia e adaptações neurais promovem efeitos imediatos na diminuição do percentual do peak force isométrico e uma quebra na capacidade de gerar força, enquanto, por exemplo, os treinos de resistência e potência não são capazes de induzir alterações significativas (McCaulley et al., 2009).

Apesar destas informações poderem e deverem ser consideradas na prescrição de um plano de treino, já foi sublinhada a escassez de investigação científica focada nos efeitos agudos do TF nas ações desportivas do jogador de Andebol. O lapso que a literatura apresenta neste domínio faz com que os técnicos de Andebol não possuam informação suficiente e válida que lhes permita identificar os momentos mais adequados para a inclusão do TF no microciclo e/ou unidades de treino.

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1.1.4.2. Dimensão energética

São várias as investigações que se têm focado nas respostas fisiológicas agudas a JR e formas intervaladas de treino (Balsom, Gaitanos, Soderlund, & Ekblom, 1999; Dellal, Chamari, Pintus, Girard, Cotte, & Keller, 2008; Sassi, Reilly, & Impellizzeri, 2004). Considerando durações de exercício idênticas, as conclusões desses estudos apontam para a existência de intensidades semelhantes em ambos os formatos. Para além disso, já se verificaram adaptações semelhantes ao nível da capacidade aeróbia e realização de exercícios intermitentes com mudanças de direção após um programa de treino de 6 semanas que contemplou JR e regimes de treino intervalado (Reilly & White, 2004). No entanto, a variabilidade dos estímulos parece ser superior nos JR em comparação com os exercícios intervalados (ver figura 1.5), provavelmente pela natureza específica das ações inerentes ao jogo (Hill-Haas et al., 2011).

Figura 1.5. Valores médios (%FC máxima) da intensidade do exercício em diferentes situações de treino de futebol (Hill-Haas et al., 2011).

Aparentemente, tanto os JR como os regimes de treino intervalado são ferramentas úteis para o desenvolvimento da performance aeróbia ao longo da época desportiva. Na verdade, já foi observado que ambos os métodos induziram valores idênticos da %FCmax e PSE após 12 semanas de treino (Impellizzeri et al., 2006).

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A intensidade do esforço em JR tem sido avaliada sobretudo com recurso à análise da FC, lactato sanguíneo e PSE (Hill-Haas et al., 2011). Contudo, a FC parece ser a ferramenta mais privilegiada, sendo considerada um método válido e fiável na avaliação da intensidade do esforço em vários desportos (Achten & Jeukendrup, 2003). Por exemplo, já foi mostrado que a resposta fisiológica é influenciada pela alteração de fatores como a duração do jogo (Duarte, Batalha, Folgado, & Sampaio, 2009), área do campo (Kelly & Drust, 2009), regras do jogo (Hill-Haas, Coutts, Dawson, & Rowsell, 2010) e número de jogadores (Owen, Twist, & Ford, 2004; Sampaio et al., 2007). Mais, a relação entre a média dos valores da FC e do consumo de oxigénio (VO2) detetada em testes laboratoriais é semelhante à relação da FC com o VO2 verificada durante a avaliação do esforço em JR (Esposito, Impellizzeri, Margonato, Vanni, Pizzini, & Veicsteinas, 2004).

Apesar da validade desta variável, o tempo exigido para análise e interpretação dos dados pode representar um constrangimento para os treinadores. Também o lactato sanguíneo tem sido utilizado com frequência na avaliação da intensidade esforço, no entanto é considerado um indicador pobre das concentrações de lactato muscular em atividades de carácter intermitente (Krustrup, Mohr, Steensberg, Bencke, Kjaer, & Bangsbo, 2006). Deste modo, a PSE apresenta-se como um método simples, não invasivo e sem custos para a monitorização da intensidade do exercício (Borg, 1982). O uso da PSE surge assim como uma alternativa válida para quantificar a intensidade do esforço durante uma sessão de treino (Impellizzeri, Rampinini, Coutts, Sassi, & Marcora, 2004a).

A PSE pode ser definida como a intensidade subjetiva de esforço, desconforto e/ou fadiga sentida durante a realização de um exercício físico (Robertson, 2001). A interpretação fisiológica dos aspetos cardiorrespiratórios, metabólicos e musculares tem um papel importante na regulação da intensidade do exercício. No entanto, a atividade desportiva não possui apenas uma componente física. A PSE tem uma natureza multifatorial que não é mediada apenas por fatores fisiológicos mas também por fatores psicológicos (Borg, 1982). Neste sentido, a PSE é considerada um indicador psicofisiológico para a obtenção do grau do esforço físico, integrando informações como sinais deduzidos do trabalho muscular, cardiopulmonar e do sistema nervoso central (Robertson, 2000). Para além disso, tem-se mostrado um método simples e válido na quantificação da intensidade de sessões de treino, quer em esforços de carácter

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contínuo (Foster, Florhaug, Franklin, Gottschall, Hrovatin, Parker, et al., 2001) como em esforços intermitentes (Impellizzeri et al., 2004a). A avaliação da PSE foi já sugerida como um método mais apropriado na avaliação da intensidade do esforço do que a análise individualizada das variáveis fisiológicas (Borg, 1982). No entanto, é necessário integrar as informações obtidas a partir dos três diferentes tipos de variáveis de esforço - performance/rendimento, avaliações fisiológicas e respostas de perceção - para que os resultados obtidos sejam mais fiáveis.

Aparentemente existe uma relação forte entre as estimativas do esforço percebido e as concentrações de lactato, o que sugere que o aumento da PSE pode estar relacionado com o aumento da FC e lactato sanguíneo (Borg, Hassmen, & Lagerstrom, 1987). Na verdade, já foi demonstrado que a combinação dos dados obtidos pela avaliação da FC e concentração de lactato no sangue com a PSE apresentou resultados mais fiáveis do que a análise isolada da FC ou concentração de lactato (Chen, Fan, & Moe, 2002). Em suma, a PSE está correlacionada com muitas formas de avaliação da intensidade do exercício, como o consumo de oxigénio, ventilação, frequência respiratória, concentração de lactato no sangue e FC (Faulkner & Eston, 2008). Em conjunto, todos estes fatores parecem suportar a PSE como um método fiável na avaliação da intensidade em esforços intermitentes, os de manifestação mais frequente nos JDC. No entanto, não existe nenhuma evidência que permita afirmar que um método de avaliação é mais fiável do que outro, pelo que a monitorização da intensidade nos JR deve ser feita através da combinação de métodos (Coutts, Rampinini, Marcora, Castagna, & Impellizzeri, 2009).

Compreender os efeitos que os vários fatores externos têm na intensidade do esforço e performance técnico-tática pode permitir uma melhor integração dos JR no processo de treino (Fanchini, Azzalin, Castagna, Schena, Mccall, & Impellizzeri, 2011b). Neste contexto, a análise do comportamento dos jogadores e das equipas torna-se preponderante na avaliação, organização e prescrição do treino.

1.1.4.3. Dimensão técnico-tática

O carácter complexo e multidimensional dos JDC apresenta constrangimentos na análise do rendimento desportivo, sobretudo porque o seu produto final é influenciado por fatores físicos, psíquicos e técnico-táticos (Glazier, 2010). Segundo a teoria das

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performances interativas, a performance de uma equipa é afetada pela qualidade e tipo de oposição, para além de diferentes jogadores serem influenciados pelo mesmo tipo de oposição de forma distinta (O'Donoghue, 2009). Deste modo, a relação das equipas com os jogadores adversários torna-se um fator chave na interpretação dos comportamentos durante o jogo (McGarry, 2009). Todas estas interações fazem com que a performance desportiva não possa ser avaliada com recurso a dados isolados, sendo necessária uma abordagem combinada (ver figura 1.6) que considere a complexidade dos sistemas (Hughes & Franks, 2004).

Figura 1.6. Abordagem a sistemas complexos utilizada para análise da performance desportiva (Hughes & Franks, 2004).

Apesar das estatísticas do jogo captarem detalhadamente o que se passa em jogo (Sampaio, Ibanez, Feu, Lorenzo, Gomez, & Ortega, 2008), a investigação científica atual acrescenta a necessidade de criar modelos multidimensionais para o estudo de sistemas complexos. A análise da performance deve considerar fatores como o processo e o resultado (ver figura 1.7), ou seja, a descrição das condutas dos jogadores e sua

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Figura 1.1. Modelo de interação de constrangimentos (Newell, 1986).
Figura  1.2.  Aspetos  do  treino  cognitivo  a  considerar  para  a  construção  de  tarefas  de  treino (Fajardo, 1999)
Figura  1.3.  Exemplo  de  um  exercício  que  contempla  a  colaboração  e  oposição  característica  dos  desportos  de  equipa
Figura 1.4. Mudanças na resposta da capacidade força em 3 tipos de treino. Os registos  dos grupos do treino de força e treino de força + resistência foram semanais
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Referências

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