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Antracnose do pimentão: diagnose e medidas de controle.

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Academic year: 2021

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Embrapa Roraima, BR 174, Km 08, Distrito Industrial, CP 133, 69301-970, Boa Vista-RR

1Eng.Agrônomo, D.Sc. Fitopatologia, e-mail: halfeld@cpafrr.embrapa.br 2Eng.Agrônomo, D.Sc. Fitopatologia, e-mail: katia@cpafrr.embrapa.br 3

Eng.Agrônomo, D.Sc. Entomologia, e-mail: paulo@cpafrr.embrapa.br

Antracnose do pimentão: diagnose e medidas de controle

Bernardo de Almeida Halfeld-Vieira 1 Kátia de Lima Nechet 2 Paulo Roberto Valle da Silva Pereira 3

O pimentão (Capsicum annuum L.) é uma cultura sujeita à diversas doenças capazes de limitar a produção, explorada tanto em plantio no campo como em cultivo protegido (Filgueira, 2000; Monteiro et al., 2000). Uma das principais enfermidades da cultura é a antracnose, que pode ser causada por diversas espécies de Colletotrichum, sendo a mais freqüente C. gloeosporioides (Kim et

al., 1999). O fungo é capaz de afetar

diretamente os frutos, ocasionando perdas que podem chegar a 100%, seja no campo ou em pós-colheita. A sua ocorrência é facilmente detectada pelos sintomas característicos observados nos frutos que são lesões deprimidas, em que se

observam acérvulos distribuídos de forma elíptica (Figuras 1 e 2) e abundante

esporulação do fungo com coloração rósea, principalmente em condições de alta

umidade. Embora possa ocorrer também nas folhas e ramos, sua intensidade é menor, ocasionando pequenas lesões necróticas de formato circular a alongado. Quando ocorre em sementeira pode ocasionar tombamento de mudas

(Kurozawa & Pavan, 1997; Monteiro et al., 2000). Em experimento conduzido em cultivo protegido na Embrapa Roraima, a doença foi observada causando danos severos aos frutos.

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F o to : H a lfe ld -V iei ra ( 2 0 0 3 )

Fig.1. Fruto de pimentão com sintomas típicos de antracnose.

F o to : H a lfe ld -V iei ra ( 2 0 0 3 )

Fig. 2. Detalhe de lesão típica da antracnose em que se

observam acérvulos de Colletotrichum gloeosporioides (pontuações escuras) distribuídos de forma elíptica na superfície do fruto.

Posição taxonômica (Hawksworth et al., 1995):

Anamorfo: Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc.

Teleomorfo: Glomerella cingulata (Stonem.) Spauld. & Schrenk

Divisão Ascomycota Ordem Phyllachorales Família Phyllachoraceae

Características e Biologia do Patógeno C. gloeosporioides é um patógeno que tem

uma ampla gama de hospedeiros, sendo capaz de causar doença em mais de 197 espécies vegetais incluindo árvores, plantas invasoras, grandes culturas e hortaliças (Uhrn et al., 2003). Embora se considere que isolados obtidos de diferentes

hospedeiros não tenham especificidade patogênica (Kim et al., 1999), existem

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1998). O fungo é caracterizado pela formação de acérvulos, estrutura de frutificação com hifas agregadas, de onde surgem grupos de conidióforos curtos. O seu desenvolvimento ocorre abaixo da epiderme do tecido hospedeiro, que se rompe, expondo os conídios para que possam ser dispersos (Hanlin, 2001). Duas características são importantes para

identificação do fungo: a presença de setas escuras e conídios ovóides, hialinos e unicelulares (Figura 3). O patógeno pode ser transmitido por sementes e é capaz de sobreviver em restos culturais. Sua

dispersão no campo ocorre por respingos d’água de chuva ou irrigação, tendo como condições ótimas para ocorrência de epidemias, temperaturas de 20 a 25 oC e

favoráveis o esporo germina emitindo um tubo germinativo formando o apressório, que penetra de forma direta, pela ação de um grampo de infecção, que rompe o tecido hospedeiro (Uhrn et al., 2003). A

capacidade do patógeno infectar frutos de pimentão depende da integridade das células epidérmicas e do estádio de

maturação em que se encontram. Em frutos imaturos o fungo consegue causar doença com ou sem a ocorrência de ferimentos, entretanto em frutos maduros a infecção só ocorre se houver ferimentos (Kim et al., 1999; Oh et al. 1999a). Esta diferença parece estar relacionada com a expressão de genes de resistência somente na fase de amadurecimento dos frutos (Oh et al.,

1999b). F o to : H a lfe ld -V iei ra ( 2 0 0 3 )

Fig.3. Conidioma de Colletotrichum gloeosporioides em que se observam

(A) setas escuras típicas e (B) conídios ovóides, unicelulares e hialinos.

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Medidas de Controle

Para o controle da antracnose do pimentão devem ser adotadas diversas medidas visando minimizar as perdas. Sendo um patógeno transmitido pela semente, uma das principais estratégias de controle é a utilização de sementes sadias. Durante a condução da cultura, os frutos que

apresentarem sintomas iniciais da doença devem ser eliminados assim que

percebidos, não permanecendo no local, para que se reduza a densidade de inóculo. As plantas não devem ser adensadas, para que se permita uma melhor ventilação, principalmente em condições em que há molhamento da parte aérea das plantas (Monteiro et al., 2000). O adensamento é um fator que favorece a ocorrência da doença pois além de propiciar um microclima favorável permite que os conídios do patógeno consigam ser depositados mais facilmente nas plantas vizinhas, disseminando-se com maior eficiência. O modo de irrigação por gotejamento, muito utilizado em cultivo protegido, é o mais adequado, uma vez que não promove molhamento foliar e não propicia a dispersão de conídios do fungo, devendo-se, portanto evitar a utilização de sistemas de irrigação por aspersão. A rotação de cultura é uma prática que deve ser implementada, principalmente com gramíneas (Lopes & Ávila, 2003). A utilização de fungicidas pode ser feita de

forma preventiva desde início da

frutificação, já que o patógeno infecta os frutos ainda imaturos. Para tomada de decisão de quando aplicar o produto e a freqüência de aplicação deve-se observar se há condições muito ou pouco favoráveis para a ocorrência de epidemias

considerando principalmente o sistema de cultivo (se em campo ou em cultivo

protegido), época do ano e modo de irrigação. Existem fungicidas protetores registrados, cujos ingredientes ativos são clorotalonil, mancozeb, oxicloreto de cobre e hidróxido de cobre e sistêmicos que são o azoxystrobin e o thiabendazole (Agrofit, 2003; Kimati et al. 1997).

Referências Bibliográficas

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Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:

Embrapa Roraima

Rodovia Br-174, km 8 - Distrito Industrial

Telefax: (95) 626 71 25 Cx. Postal 133 - CEP. 69.301-970 Boa Vista - Roraima- Brasil

sac@cpafrr.embrapa.br 1ª edição

1ª impressão (2003): 100

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Referências

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