• Nenhum resultado encontrado

Estudo das propriedades supercondutoras em multicamadas de Nb, Pb, e Sn

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Estudo das propriedades supercondutoras em multicamadas de Nb, Pb, e Sn"

Copied!
154
0
0

Texto

(1)

DEPARTAMENTO DE FÍSICA – CCEN

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA

FLÁVIA PORTELA SANTOS

ESTUDO DAS PROPRIEDADES SUPERCONDUTORAS EM MULTICAMADAS DE Nb, Pb e Sn

Recife 2015

(2)

FLÁVIA PORTELA SANTOS

ESTUDO DAS PROPRIEDADES SUPERCONDUTORAS EM MULTICAMADAS DE Nb, Pb e Sn

Tese apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Física da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para a obtenção do título de

Doutora em Física.

Orientador:

Prof. Dr. José Albino Oliveira de Aguiar Universidade Federal de Pernambuco

Recife 2015

(3)

Catalogação na fonte

Bibliotecária Joana D’Arc Leão Salvador CRB4-532

S237e Santos, Flávia Portela.

Estudo das propriedades supercondutoras em multicamadas de Nb, Pb, e Sn / Flávia Portela Santos. – Recife: O Autor, 2015.

153 f.: fig., tab.

Orientador: José Albino Oliveira de Aguiar.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCEN. Física, 2015.

Inclui referências.

1. Supercondutores. 2. Filmes finos. I. Aguiar, José Albino Oliveira de (Orientador). II. Titulo.

(4)

ESTUDO DAS PROPRIEDADES SUPERCONDUTORAS EM MULTICAMADAS DE Nb, Pb e Sn

Tese apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Física da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutora em Física.

Aprovada em: 26/03/2015.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Prof. Dr. José Albino Oliveira de Aguiar

Orientador

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Prof. Dr. Arkady Shanenko

Examinador Interno

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Prof. Dr. Sérgio Wlademir da Silva Apolinário

Examinador Interno

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Prof. Dr. Antônio Jefferson da Silva Machado

Examinador Externo Universidade de São Paulo

_________________________________________ Prof. Dr. Paulo Pureur Neto

Examinador Externo

(5)

Durante quase cinco anos de doutorado, muitas pessoas contribu´ıram de diversas formas,

tornando poss´ıvel a conclus˜ao desse curso. Al´em da forma¸c˜ao cient´ıfica e do desenvolvimento

do trabalho, incentivo, apoio e amizade se mostraram ferramentas imprescind´ıveis para essa

conquista. Assim, gostaria de prestar meu reconhecimento e agradecimento `as pessoas que

fizeram parte dessa etapa.

Primeiramente devo minha gratid˜ao a Deus, de onde vem o querer e o realizar. Agrade¸co

a oportunidade de comtemplar Tua providˆencia tamb´em nessa etapa da vida.

`

A minha fam´ılia, que foram os primeiros a me incentivar no caminho acadˆemico. Ao meu

esposo Messias Vilbert por participar de todas as situa¸c˜oes, compartilhando a f´e, a vida

e o amor `a ciˆencia. Aos meus pais, Romildo e Gleide Portela, por serem meu exemplo e

pelos muitos sensatos conselhos, al´em da acolhida que sempre me fornecem com carinho;

a meu irm˜ao Danilo Portela pela amizade que nos leva a ansiarmos por nossas conquistas;

ao meu tio Sidney Greg´orio pelo carinho, apoio e, acima disso, pelo exemplo de for¸ca e

competˆencia. A todos os meus familiares, que sempre me apoiaram, incentivaram e me

acompanharam nas diversas situa¸c˜oes.

Ao meu orientador, Jos´e Albino Oliveira de Aguiar, pela dire¸c˜ao deste trabalho, pela

confian¸ca e oportunidade, pela disponibilidade durante todo o curso para as discuss˜oes

do trabalho, que proporcionaram muita aprendizagem. A Dra. Laura Teresa Corre-`

dor Boh´orquez pelo acompanhamento, ensinamentos e disponibilidade, pelas valiosas

dis-cuss˜oes e corre¸c˜oes.

Ao professor Petrucio Barrozo e `a Universidade Federal de Sergipe pela valiosa ajuda na

fabrica¸c˜ao das amostras. Ao professor Victor Moshchalkov e ao Institute for Nanoscale

Physics and Chemistry (INPAC - KU Leuven) por sua acolhida e colabora¸c˜ao com as

medidas magn´eticas durante o est´agio que foi parte deste doutorado. Ao CETENE-UFPE

pelas medidas de raios X. `

A amiga Dra. Danielle Marques pela prontid˜ao em ajudar e pelo incentivo

constante-mente presente. As companheiras de laborat´` orio e amigas que estiveram sempre

(6)

`

A Igreja Presbiteriana de Olinda por fazer parte da minha hist´oria, pelo sustento nas

ora¸c˜oes e no incentivo em minha jornada.

Ao Departamento de F´ısica da UFPE pela forma¸c˜ao e oportunidades que me foram

con-cedidas. A todos os professores pela seriedade nos trabalhos de ensino e pesquisa, o que

me inspiram como profissional. Ao corpo t´ecnico que nos ajudaram diretamente nas

me-didas necess´arias para o trabalho e se mostraram sempre prestativos: Tarcyla de Andrade

(AFM), Maria Virg´ınia Barbosa (Laborat´orio de Qu´ımica), S´ergio dos Santos(Microsc´opio

Eletrˆonico), Gustavo Rog´erio Barbosa e Rog´erio Pontes (Criogenia), Marcos Aur´elio do

Nascimento (Eletrˆonica).

Aos ´org˜aos financiadores, CAPES, CNPq e FACEPE, indispens´aveis para a viabiliza¸c˜ao

(7)

"Eu confio em certezas. Eu sei que meu Redentor vive, e porque Ele vive eu também viverei."

(8)

O estudo em sistemas de multicamadas supercondutoras alcan¸cou grande interesse na

pes-quisa de novos materiais, pois al´em de apresentarem ampla aplicabilidade tecnol´ogica, oferecem

fascinantes possibilidades de observar novos fenˆomenos na supercondutividade. Esta ´ultima

ca-racter´ıstica ´e a de maior motiva¸c˜ao para esta tese, uma vez que pouco ainda se tem reportado a

respeito da supercondutividade em multicamadas constitu´ıdas por

supercondutor(S)/supercondutor(S0). Neste trabalho, estudamos trˆes novos sistemas

nanoes-truturados formados por supercondutores elementares, de baixa temperatura cr´ıtica, tais como

ni´obio (Nb), chumbo (Pb) e estanho (Sn), a saber, a tricamada Nb(5)/Pb(500)/Nb(50) e as

multi-camadas Nb(100)/[Sn(50)/Nb(50)]7 e Cr(10)/Nb(100)/[Sn(50)/Nb(50)]7, onde o termo entre parˆenteses

indica a espessura da referida camada em nanˆometros e os colchetes indicam que a estrutura

Nb/Sn ´e repetida 7 vezes. Para compara¸c˜ao, tamb´em s˜ao analisados filmes de referˆencia de Nb,

Pb e Sn. Os filmes e as multicamadas foram crescidos a temperatura ambiente por deposi¸c˜ao via

sputtering, utilizando fontes DC e RF. As amostras foram caracterizadas por difra¸c˜ao de raios

X de baixo ˆangulo, microscopia eletrˆonica de varredura e por microscopia de for¸ca atˆomica.

As propriedades supercondutoras foram estudadas atrav´es de medidas magn´eticas e de

trans-porte el´etrico. Magnetiza¸c˜ao e resistividade foram medidas como fun¸c˜oes da temperatura e

do campo magn´etico aplicado perpendicular e paralelamente `as camadas. Os trˆes sistemas

apresentaram transi¸c˜oes supercondutoras abruptas, tanto na magnetiza¸c˜ao quanto na

resisti-vidade em fun¸c˜ao da temperatura, com os valores de TC obtidos de 7,2 K para o Nb/Pb/Nb,

5,2 K para o Nb/[Sn/Nb]7 e 3,7 K para o Cr/Nb/[Sn/Nb]7. As propriedades supercondutoras

dos filmes de Pb, Nb e Sn, tais como TC, µ0Hc2 e comprimentos caracter´ısticos apresentaram

coerˆencia com os valores reportados na literatura, confirmando a boa qualidade das camadas.

Flux jumps s˜ao observados nos loops de histerese em todos os sistemas, os quais s˜ao atribu´ıdos

a instabilidades termomagn´eticas. A amostra Nb/Pb/Nb apresentou uma curvatura positiva

na dependˆencia de µ0Hc2(T), indicando que a supercondutividade ocorre preferencialmente na

camada de Pb para T > T∗ e preferencialmente na camada de Nb para T < T∗, de acordo com

a teoria de Takahashi-Tachiki. Os comprimentos caracter´ısticos s˜ao calculados, classificando

as multicamadas como supercondutores do tipo II. Verificamos grande influˆencia do material

magn´etico Cr na supercondutividade da multicamada, causando a diminui¸c˜ao da temperatura

(9)

Palavras-chave: Multicamadas supercondutoras. Teoria de Takahashi-Tachiki. Efeito de proximidade.

(10)

The study of superconducting multilayers systems has achieved much interest in the research of new materials. Besides their wide technological applicability, these structures offer fascina-ting possibilities to observe new phenomena in superconductivity. The latter characteristic is the fundamental motivation for this thesis, since a little has been reported about multilayers

constituted of superconductor(S)/superconductor(S0). In this work, we have studied three new

nanostructured systems formed by low critical temperature conventional superconductors, such

as niobium (Nb), lead (Pb) and tin (Sn): the trilayer Nb(5)/Pb(500)/Nb(50) and the multilayers

Nb(100)/[Sn(50)/Nb(50)]7 and Cr(10)/Nb(100)/[Sn(50)/Nb(50)]7. The term in parenthesis indicates

the thickness of the layer in nanometers and the brackets that Nb/Sn structure is repeated 7 times. For comparison, the reference films of Nb, Pb and Sn were also analyzed. The thin films and multilayers were growth at room temperature via sputtering deposition, by using DC and RF sources. The samples were characterized for small angle X ray diffraction, scan-ning electron microscopy (SEM), and atomic force microscopy (AFM). The superconducting properties were investigated through magnetic and electric transport measurements. The mag-netization and resistivity were obtained as functions of temperature and magnetic field applied both perpendicularly and parallel to the layers. All the multilayers systems have showed sharp superconducting transitions in the dependence of magnetization and resistivity with the tem-perature. The multilayers critical temperatures were found to be 7.2 K for Nb/Pb/Nb, 5.2 K

for Nb/[Sn/Nb]7 and 3.7 K for Cr/Nb/[Sn/Nb]7. The superconducting properties of reference

films Pb, Nb and Sn, such as critical temperature, upper critical field and characteristic lengths were consistent with the literature values, confirming the good quality of the samples. In the three systems flux jumps were observed, which are attributed to thermomagnetic instabilities. The Ginzburg-Landau parameter is estimated, classifying the multilayers as type II

supercon-ductors. In the case of Nb/Pb/Nb sample, it presented an upward curvature in the µ0Hc2(T)

diagrams, which is a signature of superconductivity nucleation in the each layer, in accordance with Takahashi-Tachiki theory for multilayered systems. We found out a noticeable influence of the magnetic material Cr on the multilayer superconducting properties, reducing the critical temperature of the system and modifying the lower and upper critical fields behavior. The

dependence of µ0Hc1(T), of all the multilayers, revealed a non-conventional behavior feature,

which is consistent with a multicomponent behavior with spatially separated components. Keywords: Superconducting multilayers. Takahashi-Tachiki theory. Proximity effect.

(11)

2.1 Comportamento de ψ e H na interface entre os estados normal e supercondutor

[1]. . . 28

2.2 Aumento da densidade de el´etrons e decaimento do campo magn´etico com a

distˆancia, que representam a energia de condensa¸c˜ao e magn´etica,

respectiva-mente, na superf´ıcie do supercondutor para: (a) Supercondutor do tipo I, onde

λ < ξ e (b) Supercondutor do tipo II, onde λ > ξ [2]; (c) Rede de v´ortices

observada em uma amostra de NbSe2, obtida pela t´ecnica magneto-´optica [3]. . . 29

2.3 Dependˆencia do campo magn´etico com a temperatura para (a) Supercondutores

do tipo I e (b) Supercondutores do tipo II [4]. . . 30

2.4 Resposta da Magnetiza¸c˜ao com o aumento do campo magn´etico para (a)

Super-condutores do tipo I e (b) SuperSuper-condutores do tipo II [1]. . . 31

2.5 Evolu¸c˜ao da temperatura cr´ıtica dos supercondutores de 1911 a 2008 [5]. . . 32

2.6 (a) Campo magn´etico H(r) e parˆametro de ordem |ψ(r)|2 de uma linha de fluxo

isolada, calculada a partir da teoria de G-L para κ = 2, 5 e 20. (b) Rede

triangular de linhas de fluxo [6]. . . 34

2.7 Esquema da intera¸c˜ao v´ortice-v´ortice em (a) Supercondutores do tipo I -

in-tera¸c˜ao atrativa e (b) Supercondutores do tipo II - intera¸c˜ao repulsiva [7]. . . 35

2.8 (a) Curva M(H) em supercondutores tipo 1.5, indicando Hvc onde ocorre a

con-figura¸c˜ao de “clusters”de v´ortices e HAvs onde a configura¸c˜ao de v´ortices ´e dada

pela rede de Abrikosov [7]; (b) Curva M(H) para um supercondutor do tipo II/I

[8]. . . 36

2.9 Diagrama de κ(T) segundo a teoria de supercondutores cr´ıticos, indicando a

estrutura interna de cada dom´ınio [9]. . . 37

2.10 Espectroscopia de tunelamento por varredura da amostra MgB2com (a) corrente

aplicada no plano ab (b) corrente ao londo do eixo c. (c) Gap de energia em

(12)

2.11 (a) Calor espec´ıfico obtido para amostras de MgB2. As linhas preta e

verme-lha mostram a curva calculada pela teoria BCS de uma banda e pela teoria de

Eliashberg, respectivamente [11]. (b) Campo cr´ıtico superior em fun¸c˜ao da

tem-peratura para campos aplicados paralela e perpendicularmente a ab para uma

amostra de MgB2. As linhas cont´ınuas s˜ao obtidas pelo modelo separ´avel, onde

vermelha representa a superf´ıcie de Fermi isotr´opica [10]. . . 39

2.12 Hc2 como fun¸c˜ao da temperatura para o supercondutor de dois gaps no limite

sujo, ilustrado por um modelo de bicamada [12]. . . 40

2.13 Dependˆencia do calor espec´ıfico com a temperatura. A linha cont´ınua mostra a

curva calculada pela teoria BCS de duas bandas [13]. . . 41

3.1 Crit´erio de Anderson. A supercondutividade ´e desestabilizada quando o tamanho

´

e pequeno, tal que o Kubo gap, δ, exceda o gap de energia supercondutor ∆(0)

[14]. . . 45

3.2 Dependˆencia da temperatura cr´ıtica e densidade de estados com a espessura de

filmes de Pb, mostrando o comportamento oscilat´orio em ambas as grandezas. O

inset mostra a resistˆencia em fun¸c˜ao da temperatura para o filme de 28 camadas

atˆomicas [15]. . . 46

3.3 (a) Dependˆencia do campo cr´ıtico superior com a temperatura para uma amostra

de SrTiO3 com campo aplicado paralelo (triˆangulos) e perpendicular (c´ırculos)

`

a superf´ıcie do filme. (b) Dependˆencia angular do campo cr´ıtico superior. No

inset, as curvas preta e azul contrastam o caso 2D e 3D, respectivamente [16]. . 49

3.4 Exemplos de efeito de desmagnetiza¸c˜ao. (a) Desmagnetiza¸c˜ao num elips´oide ao

longo do eixo z. (b) Desmagnetiza¸c˜ao num plano infinito com a magnetiza¸c˜ao

ao longo do plano, n˜ao h´a forma¸c˜ao de polos (apenas poucos nas laterais); (c)

se a magnetiza¸c˜ao ´e perpendicular ao plano h´a forma¸c˜ao de polos que resulta

num campo de desmagnetiza¸c˜ao que se alinha a partir do polo positivo para o

negativo [17]. . . 50

3.5 (a) Esquema da Jun¸c˜ao Josephson SIS; (b) Se¸c˜ao transversal esquem´atica de

uma jun¸c˜ao SIS ao longo da dire¸c˜ao em que fluxo de corrente atravessa a jun¸c˜ao

[18]. . . 53

3.6 Esquema do comportamento do parˆametro de ordem na interface (a)

supercondutor-metal normal e (b) supercondutor-ferromagneto [19]. . . 56

3.7 (a) Curva Hc2k(T) modelo de Lawrence-Doniach. As linhas tracejadas mostram

uma compara¸c˜ao com s modelos 3D e 2D. (b) Curva experimental de Hc2k(T)

para multicamadas de Nb/Ge. Com o aumento das camadas de Ge o sistema passa do regime 3D para o comportamento de crossover e finalmente

(13)

3.8 C´alculo do campo cr´ıtico superior no modelo de Takahashi-Tachiki em sistemas

multicamadas, para diferentes raz˜oes das constantes de difus˜ao D. (a) Curva

Hc2k(T/TC), mostrando o crossover dimensional para DN/DS ≥ 2; (b) Curva

Hc2⊥(T/TC) mostrando a mudan¸ca na curvatura para altos valores de DN/DS

[21]. . . 62

3.9 Dependˆencia do campo cr´ıtico paralelo com a temperatura para diferentes valores

de DN/DS quando dN = dS = ξN(0) [22]. . . 62

3.10 (a) Dependˆencia do campo cr´ıtico paralelo quando DN/DS = 12,5. A linha

denotada por tra¸cos e pontos indica Hc2k quando ocorre a nuclea¸c˜ao de ∆(~r)

na camada S, e a linha tracejada indica nuclea¸c˜ao em N. (b) Diagrama de fase

esquem´atico no plano H verus T [22]. . . 63

4.1 Esquema do processo de deposi¸c˜ao por sputtering DC [23]. . . 66

4.2 Esquema do magnetron sputtering, mostrando os el´etrons confinados pr´oximos `a

superf´ıcie do alvo pelo campo magn´eticos dos magnetos [23]. . . 67

4.3 Diferentes tipo de sinal oriundos de diferentes volumes de intera¸c˜ao. O tamanho

e forma do volume depende de muitos fatores, incluindo acelera¸c˜ao da voltagem

e composi¸c˜ao da amostra. . . 71

4.4 Principais componentes do AFM [24]. . . 73

4.5 (a) Montagem esquem´atica para medida de resistividade. (b) Puck utilizado na

op¸c˜ao Resistivity DC, onde ´e poss´ıvel medir at´e 3 amostras. (c) Puck utilizado

na op¸c˜ao AC Transport, onde ´e poss´ıvel medir at´e 2 amostras. . . 74

5.1 Difratograma de baixo ˆangulo do filme Pb(500). . . 77

5.2 Imagem de microscopia eletrˆonica de varredura do filme Pb(500) com amplia¸c˜oes

de 5000 e 10000 vezes. . . 77

5.3 (a) Difratograma de baixo ˆangulo das amostras: (a) Al(300)/Nb(50), onde os picos

observados foram identificados como planos do Al, e (b) Al(300)/Nb(100), onde s˜ao

identificados picos de Nb e Al. . . 78

5.4 Imagem de microscopia eletrˆonica de varredura das amostras Al(300)/Nb(50) (`a

esquerda) e Al(300)/Nb(100) (`a direita). . . 78

5.5 Imagens de microscopia de for¸ca atˆomica das bicamadas Al/Nb(50) (imagens

superiores) e Al/Nb(100) (imagens inferiores). `A esquerda observam-se as

morfo-logias superficiais obtidas numa ´area de 3 µm × 3 µm, enquanto que as imagens

`

a direita correspondem `as morfologias 3D, mostrando a rugosidade da amostra. . 79

5.6 A esquerda: difratograma de baixo ˆ` angulo da amostra Sn(100). `A direita:

micro-estrutura do filme Sn(100) por imagem de microscopia eletrˆonica de varredura. . . 80

5.7 Imagens de microscopia de for¸ca atˆomica do filme de Sn. `A esquerda observa-se a

morfologia superficial obtida numa ´area de 3 µm × 3 µm, enquanto que a imagen

`

(14)

5.8 Difratograma de baixo ˆangulo da tricamada Nb(5)/Pb(500)/Nb(50). S˜ao

identifi-cados apenas picos de Pb, com era esperado pelo difratograma apresentado pelo

Al/Nb(50). . . 82

5.9 Imagem de microscopia eletrˆonica de varredura da tricamada Nb(5)/Pb(500)/Nb(50)

com amplia¸c˜oes de 5000 e 10000 vezes. . . 82

5.10 Difratograma de baixo ˆangulo da multicamada Nb(100)/[Sn(50)/Nb(50)]7. S˜ao

iden-tificados picos de Sn e Nb. . . 83

5.11 Imagem de microscopia eletrˆonica de varredura da multicamada Nb(100)/[Sn(50)/

Nb(50)]7 com amplia¸c˜oes de 10000 e 25000 vezes. . . 84

5.12 Imagens de microscopia de for¸ca atˆomica da multicamada Nb(100)/[Sn(50)/Nb(50)]7.

`

A esquerda observa-se a morfologia superficial obtida numa ´area de 10 µm × 10

µm, enquanto que a imagem `a direita corresponde a morfologia 3D, mostrando

a rugosidade da amostra. . . 84

5.13 Difratograma de baixo ˆangulo da multicamada Cr(10)/Nb(100)/[Sn(50)/Nb(50)]7.

S˜ao identificados picos de Sn e Nb. . . 85

5.14 Imagem de microscopia eletrˆonica de varredura da multicamada Cr(10)/Nb(100)/

[Sn(50)/Nb(50)]7 com amplia¸c˜oes de 10000 e 22000 vezes. . . 86

5.15 Imagens de microscopia de for¸ca atˆomica da multicamada Cr(10)/Nb(100)/[Sn(50)/

Nb(50)]7. `A esquerda observa-se a morfologia superficial obtida numa ´area de 10

µm × 10 µm, enquanto que a imagem `a direita corresponde a morfologia 3D,

mostrando a rugosidade da amostra. . . 86

6.1 Resistividade normalizada pelo valor de ρ10K em fun¸c˜ao da temperatura na

ausˆencia de campo aplicado para o filme de Pb. O detalhe mostra a derivada da

resistividade em fun¸c˜ao da temperatura, de onde ´e obtida a TC do sistema. . . . 89

6.2 Resistividade normalizada pelo valor de ρ10K em fun¸c˜ao da temperatura com

diversos valores de campo magn´etico aplicado nas dire¸c˜oes: (a) perpendicular `a

superf´ıcie do filme e (b) paralelo `a superf´ıcie do filme de Pb. . . 90

6.3 Magnetoresistividade normalizada pelo valor de ρ6kOe para diversos valores de

temperatura no filme de Pb. Os campos s˜ao aplicados nas dire¸c˜oes: (a)

perpen-dicular `a superf´ıcie do filme e (b) paralelo `a superf´ıcie do filme. . . 91

6.4 Resistividade normalizada pelo valor de ρ6Kem fun¸c˜ao da temperatura na ausˆencia

de campo aplicado na bicamada Al/Nb(50). O detalhe mostra a derivada da

re-sistividade em fun¸c˜ao da temperatura, de onde ´e obtida a TC do sistema. . . 92

6.5 Resistividade normalizada pelo valor de ρ5K em fun¸c˜ao da temperatura com

diversos valores de campo magn´etico aplicado nas dire¸c˜oes: (a) perpendicular `a

superf´ıcie e (b) paralelo `a superf´ıcie da bicamada Al(300)/Nb(50). . . 92

6.6 Magnetoresistividade normalizada pelo valor de ρ30kOe em (a) e ρ50kOe em (b)

para diversos valores de temperatura na bicamada Al/Nb(50). Os campos s˜ao

aplicados nas dire¸c˜oes: (a) perpendicular `a superf´ıcie e (b) paralelo `a superf´ıcie

(15)

6.7 Resistividade normalizada pelo valor de ρ10K em fun¸c˜ao da temperatura na

ausˆencia de campo aplicado para a tricamada Nb/Pb/Nb. O detalhe mostra

a derivada da resistividade em fun¸c˜ao da temperatura, de onde ´e obtida a TC do

sistema. . . 94

6.8 Resistividade normalizada pelo valor de ρ10K em fun¸c˜ao da temperatura com

diversos valores de campo magn´etico aplicado nas dire¸c˜oes: (a) perpendicular `a

superf´ıcie e (b) paralelo `a superf´ıcie da tricamada Nb/Pb/Nb. . . 95

6.9 (a) Amplitude de dρnT/dT em fun¸c˜ao do campo aplicado, na regi˜ao do platˆo da

tricamada Nb/Pb/Nb. O painel menor aponta como foi obtido esta dependˆencia.

(b) Temperaturas inicial (Ti) e final (Tf) em fun¸c˜ao do campo, obtidas como

indicado no painel menor. . . 95

6.10 Magnetoresistividade normalizada pelo valor de ρ(µ0H = 25 kOe) para diversos

valores de temperatura na tricamada Nb/Pb/Nb nas dire¸c˜oes de campo: (a)

perpendicular e (b) paralela `as camadas. . . 97

6.11 Magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao da temperatura para o filme de Pb. O campo magn´etico

´

e aplicado perpendicular (painel principal) e palalelo (painel menor) `a superf´ıcie

com magnitude de 5 Oe. . . 97

6.12 (a) Curvas de magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao do campo magn´etico aplicado sob

dife-rentes temperaturas para o filme de Pb. O campo ´e aplicado perpendicular ao

filme. (b) Primeiro ramo da histerese. . . 98

6.13 (a) Curvas de magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao do campo magn´etico aplicado sob

dife-rentes temperaturas para o filme de Pb. O campo ´e aplicado paralelo ao filme.

(b) Primeiro ramo da histerese. . . 98

6.14 Primeiro ramo da histerese magn´etica em fun¸c˜ao do campo efetivo µ0Hef,

cor-rigido pelo fator de demagnetiza¸c˜ao d para o filme de Pb. (a) M(H) em campo

perpendicular. (b) M(H) em campo paralelo. . . 99

6.15 Magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao da temperatura para a tricamada Nb/Pb/Nb. O campo

magn´etico ´e aplicado perpendicular (painel principal) e palalelo (painel menor)

`

a superf´ıcie com magnitude de 5 Oe. . . 100

6.16 (a) Curvas de magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao do campo magn´etico aplicado sob

dife-rentes temperaturas para a tricamada Nb/Pb/Nb. O campo ´e aplicado

perpen-dicular aos filmes. (b) Primeiro ramo da histerese. . . 101

6.17 (a) Curvas de magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao do campo magn´etico aplicado sob

dife-rentes temperaturas para a tricamada Nb/Pb/Nb. O campo ´e aplicado paralelo

aos filmes. (b) Primeiro ramo da histerese. . . 101

6.18 Primeiro ramo da histerese magn´etica em fun¸c˜ao do campo efetivo µ0Hef,

corri-gido pelo fator de demagnetiza¸c˜ao d para a multicamada Nb/Pb/Nb em campo

perpendicular. . . 102

6.19 (a) Crit´erio de obten¸c˜ao de µ0Hc2 a partir de 10%ρnHN. (b) Diagrama µ0Hc2(T)

do filme de Pb para as medidas em campo paralelo e perpendicular com suas

(16)

6.20 Diagrama µ0Hc2(T) da bicamada Al/Nb(50) para as medidas em campo paralelo

e perpendicular com suas respectivas fun¸c˜oes de ajuste (linhas tracejadas). . . . 105

6.21 (a) Diagrama µ0Hc2(T) da multicamada Nb/Pb/Nb nas orienta¸c˜oes de campo

perpendicular e paralela. A seta em T∗ = 2,7 K mostra a mudan¸ca de

compor-tamento da curva. (b) Ajustes das curvas para T > T∗. . . 106

6.22 (a) Diagrama µ0Hc1(T) da tricamada Nb/Pb/Nb para as medidas em campo

perpendicular. O detalhe da figura mostra como foram obtidos os dados de

Hc1 e as linhas tracejadas s˜ao guias para os olhos, evidenciando que a curva

´

e composta de dois regimes. (b) Diagrama de fase supercondutor para a

tri-camada Nb/Pb/Nb, obtido atrav´es das medidas em campo perpendicular. A

parte hachurada representa o comportamento desconhecido do campo em baixas temperaturas. . . 108

7.1 Resistividade normalizada pelo valor de ρ6Kem fun¸c˜ao da temperatura na ausˆencia

de campo aplicado nas bicamadas (a) Al/Nb(50) e (b) Al/Nb(100). Em ambos os

gr´aficos, o detalhe mostra a derivada da resistividade em fun¸c˜ao da temperatura,

de onde ´e obtida a TC do sistema. . . 111

7.2 Resistividade normalizada pelo valor de ρ10K em fun¸c˜ao da temperatura com

diversos valores de campo magn´etico aplicado nas dire¸c˜oes: (a) perpendicular `a

superf´ıcie e (b) paralelo `a superf´ıcie da bicamada Al/Nb(100). . . 111

7.3 Magnetoresistividade normalizada pelo valor de ρ30kOe em (a) e ρ50kOe em (b)

para diversos valores de temperatura na bicamada Al/Nb(100). Os campos s˜ao

aplicados nas dire¸c˜oes: (a) perpendicular `a superf´ıcie e (b) paralelo `a superf´ıcie

das amostras. . . 112

7.4 Resistividade normalizada pelo valor de ρ4,5K em fun¸c˜ao da temperatura na

ausˆencia de campo aplicado para o filme de Sn(100). O detalhe mostra a derivada

da resistividade em fun¸c˜ao da temperatura, de onde ´e obtida a TC do sistema. . 113

7.5 Medidas de transporte com varia¸c˜ao de campo magn´etico para o filme de Sn(100).

(a) Resistividade normalizada pelo valor de ρ4,5K em fun¸c˜ao da temperatura

com diversos valores de campo magn´etico aplicado. (b) Magnetoresistividade

normalizada pelo valor de ρ5kOe para diversos valores de temperatura. . . 114

7.6 Resistividade normalizada pelo valor de ρ6Kem fun¸c˜ao da temperatura na ausˆencia

de campo aplicado para a multicamada Nb/[Sn/Nb]7. O detalhe mostra a

de-rivada da resistividade em fun¸c˜ao da temperatura, de onde ´e obtida a TC do

sistema. . . 114

7.7 Resistividade normalizada pelo valor de ρ6K em fun¸c˜ao da temperatura com

diversos valores de campo magn´etico aplicado nas dire¸c˜oes: (a) perpendicular `a

superf´ıcie e (b) paralelo `a superf´ıcie da multicamada Nb/[Sn/Nb]7. . . 115

7.8 Magnetoresistividade normalizada pelo valor de ρ38kOe para diversos valores de

temperatura na multicamada Nb/[Sn/Nb]7 nas dire¸c˜oes de campo: (a)

(17)

7.9 Resistividade normalizada pelo valor de ρ4,5K em fun¸c˜ao da temperatura na

ausˆencia de campo aplicado para a multicamada Cr/Nb/[Sn/Nb]7. O detalhe

mostra a derivada da resistividade em fun¸c˜ao da temperatura, de onde ´e obtida

a TC do sistema. . . 116

7.10 Resistividade normalizada pelo valor de ρ4,5K em fun¸c˜ao da temperatura com

diversos valores de campo magn´etico aplicado nas dire¸c˜oes: (a) perpendicular `a

superf´ıcie e (b) paralela `a superf´ıcie da multicamada Cr/Nb/[Sn/Nb]7. . . 117

7.11 Magnetoresistividade normalizada pelo valor de ρ30kOe para diversos valores de

temperatura na multicamada Cr/Nb/[Sn/Nb]7 nas dire¸c˜oes de campo: (a)

per-pendicular e (b) paralela `as camadas. . . 117

7.12 Magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao da temperatura para a bicamada Al/Nb(100). O campo

magn´etico ´e aplicado perpendicular (painel principal) e palalelo (painel menor)

`

a superf´ıcie com magnitude de 5 Oe. . . 119

7.13 Curvas de magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao do campo magn´etico aplicado sob diferentes

temperaturas para a bicamada Al/Nb(100): (a) Campo aplicado perpendicular

ao plano da bicamada. (b) Campo aplicado paralelo ao plano da bicamada. . . . 119

7.14 Magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao da temperatura para a multicamada Nb/[Sn/Nb]7. O

campo magn´etico ´e aplicado perpendicular (painel principal) e palalelo (painel

menor) `a superf´ıcie com magnitude de 50 Oe. . . 120

7.15 (a) Curvas de magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao do campo magn´etico aplicado sob

di-ferentes temperaturas para a multicamada Nb/[Sn/Nb]7. O campo ´e aplicado

perpendicular aos filmes. (b) Primeiro ramo da histerese. . . 121

7.16 (a) Curvas de magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao do campo magn´etico aplicado sob

dife-rentes temperaturas para a tricamada Nb/Pb/Nb. O campo ´e aplicado paralelo

aos filmes. (b) Primeiro ramo da histerese. . . 121

7.17 Magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao da temperatura para a multicamada Cr/Nb/[Sn/Nb]7.

O campo magn´etico ´e aplicado perpendicular (painel principal) e palalelo (painel

menor) `a superf´ıcie com magnitude de 50 Oe. . . 122

7.18 (a) Curvas de magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao do campo magn´etico aplicado sob

dife-rentes temperaturas para a multicamada Cr/Nb/[Sn/Nb]7. O campo ´e aplicado

perpendicular aos filmes. (b) Comportamento da histerese em 1,8 K. . . 123

7.19 (a) Curvas de magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao do campo magn´etico aplicado sob

diferen-tes temperaturas para a tricamada Cr/Nb/Pb/Nb. O campo ´e aplicado paralelo

aos filmes. (b) Comportamento da histerese em 1,6 K. . . 123

7.20 (a) Curvas de µ0Hc1(T) obtidas atrav´es dos gr´aficos de M × H. A linha

trace-jada representa o melhor ajuste aos pontos (b) Diagrama µ0Hc2(T) da bicamada

Al/Nb(100) para as medidas em campo paralelo e perpendicular com suas

respec-tivas fun¸c˜oes de ajuste (linhas tracejadas). . . 124

7.21 Diagrama de fase supercondutor para a bicamada Al/Nb(100), obtido atrav´es das

(18)

7.22 Diagrama µ0Hc2(T) do filme de Sn para as medidas em campo perpendicular

com sua respectiva fun¸c˜ao de ajuste (linha tracejada). . . 126

7.23 Diagrama µ0Hc2(T) da multicamada Nb/[Sn/Nb]7 nas orienta¸c˜oes de campo:

(a) perpendicular e (b) paralelo. As linhas tracejadas representam as fun¸c˜oes

de ajuste indicadas em cada caso. O detalhe em (b) exibe µ0Hc2(T) nas duas

orienta¸c˜oes de campo. Os valores de campo s˜ao pouco modificados em rela¸c˜ao `a

dire¸c˜ao de H. . . 127

7.24 Diagrama Hc1(T) da multicamada Nb/[Sn/Nb]7 nas orienta¸c˜oes de campo: (a)

perpendicular e (b) paralelo. . . 128

7.25 Diagramas de fase supercondutor para a multicamada Nb/[Sn/Nb]7, obtidas

atrav´es das medidas em campo perpendicular (a) e paralelo (b). . . 129

7.26 Diagrama Hc2(T) da multicamada Cr/Nb/[Sn/Nb]7 nas orienta¸c˜oes de campo:

(a) perpendicular e (b) paralelo. As linhas tracejadas representam as fun¸c˜oes de

ajuste indicadas em cada caso. . . 130

7.27 Diagrama Hc1(T) da multicamada Cr/Nb/[Sn/Nb]7 nas orienta¸c˜oes de campo:

(a) perpendicular e (b) paralelo. . . 131

7.28 Diagramas de fase supercondutor para a multicamada Cr/Nb/[Sn/Nb]7, obtidos

(19)

4.1 Parˆametros de deposi¸c˜ao de cada amostra estudada. . . 69

(20)

1 Introdu¸c˜ao 22

2 O estado supercondutor 24

2.1 Teoria de Ginzburg-Landau . . . 25

2.2 Comprimentos caracter´ısticos da supercondutividade . . . 26

2.3 Supercondutividade tipo I e tipo II . . . 28

2.4 Intera¸c˜ao entre os v´ortices . . . 33

2.5 Supercondutividade multibanda . . . 37

3 Sistemas multicamadas 43 3.1 Propriedades supercondutoras em filmes finos . . . 44

3.1.1 Mudan¸cas na temperatura cr´ıtica TC . . . 44

3.1.2 Mudan¸cas no campo cr´ıtico superior Hc2 . . . 47

3.1.3 Fator de desmagnetiza¸c˜ao . . . 49

3.2 Estudo em materiais multicamadas . . . 52

3.2.1 Multicamadas supercondutor(S)/isolante(I) . . . 52

3.2.2 Multicamadas supercondutor(S)/metal(N) . . . 54

3.2.3 Multicamadas supercondutor(S)/ferromagn´etico(F) . . . 55

3.2.4 Multicamadas supercondutor(S)/supercondutor(S0) . . . 56

3.3 Dimensionalilade de multicamadas supercondutoras . . . 58

3.3.1 Modelo de Lawrence-Doniach . . . 58

3.3.2 Teoria de Takahashi-Tachiki . . . 61

4 Materiais e m´etodos 65 4.1 Fabrica¸c˜ao das amostras . . . 66

4.1.1 Deposi¸c˜ao por sputtering . . . 66

4.1.2 Descri¸c˜ao das amostras . . . 68

4.2 T´ecnicas de caracteriza¸c˜ao . . . 69

4.2.1 Difra¸c˜ao de raios X de baixo ˆangulo . . . 69

4.2.2 Microscopia eletrˆonica de varredura . . . 70

(21)

4.2.5 VSM . . . 75

5 Caracteriza¸c˜ao estrutural 76 5.1 Amostras de referˆencia . . . 76

5.1.1 Pb(500) . . . 76 5.1.2 Al(300)/Nb(50) e Al(300)/Nb(100) . . . 78 5.1.3 Sn(100) . . . 80 5.2 Multicamadas . . . 81 5.2.1 Nb(5)/Pb(500)/Nb(50) . . . 81 5.2.2 Nb(100)/[Sn(50)/Nb(50)]7 . . . 83 5.2.3 Cr(10)/Nb(100)/[Sn(50)/Nb(50)]7 . . . 85

6 Propriedades supercondutoras: tricamada Nb/Pb/Nb 88 6.1 Medidas de transporte el´etrico . . . 89

6.1.1 Pb(500) . . . 89 6.1.2 Al(300)/Nb(50) . . . 91 6.1.3 Nb(5)/Pb(500)/Nb(50) . . . 94 6.2 Medidas de magnetiza¸c˜ao . . . 96 6.2.1 Pb(500) . . . 96 6.2.2 Nb(5)/Pb(500)/Nb(50) . . . 100 6.3 Campos cr´ıticos . . . 103 6.3.1 Pb(500) . . . 103 6.3.2 Al(300)/Nb(50) . . . 104 6.3.3 Nb(5)/Pb(500)/Nb(50) . . . 106

7 Propriedades supercondutoras: multicamada Nb/[Sn/Nb]7 110 7.1 Medidas de transporte el´etrico . . . 110

7.1.1 Al(300)/Nb(100) . . . 110 7.1.2 Sn(100) . . . 113 7.1.3 Nb(100)/[Sn(50)/Nb(50)]7 . . . 114 7.1.4 Cr(10)/Nb(100)/[Sn(50)/Nb(50)]7 . . . 116 7.2 Medidas de magnetiza¸c˜ao . . . 118 7.2.1 Al(300)/Nb(100) . . . 118 7.2.2 Nb(100)/[Sn(50)/Nb(50)]7 . . . 120 7.2.3 Cr(10)/Nb(100)/[Sn(50)/Nb(50)]7 . . . 122 7.3 Campos cr´ıticos . . . 124 7.3.1 Al(300)/Nb(100) . . . 124 7.3.2 Sn(100) . . . 125 7.3.3 Nb(100)/[Sn(50)/Nb(50)]7 . . . 126 7.3.4 Cr(10)/Nb(100)/[Sn(50)/Nb(50)]7 . . . 129

(22)

8 Conclus˜oes e perspectivas 133

(23)

Introdu¸

ao

A pesquisa em materiais supercondutores tem historicamente prestado particular aten¸c˜ao `a

supercondutividade em filmes finos e multicamadas. Estes sistemas se destacam pelas

possibi-lidades de descoberta de novos fenˆomenos em supercondutividade e em aplica¸c˜oes tecnol´ogicas.

Muitos estudos tˆem sido realizados pela intercala¸c˜ao de camadas supercondutoras (S) e n˜

ao-supercondutoras (NS), com a finalidade de investigar a intera¸c˜ao entre as camadas S como uma

fun¸c˜ao da for¸ca de acoplamento entre elas. Neste sentido, algumas das investiga¸c˜oes em

mul-ticamadas tˆem levado a importantes descobertas tecnol´ogicas, como as jun¸c˜oes Josephson, que

utilizam o tunelamento de pares de Cooper no desenvolvimento de dispositivos que tˆem sido

utilizados em diversas aplica¸c˜oes [25]. Al´em disso, o estudo de multicamadas constitu´ıdas por

diferentes materiais n˜ao-supercondutores tem revelado diferentes propriedades e caracter´ısticas

originadas a partir do efeito de proximidade, o qual faz com que a supercondutividade das

camadas S se propague atrav´es das camadas NS. Dentre as principais propriedades de estudo

experimental nesses sistemas est˜ao a temperatura de transi¸c˜ao e o campo cr´ıtico superior.

Apesar de ter demonstrado ser uma ´area de bastante interesse, pouco trabalhos retratam

as propriedades supercondutoras de sistemas S/S0, isto ´e, sistemas constitu´ıdos por dois

mate-riais supercondutores, e como o efeito de proximidade modifica as caracter´ısticas dos sistemas.

Um estudo de bastante interesse em estruturas S/S0 foi realizado por Takahashi e Tachiki, os

quais demonstraram teoricamente o aparecimento de uma anomalia nos diagramas de campo

cr´ıtico superior que surge em decorrˆencia do efeito de proximidade [21]. Pesquisas recentes em

supercondutividade multibanda indicam que multicamadas S/S0 podem atuar como sistemas

modelos para este fenˆomeno, onde cada camada representaria uma banda supercondutora [26].

No presente trabalho, estudamos o efeito de proximidade de dois principais sistemas

mul-ticamadas S/S0: Nb/Pb/Nb [27] e Nb/[Sn/Nb]7. A investiga¸c˜ao se baseia nas curvas de

re-sistividade e de magnetiza¸c˜ao como fun¸c˜oes da temperatura e do campo magn´etico aplicado,

incluindo o estudo de filmes de referˆencia dos materiais das camadas constituintes. Os

dia-gramas de µ0Hc1(T) e µ0Hc2(T) s˜ao tamb´em estudados `a luz da Teoria de Takahashi-Tachiki.

Com a finalidade de examinar a influˆencia do efeito de proximidade entre a multicamada e uma

(24)

camada de material magn´etico muito fina, tamb´em ´e estudado o sistema Cr/Nb/[Sn/Nb]7.

No cap´ıtulo 2, ´e realizada uma revis˜ao das principais caracter´ısticas do estado

supercondu-tor. A teoria de Ginzburg-Landau e os tipos de supercondutividade s˜ao revisadas, descrevendo

os tradicionais supercondutores tipos I e II e revisitando propriedades de supercondutores n˜

ao-convencionais, como os de alta temperatura cr´ıtica e supercondutores multibanda.

No cap´ıtulo 3, descrevemos a supercondutividade em filmes finos e multicamadas. S˜ao

apresentadas as propriedades que sofrem modifica¸c˜oes em filmes finos de baixa espessura, bem

como mudan¸cas devido ao efeito de proximidade em sistemas dos tipos S/NS e S/S0. S˜ao

discutidos tamb´em alguns dos trabalhos mais relevantes em sistemas multicamadas.

Os cap´ıtulos 4 e 5 descrevem os procedimentos e t´ecnicas utilizadas para o desenvolvimento

do trabalho, assim como os resultados estruturais e microestruturais dos filmes e

multicama-das investigados. Tamb´em ´e apresentada a descri¸c˜ao do processo de deposi¸c˜ao das amostras

empregadas neste estudo.

O cap´ıtulo 6 discute as medidas de resistividade e magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao da temperatura

e do campo magn´etico aplicado, bem como os campos cr´ıticos em fun¸c˜ao da temperatura da

tricamada Nb/Pb/Nb e as amostras de referˆencia desse sistema. No cap´ıtulo 7 s˜ao apresentadas

e discutidas as medidas de transporte e de magnetiza¸c˜ao do sistema Nb/[Sn/Nb]7, que envolve

tamb´em a amostra Cr/Nb/[Sn/Nb]7 e as amostras de referˆencia dessas multicamadas.

No ´ultimo cap´ıtulo, as conclus˜oes mais relevantes do trabalho s˜ao apresentadas, em que s˜ao

reunidas as quest˜oes principais e perspectivas para maior detalhamento e continuidade desta

(25)

O estado supercondutor

O estado supercondutor foi assim nomeado por Heike Kamerlingh Onnes em 1911, quando

descobriu que, em alguns materiais, a resistˆencia n˜ao apenas decrescia com a temperatura,

mas possu´ıa tamb´em uma queda abrupta, atingindo a resistividade nula, a partir de uma

temperatura cr´ıtica TC [28]. Al´em da condutividade perfeita, outra caracter´ıstica marcante dos

materiais supercondutores foi observada em 1933 por Meissner e Ochsenfeld. Eles verificaram

que um material originalmente no estado normal expulsava o fluxo magn´etico do seu interior

quando a temperatura era diminu´ıda abaixo de TC, isto ´e, este estado ´e caracterizado tamb´em

pelo diamagnetismo perfeito ou efeito Meissner. Mais tarde, teorias e experimentos confirmaram

uma terceira caracter´ıstica b´asica desses materiais: a partir de um determinado valor de campo,

alguns supercondutores permitem a entrada de campo em seu interior, apenas para certos

valores de fluxo, Φ = n·Φ0, onde Φ0= hc/2e. Todas essas propriedades s˜ao, contudo, destru´ıdas

quando a temperatura excede TC ou quando o campo magn´etico excede o campo magn´etico

cr´ıtico.

Aproximadamente 20 anos ap´os a descoberta da supercondutividade, em 1935, a primeira

teoria quantitativa que descreve o efeito Meissner foi proposta pelos irm˜aos Fritz e Hans London.

Essa teoria se baseia num modelo de dois fluidos, no qual uma fra¸c˜ao dos el´etrons num material

supercondutor se comporta de forma normal, ao passo que os el´etrons restantes exibem um

comportamento anˆomalo e s˜ao respons´aveis pelas propriedades supercondutoras [29]. A teoria

de London demonstrou que o campo magn´etico penetra no supercondutor decaindo at´e uma

distˆancia caracter´ıstica λ. Uma segunda teoria da supercondutividade foi formulada em 1950

pelos f´ısicos Vitaly Ginzburg e Lev Landau como uma adapta¸c˜ao da teoria de Landau para

as transi¸c˜oes de fase de segunda ordem [30]. Mais detalhes desta teoria s˜ao tratados nas

se¸c˜oes que seguem neste cap´ıtulo. Uma teoria mais fundamental, chamada de teoria BCS, foi

proposta em 1957 por J. Bardeen, L.N. Cooper e J.R. Schrieffer [31]. Essa foi capaz de descrever

a supercondutividade desde primeiros princ´ıpios, tratando-a como um fenˆomeno puramente

quˆantico.

Neste cap´ıtulo, faremos uma breve revis˜ao das ferramentas te´oricas necess´arias para o

(26)

tendimento dos nossos resultados, abordaremos a descri¸c˜ao da supercondutividade a partir da

teoria de Ginzburg-Landau, bem com os parˆametros importantes para o estado supercondutor.

As caracter´ısticas principais de supercondutores do tipo I e do tipo II ser˜ao tamb´em apontadas

e uma breve introdu¸c˜ao sobre supercondutores multibanda ´e apresentada do ponto de vista

experimental.

2.1

Teoria de Ginzburg-Landau

A teoria de Ginzburg-Landau, ou teoria G-L, foi a primeira teoria quˆantica fenomenol´ogica

e a mais bem sucedida descri¸c˜ao macrosc´opica da supercondutividade [30]. Esta teoria ´e

de-rivada da descri¸c˜ao proposta por Landau para as transi¸c˜oes de fase de segunda ordem, que se

fundamenta na hip´otese da existˆencia de uma vari´avel termodinˆamica, denominada parˆametro

de ordem ψ, que caracteriza o estado ordenado de baixas temperaturas. ψ = 0 para

temperatu-ras acima de TC e ψ 6= 0 na fase ordenada, isto ´e abaixo de TC. Eles introduziram ψ como uma

pseudo fun¸c˜ao de onda complexa que est´a relacionada ao n´umero de el´etrons supercondutores

por unidade de volume, nS = |ψ(~r)|2. G-L assumiram ent˜ao que, num campo magn´etico

apli-cado, a densidade da energia livre de Helmholtz do estado supercondutor pr´oximo `a transi¸c˜ao

pode ser expandida em s´erie de potˆencias de ψ [1]:

f = fn+ α|ψ|2 + β 2|ψ| 4 + 1 2m∗  −i~∇ − e∗A~  ψ 2 +| ~B| 2 2µ0 , (2.1)

onde m∗ refere-se `a massa, e∗ ´e a carga do el´etron, ~ ´e a constante de Planck e ~A ´e o potencial

vetor. α e β s˜ao parˆametros fenomenol´ogicos, sendo o parˆametro β constante com a temperatura

e α(T) = -α(0)(1-T/TC).

A primeira equa¸c˜ao de G-L surge da minimiza¸c˜ao da energia livre, equa¸c˜ao 2.1, em rela¸c˜ao

`

a varia¸c˜ao do parˆametro de ordem. Ela descreve a varia¸c˜ao de ψ(~r) no interior de um

super-condutor na presen¸ca de campo magn´etico, uma vez conhecido o potencial vetor ~A:

αψ + β|ψ|2ψ + 1 2m∗  −i~~∇ − e∗A~ 2 ψ = 0. (2.2)

Minimizando a energia livre com rela¸c˜ao `as varia¸c˜oes de ~A, obt´em-se a segunda equa¸c˜ao de

G-L, que fornece a densidade de supercorrente: ~ J = −i~e ∗ 2m∗  ψ∗∇ψ − ψ ~~ ∇ψ∗− e ∗2|ψ|2 m∗ A.~ (2.3)

As equa¸c˜oes 2.2 e 2.3 formam um conjunto de equa¸c˜oes diferenciais acopladas que fornecem,

respectivamente, o parˆametro de ordem e a resposta diamagn´etica do supercondutor quando

submetido a um campo magn´etico. ´E importante salientar a semelhan¸ca da primeira equa¸c˜ao

(27)

bem como a equa¸c˜ao 2.3 possui a mesma forma da express˜ao quanto-mecˆanica usual para

part´ıculas de massa m∗, carga e∗ e fun¸c˜ao de onda ψ(~r) [1].

Duas solu¸c˜oes imediatas surgem das equa¸c˜oes 2.2 e 2.3. No estado normal, temos ψ ≡ 0 e

o potencial vetor ´e obtido por ~B = ~∇ × ~A. No estado supercondutor com ~A = 0, a energia ´e

minimizada com ψ = ψ∞ dado por |ψ∞|2 = |α(T )|/β. As duas equa¸c˜oes de G-L tamb´em est˜ao

associadas aos comprimentos caracter´ısticos da supercondutividade, os quais ser˜ao abordados

na pr´oxima se¸c˜ao.

2.2

Comprimentos caracter´ısticos da supercondutividade

O modelo de Ginzburg-Landau introduz duas escalas de comprimento que possuem car´ater

fundamental na defini¸c˜ao do supercondutor, a saber o comprimento de coerˆencia ξ, que est´a

relacionado com a magnitude da distˆancia em que o parˆametro de ordem varia, e o comprimento

ou profundidade de penetra¸c˜ao λ, que indica o quanto o campo magn´etico pode variar no

interior do supercondutor. O comprimento de penetra¸c˜ao pode ser obtido considerando que ψ

n˜ao varia com a posi¸c˜ao, isto ´e, ~∇ψ = 0 na equa¸c˜ao 2.3, o que ´e v´alido, uma vez que no interior

do material, ψ atinge seu valor m´aximo, aproximadamente constante. Assim, temos:

~ J = −e ∗2 m∗ |ψ| 2A =~ −e ∗2 m∗ nSA.~ (2.4)

Tomando o rotacional dos dois lados desta equa¸c˜ao e utilizando ~B = ~∇ × ~A, obtemos:

~

∇ × ~J = 1

λL2

~

H, (2.5)

que ´e a 2a equa¸c˜ao de London. Na equa¸c˜ao acima, a indu¸c˜ao magn´etica microsc´opica e local

foi representada como ~B = µ0H. Temos ent˜~ ao que o comprimento de penetra¸c˜ao de London ´e

dado por: λL2 = m∗ µ0e∗2nS = m ∗ µ0e∗2|ψ|2 . (2.6)

Utilizando a Lei de Amp´ere, ~∇ × ~H = ~J , bem como a identidade vetorial ~∇ × ~∇ × ~H =

-∇2H + ~∇( ~∇ · ~H) e a Lei de Gauss do magnetismo, ~∇ · ~H = 0, obtemos:

∇2H −~ 1 λL2 ~ H = 0. (2.7) No caso unidimensional, ddx2H2 = 1 λL2H cuja solu¸c˜ao ´e H(x) = H0e −x/λL, isto ´e, o campo

magn´etico ´e atenuado no interior do supercondutor a uma distˆancia caracter´ıstica dada por λL.

Substituindo na equa¸c˜ao 2.6 o valor do parˆametro de ordem que minimiza a energia para o

(28)

λL2 = m∗ µ0e∗2nS = m ∗ µ0e∗2|α| . (2.8)

Como α depende de temperatura, a dependˆencia do comprimento de penetra¸c˜ao com T fica:

λL= λ0 q 1 −TT C , (2.9)

onde λ0 ´e constante com a temperatura.

O comprimento de coerˆencia (ξ) ´e calculado a partir da equa¸c˜ao que descreve o

comporta-mento dos el´etrons supercondutores dentro da amostra, representada pela primeira equa¸c˜ao de

G-L. No caso unidimensional, sem campo magn´etico aplicado e dividindo a express˜ao por α, a

equa¸c˜ao 2.2 fica: ψ(x) + β αψ(x) 3 ~2 2m∗α d2 dx2ψ(x) = 0. (2.10)

Podemos reescrever 2.10 da seguinte forma:  1 + β αψ(x) 2 ~2 2m∗α d2 dx2  ψ(x) = 0, (2.11)

a qual mostra que a quantidade ~

2

2m∗α possui dimens˜ao de comprimento ao quadrado. Assim,

uma escala de coprimento natural para varia¸c˜oes no parˆametro de ordem ´e dado por:

ξ = r

~2

2m∗α, (2.12)

que ´e o comprimento de coerˆencia. Sua dependˆencia com a temperatura fica:

ξ = q ξ0

1 −TT

C

(2.13)

onde ξ0 ´e independente da temperatura. A Figura 2.1 mostra como se d´a a varia¸c˜ao do

parˆametro de ordem e do campo magn´etico, bem como os comprimentos caracter´ısticos na

interface normal-supercondutor. A densidade de superel´etrons nS, que ´e zero quando o

ma-terial est´a no estado normal, aumenta at´e um valor constante no interior do supercondutor,

com a escala de comprimento dada por ξ. Em contrapartida, o campo magn´etico externo decai

(29)

Supercondutor normal

Figura 2.1: Comportamento de ψ e H na interface entre os estados normal e supercondutor [1].

2.3

Supercondutividade tipo I e tipo II

A raz˜ao entre os dois comprimentos caracter´ısticos define o parˆametro de G-L como:

κ = λL/ξ. (2.14)

Este parˆametro separa os supercondutores em dois tipos diferentes: I e II. Para o primeiro

caso, em supercondutores do tipo I, onde κ < 1/√2, a energia de superf´ıcie ´e positiva, pois

a energia de condensa¸c˜ao, que ´e proporcional a |ψ|2, varia mais lentamente do que a energia

magn´etica devido a expuls˜ao do fluxo. Nesses casos, λ < ξ (Fig 2.2(a)), causando um m´aximo na

energia total nas proximidades da interface. Outro comportamento, entretanto, foi investigado e

publicado por Abrikosov em 1957, para os materiais em que κ > 1/√2. Nesses supercondutores,

a energia de condensa¸c˜ao varia mais rapidamente do que a energia magn´etica nas proximidades

da fronteira de fases (λ > ξ - Fig 2.2(b)). Assim, a energia total possui um m´ınimo nas proximidades da interface Normal(N)-Supercondutor(S), o que corresponde a uma energia de

superf´ıcie negativa. Isto torna o supercondutor favor´avel a subdividir-se num grande n´umero

de pequenos dom´ınios na presen¸ca de campo, de modo a maximizar a ´area total das interfaces.

Estes correspondem aos supercondutores do tipo II. A an´alise de Abrikosov foi que a penetra¸c˜ao

do campo magn´etico, nesses materiais, dava-se em unidades quantizadas de tubos de fluxo,

denominadas de v´ortices, os quais formam um arranjo regular no material (ver Figura 2.2(c)),

caracterizando o chamado estado misto ou fase de Shubnikov, em homenagem a Lev Vasilievich

Shubnikov por seus resultados experimentais em supercondutores do tipo II [32] . Cada v´ortice

(30)

Φ0 =

hc

2e = 2, 07 × 10

−15

T m2. (2.15)

Material normal Supercondutor tipo I

𝜉 ≫ 𝜆 x ns 0 Bap Bin 𝜉 𝜆

Material normal Supercondutor tipo II

𝜉 ≪ 𝜆 x ns 0 Bap 𝜉 𝜆 (a) (b) (c)

Figura 2.2: Aumento da densidade de el´etrons e decaimento do campo magn´etico com a

distˆancia, que representam a energia de condensa¸c˜ao e magn´etica, respectivamente, na

su-perf´ıcie do supercondutor para: (a) Supercondutor do tipo I, onde λ < ξ e (b) Supercondutor

do tipo II, onde λ > ξ [2]; (c) Rede de v´ortices observada em uma amostra de NbSe2, obtida

pela t´ecnica magneto-´optica [3].

Os supercondutores do tipo I se caracterizam por exibirem a fase Meissner at´e o campo

cr´ıtico Hc(T), denominado campo cr´ıtico termodinˆamico:

Hc = Φ0

2√2πλξ, (2.16)

acima do qual sofrem transi¸c˜ao de primeira ordem para o estado normal, onde a

superconduti-vidade ´e destru´ıda. Este comportamento est´a ilustrado no diagrama de fases da Figura 2.3(a).

Nos supercondutores do tipo I, em raz˜ao dos efeitos desmagnetizantes associados ao formato

das amostras, pode haver a estabiliza¸c˜ao de um estado, denominado de estado intermedi´ario,

em que h´a coexistˆencia de regi˜oes normais e supercondutoras.

Nos supercondutores do tipo II o estado Meissner ´e observado para campos menores que o

campo cr´ıtico inferior Hc1, onde o fluxo magn´etico come¸ca a penetrar formando o estado misto.

(31)

(a) Tipo I (b) Tipo II Estado Meissner Estado Meissner Estado Misto Supercondutividade superficial

Figura 2.3: Dependˆencia do campo magn´etico com a temperatura para (a) Supercondutores do

tipo I e (b) Supercondutores do tipo II [4].

tamb´em aumenta at´e que o estado normal ´e atingido no campo cr´ıtico superior Hc2. Os campos

Hc1 e Hc2 s˜ao calculados a partir dos comprimentos caracter´ısticos:

µ0Hc1 = Φ0 4πλ2ln(κ); (2.17) µ0Hc2 = Φ0 2πξ2. (2.18)

Para valores de campo magn´etico superiores a Hc2, quando este ´e aplicado paralelamente `a

superf´ıcie das amostras, o estado supercondutor pode persistir em uma fina camada na superf´ıcie do material. Neste caso, calcula-se:

Hc3 = 1, 69Hc2. (2.19)

Quando o valor de Hc3 ´e excedido, a supercondutividade ´e destru´ıda em todo o material. Os

diagramas de fases dos campos cr´ıticos s˜ao mostrados na Figura 2.3 (a) e (b).

Supercondutores dos tipos tipo I e II tamb´em s˜ao comumente identificados pela dependˆencia

da magnetiza¸c˜ao em fun¸c˜ao do campo magn´etico externo, como est´a esquematizado na Figura

2.4. Da defini¸c˜ao, temos que ~M = ~B/µ0 − ~H, onde ~B ´e a indu¸c˜ao magn´etica. Em

super-condutores do tipo I, quando a transi¸c˜ao supercondutora ocorre na presen¸ca de um campo

(32)

indu¸c˜ao magn´etica no seu interior ( ~B = 0), ou seja, M = ~H. Quando H > Hc, o campo

magn´etico penetra no supercondutor de forma que ~B = µ0H e ~~ M = 0. Este efeito ´e

carac-terizado pela queda abrupta da Magnetiza¸c˜ao em Hc, exibido na Fig 2.4(a). Alguns efeitos,

como por exemplo granularidade ou efeito de desmagnetiza¸c˜ao, que ser´a tratado com detalhes

no pr´oximo cap´ıtulo, levam a pequenas mudan¸cas na regi˜ao da transi¸c˜ao. Isto resulta em uma

queda suave, que, dependendo da amostra, n˜ao pernite diferenciar entre supercondutores do

tipo I e do tipo II por este m´etodo. A Figura 2.4(b) mostra o comportamento da magnetiza¸c˜ao

em supercondutores do tipo II. O efeito Meissner ´e observado para H < Hc1, a partir do qual a

magnitude da magnetiza¸c˜ao descresce com o aumento do campo at´e atingir Hc2, onde se anula.

(a) Tipo I

Estado Meissner

(b) Tipo II

Estado

Meissner Estado Misto

Figura 2.4: Resposta da Magnetiza¸c˜ao com o aumento do campo magn´etico para (a)

Super-condutores do tipo I e (b) SuperSuper-condutores do tipo II [1].

Os principais supercondutores do tipo I s˜ao metais puros de baixa temperatura cr´ıtica, tais

como Pb (TC = 7,2 K), Hg (TC = 4,4 K) e Sn (TC = 3,7 K). J´a os supercondutores do tipo II

s˜ao, tipicamente, ligas met´alicas e outros compostos, com exce¸c˜ao dos metais puros como Nb

(TC = 9,2 K), V (TC = 5,4 K) e Tc (TC = 8,2 K). Os supercondutores do tipo II em geral

possuem temperaturas cr´ıticas mais elevadas que os do tipo I, o que ´e observado por exemplo

no Ni´obio-Estanho (Nb3Sn - TC = 18,3 K) e Titˆanio-Ni´obio (Ti-Nb - TC = 9,2 K).

At´e a d´ecada de 70, o material de temperatura cr´ıtica mais alta reportado era o Nb3Ge

com TC = 23 K. At´e ent˜ao acreditava-se, pela teoria de BCS, que o m´aximo de TC n˜ao

excederia 30 K [32]. Por´em, em 1986, J. G. Bednorz e K. A. M¨uller descobriram um novo

material cerˆamico (BaxLa5−xCu5O5(3−y)) com temperatura cr´ıtica em ∼ 35 K [33]. A partir de

ent˜ao foi iniciada uma busca por materiais com TC’s cada vez mais altas (chamados high TC).

(33)

ou simplesmente YBCO, com temperatura cr´ıtica de 93 K e o ´oxido de Bismuto-Estrˆ

oncio-Calcio-Cobre (BSCCO) que apresenta duas diferentes misturas, Bi2Sr2CaCu2O8 (Bi-2212) [34]

e Bi2Sr2Ca2Cu3O10 (Bi-2223), com TC em torno de 110 K [35]. At´e o momento, a TC mais

alta observada foi reportada em 1993 no sistema HgBa2Ca2Cu3O8 com TC = 133 K em press˜ao

atmosf´erica [36]. A Figura mostra a evolu¸c˜ao do recorde de temperatura cr´ıtica desde 1911 at´e

2008 [5]. Apesar do grande avan¸co experimental no estudo dos materiais high-TC, o mecanismo

da supercondutividade n˜ao pode ser explicado atrav´es da teoria BCS e ainda n˜ao est´a bem

esclarecido. Algumas dificuldades deste problema est˜ao na estrutura cristalina complicada

destes materiais, a presen¸ca de forte anisotropia e forte intera¸c˜ao el´etron-fˆonon.

Figura 2.5: Evolu¸c˜ao da temperatura cr´ıtica dos supercondutores de 1911 a 2008 [5].

Outra classe de materiais que despertou bastante interesse na pesquisa cient´ıfica foi a dos

supercondutores orgˆanicos, isto ´e, compostos orgˆanicos que apresentam supercondutividade

em baixas temperaturas. O primeiro supercondutor orgˆanico descoberto foi o (TMTSF)2PF6,

com TC = 1,1 K e sintetizado por Klauss Bechgaard em 1980 [37]. Nesta estrutura, TMTSF

(tetrametil-tetraselenafulvaleno) atua como doador de el´etron, enquanto que PF−6 atua como

receptor. Esta descoberta levou `a cria¸c˜ao de uma grande variedade de compostos

relaciona-dos `a estrutura (TNTSF)2X, conhecidos como sais de Bechgaard, tais como (TMTFS)2ClO4

(TC = 1,4 K). Outra classe de supercondutores orgˆanicos s˜ao (BEDT-TTF)nXm, onde a

mol´ecula base BEDT-TTF ´e o bis-etilenoditil-tetratilfulvaleno e o X representa um ˆanion

mono-valente inorgˆanico. Nesses sistemas, as temperaturas cr´ıticas s˜ao mais altas, o que foi verificado

em (BEDT-TTF)2I4 [38] com TC = 3,3 K e em β0 (BEDT-TTF)2ICl2 com TC = 14,2 K [39].

(34)

publicado por Little, propondo ser poss´ıvel supercondutividade em compostos orgˆanicos em

altas temperaturas cr´ıticas ou at´e mesmo em temperatura ambiente [40]. Contudo, at´e agora

a mais alta temperatura cr´ıtica alcan¸cada nesses sistemas, em press˜ao ambiente, foi de 33 K

para o RbCs2C60 [41]. Assim como os materiais high-TC, a supercondutividade em compostos

como os sais de Bechgaard n˜ao ´e muito bem explicada pela teoria BCS.

2.4

Intera¸

ao entre os v´

ortices

A penetra¸c˜ao dos v´ortices em supercondutores do tipo II foi predita por Abrikosov quando

este descobriu uma solu¸c˜ao peri´odica bidimensional das equa¸c˜oes de G-L [42]. Abrikosov

in-terpretou esta solu¸c˜ao como um arranjo peri´odico de linhas de fluxo, onde cada linha de fluxo,

ou v´ortice, carrega um quantum de fluxo magn´etico Φ0. O v´ortice ´e constitu´ıdo de um n´ucleo,

onde o fluxo magn´etico se localiza em forma de tubo e no qual a supercondutividade ´e

supri-mida; sua posi¸c˜ao ´e definida pela linha na qual o parˆametro de ordem supercondutor se anula,

o que ocorre quando o campo magn´etico atinge seu maior valor. Para v´ortices isolados ou bem

separados, a partir do n´ucleo, o campo magn´etico decai exponencialmente at´e zero devido `as

correntes de blindagem, formando um raio dado pelo comprimento de penetra¸c˜ao λ. O raio

do n´ucleo ´e dado pelo comprimento de coerˆencia ξ, como ´e mostrado na Figura 2.6(a) para

diferentes valores de κ.

Devido `a intera¸c˜ao eletromagn´etica repulsiva entre os v´ortices em supercondutores do tipo

II, estes tendem a assumir posi¸c˜oes que sejam o mais longe poss´ıvel uns dos outros, resultando

na conhecida rede de v´ortices de Abrikosov. A energia de intera¸c˜ao repulsiva por unidade de

comprimento entre dois v´ortices i e j separados por uma distˆancia rij ´e dado por [7]:

Uij(rij) = Φ20 2πµ0λ2 K0( rij λ ), (2.20)

onde K0 ´e a fun¸c˜ao modificada de Bessel em ordem zero. A fun¸c˜ao acima decai

exponencial-mente quando rij  λ, da seguinte forma:

Uij(rij) = Φ2 0 2πµ0λ2 s πλ 2rij exp−rij λ  , (2.21)

e diverge para curtas distˆancias (ξ < rij  λ):

Uij(rij) = Φ0 2πµ0λ2 ln λ rij  , (2.22)

onde K1 ´e a primeira ordem da fun¸c˜ao modificada de Bessel. A partir da energia Uij, obt´em-se

a for¸ca repulsiva entre dois v´ortices:

fij(rij) = − ∂Uij ∂rij = Φ 2 0 2πµ0λ3 K1 rij λ  . (2.23)

(35)

H(r)/Hc1

H(r)/Hc

1

(a)

Área da célula unitária = F0/B

Espaçamento entre linhas de fluxo

(b)

Figura 2.6: (a) Campo magn´etico H(r) e parˆametro de ordem |ψ(r)|2 de uma linha de fluxo

isolada, calculada a partir da teoria de G-L para κ = 2, 5 e 20. (b) Rede triangular de linhas de fluxo [6].

Para uma dada densidade de v´otices, a distˆancia m´axima entre eles ´e obtida por um arranjo

triangular, pois esta ´e a configura¸c˜ao de v´ortices mais favor´avel. Nesta configura¸c˜ao, a

den-didade de fluxo m´edia ´e ¯H = 2Φ0/(

3a20), onde a0 ´e a distˆancia entre os v´ortices, ver Figura

2.6(b). A segunda configura¸c˜ao mais favor´avel, com energia um pouco mais alta, ´e uma rede

quadrada de v´ortices, onde a distˆancia entre vizinhos mais pr´oximos ´e dada por ¯H = Φ0/a20.

A medida que se aumenta ¯H, os n´ucleos dos v´ortices come¸cam a se sobreporem, de tal forma

que a amplitude do parˆametro de ordem diminui e se anula completamente quando ¯H atinge o

valor do campo cr´ıtico superior Hc2 [6].

A Figura 2.7 mostra a rela¸c˜ao entre as fun¸c˜oes |ψ(x)|2 e h(x) para dois v´ortices em

super-condutores dos tipos I e II, em que se pode observar a origem do tipo de intera¸c˜ao entre eles.

Em supercondutores do tipo I (κ < 1/√2), se dois v´ortices s˜ao gerados, os n´ucleos normais

se sobrep˜oem primeiro, uma vez que o valor de ξ ´e superior ao de λ. Isto leva a um ganho

na energia de condensa¸c˜ao e consequentemente uma intera¸c˜ao atrativa entre os v´ortices (Fig

2.7(a)). Este tipo de intera¸c˜ao resulta na forma¸c˜ao de dom´ınios normais e dom´ınios de fluxo

magn´etico no estado intermedi´ario. Entretanto, num material do tipo II (κ > 1/√2), ocorre

primeiro a superposi¸c˜ao de suas supercorrentes, devido ao valor de λ ser maior que o de ξ,

levando a uma intera¸c˜ao repulsiva entre os v´ortices, como ´e mostrado na Figura 2.7(b). Em

κ = 1/√2 o potencial de intera¸c˜ao se anula, ou seja, todas as configura¸c˜oes de v´ortices possuem

a mesma energia [7].

Na se¸c˜ao anterior, discutimos que na teoria G-L a classifica¸c˜ao entre supercondutores dos

tipos I e II se d´a com base no valor cr´ıtico de κ0 = 1/

2. Contudo, alguns estudos

(36)

(a)

(b)

Figura 2.7: Esquema da intera¸c˜ao v´ortice-v´ortice em (a) Supercondutores do tipo I - intera¸c˜ao

atrativa e (b) Supercondutores do tipo II - intera¸c˜ao repulsiva [7].

valores de κ pr´oximos ao κ0. Neste intervalo, foi observada uma competi¸c˜ao entre intera¸c˜oes

de v´ortices atrativa a longo alcance e repulsiva a curto alcance, levando a uma coexistˆencia de

regi˜oes no estado Meissner e regi˜oes de aglomerados de v´ortices, com forma¸c˜ao local da rede

de Abrikosov. Alguns autores se referem a este estado como tipo II/I [8]. Esta configura¸c˜ao de

v´ortices foi observada recentemente no supercondutor MgB2, cuja supercondutividade ´e

origi-nada pela contribui¸c˜ao de duas bandas supercondutoras. Alguns autores, no entanto, atribuem

o comportamento anˆomalo do MgB2 `a existˆencia de dois diferentes regimes, dirigidos pela

pre-sen¸ca simultˆanea de dois subcomponentes do parˆametro de ordem, onde um deles est´a inserido

na supercondutividade do tipo I e o outro no regime do tipo II [43]. Estes materiais foram ent˜ao

classificados distintamente dos tradicionais, sendo denominados supercondutores tipo 1.5, uma vez que o comportamento estaria entre os supercondutores do tipo I e II [44]. Entretanto, esta

defini¸c˜ao tem sido bastante criticada, pois caracter´ısticas semelhantes s˜ao observadas tamb´em

em materiais de uma ´unica banda supercondutora. A Figura 2.8(a) mostra o comportamento

da curva M(H) esperada para materiais definidos como supercondutores tipo 1.5, em que ocorre

uma transi¸c˜ao abrupta seguida de uma queda suave da magnetiza¸c˜ao, sem levar em conta

efei-tos de desmagnetiza¸c˜ao. Curva semelhante ´e proposta para os supercondutores do tipo II/I

(Fig. 2.8(b)).

Recentemente, foi proposta uma nova classe de materiais que generaliza a ideia dos

super-condutores do tipo II/I, bem como do tipo 1.5, com base no intervalo cr´ıtico de κ pr´oximo

(37)

supercondu-(a) Estado normal Estado Meissner Aglomerados de vórtices Estado misto (b) a a a a Bc1 B0 Bc1 Bc2 a Bα -M Tipo II/1

Figura 2.8: (a) Curva M(H) em supercondutores tipo 1.5, indicando Hvc onde ocorre a

confi-gura¸c˜ao de “clusters”de v´ortices e HAvs onde a configura¸c˜ao de v´ortices ´e dada pela rede de

Abrikosov [7]; (b) Curva M(H) para um supercondutor do tipo II/I [8].

tores cr´ıticos. Este estudo se baseia no fato de que todos os estados de um

supercondu-tor, com configura¸c˜oes de v´ortices arbitr´arias, tem a mesma energia no ponto de Bogomolnyi

(κ, T ) = (κ0, TC) quando o campo magn´etico aplicado ´e igual ao campo cr´ıtico termodinˆamico

Hc [9]. Esta degenerescˆencia topol´ogica, dada em T < TC, gera ent˜ao os fenˆomenos n˜

ao-convencionais no intervalo de κ pr´oximo a κ0. Basicamente, o parˆametro cr´ıtico κ∗, o qual

definir´a o tipo de supercondutividade, ´e calculado por m´etodos diferentes: κ∗S ´e calculado

uti-lizando a condi¸c˜ao que a energia de superf´ıcie ´e nula na interface supercondutor/normal; κ∗1 e

κ∗2 s˜ao obtidos dos campos cr´ıticos Hc = Hc1 (κ∗1) e Hc = Hc2 (κ∗2) e κ

li ´e obtido pela condi¸c˜ao

de mudan¸ca de sinal na intera¸c˜ao de longo alcance entre os v´ortices. Em T < TC obt´em-se

ent˜ao que κ∗2 < κ∗S < κ∗1 < κ∗li. A Figura 2.9 resume os parˆametros cr´ıticos e a configura¸c˜ao de

v´ortices prevista em cada intervalo. Abaixo de κ∗2 o supercondutor ´e classificado como tipo I,

onde n˜ao h´a forma¸c˜ao de v´ortices devido ao efeito Meissner. J´a para κ∗2 < κ < κ∗S, o

supercon-dutor ´e do tipo Ic, onde ocorre o estado misto sem a ocorrˆencia de v´ortices isolados. Na faixa

κ∗S < κ < κ∗1 ´e previsto a forma¸c˜ao predominate de multiquanta de v´ortices, enquanto que na

regi˜ao onde κ∗1 < κ < κ∗li encontram-se os materiais tipo IIc, que apresentam o estado mixto

com forma¸c˜ao de quantum ou multiquanta de v´ortices com intera¸c˜ao atrativa de longo alcance.

Finalmente, para valores de κ > κ∗li o material ´e classificado como tipo II [9]. A teoria de

supercondutores cr´ıticos ´e bastante recente, n˜ao sendo apresentados, at´e o momento, estudos

(38)

Figura 2.9: Diagrama de κ(T) segundo a teoria de supercondutores cr´ıticos, indicando a estru-tura interna de cada dom´ınio [9].

2.5

Supercondutividade multibanda

O primeiro material multigap descoberto foi o diboreto de magn´esio (MgB2) encontrado em

2001 [45]. Este material atraiu bastante a aten¸c˜ao devido a sua temperatura cr´ıtica ser a maior

dentre os materiais intermet´alicos ∼ 40 K, pr´oxima da temperatura cr´ıtica limite, segundo

a teoria BCS, al´em de sua composi¸c˜ao qu´ımica simples e boas propriedades mecˆanicas. No

mesmo ano da publica¸c˜ao da supercondutividade neste material, v´arios trabalhos foram

publi-cados revelando outras propriedades interessantes, tais como efeito is´otopo [46], propriedades

termodinˆamicas e de transporte [47], estrutura de bandas [48, 49], densidade de corrente cr´ıtica

[50, 51], efeito de dopagem [52] e efeito de press˜ao [53]. Apesar de ser um supercondutor BCS

convencional, isto ´e, torna-se supercondutor quando os el´etrons formam pares de Cooper via

intera¸c˜ao el´etron-fˆonon, o MgB2 difere dos supercondutores usuais, os quais apresentam um gap

de energia dependente da temperatura, abaixo de TC, ∆(T), tal que uma energia m´ınima de

2∆(T) ´e necess´aria pra quebrar o par de Cooper [1]. Neste material, atrav´es de espectroscopia

de tunelamento por varredura, foram extra´ıdos dois gaps, como mostrado na Figura 2.10 (a) e (c), com corrente aplicada perpendicular e paralela ao eixo c do material. Quando a corrente

flui ao longo de c, aparece um pico principal na condutˆancia, de cada lado da superf´ıcie de

Fermi, associado `a banda-π, e um pequeno pico (indicado pela seta em Fig 2.10(a)) ´e visto,

em voltagem mais alta, como indica¸c˜ao do segundo gap. Entretanto, com a corrente paralela a

c, dois picos s˜ao claramente vis´ıveis, onde o segundo pico est´a associado a banda-σ. A Figura

2.10(b) explicita a dependˆencia dos dois gaps de energia com a temperatura; os c´ırculos azuis

(39)

(a) (b)

(c)

Figura 2.10: Espectroscopia de tunelamento por varredura da amostra MgB2 com (a)

cor-rente aplicada no plano ab (b) corcor-rente ao londo do eixo c. (c) Gap de energia em fun¸c˜ao da

temperatura da amostra MgB2 [10].

O comportamento n˜ao-convencional do MgB2 foi tamb´em observado em grandezas como

calor espec´ıfico e campo cr´ıtico superior. A Figura 2.11(a) mostra a dependˆencia do calor

espec´ıfico com a temperatura, onde os dados experimentais n˜ao podem ser explicados pelo

modelo BCS de um gap (ver linha tracejada). Em baixas temperaturas, os pontos experimentais se tornam maiores que a curva BCS e apresentam um pico suave, sugerindo uma segunda

transi¸c˜ao com gap menor (banda-π)[11, 58–61]. J´a no estudo da dependˆencia de Hc2 com a

temperatura, resultados experimentais tem mostrado uma curvatura positiva em temperaturas

pr´oximas a TC (Ver figura 2.11(b)) [10]. Gurevich propˆos que a supercondutividade de duas

bandas no MgB2 pode ser entendida como uma bicamada de filmes finos fracamente acoplados,

onde cada camada corresponderia `as bandas π e σ em contato atrav´es do acoplamento Josephson

[12], como est´a esquematizado na Figura 2.12. Usando o modelo BCS de acoplamento fraco

no limite sujo e levando em conta os espalhamentos intra e interbanda por impurezas n˜ao

magn´eticas, Gurevich mostrou que Hc2(T) depende da raz˜ao entre as difusividades de el´etrons

de cada banda, podendo ser bem distinto do observado na teoria de um gap no limite sujo

Referências

Documentos relacionados

(Mestrado em Engenharia Biomédica) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Na literatura científica

Enfatizando as dimensões modelo político-administrativo, do papel do Estado e do potencial democrático inerente, Frey (2001) agrupa as noções de

Contribuir para o desenvolvimento de produtos finais concretos (metodologias, processos, ferramentas de trabalho, políticas públicas, etc.), que sejam “novas portas

Finalmente, conclui que o nível de satisfação dos usuários da Biblioteca Nísia Floresta Brasileira Augusta do Campus Parnamirim do IFRN em relação a sua estrutura

Deste ponto se direcionam alguns caminhos seguidos pelo pesquisador, que podem ser concebidos como objetivos específicos geradores das amarras necessárias para a sustentação

Os resultados apresentados na figura 6.31 e tabela 6.7 em conjunto com a composição química da superfície dos revestimentos (tabela 6.3), foram processados e geraram a figura 6.32

Após a colheita, normalmente é necessário aguar- dar alguns dias, cerca de 10 a 15 dias dependendo da cultivar e das condições meteorológicas, para que a pele dos tubérculos continue

Os resultados revelam que os estudantes apresentaram dificuldades na elaboração dos mapas conceituais devido a não utilização deste instrumento no processo de ensino, porém