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A relação entre os estudantes universitários e a Administração Tributária

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Academic year: 2021

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Resumo

O cumprimento de obrigações fiscais por parte dos contribuintes é uma grande preocupação dos governos em todos os países do mundo, porque desse cumprimento depende o equilíbrio das contas públicas, que resulta na manutenção de bens e serviços de interesse público. Se existem contribuintes que são honestos, pois cumprem as suas obrigações fiscais na íntegra, existem outros que não o são.

Neste contexto, entender as razões que levam os contribuintes assumirem o risco de não cumprir as suas obrigações fiscais tornou-se essencial. No meio académico desenvolveram-se vários estudos em relação as causas que estão por trás do incumprimento fiscal, com ênfase nas causas de natureza comportamental e a influência que têm no relacionamento entre os contribuintes e a administração fiscal.

Este estudo teve como público-alvo os estudantes universitários de Portugal, através de um questionário, cujo objetivo foi entender a sua relação com a AT. A amostra foi de 154 estudantes universitários. Foi utilizado o “software” estatístico SPSS para o tratamento e a análise de dados, com vista a obtenção de resultados.

Os resultados obtidos indicam que a confiança tem impacto positivo no cumprimento fiscal e na moral tributária. No entanto, a moral tributária e a perceção do serviço não se encontram correlacionados com o cumprimento fiscal. Em relação ao poder da administração fiscal, este encontra-se correlacionado à moral tributária e a confiança na administração fiscal.

As conclusões deste trabalho sugere que ter a confiança dos contribuintes é importante para o cumprimento de obrigações fiscais. Em relação ao nível de moral tributária dos estudantes universitários apresenta-se baixo, ou seja não existe grande perceção que a

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fraude fiscal seja ilegal, apesar de o cumprimento fiscal apresentar-se elevado. Quanto à perceção do serviço, os estudantes universitários acham de uma forma geral que não estão a ser bem tratados pela administração fiscal. Por último, em relação ao poder exercido pela administração fiscal, este quando se encontra aliado à confiança dos contribuintes na administração fiscal é suficiente para que não se entre em fuga aos impostos.

Palavras-chave: cumprimento fiscal; contribuintes; administração fiscal; relação; estudantes universitários; confiança;

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iii

Abstract

Taxpayers’ compliance is one of the greatest concerns in modern governance around the world, for its importance in maintaining balanced or even controlled budgets in order to provide public services. For many different reasons, not all taxpayers are completely honest in their dealings with tax authorities.

In such a context, to understand the reasons for taxpayers to take the risk inherent with non-compliance with their tax obligations is of utmost importance. There are a number of studies at the academic level, trying to understand the reasons for such behaviour and its correlation with the relationship between taxpayers and tax authorities.

The current work focuses on the relationship between university students from Portugal and tax authorities, through a survey. We surveyed 154 students and the results were compiled and analysed using the statistical analysis software SPSS.

Said results show that trust has a positive impact in both tax compliance and tax moral. However, tax moral and service perception are not correlated with tax compliance. When it comes to the power of the Tax Authority, it is directly correlated to tax moral and trust in the institution itself.

The conclusions of the present work suggest that having the trust of taxpayers is important for them to comply with their obligations. Pertaining to tax moral amongst university students, it was shown to be low, with a low perception of the illegality of tax evasion, although their tax compliance is high. Service perception amongst this same public is low, with most considering they are not well treated by tax authorities. On a final note, the perceptions about the power of tax authorities, when coupled with a high level of trust is enough for most of them to not consider tax evasion as an option.

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Key words: tax compliance; taxpayers; tax authority; relationship; university students; trust;

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Agradecimentos

Para a realização deste trabalho, diversas pessoas foram importantes para a realização do mesmo. Eu gostaria de as salientar, agradecendo pelo apoio demonstrado ao longo dos últimos meses.

Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao meu orientador, Mestre Tiago Diogo, pela confiança que depositou em mim para a elaboração deste trabalho. Além disso, queria agradece-lo pela disponibilidade e o apoio que sempre demonstrou ao longo da realização do mesmo para atender a todas as minhas dúvidas. Também, uma palavra de agradecimento ao Doutor Rui Brites, pois foi a pessoa que me ajudou na vertente estatística.

Em segundo lugar queria agradecer aos meus pais, pois me permitiram vir para Lisboa e frequentar o mestrado, bem como de realizar o trabalho final. A todos os meus familiares pelo apoio demonstrado durante estes últimos meses, em especial aos meus primos Saúl e Alexandre.

Por último, gostaria de agradecer aos meus colegas e amigos pela força que me deram ao longo destes últimos meses.

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Acrónimos

A-S – Allingham & Sandmo

AT – Autoridade Tributária e Aduaneira ATO – Australian Taxation Office

IRS – Imposto sobre os Rendimentos Singulares ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão HMRC – Her Majesty’s Revenue & Customs ITC – Irish Tax & Customs

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Índice

Resumo ... i Abstract ... iii Agradecimentos ... v Acrónimos ... vi Índice ... vii Índice de quadros ... ix I. Introdução ... 1 1.1. Considerações ... 1 1.2. Objetivos ... 2 1.3. Estrutura da tese ... 3

II. Revisão de Literatura... 4

2.1. Introdução ... 4

2.2. “Tax compliance” versus “Tax non-compliance” ... 4

2.3. Modelo de Allingham & Sandmo (A-S)... 5

2.4. Paradigmas ... 7

2.5. Confiança versus poder da administração fiscal... 8

2.6. Simpatia e empatia ... 9

2.7. Moral tributária ... 9

2.8. O sistema fiscal português ... 11

2.9. Síntese ... 12

III. Hipóteses a testar ... 14

3.1. Objetivos ... 14

3.2. Questões de investigação ... 14

3.3. Hipóteses de investigação ... 16

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viii

4.1. Definição do tipo de metodologia ... 17

4.2. Procedimentos para a construção do questionário ... 17

4.3. Questionário ... 17

4.4. Amostragem ... 18

V. Análise de Resultados ... 20

5.1. Apresentação dos resultados ... 20

5.2. Estatística Descritiva ... 28

5.3. Discussão de resultados ... 29

5.4. Regressão Linear Múltipla ... 32

VI. Conclusões ... 34

6.1. Conclusão ... 34

6.2. Limitações do trabalho e tópicos para investigação futura ... 35

VII. Referências bibliográficas... 36

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ix

Índice de quadros

Quadro 1 - Utilização do dinheiro dos impostos ... 20

Quadro 2 - Razões para o cumprimento fiscal ... 21

Quadro 3 - Razões para o incumprimento fiscal ... 21

Quadro 4 - Perceção do serviço prestado ... 22

Quadro 5 - Confiança na AT ... 23

Quadro 6 - Poder da AT ... 24

Quadro 7 - Contacto com a AT ... 25

Quadro 8 - Meio utilizado para o contacto com a AT ... 26

Quadro 9 - Avaliação do nível de satisfação ... 26

Quadro 10 - Experiências com a AT ... 27

Quadro 11 - Estatística descritiva das dimensões ... 29

Quadro 12 - Hipóteses ... 29

Quadro 13 - Resultado das hipóteses ... 30

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1

I.

Introdução

1.1. Considerações

O cumprimento fiscal assume uma grande importância para os governos dos vários países, visto que o equilíbrio das contas públicas está dependente da arrecadação dos impostos. Se, por um lado os contribuintes declaram os seus rendimentos de forma correta, por outro lado existem contribuintes que não o fazem. Para fazer face ao incumprimento fiscal, através das práticas de evasão e fraude fiscal que resulta na diminuição de receitas fiscais, os vários Estados têm de adotar estratégias para promover o cumprimento fiscal. A adoção de medidas de combate à evasão e fraude fiscal é importante não só para o equilíbrio das contas públicas, mas também para tornar o sistema fiscal mais justo para os contribuintes, com o intuito de garantir que todos pagam os impostos devidos, para que os cidadãos possam usufruir de bens e serviços públicos. De acordo com o relatório de combate à evasão e fraude fiscal, AT (2015b), consta alguns dados sobre o cumprimento fiscal dos contribuintes individuais: os contribuintes submeteram de forma eletrónica um total de 5.068.761 declarações de IRS, respeitante ao ano de 2013, 259.441 apresentaram divergências (o que representa 5,1% do total). Todas as declarações em causa foram pré-preenchidas. Foram também emitidas 2917 notas de cobrança no valor de 134 milhões de euros. Em relação às liquidações oficiosas de IRS, estas foram de 52.286 que representam um valor de 142,5 milhões de euros.

O cumprimento fiscal dos contribuintes individuais é estudado na literatura de modo amplo, nomeadamente a nível dos fatores sociopsicológicos centrados no comportamento dos contribuintes face à administração fiscal. Com o objetivo de ajudar a explicar esses fatores determinantes no cumprimento fiscal, foram desenvolvidos inúmeros estudos que

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introduziram variáveis como a moral tributária, as normas sociais, a complexidade do sistema fiscal ou as posturas motivacionais. Além disso, a necessidade de confiança e respeito mútuo, bem como a promoção de simpatia e a criação de empatia entre ambos é visto como essencial no tratamento entre contribuintes e a administração fiscal.

Assim sendo, uma boa relação entre os contribuintes e a administração fiscal é desejável, porque o impacto no cumprimento fiscal pode ser positivo. No sentido contrário, os contribuintes vão tender a entrar em incumprimento se a sua relação com a administração fiscal não for a melhor, devido a acharem que não são tratados de forma conveniente pela administração fiscal.

1.2. Objetivos

Este estudo tem como objetivo aferir, através de um questionário ministrado aos estudantes universitários, de que forma estes se relacionam com a AT. Como se trata de estudantes universitários, é provável que estes apresentem uma menor experiência com os serviços fiscais face aos contribuintes ativos. Neste contexto, os estudantes universitários podem ter apenas uma perceção sobre a AT. Essa perceção que têm acerca da AT pode advir da influência dos mais próximos: pais, familiares, professores e amigos, além dos meios de comunicação social. Esta situação de os estudantes universitários, por vezes terem uma opinião formalizada sobre a AT pode-se refletir no seu comportamento a curto prazo, aquando da sua entrada no mercado de trabalho. Por isso, é importante entender, em que medida os estudantes universitários estão familiarizados com os conceitos de cumprimento fiscal, evasão e fraude fiscal, com o objetivo de fornecer elementos importantes para a compreensão do comportamento dos futuros contribuintes ativos perante a administração fiscal, isto é, perceber qual a imagem que os estudantes universitários têm da AT, que pode determinar, por um lado, a opção pelo cumprimento

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voluntário ou, por outro lado, o assumir do risco de não declarar os rendimentos de forma correta.

1.3. Estrutura da tese

A presente dissertação está dividida em quatro partes. Na primeira parte procedemos a uma revisão da literatura sobre o tema estudado, incluindo em primeiro lugar uma abordagem a nível conceptual, importante para enquadrar o tema a estudar. Posteriormente mencionamos os vários estudos na área de cumprimento fiscal, com principal enfoque na relação entre contribuintes e a administração fiscal. De seguida abordamos o sistema fiscal português também na perspetiva da relação entre os contribuintes e a AT. Finalmente tecemos algumas conclusões sobre a revisão da literatura. Na segunda parte do trabalho, faremos referência as hipóteses a testar e a metodologia usada que, como já referido, vai processar-se através de um questionário, tendo como público-alvo os estudantes universitários e o imposto é o IRS (Imposto sobre os Rendimento Singulares). Na terceira parte do trabalho procedemos a análise de resultados obtidos e por último a quarta parte do trabalho apresentamos as conclusões do estudo em causa, bem como salientamos as limitações ao trabalho e os tópicos para investigação futura.

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II.

Revisão de Literatura

2.1. Introdução

O comportamento dos contribuintes, associado ao cumprimento fiscal tem sido alvo de discussão por parte de académicos, com ênfase nos fatores sociopsicológicos, com o objetivo de perceber quais as razões que levam os contribuintes a cumprirem (ou não) as suas obrigações fiscais. Neste contexto, entender a forma como os contribuintes e a administração fiscal se relacionam assume uma grande importância na literatura, a fim de recomendar, à administração fiscal, as melhores soluções para fazer face a uma crescente evasão e fraude fiscal, (Alm & Torgler, 2011; Alm et al., 2010; Gangl et al., 2013; Walsh, 2012).

A presente revisão de literatura salienta, em primeiro lugar, alguns conceitos introdutórios importantes de modo a enquadrar o tema estudado. Posteriormente, a revisão faz menção aos vários estudos desenvolvidos ao longo dos últimos anos na área de “tax compliance” na perspetiva do relacionamento entre os contribuintes e a administração fiscal. Por último, é apresentado uma síntese com as conclusões mais relevantes da revisão de literatura.

2.2. “Tax compliance” versus “Tax non-compliance”

No universo dos sistemas fiscais dos vários países, o cumprimento das obrigações fiscais é de extrema importância. Isto porque a manutenção de bens públicos depende do dinheiro arrecadado pelas administrações fiscais aquando do pagamento de impostos pelos contribuintes. Assim, é importante distinguir dois conceitos: o primeiro conceito refere-se ao de “tax compliance” (cumprimento fiscal) que segundo Kirchler (2007) é a “propensão para pagar impostos”. Kirchler et al. (2008) distingue dois tipos: o

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voluntário, que é visto como o mais desejável, pois os contribuintes declaram e pagam os impostos devidos de forma correta e atempada. O segundo tipo é o forçado que se carateriza por ser imposto pelas autoridades fiscais através do poder conferido a estas. O segundo conceito refere-se ao de “tax non-compliance” (incumprimento fiscal). Kirchler (2007) define-o como a forma de se referir às falhas dos contribuintes, intencionais ou não, na altura de cumprir com as suas obrigações fiscais. Face a este segundo conceito, importa também definir os conceitos de “tax avoidance” (evasão fiscal) e “tax evasion” (fraude fiscal). Segundo Pereira (2014) a diferença entre evasão e fraude fiscal reside no facto de a evasão ser considerada legal, resultante de atos lícitos, já que o contribuinte aproveita as lacunas na legislação fiscal para minimizar os impostos a pagar. Ao invés, fraude fiscal é ilegal, já que resulta de atos ilícitos, visto que o contribuinte tem a intenção deliberada de infringir a lei. Hanlon & Heitzman (2010) defendem que, na evasão fiscal, a legalidade dos atos praticados é muitas vezes determinada somente após os factos terem ocorridos. Os conceitos “tax compliance” e “tax non-compliance” assumem uma grande importância na relação entre a AT e os contribuintes. Quando ambos entenderem as razões por detrás do comportamento de cada um, isto é, quando melhor a AT conhecer os fatores que influenciam o comportamento destes, delineará estratégias melhores para lidar com os contribuintes e reciprocamente os contribuintes sentem-se sensibilizados para reagirem da melhor forma possível (Niemirowski et al., 2003).

2.3. Modelo de Allingham & Sandmo (A-S)

A forma como os contribuintes se relacionam com a AT e vice-versa é uma questão importante, a que muitos académicos se têm debruçado ao longo dos últimos anos. Desde que Allingham & Sandmo (1972) conceberam um primeiro modelo, designado por modelo racional, inspirado em Becker (1968) baseado no facto de os contribuintes agirem

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de forma racional,1 estabelecendo estratégias a fim de minimizar o pagamento de impostos2. Quando estes factos são detetados o contribuinte fica sujeito ao pagamento do imposto em falta e à respetiva coima / multa. Segundo os mesmos autores, a probabilidade de ser detetado, tal como as medidas de coação e as sanções constituem fatores dissuasores do incumprimento fiscal. Segundo Kirchler (2007), se a probabilidade de deteção e respetivas sanções forem elevadas, o risco de incumprimento será mais baixo, já que os contribuintes tendem a ser honestos, acrescentando que o modelo A-S “…enfatiza que os contribuintes têm predisposição para se comportarem desonestamente e sugere controlo e sanções como medidas educacionais”. Alm (2012) salienta que um indivíduo racional paga os impostos devidos porque sente medo ou receio de ser detetado e punido. Esse medo, associado à culpa e à vergonha (Erard & Feinstein, 1994b) pode trazer estigma social, principalmente se isso significar perder a reputação ou a confiança dos mais próximos (Andreoni et al., 1998; Orviska & Hudson, 2002).

Em consonância com o modelo racional (Kirchler, 2007; Kirchler et al., 2008) argumentam que a relação entre a administração fiscal e os contribuintes, assemelha-se a “cops and robbers”, baseado na Teoria do Crime de Becker, Becker (1968) em que por um lado, a administração fiscal exerce poder coercivo perante os contribuintes de modo a detetar um maior número de infrações e, por outro lado, os contribuintes tentam aproveitar as falhas do sistema fiscal para não pagarem os impostos devidos, gerando um clima antagónico entre as partes. Para resolver esta questão, (Kirchler, 2007; Kirchler et al., 2008; Alm et al., 2010) propõem uma solução que visa tratarem o contribuinte como

1 Ver Srinivasan (1973) e Yitzhaki (1974)

2 A minimização do pagamento de impostos pode ocorrer, principalmente sob duas formas: a) diminuição

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um cliente, em que a administração fiscal presta um serviço num clima de confiança, de tal modo que o contribuinte sentir-se-á tratado de forma correta e em troca declarará na íntegra os seus rendimentos.

2.4. Paradigmas

Alm et al., (2010) e Alm & Torgler (2011) sustentam a existência de três paradigmas na relação entre contribuintes e a administração fiscal. O primeiro é designado pelo paradigma do cumprimento, que assenta na perspetiva do modelo racional. O segundo é o paradigma do serviço em que o contribuinte é tratado como um potencial cliente, além de sugerir a criação de melhores serviços assentes nas novas tecnologias, de modo a simplificar os processos fiscais. Além disso, recomenda que a administração fiscal promova ações educacionais aos contribuintes para que estes fiquem dotados de conhecimento suficiente para fazer face as eventuais dificuldades. Em relação ainda ao paradigma do serviço, Niemirowski et al., (2003) alerta para a necessidade de essas medidas educacionais incidirem, principalmente nos jovens, de modo a assegurar um cumprimento mais efetivo e duradouro por parte destes. O terceiro, e último paradigma, foca-se numa relação de confiança entre ambos, em que cada um dos intervenientes cumpre a sua função numa base de confiança e honestidade para com o outro. Este realça o papel importante que os meios de comunicação social podem vir a ter no cumprimento fiscal.

Gangl et al. (2012; 2013; 2015) também definem três paradigmas na relação entre os contribuintes e a administração fiscal. Em relação ao primeiro paradigma os autores referem-no como gerador de um clima antagónico entre os contribuintes e a administração fiscal. Este assenta no modelo A-S. O segundo refere-se ao do serviço que se carateriza pelo poder legitimado e pela competência por parte da administração fiscal, enquanto os

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contribuintes se sentem no dever de cumprir as suas obrigações fiscais. Em relação ainda a este segundo paradigma, McBarnet (2001) propõe uma mudança de atitude da administração fiscal face aos contribuintes, que privilegie o contribuinte a ser tratado como um cliente, para que estes legitimem a política fiscal vigente. Quanto ao último paradigma, o da confiança, gera-se um clima de confiança implícita entre os contribuintes e a administração fiscal. Esta reconhece a necessidade de tratar os contribuintes de forma afável, tendo como contrapartida que estes cumpram as suas obrigações num clima de cooperação, o que permite um bom relacionamento entre as partes.

2.5. Confiança versus poder da administração fiscal

Por confiança nas autoridades Kirchler et al. (2008) definem como “a opinião geral dos indivíduos e dos grupos sociais em que as autoridades fiscais são benevolentes e trabalham em benefício do bem comum”. Os mesmos autores definem o poder das autoridades como “a perceção potencial que os inspetores têm para detetar fraude fiscal”. Relacionado com o poder, Turner (2005) distingue-o de duas formas: o coercivo que se verifica quando existe a necessidade de garantir o cumprimento das leis (McBarnet 2001) e o legítimo quando o cumprimento é voluntário e não forçado.

A relação entre a confiança dos contribuintes na administração fiscal e o poder exercido pela mesma entidade ao nível do cumprimento fiscal tem sido alvo de estudos: Kirchler et al., (2008); Wahl et al., (2010); Gangl et al., (2012); Kastlunger et al., (2012); Kogler et al., (2013). Estes relevam a importância da relação entre a confiança e o poder exercido no cumprimento fiscal, já que o nível de confiança reflete a uma maior ou menor necessidade de exercer poder por parte da administração fiscal face aos contribuintes. Por um lado, quanto maior é o nível de confiança na administração fiscal, menor é a

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necessidade de exercer poder por parte da mesma. Por outro lado, se o nível de confiança for baixo, o poder exercido pela administração fiscal tende a aumentar.

Kirchler et al., (2008); Gangl et al., (2012) e Kastlunger et al., (2012) sustentam que o nível de confiança influencia o tipo de poder exercido. Quanto maior é a confiança existente entre as partes, menor é a necessidade de exercer poder coercivo, já que o cumprimento fiscal aumenta. No sentido contrário, quando a confiança diminui, o cumprimento também irá ser reduzido e a administração fiscal sentirá que é preciso tomar medidas de deteção e de coação mais rígidas. Segundo Lisi (2014), se existir uma grande confiança entre as partes e a administração fiscal beneficiar de poder legitimado por parte dos contribuintes, esta situação tem impacto positivo ao nível do cumprimento fiscal, pois este aumenta e em contrapartida o incumprimento fiscal reduz.

2.6. Simpatia e empatia

Calvet & Alm (2013) introduzem os conceitos de simpatia e empatia no cumprimento fiscal. Simpatia é visto como uma reação emocional ao facto de sermos bem tratados pelos outros. Empatia prende-se com o facto de partilhar os mesmos sentimentos dos outros. Os autores concluem que promover simpatia e criar empatia entre os contribuintes e a administração fiscal tem um efeito positivo no cumprimento fiscal, visto que os sentimentos de simpatia e empatia entre os contribuintes e a administração fiscal se refletem de forma positiva no comportamento dos contribuintes, porque ficam mais propensos a cumprirem as suas obrigações fiscais, e, em contrapartida tendem a cometer menos incumprimento fiscal. Além disso, os dois fatores têm impacto na moralidade, nas normas sociais e de justiça dos indivíduos.

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A moral tributária é, segundo vários autores3 referida como “a vontade intrínseca de os contribuintes cumprirem as suas obrigações fiscais”. Em alguns estudos realizados, Torgler (2003); Torgler et al., (2008); Alm & Torgler (2011); Sá (2013); OCDE (2013); a moral tributária é vista como um fator importante do cumprimento fiscal. A confiança nas instituições e a intervenção dos contribuintes na tomada de decisão respeitante à lei são vistas como duas das razões mais importantes para o acréscimo da moral tributária, (Torgler 2003). Quando esta é favorável, o cumprimento fiscal refletir-se-á positivamente. Cummings et al., (2009) sustentam que um governo competente é determinante para uma moral tributária elevada por parte dos contribuintes. Barone & Mocetti (2011) concluem, também, que a moral tributária aumenta quando os contribuintes percecionam que o Estado é eficiente, no que diz respeito à utilização do dinheiro público. Alm & Torgler (2011) destacam, para além da moral tributária, o papel da ética no comportamento dos contribuintes. Para garantir uma confiança recíproca entre os contribuintes e a administração fiscal. Feld & Frey (2002a; 2002b) sugerem a existência de um contrato psicológico entre as partes baseado no respeito mútuo. Feld & Frey, 2002a; 2002c) assinalam que “os contribuintes respondem de determinada maneira conforme são tratados pela administração fiscal”, isto é, se os trata com respeito, os contribuintes tendem a pagar os seus impostos de forma honesta. Por outro lado, se sentem que não estão a ser tratados de maneira correta ou que estão a ser forçados a cumprir, tendem a entrar em incumprimento fiscal. Os autores, Feld & Frey (2002a), por intermédio de um estudo efetuado pela administração fiscal na Suíça concluem que a existência de um contrato psicológico entre as partes favorece o cumprimento fiscal. Pois, uma das razões apontadas pelos autores para que os contribuintes suíços terem níveis

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elevados de moral tributária é o direito de voto que permite que participem ativamente em matérias de natureza fiscal.

2.8. O sistema fiscal português

A entidade que regula o sistema fiscal português é a Autoridade Tributária e Aduaneira. A AT tem como principal função regular e monitorizar os impostos em todas as suas fases, desde a fase da incidência até à do pagamento. No sítio disponibiliza uma série de serviços ao dispor do contribuinte, de modo a agilizar o cumprimento das obrigações fiscais, bem como ajudar o contribuinte nas suas dúvidas em matéria de impostos. Em virtude de os contribuintes estarem sujeitos ao cumprimento de obrigações fiscais, desencadeia-se uma relação entre ambos que se deve reger-se pelo respeito e pela confiança mútua.

A AT estabelece dez princípios pelos quais os seus funcionários se devem guiar no tratamento para com os contribuintes, designada como “carta do utente”4. A carta de

utente é dirigida, sobretudo aos funcionários das repartições de finanças, mas também aos utentes que ficam a conhecer quais são os seus direitos quando se dirigem a uma repartição de finanças.

Em termos de combate à evasão e à fraude fiscal, o governo define por um período de três anos as linhas orientadoras da atuação por parte da AT, a que designa de Plano Estratégico, tendo sido o primeiro para o triénio 2012-2014, AT (2012). Esse plano visa melhorar a performance do sistema fiscal, através da melhoria de qualidade dos serviços, assente na otimização tecnológica.

4 http://info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/apoio_contribuinte/carta_do_utente.htm e disponível nos anexos

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Em relação ao Plano Estratégico 2015-2017 (AT 2015a), este pretende dar relevo a cidadania fiscal, por forma a educar o cidadão para a necessidade do cumprimento voluntário, alertando-o para as suas vantagens, bem como as consequências do incumprimento fiscal. Outro objetivo do plano estratégico é o de fomentar a interação entre contribuintes e a AT, sob as várias ferramentas tecnológicas disponíveis: o “website”; o correio eletrónico; de notificações eletrónicas; via telefone; e através da ação local externa, com o objetivo de simplificar os processos fiscais, a fim de garantir uma maior comodidade ao contribuinte.

No relatório de combate a evasão e fraude fiscal de 2013, AT (2014), consta alguns dados relevantes sobre o cumprimento fiscal em termos de IRS: os contribuintes submeteram de forma eletrónica um total de 5.159.899 declarações de IRS, respeitante ao ano de 2012, 424.706 apresentaram divergências (o que representa 8,3% do total). Todas as declarações em causa foram pré-preenchidas. Foram ainda efetuadas 14.264 liquidações adicionais o que representa um acréscimo de 1.319.526€ na matéria coletável. As regularizações voluntárias da matéria coletável cifraram-se nos 1867 milhões de euros, destas 11% refere-se ao IRS (cerca de 205,37 milhões de euros). Foram também emitidas 3038 notas de cobrança no valor de 118 milhões de euros. Em relação as liquidações oficiosas de IRS, estas foram de 49.513 que representam um valor de 144.577.385€. Quanto a cobrança coerciva, as expectativas foram superadas, pois foram previstos 1.218 milhões de euros (313,8M de IRS) mas, no final do ano de 2013 a cobrança coerciva cifraram-se nos 1.923,5 milhões, nos quais 355,6M foi respeitante ao IRS.

2.9. Síntese

A presente revisão de literatura foi centrada na relação entre os contribuintes e a administração fiscal, na perspetiva do contribuinte. Nos estudos mencionados, entender

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13

o comportamento dos contribuintes perante a administração fiscal, aquando do cumprimento das suas obrigações fiscais, é visto como fundamental, no sentido de estabelecer uma relação saudável entre ambos.

Para que haja uma boa relação entre as partes, alguns autores, (Alm et al., 2010; Gangl et al. 2013) defendem uma mudança de paradigma no tratamento da administração fiscal face aos contribuintes, baseado na confiança e no respeito mútuo.

Segundo Kirchler et al. (2008), o aumento da confiança entre as partes reflete-se numa menor necessidade de a administração fiscal exercer poder coercivo. Além disso, se os contribuintes tiverem a perceção que são bem tratados, de uma forma mais justa, vão tender a legitimar o sistema fiscal.

Segundo Alm & Torgler (2011) a moral e a ética contribui para o aumento do cumprimento fiscal. Relacionada com a moral tributária Feld & Frey (2002a) sugere um contrato implícito entre as partes, com base na confiança e no respeito, com o objetivo de melhorar a relação existente entre a administração fiscal e os contribuintes.

A revisão de literatura aborda os determinantes que podem permitir um bom relacionamento entre os contribuintes e a administração fiscal, pois uma boa relação entre as partes pode influenciar positivamente a forma como a administração fiscal trata os contribuintes e, ao mesmo tempo incutir nos contribuintes a necessidade de serem honestos no cumprimento das obrigações fiscais.

(25)

14

III.

Hipóteses a testar

3.1. Objetivos

Este capítulo aborda as questões de investigação relativamente à revisão de literatura apresentada no capítulo anterior. A revisão de literatura foca a relação entre os contribuintes individuais e a AT, mencionando os fatores mais importantes dessa relação, no seguimento de os contribuintes serem sujeitos ao cumprimento de obrigações fiscais. Além das questões de investigação resultantes da revisão de literatura são enunciadas as hipóteses a testar com o intuito de estabelecer a relação entre os conceitos mais relevantes para o presente estudo.

3.2. Questões de investigação

Na revisão de literatura foram apresentadas as variáveis que podem explicar a relação entre os contribuintes individuais e a administração fiscal. As variáveis mencionadas na revisão de literatura que vão ser alvo neste trabalho compreendem o cumprimento fiscal, a perceção do serviço prestado, a confiança, o poder e a moral tributária.

Os estudantes universitários vão ser o público-alvo deste questionário. As razões para a escolha dos estudantes universitários reside no facto de estes, em princípio terem de pagar impostos durante um período de tempo superior aos demais contribuintes e, também pelo facto de quem detém um diploma universitário tende a auferir mais rendimentos e, consequentemente a pagar mais impostos, do que os restantes que não possuem nenhum diploma universitário (Devos 2005).

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15

1) Os estudantes universitários têm perceção que a fraude fiscal é ilegal?

2) Os estudantes universitários sentem-se bem tratados no relacionamento com a administração fiscal?

3) Os estudantes universitários confiam na administração fiscal para o exercício das suas funções?

4) A perceção dos estudantes universitários é que a administração fiscal exerce poder de modo a que os contribuintes não entram em fuga ao fisco?

Em primeiro lugar, relativamente à primeira questão, na revisão de literatura a fraude fiscal é apresentada como sendo ilegal, pois resulta de atos ilícitos praticados pelos contribuintes, aquando do cumprimento das obrigações fiscais (Pereira 2014).

Em relação à segunda questão, alguns estudos apelam a necessidade de uma mudança de paradigma na forma como os contribuintes são tratados, (Alm & Torgler, 2011; Alm et al. 2010; Gangl et al. 2013), a fim de garantir que os contribuintes sejam bem tratados e, em contrapartida cumpram as suas obrigações fiscais na íntegra.

Quanto à terceira questão, a confiança entre os contribuintes e a administração fiscal é vista na literatura como uma das variáveis essenciais a um bom relacionamento entre as partes, aquando do cumprimento das obrigações fiscais (Alm et al., 2010; Gangl et al. 2013; 2015).

Por último, em relação à quarta questão, o poder da administração fiscal pode ser exercido sob duas formas: o legítimo e o coercivo (Turner 2005). A relação entre o poder que a administração fiscal exerce e a confiança tem impacto positivo no cumprimento fiscal, isto porque, quanto menor é a perceção de poder da administração fiscal, os contribuintes

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16

tendem a legitimá-lo e a cumprir com as suas obrigações fiscais (Gangl et al., 2012; Kastlunger et al., 2012; Kirchler et al. 2008; Lisi 2014).

3.3. Hipóteses de investigação

A seguir são enunciadas as hipóteses de investigação de forma a responder as questões de investigação supracitadas. Neste contexto, as hipóteses de investigação são as seguintes:

H1: O aumento da moral tributária tem impacto positivo no cumprimento de obrigações fiscais;

H2: O serviço prestado tem impacto positivo no cumprimento de obrigações fiscais; H3: O aumento da confiança dos contribuintes na administração fiscal tem impacto positivo na moral tributária;

H4: O aumento da confiança dos contribuintes na administração fiscal tem impacto positivo no cumprimento de obrigações fiscais;

H5: O aumento do poder exercido pela administração fiscal tem impacto negativo na moral tributária dos contribuintes;

H6: O aumento do poder exercido pela administração tem impacto negativo na confiança dos contribuintes;

(28)

17

IV.

Metodologia e dados

4.1. Definição do tipo de metodologia

Este capítulo aborda a metodologia e os dados utilizados para o estudo em causa. Como referido na introdução deste trabalho, o objetivo deste estudo é aferir a forma como os estudantes universitários se relacionam com a AT. Para o atingir, a metodologia usada foi o questionário e o público-alvo foram os estudantes universitários.

4.2. Procedimentos para a construção do questionário

Para a construção deste questionário teve-se em consideração a revisão de literatura apresentada neste trabalho. Assim definiu-se um conjunto de dimensões que compreende os vários determinantes que se pretende aferir com este trabalho. Associada a cada uma dessas dimensões, também foram definidos vários indicadores, que consistem nas questões a que pretendemos ver respondidas. Por último foram definidas escalas que se referem as várias alternativas de resposta em cada questão.

Posteriormente, o questionário foi disponibilizado através de uma aplicação “online” designada por “Qualtrics Survey” nos meses de setembro e outubro. A ferramenta utilizada para o tratamento e para a análise de dados é o SPSS versão 22, visto que é um dos “softwares” estatístico mais indicados para este tipo de trabalho (Brites 2015).

4.3. Questionário

O presente questionário encontra-se dividido em duas partes. A primeira parte é centrada nos indicadores (questões) que são relevantes para sustentar a existência de cada uma das várias dimensões, em relação ao tema em análise.5 A segunda parte aborda as variáveis

5 Ver anexo 2 referente ao guião do questionário baseado em Lazarsfeld adaptado por professor Dr. Rui

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18

sociodemográficas (sexo, idade, distrito de residência fiscal, grau académico, estado civil, a condição perante o trabalho, o rendimento atual do agregado familiar) referente a amostra em causa.

4.4. Amostragem

O questionário realizado, tendo como público-alvo os estudantes universitários, obteve 154 respostas válidas. As 154 respostas observadas do questionário foram integralmente consideradas para efeitos de amostra6.

A amostra é constituída por 154 estudantes universitários, entre os quais 98 do sexo feminino (o que representa 63,6% da amostra) e 56 do sexo masculino, (representa 36,4% da amostra), maiores de 18, com idades compreendidas entre os 19 e os 55 anos. É de referir que o intervalo entre os 19 e os 24 anos é o mais representativo na presente amostra com 57,8%, enquanto 22,7% situa-se no intervalo entre os 25 e os 29 anos. No que respeita aos outros intervalos, tanto o intervalo entre os 30 e os 34 anos e entre os 35 e os 39 anos, a percentagem da amostra em ambos os casos é a mesma (7,8%), enquanto estudantes maiores de 40 anos são cerca de 4%.

Em relação à residência fiscal dos inquiridos, esta distribui-se em quase todos os distritos do país, exceto os distritos do Porto, Viana do Castelo, Bragança, Évora e a RAA. Verifica-se que os distritos predominantes são Lisboa (56,5%), Setúbal (18,8%), Leiria (5,8%) e Santarém (4,5%). Quanto aos restantes distritos, os resultados são residuais. No que diz respeito ao grau académico para o nível de instrução, os estudantes universitários que frequentam o mestrado (inclui mestrado integrado) e a licenciatura têm um maior peso na amostra com 55,2% e 34,4% respetivamente. A terceira categoria mais

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19

representada é a da Pós-graduação / MBA com cerca de 7,8%. Por último, 2,6% dos inquiridos frequentam o doutoramento.

Quanto ao estado civil, a maioria dos inquiridos são solteiros (88,3%), enquanto 7,8% encontram-se casados. Quanto as restantes categorias da amostra, cerca de 2% assinalaram a união de facto e os divorciados como o seu estado civil.

Em relação a condição perante o trabalho, as categorias mais representativas da amostra são: a trabalhar por conta de outrem com 45,5% e a só estudante com 44,2% Quanto as restantes categorias a percentagem é residual.

Por último, os estudantes universitários responderam a uma questão relativo ao rendimento atual do seu agregado familiar, em relação a esta questão, pouco mais de 50% (50,6%) dos inquiridos responderam que o rendimento atual do seu agregado familiar dá para viver, enquanto cerca de 30% (29,9%) os permite viver confortavelmente. É de salientar ainda que 17,5% dos estudantes universitários assinalaram que é difícil viver com o rendimento atual do seu agregado familiar e menos de 2% (1,9%) que é muito difícil viver com o rendimento atual do seu agregado familiar.

(31)

20

V.

Análise de Resultados

5.1. Apresentação dos resultados

O quadro seguinte refere-se a questão “utilização do dinheiro dos impostos”, em que foi perguntado aos estudantes universitários qual a sua perceção sobre a utilização do dinheiro dos impostos, isto é, quais os bens e serviços públicos onde é gasto o dinheiro arrecadado pela AT. É de salientar ainda que, esta questão existia a hipótese de assinalar mais do que uma alternativa, no máximo de três, com o objetivo de evitar o enviesamento e a predominância de respostas centrado numa área em específico.

Quadro 1 - Utilização do dinheiro dos impostos

Utilização do dinheiro dos impostos Saúde 125 81,2% Educação 112 72,7% Segurança 50 32,5% Transportes públicos 15 9,7% Estradas e autoestradas 35 22,7% Bem-estar social 50 32,5% Outra 21 13,6%

Do quadro acima é possível observar que as áreas onde os inquiridos julgam que são utilizados o dinheiro dos impostos são as áreas da saúde com 81,2% e a educação com 72,7%. Também se observa que a área dos transportes públicos é aquela que reúne menos perceção sobre a utilização do dinheiro dos impostos. A área da segurança e bem-estar social reúnem cerca de 32,5% dos inquiridos, enquanto as estradas e autoestradas reúne 22,7% da amostra. Em relação à opção “outra”, 13,6% assinalou-a.

O quadro seguinte prende-se com a principal razão que leva os contribuintes a não fugir ao fisco:

(32)

21

Quadro 2 - Razões para o cumprimento fiscal

Razão principal para não fugir ao pagamento de impostos

Porque é ilegal 37 24,0% Sanções financeiras 30 19,5% Porque sou honesto 30 19,5% Porque é imoral 22 14,3% Porque é injusto para os outros

contribuintes 14 9,1% Não há razão para que possa entrar em

fuga aos impostos 14 9,1% A probabilidade ser apanhado 5 3,2%

Outra 2 1,3%

Total 154 100,0%

Do quadro acima é possível verificar que a razão apontada como a principal para os contribuintes não fuja aos impostos é “porque é ilegal” com 24%. Segue-se as sanções financeiras e o facto de serem honestos, ambos com 19,5%. Por outro lado, a probabilidade de ser apanhado é a que apresenta ser a razão menos forte, 3,2%, além da opção “outra”.

O quadro seguinte apresenta um conjunto de afirmações que transmitem razões pelas quais os contribuintes entram em fraude fiscal.

Quadro 3 - Razões para o incumprimento fiscal

Discordo

totalmente Discordo

Não discordo,

nem concordo Concordo

Concordo totalmente

O risco de ser apanhado é

baixo 16,9% 42,9% 13,6% 25,3% 1,3%

Existe cultura de fraude em

Portugal 1,3% 9,7% 13,6% 51,9% 23,4%

O dinheiro dos impostos não é

bem aplicado 2,6% 14,3% 23,4% 46,1% 13,6%

As potenciais consequências não são suficientes para as pessoas deixarem de fugir ao fisco

1,9% 23,4% 26,0% 42,9% 5,8%

As pessoas acham que já pagam demasiados impostos relativamente aos seus rendimentos

(33)

22

Da análise do quadro podemos concluir que 42,9% dos inquiridos discordam com a afirmação “o risco de ser apanhado é baixo”, enquanto 25,3% concordam com a afirmação. Em relação a segunda afirmação, mais de 50% dos inquiridos concordam (51,9%) que existe uma cultura de fraude fiscal em Portugal. Além disso, cerca de 23,4% concordam totalmente com a afirmação. Quanto a terceira afirmação, cerca de 46% dos inquiridos acham que o dinheiro dos impostos não é bem aplicado, enquanto 14,3% discordam com a afirmação. Nota ainda para os 23,4% que nem discordam, nem concordam. Na quarta afirmação, quase 43% dos inquiridos concordam que as potenciais consequências de ser apanhado, não inibe os contribuintes de fugirem ao fisco, enquanto 23,4% acham que as consequências são suficientes para que não haja fuga ao fisco. Por último, a quinta afirmação é possível constatar que a maioria dos inquiridos acham que pagam demasiado impostos, em relação aos seus rendimentos, pois 54,5% e 37% concordam e concordam totalmente respetivamente com a afirmação.

No quadro seguinte é apresentado um conjunto de afirmações que visam aferir a perceção que os estudantes universitários têm em relação ao serviço prestado pela AT.

Quadro 4 - Perceção do serviço prestado

Discordo

totalmente Discordo

Não discordo,

nem concordo Concordo

Concordo totalmente

Atualmente faz um grande esforço para ajudar os contribuintes a entender a legislação fiscal 13,0% 38,3% 28,6% 18,2% 1,9% A AT é profissional na forma como me trata 3,9% 18,2% 42,9% 32,5% 2,6% A AT dá-me conselhos precisos 11,0% 32,5% 44,2% 11,7% 0,6%

Existe uma grande

probabilidade de ser auditado pela AT

6,5% 36,4% 39,0% 16,9% 1,3%

O pessoal da AT trata-me de

(34)

23

Do quadro acima, relativamente a primeira afirmação, 38,3% dos inquiridos discordam que a AT faça um grande esforço para dar a entender a legislação fiscal aos contribuintes, enquanto 18,2% reconhecem esse esforço por parte da AT. Nota ainda para os 13% que discordam totalmente com a afirmação. Em relação à segunda afirmação, 32,5% concordam que a AT os trata de forma profissional enquanto 18,2% discordam. Além disso, cerca de 43% não discordam, nem concordam. Quanto à terceira afirmação, mais de 44 % não discordam, nem concordam com a afirmação que a AT dá conselhos precisos. Além disso, 32,5% discordam com essa afirmação, contra apenas 11,7% que concordam, praticamente a mesma percentagem (11%) assinalaram que discordam totalmente. Na quarta afirmação, quase 17% concordam que existe uma grande probabilidade de ser auditado, enquanto 36,4% discordam. No entanto, a maior parte dos inquiridos responderam que não discordam, nem concordam. Por último, na quinta afirmação do quadro, 30,5% concordam que a AT os trata de forma razoável e metade dos inquiridos não discordam, nem concordam.

No quadro seguinte é apresentado um conjunto de afirmações sobre a confiança transmitida pela AT nos últimos anos.

Quadro 5 - Confiança na AT

Discordo

totalmente Discordo

Não discordo

nem concordo Concordo

Concordo totalmente Atuou segundo o interesse de

todos os portugueses 5,2% 38,3% 30,5% 25,3% 0,6%

Agiu de forma transparente e

honesta 3,9% 35,1% 39,0% 20,1% 1,9%

É digna da sua confiança no justo cumprimento da sua função

3,9% 25,3% 36,4% 33,1% 1,3%

Cumpre com as suas

obrigações 1,9% 22,7% 30,5% 42,9% 1,9%

Aproveita-se das pessoas mais

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24

Em relação ao quadro acima é possível observar que na primeira afirmação, 38,3% discordam que a AT tenha atuado segundo o interesse dos portugueses nos últimos anos, enquanto 25,3% concorda com a afirmação. Além disso 30,5% não discorda, nem concorda. Quanto à segunda afirmação, cerca de 35% discorda que a AT tenha agido de forma transparente e honesta, enquanto cerca de 20% concorda com a mesma afirmação. Ainda 39% dos inquiridos não discordam, nem concordam. Quanto à terceira afirmação 33,1% concorda que a AT é digna da sua confiança no justo cumprimento da sua função, enquanto 25,3% discordam. Além disso, 36,4% não discorda nem concorda com a afirmação. Em relação a quarta afirmação, quase 43% concordam que a AT cumpre as suas obrigações, enquanto 22,7% discordam. 30,5% não discordam, nem concordam. Por último, quanto à quinta afirmação, 31,2% dos inquiridos discordam que AT se aproveite das pessoas mais vulneráveis, enquanto 21,4% concorda que a AT se aproveita das pessoas mais vulneráveis. Além disso, quase 36% não discordam, nem concordam com a afirmação.

O seguinte quadro apresenta um conjunto de afirmações que se relaciona com a perceção de poder que a AT tem sobre os contribuintes, na medida em que possam ou não fazer muito face a cada um deles. A AT não pode fazer muito se…

Quadro 6 - Poder da AT

Discordo

totalmente Discordo

Não discordo

nem concordo Concordo

Concordo totalmente

Uma grande empresa a

desafiar 10,4% 59,1% 0,0% 24,7% 5,8%

Uma pequena e média empresa

a desafiar 17,5% 56,5% 18,2% 7,8% 0,0%

Um cidadão muito rico a

desafiar 11,7% 48,1% 17,5% 18,2% 4,5%

Um assalariado a desafiar 19,5% 64,3% 11,7% 3,2% 1,3%

Um trabalhador por conta

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25

Do quadro acima apresentado, em relação a primeira afirmação, na sua maioria (59,1%) discorda que uma grande empresa possa desafiar a AT, enquanto 24,7% concorda com a afirmação. Além disso, mais de 10% dos inquiridos discordam totalmente com a afirmação. Quanto à segunda afirmação, também a maioria dos inquiridos, cerca de 56,5% discordam que uma pequena e média empresa possa desafiar a AT, enquanto apenas 7,8% dos inquiridos concordam com a afirmação. Nota ainda para os 17,5% que discordam totalmente. Quanto a terceira afirmação, cerca de 48% discorda que um cidadão muito rico possa desafiar a AT, enquanto 18,2% concorda com a afirmação. Além disso, 11,7% discordam totalmente. Em relação a quarta afirmação, 64,3% discordam que um assalariado possa desafiar a AT e 19,5% discorda totalmente com a afirmação. Somente 3,2% dos inquiridos é da opinião que um assalariado a pode desafiar. Por último, a quinta afirmação, 50% dos inquiridos discordam que um trabalhador por conta própria possa desafiar a AT. Além disso, 27,3% dos inquiridos discordam totalmente e cerca de 15,6% não discordam, nem concordam.

A próxima questão prende-se com possível contacto com a AT por parte dos inquiridos referente a amostra em causa.

Quadro 7 - Contacto com a AT

Contactou a administração fiscal nos últimos 12 meses?

Sim 59 38,3% Não 95 61,7% Total 154 100,0%

No quadro acima é possível observar que dos 154 inquiridos, por um lado 59 contactaram a administração fiscal nos últimos 12 meses representado 38,3% do total da amostra e por outro lado, 95 inquiridos responderam que não (representa 61,7% do total da amostra).

(37)

26

A seguir foi questionado aos que responderam sim à questão anterior qual tinha sido o meio utilizado para contactar com a AT. De salientar o facto, de nesta questão, os inquiridos podiam assinalar mais do que uma opção.

Quadro 8 - Meio utilizado para o contacto com a AT

Meio utilizado para contactar a AT Telefone 22 37,3% Pessoalmente 28 47,5% Carta / Fax 0 0,0% E-mail 11 18,6% Consulta ao portal das finanças 33 55,9%

No quadro acima é possível aferir que o meio mais utilizado pelos inquiridos para contactar a AT foi através da consulta ao sitio do portal das finanças (55,9%), seguido por pessoalmente (47,5%) e o telefone (37,3%). Cerca de 18,6% contactou através de e-mail e nenhum dos inquiridos a contactou através de carta ou fax.

A questão seguinte prende-se com o nível de satisfação associado ao serviço prestado, aquando do contacto com a AT.

Quadro 9 - Avaliação do nível de satisfação

Avalie o seu contacto com a administração fiscal, de acordo com o seu nível de satisfação?

Muito insatisfeito 5 8,5% Insatisfeito 4 6,8% Nem insatisfeito, nem

satisfeito 17 28,8% Satisfeito 30 50,8% Muito satisfeito 3 5,1% Total 59 100,0%

Do quadro seguinte é possível observar que acerca do serviço prestado, 50,8% dos inquiridos encontram-se satisfeitos, 28,8% nem insatisfeitos, nem satisfeitos. Em relação as restantes categorias, 8,5% dos inquiridos encontram-se muito insatisfeitos, enquanto

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27

5,1% declararam estarem muito satisfeito com o serviço prestado. Por último 6,8% mostraram-se insatisfeitos.

Quadro 10 - Experiências com a AT

Deveria ter submetido uma declaração de rendimentos (IRS) em 2015?

Sim 74 48,1% Não 80 51,9% Total 154 100,0%

Submeteu alguma declaração de rendimentos (IRS) em 2015?

Sim 72 97,3% Não 2 2,7% Total 74 100,0%

Tem alguma declaração de rendimentos incompleta de anos anteriores?

Sim 1 0,6% Não 153 99,4% Total 154 100,0% Alguma vez a administração fiscal

colocou-lhe questões para aferir se paga ou não os seus impostos (IRS)?

Sim 3 1,9% Não 151 98,1% Total 154 100,0%

Alguma vez foi multado ou penalizado de alguma forma pela administração fiscal?

Sim 21 13,6% Não 133 86,4% Total 154 100,0%

Tem alguma dívida pendente à administração fiscal?

Sim 2 1,3% Não 152 98,7% Total 154 100,0%

Do quadro acima apresentado é possível observar que, relativamente a primeira questão, 74 estudantes universitários (o que representa 48,1% dos inquiridos) responderam que deveriam ter submetido uma declaração de rendimentos (IRS) em 2015 enquanto 80 estudantes universitários (51,9% dos inquiridos) responderam que não. A segunda questão é dirigida apenas aos que responderam sim à questão anterior. A questão “submeteu alguma declaração de rendimentos (IRS) em 2015?” na sua grande maioria (72 estudantes universitários representando 97,3%) responderam sim e somente 2 estudantes universitários (2,7%) responderam que não. Na terceira questão, de um total

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28

de 154 estudantes universitários apenas um estudante universitário respondeu que sim a questão “tem alguma declaração de rendimentos incompleta de anos anteriores?” Em relação a quarta questão, também de entre 154 respostas, apenas três inquiridos responderam sim, se alguma vez a administração fiscal tinha colocado questões para aferir se paga ou não os impostos devidos em sede de IRS. Quanto a quinta questão, 21 estudantes universitários (o que representa 13,4% dos inquiridos de um total de 154) responderam que já tinham sido multados ou penalizados pela administração fiscal, enquanto 133 estudantes universitários, representando 86,4%, responderam que não. Por último, em relação à sexta questão, aos inquiridos foram questionados sobre se tinham alguma dívida pendente à administração, apenas dois, corresponde a 1,3% dos 154 inquiridos responderam sim, enquanto os restantes 152 inquiridos (98,7%) responderam que não.

5.2. Estatística Descritiva

O seguinte quadro está discriminado a estatística descritiva7 referente às dimensões criadas. As dimensões foram criadas com o objetivo de agregar vários indicadores respeitantes às variáveis em estudo para posterior análise. Assim sendo as dimensões criadas foram a moral tributária, as razões pelas quais os contribuintes não cumprem as suas obrigações fiscais, a perceção do serviço, a confiança na AT, o poder da AT e um índice de cumprimento fiscal. À exceção da última dimensão referida foi considerado a média das respostas dos vários indicadores. Em relação ao índice de cumprimento fiscal consistiu na soma de pontos (1 = Cumprimento e 0 = Não cumprimento), com o objetivo de medir o cumprimento fiscal dos estudantes universitários em sede de IRS. Para o efeito

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foram consideradas quatro questões relacionadas com as experiências com a AT por parte dos estudantes universitários, ou seja, no máximo serão atribuídos 4 pontos a quem for cumpridor e no mínimo 0 a quem não for cumpridor.

Quadro 11 - Estatística descritiva das dimensões

Dimensões N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão Moral Tributária 154 1 8 5,97 1,717 Razões pelas quais os contribuintes não

cumprem as suas obrigações fiscais 154 2 5 3,49 0,486 Perceção do Serviço 154 1 4 2,81 0,576 Confiança na AT 154 1 4 2,94 0,560 Poder da AT 154 1 5 2,27 0,677 Índice de Cumprimento Fiscal 154 2 4 3,312 0,578

5.3. Discussão de resultados

O quadro seguinte refere-se às dimensões e respetivos indicadores que foram considerados para cada hipótese.

Quadro 12 - Hipóteses

Hipóteses Dimensões Indicadores H1 Cumprimento Fiscal Moral Tributária H2, H3, H5 e H6; I1 H2 Cumprimento Fiscal Perceção do serviço H2, H3, H5 e H6; D1 H3 Moral Tributária Confiança na AT I1 E1 H4 Cumprimento Fiscal Confiança na AT H2,H3, H5 e H6; E1 H5 Moral Tributária Poder da AT I1; F1 H6 Confiança na AT Poder da AT E1; F1

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30

O quadro seguinte é um resumo dos resultados referente às hipóteses em estudo. Em primeiro lugar foi calculado o coeficiente de correlação de Pearson r8 com o objetivo de estabelecer eventuais relações entre as variáveis. O coeficiente R varia de -1 a 1 e, quanto mais próximo de zero, isso significa que as variáveis não se encontram correlacionadas. O R quadrado mede em quanta % uma variável é explicada pela outra (Brites 2015) Varia de 0 a 1. Quanto mais próxima de zero, as variáveis não são explicáveis entre si. Posteriormente foi efetuado um teste T à correlação9 (Newbold et al. 2013) para aferir se se rejeita ou se aceita as hipóteses10.

Quadro 13 - Resultado das hipóteses

Hipóteses Coeficiente R R² Beta Teste T Resultado H1

O aumento da moral tributária tem impacto no cumprimento de obrigações fiscais

0,0066 0,0000 0,002 0,0561 Aceita H0

H2

O serviço prestado tem impacto positivo no cumprimento de obrigações fiscais

0,0268 0,0007 0,019 0,2273 Aceita H0

H3

O aumento da confiança dos contribuintes na administração fiscal tem impacto positivo na moral tributária

0,2681 0,0719 0,822 3,4306 Rejeita H0 (Sig 1%)

H4

O aumento da confiança na administração fiscal tem impacto positivo no cumprimento de obrigações fiscais -0,2393 0,0573 -0,193 -2,0917 Rejeita H0 (Sig 5%) H5

O aumento do poder exercido pela administração fiscal tem impacto negativo na moral tributária dos contribuintes

-0,2085 0,0435 -0,529 -2,6282 Rejeita H0 (Sig 1%)

H6

O aumento da confiança dos contribuintes na administração fiscal tem impacto positivo no poder exercido pela administração fiscal

-0,1587 0,0252 -0,131 -1,9816 Rejeita H0 (Sig 5%)

8 O quadro referente ao coeficiente de correlação encontram-se nos anexos 7 e 8. O anexo 7 refere-se ao

coeficiente de correlação em uma extremidade enquanto o anexo 8 refere-se a duas extremidades. No anexo 9 encontram-se os quadros do coeficiente de correlação, tendo por base índice de cumprimento fiscal em 1 e 2 extremidades.

9 Ver no anexo 6 a tabela referente a distribuição t de Student com 2 graus de liberdade. 10 Ver anexo 10 os resultados referente às hipóteses.

(42)

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Do quadro acima é possível observar que a moral tributária não está correlacionada com o cumprimento fiscal, pois apresenta um coeficiente R muito próximo de zero. Em relação ao R², este também apresenta-se praticamente nulo. Facto que se comprova através do teste t Student, porque o resultado obtido encontra-se na zona de aceitação da hipótese nula, pois t (72) = 0,0561.

No que se refere a segunda hipótese, esta tal como a primeira aceita-se a hipótese nula, visto que o coeficiente R é muito próximo de 0, neste caso é 0,0268. Quanto ao R², este apresenta-se muito próximo de zero (0,0007). Quanto ao teste estatístico à correlação, o valor encontra-se na zona de aceitação da hipótese nula, pois t (72) = 0,2273.

Em relação à terceira hipótese, a confiança dos contribuintes na administração tem impacto na moral tributária. O coeficiente R é de 0,2681, enquanto o R² é 0,0719. Quanto ao teste estatístico à correlação, rejeita-se a hipótese nula, pois apresenta-se significativa em termos estatísticos com t (152) = 3,4306 para o nível de significância de 1%.

No que se refere à quarta hipótese, segundo os resultados estatísticos, a confiança tem impacto no cumprimento fiscal, pois rejeita-se a hipótese nula, já que o teste estatístico á correlação indica t (72) = 2,0917 para o nível de significância de 5%. Quanto ao coeficiente R, as variáveis apresentam-se correlacionadas em -0,2393, enquanto o R² é 0,0573.

No que diz respeito a quinta hipótese, o poder da administração fiscal tem impacto na moral tributária, pois rejeita-se a hipótese nula, já que o teste estatístico à correlação indica t (152) = -2,6282 para o nível de significância de 1%. Quanto ao coeficiente R é 0,2085 e o R² é 0,0435.

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Por último, em relação à sexta hipótese é possível verificar que a confiança na administração fiscal está correlacionada com o poder, pois o coeficiente R é -0,1587 enquanto o R² é 0,0252. Além disso, rejeita-se a hipótese nula, visto que o teste à correlação indica t (152) = 1,9816 para nível de significância de 5%.

5.4. Regressão Linear Múltipla

A regressão linear múltipla é um método indicado para explicar o impacto de duas ou mais variáveis numa determinada variável dependente (Brites 2015). Para tal utilizamos o modelo de regressão linear múltipla.

Além disso, para este caso, a variável dependente escolhida é a moral tributária, pois já foi utilizada por diversos autores, incluindo em Portugal (Sá 2013). As variáveis que pretendemos explicar o impacto na moral tributária são: as razões pelos quais os contribuintes não cumprem as suas obrigações fiscais, a perceção do serviço, a confiança na AT e o poder da AT.

A seguir apresentamos um quadro resumo com os resultados da regressão11.

Quadro 14 - Resultados da Regressão Linear Múltipla

Beta t Sig.

Constante 5,519 0,000

Razões pelas quais os contribuintes não

cumprem as suas obrigações fiscais -18,9 -2,375 0,019 Confiança na AT 0,234 2,644 0,009 Poder da AT -0,162 -2,105 0,037 Perceção do Serviço -0,090 -1,043 0,299

Da análise ao quadro acima constata-se que a perceção do serviço é a variável independente que se apresenta como a que tem menor poder explicativo no presente

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modelo, pois o resultado do teste estatístico revela t (152) = -1,043, com o nível de significância muito elevado (Sig. < 0,299), o que indicia que o coeficiente de correlação r é baixo, isto significa que o coeficiente r é aproximadamente zero. Em relação às restantes variáveis, todas são bons preditores da variável dependente (moral tributária), já que os resultados obtidos indicam que a confiança e o poder, que anteriormente relacionavam-se com a moral tributária, encontram-se novamente correlacionados no modelo, isto porque rejeitam-se as hipóteses nulas através dos testes estatísticos t (152) = 2,644 para a confiança e t (152) = -2,105 para o poder, o que é significativo para níveis de 1% e 5% respetivamente. Em relação á variável independente, razões pelas quais os contribuintes não cumprem as suas obrigações fiscais, a hipótese nula é rejeitada porque t (152) = -2,375, para um nível de significância de 5%.

Em relação ao teste F, o modelo apresentado é validado já que F (4,149) = 5,886 com um nível de significância inferior a 1%.

No que respeita ao R² ajustado, visto que é o coeficiente que melhor se adequa para explicar a variável dependente através das independentes (Brites 2015). Neste caso o R² ajustado é 0,113 isto significa que a variável dependente é explicada em 11,3% pelas restantes variáveis.

A equação da reta estimada do modelo é a seguinte:

Moral tributária = β0 -18,9 Razões pelas quais os contribuintes não pagam impostos + 0,234 Confiança na AT – 16,2 Poder da AT – 0,090 Perceção do Serviço

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VI.

Conclusões

6.1. Conclusão

Este estudo teve como objetivo perceber com os estudantes universitários e a AT se relacionam e o seu impacto no cumprimento de obrigações fiscais. Através de um questionário pretendíamos aferir até que ponto os estudantes universitários estariam familiarizados com alguns conceitos de natureza fiscal, mais propriamente o cumprimento fiscal, a evasão e a fraude fiscal, mas também aferir o impacto das variáveis de natureza comportamental no cumprimento fiscal estudadas na literatura ao longo dos anos.

As conclusões mais significativas deste estudo prendem-se com a importância da confiança na administração fiscal por parte dos estudantes universitários. Os resultados obtidos demonstram que a confiança, por um lado tem impacto no cumprimento de obrigações fiscais, enquanto por outro lado é essencial para o acréscimo de moral tributária. Estes resultados encontram-se de acordo com a literatura apresentada (Alm et al. 2010; Torgler 2003). No entanto, tanto a moral tributária como a perceção do serviço não se encontram correlacionados com o cumprimento fiscal como são apresentados na revisão de literatura (Niemirowski et al. 2003; Torgler et al. 2008). Estes resultados podem ser explicados através do facto que, apesar de o cumprimento fiscal apresentar-se elevado, o nível de moral tributária apresenta-se baixo, ou seja não existe grande perceção dos estudantes universitários que a fraude fiscal seja ilegal. Os resultados à perceção do serviço pressupõe que os estudantes universitários acham de uma forma geral que não estão a ser bem tratados pela administração fiscal. No que respeita ao poder exercido pela administração fiscal, este tem impacto positivo na moral tributária, está de acordo com

Referências

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