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Implementação do aleitamento materno na primeira hora de vida na Maternidade Araken Irerê Pinto

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Academic year: 2021

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA III - REDE CEGONHA

ROSICLER CRISTINE COTTIN SEVERIANO ALBUQUERQUE

IMPLEMENTAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO NA PRIMEIRA HORA DE VIDA NA MATERNIDADE ARAKEN IRERÊ PINTO

NATAL – RN 2019

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ROSICLER CRISTINE COTTIN SEVERIANO ALBUQUERQUE

IMPLEMENTAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO NA PRIMEIRA HORA DE VIDA NA MATERNIDADE ARAKEN IRERÊ PINTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica - Rede Cegonha III- da Escola de Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Enfermagem Obstétrica.

Orientador: Prof. Dr. Flávio César Bezerra da Silva

NATAL – RN 2019

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Albuquerque, Rosicler Cristine Cottin Severiano.

Implementação do aleitamento materno na primeira hora de vida na Maternidade Araken Irerê Pinto / Rosicler Cristine Cottin Severiano Albuquerque. - 2019.

33 f.: il.

Monografia (especialização) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Escola de Saúde, Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica III, Rede Cegonha, Natal, RN, 2019. Orientador: Prof. Dr. Flávio César Bezerra da Silva.

1. Parto humanizado Monografia. 2. Aleitamento materno -Monografia. 3. Enfermagem Obstétrica - -Monografia. I. Silva, Flávio César Bezerra da. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 612.63

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ROSICLER CRISTINE COTTIN SEVERIANO ALBUQUERQUE

IMPLEMENTAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO NA PRIMEIRA HORA DE VIDA NA MATERNIDADE ARAKEN IRERÊ PINTO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica - Rede Cegonha III da Escola de Saúde da UFRN como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Enfermagem Obstétrica.

Aprovado em ____ de _________ de 2019.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________ Prof. Dr. Flávio César Bezerra da Silva

Orientador

_________________________________________________ Profa. Dra. Jovanka Bittencourt Leite de Carvalho

1º Avaliador

_________________________________________________ Profa. Ma. Thais Rosental Gabriel Lopes

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O contato pele a pele e o aleitamento na primeira hora de vida são mundialmente reconhecidos como estratégias que tanto ajudam a prolongar a amamentação como também reduzir os índices de morbidade e mortalidade materno-infantil. Outrossim, as boas práticas citadas fornecem ganhos consideráveis a mulher ao ajudar na involução uterina e prevenir doenças como câncer de mama e ovário, além de, ao mesmo tempo, proporcionar oferta de nutrientes necessários ao desenvolvimento neonatal. Nesse sentido, objetivou-se com a intervenção em questão implementar o aleitamento materno na primeira hora de vida numa maternidade pública no estado do Rio Grande do Norte. Escolheu-se como instrumentos metodológicos para esse fim rodas de conversa, sensibilizações de gestores e equipe multiprofissional sobre a relevância da iniciativa para ajudar a concretizar o que preconiza a Rede Cegonha e a Iniciativa Hospital amigo da Criança associado a implantação de um Procedimento Operacional Padrão que normatiza a prática de aleitamento de primeira hora na unidade. Como resultados já alcançados até o momento salienta-se a conclusão da fase de sensibilização e construção/apresentação do Procedimento Operacional Padrão, implementação de uma ficha de quantificação/registro de recém-nascidos amamentados na primeira hora no prontuário. Espera-se submeter o Procedimento Operacional Padrão a apreciação e revisão em meados de abril para posterior implantação na rotina da instituição, com a perspectiva de humanização do cuidado e ampliação dos benefícios que o aleitamento materno precoce proporciona a díade mãe/filho.

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ABSTRACT

Skin-to-skin contact and breastfeeding in the first hour of life are recognized globally as strategies that help prolong breastfeeding and reduce maternal as also child morbidity and mortality rates, as well as providing substantial gains to women, aiding in uterine and preventing diseases. such as breast and ovarian cancer and, at the same time, provides the nutrients needed for neonatal development. In this sense, the purpose of this intervention was to implement first-time breastfeeding in a public maternity hospital in the state of Rio Grande do Norte. Methodological tools for this purpose were chosen for the purpose of conversation, sensitization of managers and multiprofessional team on the relevance of the initiative to help achieve what the Rede Cegonha and the Incentivo Hospital Amigo da Criança, associated with implantation of a Standard Operating Procedure that regulates the practice of first-hour breastfeeding in the unit. To date, the phase of sensitization and presentation of Standard Operational Procedure has been completed, as well as a registry of quantification and registration of newborns breastfed in the first hour. It is hoped that the Standard Operating Procedure will be submitted for review and revision for subsequent implantation in the routine of the institution, with the perspective of humanization of the care and expansion of the benefits that early breastfeeding provides the mother / child dyad.

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AIP Araken Irerê Pinto AM Aleitamento Materno

AMPH Aleitamento Materno de Primeira Hora CAM Cuidados Amigo da Mulher

CEEO Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica IHAC Iniciativa Hospital Amigo da Criança

LM Leite Materno

MAIP Maternidade Araken Irerê Pinto MI Mortalidade Infantil

MM Mortalidade Materna MS Ministério da Saúde

NBCAL Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes ODM Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável OMS Organização Mundial de Saúde

ONU Organização das Nações Unidas OPAS Organização Pan-Americana de Saúde PCLH Posto de Coleta de Leite Humano

PNAM Política Nacional de Aleitamento Materno POP Procedimento Operacional Padrão

RN Recém-Nascido

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 7 2 OBJETIVOS ... 11 2.1 Objetivo geral ... 11 2.2 Objetivos específicos ... 11 3 REFERENCIAL TEÓRICO ... 12

3.1 Contexto histórico da amamentação no Brasil ... 12

3.2 Estratégias favoráveis ao aleitamento na primeira hora de vida ... 13

4 METODOLOGIA ... 15

4.1 Cenário da intervenção em curso ... 15

4.2 Público alvo ... 16

4.3 Estratégias metodológicas ... 17

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 20

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 23

REFERÊNCIAS ... 25

APÊNDICE A - Procedimento operacional padrão aleitamento materno de primeira hora de vida ... 27

APÊNDICE B - Foto: instrumento de coleta de dados dos indicadores boas práticas em AMPH ... 31

APÊNDICE C – Fotos: atividades educativas com equipe multiprofissional ... 32

ANEXO A: Ficha de notificação/registro dos RN’s usada na maternidade Araken Irerê Pinto ... 33

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1 INTRODUÇÃO

Relatório recente publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) mostrou que em 2016 sete mil bebês morreram diariamente nos primeiros 27 dias de vida em todo mundo, sendo a predominância dessas mortes em países pobres e por causas evitáveis (ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE-OPAS BRASIL, 2018).

Deduz-se dessas informações que, caso se mantenham tais estimativas, aproximadamente 28 milhões de crianças com essa mesma idade morrerão no período de 2017 a 2030, prazo final para atingir as metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os indicadores acima destacados demonstram que as metas anteriormente pactuadas através dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), apesar de avançar e reduzir os coeficientes de Mortalidade Infantil (MI) consideravelmente, foram parcialmente alcançadas e ainda se configuram desafio para as autoridades governamentais e não governamentais de todo o globo (ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE-OPAS BRASIL, 2018).

Ainda segundo a OPAS, no período supracitado, o Brasil enquanto uma das nações signatárias desse acordo apresentou resultados satisfatórios em relação as projeções esperadas e alcançou as metas antes do prazo estipulado. No período de 2000-2015 a taxa de MI brasileira caiu 73,67%, no entanto crianças em idade neonatal continuam morrendo por causas evitáveis, essa condição afeta principalmente as crianças indígenas cuja morte acontece numa proporção duas vezes maior do que as demais crianças brasileiras (ORGANIZAÇÃO ANAMERICANA DE SAÚDE-OPAS BRASIL, 2018).

Nesse cenário, a implantação do aleitamento materno (AM) na primeira hora é um dos caminhos de melhor custo-benefício para manutenção da saúde infantil, adotá-lo como estratégia para modificar esses indicadores é de fundamental relevância para a saúde neonatal no Brasil (TENORIO et al., 2018).

A primeira hora de vida representa um período crítico, é o momento de monitorar a vitalidade do RN e realizar intervenções para prevenir complicações neonatais. Dentre tais intervenções o contato pele a pele e amamentação na primeira hora de vida estreitam o vínculo mãe-filho e estimulam o reflexo de sucção da criança, fundamentais ao seu desenvolvimento (ARRUDA et al., 2018).

Revisão sistemática de literatura realizada por Esteves et al. (2014) assinalou a importância do aleitamento materno de primeira hora (AMPH), enalteceu as propriedades do leite materno (LM) recomendando a amamentação precoce na primeira hora de vida. Oddy

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(2013), em estudo ecológico entre 69 países, constatou que a taxa de mortalidade neonatal diminuiu em média 22% com a inclusão do AMPH; esse mesmo estudo alertou para maior vulnerabilidade do recém-nascido (RN) a processos infecciosos quando o início da amamentação for postergado.

Do ponto de vista nutricional o LM é um alimento completo, sua composição possui os elementos necessários em quantidade e qualidade suficientes para suprir as demandas do RN nos primeiros meses de vida, oferece também imunização passiva transferindo anticorpos materno para o filho; fornecendo com isso uma importante linha de defesa contra alergias, infecções e outros distúrbios patológicos (TENORIO et al., 2018).

O LM fornecido pelo colostro nas primeiras horas de vida contém diferentes mecanismos de defesa, além de nutrientes e anticorpos prontos, repassam bactérias entéricas que vão auxiliar na composição da flora intestinal do neonato (ODDY, 2013).

A amamentação também oferece ganhos reais as nutrizes. A OMS/MS evidenciam o papel da amamentação na prevenção de câncer de mama e de algumas neoplasias ovarianas, auxiliando ainda na proteção contra fraturas ósseas e reduzindo os riscos de artrite reumatoide. Quando exclusivo, o AM inibe a ovulação ajudando indiretamente na contracepção (BRASIL, 2015).

Desde 1996 a OMS lançou um guia prático de recomendações com benefícios sustentados em evidências científicas que se mostraram úteis na humanização do parto. Entre tais preconizações estavam o contato precoce pele a pele e o aleitamento na primeira hora de vida. Saliente-se que esse instrumento se tornou referência no planejamento das ações em obstetrícia globalmente e transformou-se num dos pilares centrais na produção de novas linhas de cuidado no âmbito da obstetrícia e no desafio de resgatar saberes e práticas favoráveis ao parto humanizado (OMS, 1996; BRASIL, 2016).

Diante dessas evidências, a Organização Mundial de Saúde (OMS) em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância UNICEF continuou recomendando colocar os bebês em contato pele a pele com suas genitoras imediatamente após o parto, durante pelo menos uma hora, para estimular a construção do vínculo mãe-filho e favorecer o desenvolvimento da amamentação (BRASIL, 2016).

Trata-se de estratégia fundamental e prioritária para a promoção, proteção e apoio ao AM no Brasil e no mundo, se baseia na capacidade de interação dos recém-nascidos (RN) com suas mães nos primeiros minutos de vida (ESTEVES et al., 2014).

Apesar de recomendado pela OMS, o aleitamento na primeira hora não é unanimidade nas rotinas de algumas maternidades brasileiras, alguns impasses devem ser contornados para

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esse fim, como redução do número de cesáreas, ausências de apoio profissional qualificado, tendência ao desmame precoce e outras ações que dificultam a amamentação de primeira hora (ABRANTES et al., 2018).

Diante do exposto, a proposta de intervenção em curso procurou criar canais de estimulo ao AM precoce através da instituição de condutas, ações padronizadas e uniformes conforme recomendam o 4º passo da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) e os princípios diretores da Rede Cegonha (RC), ações que valorizam e resgatam o AM como prática hegemônica (BRASIL, 2016).

Almeja-se através de novas atitudes e comportamento a reinvenção desse contexto, desenvolver habilidades e competências na equipe multiprofissional de modo a fazer do AMPH um benefício direto para o binômio mãe e filho.

Considerando-se a temática exposta, o curso de especialização em Obstetrícia promovido pelo MS proporcionou discussões e direcionamentos sobre novos linhas de cuidado embasados em evidências cientificas no campo obstétrico, essa vivência se mostrou fundamental a formação de material humano necessário a conformação de uma nova realidade, enfermeiros obstetras com habilidades e competências para construir um modelo humanizado de cuidado que ultrapasse a dimensão biológica e considere a mulher em seus aspectos biopsicossociais.

Dessa forma, se faz importante destacar algumas atribuições do enfermeiro obstetra, a exemplo de: trabalhar a autonomia, o respeito, a validação de direitos e recuperação do parto enquanto evento natural, fisiológico e prazeroso, sem desconsiderar o olhar integral da figura feminina em todas as fases da vida. Essas habilidades podem ser desenvolvidas e aprimoradas no exercício do cuidado, durante prestação da assistência em unidades de saúde na perspectiva de intervir e impactar na qualidade do serviço prestado.

Em meio a esse perfil de atuação obstétrica e considerando a caracterização de ambiente institucional condizente com a necessidade de promover assistência digna, a maternidade Araken Irerê Pinto (AIP), unidade de atuação da especializanda autora do presente trabalho e cenário de intervenção, segue recomendações da OMS na organização de uma assistência humanizada. Pois, suas políticas buscam recuperar o parto enquanto ato natural, espontâneo, conduzido sem intervenções, para isso utilizou práticas baseada em evidência no tratamento da mãe e de seu RN.

A maternidade também integra a IHAC e segue os dez passos para o aleitamento saudável proposto pela Declaração de Innocenti na década de 1990. O quarto passo diz que é

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essencial o contato pele a pele entre mãe e filho de forma imediata, no intuito de aumentar o tempo de amamentação.

A temática abordada anteriormente se faz pertinente, visto que a problemática foco da especializanda relatora deste trabalho direcionou atenção a inserção de boas práticas do aleitamento materno na primeira hora de vida. Salienta-se que este direcionamento foi decorrente da atividade de diagnóstico situacional proposta pelo Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica (CEEO) III durante as orientações teóricas para dar andamento a construção do então Projeto a ser desenvolvido em meados de março de 2018.

A partir do que foi exposto, da contradição identificada entre as proposições do Ministério da Saúde (MS) e a rotina da instituição, o estudo em questão se propôs: no primeiro momento - aprimorar os cuidados da equipe multiprofissional através de capacitação em serviço, práticas que valorizem e incentivem o AM na primeira hora de vida e no segundo momento - desenvolver instrumento de normatização das condutas, Procedimento Operacional Padrão (POP). O POP será implementado a médio prazo, previsto para meados de junho de 2019, no desenvolver da assistência local, na perspectiva de uniformizar o cuidado e garantir o aleitamento de primeira hora.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

 Implementar o Aleitamento Materno na primeira hora de vida na maternidade Araken Irerê Pinto.

2.2 Objetivos específicos

 Fomentar discussões sobre a importância de capacitar a equipe multiprofissional da Maternidade Araken Irerê Pinto em relação ao AM na primeira hora de vida do RN;  Estimular novos olhares, atitudes e comportamento favoráveis a implantação do AM na

primeira hora de vida do RN;

 Capacitar a equipe multiprofissional sobre aleitamento materno na primeira hora de vida na maternidade AIP;

 Construir um Procedimento Operacional Padrão (POP) para uniformização/padronização das práticas de enfermagem relacionadas ao AMPH;  Avaliar rotineiramente a inserção do POP e as ações junto as puérperas e

recém-nascidos logo após o parto desenvolvidas pelas equipes multiprofissionais em especial a de enfermagem.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Contexto histórico da amamentação no Brasil

Apesar de muitas evidências comprovarem a superioridade do LM em relação a outros tipos de leite e recomendarem a amamentação nas primeiras horas de vida, ainda é baixa a prevalência do aleitamento no Brasil o que preocupa as autoridades governamentais e organismos não governamentais envolvidos na defesa dos direitos infantis (TENORIO et al., 2018).

Uma breve incursão na história mostra que desde os primórdios a humanidade considera a amamentação como processo natural e fisiológico influenciado por elementos culturais, sociais, familiares e espirituais. Entretanto, mesmo reconhecendo os benefícios que o LM oferece, a prática de amamentação no Brasil na primeira hora de vida é relativamente baixa (HERNANDES et al., 2017)

A industrialização e a emancipação feminina contribuíram para configurar essa realidade, diante das exigências do mercado de trabalho as mulheres encontram nas fórmulas lácteas, no leite artificial, alternativas para alimentar seus filhos enquanto trabalham, gerando com isso um declínio nas práticas de amamentação, contrapondo-se as recomendações da OMS (HERNANDES et al., 2017).

A partir de 1980 a OMS e o UNICEF se articularam para implantar uma política favorável a amamentação. Essa intervenção teve como passo inicial a idealização em 1990 da Iniciativa Hospital Amigo da Criança, estratégia voltada para promover, proteger e apoiar o AM. A finalidade principal de tal proposta consistiu em mobilizar os profissionais dos estabelecimentos de saúde a modificarem condutas e rotinas envolvidas diretamente nos altos índices de abandono da amamentação. Para tanto foram criados os “Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno” (HERGELSEN; LOHMAN, 2017).

Em tais circunstâncias, dispõe-se no Brasil de uma Política Nacional de Aleitamento Materno (PNAM), logística sustentada na articulação de um conjunto de estratégias que protegem e estimulam o AM entre as quais se destacam o Incentivo ao Aleitamento Materno na Atenção Básica - Rede Amamenta Brasil; a IHAC e Método Canguru no universo hospitalar; a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano além de existir legislação específica que protege a amamentação através da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes (NBCAL) (HERGELSEN; LOHMAN, 2017).

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3.2 Estratégias favoráveis ao aleitamento na primeira hora de vida

Fisiologicamente, amamentar representa para a mãe a intensificação de sua maternidade e o aumento do prazer em cuidar do filho. Psicologicamente, essa condição fortalece e consolida a união entre díade mãe/filho. A construção da relação entre a figura materna e seu filho é importante nos primeiros minutos após o parto onde ambos estão literalmente entrando em contato um com o outro (HERGESSEL; LOHMANN, 2017).

A OMS preconiza que imediatamente após o parto deve ser oportunizado o contato pele a pele entre a mãe e seu filho, é nesse período que as mães devem ser orientadas quando seus filhos estão preparados para mamar pela primeira vez. O AM proporciona a criança os nutrientes essenciais ao seu pleno crescimento e desenvolvimento, seus benefícios vão além da primeira infância (SÁ et al., 2016).

Nessas condições o aleitamento na primeira hora de vida além de recomendada pela OMS, corresponde ao 4º passo da IHAC. Atualmente é a estratégia principal para promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno no Brasil e tem como pressuposto a capacidade de interação do RN e sua mãe nos primeiros minutos de vida (ESTEVES et al., 2014).

Estudo recente realizados em Pelotas-RS mostrou que criança amamentadas durante período igual ou superior a um ano apresentaram coeficiente de inteligência, escolaridade e renda aos 30 anos maiores do que aquelas amamentadas menos de um mês (SÁ et al., 2016).

Nessa trajetória, através da portaria ministerial 1.153, criou-se as bases para habilitar as instituições de saúde interessadas em aderir e implantar as boas práticas de atenção ao parto e nascimento, requisito fundamental aos candidatos aos títulos de hospital amigo da criança e cuidados amigo da mulher. O mencionado documento, em seu artigo 4°, recomenda que os Hospitais Amigos da Criança adotarão ações educativas articuladas com a atenção básica, de modo a informar a mulher sobre a assistência que lhe é oferecida do pré-natal ao puerpério (BRASIL, 2014).

Para seguir essas recomendações o MS lançou a RC, um conjunto de ações que objetivam garantir um atendimento de qualidade, seguro e humanizado para todas as mulheres. Sustenta-se em quatro componentes: pré-natal, parto e nascimento, puerpério, crescimento e desenvolvimento (BRASIL, 2011).

Tanto a RC como a IHAC (4º PASSO) tem o AMPH como prioridade e desenvolvem mecanismos práticos para transformar essa diretriz em realidade, ajudando a diminuir os indicadores de morbidade e mortalidade infantil no Brasil. Diante disso, cabe ao enfermeiro e

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sua equipe desenvolver estratégias que estimulem o AMPH, apoiem as mães a iniciá-lo o mais rapidamente possível (SAMPAIO; BOUSQUAT; BARROS, 2016; ANTUNES et al., 2017).

Acerca da AMPH, estudos revelam que essa estratégia demonstrou redução nos indicadores de mortalidade neonatal em 22%, porém estimular a amamentação precoce em 80% dos partos normais e 50% das cesarianas se configura um desafio, diante das dificuldades de adesão que as mães, principalmente aquelas submetidas a partos abdominais, manifestaram em amamentar na primeira hora (HERGESSEL; LOHMANN, 2017).

Seguindo essa linha de raciocínio, faz-se necessário desenvolver ferramentas que favoreçam reconfigurar o cenário atual. Sendo assim, reduzir o desmame precoce e fazer do AMPH uma prática comum e cotidiana nas maternidades brasileiras se apresenta como um processo, com limites e possibilidades. Em tal conjuntura saltos importantes foram e continuam sendo dados nessa direção, contudo outras ações devem ser encadeadas para que os resultados possam atingir uma magnitude ainda maior (BRASIL, 2016; HERGELSER; LOHMANN, 2017).

Com esse fim, faz-se necessário criar caminhos que facilitem a implementação do AMPH na maternidade campo de intervenção de modo a torná-la uma prática frequente na rotina da instituição. Todavia, essas estratégias devem ser planejadas com responsabilidade, de maneira a conduzir as ações com segurança e resolutividade, evitando com isso riscos que ações negligentes podem acarretar ao binômio mãe e filho.

Nessa ótica, se faz importante considerar a construção de um dispositivo que oriente as condutas da equipe multiprofissional durante a assistência puerperal, por meio do uso de um POP. Pois, esse recurso reconhecidamente funciona como instrumento de gestão que norteia as práticas na área de saúde. Com vistas a dar embasamento para a temática de AMPH destaca-se como modelo do POP intitulado Promoção do Contato Precoce e do Aleitamento Materno na Primeira Hora (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO, 2015).

Nessa linha de uso do POP anteriormente citado, Leite et al. (2016) revelam que a equipe de enfermagem se embasa na sua profissão em operacionalizar o cuidado humanizado, cujas ações envolvidas com esse processo envolve o respeito e acolhimento na assistência prestada. Ademais os autores destacam a repercussão esperada no público o qual esse POP foi submetido e validado, onde as mulheres em sua maioria receberam orientação, assistência e foram incentivadas a realizar o aleitamento materno na primeira hora de vida.

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4 METODOLOGIA

Trata-se de intervenção em curso, constituindo-se na possibilidade de mobilizar sujeitos, articular tecnologias e saberes na perspectiva de repensar o pensar-fazer na maternidade/objeto de intervenção e impactar positivamente na configuração de uma nova realidade, conforme preconiza a OMS.

4.1 Cenário da intervenção em curso

A Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto situada a Rua Coronel Juventino Cabral, 1735, bairro Tirol, Natal/RN teve a sua criação proveniente da necessidade de adequação da antiga estrutura do serviço – Maternidade das Quintas e para viabilizar a continuidade dos serviços de obstetrícia – atendimentos e internações obstétricas inaugurou-se em 08 de março de 2016.

Reconhecida como Hospital Amigo da Criança pela OMS, UNICEF e Ministério da Saúde desde 2003, às parturientes/puérperas assistidas são incentivadas ao aleitamento materno desde a admissão até a alta hospitalar. Ademais, o respeito ao direito de a mesma ter um acompanhante de livre escolha durante todo o processo de parto e puerpério precisa ser garantido. Nesse universo, a intervenção em curso pretende sensibilizar/capacitar a equipe multiprofissional da unidade, ou seja, habilitar pediatras, obstetras, nutricionistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem no contato precoce pele a pele e no AMPH.

Ressalta-se ainda que a estrutura física da Maternidade AIP é uma estrutura vertical contando com três andares e um total de 36 leitos de internação obstétrica (05 leitos no pronto-atendimento, 06 leitos do pré-parto, 02 leitos na sala de recuperação pós-anestésica e 23 leitos no alojamento conjunto). A distribuição dos serviços assistenciais e administrativos e leitos por andar se distribui da maneira descrita a seguir:

Térreo

 Recepção

 Acolhimento (sala de cardiotocografia)

 Pronto atendimento Obstétrico (05 leitos de observação), Sala de Medicação  Sala da Fonoaudióloga

 Sala de Vacina

 Sala do Serviço Social  Sala do Faturamento

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 Sala da Coordenação de Enfermagem  Sala do Núcleo de Saúde Coletiva  Sala da Direção Geral e Administrativa  Banheiro para Servidores e Usuários

1º Andar

 01 sala de parto

 01 posto de enfermagem

 07 leitos obstétricos no pré-parto, distribuídos em 03 enfermarias

 01 centro cirúrgico (com duas salas de cirurgia, no entanto apenas uma em funcionamento, 01 sala de recuperação pós anestésica com 02 leitos, 01 estar, vestiário)

 Centro de Material estéril

2º Andar

 Alojamento conjunto com 23 leitos distribuídos em 07 enfermarias;  Sala de Cuidados ao RN;

 Posto de Coleta de Leite humano

4.2 Público alvo

Por se tratar de uma proposta para resolução de um problema encontrado no serviço, tem-se como público direto dessa intervenção a equipe multiprofissional da referida maternidade tem sido capacitada. Essa capacitação tem a intenção de prestar assistência qualificada ao binômio puérpera e recém-nascido com relação ao AMPH, essa equipe é composta por onze médicos obstetras, dezesseis médicos pediatras, doze enfermeiros obstetras, vinte e três enfermeiros generalistas, setenta e quatro técnicos de enfermagem, quatro nutricionistas e cinco assistentes sociais.

Através da sensibilização e discussões/capacitações tem-se levado em consideração que os gestores e 90% da equipe multiprofissional aceitem com mais facilidade as mudanças desejadas, tomando consciência da importância de cada um na configuração desse novo contexto. Indiretamente tais benefícios contemplarão as puérperas, seus RN’s e a sociedade como um todo mediante redução de indicadores de Mortalidade Materna e Infantil.

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4.3 Estratégias metodológicas

As estratégias utilizadas foram embasadas nas recomendações exaustivamente trabalhadas durante o Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica promovidos pelo MS; cujas discussões e direcionamentos desenvolvidos na formação tem repercutido nos contornos reais do planejamento de um cuidado pautado em tecnologias diferentes das práticas intervencionistas e conservadoras de assistir em obstetrícia ainda dominantes.

Nessa perspectiva, a intervenção começou a ser idealizada em março de 2018 e se desenvolveu em três momentos distintos, descritos a seguir: a primeira etapa se tratou de diagnóstico situacional realizado na maternidade AIP onde a relatora do estudo em questão atua como enfermeira, experiência essa que permitiu detectar a problemática alvo da intervenção, resultados de observações e captações de realidade que evidenciou a necessidade de estratégias para criar um novo cenário e contribuir com um cuidado condizente com as recomendações propostas pela OMS/MS.

A segunda etapa se voltou a sensibilização da gestão e coordenação de enfermagem. Foi realizado no dia 22 de fevereiro de 2019, uma reunião na qual foram explanadas a problemática identificada e a finalidade do trabalho. Na ocasião, através de rodas de conversa, foi conduzida discussão sobre a implantação das recomendações da OMS e das redefinições de critérios para a IHAC com destaque para o contato pele a pele e o aleitamento precoce na rotina da instituição. A proposta foi avaliada e considerada viável, com potencial para responder com qualidade as necessidades identificadas.

No decorrer das conversas foram levantados questionamentos de como acontece o monitoramento dessas práticas na instituição. Na ocasião mencionou-se a existência de uma ficha que quantificava o número de RN estimulados na primeira hora e levantou-se a possibilidade de adaptá-la e utilizá-la para produzir indicadores de AMPH.

O momento também foi propicio para ouvir sugestões e esclarecer dúvidas sobre as condições para implantação do AMPH, nessa hora foi compartilhada a ideia de produzir um POP para normatizar tais condutas, ideia já discutida com a responsável técnica do PCLH, porém necessitando de outros olhares para amadurecer e se configurar em realidade, para tanto distribuiu-se cópias do modelo de POP idealizado para análise e apreciação (APÊNDICE A).

Esse pensamento foi amadurecido e ganhou contornos reais durante conversa com a responsável técnica pelo Posto de Coleta de Leite Humano (PCLH) da maternidade/local da intervenção que informou se tratar de excelente subsidio ao sucesso das ações; sem falar que, na medida em que normatiza e orienta tais ações, produz resultados a médio e longo prazo

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tornando o fazer homogêneo, uniforme e humanizado, trazendo nessas condições grandes benefícios a mãe e sua criança. Após discussões e análise da equipe responsável pela avaliação e inserção de novas estratégias, o mesmo o POP elaborado foi considerado importante subsídio a uniformização das ações (APÊNDICE A).

A terceira e última etapa foi destinada a capacitação da equipe de enfermagem. Assim, foi realizada nos dias 14 e 15 de março de 2019 e teve participação de 63,3% dos 109 profissionais que atuam na unidade. Essa fase inicial da capacitação foi rica, contou com a participação dos quatro especializandos que atuam na unidade cuja abordagem tratava de temas diferentes, mas todos relacionados as boas práticas do Parto e Nascimento. A princípio através de aula expositiva dialogada foi feita explanação das recomendações da OMS para o parto normal, enfatizado o papel da RC nesse contexto. Posteriormente foi aplicado um pré-teste com o fim de sondar o conhecimento prévio dos profissionais envolvidos sobre boas práticas de parto normal antes da capacitação.

Em seguida foi explorado em data show as recomendações/orientações da OMS e da IHAC destacando os benefícios do contato pele a pele e do aleitamento de primeira hora para o binômio mãe-filho. Após explanação, em roda de conversa dois desafios foram lançados, primeiro “o que fazer para implantar o AMPH na realidade da instituição?”; segundo “Que instrumentos poderiam ajudar nesse processo?”. Após um momento de reflexão foram estimulados a verbalmente relatar suas sugestões, entre os depoimentos estavam citados a necessidade de criar normas e rotinas, realizar monitoramento do AMPH, construir canais de participação e avaliação das ações, preparar a equipe.

Depois de ouvido as opiniões, utilizou-se novamente o equipamento data show para mostrar um modelo de ficha de quantificação/registro de AMPH e um POP de contato precoce pele a pele e amamentação de primeira hora. Os participantes foram convidados a analisar e fazer as alterações que achassem necessárias para adaptar os dois instrumentos a realidade local. Em seguida, a quase totalidade dos participantes optaram pelos modelos propostos, os que discordaram acharam que poderia ser um pouco mais simplificado.

Ao término da capacitação foram aplicados novos testes para comparar o conhecimento antes e após a capacitação. Após o exercício, decidiu-se coletivamente pela elaboração/implantação de um POP sobre AMPH e adaptação da ficha de quantificação/registro de RN amamentados na primeira hora, instrumentos que servirão não somente para produzir números, informações sobre a eficiência da intervenção como também organizarão a assistência de modo seguro, responsável, afastando possíveis risco que uma ação negligente possa ocasionar a mãe e seu bebê. Saliente-se que antes de ser implementado o POP, este será

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submetido à apreciação e revisão por profissionais com ampla experiência na área de obstetrícia e neonatologia, dependendo dessa supervisão será incluído na rotina do serviço.

Em tal conjuntura é inegável as ricas contribuições que essa experiência ofereceu materializada na habilidade de lidar com novas tecnologias, ao adotar modelos de assistência que se afastam dos métodos intervencionistas de cuidado, que estimulam a autonomia e compartilhamento de saberes, que respeitam e consideram diferentes olhares, conforme preconizam a OMS/MS. Essas competências e habilidades foram sendo construídas e estão presentes em muitos momentos dessa intervenção.

No que diz respeito ao desenvolvimento das atividades: A curto prazo, buscou-se sensibilizar gestores e 50% da equipe multiprofissional sobre a relevância da implantação do AMPH e implantar ficha de monitoramento/registro dos RN’s alimentados na primeira hora de vida, resultados plenamente alcançados, atingiu-se com a sensibilização aproximadamente 65% dos profissionais envolvidos no cuidado e a ficha foi inserida na rotina da instituição.

A médio prazo, em meados de junho de 2019, espera-se implementar o Procedimento Operacional Padrão que normatize e oriente as práticas de AMPH, modelo inicialmente apresentado, aguardando revisão coletiva para ser implantado. Já a longo prazo, propõe-se capacitar 90% da equipe multiprofissional através de rodas de conversa, seminários e oficinas que tenham o AMPH como abordagem central e aplicar esses saberes/habilidades no aprimoramento da assistência as puérperas e recém-nascidos de risco habitual, ações em andamento.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com vistas a apresentar resultados se faz importante deixar registrado que a MAIP possui um comitê de AM ativo e multidisciplinar, com reuniões mensais. A maternidade capacita periodicamente os profissionais com cursos de Manejo Clínico da Lactação com o objetivo de incentivar a equipe a manter os títulos de Iniciativa Hospital Amigo da Criança e Cuidados Amigo da Mulher (CAM).

Acredita-se que, na condição de membro desse comitê, ele representa um caminho/oportunidade de multiplicar agentes e saberes capazes de atingir um maior número de profissionais da instituição a participar das atividades educativas referentes ao AMPH. Como fragilidade principal está a dificuldade da equipe multiprofissional em trabalhar em grupo e aderir ao projeto.

Algumas iniciativas foram tomadas nesse sentido e já apresentaram resultados de curto prazo. A etapa de sensibilização/capacitação, por exemplo, teve uma boa aceitação por parte de gestores e profissionais locais, estima-se que aproximadamente 65% desse público foram sensibilizados/capacitados.

Na ocasião foi apresentado uma ficha de notificação/registro dos RN’s, já existente na unidade (ANEXO B), no entanto foi atualizada (APÊNDICE B), e já produz números, estatísticas relativas a implantação do AMPH. Outro resultado parcialmente alcançado foi a elaboração de um POP sobre “Estimulo ao contato pele a pele e ao AM de primeira hora de vida” fundamental ao exercício dos próximos passos (APÊNDICE A). Este POP elaborado precisará ser discutido junto às equipes assistenciais da obstetrícia para compreensão, direcionamentos e ajustes que se fizerem necessários com vistas a todos os envolvidos se sintam partícipes do processo de refinamento e com isso haja aceitação e realização dos passos a serem seguidos.

As etapas subsequentes são processuais, gradativas e consistem na revisão, validação por parte da equipe multiprofissional do POP para posterior aplicação na rotina da unidade. Espera-se ainda que 90% da equipe multiprofissional responsável pela assistência seja treinada em AMPH, e que esses saberes/práticas possam tornar a assistência a puérpera e seu recém-nascido efetiva, qualificada e continua.

Vale salientar que tais resultados dependem de investimento em educação continuada, na valorização dos diferentes sujeitos e na criação de canais de participação coletiva, de envolvimento ensino-serviço, esforços que a longo prazo podem desenvolver nos profissionais

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envolvidos habilidades para lidar com novas tecnologias de cuidado que respeitam e ensinam a trabalhar em equipe.

Para tanto, o processo avaliativo já tem ocorrido mediante produção de indicadores quantitativos, parâmetros que permitem analisar a eficiência e resolutividade das ações desenvolvidas até o momento. Como também consegue-se identificar mudanças no decorrer da assistência, através do gerenciamento das ações de enfermagem se observa de que forma as orientações/conhecimentos normatizados no POP estão se configurando na prática, avalia-se também mudanças de comportamentos e atitudes consoantes com as recomendações da OMS/MS/RC.

Entende-se que para as etapas subsequentes serão utilizados recursos avaliativos materializados em atividades de educação permanente, reuniões bimestrais para análise dos indicadores relativos ao AMPH, implantação de canais de participação coletiva, caixas de sugestões onde profissionais de saúde, puérperas e seus acompanhantes terão oportunidade de avaliar a efetividade das intervenções e registrar suas contribuições para aprimoramento do serviço. Ademais, serão revisados periodicamente os instrumentos de gestão na perspectiva de acompanhar as recomendações proposições da OMS/MS/RC.

No fluxo das ações propostas para mudança do cenário da assistência obstétrica na Maternidade Araken Irerê Pinto, para que houvesse a realização das intervenções desenvolvidas ora apresentadas se fez necessário uma gama de articulações em nível de orientações e estratégias utilizadas durante o curso de especialização, a associação de formação/intervenção/avaliação como eixos centrais desse processo. Este movimento processual fez uso de recursos dos conteúdos e estratégias pedagógico metodológicas disponibilizadas no CEEO III no que tange aos três focos de análise do processo de formação-intervenção discutido por Santos Filho (2010).

Nessa linha de raciocínio, as estratégias contribuíram para que a especializanda relatora do presente trabalho aprimorasse habilidades e competências no escopo das abordagens metodológicas utilizadas no desenvolvimento da intervenção em curso.

Decorrente do aprendizado e realização das ações salienta-se a contribuição do foco 1 na capacidade de condução/desenvolvimento de práticas assistenciais diversificadas vivenciadas durante as atividades em sala de aula, como aulas expositivas dialogadas, seminários e dramatizações, essa formação além de proporcionar um olhar diferente da realidade/cenário dos estágios no tocante a construir habilidades, permitiu também utilizar tecnologias que norteiam o manejo de situações relativas a condução do trabalho de parto, parto e pós-parto imediato numa perspectiva humanizadora.

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Soma-se ainda a repercussão do nominado foco 1 na paulatina autonomia e segurança da especializanda em avaliar as situações vivenciadas desde a realidade profissional como no campo das atividades práticas do curso, esses momentos foram fundamentais para problematização/intervenção na realidade e articulação de novos rearranjos que teve como produto a reconfiguração do cuidado.

A implementação do AMPH representa a articulação e harmonia dos focos 1 (formação) e 2 (intervenção), reflete a importância do primeiro na configuração do segundo, pois graças a interação entre diferentes sujeitos e saberes foi construído um POP que tem como fim normatizar as ações de AMPH na maternidade alvo da intervenção e impactar na qualidade da assistência ali oferecida. Sendo assim, o processo vivenciado no foco 1 influenciou também na capacidade de mobilização/integração de saberes e fazeres multiprofissionais do serviço cuja sinergia favoreceu a inserção de modificações propostas na intervenção em curso (Foco 2).

Com isso, naturalmente têm sido desencadeadas repercussões também na dinâmica do serviço institucional com movimentos em nível de atenção, assistencial e gerencial. Em se tratando de intervenções processuais, estas serão periodicamente sujeitas a reavaliações que culminarão com redesenhos/cenários/práticas condizentes com linhas de cuidado que privilegiam a multiprofissionalidade, a corresponsabilidade, o envolvimento coletivo e articulado de diferentes sujeitos em todas as etapas do cuidado em consonância com as recomendações preconizadas pela OMS/MS/RC (Foco 3).

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de implementação do AMPH na maternidade/campo de intervenção faz parte de uma proposta de qualificação e aprimoramento de ações já em andamento na unidade. Desde 2011 a instituição segue os princípios e diretrizes da Rede Cegonha e há 16 anos aderiu à IHAC, projetos globais e articulados que buscam humanizar a atenção no campo obstétrico e promover o desenvolvimento infantil.

Todavia, observou-se lacunas existentes no cenário da assistência ao parto da maternidade onde planejou-se desenvolver a presente exposição de intervenção, identificou-se, contudo, que na maternidade/objeto de estudo discrepâncias entre o real e o ideal bem como a presença de prescrições desnecessárias de complementos com fórmula láctea. Ademais, é pertinente ainda registrar a falta de estimulo a amamentação, o descrédito com relação ao AM, entre outros problemas, obstáculos que dificultam o trabalho dos profissionais envolvidos no processo de coleta de leite humano. Percebeu-se que uma parcela dos profissionais locais não está aberta a mudanças, é nítida a resistência da equipe a inovações, mesmo depois de capacitados sobre o manejo clínico da lactação.

Sendo assim, essa proposta se mostrou oportuna por mostrar, num plano geral, o poder de impacto do AMPH na rotina da instituição; expôs o desafio continuo de humanizar a assistência e reduzir os índices de Mortalidade materno-infantil. Além disso, no âmbito particular, destacou o protagonismo do papel do enfermeiro obstetra na reconfiguração desse cenário junto aos profissionais que têm sido sensibilizados e orientados sobre a necessidade de implementar as ações de aleitamento materno na primeira hora de vida, com repercussão na dinâmica e flexibilidade necessária para operar as mudanças cabíveis e alcançar os objetivos traçados.

Seguindo essa linha de raciocínio, tal experiência tem sido fundamental na vivência da especializanda relatora da presente intervenção tanto em nível pessoal, quanto profissional. Ademais, expressou a possibilidade de aplicar na prática conhecimentos/competências construídos e aprimorados durante os momentos de discussões-associações com a realidade, vividos durante o Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica ofertado pela RC, fundamentação teórico-prática assimilada e que hoje ajudou a configurar novos olhares sobre o cuidar.

Essas mesmas bases propiciaram enxergar elementos do cuidado, até então negligenciados, e que hoje se apresentam como essenciais ao sucesso/fracasso da assistência. Pois, estimularam a construção de novas relações de cuidado pautadas na autonomia

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profissional, no respeito, além de terem mostrado a relevância de tecnologias com repercussão na qualidade da assistência e na humanização do pensar-fazer no âmbito obstétrico, competências essas internalizadas e que funcionaram como fundamentação para a assistência proposta para transformar a realidade do serviço prestado às puérperas.

De maneira geral, essas competências estão vivas e em permanente construção, se materializaram em diversos momentos, na capacidade de diálogo e mediação, na sensibilidade em identificar necessidades e coletivamente propor alternativas de enfrentamento dessas mesmas necessidades, seja planejando, gerenciando ou executando conjuntamente todo processo de intervenção.

O impacto dessas ações, as quais se pautaram no desenvolvimento dos focos do processo formação-intervenção, pode ser observado a curto prazo durante as atividades de sensibilização de gestores e profissionais de saúde, no envolvimento, na empolgação, na troca de experiências entre diferentes sujeitos, atitudes e comportamentos que poderão repercutir positivamente a médio e longo prazo por meio de um cuidado qualificado e num plano maior auxiliar na produção de indicadores de mortalidade infantil cada vez menores.

Sendo assim, desenvolver na equipe multiprofissional da instituição habilidades e competências significa criar um novo contexto, novos fazeres, onde serão normatizadas, através de ferramenta de gestão, as práticas de AMPH, ou seja, será instituído na realidade observada um dispositivo capaz de operar na prática as ações que ajudem a fortalecer as políticas de humanização do parto e AM no Brasil.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A – Procedimento operacional padrão: aleitamento materno de primeira hora de vida da Maternidade Araken Irerê Pinto1 (FOLHA 1)

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APÊNDICE A – Procedimento operacional padrão: aleitamento materno de primeira hora de vida da Maternidade Araken Irerê Pinto1 (FOLHA 2)

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APÊNDICE A – Procedimento operacional padrão: aleitamento materno de primeira hora de vida da Maternidade Araken Irerê Pinto1 (FOLHA 3)

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APÊNDICE A – Procedimento operacional padrão: aleitamento materno de primeira hora de vida da Maternidade Araken Irerê Pinto1 (FOLHA 4)

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APÊNDICE B –Instrumento de coleta de dados dos indicadores boas práticas em AMPH2

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APÊNDICE C – Fotos: atividades educativas com equipe multidisciplinar

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ANEXO A – Ficha de notificação/registro dos RN’S usada na maternidade Araken Irerê Pinto3

Referências

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