• Nenhum resultado encontrado

Migração em São Paulo: evidências e hipóteses da redução da intensidade migratória

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Migração em São Paulo: evidências e hipóteses da redução da intensidade migratória"

Copied!
20
0
0

Texto

(1)

Migração em São Paulo: evidências e hipóteses da redução da

intensidade migratória

Valmir Aranha

Paulo de Martino Jannuzzi

Palavras-chave: Demografia; Migrações Internas; Fonte de Dados; São Paulo.

Resumo

Ao longo do século XX, o estado de São Paulo e sua região metropolitana foram alguns dos centros mais importantes de grande atração migratória no país, sobretudo de migrantes do Nordeste, Minas e Paraná. Dados dos Censos Demográficos de 1991 e 2000 anunciaram, contudo, o arrefecimento desses fluxos imigratórios e o aumento das correntes de saída e retorno, tendências atribuídas por diversos estudos, em geral, ao baixo desempenho do mercado de trabalho paulista em criar novos postos de trabalho, a seletividade na contratação da mão de obra, e a própria diminuição do estoque de migrantes em potencial das regiões de emigração. Evidências empíricas mais recentes, aportadas pela Pesquisa de Emprego e Desemprego e pela Pesquisa de Condições de Vida, apontam a continuidade desses processos, em que pese a retomada do dinamismo da economia e da forte criação de postos de trabalho. A investigação de quesitos levantados nas pesquisas acerca dos motivos de migração, do conhecimento de pessoas que chegaram ou partiram, do acesso a programas públicos de transferência de renda parecem agregar informações importantes para a compreensão das tendências migratórias observadas. O trabalho prioriza o foca de sua investigação sobre os migrantes recém-chegados e está estruturado em três partes: uma primeira metodológica apontando conceitos, possibilidades de utilização e comparação entre as fontes de dados utilizadas; a segunda com informações referentes aos níveis da migração para a RMSP e para o interior do estado e suas regiões e; a terceira, contendo informações qualitativas do acerca do processo de mobilidade populacional no estado.

Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu - MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008.

Sociólogo, Analista de Projetos da Fundação SEADE.

Professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, Assessor da Diretoria Executiva da Fundação SEADE.

(2)

Migração em São Paulo: evidências e hipóteses da redução da

intensidade migratória

Valmir Aranha

Paulo de Martino Jannuzzi

Introdução

Ao longo do século XX, o estado de São Paulo e sua região metropolitana foram alguns dos centros mais importantes de grande atração migratória no país, sobretudo de migrantes provenientes do Nordeste, Minas e Paraná. Os fortes constrastes regionais de desenvolvimento econômico, o maior dinamismo na oferta de empregos induzida pela indústria e pela urbanização cresecente, a garantia de oportunidades de mobililidade social no Centro-Sul até os anos 1970 constiuíam fatores de atração estruturadores da migração em direção aos centros urbanos aí localizados, em especial para a capital do estado, sua periferia e cidades de porte médio não muito distantes. Assim, em quarenta anos, entre 1940 e 1980, a população da Região Metropolitana de São Paulo passou de 1,5 milhão para 12,5 milhões; a do estado, de 7 milhões para quase 25 milhões no período.

Dados dos Censos Demográficos de 1991 e 2000 anunciaram, contudo, o arrefecimento desses fluxos imigratórios e o aumento das correntes de saída e retorno. Diversos estudos procuraram explicar essa diminuição da intensidade migratória, de modo geral, em função da perda da atratividade estrutural do mercado de trabalho paulista, que a partir da crise de 1983 passou a ser menos dinâmico na criação de postos de trabalho, nas possibilidade de mobilidade sócio-ocupacional e ainda mais seletivo na contratação da mão de obra (Jannuzzi 2000). Por outro lado, os investimentos públicos e privados realizados ano longo dos anos 1970 em outras regiões do país passaram a criar outros pólos de atração migratória e disputar um contingente já potencialmente menor de migrantes nas regiões tradicionais de emigração.

Com tal comportamento pró-cíclico, supunha-se que a forte recuperação da economia paulista a partir de 2004 e, sobretudo, do emprego desde então estaria novamente reativando a força que as redes sociais tiveram na vinda de migrantes do Nordeste e outras regiões do país no passado. Afinal, interrompendo um longo período de participação decrescente no PIB nacional, a economia paulista viria a crescer mais rapidamente a partir de 2004, com a reativação do consumo interno, induzido pelo aumento do poder de compra do salário mínimo, da ampliação da cobertura dos programas de transferência de renda (em especial o Bolsa-família) e das exportações de produtos agropecuários e minérios. O emprego formal estaria crescendo a taxas superiores a 4 % ao ano no estado a partir de então, com destaque no setor da construção civil (Seade 2008).

Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu- MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008.

Sociólogo, Analista de Projetos da Fundação SEADE.

Professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, Assessor da Diretoria Executiva da Fundação SEADE.

(3)

Contudo, as evidências empíricas mais recentes, aportadas pela Pesquisa de Emprego e Desemprego e pela Pesquisa de Condições de Vida, não mostram a retomada do fenômeno migratório em direção ao estado ou sua região metropolitana. Na realidade apontam a continuidade do processo de arrefecimento.

È na perspectiva de entender esse descolamento da migração interregional e o mercado de trabalho no estado de São Paulo que se propõe esse trabalho. Afinal, a investigação de quesitos levantados nas pesquisas acerca dos motivos de migração, do conhecimento de pessoas que chegaram ou partiram, do acesso a programas públicos de transferência de renda parecem agregar informações importantes para a compreensão das tendências migratórias observadas.

O trabalho focaliza a investigação sobre os migrantes recém-chegados e está estruturado em três partes: uma primeira metodológica apontando conceitos, possibilidades de utilização e comparação entre as fontes de dados utilizadas; a segunda com informações referentes aos níveis da migração para a RMSP e para o interior do estado e suas regiões e; a terceira, contendo informações qualitativas do acerca do processo de mobilidade populacional no estado.

Conceitos e Possibilidades dos Estudos Migratórios segundo a PED e a

PCV

A PED, que teve início em 1984, é um sistema permanente de pesquisa domiciliar na RMSP que permite quantificar a evolução conjuntural da mão-de-obra e caracterizar os diferentes tipos de desemprego, especificando os setores mais afetados pelas oscilações e modificações ocorridas no mercado de trabalho. (Haga, 1987). Através desta pesquisa é possível acompanhar a participação dos migrantes residentes na RMSP em diferentes aspectos: inserção no mercado de trabalho, local de residência anterior, tempo de residência, sexo, idade, escolaridade, etc (Fundação Seade, 1986).

Segundo a metodologia da PED, são definidos como migrantes aqueles que declararem como último local de residência outros municípios do Estado de São Paulo, exceto os da RMSP, outros estados e outros países. Por exclusão, os que sempre residiram na RMSP e os que migraram de um município para outro na própria região (migrantes intra-regional) não os são considerados.

As informações da PED, apresentadas aqui, correspondem ao período de 1988-2007 e apresentam os migrantes segundo faixas de tempo de residência e local de residência anterior1. Trata-se de uma série histórica de vinte anos que aponta com muita clareza o sentido das migrações na RMSP. Ressalte-se que a PED, no Estado de São Paulo, é uma pesquisa restrita à RMSP e reflete, portanto o comportamento da entrada de imigrantes na região, sem se referir, evidentemente, ao volume de saídas, ou seja, da emigração.

A PCV é um survey domiciliar voltado para a caracterização da situação socioeconômica das famílias residentes no estado de São Paulo e está em sua quarta versão. Seu primeiro levantamento foi realizado em 1990 nos municípios da RMSP. Nesta etapa cinco áreas temáticas foram investigadas: renda, inserção no mercado de trabalho, acesso a serviços de saúde, instrução e habitação. Em 1994, o levantamento cobriu as mesmas temáticas e contemplou, além da RMSP, os municípios com mais de 80 mil habitantes residindo em áreas urbanas. A partir desse levantamento foi possível analisar as tendências migratórias de seis conjuntos de municípios segundo critérios de homogeneidade

(4)

demográfico e econômico denominados de Agregações de Centros Urbanos (Acur)2. Em 1998, a PCV teve cobertura ampliada e sua amostra incorporou os municípios com mais de 50 mil habitantes nas áreas urbanas do interior, além da RMSP cobrindo os aspectos demográficos; caracterização das famílias; condições habitacionais; situação educacional; inserção no mercado de trabalho; renda e patrimônio familiar; acesso a serviços de saúde; portadores de deficiência; e vítimas de crimes.

Em sua última versão, 2006, a PCV cobriu toda a área urbana do estado de São Paulo (cerca de 93,7% da população total) e contemplou um escopo temático bastante extenso caracterizando os domicílios e suas condições habitacionais, as famílias e seus patrimônios, dimensionando o acesso a programas de transferência de renda e outros programas governamentais, caracterização demográfica dos indivíduos, acesso e utilização dos serviços de saúde, situação educacional, identificação dos portadores de deficiência física e mental, participação associativa, acesso à Internet, inserção no mercado de trabalho e rendimentos. A população pesquisada pode ser subdividida em regiões denominadas de domínios. Os domínios foram definidos a partir de estudo sobre a distribuição das regiões

administrativas segundo o Índice de Paulista de Vulnerabilidade Social – IPVS3 e foram

assim definidos: Região Metropolitana de São Paulo, Região Metropolitana da Baixada Santista, Região Administrativa de Campinas, Região Administrativa de Sorocaba, Região Administrativa de São José dos Campos, Região Administrativa de Registro, Aglomerado Noroeste (composto pelas regiões administrativas Central, Bauru, Ribeirão Preto e Franca) e Aglomerado Noroeste (composto pelas regiões administrativas de Barretos, São José do Rio Preto, Araçatuba, Marília e Presidente Prudente). A amostra também foi planejada para contemplar a Região Metropolitana de Campinas e, desse modo analisar as informações para as três áreas metropolitanas do Estado (Fundação Seade, 2007).

Segundo a metodologia da PCV de 2006 são definidos como migrantes os indivíduos que declararam que nasceram ou moraram em um município diferente daquele que residiam no momento da pesquisa. Optou-se por considerar diferentes faixas de tempo de residência, agregação regional e o detalhamento segundo local de residência anterior.

A estratégia adotada neste artigo para analisar as tendências migratórias no estado de São Paulo foi enfatizar dois grupos de informações: em um primeiro momento, optou-se por construir indicadores que apontassem níveis ou tendências da intensidade migratória para o estado procurando, na medida do possível, gerar informações regionalizadas. Para tanto as informações da PED focaram a imigração para a RMSP ao passo que, para retratar as tendências do interior em dois momentos intercensitários – 1994 e 2006 - utilizou-se das informações PCV. 4

No segundo momento foram selecionadas informações da PCV de 2006 referentes ao conjunto do Estado de São Paulo e/ou suas regiões (domínios) com destaque para a inserção do migrante recente no mercado de trabalho, motivos que levaram o migrante a morar no município de residência atual, informações sobre imigração ou emigração de parentes dos migrantes entrevistados e acesso aos benefícios públicos de transferência de renda. Os quesitos avaliados nesta etapa foram levantados em diferentes unidades de investigação (indivíduo, chefe da família e chefe do domicílio) e serão explicitados à medida que as informações forem apresentadas.

Apesar de contar com um rico arsenal de informações sobre os migrantes residentes no estado, as informações da PED e da PCV não cobrem toda a diversidade de fluxos migratórios. Alguns limites de interpretação podem ser ressaltados como, por exemplo, a categorização adotada pela PCV quanto ao local de última procedência no interior do

(5)

estado que não permite restabelecer a origem intra-regional dos fluxos captados, a não identificação do local de residência anterior quanto à origem urbana e rural dos movimentos ou a identificação do estado de residência anterior do migrante. Já a PED ao definir migrante como sendo o indivíduo com última residência anterior fora da RMSP deixa de computar a dinâmica intrametropolitano que além de sua interface demográfica é bastante significativa para a compreensão do processo de crescimento e expansão da metrópole paulista.

Por fim, vale ressaltar que os limites apresentados pela PED e pela PCV para a compreensão da dinâmica migratória do estado de São Paulo não constituem obstáculo para utilizá-las como fonte de análise do fenômeno. A PED vem se constituindo excelente fonte de informação sobre as tendências migratórias na RMSP, ao passo que a PCV tem enriquecido o conhecimento dos padrões dos migratórios no território paulista (Aranha, 1996 e Jannuzzi, 1996). Na realidade, como é apontado pelos estudiosos de migração, quando se trata de períodos intercensitários, não resta muitas opções senão trilhar por caminhos menos convencionais e mais criativos para entender os aspectos e as tendências da dinâmica migratória.

A Migração na RMSP segundo a PED

Os dados da PED para o ano de 2007 indicam que a participação relativa dos migrantes na população da RMSP vem diminuindo ao longo dos últimos vinte anos: os migrantes respondiam por 47,3% da população total em 1988 e diminuíram sua participação para 40,1% registrando uma redução de 7,2 pontos percentuais (Tabela 1). Essa diminuição foi bastante regular, porém apresentou uma pequena oscilação entre 1991-1995 voltando a cair nos anos seguinte. Depois desse período, sua queda só não foi plenamente sistemática até 2007 devido a ponto de aumento apresentado no ano de 2001 (44,1%) que, logo em seguida tornou a decrescer.

O significado dessa informação é muito claro: a participação dos migrantes na principal metrópole industrial do país vem se reduzindo paulatinamente confirmando as hipóteses das projeções populacionais elaboradas pela Fundação SEADE (Seade, 2004).

Em que pese à generalização desse processo para todos os migrantes residentes na RMSP, essa diminuição tem afetado com mais ênfase aqueles residentes há menos de três anos – migrantes recentes - que apresentaram a maior redução, quase 50% durante o período passando de 6,2% para 3,3 %.

Para o grupo dos migrantes de 3 a menos de 10 anos de residência – migrantes intermediários - as cifras que, em 1988, representavam 8,6% da população seguiram a mesma tendência de redução, porém, com diferencial de que esse grupo apresentou um aumento relativo de sua participação até o ano 2004 – ano que representou 9,6% da população. A partir daí a diminuição foi constante até chegar ao final do período representando 5,4% da população metropolitana. Vale ressaltar que se considerarmos apenas o período 1995-2007 a redução desse grupo foi superior a 40%.

Os migrantes residentes de 10 anos e mais na RMSP – migrantes antigos – foram aqueles que registraram a participação mais regular ao longo do período com variação de apenas 1,0%. Esse grupo é composto pelo estoque de imigrantes que chegaram à RMSP ao longo de sua história de crescimento e de desenvolvimento econômico.

(6)

Tendo em vista que os migrantes residentes há menos de 3 anos apresentaram a maior redução em sua participação relativa no total dos migrantes, bem como devido ao interesse prioritário deste estudo na identificação das tendências recentes da migração, o Gráfico 1 detalha a participação desse grupo segundo os anos de residência na RMSP.

Ainda que apresente a mesma tendência de redução ao longo do período intercalado com um aumento relativo na primeira metade dos anos noventa, o grupo de residentes a menos de um ano apresenta uma participação diferenciada. Esses migrantes são aqueles que estão na ponta do processo migratório dado que são aqueles que se somam a cada ano na população metropolitana e representavam 2,7% em 1998. Sua participação diminuiu até o ano de 1991 para 2,1% e aumentou novamente de forma constante até 1995, quando passou a representar quase 3,0% da população. Em seguida inicia-se uma tendência de diminuição na proporção destes migrantes até o ano de 2003, quando a participação desse grupo se estabiliza em torno de 1,3% até o final do período. Em termos absolutos, a entrada de imigrantes na RMSP aparentemente se estabilizou em torno de 200 mil pessoas por ano.

(7)

Ta bela 1 Dis tribu içã o d a Popu laç ão s egund o Con d ição de M igração e T em p o de Res id ência Regi ã o M e tr op olitana d e S ão Paulo 19 88- 2007 T e m p o de Res idência 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 TO TA L 100,0 100 ,0 100,0 100 ,0 100,0 100 ,0 100,0 100 ,0 100,0 100 ,0 100,0 100 ,0 100,0 100 ,0 100,0 100, 0 100,0 100, 0 100,0 100, 0 Não-Mig ran te 52,7 53, 4 54,0 54, 3 52,8 53, 0 52,8 52, 9 53, 3 53, 8 54,5 55, 6 56,2 55,9 56, 5 56,8 57,8 58,5 59,3 59,9 Mig ran te 47,3 46, 6 46,0 45, 7 47,2 47, 0 47,2 47, 1 46,7 46, 2 45,5 44, 4 43,8 44,1 43, 5 43,2 42,2 41,5 40,7 40,1 Men o s de 3 A n os 6,2 5 ,9 5,6 5 ,3 5,7 5 ,7 5,7 6 ,3 6,3 6 ,3 5,7 4 ,8 4,2 4 ,4 4,0 3 ,9 3,3 3 ,1 3,3 3 ,3 m en o s de 1 A n o 2 ,7 2, 7 2 ,3 2, 1 2 ,3 2, 5 2 ,6 2, 9 2 ,6 2, 7 2 ,2 1,9 1 ,8 2,1 1 ,7 1,6 1 ,3 1,3 1 ,4 1,4 de 1 a m en o s de 2 A n os 1,8 1 ,6 1,7 1 ,5 1,6 1 ,5 1,6 1 ,7 2,1 1 ,7 1,7 1 ,4 1,1 1 ,1 1,2 1 ,0 1,0 0 ,9 1,0 0 ,9 de 2 a m en o s de 3 A n os 1,8 1 ,7 1,6 1 ,6 1,8 1 ,7 1,6 1 ,6 1,7 1 ,9 1,7 1 ,5 1,3 1 ,3 1,1 1 ,2 1,0 0 ,9 0,9 1 ,0 Men o s de 10 an os 14,8 14, 0 13,7 13, 4 14,6 14, 7 15,3 15, 9 15,5 15, 5 15,0 13, 5 12,8 12,9 12,3 11,7 10,3 9 ,5 9,1 8 ,7 de 3 a m en o s de 10 A n os 8,6 8 ,0 8,0 8 ,2 8,9 9 ,1 9,6 9 ,6 9,2 9 ,1 9,3 8 ,7 8,7 8 ,4 8,3 7 ,8 7,0 6 ,4 5,8 5 ,4 De 10 A n os ou m ais 32,4 32, 6 32,4 32, 3 32,6 32, 3 31,9 31, 2 31,1 30, 7 30,6 30, 9 31,0 31, 2 31,2 31,5 31,9 32,0 31,6 31,4 F o nte : SEP . Convên io Seade Dieese. (1 ) Re fe re -se ao p eríod o f ev. /d ez .

(8)

Gráfico 1

Percentual dos Migrantes Residentes há m enos de 3 anos na População Total Região Metropolitana de São Paulo

1988-2007 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 19 88 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Anos Em %

menos de 1 Ano de 1 a menos de 2 Anos de 2 a menos de 3 Anos

Fonte: SEP. Convênio SEADE/DIEESE. Pesquisa de Emprego e Desemprego - PED.

O Gráfico 1 mostra que apesar da razão entre os migrantes que permaneceram na RMSP do primeiro para o segundo ano de residência ter aumentado de 1998 para 2007 (vide a diminuição do espaçamento das barras do gráfico), a capacidade de retenção e permanência destes migrantes diminuiu. Após o primeiro ano de residência os migrantes que permaneciam na RMSP – de 1 a menos de 2 anos - somavam cerca de 260 mil indivíduos sendo que esse volume permaneceu estável no período 1988-1998. Após 1999, observa-se uma redução quase constante a cada novo ano até chegar em 2007 totalizando 180 mil migrantes.

Sob esse ângulo, estas informações indicam a seletividade do processo migratório na RMSP, pois se, por um lado, somente uma parte dos migrantes que chegam, permanece na região após um ano de residência, por outro, continua ocorrendo a reemigração de um segmento que, passando pela RMSP e não se fixando, parte novamente em busca de novas possibilidades de sobrevivência em outras regiões5.

Em síntese, apesar da visível diminuição da participação dos migrantes na população total da RMSP e do aparente aumento da dificuldade de retenção e permanência destes, o estoque de migrantes ainda é extremamente alto e contribui com mais de 7,8 milhões de migrantes residentes.

Outro aspecto importante apontado pelas informações da PED são as mudanças ocorridas segundo o último local de residência dos migrantes residentes há menos de 3 anos na RMSP. Sabe-se que os estados da região Nordeste são as áreas tradicionais de origem dos migrantes que se dirigem para a RMSP, porém a participação dos nordestinos ao longo dos últimos vinte anos apresentou importante diminuição de mais de 10,3 pontos percentuais e passou de 59,4% no biênio 1988/1989 para 49,1% para o biênio 2006/2007. O

(9)

período de maior redução na participação dos nordestinos nos migrantes recentes ocorreu entre os biênios 1988/1989 e 2000/2001 quando foi registrada uma diminuição de 7 pontos percentuais na participação desse grupo.

Os migrantes com residência anterior no estado de São Paulo, exceto a RMSP (interior do estado) apresentou uma tendência oposta em sua participação quando comparada aquela apresentada pelos nordestinos. Esse grupo de migrantes do próprio estado apresentou nos últimos vinte anos um aumento de mais de 10 pontos percentuais, de 13,5% no biênio 1988/1989 para 23,7% no biênio 2006/2007.

Outro grupo que merece destaque é aquele com residência anterior em outro país. Apesar de menos expressivo em suas cifras, esse grupo apresenta um aumento sistemático ao longo dos vinte anos passando de 1,3% para 4.0%. Alguns estudos (Silva, 1995, Choi, 1991 e Truzzi, 2001) vêm indicando a presença cada vez mais significativa de diferentes nacionalidades na população metropolitana, embora no contexto das migrações brasileiras, as imigrações para outras partes do mundo internacionais sejam também bastante importantes (Patarra, 1995).

Por fim, observam-se as tendências dos migrantes com residência anterior nos estados do Norte, Sul e Centro-Oeste em conjunto e aqueles do Sudeste exceto São Paulo que apresentaram uma tendência estável, no primeiro caso e, uma diminuição relativa com pequenas variações no segundo.

Tabela 2

Distribuição dos Migrante Residente na RMSP há menos de 3 anos, segundo último local de Residência RMSP

Biênios 1988 a 2007

Em porcentagem Último local de Residência 1988 (1)/

1989 1990/ 1991 1992/ 1993 1994/ 1995 1996/ 1997 1998/ 1999 2000/ 2001 2002/ 2003 2004/ 2005 2006/ 2007 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Estado de São Paulo, exceto RMSP 13,5 14,4 17,9 16,3 15,7 15,4 19,8 21,4 22,0 23,7

Regiões Norte, Sul ou Centro-Oeste 10,9 10,6 11,6 9,7 8,9 10,0 10,1 9,1 9,8 10,5

Região Sudeste, exceto Estado de São Paulo 15,0 15,3 13,7 12,9 11,7 12,1 14,1 12,1 13,1 12,8

Região Nordeste 59,4 58,0 54,8 58,6 60,4 59,4 52,3 53,4 51,3 49,1

Outro País 1,3 1,8 2,1 2,5 3,3 3,1 3,7 3,9 3,9 4,0

Fonte: SEP. Convênio Seade-Dieese. Pesquisa de Emprego e Desemprego - PED (1) Para o ano de 1988 foram considerados os meses de fevereiro a dezembro.

A Migração no Interior do Estado de São Paulo segundo a PCV

Acompanhando a tendência apresentada na RMSP a participação dos migrantes no total da população do interior do estado de São Paulo6 diminuiu de 53,3% no ano de 1994 para 46,1% no ano de 2006 (Tabela 2). Esta diminuição de 7,2 pontos percentuais é indicativa que toda a população do estado vem apresentando uma menor participação dos migrantes. Do ponto de vista interestadual, apenas as regiões do Leste e a do Litoral continuaram apresentando no ano de 2006 mais de 50% de migrantes em sua população total, para as demais regiões do interior a população não-migrante superou a de migrantes.

(10)

Tabela 3

Interior do Estado de São Paulo 1994 e 2006 1994 2006 1994 2006 1994 2006 1994 2006 1994 2006 1994 2006 1994 2006 Total 11,0 6,2 10,1 6,6 7,5 5,9 24,7 27,5 53,3 46,1 46,7 53,9 100,0 100,0 Leste 10,8 5,6 10,4 6,9 8,3 5,6 24,6 32,1 54,1 50,4 45,9 49,6 100,0 100,0 Oeste 13,3 6,9 9,7 6,6 7,2 5,7 27,6 26,2 57,8 45,3 42,2 54,7 100,0 100,0 Norte 8,6 5,5 9,1 6,5 5,5 4,8 25,2 19,8 48,4 36,5 51,6 63,5 100,0 100,0 Central 10,6 7,4 10,7 6,1 6,7 5,9 23,8 26,6 51,8 46,0 48,2 54,0 100,0 100,0 Litoral 13,9 7,3 11,9 7,7 9,3 8,9 24,6 26,9 59,7 50,8 40,3 49,2 100,0 100,0 Vale do Paraíba 9,5 4,6 8,5 5,4 7,0 4,7 22,7 29,7 47,7 44,4 52,3 55,6 100,0 100,0

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida - PCV 1994.

Casa Civil: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida - PCV 2006. Distribuição dos Migrantes segundo Tempo de Residência Distribuição da População Segundo condição de Migração e Tempo de Residência

Não Migrantes Total

Total Migrantes

0 a 3 anos 4 a 8 anos 9 a 13 anos mais de 13 anos

Considerando-se as informações para os anos de 1994 e 2006, verifica-se que o maior impacto dessa redução ocorreu entre os migrantes residentes a menos de 13 anos ao passo que para os mais antigos – mais de 13 anos de residência – houve um aumento proporcional em sua participação. Observe-se que nas três primeiras categorias de migrantes definidas por tempo de residência – 0 a 3 anos, 4 a 8 anos e 9 a 13 anos – a participação diminuiu significativamente para o total do interior: quanto menor o tempo de residência, maior a redução proporcional. Para os migrantes de 0 a 3 anos de residência a redução foi 11% para 6,2%, para o grupo de 4 a 8 passou de 10,1% para 6,6% e para o grupo de 9 a 13 de 7,5% para 5,9% da população respectivamente nos anos 1994-2006.

Da perspectiva inter-regional as regiões Leste, Oeste, Central, Litoral e Vale do Paraíba apresentaram tendências semelhantes ao conjunto das regiões do interior do estado ao passo que as regiões Norte e Central mostraram uma redução em todos os grupos de tempo de residência de migrantes.

Priorizando o foco sobre os migrantes recentes do interior do estado - 0 a 3 anos de residência – a Região do Litoral apresentou a maior diminuição na proporção de migrantes passando de 13,9% em 1994 para 7,3% em 2006; a seguir vem a região Oeste, que passou de 13,3% para 6,9%, a Leste de 10,8% para 5,6%, do Vale do Paraíba de 9,5% para 4,6%, a Central de 10,6% para 7,4% e, por fim a Região Norte de 8,6% para 5,5%.

Do ponto de vista da distribuição espacial destes migrantes, a Região Leste é a principal concentradora dos residentes há menos de 3 anos no interior do estado com cerca de 25% do migrantes, seguida pela Central com 22% e a Oeste com 17% (Gráfico 2). Vale destacar que a região do Litoral ainda é responsável por concentrar cerca de 14% de todos aqueles que se dirigiram ao interior do estado apesar de ter registrado a maior diminuição proporcional dos migrantes recentes entre 1994-2006.

(11)

Gráfico 2

Distribuição dos Migrantes Residentes há menos de 3 anos nas Regiões do Interior

Interior do Estado de São Paulo 2006 25% 17% 13% 22% 14% 9%

Leste Oeste Norte Central Litoral Vale do Paraíba

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida - PCV 1994.

Casa Civil; Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida - PCV 2006.

Outra mudança importante que parece ter ocorrido na migração do interior do estado relaciona-se à mudança na composição dos fluxos apontando para a diminuição na participação dos movimentos intra-regionais entre 1994- 2006 (Tabela 4). Em 1994, metade dos migrantes recentes provinham de cidades do próprio interior paulista; em 2006 a participação desses migrantes reduziu para 38,2%. Por outro lado, fruto do efeito de composição, os migrantes advindos da RMSP e aqueles de outros estados/países apresentaram aumentos importantes. No contexto regional, vale destacar que todas as regiões do interior apresentaram tendência semelhante, sendo que a região Leste foi aquela que apresentou a maior redução nos fluxos advindos do próprio interior passando de 48% em 1994 para 28,4% e, 2006.

Tabela 4

Distribuição da Origem dos Migrantes segundos Regiões Interior do Estado de São Paulo

1994 e 2006 Em Porcentagem 1994 2006 1994 2006 1994 2006 1994 2006 Leste 20,0 24,0 48,0 28,4 32,0 47,7 100,0 100,0 Oeste 20,0 20,1 55,0 45,7 25,0 34,2 100,0 100,0 Norte 9,0 21,7 48,0 48,3 43,0 30,0 100,0 100,0 Central 21,0 29,8 58,0 41,6 21,0 28,6 100,0 100,0 Litoral 21,0 24,5 44,0 38,9 35,0 36,6 100,0 100,0 Vale do Paraíba 19,0 37,7 53,0 28,3 28,0 33,9 100,0 100,0 Interior 19,0 25,6 50,0 38,2 31,0 36,2 100,0 100,0

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida - PCV 1994.

Casa Civil; Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida - PCV 2006. Origem

(12)

Em síntese houve uma redução importante na proporção de migrantes na população do interior do estado de São Paulo, sendo essa redução mais significativa nos migrantes com menor tempo de residência – até 3 anos de residência. Por outro lado, os migrantes com mais de 13 anos apresentaram um aumento em sua participação proporcional o que indica a entrada de migrantes nesta faixa de tempo de residência, bem como a maior permanência desse grupo na região. Com relação à distribuição regional dos migrantes, a região Leste – onde se localiza Campinas - é a principal concentradora dos migrantes recentes com menos de 3 anos de residência, cerca de 25% dos que passaram a residir no interior do estado. Ressalte-se também a diminuição na participação dos movimentos intra-regionais na composição dos fluxos migratórios para o interior do Estado.

Motivos de Escolha dos Municípios de Residência

Frente ao contexto caracterizado por alterações marcantes no padrão de redistribuição da população brasileira, e em especial no estado de São Paulo, as informações sobre os motivos que levaram o migrante a morar no município de residência atual podem contribuir, com sua abordagem mais individualizada, com elementos que podem enriquecer as abordagens analíticas mais estruturais, tais como fatores de expulsão e de atração, local de origem e destino, divisão social e territorial do trabalho, distribuição desigual das oportunidades, etc (Antico, 1997, Oliveira e Jannuzzi, 2005).

Segundo a Pesquisa de Condições de Vida os motivos de migração7 estão bastante

equilibrados considerando aqueles relacionados à busca ou mudança do trabalho (33,4% e 15,8% respectivamente) e os demais motivos declarados (Tabela 5). Enquanto os motivos relacionados com questões do trabalho representam 49,2%, os demais motivos em conjunto representam 50,8%. Nos demais motivos exceto o trabalho, o mais expressivo refere-se a morar com ou próximo a parentes com 28,7% e esse motivo é um indicativo bastante forte da existência e do papel das de apóio as migrações. Vale destacar também motivos relacionados com os custos de moradia e as melhores condições de segurança com 15,6% e 11,8% respectivamente e tratamento de saúde e estudo com aproximadamente 6,0% das motivações declaradas.

Tabela 5

Distribuição dos Motivos de Migração Declarados pelos Chefes de Domicílio Residentes há menos de 3 anos por Estratos Amostrais Estado de São Paulo

2006

Motivos da Migração Áreas Não-Vulneráveis Áreas Vulneráveis

Obter um novo trabalho 33,4 56,1 43,9

Mudança do local de trabalho 15,8 70,8 29,2

Estudar 6,1 75,6 24,4

Realizar tratamento de saúde 6,4 61,9 38,1

Menores custos de moradia 15,6 36,0 64,0

Melhores condições de segurança 11,8 67,1 32,9

Morar com ou próximo a parentes 28,7 60,8 39,2

Outros 13,1 49,9 50,1

Fonte: Casa Civil: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida - PCV 2006.

Estratos Amostrais Proporção sobre o total

(13)

Essas informações ficam ainda mais enriquecedoras quando desagregadas segundo os estratos amostrais da PCV definidos em áreas de residência vulnerável e

não-vulnerável.8 Observa-se que existe uma diferença significativa dos motivos segundo os

estratos amostrais, porém o motivo que apresenta o maior equilíbrio de respostas entre os estratos é a obtenção de um novo local de trabalho. Essa informação aponta para o fato de que, mesmo o não sendo elemento determinístico na explicação da mobilidade populacional o trabalho continua influenciando significativamente na decisão de migrar independente do perfil do migrante. Enquanto que para os chefes residentes em áreas vulneráveis representou 43,9% dos motivos, para as áreas não-vulneráveis chegou a 56,1%.

Para os demais motivos observam-se as maiores proporções para os migrantes residentes em áreas não-vulneráveis. De fato, para motivos como estudar ou mudança do local de trabalho, a proporção chega a mais de 70% e para motivos como realizar tratamento de saúde, melhores condições de segurança e morar com ou próximos a parentes chega a mais de 60,0% em favor dos residentes nas melhores áreas.

O motivo mais representativo declarado para os migrantes que residem em áreas vulneráveis foi o menor custo de moradia com 64,0% das respostas. Aparentemente a decisão de migrar deste grupo relaciona-se com processos característicos da dinâmica urbana das grandes cidades e das metrópoles brasileiras marcadas pela segregação sócio-espacial, crescimento de áreas periféricas, processo de conurbação e formação de cidades dormitórios (Rolnik, 1990, Bógus e Montali, 1994). De fato, para deslocamentos de curta distância, isto é, mobilidade intraurbana (Tabela 6), motivos como a busca de aluguel mais barato, da casa própria e de melhores condições de moradia adquirem uma importância maior que aqueles relacionados com o trabalho.

Tabela 6

Distribuição dos Motivos Declarados pelos Chefes para a Mudança de Domicílio Estado de São Paulo

2006

Motivos da Migração Não Migrante Migrante

Total 100,0 100,0 100,0

Aluguel mais barato 15,1 16,8 16,3

Morar em casa própria 33,2 28,2 29,7

Melhores condições de moradia (espaço, est.conserv., etc.) 15,9 15,9 15,9 Local mais próximo a novas oportunidades de trabalho 3,6 5,5 4,9

Maior oferta de transporte público (0,1) (0,5) (0,3)

Local mais próximo do trabalho ou escola 4,1 6,4 5,7

Infra-estrutura urbana mais adequada 2,2 1,8 1,9

Maiaor oferta de equipamentos sociais (0,2) (0,2) (0,2)

Melhores condições de segurança 1,6 1,7 1,6

Motivos familiares ou pessoais 21,6 18,6 19,5

Outro 2,4 4,6 3,9

Fonte: Casa Civil: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida - PCV 2006.

() Valor sujeito a erro amostral relativo superior a 20%.

Condição de Migração

(14)

A Tabela 7 destaca os motivos de migração segundo os diferentes domínios (regiões) da PCV. O motivo de migrar relacionado com a “busca de um novo trabalho” divide as regiões em praticamente três grupos: a região da Baixada Santista que apresenta a maior parcela das respostas em busca de novo trabalho com 40,9%; em um patamar intermediário, a RMSP, Sorocaba, São José dos Campos e os aglomerados Central Norte e Nordeste apresentaram esse motivo como sendo 30% das respostas; e a região de Registro com a menor proporção 18,6%. Vale ressaltar o caso de Campinas, que mesmo sendo uma área de intensa imigração apresenta uma proporção inferior a 30% dos motivos relacionados à busca de trabalho.

(15)

Ta b el a 7 Dist ribuiç ão do s M o ti v o s de M igr ã o Decl ar ados pelo s Chef es de Do m ic ílio s Re side nte s há m enos de 3 a n o s seg u ndo Do m ínios de An á lise E sta d o d e o Paulo 2 006 Dom íni os Ob te r u m n ovo tr ab al h o M u da nça do lo ca l d e t rab al h o Estu da r Rea liz ar tr at am en to d e sa úde M eno re s cust o s de m o ra d ia M elhor es c o ndiç õe s de se g ura n ça M o ra r c o m o u p x im o a p ar en te s Outr os R M d e São P au lo 3 3,4 1 3,3 5 ,3 5,8 1 8,7 9 ,3 2 7 ,8 16 ,4 B ai x ad a S an ti st a 40 ,9 7, 7 2 ,5 6 ,4 1 4 ,3 10, 3 1 7 ,0 2 0,5 R A de Ca m p in as 26,2 26,1 5,4 8 ,3 12,9 7,2 3 1,1 8 ,5 R A d e R eg is tr o 18 ,6 18 ,0 5,0 3 ,2 20 ,4 14, 2 2 9 ,0 1 7,7 R A de So ro cab a 3 9,2 1 6,7 3 ,0 7,1 1 3,9 1 7 ,7 2 7,1 8 ,1 R A de São J o sé do s C am p os 30 ,6 12 ,6 8,3 7 ,6 13 ,9 19, 9 3 0 ,0 5 ,0 A g lo m era do C en tra l N o rt e 32 ,3 16 ,7 4,5 2 ,5 10 ,6 18, 5 3 6 ,1 2 ,6 A g lo m era do Nor o es te 34 ,3 14 ,2 16,1 8 ,1 8 ,1 18, 6 2 6 ,5 1 0,9 Fo nt e: Cas a Civ il: Fu n d ação S eade. P es q u is a de C o n d ições de V ida - P C V 2006.

(16)

Observa-se que a região de Campinas apresenta na verdade a maior proporção de respostas relacionadas à mudança do local de trabalho das regiões do Estado de São Paulo, 26,1%. Este é um forte indicativo que esta região vêm absorvendo empresas de outras áreas que, ao se instalarem na região, transferem parcela de seu quadro de funcionários. Esse processo tem sido analisado no contexto da interiorização do desenvolvimento da economia paulista e que tem atingindo as regiões limítrofes a RMSP em um raio de aproximadamente 150 quilômetros (Araújo, 1999). Por outro lado, a região da Baixada Santista que também está inserida neste processo, apresenta um baixo percentual relacionado com os motivos de mudança do local de trabalho, 7,7%.

Os motivos de migração relacionados com morar com ou próximos a parentes é o mais expressivo daqueles não relacionados com o trabalho. Sua participação foi mais representativa no aglomerado Central Norte com 36,1% e apenas na baixada Santista foi inferior a 30%.

Os motivos relacionados com a busca de melhores condições de segurança foram mais representativos nas Regiões de Registro Sorocaba, São José dos Campos e nos aglomerados Centro Norte e Noroeste representando mais de 10% das respostas; a RMSP e a RA de Campinas foram às áreas com menor proporção desses motivos, menos de 10% das respostas. A Baixada Santista ficou em posição intermediária com 10,3% das declarações.

Os motivos da migração relacionados com o menor custo da moradia foi mais representativo na RA de Registro e na RMSP, e aparentemente, com causas diferentes, pois, enquanto a RMSP caracteriza-se como o principal aglomerado urbano industrial do país, a região de Registro é uma das menos urbanizadas do estado. Das áreas do estado de São Paulo investigadas pela PCV, o aglomerado Noroeste apresentou a menor participação dos motivos da migração relacionada com o menor custo de moradia.

Os motivos de migração para realizar tratamento de saúde e estudar apresentaram as maiores proporções no aglomerado Noroeste, no primeiro caso e, na RA de Campinas no segundo caso. Observa-se a ampliação de oferta de vaga no ensino universitário, tanto público quanto privado, em diversos municípios de porte médio do Interior do Estado, bem como a estruturação de setores de prestação de serviços de saúde especializado em diversas dessas cidades, o que provavelmente tem contribuído para a realização desse tipo de mobilidade.

Idas e Vindas dos Migrantes no Estado de São Paulo

As duas informações apresentadas na Tabela 8 sobre o conhecimento da vinda ou a da ida de pessoas para o município de residência do chefe do domicílio, apontam para três processos importantes. O primeiro é que, apesar das informações de intensidade migratória mostrarem uma redução na participação dos migrantes na população do estado de São Paulo, aparentemente, ainda existe um ganho daqueles que chegam, em contrapartida daqueles que saem. De fato, do total dos chefes de domicílio dos residentes no estado enquanto 6,6% declararam conhecer alguém que veio morar no município, 4,7% declararam conhecer alguém que foi morar fora. É claro que essa informação bruta é apenas indicativa do processo migratório, sendo necessário analisar em outra oportunidade o volume das pessoas conhecidas que foram e vieram morar nos municípios e a estrutura familiar dos chefes respondentes que podem influenciar fortemente esse quesito.

(17)

Entretanto, não é possível de deixar apontar a grande aderência entre as tendências migratórias e as informações apresentadas acima. No âmbito regional, a RA de Registro foi a única que apresentou uma proporção inversa, ou seja, mais chefes conhecem pessoas que foram morar em outros municípios do que ali vieram morar.

Tabela 8

Distribuição dos Chefes de Domicílios segundo Condição de Migração

e conhecimento sobre pessoas que vieram ou que foram morar fora do municípío de residência Estado de São Paulo

2006

Migrante Não-Migrante Total Migrante Não-Migrante Total

Total 8,0 3,6 6,6 5,4 3,3 4,7 RM de São Paulo 8,7 3,6 7,3 5,5 3,7 5,0 Baixada Santista 8,9 3,5 7,6 6,1 5,6 6,0 RA de Campinas 7,9 2,1 6,0 5,0 3,0 4,4 RA de Registro 6,0 6,3 6,1 10,2 13,8 11,6 RA de Sorocaba 5,3 2,8 4,3 4,7 4,6 4,7

RA de São José dos Campos 5,8 4,6 5,3 6,4 4,3 5,7

Aglomerado Central Norte 7,8 5,3 6,7 4,4 2,0 3,3

Aglomerado Noroeste 6,5 3,3 5,3 1,2 5,0 3,6

Fonte: Casa Civil: Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida - PCV 2006.

Domínios Veio morar no município Foi morar fora do município

Outro ponto a destacar é que os chefes migrantes apresentam sempre proporções maiores no conhecimento de pessoas que vieram morar do que pessoas que foram morar fora do município. De fato, em todas as regiões a superioridade das cifras é em favor dos migrantes e esse dado novamente aponta para o papel que as redes de apóio devem desempenhar para a realização das migrações internas no estado de São Paulo. É importante lembrar que esta questão faz referência apenas para os migrantes residentes na ocasião do levantamento deixando de ser captado parcela daqueles que, devido ao caráter de aparente circularidade, chegaram e reemigraram.

Por fim, essa informação reafirma a complexidade do processo migratório em São Paulo mostrando a existência de fluxos simultâneos de entradas e de saídas que, se não se compensam, aparentemente estão bastante equilibrados. Por outro lado, parte do potencial explicativo de conceitos como “origem” e “destino” perdem validade frente a essa realidade, ao mesmo tempo em que reforçam a hipótese das migrações enquanto processo de circulação ou de mobilidade contínua de população.

Acesso dos Migrantes aos Benefícios Públicos de Transferência de Renda

Outra informação que é possível avaliar com os dados da PCV de 2006 relaciona-se com o acesso aos benefícios públicos de transferência de renda segundo a condição de migração. Aproximadamente um milhão de chefes de famílias9 residentes no estado de São Paulo - 8,2% dos chefes - são beneficiados por algum programa de transferência de renda10 e aparentemente não existe diferença significativa entre o acesso a esses programas segundo a condição de migrante e não migrante. Enquanto 7,6 % dos chefes de família não-migrante eram beneficiados por algum destes programas, os chefes não-não-migrantes representavam 8,5%.

(18)

Estas informações apresentam algum diferencial, mas não tão expressivos, quando desagregados os chefes de famílias migrantes segundo tempo de residência (Gráfico 3).

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 00-03 04-08 09-13 14-18 19-23 24-28 29-33 34-38 39 e +

Te mpo de Re sidê ncia e m Anos Gráfico 3

Distribuição dos C he fe s de Família Migrante s com Ace sso aos Be ne fícios Públicos de Transfe rê ncia de Re nda se gundo te mpo de Re sidê ncia

Estado de São Paulo 2006

Fonte : Casa Civil; Fundação Seade. Pesquisa de Condições de Vida - PCV 2006. Em %

É possível observar uma tendência ao aumento proporcional de chefes, a media o tempo de residência aumenta, sendo que o grupo com maior participação são dos chefes migrantes com 9 a 13 anos de residência que representam 18,7%. Observa-se ainda que não existe uma oscilação muito grande entre os grupos de chefes segundo tempo de residência variando entre 8,0% no limite mínimo e 18,7% no máximo. O desenho formado pela curva do gráfico pode indicar que os migrantes que são mais beneficiados com os programas de transferência de renda são aqueles que possuem mais de 10 anos de residência e que, provavelmente apresentam um perfil mais compatível com as exigências do Programa. Provavelmente estes chefes são pouco mais envelhecidos e integram uma família com filhos em idade escolar.

Aparentemente, os programas públicos de redistribuição de renda não causam um efeito direto na imigração para São Paulo. Talvez, o impacto destes programas à mobilidade espacial da população seja mais perceptível em áreas de origem dos migrantes onde se verificam as mais elevadas coberturas destes programas e assim, podem estar contribuindo para uma maior retenção dos potenciais migrantes e/ou para as migrações de retorno.

Considerações Finais

As evidências empíricas acerca aqui apresentadas acerca da continuidade do processo de arrefecimento da migração em direção ao estado, na região metropolitana e no

(19)

interior, parecem se mostrar robustas. Os quesitos investigados – alguns inéditos em pesquisas domicilares no país - parecem oferecer explicações igualmente consistentes para tal fenômeno. Em que pese a recuperação da economia e do emprego no estado, sua capacidade de mobilizar contingentes de mão de obra de longas distâncias parece ser menor do que no passado, seja porquê o mercado de trabalho vem se tornando ainda mais seletivo na contratação, seja pela oferta de emprego em outras localidades, ou ainda pelo efeito compensatório e dinamizador dos programas de transferência de renda nos tradiconais bolsões de emigração.

Esses resultados parecem antecipar um cenário um tanto surpreendente para São Paulo, a ser confirmado pelo Censo Demográfico de 2010: depois de pelo menos um século, as taxas de crescimento populacional do estado devem estar muito próximas da média nacional, senão até um pouco abaixo !!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTICO, C. Por quê Migrar? In PATARRA, N. Et al. Migrações, Condições de Vida e Dinâmica Urbana – São Paulo 1980- 1993. Campinas. Universidades Estaduais de Campinas, Instituto de Economia, 1997.

ARANHA, V. Migração na Metrópole Paulista. São Paulo em Perspectiva. São Paulo. Fundação Seade, v.10, n.2, 1996, p.83-91.

ARAUJO, M.F.I Mapa da Estrutura Industrial e Comercial do Estado de São Paulo. São Paulo em Perspectiva. Fundação Seade, v.13/ nº.1-2/ Jan-Jun, 1999.

BÓGUS, L; MONTALI, L. A Reestruturação metropolitana de São Paulo. Margem, São Paulo, n.3, p.159-78, dez, 1994.

CHOI, K. J. Além do arco-íris: a imigração coreana no Brasil. São Paulo. Dissertação de Mestrado. São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 1991.

FUNDAÇÃO SEADE. O impacto da migração recente e a inserção do migrante no mercado de trabalho da Grande São Paulo. Pesquisa de Emprego e Desemprego: Grande São Paulo. Estudos Especiais, n.15, 1986, .

FUNDAÇÃO SEADE. Índice Paulista de Vulnerabilidade Social – IPVS – metodologia. São Paulo: Fundação Seade, 2004. Disponível em : www.seade.gov.br.

FUNDAÇÃO SEADE. Projeções para o Estado de São Paulo: População e Domicílios até 2025. São Paulo, Fundação Seade / SABESP, agosto de 2004.

FUNDAÇÃO SEADE. Documentação da Base de dados da Pesquisa de Condições de Vida – Programas Sociais. Junho de 2007.

FUNDAÇÂO SEADE. Diagnóstico para o Programa Estadual de Qualificação. São Paulo, 2008.

JANNUZZI, P. Dinâmica Migratória Recente no Interior Paulista. São Paulo em Perspectiva. São Paulo. Fundação Seade, v.10, n.2, 1996, p.92-101.

JANNUZZI,P. Migração e mobilidade social no estado de São Paulo. Campinas, Autores Associados, 2000.

OLIVEIRA, K.F de e JANNUZZI, P.M. Motivos para Migração no Brasil e Retorno ao Nordeste: padrões etários, por sexo e origem/destino . São Paulo em Perspectiva. São Paulo. Fundação Seade, v.19, n.4, 2005, p.134-144.

(20)

PATARRA, N.L. (Coord.) Emigração e imigração internacionais no Brasil Contemporâneo. Campinas, FUNUAP. V.1, 1995.

ROLNIK, R, et. Al. São Paulo: crise e mudanças. São Paulo. Brasiliense, 1990.

SILVA, S.A.da. Costurando sonhos: etnografia de um grupo de bolivianos que trabalham no ramo da costura em São Paulo. Dissertação de Mestrado. São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 1995. TRUZZI, O. Etnias em convívio: o bairro do Bom Retiro em São Paulo. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, no. 28, 2001.

1 Optou-se pela utilização das informações da PED referentes à migração a partir de fevereiro de 1988 devido a mudanças no questionário no quesito relativo a tempo de residência e local de residência anterior, que a partir desta data possibilitou especificar o estado de última residência dos migrantes e o tempo de residência em anos completos.

2 A Acur Leste é formada pelos municípios de Americana, Bragança Paulista, Campinas, Indaiatuba, Jundiaí, Limeira, Mogi-Guaçu, Piracicaba, Rio Claro, Santa Bárbara D´oeste e Sumaré; A Oeste pelos municípios de Araçatuba, Catanduva, Marília, Presidente Prudente e São José do Rio Preto; A Acur Norte é composta por Araraquara, Barretos, Franca, Ribeirão Preto e São Carlos; A Central é composta por Bauru, Botucatu, Itapetininga, Itu, Jaú e Sorocaba; a Acur do Litoral por Cubatão, Guarujá, Praia Grande, Santos e São Vicente; e, finalmente a do Vale do Paraíba por Guaratinguetá, Jacareí, Pindamonhangaba, São José dos Campos e Taubaté. Para facilitar a descrição dos indicadores durante o texto utilizaremos simplesmente a nomenclatura “Regiões”.

3 ver Índice Paulista de Vulnerabilidade Social www.seade.gov.br.

4 Para viabilizar a construção de indicadores em dois pontos no tempo foi necessário compatibilizar a abrangência do levantamento de 2006 com aquele realizado em 1994 e manter a unidade regional de análise adotado em 1994, a Acur (vide nota 2). Esse ajuste foi realizado a partir da seleção dos domicílios sorteados nos municípios que em 2006 estavam na amostra de 1994. Tal procedimento foi possível do ponto de vista computacional e estatístico e a amostra apresentou um coeficiente de variação inferior a 30% para as áreas reagrupadas.

5 Se considerarmos que os migrantes residentes de 1 a menos de dois anos de residência no ano de 1989 seriam potencialmente os migrante que residiam a menos de um ano em 1988, e assim sucessivamente, essas informações podem ser utilizadas como Proxy do processo de retenção e permanência dos migrantes recém chegados a RMSP. Vale também uma ressalva, pois os dados da PED não são de coorte, mas sim de períodos, portanto trata-se do estoque migratório da região e, portanto deixam de ser computado a reemigração e a mortalidade dos migrantes.

6 O interior aqui e definido pelo aglomerado das cidades onde se realizou a pesquisa em 1994. Vide notas 2 e 3.

7

As informações sobre os motivos que levaram a vir morar neste município foram perguntadas ao chefe do domicílio.

8

A classificação de áreas vulneráveis e não-vulneráveis foi realizada a partir da metodologia do Índice Paulista de Vulnerabilidade Social que se trata de uma tipologia derivada de combinações entre as dimensões socioeconômicas e demográficas a partir das informações dos setores do Censo Demográfico de 2000. Vide Fundação Seade, 2004.

9

As informações sobre acesso aos benefícios públicos de transferência de renda foram perguntadas ao chefe de família.

10

A PCV levantou informações sobre os programas Bolsa-Família, Renda-Cidadã, Benefício de Prestação Continuada e, para o município de São Paulo, Programa Renda Mínima.

Referências

Documentos relacionados

Foram incluídos no estudo todos os pacientes com prontuários clínicos completos, portadores de diagnóstico médico de cardiopatias congênitas e adquiridas, admitidos

da Conceição em Boitaraca Figura 27: Incremento do fluxo turístico no Estado da Bahia, 1991-2004 Figura 28: Zonas Turísticas do Estado da Bahia Figura 29: Atrativos Efetivos da Costa

O objetivo deste trabalho foi realizar o inventário florestal em floresta em restauração no município de São Sebastião da Vargem Alegre, para posterior

A legislação da Comunidade Econômica Européia de defesa da concorrência coibiu as concentrações empresarias e o abuso de posição dominante que possam existir no mercado, pois

Os Autores dispõem de 20 dias para submeter a nova versão revista do manuscrito, contemplando as modifica- ções recomendadas pelos peritos e pelo Conselho Editorial. Quando

A proposta aqui apresentada prevê uma metodologia de determinação da capacidade de carga de visitação turística para as cavernas da região de Bulhas D’Água

São considerados custos e despesas ambientais, o valor dos insumos, mão- de-obra, amortização de equipamentos e instalações necessários ao processo de preservação, proteção

Crisóstomo (2001) apresenta elementos que devem ser considerados em relação a esta decisão. Ao adquirir soluções externas, usualmente, a equipe da empresa ainda tem um árduo