TJNTI{ERSIDAf'E DE
EVORA
MESTRADO EM
INIER\6NÇÃO
sÓCro-onceNZacIONAL
n16SnÚor
Curso ministrado em parceria oom a Escola §uperior rle Tecnologiaíila SaLdedelisboa
(DR- II
Série, n". 250 de29 de Outubro de2002)Área de especializaçâo em
Diagnóstico e Interven@o Organizacional e Comunitiíria
AS
RELAçÕES DE PODER
E O SEU
CONTRTBTJTO
NA
AUTONOMIA
EM EI§TER]VIAGEM
Disserta@o de Mestrado apresentada por:
MagbCristina
de
Oliveira Duarte
Orientador:
Prof." Doutora Felismina
MendesÉvora
Janeiro
de 2008IJNTT{ERSIDADE
DE
ÉYORA
MEsTRÂDO EM
INTER\rENçÃO sÓCIo-ORGAI{UAcIONAL
Na.SAÚpr
CuLrso minisüado empaÍoeÍia com
aEsolaSulrcriordeTmologia.laSúde
ileLi§boa(DR- II
Série, n". 250 de29 de Outubro de2002)Área ae esPecialização em
Diagnóstico e Intervm@o Organizacional e Comunitfuia
AS
RELAÇÕES DE
PODERE
O
SEU
CONTRTBUTO
NA
AUTONOMIA
EM ENFER]VIAGEM
Dissdação
de Mestrado apresentada por:Mla5da
Cristina
de
Oliveira Duatte
Orientador:
Prof,' Doutora
Felismin a MendesÉvora
Ianeiro
de2008
"{#R.
'.^ : t z,;,_ 'l àç. i,'iir r",', ^l;iofiW*iw#
sUm dia
Gom oPrincipuinho...'
"O Princtpezinho vive no seuplaneta..-Ele arratrca as erlras
dminlros...
OPrincipezinln
limpa os seuswlcões.,.
Ele protege a
flia
rosa do vento... E,nofinal
do dia, gosta de contemplar opôr'da-sol
..."
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, pelo amoÍ e apoio incondicional de sempre e paratodo o sempre...
Ao
meuimão,
portudo...
À
Oora, pela amizade sincera e pura, paciência, apoioincondicional...
e simplesmentepor ser quem é e como
é...
Ao
ProP
Doutor
Carlos Silva pelo
empeúo e
dedicaçãoincondicional,
estfinulos e reforços positivos queniio
nos deixam desistir e pe'rmitem continuar, para conseguir eatingir o
inatingível....
À
Prof." Dogtora Felismina
Mendespela
orientaçãoe
empemho...pelo
acreditar emotivar no projecto real e
dificil
da vida e dofazq üver.
. .À
Paffcia
e Carina, pela amizade eportudo...
A
Ana Gomes, petaamizaÃe e apoio de sempre...À
teresa e Raquel, pela presença na minhaüda...
À
minha avó, tios e primos, porfudo...
A
todos
que
directa
ou
indirectamente
contibuÍram
para
6t€
trabalho
deinvestigação....
Íuorce
ftvorcn
DEFrcuRAs
7Íx»rcp
DEeuADRos
...
I
RESUMO
...
9AB§TRACT...
ll
TNTRoDUÇÃo...
13carÍrur,or-ENeuAr»RAMENTo
coNCEPTUAL
...-..-..
16 r.nrr,lÇÕns
DEPoDER
...
16t.ta
pRogtEMÁTrca
Do
poDER
G@.-
161.1.1-Fonúe Fundamentais do
Poder
lEI.l2-X'ormas de
@er
nasolganizaçõcs
19I.l3-Perspectivas de análise do poder
2t
I.2-EVOLUÇÃO DA IDENTIDADE DE
ENFERMAGEM
29l2.l-Pempoctiva
histórica da profissilo de enfermagemI22-Autonomia
em enfemagemcApiTrrLo
Ir
-
METODOLOGTA DEIIWE§TrGAÇÃO...
2.r
-
PRoBLEMÁTrCA E QTJESTÕES DE INVESTIGAÇÃO2.2_ ESTRATÉGIA METODOLÓGICA
22.1-Tip
de estudo2.3
-
PROCEDIMENTOS DE COLTIEMA DE DADOS...
23.1
-
Instrumentos de Recolha de dados...232-
Entrevistados e critérios deselecção
...
2.4 _ PROCEDIMENTOS DE TRATAMENTO E AI.{ÁLISE DE DADOS
cApÍTtrLo
m
-ApREsENTAÇÃo
EANÁLrsE
Dos RE§TILTN)oS...
3.1
-ATIT[
DES DE LIDERAI.IÇA 3.1.1 Caracterírticas da Chefra 293l
39 39 40 40 42 42M
47 50 s0 533.2
-
pARTrcIpaÇÃo
DIRECTA NAToMADA
os oBctsÃo
7632.1 Capacidade de
decisão
78s2.l.lReistência
àmudanP
7932.1.2 Circulaçâo de Informaçâo
...
863.3 ACOLHTMENTO E
INTEGRAÇÃO
893.12 Condução e Organização do
Tmba1ho...
3.13 Afastamento da pnestação
direta
de cuidados33.1 Papet do Integrador
...
332
Dificuldade
da Integração3.4 RELAÇÕES
rOnUarS/INFORMAIS
...
3.4.1 Ambiente de Trabalho
3.4J Relaçõe de Poder Deturpadas
3.5 AUTONOMIA DA
EQrmA
35.1 Conhecimenúos tÊórico práücos
352
Reconhecimentoseial
da classe de enfemagem353
Obstáculos sentidos pela equipacApÍTrrLo
v-
coNsrDERAÇÔns
ruws
E REcoMENT»AÇÕns...
4.1 DISCUSSÃO DOS RBSIJLTADOS E CONCLUSÕES...
4.2
RECOMENDAÇÕES
E
SUGESTÔES
DE
TNTERVENÇÃO
SÓCrc-6t
72 92 94 104 105 108ll8
120 124 126 137 136l5l
ORGAI{ZACIONAL
BIBLIOGRÀflA
CONSIILTN)A
I58AI\IEXO§
169Anexo I
-
Consentimento Informado 170Anexo tr
-
Guião da enfrevista 172Anexo Itr
-Entevista
e respoctivo corpo de análise 174Ír»rcrDErrcuRAs
Frgura
nol-Novaproposta
detabalho
da OE Maio2007
142figura
n2-OMundodeEnfermage,m
143Frgura
no3-
Sugestão para Implementação nos Serviços...
146Frgura
n%-
Objectivos aDesenvolver
...
157fosDrcEDE
euADRos
Quadro
nol-
Camcterísticas gerais dos enaevistados...o.-...'...
M
Quadro
n2
-Atitudes
deLiderança
...-....r..-....-...
5l
Quadro
n2
(a)-
Atitudes de Lideranca...
52Quadro
n2
(a1)-
Características dachefia
..-...-
53Quadro n2@2)-CondugÍio
e Organização doTrabalho
.
6l
Quadro
nZ
(a3)-Afastamento
daprestaçiio directa de cúdadoso...'o...-
72Quadro
n93-
Participação directa na tomada dedecisão
-
77Quadro
n93 (a)-
Capacidade de decisâo...,...-...
77Quadro
no3 (a1)-
Resistência à Mudança...o...
79Quadro
nB
(ú)
-
CiÍculacão deInformação
...
87Quadro
n"4-
Acolhimento eIntepração
89Quadro
n" 4 (a)-
Intepração de novoselementos
...
90Quadro
n" 4 (a1)-
Papel dolnteprador
92Quadro
n"4(a2)-Dificuldadesdalntegração
...
.
94Quadro
noS-
Relações Formais/Inforrrais
...
...o..
104Quadro
noS(a)-Relações
Formaisi Informais...
..,...
104Quadro
5(al)
-
Ambiente de fiabalho...ô....o...
107Quadro
n"5(ú)
-Relações
de Poder Detrqpadas.o...,...
10EQuadro
no6-
Autonomia daEquipa
...o...
119Quadro
n'
6 (a)-
Aúonomia
daEquipa
...,...,...
120Quadro
n" 6(al)
-
Conhecimentos TeóricoPráticos
l2l
Quadro n"
6 (a2)-
Reconhecimento social da classe deenfermaeem
124Quadro
n" 6(ú)
-
Obstáculos sentidos pelaeqúpa
126RESI]MO
O poder existente nas organizações, como
fruto
da oryanizÂúo ou como relaçãoestúelecida enfie os indiüduos
é
encaradooomo
um factor
dinâmico,
positivo
emotivacional
paÍa a mudança e desenvolvimentopositivo
das organizações (Friedberg, 1ees).Nesta perspectiva de análise tentou analisar se e compreender a influência desse
mesmo
poder
na
progressãoda
carreira
de
enfermagsm;
mais
ooncÍetam€,rrte naautonomia que a profissão de enfennagem adquiriu ao longo dos te,mpo. Sendo assim,
definimos para
este
tabalho de
investigêção
como objectivo geral
aprofirndar
oconhecimento
sobre
as
relaçõesformais
e
informais
existentesnos
elementos de enfermagemOs
objectivos
específicosvisaram
compreendera
influência
do
poder
no desenvolvimentoe
aúonomia da
profissão
de
enfermage,me
coúecer
as
relaçõesformais e informais existentes nos elementos de enfermagem
Nas
opções metodológicas
opkámospelo
paradigma
qualitativo, onde
a entrevista narrativafoi
a técnica privilegiada de recolha de informação, tendo permitido compreendera
vivência das
relações
entre
os
enfermeiros,
nos
seus serviços
eoryanizaqões hospitalares.
Dos resultados obtidos constata se que
o
sucesso e concretização dos objectivosestabelecidos
numa
organizaçlo dependemmuita
das relações esüabelecidasente
os actores organizacionais. Relações que podemsurgir da
üvência e
contactopóximo
ente
os indivíduos;
definidasem
temros afectivose
emocionais,ou poÍ
outro
lado;cÍiadas pela
própria
dinâmicae
estrtrtura detabalho
queobriga
este relacioname,nto entre os indivíduos.De que forma estas relações
@em
ser significativas para o estabelecer do poder dos indivíduos? Sení o poder instituído pelaprópria
organizÂção hospitalar que modelaos parâmetros e estabelece as firnções de cada enfermeiro no seu local de
túalho?
Será o elo de ligação criado ao longo dos tempos que possibilita esfa definição de papéis; quep€rmite o ganho de um determinado
tipo
de@er?
Na
mudança constantedas
organizaçõesde
saúdecom
que
nos
deparamosprofissionais de saúde capacitados para trabalhar e desenvolver tésnicas que permitam
uma melhoria nos cúdados de saúde?
A
exigência constante por parte das organizaçõeshospitalares;
na
aquisrçãode
novas
tecnologias,novos
saberes,novas
ideologia.s, conduz muitas vezes àexaustão dos profissionais de saúde.Os valores de
humanizaçãodos
cuidadossâo
caÃavez
mais
esquecidos em fimção de umrifuo
alucinante para o atingir de projectos maioritariamente relacionadoscom
aspectos monetáriose
desenvolvimento tecnológico. Estaideologia leva
a
uma exaustãoda maioria
dos profissionais
de
saúdeque
sempretabalharam para
umaqualidade
e
ac;ertszade um ate,ndimento nos serniços de saúde onde o doente é o agente mais importante num pÍocesso imenso de burocracias excessivas e desnecessárias.No
e,lrtanto, acfualme,lrteestes
valores são
ultrapassadospor
ambiçõe
eideologias características
de um meio
empresarial, completamentecontário ao
quedeveria ser
no meio
hospitalar....
Afinal
cuidamosde nós
próprios...
cuidamos dooutro...
cadaum tem
o
seuritmo...
o
seutempo...
não
somosmáquinas...
somos pessoas... todos diferentes... mas no firndo iguais atdos...O
@er
é um dostunfos
aaílizar
para impedir a progressão de tentar criar um mundo essencialmente tecnológicoe
mecanicista nos hospitaise
serviçosde
saúde.A
profissão de enfermagemtem
umpapel firndamental e não pode ser esquecida na humanizaçao dos cuidados.
Cúe
a todos nós, profissionais de saúde mudar uma p€rspectiva deum
mrmdocalavez
maisfrio
edistante....
As
noções de poder e adquiremum
significadopróprio
enquanto conceitosdinâmicos que podem ajudar a compreender melhor os fe,nómenos de interrdependência e influência dos actores
§ieira
1999).Neste sentido,
é
interessanteobservar
as
relações
estabetecidas e,ntre osenfermeiros...
Como se
organizam
uns com os outos? Que
relaçõesformais
ou informaisestahlecem
paÍa a resoluçâo de proble,mas? Osconflitos
e asstratégias
de negociaçãoutilizdas
sãoparabeneficio
daorganizarfio hospitalar? Do doente? De cada profissão? Ou de cadaindiüduo?
A
enfermagem hrta para a sua autonomia? São estasquestões
e
ouEasmais
que esta pequenareflexão
pretendealcançar....
Todosjuntos
iremos obter uma resposta...ABSTRACT
The existing poweÍ in the organizations, as
fruit
ofúe
organization or as relaüonestablished between the individuals;
it
isfacd
as a dSmamic, positive and motivacional factor for the change and positive development of the organizaüons @iedberg, 1995).In
this perspective
of
analysisit
wouldlike to
shrdy and to understand the influence ofthis
exactly
to
be
úle
in
the
progressionof
the nursing
caÍeer;moÍe
concretelyin
theaúonomy that
the nursing
profession acquiÍedthroughoú
the
time.
Being thus,
we definefor this work
of
inquiry
as generalpriority
to
go deepinto
the knowledgeof
theformal
and
informal relations
in
the
nursing
elements
and
specific
priority
to
understandingthe
influence
of
the poweÍ
in
the
developmentand
aúonomy
of
thenursing profession
and
to
know the formal and informal
relations
in
the
nursingelements.
As far
as the methodologyis
concernedwe
choseto
the
qualitative paradigm, where the interview narrative was the privileged techniqueof
retractionof
information" having allowedto
rmderstand theexprience of
the relationshtween
the nurses,in
its
hospital services and organizations.
According
with
the results of this work the suocess and concretion of thepriority
establishedin
an
organization dependmuch on the
relationsestúlished
between theactors.
Relations
that can appeff
of
the
experienceand
next
contact betrreen
theindividuals;
definedin
emotionaltems, or
on the
other hand; createdfor
the
propeÍdpamics
and stnrctureof
work
that compelsthis
relaüonship between the individuals. Of that he forms these relaÍions they can be significant to establishit
of thepo\rcr
of theindiüduals?
It will
be the
pweÍ
instituted
for
the proper hospital
organization thatshapes the parameters and establishes the firnctions
of
each nursein
its workstration?It
will
bethe
connectorlink
created tbroughoutthe times that
this
definition
of
papers makes possible; what allows theprofit
of onedefinitive
§pe
of being able?In
the constant changeof
úe
health organizationswith
thatin
we
come acrossthem currently he
is
basicthe
constantreflection on
this zubject How
they
are the professionalsof
healú enúled
to
work
and
to
develop
techniquesthat allow
anorganizations;
in
the
acquisition
of
new
technologies,new
to
know, new
ideologies, leads many times to the exhaustion ofúe
heatth professionals.The values of human care are each time more forgotten in function of the
rhythm
to reach
for
projects relatedwith
monetary aspects and technological development. Thisideolory
leadsto
an
exhaustionof
the
majority of
the
health professionalswho
hadalways
worked
for
a quality
andthe
certaintyof
an attendancein
the
health services where the sick person is the agent most importantin
an immense pÍocessof
exheme andunnecessar5r bureaucracy.
However, currently
these values are exceededby
arnbitions and characteristicideologies
of
an enterpriseway,
completely contrarywhat
it
would
haveto
bein
thehospital
way.... After
all
we take careof
proper usi... we take careof
other...
each one has itsrhythm...
itstime...
we aÍe not machines... we arepeople... all
different ones...but
in
deep equal
to all...
the
power
he
is
one
of
the prize
to
use
to
hinder
theprogression
to
try
to
createan
essentially technologicat and mechanistworld
in
thehospitals and services of health.
The nursing profession has a basic paper and
it
cannot be forgottenin
thewell-taken care
of
them.It fits
to
usall,
professionalsof
healthto
change a perspectiveof
aworld
eachmore
cold
and distant
time.... The slight
knowledge
of
being able
and acquire one meaning properwhile
dynamic concepts that can helpto
better rmderstandthe interdependence and influence
of
the individuals(Vierq
1999).In this
directiou
it
is
interesting
to
observe
the
relations
establishedbetween
the
nurses...
How
is organized oneswiú
the
others?That fomral
or
inforrral
relations
establishfor
theresolution
of
problems?The
conflicts
andthe
usedsfategies
of
negotiation are
for
benefit of the hospital organization? On benefit of us? On benefit of each profession?
Or
of
benefit
of
eachindiüdual?
The nursing
fights
for
its
aúonomy? They
are these questions and other more than this small reflectionit
intends to reach....All
together wewill
go to getareply...
INTRODUÇÃO
O
poder semprefoi
conotado comoum
tema negativo,no
sentido denão
serbenéfico para as organizações pois era determinado como
o
que existia depior no
seiodas
organizações.Porém
«)m
o
passardos tempos este conceito
abandonou esüaconcepção
negatiüsta
O poder eústente nas organizações, como
fruto
da organização ou como relaçãoestabelecida
enfie
os
indiüduos
passou
a
ser
um
factor
dinâmico, positivo
emotivacional para a mudança e desenvolvimento
positivo
das organizações (Friedberg,lees).
O
estudo do poder nas organizações tomou importância apartir
dos anos 60, nomeio das
estruturas organizacionais.De
acordo
com
viários autores
o
suoesso e concretizaçãodos
objecüvos
estabelecidosnuma
organização dependemmuito
dasrelações estabelecidas entre os actores organizacionais. Relações que podem surgir da
üvência
e
contacto
próximo
entre
os
indivíduos; definidas
em
tennos afectivos
eemocionais, ou
lx)r
outro lado; criadas pela própria dinâmica e estrtúura de trabalho queobriga este relacionamento
ente
os indivíduos. De que forma estas relações podem sersignificativas para
o
estabelecer do poder dos indivíduos? Seráo
poderinstituÍdo
pelaprópria
organização hospitalar que modelaos
parâmetrose
estabelece as funções de cada enfermeirono
seulocal
de trabalho? Senáo elo
de ligaçãocriado
aolongo
dos tempos que possibilita esta definição de papeis; que permite o ganho de um determinadotipo
de poder?Na
mudança constantedas
organizaçõesde
saúdecom
que
nos
deparamosacfualmente
é
fundamental
a
constantereflexão
sobre este
tema
Como
estão
osprofissionais de saúde capacitados para trabalhar e desenvolver técnicas que permitam r.rma melhoria nos cuidados de saúde?
A
exigência constante por parte das organizaçõeshospitalares;
na
aquisição
de
novas tecnologias,
novos
saberes,novas
ideologias, conduzmútas
vezes à exaustão dos profissionais de saúde.Os valores de
humanizaçãodos cüdados
sÍio
cadavez
mais
esquecidos em função de umritmo
alucinante para o atingir de projectos maioritariamente relacionados com aspectos moneüírios e desenvolvimento tecnológico.Esta concepção leva a uma sobrecarga da maioria dos profissionais de saúde que sempÍe
fabalharam
paÍa uma qualidade ea
certsz.a deum
atendimento nos serviços de saúde ondeo
doenteé o
agente mais importante num processo imenso de burocracias excessivas e desnecessárias.Quetâo
dePaúida
As
relações de poder existentesente
os elementos da equipa de enfemragemrevertem para
um objectivo
comum,a aúonomia
profissional, oupor outro
lado, têmuma
vertente
oom
interesses pessoais
e
individuais
que não
beneficiam
o desenvolvimento da própria oryanizaçáo.Obiectivo eeral:
Ê Aprofundar
o
conhecimento sobre as relações formais einformais
existentes nos elementos de enfermagemObj ectivos específi cos :
o
Compreendera
influência
do
poder
no
desenvolvimentoe
autonomia
da profissão de enfermagem.
Conhecer
as
relações
formais
e
informais
existentesnos
elementos de enfermagemPara anatisar
estestópicos
poderemoslançar
algumas questõesque
podemajudar
à
resoluçãoda
questãode partida
e
tentar
solucionar
o
nossotabalho
de investigação:De que
foma
estas relações podem ser significativas para o estabelecer do poder dos indivíduos? Sená o poder instituído pelaprópria
oÍganiz:rqão hospitalar que modelaos parámetros e estabelece as fimções de cada enfermeiro no seu local de trabalho? Será o elo de ligação criado ao longo dos tempos que possibilita esta definição de papéis, que
permite o ganho de um determinado poder? O interesse do poder nas organizações: senâ
para
modelar
e
mediar
a
cooperaçãoentre
os
actores?Que
relaçõesformais
ouinformais
estabelecem para a resolução de problemas? Osconflitos
e as esfratégias de negociação utilizadas são para beneficioda
oryanização hospitalar, do doente, de cada profissão ou de cada indivíduo?A
enfermagem luta para a sua aúonomia? São estas asquestões de investigação aque pretendo responder com este trabalho.
O
trabalho apresenta-se estruturado em quatro capítulos.No
primeiro
capítulotemática do poder; bem a evolução da identidade da classe de enfermagem.
No
segundocapítuIo,
pretendo
demonsfar
a
metodologia
de
investigação
e
trabalho
pníticoefectuado através
da
realizaiao das
entrevistas.No
terceiro capítulo
senâfeita
aapresentação
s
snáIisê
dos
dados obtidos.
Finalmente,
no
quarto capítulo,
sãodemonshadas
as
consideraçõesfinais, com
discussão
global
dos
resultados
econclusões;
referindo
também algumas
recomendações
de
intervenção
sócio organizacional.CAPITT]LO
I
I.RELAÇÕBs
DE
PoDER
I.1
A
PROBLEMATICA
DO PODEREsta temática surge desde os tempos da
filosofia gregq
em que Plaüio teoriza as diferentes configuraçõesdo
poderdo
estado.No
entanto, é apenasno início
da idademoderna
que suÍge
a
necessidadede justificar
o
poder
e
são
lançados quadrosconceptuais sobre
o
assunto.De
acordo
com
Clegg
referenciadopor
Lopes
(2000) existem duas concepções que marcam as diversas abordagens que se referem ao poder.O
autor
enfanzauma dupla significação (i.e. poder enquantoafibúo
e poder enquantorelação)
cuja origem
remonta às teorizaçõesde
Hobbese
Machiavelli e
parece ter continuadoa
condicionar
a
compreensãodo
conceito
do
poder até
aos nossos dias. Sendo assima
noção de poderlegitimado
seria efectivamentepróximo do
campo daaúoridade, ao pasiso que a noção de
pder
relação corresponderia ao conceito de poder, enquanto realidade presente em toda a relação humana.Friedberg
(1995)
refere
que os
estudos organizacionaisao longo dos
anos quarenta e cinquenta, não abordavam profundamente a temática do poder. Esta apareciacada
vez mais
instrficiente,
pois não
conseguia apreenderde
maneira
satisfatóriaconflitos e
tensões entreos
grupos queos
esfudosclínicos
e
monogriáficosde
então punharn emevidência
A
temática do poder desapareceu das preocupações nos estudosorganizacionais
(i.e. à
excepçãoda
Françaque dominou
este camponos
vinte
anos seguintes).Em
1966, March publicou trm artigo queviria
a desqualificaro
conceito de poder nos estudos angle sa:<ónicos. Desde então o lugar cenaal do poder na abordagemorganizacional
foi
objecto de
numerosascríticas
contraditóriasque,
ou
contestam apossibilidade de sustentar o estudo das relações de poder independentemente da anrílise
dos
mecanismosde
dominação mÍrcrossociais,ou
criticam aquilo
a
que
chamam asimplicações amorais de trma visão da acção humana fimdada na investigação do poder
O
conceito de poder designa a capacidade da pessoa se expressar enqrümto poderinereúe
deinfluenciar
e transfomrar os oufios. Por consequência,o
conceito de podertem
marcadamenteuma
conotaçilorelacional:
é
uma
capacidade fuirdamental para apessoa se situar no mundo.
Kreisberg, referenciado por
Vieira
(1999), considera que a palavra poder deriva dolatim posse, ser capaz de...
O
queé significativo
na noção de que alguémé
"capw",
enquanto
implica
a capacidade de seimpor
a si mesmo no mundo, ser cE)az de realizaros próprios desejos, não deve
implicar
necessariamente que a eficáciaocoÍra
somentecomo
um
resultado decontolar
e dominar os outros.A
capacidade deimpor
a própria vontade,controlar
os
outros,
é
apenasuma
dimensâopossível
do
"ser
ca7)a2". Osignificado multidimensional
do
ser capaz,de
ter
poder,foi
esquecidoem
múta
da investigaçâo e teoria do poder.Amâncio
(1993),
quando
descreve
a
negociação
dos
conflitos;
e
mais especificamente os climas negociais refere que a maioria da investigação empírica deste temafoi
orie,lrtada pela hipótese que quanto maior é a saliência da relação interpessoal,a conclusão que se torna mais evidente é que maior é a influência para os resultados da negociação.
Para Bemot»r, referenciado
por Silva
(2001),
o
poder pode definir-se como
a capacidade de um actor, na sua relação comoutro,
defaz-er de modo a que os termos datroca
the
sejqmfavoráveis. Trata
sede
mobilizar
Íecursosnurla
relação que, ntuna oryanização,é
sempreum
conshangimentomaior.
No
entantoos
actores não podemevitar
entrarem
relaçâo,pois
é
o
sistema de relações queconstói a
cooperação.A
relação de poder é vistaaqü
sob o aspecto em que ela constrói a organização, não sobaquele
em que
elaa
destrói.
O
poder não
é pois
uma
guerr4
nem
forçosamente oconflito.
Esta ideia é também reforçadapor
Croáer
et Friedberg (1977). Estes aúoresme,lrcionam
o
poder
como urna relaçãode
construçãoda
oryanização. Pode-se entãoreferir ao
poder como
um
reconhecimentoda
complexidadee
da
contingência dos fenómenos de poder nas organizações e logo da dificuldade em apreender. Constituído e constituinte demúltiplos
factores, psicológicos, sociológicos, sociológicos, económicos,políticos, etc.
Silva (2004) menciona que podemos considerar a possibilidade que a participação
directa
está relacionadacom os
interessesde
mudançae
melhoria
das condições detrabalho, nomeadamente ao
nível
da satisfação no trabalho, das relações profissionais econdições de trabalho, queÍ na materializa@o de espaços de autonomia e de
visibilidade
profissional.
Vários
trabalhos realizadospor
diversos autores colocamem
evidência que aintegração dos actores na rede de relações quotidianas de
tabalho
e nasi estruturas da organização varia em funçâo de uma aprendizagemcultural
que se constróino
quadrodas
relaçõesde
dominação,
subordinaçãohierárquicq
responsível
pela
génese de diversidade de formas de acções estratégicas, de formas de comrmicação, negociação econflito
inra
organizacional (Silva, 2004).No
caso da unidade hospitalar, é de considerar que o serviço constitui um ponto de encontroente
diferentesforrras
de poder, dos seus respectivos universossimMücos
e as $ras eshatégias recíprocas.
Zorrinho
(2003) refere que as organizações humanas são como sistemasúertos
que evoluem e estilo em constante reorganização, pela
intodução
de novas informaçõese
novÍrs tecnologias.
Os meios de
comunicaçãosão
fundamentaispara uma
boaarticulaçiio entre os vários elementos da
eqúpa
e parao
sucesso da concretização dosobjectivos definidos para essa mesma equipa.
1.1.1Fontes
Fundamentais
doPoder
As
fontes de poder não podem ser vistas comoum
conjunto de soluções mágicasque resolvem qualquer sotução problemática, mas
como
um
coqiunto de
recursos denatvrezadiversa que
facilitaln jogos
de influência, a defesa e atrmento dos interesses esolucionam situações
de
conflito. Estas são
fundamentais
ao
funcionamento
da organização, devem ser concentrada.se
insubstituíveis(Mintzberg,1994).
Seo
podernão estiver
concentado
nurm
pessoa,ou
grupo, não é possível estabelecer diferentesníveis
derelaÉoe,
desúemdo,
nb
épossível exercitálo-A
capacidade paralidar
com a incerteza tem sido uma das fontes mais analisadaspor vários aúores.
Stacey,referido por Vieira
(1999),
mencionaa
teoria do
caos específico. Pequenas mudanças podem alterar por completo o rumo do comportamentoda
oryanizarrão, fazercom
que passe deciclos
completamente previsíveis-
a que ele chamade "círculos viciosos", pois
autilidade
resideem
fazer acontecer as coisas nofuturo,
sem qualquer
sobressalto, padrões aleatórios,ou "círculos
virtuosos",
pelos quais seorisina
a actividadepotític4
o envolvimento dos participantes na construção deapoios, impondo novos rumos de desenvolvimento.
O aúor
salienta qu§ os cientistasdo
"efeitoborboleta"
que reflecte, precisarnente, o impacto das pequenas mudanças nointerior
deum
sistema a longo prazo. Nos momentos de ordem e instabilidade, podemocorrer
pequenas mudançasque
provoquem grandes transformaçõesno
sistemae
oempuÍrem
para longe
do
equilíbrio.
As
pequenas mudançasocorrem
de
forma
inesperad4 provocam
confrrsãode
esEuturas,papéis
e
comportamentos existentes, tendo o poder atractivo de envolver, de um momento para o outro, os órgãos centrais dosistema
Os sistemas emptrrados para longe doequiübrio
são extremamente sensíveis as mÍnimas mudanças nos seus ambientes.As
mínimas perturbaçõesno
ambiente sãoampliadas através
dos
sistemase
provocam
a
destuição
das
estnúuras, padrões ecoryortamemos
existÊúes.As características essenciais desta
instúilidade
referem se à existência de culturasdiferentes
e uÍna dispersiüdade do
@er.
É
necessâriouma divenidade de
culturasporque
só
assimo
poder pode ser exercido
sobrea
forma de influência
Se todospartilham
a mesmaculfura,
fazsm as coisas da mesma maneira, nãohá
espaço paÍa a persuasão, seela
é
inexistente,@&
um
pÍocurafazer
as coisaspor si
mesmo. Se opoder estivesse
muito
concentrado, numa pessoaou
grupo,os
menosbem
colocados sentir se iam controlados nas suasiniciativas;
se estivesse muitodishibúdo,
tornar seia
dificil
congregar diferentes perspectivas e vontades,pois
seriavisto
comocoercitivo
à autonomia deiniciativa
Só em
contextos organizaciollziscom
elevadosníveis
de
interactiüdade,
com múltiplas linhas de comunic,aqão, acrescida da incapacidade de resposta das esüuturas ecomportamentos existentes, o poder se encontra disperso e @pazde ser exercido através
da
influênciq
tendo
por
estefacto
um
carácterrelacional:
emeÍgeem
situações de negociação,de
desníveis transaccionais, onde uns procuftrminfluenciar
outros, tendo emvista
a defesa dos seus interesses e guindar-se a posições de poder mais vantajosas(Crozier et Friedberg, 1977).
1.1.2
Formas
de Poder nas OrganizaçõesBacharach
et
Lawler
consideram queo
poder, mais especificamenteo
poder deautoridade
reside
em
prescriçõeslegais, noÍÍnas,
regrasilegitimadas
e
recoúecidas
numa
dada organizacfio e pelas quais sedelimitam
os campos específicos de acção. O poder,por
suavez, é
conotadocom influência,
queé
exercida nas relações informaisexistentes
ente
os actores do contexto organizacional; com base na gestão dos espaços, tempos e significados que medeiarn as interacções no contexto(Vietra
1999).A
aúoridade
é
um
elemento
fundarnentalna
configuração
das
organizações segundo os modelosformais,
sendo frequentemerúe investida nafigura do
chefe, queestipula os significados da acção colectiva a
partir
de um padrão de racionalidade. ParaBush
e
Tony,
consideradospoÍ Vieira
(1999), os
modelosformais
sustentam que asorganizações
são
sistemashienárqúcos
nos
quais
os
gestoresusam
significadosracionais para
atingir
objectivos comuns. Os chefes possuem urna autoridade legitimadapelas
suasposições
formais nas
organizaçõese
são
responsáveispor
estabelecer frorúeiras paÍa as actividades das suas instituições.Os
odectivos orguizanotaÁs
sobrepõem.-se,por
completo,
aos
interesses epreferências
dos
actoresindiüduais.
Estesnão
sãomais
do
que peças isoladas que,atavés
deníveis cadavez
mais especializados das suas firnções,contribui
em para aengrenagem da mráquina organizacional.
A
primazia da estnrturaformal
daorganizaqãaé
igualmente referenciada
por
Botnan
et
Deal,
sublinhando
a
prevalência
dosdispositivos
normativos
e
focos de
poder hienárquicos sobrea
dinâmicainformal
docontexto. Esta estrutura fomral determina os níveis de eficiência e eficrácia da motivação
e desempenho dos indivíduos, assim como regula
o
seu processo adaptativo ao padrão de acção legitimado institucionalmente(Vieira,
1999).Uma
organização
com uma
delimitaçao hienírqúca, uma
programação
deobjectivos
préüa
e
racionalmente, elaboradapelo topo da pirâmide, enconta
naburocracia
o
seu conceitomais
adequadoà
operacionalizaçãoda máxima
eficiência-Neste contexto organizacional tende
a
emergir uma liderançaformal
que seidentifica
com
a posiçãocimeira
da cadeiahienírquica Estipula
o
significado
das tarefase
dascomwricações,
aos
subordinadosnão
resüaouta
altemativa
do
que conformar se
àprossecução
dos
objectivos
organizacionais.A
este modelo
de
compreensão dadinâmica organizacional pode contrapor-se outro radicalmente
distinto,
em que tanto a organizaçãa como actores não sabem o que querem, nem o que fazer paÍa o alcançar.A
debilidade
dos
pÍocessos comunicacionais
é
reforçada
pela
inconsequência
e inconsistência dos modos de realização (tecnologias problemáticas). O desenvolvimentoorganizacional enconaa-se
circunscrito
à
complexidadee
heterogeneidade das forçasmultiformes do contexto
(Vieirq
1999).Vrários
autores
referenciadosna
obra
de Vieira
(1999)
sugerem
o
nome
de"anarquias organizados"
a
toda
a
organizaçãoque fimciona nuula
estrrúura
deobjectivos diversos
e
sem formas de concentação de poder em posições hienárquicassuperiores.
As
acções
surgem sem
oMecer
a
uma
intencionalidade
específic4precedem
o
pensamento, sendo suscitadaspelo
dinamismo espontáneo, heterogéneo ecomplexo do contexto.
A
ordem organizacionalnão
é
reguladapor um
padrãode
papéise
objectivos racionalmente programado.Neste
ciaso,a
racionalidade
da
estrutura
expressaria aprevalência
dos
interessesda
posição hierarqúcamente superior, orientada
para
aprossecução
da
máxima utilidade
objectiva.
Numa palavr4
as
característicasfundamentais
de uma
oryanização anrírquicaincidem em
objecüvos
problemáticos, tecnologias pouco claras e participaçãofluida
A
primeira especifica-se na ausência deum rumo, não
sabepara onde
vai, pois
nâo
tem uma
definição precisa
dos
seusobjectivos; pela segunda" o modo de fazer as coisas assenta
no improviso
e,por
fim,
a participaçãofluidq já
que quando não sesúe
para ondevai,
nem como se devem fazeras coisas, resulta
óbvio
que ninguém se entende, todos irúerferem em tudo e as decisõessão alteradas de forma constante.
Algumas fontes
da
ambiguidadepodem
residir na
complexidadedas
situaçõesproblema
que
é
paralelaà
exiguidade das definições acercada polissemia
das suasrarnificações. Muitas vezes, a existência de percepções diversas, díspares e discordantes,
sobre
os
factos, resulta
da
insuficiência
e
desenquadramentoda
informação
sobrecontexto organizacional, assim como das diferenças de personalidade, do pluralismo de valores e práticas políticas. Por
fim,
destaca a confusão de papéis que origina formas de realizacSo inconsistentes: a inconsequência e ambiguidade passam a ser características mais normais do modo defazer as coisas(Vieua
1999).O
modelo
das
anarquias organizadas compreende
o
desenvolvimento
daoryanizaso
em termos de ambiguidadee imprevisibilidade.
As
organizações formamum todo
complexo, heterogéneo,com
objectivos ordenados deforma
inconsequente e confusa, uma tecnologia estruturadapelo
improüso
e
uma participação esparsa, cuja tomada de decisão não obedece a uma programação espacio temporal específica e prédefinid4
des
emerge conf,orme os problemas das sitmryões.hmil*ery
refere que estatansformação
conceptual,
ao
nível da
investigaçãosociológica
das
organizações, resulta de novos pontos de interesse suscitados por curtos fenómenosoÍganiucionais
e destaca, como noção mais importante, a de poder(Mintzberg,l994).
1.13
Perspectivas da análise dopoder
Crozier et Friedberg (1977) constatam que
o
poder não é trma qualidade mágica concedida pelos deusese
quetoma a
pessoanum
predestinado.Ele tem
um
canícterrelacional
e,
somo
tal,
toda a
relaçãode
poder
é
uma
relaçãoinstumental
e
nãotransitiva:
....
Qualquer que seja com efeito o seutipo,
quer dizer os seus recursos, a sualegitimação, os seus objectivos e os seus métodos de exercício,
o
poder (aonível
maisgeral)
implica
sempre a possibilidade para certos indivíduos ou grupos de agir sobre osoutros
indiúduos
ou grupos.Significa
rye
nâo há
pd€r
*m
rel@,
ne,mrela@
sem 1loder.Uma
relapo
implica
pessoasou
gruposem
situação de negociaçãoou
troca,em
que se procuramalcançar
certos objectivos
e
fins
que
guindem
os
actorespara
uma
posit'ao
mais favonível de negociação, de acordo com a disponibilidade de recursos,anattreza
sócio-cútural
dos actores implicados e,wima
de tudo, a importÍincia do factor tempo. Sem otempo
não
se
podia iniciar
uma relação
de
negociação,não
podíamos estabelecer diversas metasou
alterar as diversas estratégias, comoforma
de teste à capacidade de regcrcia+fueaowátstrr
docisivo dosremrsos oomoformade
extensão do poder.O
exercício
do
poder
é
complexo,
podeú provir da
acçáo sobreas
acções dosoutros,
e
que
r"
^ulqializa
sob múltiplas formas de
disparidadeindividual
e/oucolectivq em
função
de
objectivos,
de
instrumentações,de
institucionalizaqãoe
de organização. De acordo com esüa perspectivafoucaltian4
é através destas questões quenos podemos aperceber das diferentes fomras de poder, o seu modo de elaboração, a sua transformaçãa e organizaçÁo.
Clegg, referenciado
por
Silva (2001) considera queo
poder na organização é umfenómeno
que
abarca
vrárias dimensões,de
grande complexidade,
tais
oomo,
a autoridade, ocontolo,
a liderança e ainda a influência social, muito particularmente nasredes de actuação e esüatégias de actores, não só de uma forma
indiüdual,
mas tambémcolectiva,
ou
sejapor
grupos.As
organizaçõeso
ambiente que as envolve, devem ser concebidas oomo arenas, onde as agências com níveis de poder diversos, isto é, com umconfolo
diferenciado
dos
recursosdisponíveis,
competempor
Íecursos
diferencialmente valorizados no contexto de
jogos
complexos e regidos por regÍas indeterminadas que cada agência pÍocura explorar em proveito próprio. Habitualmente, as perspectivas de poder exploram as questões relacionadascom
o
controlo
dos recursos valorizados,como
o
capital, as competências, a infonnação, a propriedade, as redes de informação.As
versõesmais
sofisticadas tendema
contextualizaro
exercício destecontrolo
emjogos
complexos, instáveis e regidospor regru;
indeterminadas, e atomar
as própriasNão existe
líder
sem grupo,tal
como não há poder se,mindiüduos
em situação de contexto relacional de actuação.Mas
como se materializao
exercício do poder nas organizações? Segundo Morgan, o poder nas organizações é um meio aitravés do qual osconflitos de interesse entre os seus membros são resolüdos e que detém o poder arrasta consigo uma certa habilidade, de forma a conseguir levar o
ouúo
a fazer algo. Trata sede
uma
perspectiva
que
salienta
o
exercício
do
poder se
materializa afravés
dainfluência nos comportamentos dos membros de uma organização (Silva, 2001).
A
liderança,
o
comando enquanto fenómeno
do
poder, advém
de
umareciprocidade que é conjunta, contextual, mas também
indiüdual.
Qualquer que seja a posição queum individuo
ocupe na organização só tenâ sentidoe
razÁo de ser quando relacionada com outras. Estas diferentes posições têm no seu ceÍne uma diversidade de interesses e racionalidades próprias dos actores (Crozier etFriedberg
1977).Neste sentido,
o
poder,
enquantopoder
formal
reconhecidoe
legitimado,
é parcialmente reguladopelo
complexojogo
dos estatutos e dos papeis dos actores queconstifuem
a
oÍganiz.a*ão. Sendo assim é possívelafirmar
que todos os actores dentrode
uma
organização
têm
poder,
porém
esse
poder,
manifestado
nas
decisões, comportamentos, atitudes e expectativas dos actores é,por
§ua vez,limitado,
ajustado,queÍ no contexto relacional, quer no contexto organizacional. Pfeffer (1981) refere que
o
poder nas
organizaçõesresulta
de
uma
relação específicaente
os
actores, ondenenhum actor,
dito no
sentidoindividual,
estáewaziado
de poder, podendo contudo deter mais poder do que oufto numa deterrrinada situação.A
teoria do poder nas organizações, segundo Crozier et Friedberg (1977), baseiase no pressuposto de que os
indiúduos
são detentores de objecüvos próprios, possuindouna
margem de liberdade e autonomia eum
sentido esfratégica perante a organização.O
exercíciodo
poderdiz
respeito aocontrolo
de recursos,e a
autonomia refere se à capacidade dos actores emcontolar
os recursosa
seufavor.
Se considerarmos ainda que as principais característicasi que distinguem uma profissão assentam essencialmenteno
saber e na capacidade de controlo esta sení carastenzaÁapoÍ um'osabet''e por
um "poder-saber-,ou
melhor,
um
poder disciptinar
no conholo da
divisão
do
trabalho(Silva,2001).
A
teoria de Crozier e Friedberg (1977) e Pfeffer (1981), referem que as fontes depoder
surgemnum
quadro
de
dependênciados
recursosque podem ser
de
ordem diversa, quer osfisicos,
monetiârios,políticos,
informações, e/ou conhecimentos. ParaMintzberg (1994), além da
dependênciade
recrusos,constituiu
igualmentecomo
asfontes de poder, quer as prerrogativas legais, expÍessas pelas leis e pelos regulamentos vigentes nas organizações, quer ainda o acesso
privilegiado
que os detentores do poderdetêm
em
relação
a
outras fontes
de
poder.
Assim
sendo,o
poder coercivo
e
de recompensa na.s organizaçõespode ser
entendidocomo uma
forma
que
é
utilizada
formalmente
por
aqueles que detêm uma dada autoridadeformal
e certas prerrogativas legais para controlar os r@ursos, dito essenciais ou críticos.Enquanto que
o
poder coercivo só pode ser exercidopoÍ
quem detémo
poderlegítimo,
o
poder
especializado
é
exercido
por
quem
detém
conhecimentos especializadospara controlar
a
informaçãoe
os
recursos nas organizações.O
poderreferente
manifesüase
no
quadro
da
posse
dos
recursos
políticos,
considerados essenciais ao bom funcionamento da organização, sendotadicionalmente
concenüados num número reduzido de membros(Mintzberg,l994).
Assim, o poder só se pode constituir a partir de uma rede de relações, em fimção dos
jogos
situacionaisde
acçÍloe
das próprias expectativasface
às estratégicas, nasquais
interceptam
os
valores,
as
atitudes
e
os
comportamentosdos
actores
naorganização.
Reed,
referenciadopor
Silva (2001),
consideraque as
classificações esEuturais e pnáticasadministativas
típicas das organizações formais ou complexas sãodeterminadas
por
vastas configurações de dominação, as organizações reproduzem osconsüangimentos ideológicos
e
políticos,
o
contexto
dos
constrangime,ntosinstitucionalizados postos
por
grupos dominantes. Organizaçõesque
se esforçam emcontrolar as ideias
e
as técnicasatavés do
qualo
trabalho é coordenado. Este esforçopara
contolar conflitos
geradosnos
interessese
valores dentro
e
entre
os
actores organizacionais sobre o qual o trabalho é para ser estruturado, e os be,lreficios derivadosda
acüvidadeproduzida,
sãodis[ibuídos por
todos;
os conflitos da estrúura
socialproduzem
contrdições
e
te,nsõesque
têm
que ser
reguladas
pelas
tecnologiasadminishativas e práticas dir. ectivas, geradas nos interesses dos grupos dominantes
-
épara ser
sustentadq
estastecnologias regulativas
e
práticas são
parcialmente bem sucedidas mas, geralmente, dão origem a problemas no estabelecimento de novas fontes de poder econilolo,
que são combatidas sobre grupos afirmados; a sucessiva mudançade
fontes
de
poder
reproduzidas
pela
luta
desigual,
ente os
dominantes
e
ossubordinados,
para
exercitar algrrm controlo sobre
as
condições
de
existênciaorganizacional,
é
reproduzida,
afavés
da
força
subjacente,
que
conduz
às hansformações.Segundo
o
referido
aúor, o
podertem
duas vertentes.Por
um
lado,
o
poder emergecomo
um
fenómenode
comportamento interpessoal,ê
poÍ outro
lado,
surge como umamanifuação
de factores esfruturais sedimentados na organização. Crozier etFriedberg (1977) consideram igualmente que
o
poder, e principalmente as relações depoder estão presentes
em toda
e
qualquer acçãocolectiva
O
exercíciode
poder nasorganizações surge de uma troca deseqúlibrada da possibilidade de ÍrcÇão,
ou
seja, de comportamentosente um
conjuntode
actoresindiüdual
e/ou colectivos.No
entanto embora arclaçáa de poder seja desequilibrada, não se pode de modo algum considená-lanegativa
E impen*ável uma organização sem relações de poder, pois seriadificil
havertomadas
de
decisão,objectivos
partilhadospor
todos,
acções organizadasde
formapacífica
Para
a
anráIiseorganizacional
da
participação
directa
é
necessárioter
em consideraçãoo
cariâcter interessadoda
acção social,já
que
o
interesseexiste
e
nâo resulta de qualquer geração espontânea ou de um processo de convergência dos actores.O
interesseresulta
sim da (inter)
dependência,do
desequilíbrioe
dos confortos
de vontades, ditos de existências, e, porüanto, de conflitos de poderente
os actores.As
organizaçõessão locais
esfratégicospara
a
conduta
de lutas de
poderpersuasivas entre os grupos da oposição sobre
o
contolo
das estruturas e das pÉticas,através dos quais o
tabalho
é organizaio (Silva, 2001). Deste modo não há congruênciade interesses
ente
os actoÍes,pelo
queo
verdadeiro problema nos sistemas de acçÍio organizada- Não é, pois, que os actores tenham sede de poder, mas que eles não possamevitar
a
dependênciae
o
seu coroliário,o
poder.A
unica
maneirade
enfrentar estesfenómenos é arranjar recursos para
tocar
e, emprimeiro
lugar,o
recuÍso qtre contémtodos os outros,
o
saber, autonomia e pertinência dos seus próprios comportamentos, oque nos
reconduzao
nossoponto
de
partida,
o
poder como
capacidadede
acção" @riedberg, 1995).Crozier
et
Friedberg
(1977),
mencionam
que
o
carrâctercooperativo
e
daparticipação
directa
ta
organização se mantém atravésde
diferentes concepções dejogos
etamMm
resulta do papel dos dirigentes e das suas relaçõescom
os actores da organização, assimcomo
das interacções, interessese
relações de poder engendradaspelo
coqiunto de actores.Na
óptica dos autoreso
poder de cada actor surge integradonum processo de troca provem da pertinência das possibilidades de acção de cada um
dos participantes para a solução, ou pelo menos, para
o
controlo e gestâo de problemasnos quais
topeça arealinçãa
das empresas ou dos desejos dos ouüos.-ç
"-,:t-'!..i"+r'-'---'-*
..1 n!'- I \ '.'.-1 u.' t
Parece claro que nas relações entre os actores existe
umjogo
de interesses, depoderes
e de
saberes. Friedberg(1995) identifica
duas eshatégiasnas
condutas dosparticipantes
numa
relação
de poder,
sendouma
delas
de
tipo
ofensivo,
visandoaumentar
a
preüsibilidade dos
outros,
a
&
segundado tipo
defensivo, visando
o alargamento deaúonomia
e a maÍgem de manobra. Trata se dejogos
de actores quereforçam a posição negocial
dirigido
à obtenção de resútados naquilo em que os actoresse
empreendem.Assim
sendo, este
jogo
de
relações
estratégicas,manifesta
se frequentementeem
estratégtasde poder.
SegundoFoucal!
referenciadopor
Silva
(2001), pode-se chamar estratégia de poder ao coqiunto de meios postos em acção para
fazer
funcionaÍ
ou para manter um dispositivo de poder. Pode-sefalar
dessaestatégia
propria às relações de poder na medida em que elas constituem modos de acção sobre a acção possível, eventual, suposta dos
outos.
Podem-se então descodificar em termos de"estratégias" os mecanismos postos em acção nas relações de poder.
A
vida
organizacionalconsrói-se tanto
aonível
implícito,
querdo explícito
eformal,
com destaque evidente paÍe-a estruturação do contexto interactivo com base nainfluência de jogos de poder que se instituem e que constituem a
tama
essencial da suamicro
potítica.E
de facto a perspectivamicro-política
dtrma oryanizarfia fornece uma aproximação vrátida eforte
para compreendero
dia a dia davida
Refere-se ao poder e como as pessoaso
usam para influenciarmos ouüose
se auto protegerem.E
acercadoconflito e
como
as Í)essoas competem umascom
as outraspaÍa
conseguiremo
que querem. Éacera
da cooperação e como as pessoas vêem e têm fortes convicções sobre o ambiente social(Vierq
1999). Esüa dimensãofoi
completamente ignorada pela teoriac[ássica
das
organizações, segundo
o
autor,
devendo
o
principal objectivo
dL administração deve sero
de asseguraro
miáximo de prosperidade de empregado.Nela
estiá zubentenüdauma
conc€,pção demasiado económicado
serhumano
@riedberg,1995). Tudo estava submetido a um critério de racionali?Â{aa do
tabalho,
da produção, ahavés da projecção defins
pÍocuÍavamevitar
o
improviso
na execução das tarefas epela supervisão apertada das mesmas
p(nrravam
garantir a mráximaeficiência
Maslow
tipifica
ouhas
dimensões
e
necessidadesda
exisüência humanaEstabelece uma hierarquia das necessidades, em que
o nível
da satisfação das mesmasvai
determinar
a
forma
de
comportamento.Na
base encontram-seas
necessidadesfisiológicas (e.g. alimentação, vestuiário) que podem ser consideradas como essenciais à
sobrevivência
e
sem
as
quais
outas não
podem
ser
saüsfeitas;depois
§urgem a§;proteja das ameaças, seguidas pelas necessidades sociais (e.g. necessidades de pertença
e
de
ser
reconhecido
e
finalmente
as
necessidadesligadas
ao
indiüduo
e à
suaafiÍmação pessoal (e.g. diguidade
ercaliza$o
pessoal),(Vieirq
1999).Se
aceitamos uavirado
irylíciúo"
edo
infomal, @emos
igpalm€tre
assmir
que as organizações são: "sistemas de acção concreta", segundo Friedberg (1995), ou
sejq
espaçoscriados
na
basede
relações, negociaçõese
influências
de
poder,
queconshoem
um
contexto social
determinadoe
dinâmico.
O
poder
emerge, assim, dossignificados
humanos construídos,da
disponibilidade
e
amplitude
de
recursos, pois quanto mais abrangentes estes forem,tanto
mais aquele se exerce nas interacções deforma a conseguir se a cooperação dos outros.
Bacharach
e
Lawer,
referenciadospoÍ Vieira
(1999),
referemque
a
actiüdade
política
predominante nas coligaçõesé
o
"regateio" (i.e.
barganing).Significa
que ascoligações não só são unidades principais de acção política mas também os mecanismos para esüabelecer e
definir
ojogo
político.
Este,por
sua vez, é manifestado no regateioente
coligações.O
conflito
ente
coligaçõesinta
organizacionaistoma
a forma
de regateio.Coligações
e
regateio
são
insepaníveis,
existem
numa
interdependênciafortíssima
O
regateio
é, por
excelência,a
esmategiapara
defender,pÍomoveÍ
os interesses nas coligaçõese
guindríJasa
novas posi@es de poder, nunca podendo ser dissociadas de uma actividadepolíüca
complexa e abrangente. Podendo assumir duasformas: a
disributiva
e aintegrativa Na
primeira
a disparidade de recursos existentesfaz
com
que asi coligações se encontrem distanciadas umas das outras,com
esoassoprocesso
de
comunicaçiio
e,
nas
raras vezesque
esteocorre,
assumeformas
mais violentas e negativas de ambos os lados.A
segrmda modalidade de regateio compreendeo
esforçocoqiunto
das coligaçõesna
optimizaçãodos
seus recursos.É um
processoconciliatório em que
as coligações intervenientes procurammadmizar
os
beneficiospossíveis dada aprecariedade dos recursos existentes.
Nnma
perspectiva psicossocial,
Moscovoci
e
Doise, teoúzaú
sobre
este consenso,o
qual, para
os
autores,é um
pnítica
de
discussãoindispenúvel
à
vida
politica e
social.Não
hávida
em oomum sem Gonsenso. Podere,mosrefeÍir
que é umainstituição
das sociedades democníticas, pelaqual
cadaum tem
direito
de participar,consciente e criticamente, nos pÍocessos de discussão e decisão da vida grupal.