• Nenhum resultado encontrado

ESTÍMULOS VERBAIS E MUSICAIS PROMOVEM MAIOR DESEMPENHO NO TESTE DE 1RM EM MULHERES RECREACIONAIS NO TREINAMENTO DE FORÇA?

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ESTÍMULOS VERBAIS E MUSICAIS PROMOVEM MAIOR DESEMPENHO NO TESTE DE 1RM EM MULHERES RECREACIONAIS NO TREINAMENTO DE FORÇA?"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

Contato: Pedro Pinheiro Paes - pppaes@ufpe.br

Estímulos verbais e musicais promovem maior

desempenho no teste de 1rm em mulheres

recreacionais no treinamento de força?

Verbal and musical stimulus promote higher performance in the 1rm

test in recreational women in strength training?

Pedro Pinheiro Paes1 Petrus Gantois2 Gledson T. A. Oliveira3 Gilmário Ricarte Batista2 Manoel da Cunha Costa4 Leonardo de Sousa Fortes2

1 Universidade Federal de Pernambuco 2Universidade Federal da Paraíba 3Universidade Federal do

Rio Grande do Norte

4Universidade de

Pernambuco

Recebido: 09/10/2018 Aceito: 12/12/2018

RESUMO: O objetivo do presente estudo foi comparar o efeito do estímulo verbal, musical e controle no

desempenho do teste de 1RM. Vinte mulheres com idade (21,35 ± 3,05 anos), e experiência prévia mínima de um ano em treinamento de força participaram de um desenho do tipo cruzado. Inicialmente, cada voluntária foi submetida a duas sessões de familiarização com intervalo de 48 horas. O teste de 1RM foi realizado para os exercícios supino reto e leg press 45º, em diferentes condições (estímulo verbal, estímulo musical e sem estímulo) de forma randomizada. Na condição de estímulo verbal, foi utilizada a seguinte expressão (e.g. “vamos lá, você consegue!”), enquanto que no estímulo musical foi solicitado as voluntárias que escolhessem músicas que elas consideraram motivá-las de forma livre. No grupo controle, as voluntárias realizaram o teste de 1RM sem nenhum estímulo. Os testes nas diferentes condições foram separados por um período de “washout” de uma semana. ANOVA para medidas repetidas foi utilizada para determinar diferenças entre as condições do teste de 1RM. O nível de significância adotado foi de p ≤ 0,05 e todas as análises foram realizadas através do software Statistical Package for the Social Sciences versão 20.0. Nossos resultados demonstraram um maior desempenho no teste de 1RM para o exercício supino reto (p<0,001) e leg press 45º (p<0,001) a favor dos estímulos verbal e musical quando comparado a condição controle. Neste sentido, concluímos que a utilização de estímulos verbal e musical promoveu efeito ergogênico de forma aguda na força máxima em mulheres treinadas, podendo otimizar a prescrição e ajuste das cargas durante as sessões do treinamento de força.

Palavras-chave: Música; Motivação; Força muscular; Exercício.

PAES PP, GANTOIS P, OLIVEIRA GTA, BATISTA GR, COSTA MC, FORTES LS. Estímulos verbais e musicais promovem maior desempenho no teste de 1rm em mulheres recreacionais no treinamento de força? R. bras. Ci. e Mov 2019;27(3):67-75.

ABSTRACT: The aim of the present study was to compare the effect of verbal, musical and control

stimulus on the performance of the 1RM test. Twenty women with age (21.35 ± 3.05 years), and minimum one-year experience in strength training participated in a cross-over design. Initially, each volunteer underwent two sessions of familiarization with a 48-hour interval. The 1RM test was performed for the exercises bench press and leg press 45º, in different conditions (verbal stimulus, musical stimulus and no stimulus) in a randomized way. In the condition of verbal stimulus, the following expression was used (eg "come on, you can!"), while in the musical stimulus volunteers were asked to choose songs that they considered motivating them freely. In the control group, the volunteers performed the 1RM test without any stimulus. The tests in the different conditions were separated by a washout period of one week. ANOVA for repeated measurements was used to determine differences between 1RM test conditions. The level of significance was set at p ≤ 0.05 and all analyzes were performed using the Statistical Package for Social Sciences software version 20.0. Our results demonstrated a better performance in the 1RM test for the bench press exercise (p<0.001) and leg press 45º (p<0.001) in favor of the verbal and musical stimuli when compared to the control condition. In this sense, we concluded that the use of verbal and musical stimuli promoted an acute ergogenic effect at maximum strength in trained women, being able to optimize the prescription and adjustment of loads during the strength training sessions.

(2)

Introdução

O treinamento de força (TF) é uma estratégia recomendada para a manutenção e aumento da resistência, potência e força muscular em diferentes populações1. A força muscular é um componente da aptidão física que está associada ao aumento da capacidade funcional, e na prevenção e tratamento dos fatores de riscos cardiometabólicos2. Para avaliar a força muscular dos membros superiores e inferiores, o teste de uma repetição máxima (1RM) é comumente utilizado, pois requer equipamentos de baixo custo e não laboratoriais, sendo considerado padrão de referência no âmbito da saúde e desempenho3. Vale ressaltar que apesar do custo-efetividade do teste de 1RM, alguns fatores podem influenciar o desempenho na avaliação da força, seja atenuando ou maximizando o resultado dos testes, como: realização do aquecimento previamente ao teste de 1RM, intervalo de recuperação entre as tentativas, a temperatura ambiente, a desidratação do indivíduo e a forma de encorajamento, seja por estímulo verbal ou musical3,4.

O estímulo verbal é um recurso ergogênico, que é comumente utilizado em testes de força isométrica, isocinética e isotônica, com o objetivo de aumentar a produção de força muscular5. Para este protocolo é importante considerar a forma de transmissão da comunicação verbal, pelo fato da amplitude e da escolha das palavras serem aspectos que podem influenciar no teste6. Estudos demonstraram que esse protocolo de encorajamento promove aumento no pico de torque isométrico dos flexores do cotovelo7 e do tríceps braquial6, contudo sem alterações no pico isocinético dos músculos quadríceps e isquiotibiais5. Ao investigar homens e mulheres destreinados, observou-se um aumento de 5-8% da força dos membros superiores ao realizar 1-3 contrações isométricas máximas6,7. Em contrapartida, não foi encontrado melhorias na força isocinética nos membros inferiores após 5 contrações máximas com encorajamento verbal, em homens e mulheres5. Destaca-se que os equipamentos utilizados nos estudos supracitados são de alto valor econômico, e não refletem a realidade de grande parte da população que pratica exercícios físicos. Deste modo, ainda se observa uma lacuna de investigações sobre a influência do encorajamento verbal ao avaliar esforços máximos pelo teste de 1RM em diferentes populações, especialmente em mulheres com experiência prévia no TF.

Concernente ao estímulo musical, outro recurso ergogênico frequentemente utilizado por praticantes de exercícios físicos, tem por finalidade induzir efeitos psicológicos importantes como a motivação, além de dissociar o foco de atenção do praticante ao desempenhar determinado exercício, o que pode refletir na diminuição das sensações de fadiga e consequentemente em um menor esforço percebido na atividade8,9. A maioria dos estudos que avaliaram o efeito da música têm se concentrado em exercícios aeróbios, e pouca atenção ainda é concedida aos exercícios anaeróbios, especialmente direcionado ao TF10–12. De fato, a combinação da música e exercícios aeróbios tem proporcionado melhoras na tolerância a fadiga e na capacidade de trabalho, maximizando o desempenho na atividade13,14. Uma recente revisão demonstrou aumento da força isométrica de preensão manual na condição musical, sugerindo um possível efeito da música no desempenho em testes de força muscular15. Relativo ao efeito da música em consideração a força máxima, obtida pelo teste de 1RM as evidências científicas ainda são limitadas. É de nosso conhecimento que apenas o estudo de Bartolomei et al.4 se propôs a investigar o efeito da música na força máxima. Esse estudo incluiu homens adultos que treinavam força no mínimo três vezes por semana por mais de três anos, não sendo observado diferenças significativas entre as condições música e sem música ao realizar um 1RM no supino reto. De acordo com os autores é provável que a natureza não rítmica do teste, pelo fato de ser realizada apenas uma repetição, pode ser um fator interveniente nos resultados. Além disso, um fator limitante nesse estudo foi não ter controlado o volume da música, tendo em vista que já foi demonstrado que intensidades (volume) altas podem influenciar na força máxima6.

A fim de superar as limitações e achados inconsistentes da literatura, é pertinente investigar se diferentes formas de encorajamento podem contribuir na maximização da força muscular em membros superiores e inferiores em

(3)

R. bras. Ci. e Mov 2019;27(3):67-75.

mulheres com experiência prévia no TF. Até o momento é desconhecida a superioridade entre os estímulos verbal e musical. Devido à popularidade desses recursos ergogênicos pelos praticantes de TF, a fácil aplicabilidade e baixo custo em avaliar a força máxima pelo teste de 1RM, principalmente em centros de saúde e desempenho, acreditamos na necessidade de ampliar o conhecimento acerca desta temática. Além disso, é importante destacar que o teste de 1RM tem sido atribuído como importante parâmetro para a prescrição da carga de treinamento, no qual geralmente o treinamento é prescrito com base no percentual de 1RM. Logo, entender possíveis fatores que contribuem para o aumento do desempenho neste teste pode otimizar a intensidade do treinamento. Portanto, o objetivo do estudo foi verificar o efeito do estímulo verbal, musical e sem estímulo (controle) no desempenho da força máxima nos exercícios supino reto e leg press 45º em mulheres treinadas. Como hipótese, acredita-se que os estímulos musical e verbal terão efeitos similares no desempenho da força máxima no teste de 1RM, contudo superiores a condição controle.

Materiais e métodos

Participantes

A amostra foi composta por n= 20 mulheres, com idade média de 21,35 ± 3,05 anos. O procedimento amostral foi de forma intencional. Como critérios de inclusão, os participantes deveriam ser mulheres com idade superior a 18 anos; serem recreacionalmente treinadas em força (indivíduos que treinam consistentemente de 1-5 anos)16; e assinarem um termo de consentimento livre e esclarecido. Os critérios de exclusão adotados foram: i) responder “sim” em pelo menos uma das questões do Physical Activity Readiness Questionnaire - PAR-Q; ii) apresentar qualquer complicação osteomioarticular que inviabilizassem a realização dos procedimentos adotados no estudo; iii) fazer uso regular de substâncias ergogênicas (e.g. cafeína e creatina). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa – CEP do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco (CAE: 43276015.8.0000.5208), seguindo as diretrizes para coleta de dados em seres humanos, conforme a resolução nº 466/12, de 12/12/012, do Conselho Nacional de Saúde, assim como foi respeitado rigorosamente os princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki (2008). Todas as voluntárias do estudo assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Desenho do estudo

O presente estudo é de natureza experimental do tipo cruzado randomizado. A coleta de dados englobou as seguintes etapas: a) avaliação antropométrica; b) familiarização; c) aplicação do teste de 1RM. Primeiramente, as voluntárias responderam o questionário PAR-Q e foram submetidas às avaliações antropométricas. Em seguida, todas as voluntárias foram randomizadas de acordo com a condição a realizar o teste de 1RM, sendo distribuídas em seis grupos: o grupo 1 e 2 englobou 4 mulheres em cada, enquanto os demais (grupos 3, 4, 5 e 6) foram compostos por 3 mulheres em cada (ver tabela 1). Os testes de 1RM foram realizados em três condições diferentes (controle vs estímulo verbal vs estímulo musical) e envolveram os exercícios supino reto com barra e leg press 45º. Cada voluntária foi submetida a duas sessões de familiarização com intervalo de 48 horas, a fim de estabilizar a força e não superestimar possíveis efeitos de aprendizagem ao teste. Na situação controle, as voluntárias realizaram o teste de 1RM sem nenhum estímulo, enquanto que no teste com estímulo verbal, foram adotados os padrões descritos por Mcnair et al.7 (e.g. “vamos lá, você consegue!”). Todos os estímulos foram empregados pelo mesmo avaliador, que não teve conhecimento da carga levantada nas diferentes condições de teste.

Para o teste com o estímulo musical as voluntárias foram solicitadas a escolher músicas que elas consideraram motivá-las de forma livre4. Para garantir maior validade ecológica, e considerando as diferenças individuais e psicológicas entre os participantes, a escolha da música ocorreu de forma auto selecionada. Para efeito de padronização de volume17, as músicas foram enviadas aos pesquisadores e reproduzidas no mesmo dispositivo celular e fone,

(4)

respeitando os alertas de agressão ao aparelho auditivo dado pelo dispositivo. O período da música englobou desde o aquecimento prévio, recuperação, teste e re-teste. (~20 minutos). Durante o período de coleta as voluntárias foram orientadas a manterem sua rotina normal, evitando apenas a prática de exercícios físicos e a utilização da cafeína no dia dos testes. Os testes nas diferentes condições foram separados por um período de “washout” de uma semana para evitar qualquer efeito residual do teste anterior, não sendo realizada nenhuma sessão de TF durante este período. Todas as participantes realizaram as três condições experimentais (Controle vs. Verbal vs. Musical). A ordem das condições foi randomizada e contrabalanceada para reduzir algum viés de ordem entre os estímulos.

Tabela 1. Desenho cruzado do estudo.

Grupos Condição 1 Condição 2 Condição 3

01 Controle Estímulo verbal Estímulo musical

02 Controle Estímulo musical Estímulo verbal

03 Estímulo verbal Controle Estímulo musical

04 Estímulo verbal Estímulo musical Controle

05 Estímulo musical Controle Estímulo verbal

06 Estímulo musical Estímulo verbal Controle

Antropometria

Foram mensuradas a massa corporal (kg), através de uma balança portátil (Filizola® 110, São Paulo, Brasil) com precisão de 0,1 kg, a estatura (m) por meio de um estadiômetro portátil (Sanny ES2020®, São Bernardo do Campo, Brasil) com resolução de 0,1cm, sendo estimado o índice de massa corporal, a partir do quociente da massa corporal/estatura2. A composição corporal foi determinada pela técnica de espessura das dobras cutâneas através de um adipômetro (Cescorf®, Porto Alegre, Brasil) com precisão de 0,1 mm. Para o cálculo da densidade corporal aplicou-se o protocolo de Jackson e Pollock18, identificado pela espessura de sete dobras cutâneas (abdômen, supra-ilíaca, axilar-média, subescapular, tricipital, peitoral e coxa). O percentual de gordura foi estimado através da equação de Siri19. As avaliações ocorreram no mesmo dia e foram realizadas pelo mesmo avaliador. Para a maior fidedignidade dos dados recorreu-se ao cálculo do erro técnico de medida (<5%) e ao coeficiente de teste re-teste (>0,95) para cada ponto anatómico. Todas as mensurações seguiram as orientações da International Society for the Advancement of

Kinanthropometry (ISAK)20.

Teste de 1RM

O protocolo de 1RM foi realizado para os exercícios supino reto com barra e leg press 45º e foi precedido por uma série de aquecimento específico (6 a 10 repetições) a 50% da carga inicial utilizada no primeiro teste de 1RM, identificada na sessão de familiarização. O teste teve início após dois minutos de recuperação e seguiu os procedimentos descritos por Ritti-Dias et al.21. As voluntárias foram orientadas a executar duas repetições, caso fossem completadas duas repetições, ou nenhuma repetição na primeira execução, uma nova tentativa foi solicitada após um intervalo de recuperação de três a cinco minutos (levando em consideração a percepção de esforço) com uma carga superior (> duas repetições) ou inferior (nenhuma repetição) àquela empregada no peso inicial do teste. Caso necessário houve uma terceira testagem, sendo registrada como carga máxima aquela na qual o sujeito conseguiu fazer apenas uma repetição. Os testes para ambos exercícios foram realizados no mesmo dia após intervalo de 20 minutos. Vale destacar, que o pesquisador responsável pela aplicação do teste de 1RM foi cegado quanto a hipótese do estudo, a fim de evitar algum viés durante o teste.

(5)

R. bras. Ci. e Mov 2019;27(3):67-75.

Padronização dos exercícios

Supino Reto (barra) – As voluntárias foram posicionadas em decúbito dorsal, com a execução do movimento

partindo de uma barra segura acima do tórax, com os ombros aduzidos transversalmente, os cotovelos estendidos e as mãos em pronação, afastadas paralelamente ao ombro. Na fase excêntrica do movimento, foi realizada a flexão dos cotovelos, com os ombros abduzidos transversalmente. Ao término da fase excêntrica que seguiu sua amplitude total, o movimento retornou a sua posição inicial com a extensão de cotovelo e adução transversal do ombro, consistindo assim na fase concêntrica22.

Leg Press 45º – As participantes posicionaram as pernas paralelamente, mantendo-as alinhadas ao quadril e os

pés apoiados na plataforma. Os braços foram posicionados paralelamente ao tronco, com as mãos na barra fixa de apoio. A posição inicial e final em cada voluntária foram registradas e empregadas em todas as fases da coleta dos dados23, sendo respeitada a angulação de 90º de flexão do quadril na posição final.

Análise estatística

A normalidade dos dados foi confirmada pelo teste de Shapiro-Wilk. Os dados foram reportados em média e desvio padrão. Uma ANOVA para medidas repetidas foi utilizada para determinar diferenças entre as condições do teste de 1RM (controle, estímulo verbal e musical). A homocedasticidade das variâncias foi verificada através do teste de Levene. O ômega squared (ω2) foi utilizado para estimar o tamanho do efeito da variância. Quando necessário, post hoc de Bonferroni foi utilizado para identificar as diferenças significativas. A magnitude do tamanho de efeito de Cohen para a força muscular foi interpretada com base na escala de Rhea para indivíduos recreacionalmente treinados, e foi recorrido aos seguintes limiares <0,35 trivial, 0,35-0,8 pequeno, 0,8-1,5 moderado, >1,5 forte16. O cálculo do poder estatístico foi realizado a posteriori. Para determinar a potência obtida, foi realizada uma análise de poder estatístico post hoc para as diferenças entre o teste de 1RM entre as condições (controle vs verbal vs música), com base no tamanho da amostra investigada, um alfa de 5% e o tamanho do efeito obtido. Para a ANOVA de medidas repetidas, a potência alcançada para o efeito principal da condição foi de 100% e 91,9% para os exercícios supino reto e leg press 45º, respectivamente.O nível de significância adotado foi de p< 0,05 e todas as análises foram realizadas através do software Statistical Package for the Social Sciences versão 20.0 (Nova York, EUA).

Resultados

A caracterização da amostra incluindo os dados descritivos (massa corporal, estatura, índice de massa corporal e percentual de gordura), pode ser visualizada na tabela 2.

Tabela 2. Caracterização da amostra.

Variáveis Média Desvio Padrão

Massa corporal (kg) 58,61 9,05

Estatura (m) 1,60 0,05

Índice de Massa Corporal (Kg/m2) 22,63 3,08

Percentual de Gordura (%) 25,26 4,19

As figuras 1 e 2 ilustram a comparação do desempenho no teste de 1RM no exercício supino reto e leg press 45º, respectivamente, entre as condições controle, estímulo verbal e musical. Para o exercício supino reto foram encontradas diferenças significativas entre as condições do teste de 1RM (F(2,38)= 14,520; p<0,001; ω2= 0,16), no qual

(6)

situação controle. Relativo ao desempenho no leg press 45º, também foram observadas diferenças significativas (F(2,38)=

10,694; p<0,001; ω2= 0,14) entre as condições estímulo verbal (d= 0,35) e musical (d= 0,35), quando comparadas com a situação controle.

Teste de 1RM - Supino Reto

0

10

20

30

40

*

*

Controle

Verbal

Musical

Q

u

il

o

g

ra

m

a

(

K

g

)

Figura 1. Desempenho do teste de 1RM no exercício supino reto, nas condições controle, estímulo verbal e musical. *= diferença significativa entre a condição controle p< 0,05.

Teste de 1RM - Leg Press 45º

100

150

200

250

300

*

*

Controle

Verbal

Musical

Q

u

il

o

g

r

a

m

a

(

K

g

)

Figura 2. Desempenho do teste de 1RM no exercício leg press 45º, nas condições controle, estímulo verbal e musical. *= diferença significativa entre a condição controle p< 0,05.

Discussão

O presente estudo teve como objetivo comparar o desempenho no teste de 1RM com estímulo verbal, musical e sem estímulo (controle) e se observou como principal achado que os estímulos verbal e musical tiveram impacto no desempenho da força máxima, com efeito pequeno, para os exercícios supino reto e leg press 45º, quando comparado com a situação controle. A utilização do estímulo verbal e musical aumentou o desempenho na força máxima no exercício supino reto em 13,2% e 16,1% e no leg press 45º em 10,8% e 10,2% quando comparado a situação controle, respectivamente. Ao comparar o desempenho entre as condições verbal e musical não foram observadas diferenças significativas em ambos os exercícios. Nesse sentido, os nossos achados suportam a hipótese inicial de que os estímulos

(7)

R. bras. Ci. e Mov 2019;27(3):67-75.

verbal e musical promovem efeito ergogênico no desempenho da força máxima.

Nas últimas décadas, se observa que a utilização do estímulo verbal constitui um procedimento padrão durante diferentes testes de esforços máximos, endurance24,25, potência máxima26 e força máxima7. No entanto, ainda não se encontra claro na literatura o efeito deste estímulo no desempenho em testes de esforços máximos que justifiquem a sua aplicação como procedimento padrão. Relativo aos testes de força muscular, os estudos encontrados na literatura investigaram a influência do estímulo verbal na força isométrica6,7 e isocinética5, não sendo observado com testes de 1RM. Estudos clássicos com TF têm reportado que o estímulo verbal aumenta o desempenho na força isométrica6,7. Mcnair et al.7 investigaram homens e mulheres não treinados, e encontraram um aumento de 5% no pico de torque dos flexores do cotovelo ao realizar 2 séries de 3 contrações isométricas máximas. Johanson e colaboradores6 demonstraram em homens destreinados um aumento de 8% da força isométrica do tríceps braquial ao realizar uma contração máxima isométrica quando a amplitude do estímulo verbal foi aumentada em 22 decibéis. A melhora do desempenho pelo encorajamento verbal tem sido indicada a partir do clima motivacional promovido pelo pesquisador, que utiliza reforços positivos que podem aumentar as expectativas de competência, além de possibilitar uma distração do desconforto advindo do teste27,28. Nesse sentido, os nossos achados demonstraram diferenças significativas com efeito pequeno no desempenho da força máxima, estimada pelo teste de 1RM, quando comparado com a condição controle. Portanto, é possível assumir que estes dados em conjuntura com os estudos supracitados fornecem subsídios para os pesquisadores e profissionais do exercício sobre o efeito ergogênico do estímulo verbal no teste de 1RM em sujeitos destreinados e com experiência em TF.

Adicionalmente, além do estímulo verbal, observou-se que a utilização da música também apresentou aumento no desempenho da força máxima quando comparado com o grupo controle, sendo verificado resposta similar quando comparado com a condição verbal. Estudo de Karageorghis, Drew e Terry29 demonstrou que músicas com características estimulantes (134 b∙min-1

) promoveram efeito positivo na força de preensão isométrica em ambos os sexos, sendo reportado maior efeito de condição para músicas estimulantes, quando comparados com músicas sedativas (90 b∙min-1) ou situação controle. Ao investigar o efeito da música na força máxima dinâmica, poucas evidências são

reportadas na literatura. Biagini et al.10 investigaram o efeito da música no desempenho da força explosiva, por meio de uma plataforma de força, e reportaram um efeito significativo para a condição musical, quando comparado com o grupo controle. De fato, ainda se permanece incerto os possíveis mecanismos ergogênicos da música que promovem o aumento do desempenho da força máxima10,15. Nesse sentido, é postulado que o uso sincrônico da música pode diminuir o custo metabólico do exercício promovendo maior eficiência neuromuscular, inerentes ao processo de relaxamento e motivacional durante a expectativa de realização do exercício9,30. Ademais, é possível que as alterações nas respostas androgênicas promovidas pela música, previamente ao exercício, possam contribuir para o maior desempenho da força máxima, sendo verificado que músicas com ritmos acelerados aumentam a concentração de adrenalina antes do exercício31. Apesar destes potenciais mecanismos sugerirem efeito ergogênico da música, em estudo conduzido por Bartolomei et al.4 não foi observado aumento no desempenho do teste de 1RM, com a utilização de música auto selecionada, para o exercício supino reto em homens treinados. Estas divergências com os nossos achados, podem estar associadas com as diferenças de sexo entre os estudos. Corroborando com esta ideia, tem sido sugerido que mulheres são mais responsivas à aspectos inerentes a música do que os homens8, o que pode exigir menores intensidades da música para promover respostas ergogênicas do que nos homens.

O aumento da intensidade do treinamento é um dos principais objetivos dos praticantes de TF, a fim de potencializar as adaptações inerentes ao aumento do estresse muscular32. Dentro de uma perspectiva prática, os nossos dados demonstram que a utilização de estímulo verbal e musical de forma aguda promoveram efeito no desempenho da força máxima de mulheres com experiência em TF, obtidas pelo teste de 1RM para os exercícios supino reto e leg press

(8)

45º. Portanto, é possível sugerir o seu efeito ergogênico, e que treinadores e praticantes podem fazer o uso do estímulo verbal e musical para aumentar o desempenho da força máxima, e consequentemente otimizar a prescrição da carga externa de treinamento. Contudo, a generalização dos nossos achados para outras populações (e.g. homens, atletas, sem experiência em TF) devem ser tomadas com cautela. Ademais, reforça-se a necessidade de verificar o efeito da música e do estímulo verbal de forma crônica, a fim de identificar o seu impacto no desempenho durante as sessões de treino, assim como os seus efeitos combinados. Como limitações do estudo podemos mencionar: i) realizar o cálculo amostral a posteriori, e assim ter uma amostra enviesada. Apesar disso, foi observado uma potência alta para os exercícios supino reto (100%) e leg press 45º (91,9%).

Conclusões

Nós concluímos que a utilização de estímulos verbal e musical promoveu efeito ergogênico de forma aguda na força máxima em mulheres treinadas, baseado no teste de 1RM. Desta forma, a utilização destas estratégias pode ser incorporada para otimizar a prescrição e ajuste das cargas durante as sessões do TF em mulheres recreacionalmente treinadas.

Referências

1. American College of Sports Medicine. American College of Sports Medicine position stand. Progression models in resistance training for healthy adults. Med Sci Sports Exerc. 2009; 41(3): 687-708.

2. Garber CE, Blissmer B, Deschenes MR, Franklin B, Lamonte MJ, Lee IM, et al. Quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory, musculoskeletal, and neuromotor fitness in apparently healthy adults: Guidance for prescribing exercise. Med Sci Sports Exerc. 2011; 43(7): 1334-59.

3. Ritti-Dias RM, Avelar A, Menêses AL, Salvador EP, Silva DRP da, Cyrino ES. Segurança, reprodutibilidade, fatores intervenientes e aplicabilidade de testes de 1-RM. Mot Rev Educ Fis. 2013; 19(1): 231-42.

4. Bartolomei S, Di Michele R, Merni F. Effects of self-selected music on maximal bench press strength and strength endurance. Percept Mot Skills. 2015; 120(3): 714-21.

5. Campenella B, Mattacola CG, Kimura IF. Effect of visual feedback and verbal encouragement on concentric quadriceps and hamstrings peak torque of males and females. Isokinects Exerc Sci. 2000; 8: 1-6.

6. Johansson C a, Kent BE, Shepard KF. Relationship between verbal command volume and magnitude of muscle contraction. Phys Ther. 1983; 63(8): 1260-5.

7. McNair PJ, Depledge J, Brettkelly M, Stanley SN. Verbal encouragement: effects on maximum effort voluntary muscle action. Br J Sports Med. setembro de 1996; 30(3): 243-5.

8. Hutchinson JC, Sherman T. The relationship between exercise intensity and preferred music intensity. Sport Exerc Perform Psychol. 2014; 3(3): 191-202.

9. Karageorghis CI, Priest D-L. Music in the exercise domain: a review and synthesis (Part I). Int Rev Sport Exerc Psychol. 2012; 5(1): 44-66.

10. Biagini MS, Brown LE, Coburn JW, Judelson DA, Statler TA, Bottaro M, et al. Effects of self-selected music on strength, explosiveness, and mood. J Strength Cond Res. 2012; 26(7): 1934-8.

11. Seath L, Thow M. The effect of music on the perception of effort and mood during aerobic type exercise. Physiotherapy. 1995; 81(10): 592-6.

12. Brooks K, Brooks K. Enhancing sports performance through the use of Music. J Exerc Physiol Online. 2010; 13(2): 52-7.

13. Almeida FAM, Nunes RFH, Ferreira SDS, Krinski K, Elsangedy HM, Buzzachera CF, et al. Effects of musical tempo on physiological, affective, and perceptual variables and performance of self-selected walking pace. J Phys Ther Sci. 2015; 27(6): 1709-12.

14. Thakur AM, Yardi SS. Effect of different types of music on exercise performance in normal individuals. Indian J Physiol Pharmacol. 2013; 57(4): 448-51.

15. Smirmaul BP. Effect of pre-task music on sports or exercise performance. J Sports Med Phys Fitness. 2017; 57(7-8): 976-84.

(9)

R. bras. Ci. e Mov 2019;27(3):67-75.

16. Rhea MR. Determining the magnitude of treatment effects in strength training research through the use of the effect size. J Strength Cond Res. 2004; 18(4): 918-20.

17. Souza YR, Silva ER. Efeitos psicofísicos da música no exercício: uma revisão. Rev Bras Psicol Esporte. 2010; 3(2): 33-45.

18. Jackson AS, Pollock ML. Generalized equations for predicting body density of men. Br J Nutr. 1978; 91(1): 161-8. 19. Siri W. Body composition from fluid spaces and density: analysis of methods. Tech Meas Body Compos. 1961; 61: 223-4.

20. Marfell-Jones M, Stewart A, Ridder J. International standards for anthropometric assessment; 2012.

21. Ritti-Dias RM, Cyrino ES, Salvador EP, Caldeira LFS, Nakamura FY, Papst RR, et al. Influência do processo de familiarização para avaliação da força muscular em testes de 1-RM. Rev Bras Med Esporte. 2005; 11(1): 34-8. 22. Moura JAR, Barros Júnior J, Júnior MC. Exercício supino horizontal: comparação de RM executadas e pesos livres em diferentes intensidades por indivíduos experientes e pouco familiarizados. Rev Bras Prescrição E Fisiol Exerc. 2011; 5(30): 510-9.

23. Jambassi Filho JC, Gurjão ALD, Ceccato M, Gonçalves R, Gallo LH, Gobbi S. Efeito de diferentes intervalos de recuperação entre as séries sobre o desempenho muscular no exercício leg-press em idosas não treinadas. Rev Bras Med Esporte. 2012; 18(4): 224-8.

24. Dias Neto JM, Silva FB, Oliveira ALB, Couto NL, Dantas EHM, Nascimento MADL. Effects of verbal encouragement on performance of the multistage 20 m shuttle run. Acta Sci Health Sci. 2015; 37(1): 25.

25. Andreacci JL, LeMura LM, Cohen SL, Urbansky EA, Chelland SA, Von Duvillard SP. The effects of frequency of encouragement on performance during maximal exercise testing. J Sports Sci. 2002; 20(4): 345-52.

26. Mendez-Villanueva A, Hamer P, Bishop D. Fatigue in repeated-sprint exercise is related to muscle power factors and reduced neuromuscular activity. Eur J Appl Physiol. 2008; 103(4): 411-9.

27. Andreacci JL, LeMura LM, Cohen SL, Urbansky EA, Chelland SA, Von Duvillard SP. The effects of frequency of encouragement on performance during maximal exercise testing. J Sports Sci. 2002; 20(4): 345-52.

28. Midgley AW, Marchant DC, Levy AR. A call to action towards an evidence-based approach to using verbal encouragement during maximal exercise testing. Clin Physiol Funct Imaging. 2018; 38(4): 547-53.

29. Karageorghis CI, Drew KM, Terry PC. Effects of pretest stimulative and sedative music on grip strength. Percept Mot Skills. 1996; 83(3): 1347-52.

30. Terry PC, Karageorghis CI. Psychophysical Effects of Music in Sport and Exercise: An Update on Theory, Research and Application. Proc 2006 Jt Conf Aust Psychol Soc N Z Psychol Soc. 2006; 415-9.

31. Yamamoto T, Ohkuwa T, Itoh H, Kitoh M, Terasawa J, Tsuda T, et al. Effects of pre-exercise listening to slow and fast rhythm music on supramaximal cycle performance and selected metabolic variables. Arch Physiol Biochem. 2003; 111(3): 211-4.

32. Schoenfeld BJ. Is there a minimum intensity threshold for resistance training-induced hypertrophic adaptations? Sports Med. 2013; 43(12): 1279-88.

Referências

Documentos relacionados

Therefore, the analysis of suitability of the existing transportation network for riding bicycle in Coimbra should address two important aspects: (i) identifying

Depois de considerar a confidência, conteúdo, distribuição, e assuntos de oportunidade associadas com a distribuição de um relatório, um controlador pode, então,

Bonferroni foi utilizado para correção do nível de significância.. Aplicando a solução recomendada pela literatura, fizemos a recategorização de uma ou de ambas as

Nas duas primeiras fases do processo, os dados são coletados e preparados de forma adequada para descoberta de padrões. Uma visão geral sobre os dados pode ser produzida nesta

O planejamento estratégico envolve alicerces estratégicos. A visão da empresa descreve a autoimagem da organização, como ela se vê ou como gos- taria de ser no futuro. 36) “A

Natividade do contex- to da Idade do Bronze por si escavado na Gruta IX das Redondas (Alcobaça) refere a existência de duas lâminas de sílex associadas a um importante conjunto

In order to analyze vulnerability, urban-constructive variables were used, which define the Urban Vulnerability Index (InVU), and the socio-economic variables and urban