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Tráfico de pessoas: análise comparativa entre profissionais sociais, de justiça e saúde

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Academic year: 2020

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Ana Micaela Sarabando Cunha

Tráfico de Pessoas: Análise

comparativa entre profissionais sociais,

de justiça e saúde

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Ana Micaela Sarabando Cunha

Tráfico de Pessoas: Análise

comparativa entre profissionais sociais,

de justiça e saúde

Dissertação de Mestrado

Mestrado Integrado em Psicologia

Trabalho efetuado sob a orientação da

Professora Doutora Marlene Matos

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Nome: Ana Micaela Sarabando Cunha

Endereço eletrónico: a65525@alunos.uminho.ptTelefone: 913527450 Bilhete de Identidade/Cartão do Cidadão: 14139911

Título da dissertação: Tráfico de Pessoas: Análise comparativa entre profissionais sociais, de justiça e saúde

Orientadora:

Professora Doutora Marlene Matos

Ano de conclusão: 2016

Mestrado Integrado em Psicologia

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE.

Universidade do Minho, 13/06/2016

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Índice Agradecimentos……… iii Resumo……….. iv Abstract.……….... v Introdução………. 6 Método……… Amostra………... Instrumentos………... Procedimento.……… Análise de dados………. 13 13 14 16 16 Resultados……….. 17 Discussão……… 24 Referências………....………. 29 Índice de Tabelas Tabela 1 Caraterização sociodemográfica da amostra..…….………... 13 Tabela 2 Nível de conhecimento para a amostra total..………...………... Tabela 3 Nível de conhecimento por sexo………... Tabela 4 Nível de conhecimento em função das experiências formativas…………... Tabela 5 Nível de conhecimento por (não) pertença à RAPVT………... Tabela 6 Caraterização sociodemográfica por área profissional……… Tabela 7 Nível de conhecimento por área profissional………..

17 18 20 21 22 24

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Agradecimentos

Ao completar este percurso tão importante da minha vida, queria agradecer a todos aqueles que tornaram possível a realização deste trabalho.

À Professora Doutora Marlene Matos e restante equipa de investigação pela disponibilidade e orientação ao longo do desenvolvimento da minha tese de mestrado. À Doutora Mariana Gonçalves pela partilha de conhecimentos e apoio durante esta última fase.

Ao meu pai e à minha mãe, Jorge Cunha e Conceição Santos, o meu mais profundo e sincero obrigado, pelo apoio e esforço que fizeram.

Ao meu namorado, Gonçalo Oliveira, pelo amor e o afeto e por ter acreditado sempre em mim. Aos meus avós e à minha tia que, embora não possam estar cá hoje para me ver completar esta etapa da minha vida, fizeram parte dela e tornaram-na possível.

Aos meus amigos, Solange Custódio, Filipe Resende, Carolina Vieira, Jéssica Fernandes, Geraldine Enes, Daniel Machado, Hugo Capela, Jorge Rocha, Catarina Ribeiro, Luís Martins, Rui Machado, Sara Ferreira e Oscarina Gonçalves pela motivação e ombro amigo e,

principalmente, pela alegria constante.

Às minhas primas, Paula Rodrigues e Sónia Rodrigues, pela partilha de sentimentos, por toda a força e convicção com que acreditaram em mim.

Gostaria de agradecer a toda a minha família que, diretamente ou indiretamente, contribuiu para a finalização desta jornada, especialmente à Maria Preciosa e ao Rodrigues e à minha avó Emília.

Por último, gostaria de agradecer aos profissionais e às instituições que tornaram possível este trabalho, nomeadamente a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, Observatório de Tráfico de Seres Humanos, Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, Serviços de

Estrangeiros e Fronteiras, Saúde em Português, Núcleos de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica, Guarda Nacional Republicana, Polícia de Segurança Pública, entre outros.

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Tráfico de Pessoas: Análise comparativa entre profissionais sociais, de justiça e saúde

Resumo

O conhecimento sobre Tráfico de Pessoas tem várias implicações nos profissionais

portugueses, bem como nas suas práticas profissionais. O objetivo deste estudo foi caraterizar os conhecimentos dos profissionais das áreas social, de justiça e de saúde sobre este fenómeno e identificar alguns fatores sociodemográficos e profissionais associados a este conhecimento. Uma amostra de 451 profissionais (M = 36.31 DP = 7.93) respondeu ao Inventário de

Conhecimentos sobre o Tráfico de Pessoas online. Os resultados mostraram que os

profissionais do sexo feminino revelaram mais conhecimento sobre o fenómeno. Profissionais mais velhos, com um nível de escolaridade superior e com mais experiência profissional apresentaram mais conhecimento sobre o fenómeno. Pertencer a uma instituição da Rede de Apoio e Proteção às Vítimas de Tráfico está associado a mais conhecimento. Os profissionais que relataram formações profissionais (informais e/ou formais) revelaram um maior

conhecimento sobre a temática quando comparados com aqueles sem qualquer tipo de formação. Em função da área profissional, os profissionais da área social revelaram mais conhecimento quando comparados com os da área da justiça. Em suma, os profissionais mais competentes são os que alicerçam a sua prática profissional no conhecimento obtido através de experiências formativas e no conhecimento empírico conseguido através das práticas profissionais.

Palavras-chave: tráfico de pessoas, conhecimentos, profissionais sociais, profissionais

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Human Trafficking: Comparative analysis between social, justice and health professionals

Abstract

Human trafficking knowledge has several implications in professionals, as well as in their professional practice. The aim of this study was to characterize the knowledge of social, justice and health professionals about this phenomenon, and to identify some

sociodemographic and professional factors associated with this knowledge. 451 professionals (M = 36.31 DP = 7.93) answered to a Human Trafficking Knowledge Inventory online. The results revealed that females show greater knowledge. Higher age and education and more years of work experience are associated with the highest knowledge about human trafficking. Working in a Rede de Apoio e Proteção às Vítimas de Tráfico institution is linked to the highest knowledge about this phenomenon. Professionals that reported causal and/or formal professional experiences revealed a greater knowledge about the theme when compared with those who have never had any type of training. Regarding the professional area, social workers reported more knowledge when compared with justice workers. In short, the most competent services and professionals are the ones that base their professional practice in the knowledge obtained through formative experiences and in the empirical knowledge achieved through professional experience.

Key-words: human trafficking, knowledge, social professionals, justice professionals,

health professionals.

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Introdução

O Tráfico de Pessoas (TP)1 é um crime complexo e ilícito, que atenta contra a liberdade pessoal do ser humano e afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Envolve o recrutamento de pessoas no seu país de origem, através de métodos ilegais, e a sua posterior movimentação entre fronteiras internacionais ou dentro de um mesmo país, com o intuito de as sujeitar a diversos tipos de exploração (e.g., laboral, sexual) (Caneppele & Mancuso, 2013). É comum encontrar este fenómeno definido na literatura como uma nova forma de

escravatura (Jones, Engstrom, Hilliard, & Diaz, 2007). Esta designação deve-se ao facto de o TP apresentar alguns contornos semelhantes aos da escravatura praticada na antiguidade (e.g., trabalho forçado sem remuneração).

Apesar do TP ser um fenómeno com diversos elementos e particularidades, é possível identificar quatro fases distintas neste processo:

(1) Recrutamento, que diz respeito ao contacto inicial entre a potencial vítima e o traficante. Os traficantes persuadem as vítimas, através do uso da força ou de promessas fraudulentas (e.g., de emprego), a aderir às suas propostas (Couto 2012; Zimmerman & Borland, 2009; Zimmerman, Hossain, & Watts, 2011) e tendem a selecionar indivíduos vulneráveis e manipulativos (e.g., através da fraude, força/violência e coerção). Assim, existem certas caraterísticas que colocam estas pessoas em elevado risco de serem traficadas: Jovens, com pouca retaguarda familiar, história prévia de abuso sexual, problemas de saúde a nível mental e físico, baixa escolaridade, poucas ou nenhumas oportunidades económicas (e.g., elevada pobreza) e de emprego, e residir em áreas consideradas vulneráveis e perigosas

(Clawson, Dutch, Solomon, & Grace, 2009).

(2) Transição/Transporte, que tem início depois de a vítima aceitar ou ser forçada a transitar para outra região e termina com a sua chegada ao local de destino (Couto 2012; Zimmerman & Borland, 2009; Zimmerman et al., 2011);

(3) Exploração/Controlo, que consiste no período em que as vítimas se encontram a exercer certo ofício em circunstâncias em que o seu trabalho e/ou corpo é explorado (Couto, 2012; Zimmerman & Borland, 2009; Zimmerman et al., 2011). É possível identificar nas vítimas de TP desde sintomas físicos a sintomas psicológicos resultantes das condições adversas a que são sujeitas (Patel, Ahn, & Burke, 2010). Um estudo desenvolvido por

Newton, Mulcahy e Martins (2008) permitiu reunir um conjunto de traços comuns às vítimas

1 Tendo em conta que a presente investigação foi dirigida a profissionais que exerciam em Portugal e a inclusão

deste fenómeno no Código Penal Português ocorreu sob a designação de Tráfico de Pessoas, foi adotada esta definição ao longo do estudo.

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deste crime e, frequentemente, associados ao TP (e.g., acentuado controlo dos seus

movimentos, incapacidade ou dificuldade em comunicar na língua do país de destino, baixas condições de vida e manipulação económica e documental). Estas pessoas tendem também a não estabelecer qualquer contacto ocular com outras pessoas, evidenciam sinais de medo e tristeza e, frequentemente, sinais de agressão física (e.g., hematomas) (Dovydaitis, 2010; Newton et al., 2008).

(4) Integração/Reintegração, que representa a fase pós-exploração em que as vítimas do TP são reintegradas numa nova comunidade ou regressam ao seu país de origem (Couto, 2012; Zimmerman & Borland, 2009; Zimmerman et al., 2011). O impacto deste crime é visível mesmo depois de estas já não estarem sob o controlo dos traficantes. É bastante comum encontrar nestas vítimas sintomas a nível físico (e.g., dor crónica, perda de memória e consciência, problemas orais), a nível psicológico (e.g., ansiedade, depressão, raiva) e a nível social (e.g., isolamento social ou ataques de raiva) (Office for Victims of Crime, 2012).

Apesar de o TP ser mundialmente conhecido e os relatórios estatísticos sobre esta temática apontarem para um número elevado de vítimas, não é possível avaliar a extensão deste problema na sua totalidade, existindo uma elevada cifra negra e uma lacuna na metodologia desenvolvida para a realização dessa avaliação. Embora a Organização das Nações Unidas (ONU) tenha definido o TP num protocolo em 2000 -Protocolo de Palermo-, com o intuito de prevenir, reprimir e punir o tráfico (ONU, 2000), os vários países continuam a ser instituições independentes e com definições próprias, o que significa que existem critérios diferenciados para a designação de um mesmo crime.

Não obstante esses constrangimentos, entre 2010 e 2012, com base em dados policiais, 80 países com legislação antitráfico reportaram um total de 40.177 vítimas de TP,

maioritariamente do sexo feminino e para fins de exploração sexual (United Nations Office on Drugs and Crime [UNODC], 2014). O mais recente Global report on trafficking in

persons (2014) refere que, apesar de as vítimas do sexo feminino continuarem a figurar o

grupo mais traficado a nível mundial, este valor, no que se refere especificamente às mulheres, tem decrescido ao longo dos anos (UNODC, 2014). Estes valores podem ser explicados através do aumento do número de raparigas identificadas como vítimas de TP, o que permite que a percentagem das vítimas do sexo feminino continue a surgir como o grupo mais traficado.

Só na Europa, no mesmo intervalo de tempo, foi registado um total de 30.146 vítimas deste fenómeno. Estes valores, ao contrário dos apresentados anteriormente, foram obtidos através de órgãos policiais, de organizações não-governamentais e outras fontes, o que

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justifica a sua proximidade. O relatório Eurostat – Trafficking in human beings indicou recentemente que 80% das vítimas registadas são do sexo feminino (67% mulheres e 13% raparigas) e que a exploração sexual (69% das vítimas) é o tipo de exploração que afeta mais pessoas, sendo 95% destas vítimas do sexo feminino. No que concerne à exploração laboral, o TP envolve, principalmente, indivíduos do sexo masculino (71% dos casos) (Eurostat, 2015).

Nenhum país se pode considerar imune ao TP e Portugal não é exceção. Nas rotas mundiais do tráfico, Portugal é simultaneamente país de origem, de transição e de destino do tráfico humano, sendo as pessoas traficadas, tendo Portugal como destino, maioritariamente oriundas da Europa Oriental e Ocidental, África, Ásia e América do Sul (Ministério da Administração Interna [MAI], Observatório de Tráfico de Seres Humanos [OTSH], 2015, 2016).

Em Portugal, o fenómeno de TP começou a ser considerado uma preocupação em meados da década de 90 (Couto, 2012). O grande marco a nível legislativo deu-se em 2007 com a inclusão do crime de TP como um crime autónomo (art. 160º), posteriormente revisto em 2013. Assim, comete um crime de TP:

“Quem oferecer, entregar, aliciar, aceitar, transportar, alojar ou acolher uma pessoa, para fins de exploração sexual, do trabalho, mendicidade, escravidão, extração de órgãos ou a exploração de outras atividades criminosas recorrendo a meios de violência, rapto ou ameaça grave, através de ardil ou manobra fraudulenta, abuso de autoridade (dependência hierárquica, económica, de trabalho ou familiar),

aproveitando-se de incapacidade psíquica ou de situação de especial vulnerabilidade da vítima ou mediante a obtenção do consentimento da pessoa que tem o controlo sobre a vítima”. (Lei n.º 60/2013, de 23 de Agosto, p. 90)

Desde 2007, Portugal implementou três Planos Nacionais Contra o Tráfico de Seres Humanos (PNCTSH). O I PNCTSH (2007-2010) e II PNCTSH (2011-2013), cujas áreas de intervenção se mantiveram, apesar de integrarem medidas que promoviam a formação nesta temática, descuravam a área da investigação académica e a recolha de dados estatísticos que permitissem uma avaliação do panorama nacional. O III PNCTSH (2014-2017), aprovado em 2013 pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 101/2013, integra a cooperação como uma área autónoma e dá enfâse à investigação sobre este tema, contrariando assim a lacuna

existente nos planos anteriores.

Apesar dos avanços significativos alcançados nacionalmente, são ainda poucos os casos oficiais reportados anualmente face ao que poderá ser a realidade no nosso país. Entre

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os anos de 2010 e 2015, foi registado um total de 988 presumíveis vítimas em Portugal (vítimas portuguesas e estrangeiras) e no estrangeiro (vítimas portuguesas), tendo sido confirmadas apenas 160 (MAI, OTSH, 2011-2016). Tomando como referência a série temporal 2010-2015, a maioria das vítimas confirmadas para fins de exploração laboral era do sexo masculino e a maioria das vítimas confirmadas para fins de exploração sexual era do sexo feminino (MAI, OTSH, 2011-2016).

Os profissionais que atuam junto de vítimas de TP (e.g., psicólogos, médicos, órgãos de polícia criminal [OPCs]) ocupam um lugar privilegiado na sua identificação, quando estas ainda se encontram sob controlo dos traficantes, e, posteriormente, aquando de um possível pedido de ajuda, assumindo um papel pivô no seu auxílio (Holland, 2014; Patel et al., 2010; Poppema, 2013). Embora os OPCs sejam, normalmente, a primeira entidade a entrar em contacto com uma vítima de TP, os profissionais de saúde podem também ter um papel importante na sua identificação (Clawson et al., 2009; Hodge, 2014). Dovydaitis (2010) avançou dados que sugerem que perto de 28% das vítimas de TP procuram o serviço de saúde enquanto ainda estão sob o controlo do traficante. O profissional de saúde poderá identificar uma vítima de tráfico através de sinais de abuso que estas apresentam, poderá ser informado por outro profissional de que aquele utente é uma vítima de tráfico ou o próprio pode partilhar a sua experiência diretamente com o profissional (Zimmerman & Borland, 2009).

Embora seja possível encontrar na literatura internacional um vasto conjunto de investigações sobre a temática do tráfico, poucos são os estudos que se debruçam

especificamente sobre os conhecimentos que os profissionais envolvidos neste crime têm sobre a realidade que é o TP.

Um desses estudos, desenvolvido nos EUA, entrevistou forças policiais, procuradores gerais e técnicos de apoio à vítima e registou a confusão entre os participantes a nível da definição do TP e uma falha geral no reconhecimento deste como um crime e um problema real na sociedade americana (Newton et al., 2008). De facto, Newton e colaboradores observaram que estes profissionais, de forma geral, não eram capazes de diferenciar (1) os vários níveis de severidade do tráfico humano, (2) o crime TP do auxílio à imigração ilegal, (3) o tráfico nacional do internacional, (4) os vários tipos de exploração, nem tão-pouco eram capazes de (5) enunciar os elementos básicos que envolvem o TP (e.g., relutância da vítima em procurar ajuda). Registaram ainda que 44% de 95 oficiais e 50% de 30 procurados gerais, desconheciam a existência de uma legislação antitráfico na região em que exerciam a sua profissão. Por outro lado, ao comparar os 55 técnicos de apoio à vítima com os restantes

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participantes, os primeiros tinham uma maior perceção da diferença entre TP e auxílio à imigração ilegal e entre exploração sexual e indústria sexual. Não obstante, estes técnicos estavam menos familiarizados com as definições legais do TP quando comparados com os da área da justiça. Assim sendo, não é surpreendente que, na maioria dos casos, as vítimas de tráfico não sejam identificadas de todo ou sejam identificadas como vítimas de outros crimes (e.g., escravidão) que tenham contornos semelhantes ao crime de TP.

Outros estudos documentaram incoerências entre a definição legal de TP e a definição apresentada por profissionais de saúde (e.g., enfermeiros) e de justiça (e.g., advogados) (Farrell & Pfeffer, 2014; Renzetti, Busha, Castellanosb, & Hunt, 2015). Estes profissionais debatiam-se com questões de consentimento e coerção no TP para fins sexuais, confundido muitas vezes com a prostituição, e com a distinção entre condições de trabalho injustas e o TP para fins laborais (Farrell & Pfeffer, 2014).

Num outro estudo concluía-se que, sem treino e formação adequados, as forças policiais parecem usar o conhecimento e a perceção adquiridos através dos mass media como forma de perceber os elementos que caraterizam este crime (Farrell & Fahy, 2010). Farrell, McDevitt e Fahy (2010), através de entrevistas e da aplicação de um questionário a 1515 polícias, encontraram resultados que sugeriam que o número reduzido de casos de TP identificados poder-se-á dever à falta de treino dirigido à investigação destes casos.

Adicionalmente, as forças policiais, embora reconhecessem que o TP é um problema presente na sociedade de hoje em dia, não têm consciência de que este é um problema na sua própria comunidade (Farrell, 2014; Farrell et al., 2010; Renzetti et al., 2015).

Ainda nos EUA, num estudo desenvolvido em Illinois com 73 indivíduos, entre eles profissionais de justiça e de saúde, detetou-se um baixo conhecimento sobre a legislação de TP daquele contexto, onde apenas 19% dos inquiridos classificou o seu conhecimento sobre as políticas antitráfico como aceitável. Adicionalmente, quase metade dos participantes reportaram não ter qualquer treino formal nesta área, encontrando-se uma relação positiva entre a frequência de participação em treino e o grau de conhecimento sobre esta temática (Hounmenou, 2012).

Já na Europa, num estudo desenvolvido com polícias de nacionalidade italiana e britânica, os autores encontraram congruências entre a violência e os abusos descritos pelas autoridades (e.g., queimaduras de cigarros) e aqueles descritos na literatura como formas de violência dos traficantes contra as suas vítimas. Estes polícias foram também capazes de descrever as condições restritas em que as vítimas viviam, a nível económico (e.g., controlo económico), social (e.g., isolamento), a negação do acesso aos serviços básicos de saúde,

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bem como o perigo que as vítimas encaram quando entram em contacto com as autoridades. No entanto, quando interrogados sobre questões de saúde e bem-estar das vítimas, estes não identificaram estas questões como uma prioridade oficial na fase pós-tráfico. Apesar de reconhecerem a necessidade de a vítima receber cuidados médicos, essas autoridades

explicaram que, atualmente, existem poucos procedimentos oficiais que permitam assegurar os cuidados de saúde que a vítima poderá necessitar (Zimmerman et al., 2003).

Também na Europa, um estudo desenvolvido com profissionais de saúde, concluiu que, na maioria dos casos, estes eram informados de que o seu paciente poderia ser uma possível vítima de tráfico através de outras entidades (e.g., forças policiais, serviço social) (Domoney, Howard, Abas, Broadbent, & Oram, 2015). O mesmo estudo analisou os desafios enfrentados por esses profissionais no tratamento de indivíduos vítimas de TP: Instabilidade apresentada por esses indivíduos (e.g., devido à sintomatologia evidenciada), a motivação para a intervenção, a incoerência do relato e a dificuldade em expor determinadas situações (e.g., por vergonha), o risco elevado de reexploração e abuso ou ainda a complexidade do processo (e.g., a nível do sistema judicial) (Domoney et al., 2015).

Em Portugal, poucos são os estudos publicados sobre este fenómeno (e.g., Couto, 2012; Peixoto, Soares, Costa, Murteira, Pereira, & Sabino, 2005; Pereira & Vasconcelos, 2007; Santos, Gomes, Duarte, & Baganha, 2008). Os publicados tendem a apresentar uma grande heterogeneidade no que concerne os objetos de estudo, existindo uma escassez de investigação em termos do conhecimento dos profissionais portugueses sobre este crime (Matos, Maia, Gonçalves, & Pinto, 2015).

Não obstante essa evidente lacuna, Matos e colaboradores (2015), através da análise de 18 entrevistas realizadas a profissionais da área da justiça (13 Magistrados e 5 OPCs), identificaram três temas centrais que permitiram clarificar os obstáculos associados à tipificação do crime de TP. De acordo com os participantes, a legislação portuguesa atual, apesar de ser considerada por alguns como abrangente, inclusiva e convergente com as orientações europeias, na perspetiva de outros pode ser um dos entraves à tramitação criminal. A maioria desses participantes considerou que os requisitos necessários à tipificação deste crime são exigentes, o que se traduz, muitas vezes, na opção pela tipificação de outros crimes menos exigentes e rigorosos a um nível conceptual, mas com contornos semelhantes a este. Adicionalmente, insuficiências a nível do sistema judicial no que concerne aos recursos disponíveis e à formação especializada dos profissionais envolvidos no combate ao TP foram outros aspetos considerados como impeditivos da investigação por parte dos OPCs. A atitude dos diversos intervenientes do sistema de justiça face às vítimas de TP e aos traficantes

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poderá ser outro aspeto que interfere na tipificação deste crime. De acordo com a perceção dos participantes, parece existir uma falha no conhecimento das caraterísticas das vítimas e em especial das suas necessidades e direitos, e, no que toca aos agressores, uma inadequação das medidas de coação que são aplicadas (Matos et al., 2015).

A maioria das vítimas de TP em Portugal é sinalizada por OPCs, Organizações Não Governamentais (ONG) ou outras entidades (e.g. Instituto Segurança Social) (MAI, Sistema Segurança Interna [SSI], 2015, 2016). O Sistema de Referenciação Nacional de Vítimas de Tráfico de Seres Humanos (SRNVTSH) prevê que, adicionalmente a esses profissionais especializados, é fundamental e importante consciencializar os profissionais não

especializados (e.g., de saúde) para o reconhecimento do TP, com vista à sinalização de presumíveis vítimas, promovendo a sua colaboração na assistência e proteção destas, e à prevenção e punição deste crime, (Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género [CIG], 2014). Adicionalmente, o III PNCTSH (2014-2017) alerta não só para a necessidade de aumentar o nível de conhecimento e sensibilização sobre o TP da população em geral e apostar na formação dos profissionais (e.g., inclusão de conteúdos disciplinares sobre o TP nos currículos académicos, desenvolvimento de ações de formação de magistrados), mas também para a carência de um conhecimento mais aprofundado sobre a realidade deste tema em Portugal, por exemplo através da investigação.

Tendo o conhecimento sobre o TP várias implicações práticas nos profissionais (e.g., melhor gestão dos processos) e atendendo à necessidade de mais investigação (nacional mas também internacional), entendemos que seria pertinente estudar os conhecimentos que os profissionais das áreas sociais, de justiça e saúde possuem sobre este crime.

Nesse âmbito, para a presente investigação delineou-se como questão de investigação: Qual é o nível de conhecimentos sobre o TP sustentado pelos profissionais portugueses das áreas sociais, de justiça e saúde? O nível de conhecimento sobre TP difere entre estes

profissionais? Quais são os fatores que estão associados a um maior conhecimento sobre TP? Desta forma, definiu-se como objetivo geral identificar o grau de conhecimento sobre o TP entre os profissionais portugueses. Especificamente, procurou-se identificar os fatores que interferem nesse conhecimento, nomeadamente sexo, idade, grau de escolaridade, experiência profissional, o facto de exercer funções (ou não) numa instituição pertencente à Rede de Apoio e Proteção às Vítimas de Tráfico (RAPVT) e a presença ou ausência de formação profissional (formal e/ou informal) nesta área.

Colocaram-se as seguintes hipóteses: Sexo feminino, mais idade, mais experiência profissional, graus de escolaridade mais elevados, pertencer a uma instituição da RAPVT, ter

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formação formal nesta área e exercer funções na área social está relacionado com um maior conhecimento sobre o TP.

Método Amostra

A amostra era composta por 451 profissionais, envolvidos em instituições que prestavam apoio a vítimas de TP, maioritariamente do sexo masculino (72.9%), com idade média de 36.31 anos (DP = 7.93), variável entre os 21 e os 61. Trabalhavam em média há 13.46 anos (DP = 7.97), variável entre os 1 e 36.

Uma descrição detalhada da amostra encontra-se na Tabela 1.

Tabela 1

Caraterização sociodemográfica da amostra.

Caraterização da Amostra n % Sexo Masculino Feminino Estado Civil Casado(a)/União de Facto Solteiro(a) Divorciado(a)/Separado(a) Viúvo(a) Nível Socioeconómico Médio Médio/Baixo Baixo Médio/Alto Alto Área de Residência Centro Norte Sul

Área Metropolitana de Lisboa

329 122 278 147 23 3 257 136 33 23 2 190 149 57 49 72.9 27.1 61.6 32.6 5.1 0.7 57 30.2 7.3 5.1 0.4 42.1 33 12.6 10.9

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Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira Nacionalidade Portuguesa Outras Grau de Escolaridade Ensino Secundário Ensino Superior Ensino Básico Tipo de Instituição Pública Privada

Pertença à instituição da RAPVT Não Sim Profissão exercida OPC Psicologia Advocacia Magistratura Serviço Social Medicina Enfermagem Sociologia

Técnico de Comissão e Proteção de Crianças e Jovens

Formação prévia em TP Formação informal Formação formal

Formação informal e formal Sem formação 6 450 1 223 152 76 390 61 421 30 353 43 27 10 11 3 2 1 1 147 125 102 77 1.3 99.8 0.2 49.4 33.7 16.9 86.5 13.5 93.3 6.7 78.3 9.5 6 2.2 2.4 0.7 0.4 0.2 0.2 32.6 27.7 22.6 17.1 Instrumento

Para efeitos de recolha de dados foi aplicado o Inventário de Conhecimentos sobre Tráfico de Pessoas (ICTP) (Cunha & Matos, 2016, adaptado de Monteiro, Matos, &

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Gonçalves, 2014). O instrumento foi adaptado por forma a cumprir os objetivos do estudo, nomeadamente ao nível do público-alvo.

Este inventário era constituído por três partes distintas. A parte I avaliou as caraterísticas sociodemográficas dos participantes: Idade, experiência profissional, sexo (feminino ou masculino), estado civil (solteiro(a), casado(a)/união de facto,

divorciado(a)/separado(a) ou viúvo(a)), nível socioeconómico (baixo, médio/baixo, médio, médio/alto ou alto), distrito de residência, nacionalidade, grau de escolaridade (ensino básico, secundário ou superior), tipo de instituição (pública ou privada), pertença à instituição da RAPVT e profissão exercida.

Na segunda parte apresentou-se um conjunto de 29 afirmações relativas ao TP, as quais deveriam ser classificadas como “falsas”, “verdadeiras” ou “não sei”, consoante o conhecimento que o profissional possuía sobre o fenómeno e as suas características. As afirmações foram precedidas por uma questão sobre o tipo de formação formal e/ou informal que teve sobre a temática do TP (e.g., vi campanha(s) nos mass media sobre o TP; participei

numa ação de formação/sensibilização sobre o TP; não tive contato com esta temática). Cada

afirmação, por sua vez, foi agregada por temas, segundo os seguintes cinco domínios do conhecimento: (i) 8 afirmações sobre contextualização do problema (e.g., o TP é um

problema recente); (ii) 4 afirmações sobre TP em Portugal (e.g., Portugal é um país de

destino e transição para o TP); (iii) 5 afirmações sobre legislação Portuguesa (e.g., o TP é um crime reconhecido e punido pela lei portuguesa); (iv) 8 afirmações sobre caraterísticas da

vítima (e.g., apenas os estrangeiros e os imigrantes são vítimas de TP) e (v) 4 afirmações sobre caraterísticas do agressor (e.g., os traficantes são normalmente pessoas desconhecidas

das suas vítimas).

Por último, a terceira parte é constituída por duas questões de resposta breve que focam as caraterísticas do agressor (Qual é, na sua opinião, o perfil do agressor de TP?) e caraterísticas da vítima (Qual é, na sua opinião, o perfil da vítima de TP?). Contudo, esta última parte do inventário, por carecer de uma análise qualitativa, não foi alvo de análise no presente estudo.

A pontuação total do ICTP pode variar entre 0 e 29. Especificamente em cada domínio: Contextualização do problema pode variar entre 0 e 8; TP em Portugal entre 0 e 4; legislação Portuguesa entre 0 e 5; caraterísticas da vítima entre 0 e 8; e, por último,

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Procedimentos

Para a realização do estudo elaborou-se, junto dos contextos-alvo (e.g., hospitais, instituições de apoio à vítima e sedes de polícia), o pedido de autorização para o

desenvolvimento da investigação, tendo-se obtido a sua aprovação. Aquando do pedido de participação foram explicados os objetivos e a importância da investigação, bem como a amostra-alvo e o método de recolha de dados. Das 115 instituições contactadas, obteve-se resposta de 39 (33.9%), 15 das quais positivas (38.5% de aceitação).

Para a construção do inventário foi usado o programa Survey Creator e procedeu-se à sua disseminação com recurso à internet. Os dados foram recolhidos entre o dia 1 de

Fevereiro e 5 de Maio de 2016.

O tempo previsto para a resposta ao inventário era de cerca de 5 minutos, tendo a recolha de dados ocorrido num único momento. Todos os participantes foram informados de que a participação era voluntária, tendo liberdade para desistir em qualquer momento da recolha, não envolvendo, assim, qualquer tipo de risco ou prejuízo. Por fim, foi garantida a confidencialidade e o uso exclusivo dos dados recolhidos para propósitos da presente investigação.

Análise de Dados

A análise foi realizada com recurso ao programa informático Statistical Package for

the Social Sciences (SPSS), versão 22.0.

Inicialmente realizou-se uma análise descritiva para a caraterização da amostra (e.g., idade, sexo). Posteriormente, aplicou-se o Teste T para Amostras Independentes, de modo a averiguar se existem diferenças relativamente ao conhecimento sobre o TP em função do sexo do profissional e de exercer (ou não) funções numa instituição pertencente à RAPVT. Recorreu-se a uma Análise de Variância Unifatorial para verificar se existem diferenças a nível do conhecimento sobre o tema em função do tipo de formação prévia em TP e da área profissional de emprego. Recorreu-se o Coeficiente de Correlação de Pearson para avaliar a magnitude da associação entre o conhecimento sobre o TP e a idade dos participantes e a experiência profissional. Recorreu-se ao Coeficiente de Correlação de Spearman com o intuito de estimar a intensidade da relação entre o conhecimento sobre este fenómeno e o grau de escolaridade dos profissionais.

(19)

Resultados

Conhecimentos sobre TP

De uma forma geral, os profissionais revelaram um bom conhecimento sobre o TP. Para a amostra total, as médias de respostas acertadas dos profissionais foi de 21.77 (DP = 4.99). Pontuaram mais alto no domínio legislação portuguesa (M = 4.39 DP = 1.01), seguido do domínio caraterísticas dos agressores (M = 2.88 DP = 1.09), TP em Portugal (M = 2.76

DP = 1.29), da contextualização do problema (M = 6.55 DP = 1.47) e, por último, do

domínio das caraterísticas das vítimas (M = 5.59 DP = 1.66) (Tabela 2).

Tabela 2

Nível de conhecimento para a amostra total.

Conhecimentos sobre TP M DP Pontuação total Domínios do conhecimento Contextualização do problema TP em Portugal Legislação Portuguesa Caraterísticas das vítimas Caraterísticas dos agressores

21.77 6.55 2.76 4.39 5.59 2.88 4.99 1.47 1.29 1.01 1.66 1.09 Diferenças de sexo

Foram encontradas diferenças significativas ao nível do conhecimento em função do sexo, t (449) = 3.41, p < .001. Os profissionais do sexo feminino relataram mais

conhecimento comparativamente aos profissionais do sexo masculino.

Atendendo aos domínios, existiam diferenças significativas ao nível do conhecimento em função do sexo: contextualização do problema, t (449) = 2.81, p < .001; TP em Portugal, t (449) = 2.51, p < .001; legislação Portuguesa, t (449) = 2.61, p < .001; caraterísticas das vítimas, t (449) = 3.59, p = .002; caraterísticas dos agressores, t (449) = 2.12, p = .025. Os profissionais do sexo feminino revelaram maior conhecimento do que os profissionais do sexo masculino nos cinco domínios do conhecimento analisados (Tabela 3).

(20)

Tabela 3

Nível de conhecimento por sexo.

Sexo

Conhecimentos sobre TP Feminino Masculino

M DP M DP t (449) Pontuação Total 23.07 3.21 21.29 5.44 3.41*** Domínios do conhecimento Contextualização do problema TP em Portugal Legislação Portuguesa Caraterísticas das vítimas Caraterísticas dos agressores

6.87 3.01 4.59 6.04 3.06 .98 1.12 .71 1.32 .94 6.43 2.67 4.31 5.42 2.81 1.60 1.34 1.00 1.75 1.13 2.81*** 2.51*** 2.61*** 3.59** 2.12* Nota. * p ≤. 05 ** p ≤ .01 *** p ≤ .001

Idade e grau de escolaridade

A idade do participante estava positivamente correlacionada com o conhecimento sobre o TP, r = .164, p < .001. Quanto mais velhos os profissionais, maior conhecimento sobre a temática.

O grau de conhecimento sobre o TP estava positivamente associado ao nível de escolaridade do profissional, r s = .254, p < .001. Níveis mais elevados de escolaridade

estavam associados a um maior conhecimento sobre o fenómeno.

Experiência profissional, formação prévia em TP e pertença à RAPFT

A experiência profissional do participante estava positivamente correlacionada com o conhecimento sobre o TP, r = .171, p < .001. Mais experiência estava associado a um maior conhecimento sobre a temática.

Foram encontradas diferenças significativas ao nível do grau de conhecimento sobre o TP em função das experiências formativas do profissional na temática em análise, F (3,447) = 47.41, p < .001. Os profissionais que nunca tiveram qualquer formação prévia neste tema relataram menos conhecimento do que aqueles que revelaram contato formal e/ou informal e, os profissionais que apenas tiveram um contato informal revelaram menos conhecimento do que os profissionais que tiveram apenas uma formação formal sobre este tema ou que completaram esta com uma de carácter menos formal (Tabela 4).

(21)

Atendendo aos cinco domínios, foram encontradas diferenças significativas ao nível do conhecimento sobre TP em função das experiências formativas: contextualização do problema, F (3,447) = 29.02, p < .001; TP em Portugal, F (3,447) = 34.17, p < .001; legislação portuguesa, F (3,447) = 24.42, p < .001; caraterísticas das vítimas, F (3,447) = 24.77, p < .001; caraterísticas dos agressores, F (3,447) = 17.4, p < .001. O mesmo padrão foi encontrado nos cinco domínios no que respeita a ausência de experiências formativas, sendo que os profissionais sem qualquer formação relataram menos conhecimento do que os profissionais que revelaram contato formal e/ou informal. Nos domínios contextualização do problema e TP em Portugal, os profissionais que apenas tiveram um contato informal

revelaram menos conhecimento do que os profissionais que tiveram apenas uma formação formal ou que a completaram com uma de carácter informal (Tabela 4).

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Tabela 4

Nível de conhecimento em função das experiências formativas.

Experiências Formativas

Conhecimentos sobre TP

Sem Formação Formação

Informal

Formação Formal Formação

Informal e Formal M DP M DP M DP M DP F (3,447) Pontuação Total Domínios do conhecimento Contextualização do problema TP em Portugal Legislação Portuguesa Caraterísticas das vítimas Caraterísticas dos agressores

16.92 5.35 1.73 3.6 4.34 2.23 7.05 2.15 1.42 1.49 2.23 1.3 21.43 2.5 2.6 4.39 5.49 2.8 3.98 1.22 1.24 .87 1.58 1.01 23.06 6.93 3.04 4.63 5.97 3.02 3.87 1.21 1.15 .71 1.29 1.01 24.34 7.09 3.42 4.69 6.2 3.32 2.39 .81 .83 .72 1.1 .86 47.41*** 29.02*** 34.17*** 24.42*** 24.77*** 17.4*** Nota. *** p ≤ .001

(23)

Os profissionais que exerciam funções numa instituição pertencente à RAPVT

relataram um conhecimento geral sobre o tráfico significativamente superior aos profissionais que não exerciam funções nesta rede, t (449) = 3.83, p < .001. Complementarmente, existiam diferenças significativas ao nível dos cinco domínios do conhecimento em função de exercer (ou não) funções numa instituição RAPVT: contextualização do problema, t (449) = 2.64, p = .009; TP em Portugal, t (449) = 4.36, p < .001; legislação Portuguesa, t (449) = 1.60, p = .118; caraterísticas das vítimas, t (449) = 3.74, p < .001; caraterísticas dos agressores, t (449) = 3.09, p = .002. Os profissionais da RAPVT relataram maior conhecimento nos cinco domínios do conhecimento do que os profissionais que não exerciam funções numa

instituição RAPVT (Tabela 5).

Tabela 5

Nível de conhecimento por (não) pertença à RAPVT.

Conhecimento sobre TP RAPVT Sim Não M DP M DP t (449) Pontuação Total 25.10 2.12 21.53 5.06 3.83*** Domínios do conhecimento Contextualização do problema TP em Portugal Legislação Portuguesa Caraterísticas das vítimas Caraterísticas dos agressores

7.23 3.73 4.67 6.67 3.47 .90 .45 .55 .99 .86 6.50 2.69 4.37 5.51 2.84 1.50 1.31 1.03 1.68 1.09 2.64** 4.36*** 1.60 3.74*** 3.09** Nota. ** p ≤ .01 *** p ≤ .001

Conhecimentos sobre o TP por área profissional

Os participantes distribuíam-se pelas três áreas profissionais: 86.7% na área de justiça, 12.2% na área social e 1.1% na área da saúde.

(24)

Tabela 6

Caraterização sociodemográfica da amostra por área profissional.

Área Profissional

Caraterização da amostra Justiça

(n = 391) Social (n = 55) Saúde (n = 5) M DP M DP M DP Idade Experiência profissional 36.26 13.68 7.78 7.93 36.27 11.58 8.04 7.55 41 16.6 16.46 13.87 n % n % n % Sexo Masculino Feminino Estado Civil Casado(a)/União de Facto Solteiro(a) Divorciado(a)/Separado(a) Viúvo(a) Nível Socioeconómico Médio Médio/Baixo Baixo Médio/Alto Alto Área de Residência Centro Norte Sul

Área Metropolitana de Lisboa Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira Nacionalidade Portuguesa 321 70 249 122 18 2 211 125 33 20 2 177 133 43 37 1 390 82.1 17.9 63.68 31.2 4.61 .51 53.96 31.97 8.44 5.12 .51 45.27 34.02 10.99 9.46 .26 99.74 5 50 26 24 5 - 43 10 - 2 - 10 15 13 12 5 55 9.09 90.9 47.27 43.64 9.09 78.18 18.18 - 3.64 - 18.18 27.27 23.64 21.82 9.09 100 3 2 3 1 - 1 3 1 - 1 - 3 1 1 - - 5 60 40 60 20 - 20 60 20 - 20 - 60 20 20 - - 100

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Outras Grau de Escolaridade Ensino Secundário Ensino Superior Ensino Básico Tipo de Instituição Pública Privada Pertença à instituição da RAPVT Não Sim Formação prévia em TP Formação informal Formação formal

Formação informal e formal Sem formação 1 223 92 76 367 24 388 3 129 114 74 74 0.26 57.03 23.53 19.44 93.86 6.14 99.23 .77 32.98 29.16 18.93 18.93 - - 55 - 18 37 28 27 16 9 28 2 - - 100 - 32.73 67.27 50.91 49.09 29.09 16.36 50.91 3.64 - - 5 - 5 - 5 - 2 2 - 1 - - 100 - 100 - 100 - 40 40 - 20

Os profissionais da área social pontuaram mais alto no inventário (M = 24.02 DP = 2.58), seguidos dos da área da saúde (M = 23.80 DP = 3.11) e, por fim, dos profissionais da área de justiça (M = 21.43 DP = 5.19). Foi possível verificar a existência de diferenças estatisticamente significativas na pontuação total do inventário F (2,448) = 7.07, p = .001. Os profissionais da área social, de acordo com o Teste Post-Hoc de Gabriel, relataram maior conhecimento sobre TP do que os da área de justiça, não existindo, contudo, diferenças ao nível das restantes áreas profissionais.

Além disso, relativamente aos domínios do conhecimento, os profissionais da área social pontuaram, de forma geral, mais elevado nos cinco domínios. Foram encontradas diferenças significativas ao nível dos conhecimentos sobre a contextualização do problema, F (2,449) = 5.21, p = .006, sobre o TP em Portugal, F (2,449) = 6.23, p = .002, sobre as

caraterísticas das vítimas, F (2,449) = 7.21, p = .001 e sobre as caraterísticas dos agressores,

F (2,449) = 4.07, p = .018, em função da área profissional. Os profissionais da área social, de

acordo com o Teste Post-Hoc de Gabriel, relataram maior conhecimento sobre TP nesses quatro domínios do que os da área de justiça, não existindo, contudo, diferenças ao nível das

(26)

restantes áreas profissionais. Só no domínio legislação Portuguesa é que não foram

encontradas diferenças ao nível do conhecimento sobre TP em função da área profissional. Os resultados por grupo profissional são apresentados na Tabela 7.

Tabela 7

Nível de conhecimento por área profissional.

Área Profissional

Conhecimentos sobre TP Social

(n = 55) Saúde (n = 5) Justiça (n = 391) M DP M DP M DP F (2,448) Pontuação Total Domínios Contextualização do problema TP em Portugal Legislação Portuguesa Caraterísticas das vítimas Caraterísticas dos agressores

24.02 7.05 3.33 4.56 6.35 3.25 2.58 .97 1.00 .69 1.08 .82 23.80 7.60 2.80 4.40 6.20 3.20 3.11 .55 1.30 .55 1.10 .84 24.43 6.47 2.68 4.36 5.47 2.82 5.19 1.52 1.31 1.05 1.71 1.11 7.07*** 5.21** 6.23** .95 7.21*** 4.07* Nota. * p ≤. 05 ** p ≤.01 *** p ≤.001 Discussão

De uma forma geral, os profissionais revelaram um bom nível de conhecimento sobre TP. Os domínios em que houve mais conhecimentos foram os sobre a legislação portuguesa, as caraterísticas dos agressores e o TP em Portugal, e os em que houve menos foi na

contextualização do problema e nas caraterísticas das vítimas. Contrariamente a um estudo desenvolvido por Hounmenou (2012) nos EUA, em que os profissionais revelaram um baixo conhecimento sobre a legislação e as políticas antitráfico daquele contexto, os profissionais portugueses obtiveram pontuações mais elevadas nos domínios que avaliam este

conhecimento (legislação portuguesa e TP em Portugal), revelando assim uma maior compreensão destes tópicos em comparação com os restantes. Adicionalmente, tendo em consideração que a maioria dos profissionais (86.7%) exerce funções na área da justiça, estando, preferencialmente, em contacto com agressores, tal poderá justificar as pontuações mais elevadas no domínio das caraterísticas dos agressores.

Neste trabalho, as profissionais do sexo feminino revelaram, em geral, um maior conhecimento sobre o TP do que os homens, quer em termos totais quer ao nível dos cinco

(27)

domínios. Isso significa que as mulheres se encontram mais informadas sobre esta

problemática tanto ao nível concetual como ao nível legislativo. Num estudo desenvolvido com 30 profissionais da área social, utilizando o mesmo formato de recolha de dados, Wangsnes (2014) não encontrou diferenças no nível de conhecimento sobre o TP em função do sexo do participante não corroborando assim a conceção de que o sexo feminino se encontrava mais sensível a esta problemática.

Tal como esperado, os profissionais que exerciam funções numa instituição da RAPVT, revelaram níveis superiores de conhecimento sobre a temática. Esses profissionais, para além de formações obrigatórias sobre o TP, têm a oportunidade privilegiada de contactar diretamente com este crime e as suas vítimas, o que permitirá um conhecimento atualizado sobre os contornos deste tipo de crime.

Os profissionais mais velhos revelaram níveis mais elevados de conhecimento, resultado encontrado também por Wangsnes (2014) num estudo desenvolvido com

profissionais sociais. Este resultado, juntamente com a experiência profissional, poderá estar relacionado com a aprendizagem empírica, decorrente do facto de esses profissionais (com mais idade e experiência profissional) terem maior probabilidade de já ter trabalhado

diretamente com processos de TP. Aliada à idade e à experiência profissional está a formação prévia em TP, sendo, de uma forma geral, a mais comum a formação informal (e.g.,

campanhas de sensibilização) e/ou formal (e.g., ações de formação). Estes resultados são congruentes com estudos anteriores que referem uma relação positiva entre experiências formativas e o grau de conhecimento sobre esta temática, o que se poderá refletir numa maior probabilidade de identificação de casos de TP (Farrel et al., 2010; Hounmenou, 2012). De notar que a área social relatou mais formação do tipo informal e/ou formal (96.39%), o que poderá justificar os níveis elevados de conhecimento sobre a temática e reforçar a relação positiva encontrada por vários autores entre o conhecimento sobre o TP e formação nesta área. No entanto, as experiências formativas e o contacto prévio com casos de TP parecem não ser suficientes para o aumento do conhecimento sobre o tema. Farrell e Fahy (2010) concluíram que as forças policiais, quando não têm qualquer formação formal sobre o crime de TP, usam o conhecimento adquirido através dos mass media. No presente estudo, esta formação

informal parece ser significativa para os conhecimentos evidenciados pelos profissionais, já que, quando aliada a uma formação formal prévia, se traduz em níveis de conhecimento superiores, comparativamente aos níveis dos profissionais que optam por uma formação só formal.

(28)

Apesar de estudos anteriores não terem encontrado diferenças no conhecimento sobre o TP em função do nível de escolaridade (Wangsnes, 2014), no presente estudo foi possível perceber que pontuações mais elevadas no inventário estão associadas a níveis mais elevados de escolaridade. Esta diferença poder-se-á dever ao facto de a amostra selecionada para o estudo de Wangsnes ser mais homogénea no que respeita a esta variável, tendo a totalidade desses participantes formação académica, o que não se observa na presente amostra, que é mais heterogénea a esse nível. Mais uma vez, comparando as áreas onde foram encontradas diferenças relativamente ao conhecimento sobre TP – área social e de justiça-, é possível observar que, na primeira, a totalidade dos participantes tem o ensino superior e, na segunda, a maioria (76.47%) tem o ensino secundário ou inferior, o que poderá justificar essas

diferenças no conhecimento.

Uma análise comparativa permitiu esclarecer que os profissionais da área social obtiveram pontuações mais elevadas no inventário de conhecimentos sobre TP e em quatro dos cindo domínios, em comparação com as restantes áreas analisadas. Este último resultado pode ser explicado pela heterogeneidade destas áreas no que concerne à sua composição do sexo, sendo a de social constituída, na sua maioria, por profissionais do sexo feminino

(90.9%) e a de justiça por profissionais do sexo masculino (82.1%), ou pelo facto de cerca de 50% dos profissionais da área social exercerem funções numa instituição RAPVT. Não obstante, analisando os cinco domínios autonomamente permitiu perceber que, apesar de a formação disponibilizada por esta rede de apoio possibilitar um maior conhecimento sobre o TP a um nível mais concetual, não parece ser evidente que o mesmo aconteça ao

conhecimento sobre a legislação portuguesa.

Um estudo desenvolvido nos EUA por Newton e colaboradores (2008) encontrou resultados que sugerem que, os profissionais da área social (e.g., técnicos de apoio à vítima), em comparação com os profissionais de justiça, apresentam, de uma formal global, um maior conhecimento sobre as caraterísticas específicas deste crime face à legislação antitráfico, conseguindo identificar com maior facilidade as diferenças contextuais entre o crime do TP e outros tipos de crime. Na atual amostra, avaliando os conhecimentos dos diferentes domínios em função da área profissional, foi possível perceber que os profissionais da área social obtiveram pontuações significativamente mais elevadas do que os da área da justiça em quatro dos cinco domínios revelando, assim, um maior conhecimento concetual (tanto a nível do crime como dos seus intervenientes), e revelando uma lacuna no que diz respeito ao conhecimento legislativo. Contrariamente ao mesmo estudo, em que cerca de 50% dos OPCs e procuradores gerais desconheciam a existência de uma legislação contra este crime, no

(29)

atual estudo apenas 3.9% dos profissionais portugueses da área da justiça desconheciam que o crime de TP é um crime reconhecido e punido pela lei portuguesa. O facto de a esmagadora maioria conhecer a legislação portuguesa significa que os objetivos e princípios gerais das políticas antitráfico se encontram presentes entre os profissionais da área da justiça. Não obstante, Matos e colaboradores (2015) demonstraram, com os profissionais de justiça entrevistados, que, apesar desse conhecimento, estes profissionais são menos sensíveis ao crime de TP, acabando por optar pela tipificação de crimes conexos a este, com os quais estão mais familiarizados, o que poderá justificar o número baixo de processos iniciados por tráfico de pessoas em Portugal (apenas 48 em 2015) (MAI, SSI, 2016).

Estes resultados – idade do profissional, experiência profissional, formação prévia em TP -, corroboram, não só a necessidade de uma formação dirigida especificamente a este fenómeno, mas também a importância de as equipas de apoio e combate ao TP serem formadas e/ou orientadas por profissionais com níveis superiores de escolaridade e com alta experiência profissional. Adicionalmente, o facto de as pontuações nos domínios variarem em função da área profissional significa que, tendo em conta a área em que o profissional exerce as suas funções, este poderá ter níveis diferentes de conhecimentos em função dos domínios. Assim, apostar em equipas multidisciplinares poderá ser uma vantagem para o combate ao TP, na medida em que aumenta a cooperação entre as diferentes áreas de intervenção e permite que esta seja realizada com maior eficácia.

Os profissionais que trabalham diretamente com este tipo de crime não devem ser os únicos alvos de formação formal. O combate ao TP passa também pela formação de

profissionais que embora não exerçam funções numa entidade de apoio ao TP, poderão entrar em contacto com vítimas que procurem ajuda junto destas. Embora a Polícia Judiciária e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras sejam entidades da RAPVT e com competência

específica para investigar este tipo de crime, os outros OPCs (GNR e PSP) são, como polícias de proximidade e integrantes do mecanismo de referenciação nacional, muitas vezes as primeiras entidades a serem ativadas ou a quem as vítimas recorrem. Isto significa que, por estarem mais próximas da população, estas forças policiais ocupam um lugar privilegiado na identificação das vítimas e devem, por isso, usufruir de experiências formativas que permitam garantir o seu sucesso. Tendo isso em consideração e atendendo ao facto de as experiências formativas neste âmbito aumentarem o nível de conhecimento sobre o TP, salienta-se que este conhecimento se torna crucial para a gestão dos processos e para o desenvolvimento de boas práticas de trabalho. Assim, o conhecimento sobre a contextualização do problema do tráfico, as políticas de combate e intervenção em Portugal e as caraterísticas das vítimas contribui

(30)

para intervenções mais eficazes, a nível psicológico, judicial e/ou físico, bem como para a minimização da revitimização que muitas vezes estas vítimas sofrem ao recorrer às entidades sinalizadoras.

O presente estudo não é desprovido de limitações, salientando-se o facto de se ter obtido um n bastante discrepante entre as áreas avaliadas. Apesar disto, este estudo permitiu realizar um conjunto de reflexões sobre o panorama nacional no que concerne aos

conhecimentos sobre o TP dos profissionais portugueses. Embora os profissionais com formação especializada apresentem bons níveis de conhecimento sobre o fenómeno, existe ainda uma necessidade de investir no desenvolvimento de competências sobre o fenómeno, especialmente junto de profissionais não especializados e com um papel fundamental na identificação de vítimas (e.g., GNR). Tal como previsto pelo III PNCTSH (2014-2017), o combate ao tráfico passa não só por formações especializadas, mas também pela promoção de campanhas de sensibilização e prevenção contra o TP e pela promoção da inclusão desta temática nos currículos académicos. Na atual amostra, apenas 8.2% dos profissionais revelou ter abordado o TP em várias disciplinas na escola/universidade e 49.2% referiu ter visto campanhas antitráfico nos mass media, sendo ainda visível uma lacuna entre o plano e a realidade nacional.

É ainda urgente estudar as práticas efetivas e as perceções dos profissionais ao nível, por exemplo, das necessidades que as vítimas apresentam, bem como as dificuldades e desafios inerentes à intervenção. Finalmente, a investigação junto das vítimas deste crime seria importante, no sentido de esclarecer se as formações disponibilizadas são, efetivamente, as melhores na medida em que apetrecham o profissional de conhecimentos que permitam, não só conhecer o crime e identificar as suas vítimas, mas também minimizar a revitimazação e promover a procurar de ajuda e apoio.

Em suma, os serviços e os profissionais mais competentes são os que alicerçam a sua prática profissional, não só no conhecimento obtido através de experiências formativas, mas também no conhecimento empírico conseguido através das práticas profissionais.

(31)

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Referências

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