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AVALIAÇÃO E COMPARAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA DISCIPLINA BE-310 CIÊNCIAS DO AMBIENTE NA FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES

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Academic year: 2021

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AVALIAÇÃO E COMPARAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA DISCIPLINA BE-310 CIÊNCIAS DO AMBIENTE NA FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES

RAFAEL CUPERTINO & FELIPE PATERNIANI Curso de Graduação - Engenharia Elétrica - FEEC/UNICAMP E-mail dos autores: rafael.cupert@gmail.com , felipepater@gmail.com

RESUMO: O trabalho a seguir tem como objetivo avaliar o grau de aprendizado e conscientização

dos alunos de graduação da Universidade Estadual de Campinas após cursarem a disciplina de Ciências do Ambiente, BE310. A avaliação foi feita através de um questionário com perguntas relacionadas a temas abordados em sala de aula a fim de avaliar e comparar o resultado obtido com resultados já obtido por alunos e publicados nesta revista. Os resultados obtidos são razoavelmente divergentes, e mostram principalmente que o curso é considerado relevante pelos alunos que se aplicaram e fizeram uso proveitoso do espaço proposto pela disciplina.

PALAVRAS-CHAVE: consciência ambiental, disciplina BE-310, avaliação de aprendizado.

ABSTRACT: The following work aims to assess the degree of learning and awareness of undergraduate students at the State University of Campinas coursing after the discipline of Environmental Sciences, BE310. The evaluation was conducted through a questionnaire with questions related to topics covered in the classroom in order to evaluate and compare the result with the results already obtained by students and published in this journal. The results are fairly divergent, and show mainly that the course is considered relevant by the students who applied and made profitable use of the proposed space by discipline. KEYWORDS: environmental awareness, discipline, BE-310, evaluation of learning.

INTRODUÇÃO

As questões ambientais, principalmente o aumento dos problemas ambientais relacionados ao modelo capitalista e ao consumismo, devem ser amplamente trabalhadas em disciplinas, e é um crescente no mundo todo, como mostra ANDRADE (2008). Segundo CAMARGO & WOLF (1990), é necessário que haja um processo que busque despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais. É necessário assumir a crise

ambiental como uma questão ética e política. Podemos perceber que essa preocupação ambiental já está sendo colocada em prática por órgãos do governo devido ao crescimento do país nos últimos anos. O ministério do meio ambiente possui um departamento de Produção e Consumo sustentáveis e pretende, a partir de diálogo e de parcerias, implementar o Plano de Ação para Produção e consumo sustentáveis – PPCS e realizar campanhas de conscientização do consumidor, como descrito no próprio site do ministério. Além disso, para os cursos de engenharia da UNICAMP, a disciplina de Ciências do

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46 Ambiente é oferecida desde 1977-1978

segundo o site de Ecologia Aplicada com o intuito de discutir temas como consciência ambiental, moral, ética, saúde e desenvolvimento sustentável. O trabalho em cima desses temas é feito com o objetivo principal de informar e conscientizar engenheiros sobre a importância desses aspectos na formação acadêmica e profissional. Porém, não são só estudantes de engenharia que cursam a disciplina.

Utilizando como fonte o GDE, uma rede de auxílio da Diretoria Acadêmica da Unicamp (DAC), de 2007 até julho de 2013 a disciplina foi cursada por 2153 alunos dos mais diversos cursos e países (intercambistas), o que mostra o poder de difusão de ideias trabalhadas pelo professor. Essa difusão é tão grande, que em outros semestres o professor teve como alunos estudantes de outras instituições e alunos já formados, entre eles, por exemplo, jornalistas. O professor que ministra a matéria é o mesmo há alguns anos, e portanto os temas abordados em sala de aula já foram bastante debatidos e concretizados, além de que a disciplina conta com uma série de professores convidados, que trabalham temas de suas especialidades, o que mostra a maturidade dos debates promovidos pelos docentes da disciplina. Também é discutido em cada semestre um tema pertinente ao momento, decidido em diálogo professor-estudantes.

ZACCARI & OLIVEIRA (2013)

fizeram uma pesquisa a fim de medir o nível de influência de BE310 na conscientização ambiental dos alunos que cursaram a disciplina. Entretanto, a pesquisa foi feita de forma muito rasa, com perguntas baseadas em senso-comum e com uma visão antiquada do que seria uma educação ambiental. Segundo DIAS (2000): “[...] ainda se confunde ecologia com educação ambiental. Com isso, os professores são estimulados a desenvolver atividades reducionistas com seus alunos, a bater na tecla da poluição, do “desmatamento”, do efeito estufa, da camada de ozônio ou então catar latinhas de alumínio e reciclar papel artesanalmente. A ingenuidade ainda é muito grande [...]”. Assim, considerou-se pertinente a realização de uma nova pesquisa, utilizando a mesma metodologia de ZACCARI & OLIVEIRA (2013) como base, mas com foco em questões discutidas na disciplina de forma que as informações técnicas abordadas levassem o aluno a uma reflexão acerca de seus hábitos e pensamentos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Como o foco do trabalho é mensurar a influência da disciplina de BE310 na vida dos alunos, foi elaborado um questionário com perguntas acerca dos tópicos mais centrais abordados em sala. Alguns desses tópicos são temas comuns, presenciados frequentemente em diversos momentos do cotidiano e outros tópicos nem tanto. Além disso, a turma é

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47 bastante diversificada: os alunos tiveram

diferentes experiências e formações antes da universidade, não tem os mesmos interesses e são de cursos diferentes. Isso gera uma diferença muito grande de perspectiva em relação à matéria. Esses fatores devem ser levados em conta na análise dos resultados obtidos em um trabalho desse tipo.

Foi montado um questionário com perguntas duplas no Google Drive e houve a ampla divulgação do link nas redes sociais. A pergunta “a” era sobre se já tinha estudado ou discutido determinado tema, e a pergunta “b” foi sempre: Sobre essa questão, qual foi a contribuição da disciplina de BE310?

Foi obtido um total de 253 respostas de ex-alunos, que responderam às seguintes perguntas: 1- a) Você já leu, estudou, pesquisou, participou de alguma discussão ou teve alguma informação técnica a respeito de MICROCONTAMINANTES

INDUSTRIAIS? 2- a) Você já leu, estudou, pesquisou, participou de alguma discussão ou teve alguma informação técnica sobre ALIMENTOS TRANSGÊNICOS? 3- a) Você já leu, estudou, pesquisou, participou de alguma discussão ou teve alguma informação técnica que o FIZESSE REPENSAR SEUS HÁBITOS ALIMENTARES? 4- a) Você já leu, estudou, pesquisou, participou de alguma discussão ou teve alguma informação técnica que o FIZESSE SE PREOCUPAR COM A POSTURA EM RELAÇÃO ÀS QUESTÕES AMBIENTAIS, SOCIAIS E MORAIS DA

EMPRESA QUE TRABALHA OU

GOSTARIA DE TRABALHAR? 5- a) Você já leu, estudou, pesquisou, participou de alguma discussão ou teve alguma informação técnica a respeito de DRONES PARA FINS MILITARES, CIVIS E COMERCIAIS? 6- a) Você já leu, estudou, pesquisou, participou de alguma discussão ou teve alguma informação técnica sobre “IATROGENIA” (MORTE CAUSADA POR EFEITOS COLATERAIS DE REMÉDIOS)? 7- a) Você já leu, estudou, pesquisou, participou de alguma discussão ou teve alguma informação técnica sobre DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E

EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS

ENERGÉTICOS? 8- a) Você já leu, estudou, pesquisou, participou de alguma discussão ou teve alguma informação técnica sobre MODELOS DE CIDADE? 9- a) Você já leu, estudou, pesquisou, participou de alguma discussão ou teve alguma informação técnica sobre BIOTECNOLOGIA? 10- a) Você já leu, estudou, pesquisou, participou de alguma discussão ou teve alguma informação técnica sobre LEGISLAÇÃO AMBIENTAL? 11- a) Você já leu, estudou, pesquisou, participou de alguma discussão ou teve alguma informação técnica sobre ESTRESSE E SÍNDROME DO PÂNICO?

Todas as perguntas sobre a contribuição da disciplina (letra 'b' de cada questão) foram construídas segundo a Escala Lickert (LICKERT, 1932) com cinco alternativas – Muito alta; Alta; Média;

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Baixa e Nunca – e atribuído um peso a cada

resposta, valendo um ponto a alternativa que corresponde à menor influência (nula), dois pontos a de segunda menor influência (baixa), três, quatro e cinco pontos, gradativamente. O mesmo foi feito com as respostas sobre o esforço do aluno (item 'a' de cada questão), com a diferença de obtermos uma Escala Lickert com apenas 3 alternativas – Sim,

Muito; Sim, Pouco e Não, Nunca. De modo

análogo, foi atribuído um ponto para a resposta negativa, dois para a resposta Sim,

pouco e três para a resposta Sim, Muito. Ao

final, soma-se a pontuação de todas as respostas das letras 'a's das questões do estudante entrevistado e divide esse valor pelo total de questões avaliadas. O mesmo é feito com as respostas das letras 'b's. Desse modo, pode-se classificar os alunos de acordo com a contribuição da disciplina, da forma mostrada na Tabela 1 a seguir, e posteriormente, agrupar cada estudante de acordo com o esforço que teve na disciplina de acordo com a Tabela 2.

Tabela 1: Classificação dos alunos pelo grau de influência da disciplina segundo a

pontuação obtida INFLUÊNCIA PONTOS Muito Alta 4,5 – 5,0 Alta 3,5 – 4,5 Média 2,5 – 3,5 Baixa 1,5 – 2,5 Nenhuma 1,0 – 1,5

Tabela 2: Classificação dos alunos pelo esforço na disciplina segundo a pontuação

obtida.

CLASSIFICAÇÃO PONTOS

Grupo 3 (aluno esforçado) 2,5 – 3,0 Grupo 2 (aluno mediano) 1,5 – 2,5 Grupo 1 (aluno não esforçado) 1,0 – 1,5

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a classificação de cada estudante, foram construídos gráficos para mostrar como os estudantes estão distribuídos nos grupos e como está a classificação desses estudantes dentro de cada grupo, além de um gráfico de colunas com o número de estudantes de cada grupo por faixa de aprendizado e conscientização.

Figura 1: Número de estudantes de cada grupo (Grupo 1 – Aluno não esforçado; Grupo 2 – Aluno mediano; e Grupo 3 –

Aluno esforçado) por faixa de conscientização (de nula a muito alta).

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49 Figura 2: Porcentagem de alunos por grupo

de conscientização (Grupo 1 – Aluno não Esforçado; Grupo 2 – Aluno Mediano; e Grupo 3 – Aluno Esforçado). Esforço na

disciplina.

Figura 3: Porcentagem de alunos do Grupo 1 por faixa de conscientização.

Figura 4: Porcentagem dos alunos do Grupo 2 por faixa de conscientização.

Figura 5: Porcentagem dos alunos do Grupo 3 por faixa de conscientização.

Através dos gráficos podemos perceber que as opiniões sobre a disciplina de BE310 são bastante divergentes. Entretanto, é possível verificar que a porcentagem de alunos que acham a disciplina pouco eficiente é maior entre os alunos do Grupo 1, que são alunos que, ao nosso ver, não se esforçaram tanto na disciplina, não participaram dos debates, não permaneceram atentos às aulas e não fizeram todas as atividades. Dentre os alunos do Grupo 3 (alunos que consideraram a disciplina proveitosa), o estudo mostra que 40,62% responderam que a disciplina teve influência alta ou muito alta no seu conhecimento sobre os assuntos abordados. Assim, conclui-se que a disciplina, apesar de não ser aproveitada por todos os alunos, é de alta relevância na formação dos estudantes, principalmente dentre os que tiveram bom rendimento.

ZACCARI & OLIVEIRA (2013) chegaram à conclusão de que a disciplina não era eficiente na formação dos alunos. Esses resultados foram obtidos porque os autores

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50 desse trabalho não foram felizes na escolha

das questões aplicadas, uma vez que foram abordados temas que estamos frequentemente em contato no dia-a-dia, sobre os quais os estudantes já têm opiniões bem formadas antes mesmo do ingresso na universidade.

Diferentemente do trabalho citado no parágrafo anterior, esta pesquisa mostra que BE310 é uma disciplina importante, apesar de não atingir igualmente todos os estudantes. Ela é bastante eficiente para a parcela de alunos que fazem proveito do ambiente da disciplina, e não muito eficiente para os demais. A Figura 1 ilustra bem esse resultado: alunos do Grupo 1 (não esforçados) tendem a achar muito menos relevante do que alunos do Grupo 3 (esforçados) o papel da matéria como contribuinte na sua formação de consciência ambiental. Assim, torna-se claro que a quantização da relevância da matéria tem que ser analisada de forma associada ao aproveitamento e relação construída entre o estudante e a disciplina.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, A. C., 2008. “Educação

Ambiental no Ensino Superior: Disciplinaridade em Discussão”.

Disponível em:

http://portal.estacio.br/media/3485716/age u-cleon-de-andrade-completa.pdf

CAMARGO, R. & WOLF, R. A. P., 1990. Educação Ambiental e Cidadania no Currículo Escolar. Revista Eletrônica Lato Sensu UNICENTRO, Vol. 6: 1-23, 2008.

Disponível em

http://web03.unicentro.br/especializacao/R evista_ Acesso em Abril de 2013.

DIAS, G.F., 2000. Educação Ambiental:

Princípios e Práticas. 6ª. Edição revista e

ampliada. Editora Gaia, São Paulo.

ECOLOGIA APLICADA, 2013. Disponível em:

http://www2.ib.unicamp.br/profs/eco_aplic ada/ciencias_ambiente.htm Acesso em 9 nov 2013.

LIKERT, R., 1932. “A Technique for the Measurement of Attitudes”, Archives of Psychology 140: pp. 1-55

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Apresenta informações gerais sobre meio

ambiente. Disponível em:

http://www.mma.gov.br . Acesso em 9 nov 2013.

ZACCARI, K. & OLIVEIRA, V. G., 2013. “Avaliando a Conscientização Ambiental dos Estudantes da Unicamp e a Colaboração da Disciplina BE310”. Revista Ciências do Ambiente On-line, Vol.

9 (2) Disponível em:

http://sistemas.ib.unicamp.br/be310/index. php/be310/issue/view/23

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Tabela 1: Classificação dos alunos pelo grau  de influência da disciplina segundo a
Figura 5: Porcentagem dos alunos do Grupo  3 por faixa de conscientização.

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