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Realismo e Geopolitik: a questão do poder na Alemanha dos entregueras

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FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 1/2, p. 139-152, jan./fev. 2008. 139139139139139 Resumo: uma vez que o pluralismo teórico permeia todo o estudo na teoria das Relações Internacionais, o presente trabalho possibilitará uma discussão sobre o poder no lastro de duas escolas de pensamento, o Realismo Político e a Geopolitik. À luz dos conceitos da teoria realista sobre o poder nacional e dos debates em torno da geopolítica alemã em voga ao longo dos anos 1920 e 1930, é interes-sante as atuais provocações teóricas para que se entenda fenômenos como a luta pelo poder, na busca da exata compreensão de momen-tos da História, em particular os que antecederam a Segunda Guerra Mundial.

Palavras-chave: realismo político, Geopolitik, Alemanha

A maior diferença entre um erro médico e um erro de política exter-na é o tamanho de cemitério que será necessário.

(Karl Deutsch)

Davi Alvarenga Balduino Ala

REALISMO E GEOPOLITIK:

O

período que se alarga desde a ratificação do Tratado de Versalhes (1919) até o início da Segunda Guerra Mundial (1939) – imortalizado por Carr (2002) como os vinte anos de crise – é marcado pela tentativa da Ale-manha de soerguer-se no cenário europeu, de derrubar as imposições con-solidadas pelos vitoriosos e enfim, angariar mais poder para o retorno ao posto de potência mundial, o qual possuía desde os tempos da Realpolitik de Bismarck.

Com este pano de fundo, as reflexões aqui presentes surgiram a partir das análises feitas por Rocha (2002, p. 58), em que “os fenômenos das

Re-A QUESTÃO DO PODER NA ALEMANHA

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lações Internacionais prestam-se a diferentes interpretações e nada indicam que podem ser analisados satisfatoriamente por um prisma exclusivo”. Ten-do em vista, portanto, a prevalência Ten-do pluralismo teórico no estuTen-do Ten-do relacionamento internacional, o artigo proporcionará uma investigação acerca da real noção de Poder que detinha a Alemanha no entreguerras do século passado. Para tanto, priorizou-se a utilização de argumentos da corrente realista contemporânea nas Relações Internacionais e do pensamento estra-tégico-militar da Geopolitik alemã. O embate teórico que se engendra e se constrói ao longo do texto entre as duas Escolas, de certa maneira é uma forma de garantir a pluralidade teórica citada por Rocha, uma vez que, desmis-tificará a idéia de que o Poder para os Realistas é a mesma para os formuladores da geopolítica alemã.

Como veremos, o trabalho não tem a menor pretensão de expor os motivos que levaram Hitler à guerra, simplesmente busca abarcar todos os múltiplos aspectos do problema do Poder em nível internacional, especificamente a Ale-manha vivida sob os auspícios da ex-República de Weimar até a entrada em cena de Hitler em 1933. O que se observará é o fato de que a concepção de Poder para os realistas, em certos momentos, vem aproximar-se e outras se chocar com as formulações geopolíticas cimentadas por Karl Haushofer (1869-1946), princi-pal expoente de tais idéias na Alemanha Nazista.

Tematicamente, o estudo se desdobrará em dois tópicos, englobando a Escola Realista e o Instituto de Munique, berço da geopolítica alemã. Logo, será possível visualizar com maior clareza a noção de Poder nacional para as duas teorias, como em Morgenthau (considerado o “pai” do realismo no século XX), que vislumbra a utilização de outros elementos para a constitui-ção de tal Poder, onde, por fim, verifica-se que o general-geógrafo Haushofer apropriou-se de escritos vindos de Mackinder, Ratzel e Kjellen para que emergisse na Alemanha “um subproduto espúrio e ilegítimo da geopolítica” a Geopolitik (MELLO, 1999, p. 74).

O REALISMO POLÍTICO1 E O PODER NACIONAL

Antes mesmo de abordarmos a discussão do Poder para os realistas, é interessante ressaltar alguns pontos que podem gerar dúvidas. O termo Poder, durante todo o trabalho é enfatizado em maiúsculo por se tratar de um instrumento exclusivamente utilizado pelo Estado. A ressalva é impor-tante, pois denota o fato de que para os realistas o agente principal das Relações Internacionais é o sistema estatal. Semelhantemente, Haushofer visualizava a importância do Estado na Geopolitik.

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FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 1/2, p. 139-152, jan./fev. 2008. 141141141141141 O “Poder” maiúsculo, em contraposição ao “poder” minúsculo foi diag-nosticado por Raffestin. O primeiro, como já exposto, deriva-se do Estado e “se manifesta por intermédio dos aparelhos complexos que encerram o território, controlam a população e dominam os recursos. É o poder visível, maciço, identificável” (RAFFESTIN, 1993, p. 52). Já o segundo, Raffestin (1993, p. 52) o descreve como “o presente em cada relação, na curva de cada ação: insidioso, ele se aproveita de todas as fissuras sociais para infiltrar-se até o coração do homem”. Traduzindo, o poder em minúsculo foge da esfera exclusiva do Esta-do, podendo ser encontrado em inúmeras relações humanas e materiais.

Em Paz e guerra entre as nações, Aron (2002, p. 99) distingue o “po-der” do indivíduo e o “po“po-der” derivado da relação entre os homens:

o poder de um indivíduo é a capacidade de fazer, mas, antes de tudo, é a capacidade de influir sobre a conduta ou os sentimentos dos outros indivíduos. No campo das relações internacionais, poder é a capaci-dade que tem uma unicapaci-dade política de impor sua vontade às demais. Em poucas palavras, o poder político não é um valor absoluto, mas uma relação entre os homens.

O entendimento do Poder maiúsculo de Raffestin e o poder origina-do de relações humanas argumentaorigina-do por Aron é essencial para elucidarmos a importância deste instrumento de domínio para os Estados. Morgenthau (2003, p. 51), por exemplo, pondera que “ao falarmos de Poder, queremos significar o controle do homem sobre as mentes e ações de outros homens, [...] às relações mútuas de controle entre os titulares de autoridade pública e o povo de modo geral”.

Portanto, destaca-se o fato de os realistas não conceberem o Poder polí-tico somente à sombra da capacidade estratégica e militar de uma Nação. O porquê surge face à proposta de Aron em descrever as relações entre os Homens e das prescrições morgenthalianas em caracterizar os principais elementos do Poder Nacional; enumerando-os na seguinte ordem de importância: Geografia, Re-cursos Naturais, Capacidade Industrial, Grau de Preparação Militar, Popula-ção, Moral Nacional e Diplomacia. Entre os sete elementos, Morgenthau (2003, p. 217). acredita ser a Geografia o “mais estável dos fatores de que depende o poder de uma nação”. A estabilização citada, indubitavelmente, viria de um país que possuísse uma grande extensão territorial, onde fosse encontrada uma gran-de quantidagran-de gran-de recursos naturais e populacionais.

Já o geógrafo norte-americano Spykman (apud ARON, 2002) rela-ciona dez fatores – sendo os dois primeiros de caráter geográfico – pelos quais

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um Estado pode ser denominado potência: superfície; natureza das frontei-ras; população; existência ou inexistência de matérias-primas; desenvolvi-mento econômico e tecnológico; força financeira; homogeneidade étnica; grau de interação social; estabilidade política; espírito nacional.

Considerando a geografia como um dos principais elementos do Poder nacional, Morgenthau (2003, p. 218) corrobora um dos maiores temores do pós-guerra: a guerra nuclear2 e o valor que esse elemento possui para a

segurança interna de um país:

a possibilidade de uma guerra nuclear aumentou ainda mais a im-portância do tamanho do território como fonte de poder nacional. Para assegurar credibilidade à sua capacidade de defesa de uma ame-aça nuclear, um país precisa dispor de território suficientemente amplo para poder nele dispersar não só os centros industriais e populacionais, como também as suas instalações nucleares.

Anterior mesmo à Guerra Fria e à própria corrida armamentista, a importância territorial foi presenciada de perto pelos insucessos de Napoleão e Hitler, que, ao permitirem o avanço de seus exércitos nas estepes siberianas, desconheciam a derrota se aproximando:

o invasor tinha de cuidar de um número cada vez maior de tropas dispostas ao longo de linhas de comunicação cada vez mais longas, [...] transforma[ndo] a conquista do território russo em um fator mais negativo do que positivo (MORGENTHAU, 2003, p. 218).

A importância dada à geografia como um elemento do Poder Naci-onal, de certa forma, ofuscou o debate em torno da estratégia e do militaris-mo comilitaris-mo fatores predominantes em teorias da Guerra e das Relações Internacionais. No próximo tópico, sobre a Geopolitik e sua formação, é possível ter em mente que as ações se voltavam intimamente para o desen-volvimento estratégico-militar. A priori, é mister verificar a possibilidade de haver outros elementos na formação do Poder de uma potência. Wight (2003, p. 5) nos lembra de alguns elementos menos tangíveis, “como a eficiência administrativa e financeira, o aprimoramento educacional e tecnológico”. Ao passo que Carr (2002, p. 172) julga ser o “Poder sobre a opinião não menos essencial aos objetivos políticos do que o Poder econômico ou mili-tar, e tem estado sempre associado a eles”. É para este elemento apontado pelo autor que, doravante, o texto vai dedicar maior atenção.

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FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 1/2, p. 139-152, jan./fev. 2008. 143143143143143 A opinião pública é assunto que preocupa qualquer Governo hoje aspirante ao Poder. Possuí-la sob controle e a seu favor pode levar a vitórias importantes no seio da gestão governamental de um país. Não obstante, a opinião popular e a propaganda também foram armas políticas fundamen-tais para governos totalitários ao longo da História, da Igreja Católica na Idade Média a Hitler e Stálin na Segunda Grande Guerra. Carr (2002, p. 172) salienta que “a arte da persuasão sempre se constituiu numa parte necessária da bagagem de um líder político. A retórica tem um registro lon-go e honrado nos anais dos estadistas”. Diferentemente do que ocorre nas Democracias, o sucesso da propaganda na política totalitária assenta-se na prevalência do controle das massas e dos veículos de comunicação nos pri-meiros. No entanto, ambas formas de governo acreditam que a propaganda é uma ferramenta capaz de moldar a opinião pública nacional.

Os propagandistas totalitários, sejam marxistas ou fascistas, insistem continuamente no caráter ilusório da liberdade de opinião nos paí-ses democráticos. Permanece um sólido substrato de diferença entre a atitude das democracias e dos estados totalitários no que diz respei-to à opinião das massas, que pode ser um farespei-tor decisivo em tempos de crise. Ambos, todavia, concordam em reconhecer sua importân-cia fundamental (CARR, 2002, p. 174).

A discussão acerca da opinião popular, onde alguns autores crêem até na possibilidade de que “a guerra psicológica deve acompanhar a guerra econômica e a guerra militar” (LASSWELL apud CARR, 2002, p. 176) é interessante para se lançar luz aos fenômenos durante o entreguerras vivido na Europa, principalmente pela Alemanha. É o que nos propomos a partir de agora ao descrever sobre o Imperialismo, considerado o auge de uma luta pelo poder no cenário internacional.

Segundo a obra morgenthaliana, existem três métodos de imperialis-mo: o militar (por exemplo, Império Romano e de Napoleão), o econômico (por exemplo, a Inglaterra e EUA) e o Imperialismo cultural, este último considerado “a mais sutil e mais bem-sucedida das políticas imperialistas” (MORGENTHAU, 2003, p. 124). No que tange a política nazista, aos olhos do autor, este é o tipo ideal que poderia caracterizar as aspirações de Hitler:

ele [o imperialismo cultural] objetiva não a conquista do território ou o domínio da vida econômica, mas sim o controle das mentes dos homens, como instrumento para alterar as relações de poder entre

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duas nações. Ele ‘amacia’ o inimigo, prepara o terreno para a conquista militar ou penetração econômica. Seu sucesso mais espetacular deu-se na Áustria, onde um governo local favorável aos nacional-socialistas con-vidou as tropas alemães a ocupar o país em 1938 (MORGENTHAU, 2003, p. 124-5).

Não somente com as conquistas externas, como é o caso da penetra-ção na Áustria e o sonho de unificapenetra-ção – a Anschluss3 – e de conversão à

filosofia nazista por cidadãos franceses, sobretudo, é importante destacar que o chamado imperialismo cultural da Alemanha no entreguerras nasceu pri-meiramente em seu âmago, utilizando a propaganda como arma política na tentativa de influenciar seus próprios civis e simpatizantes estrangeiros. Até então, se “por meio de uma propaganda astuta e persistente, mesmo o céu pode ser representado a um povo como o inferno, e a vida mais infeliz como o paraíso” (HITLER, 1962, p. 103), como acreditava o líder nazista; o mesmo, sequioso de ver uma Alemanha entre os grandes e fortalecida, a levou direto mesmo à uma política de imperialismo militar e à guerra.

Os dois elementos destacados com maior ênfase acima, a Geografia e a Opinião Pública vêm reforçar a idéia de que os estadistas alemães real-mente lutavam por mais Poder, dentro e fora de sua Nação. Sobre esta ânsia por mais Poder, destaca-se o crescente debate acadêmico que a política ex-terna na Europa fez emergir em seu seio. Um exemplo é o surgimento de um novo termo: a Machtpolitik.

Conhecida como Machtpolitik ou Política do Poder, a expressão constitui nada mais do que a “condução de relações internacionais por in-termédio da força ou da ameaça da força, sem consideração pelo direito ou pela justiça. [Ela] Veio tomar o lugar de um termo mais antigo e elegante, a raison d’etat” (WIGHT, 2003, p. 8). A Machtpolitik, amplamente divulgada após a I Guerra Mundial, portanto, é encetada por diversas conceitualizações advindas do Realismo Político. Se se atém à dinâmica que envolvia a Alema-nha da ex-República de Weimar, podemos, por fim, caracterizá-la como um país tipicamente alicerçado na Política de Poder ou no Realismo. Contudo, para demonstrar mais uma vez que no estudo internacional a prioridade a ser dada é para a pluralidade teórica, o próximo tópico tenciona levantar as principais idéias veiculadas na geopolítica alemã – ou seja, demonstrar-se-á como mais uma vez o elemento da geografia foi utilizado para fins de busca do Poder Nacional – agora não mais sob a égide da Machtpolitik e do Re-alismo Político, e sim das formulações clássicas apropriadas e remodeladas por Haushofer.

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FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 1/2, p. 139-152, jan./fev. 2008. 145145145145145 KARL HAUSHOFER E A GEOPOLITIK ALEMÃ

A afirmação ressaltada acima, onde as principais interpretações da Geopolitik simplesmente resultaram de moldes construídos por autores con-sagrados do estudo geopolítico é o primeiro passo para entendê-la como uma pseudociência. Shiguenoli Miyamoto (1995, p. 21), por exemplo, acredita que

[a geopolítica] teve seu apogeu nas décadas de 1920 e 1930, justa-mente no período de entreguerras. Foi a base, pelo menos nos anos iniciais, sobre a qual repousou a política do Terceiro Reich. Não é sem razão, portanto, o temor que de muitos se apossa à simples men-ção da palavra geopolítica: ela é imediatamente associada à conquis-ta do poder, do espaço viconquis-tal, desencadeada pela ostensiva política expansionista do nacional-socialismo.

A inquietação de Miyamoto, em um certo diapasão, é compartilhada também por Morgenthau. O detalhe é que, para ambos os autores, a geopolítica inicia-se somente a partir da década de 1920 ou 1930, ou teve o seu apogeu nesse período; ignorando-se, assim, toda a construção do pen-samento geopolítico anterior, este último, desvinculado claramente das pretensões nazistas. Morgenthau (2003, p. 308) sustenta ser “a geopolítica uma pseudociência que eleva a geografia à categoria de um valor absoluto que determinaria o poder, e portanto, o destino das nações”. Na verdade, é a Geopolitik, nascida nas páginas da Zeitschrift für Geopolitik (ZfG) – Revista de Geopolítica (SILVA, 2003, p. 2) –, que categoricamente é uma pseudociência, pois “transformou-se numa ideologia geográfica, manipula-da por alguns círculos político-militares para legitimar a política de poder do III Reich [...], e sendo nada mais do que um subproduto espúrio e ilegí-timo da geopolítica” (MELLO, 1999, p. 74).

Como evidenciado no parágrafo anterior, a Geopolítica como ciên-cia foi estigmatizada como a “geografia do nazismo” (MELLO, 1999, p. 73) e uma “geografia aplicada ao Estado Totalitário” (RAFFESTIN, 1993, p. 19) pelos círculos intelectuais dos Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, caindo quase em total descrédito após a II Guerra Mundial. No entanto, questiona-se: quais foram, então, os métodos, as teorias e conceitos utiliza-dos pela Geopolitik para que fosse denominada anos mais tarde de pseudociência? Segundo Gama (2004), foram três as fontes utilizadas por Karl Haushofer na formulação da geopolítica alemã: as obras do sueco Rudolf Kjellen, do geógrafo Halford Mackinder e de Friederich Ratzel. Por

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conse-FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 1/2, p. 139-152, jan./fev. 2008. 146 146 146 146 146

guinte, faz-se necessária uma análise mais criteriosa de tais fontes para o pensamento haushoferiano, objetivando, assim, à uma conclusão sobre o uso do Poder na Alemanha do entreguerras.

Para Gama (2004, p. 15), a fonte primária da Geopolitik é o pensa-dor Rudolf Kjellen, por este “acreditar que o Estado é uma forma de vida, um organismo biológico vinculado ao solo, governado por leis naturais, em perfeita harmonia”. Discípulo de Ratzel, Kjellen visualizava uma ligação estreita entre o Solo e o Estado e que posteriormente tornou-se essencial para a Geopolitik. Tais definições foram reutilizadas por Haushofer na tentativa de legitimar o pan-germanismo e a expansão do nacional-socialismo, che-gando-se a ponto de Haushofer (apud GAMA, 2004, p. 13) “buscar [a compreensão] das relações políticas definindo-as como relações de poder entre Estados Nacionais”4.

Outro conceito-chave a que interessa Kjellen e a seu “aluno” Haushofer é o de espaço vital (Lebensraum)5. Transformado posteriormente na

Lebensphilosophie nas páginas da Zeitschrift für Geopolitik, a filosofia predominante na ex-República de Weimar é marcada por uma

influência intelectual mais poderosa, ainda que não tratasse de um sistema ou escola, antes de uma tendência geral, caracterizada pela negação do universalismo abstrato, cosmopolitismo uniformizador, raciocínio mecanicista. Nas mãos dos geopolíticos esses conceitos foram reelaborados para justificar a política nazista que se impôs, após os anos trinta na Alemanha (SILVA, 2003, p. 4).

Traduzindo, a busca incessante do espaço vital ou ideal para Haushofer é uma forma de resguardar a ‘alma alemã’ e de garantir o pleno desenvolvi-mento de seu povo. O próprio general, numa releitura de Kjellen, afirma ser o Lebensraum “[...] a correspondência ideal entre a densidade populacional, os projetos de plena realização econômica e cultural da nação e a base territorial [...]” (HAUSHOFER apud GAMA, 2004, p. 13). Tanto a Lebensphilosophie – sistematizada através da ZfG – quanto às sucessivas definições de espaço vital refeitas por Haushofer vêm mais uma vez solidificar a noção da qual a Alemanha ambicionava o soerguimento no cenário europeu, “que colocasse seu país em pé de igualdade com as demais potências [...]” (GAMA, 2004, p. 13). Se em cada nova edição da Zeitschrift für Geopolitik, a partir de 1924, era clara a tentativa de unificar o pensamento intelectual e científico alemão em torno da busca do ‘espaço vital’, parece que o sonho foi finalmente con-cretizado com a ascensão de Adolf Hitler em 1933.

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FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 1/2, p. 139-152, jan./fev. 2008. 147147147147147 Com efeito, as opções imperialistas do Führer chegavam a coincidir com a Geopolitik, entretanto, como argumenta Mello (1999, p. 90), “[Hitler] era um neófito em problemas geopolíticos e não existe nenhum indício, em seus escritos, de que se tenha inspirado nas idéias de Haushofer para formu-lar as linhas mestras da política externa do III Reich”. Ao analisarmos a fonte secundária do pensamento haushoferiano, será possível ter em mente o quanto o general é tributário de Mackinder e sua geopolítica é influenciada pela geopolítica britânica. Da mesma forma, diagnosticar-se-á a confusão que se faz entre as linhas-mestras da Geopolitik e da política, enfim, adotada por Hitler.

Em poucas linhas, é digno fazer um retrospecto do legado de Halford Mackinder. Em 1904, o geógrafo britânico proferiu uma conferência na Real Sociedade Geográfica de Londres intitulada The Geographical Pivot of History, com uma idéia-chave, onde há “uma rivalidade secular entre dois grandes poderes antagônicos que se confrontam pela conquista da suprema-cia mundial: o poder terrestre e o poder marítimo” (MACKINDER apud MELLO, 1999, p. 11). Mackinder também desenvolve a noção de Heartland, ou “Coração do Mundo”. Também conhecida como área-pivô, a região coincidia com o núcleo da grande massa eurasiática e com as fronteiras russas do início do século XX:

[o Heartland] era uma fortaleza inacessível ao assédio do poder ma-rítimo das potências insulares ou marginais da Eurásia, favorecendo ao mesmo tempo o desenvolvimento do poder terrestre da potência continental que possuísse ou viesse a conquistar aquela região basilar (MELLO, 1999, p. 46).

Como se fosse um alarme à Pax Britannica, Mackinder entrevia que somente o nascimento de uma potência anfíbia em torno do “Coração do Mundo” era capaz de frear os interesses ingleses no mundo. Mello (1999, p. 52-3) explica:

a ascensão da Alemanha à condição de potência anfíbia impugnava os dois seculares axiomas da política de poder britânica: subvertia o tradicional equilíbrio europeu e ameaçava a supremacia marítima britânica [...] Somente a aliança da potência insular com as duas po-tências fronteiriças poderia cercar os alemães, impedindo sua rápida vitória militar terrestre e o estabelecimento de uma Pax Germannica no continente europeu.

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Denota-se, portanto, que as previsões mackinderianas sobre uma Alemanha fortalecida em busca do Heartland era visivelmente uma ameaça à supremacia britânica. O testamento de Mackinder deixado a Haushofer engendra realmente o que a Geopolitik desejava: “a ‘Drang nach Ostes’ (corrida para o Leste), para a qual o Leste Europeu, terra natal do povo germânico, torna-se o ‘espaço vital’ legítimo do Estado alemão” (GAMA, 2004, p. 13). No entanto, a construção do Lebensraum, para Haushofer, deveria ser posto à prova também como uma tentativa de destruir o império britânico. Ante todos fracassos de conquista do Heartland que a História demonstrava, o general-geógrafo vislumbrava a possibilidade de

a Rússia bolchevista ser o aliado geopolítico natural, que serviria de ponte ou elo de ligação entre a Alemanha e os povos asiáticos da região indo-pacifíca, cujo inimigo comum eram o colonialismo e o poder marítimo britânicos [...] A Geopolitik de Haushofer defendia a cons-tituição de um bloco transcontinental eurasiático, formado por uma aliança russo-germânico-japonesa, que teria à sua disposição um exce-dente e constelação de poder na Eurásia (MELLO, 1999, p. 79-80).

Alemanha e União Soviética unidas a um destino comum. Em 1939, com o Pacto Ribbentrop-Molotov e o estabelecimento de um acordo russo-germânico de não-agressão, todo o pesadelo de Mackinder veio à tona. No que concerne à visão haushoferiana, o pacto “foi saudado pelo general-geógrafo como o embrião de uma futura aliança estratégica entre as duas grandes potências continentais” (MELLO, 1999, p. 86) e parecia confirmar a influência da Geopolitik e dos escritos na ZfG sobre a política externa de Hitler.

Todavia, a invasão das tropas SS na URSS veio acalentar àqueles que não acreditavam em uma conexão estreita entre Haushofer e o Führer. Para Mello (1999, p. 87),

o projeto hitlerista de obtenção de um ‘espaço vital’ alemão no Leste Europeu não só excluía a aliança com a Rússia como tornava inevi-tável uma guerra sem quartel contra o Estado soviético. [E o autor conclui:] A guerra russo-germânica na frente oriental foi uma brusca guinada na política de poder hitlerista que, a rigor, nada tinha de surpreendente. A ruptura do Pacto [Nazi-soviético] representou coerentemente a retomada do projeto original da ‘política de leste’ delineada no Mein Kampf muito antes da Segunda Guerra Mundial.

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FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 1/2, p. 139-152, jan./fev. 2008. 149149149149149 Por fim, é evidente o antagonismo de posições no âmago do III Reich. Enquanto o general Haushofer vislumbrava uma “constelação antibritânica de poder, com seu eixo no Heartland russo-soviético e seus pontos terminais alemão e japonês” (MELLO, 1999, p. 89), Hitler considerava o “principal inimigo da Alemanha, não a Grã-Bretanha de Mackinder, mas a França (GAMA, 2004, p. 14). É gestual não denotar um certo paradoxo em toda essa questão. O primeiro de caráter científico, no qual a geopolítica alemã fora forte-mente influenciada pelos escritos de Mackinder e de sua geopolítica britânica, ou seja, vinda de uma nação inimiga declarada por Karl Haushofer. O segun-do, tangencia os círculos políticos dentro dos corredores do Reich. O fato de Hitler conduzir a sua política exterior sem levar em conta a Geopolitik de Haushofer – cuja linha de ação pode-se dizer que foi levada a sério até o pacto Ribbentrop-Molotov – foi totalmente abandonada pelo líder nazista em 1941, e consequentemente, suas pretensões na Europa foram fadadas ao desastre ao se chocar de frente com o extenso território soviético.

Por último, a fonte terciária da Geopolitik, de acordo com Gama, é Friederich Ratzel. Por ser um pan-germanista (como Kjellen e Haushofer), Ratzel diagnosticava um expansionismo na política nacional alemã, “se voltando para a questão das minorias alemãs no exterior, sua importância para a nacionalidade alemã, questão recorrente na cultura alemã pelo menos desde o século XVIII” (GAMA, 2004, p.12). A concepção de Estado, no rastro do pensamento ratzeliano, é distinta dos conceitos derivados de Kjellen, que o visualizava como um organismo vivo. Para Ratzel (apud GAMA, 2004, p. 13), o Estado é como um

organismo moral, espiritual, responsável por articular o solo (elemento invariante, potencial latente) e o povo (elemento variável que através de seu ‘espírito’ desenvolverá o potencial do solo). O Estado não pode ser um organismo biológico – seres vivos estabelecem entre si rela-ções de interdependência, e na visão de Ratzel, somente os indivídu-os dependem do Estado.

A interação entre a fonte ratzeliana não é tão intensa quanto a deri-vada de Mackinder nos escritos de Haushofer acerca da Geopolitik. Não obstante, algo que chamou a atenção do general-geógrafo é o posicionamento de Ratzel (apud GAMA, 2004, p. 13) sobre “a necessidade do Império Ale-mão possuir mais saídas para o mar, bem como o fortalecimento dos laços entre os povos de sangue germânico”. Sem dúvida, foi um incentivo a mais para a defesa da geopolítica alemã na construção de uma aliança

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germânica, objetivando a consolidação de um poder terrestre capaz de des-truir a supremacia naval britânica.

CONCLUSÃO

A questão do Poder na Alemanha do entreguerras finda-se com o que foi exposto no início do trabalho, ou seja, que as concepções oriundas da teoria realista ora aproximam-se, ora se chocam com a Geopolitik quando a discussão é o Poder nacional.

Sendo assim, é possível fazer uma conexão teórica entre as duas escolas no momento em que ambas vislumbram o interesse do Estado acima de tudo. Para os realistas, o sistema estatal é para onde convergem todos os debates em órbita internacional, e, para os geopolíticos alemães, somente com um Estado fortalecido e detentor de Poder seria possível a obtenção de um espaço vital ou Lebensraum. No entanto, Realismo e Geopolitik vão de encontro em suas formulações quando o tema versado é a estratégia e o militarismo. Como amplamente debatido, os realistas não entendiam serem estes dois os elemen-tos primordiais do Poder político; e sim a geografia, os recursos naturais, a população, entre outros. Todavia, o principal redator da Zeitschrift für Geopolitik, Kurt Vowinckel, argumentaria ser a Geopolitik constituída por uma forte presença militar e de “vinculação nos processos políticos à terra” (SILVA, 2003, p. 7). De fato, novamente verifica-se a influência de autores como Kjellen e Ratzel e do determinismo geográfico na geopolítica alemã.

Em outras palavras, a contraposição entre a Escola Realista e o pensa-mento haushoferiano somente corrobora a importância do pluralismo teóri-co no seio das Relações Internacionais, onde seu estudo está mergulhado “em um continuum, rico em complexidades e contradições, constituído de inú-meros fatos e quantidade ainda maior de versões” (ROCHA, 2002, p. 39).

Ao se privilegiar estas concepções teóricas aqui abordadas, é inconce-bível o Realismo, Machtpolitik e Geopolitik serem consideradas congêneres, pois se revelam algumas sutilezas metodológicas que mereçam atenção e não permitam a Teoria das Relações Internacionais serem denominadas como “primas pobres parasíticas” da Ciência Política, ilustrado, por exemplo, por Merquior (1993, p. 50).

Em suma, o fim da Geopolitik é trágico. O último ano de publicação da ZfG data de 1944. “Ao término da II Guerra, Karl Haushofer foi levado a jul-gamento pelo Tribunal de Nüremberg, [...] cometendo suicídio em março de 1946” (SILVA, 2003, p. 14). O último documento registrado pelo general-geógrafo fora mais um esclarecimento e desabafo de sua concepção

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político-FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 1/2, p. 139-152, jan./fev. 2008. 151151151151151 partidária e participação na Geopolítica. Enquanto o Realismo se robustecia após o conflito com várias publicações em crítica aberta ao modelo onusiano (relativo à ONU), a Geopolitik era desonrada e desacreditada no Ocidente, por possuir “escassez metodológica, ecletismo desfocado, alto grau de referência a obras de terceiros, pouca ou nenhuma originalidade” (GAMA, 2004, p. 13).

Como conclusão, afirmamos que o estudo sobre o Poder é amplo e diversificado. Focalizou-se o pensamento realista e geopolítico alemão por acreditar ser a melhor maneira para se entender o fenômeno do entreguerras para a Alemanha e restante da Europa. Não obstante, poder, derivado do latim potere, está intimamente ligado com vigor e potência, e no qual parece acompanhar, por ainda muito tempo, os acontecimentos mundiais. Citan-do Gelson Fonseca Jr. (1998, p. 374), “as relações internacionais são ainda o reino do poder (o grifo é nosso) e não foi com o fim da Guerra Fria que significou o término das crises e dos conflitos no mundo”.

Notas

1 A teoria realista aqui explicitada pode ser entendida como realismo estruturalista. Donnelly (2000,

p. 11) pondera que essa nova tipologia ou subgrupo do Realismo Político é a que “enfatiza predo-minantemente a anarquia internacional, [...] assegurando a centralidade da luta pelo poder”. Esta ressalva é importante pois vai diferenciar-se de dois outros subgrupos caracterizados por Donnelly, e por questões metodológicas, não merece maior atenção no presente texto: os “realistas biológicos” e os “realistas clássicos”.

2 A primeira edição de A política entre as nações data de 1948, percebe-se que toda a obra de Hans

Morgenthau possui este temor em mente. É por isso que a sua obra tornou-se uma das principais fontes para a elaboração da política externa americana no período em questão e da contenção ao comunismo.

3 Kissinger (1999, p. 333) argumenta ser a Anschluss um objetivo alemão mesmo antes do nazismo, onde

líderes como o ex-chanceler Gustav Stresemann (1923) a defendia perante os Aliados; como também não houve qualquer resistência da população austríaca com a entrada de tropas em seu país, “preferi[ndo] um futuro de província (o grifo é nosso) alemã a um papel menor no palco centro-europeu”.

4 Com esta afirmação de Haushofer, é interessante o fato de ser possível fazer uma ligação entre o

Re-alismo – e até da Machtpolitik – com as projeções geopolíticas do general.

5 Como o próprio Gama (2004, p. 13) ressalta, o conceito de Lebensraum só tomou corpo político

nas obras tardias de Friedericb Ratzel, antes vinculado ao “âmbito da Biogeografia, remetendo a or-ganismos biológicos, seres vivos”.

Referências

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FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 18, n. 1/2, p. 139-152, jan./fev. 2008. 152 152 152 152 152

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Abstract: since the theoretical pluralism is present in the study of International Relations Theory, the present work shall enable a discussion about the “Power” within two Schools of Thought: the Political Realism and the Geopolitik. Considering the concepts of the Realist Theory of National Power and the debates about Germany’s geopolitics of the period in question, the current theoretical instigations are essential to understand certain phenomena such as the ‘struggle for power’, for the precise comprehension of the specific events in History; especially those which preceded the World War II.

Key words: political realism, geopolitik, Germany

Artigo elaborado para fins de avaliação parcial na disciplina Geopolítica do Espaço Mundial I, minis-trada pelo Prof. José Renato Masson, no Curso de Relações Internacionais da Universidade Católica de Goiás.

DAVI ALVARENGA BALDUINO ALA

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